Com claras inspirações em Janela Indiscreta, Um Corpo Que Cai e Disque M Para Matar, Palma se aproxima do estilo de Hitchcock ainda mais quando conduz uma trama de mocinho e mocinha colocados numa ótica complexa entre a atuação e a verdade, entre filmes e a realidade, entre heróis e vilões, entre o stalker e a stalkeada, que vai evoluindo numa atmosfera de suspense erótico metalinguístico, com ótimos plot-twists e um quê trash maravilhoso, transformando-o num clássico. Parece uma coisa no começo, outra no meio e no final outra completamente diferente, em metamorfose de morcego para vampiro e para predador sexual que só Brian sabia fazer.
"Veja o que você fez. Você arruinou meu final surpresa! Eu te dei o seu papel: a testemunha! Você era perfeito. Desempenhou com perfeição. Mas era só isso: fim do papel. Despachar Jake Scully. Mas ah, não, você tinha que interpretar o herói. Improvisar toda essa cena de encontrar um dublê de corpo, desmascarar o índio... Mas você não pensou muito, não é, Jake? Às vezes, os heróis têm finais trágicos."
Bem mais bobinho, aleatoriamente musicado, mal finalizado em CGI e menos carismático que o filme original, mas não é péssimo: vale pela revisita de lugares e personagens principais de um clássico da Sessão da Tarde, e legalzinho para se assistir num sábado na casa de vó.
O filme meio que se dobra sobre si na parte final, e o "Vampiro" do título é totalmente deslocado, mas não deixa jamais de ser uma grande discussão sobre serial killers antes mesmo do termo ser cunhado e sem colocá-lo como protagonista, mostrando mais as consequências de seus atos, sua perseguição e principalmente o "o que fazer?" quando sua captura é feita. Questão que fica quase sem resposta (escolha interessante), ao versar sobre justiça com as próprias mãos, prisão ou manicômio sob a ótica de quem sofreu e quer sua raivosa (e plausível) vingança vs. a burocracia judicial mais "imparcial"; tentando quebrar os ciclos de violência. Os temas sobre moralidade, com policiais e bandidos fazendo a vez investigativa, e, acima de tudo, como uma produção de suspense dos anos 30 (!), fazem do filme de Fritz um clássico muito bem dirigido e composto.
"Alguém precisa cuidar melhor das crianças. Todos!"
Primeiro filme alemão após a Segunda Guerra Mundial, sendo um registro histórico e ruinoso das tentativas individuais de recomeços, ou buscas de vingança, amores, ressentimentos e traumas recentes.
"Então estourou a guerra. Todos os mortos. O que importa uma vida? Qual o uso das conquistas e investigações científicas? Qual é o sentido? Enquanto a paz neste mundo é só uma breve pausa até que uma nova surja em algum lugar... Só uma pausa para o fôlego até as pessoas morrerem outra vez. Talvez em nosso coração... Não há paz."
Slow down, you crazy child And take the phone off the hook and disappear for a while It's all right, you can afford to lose a day or two When will you realize Vienna waits for you?
Foda que já sabia do plot-twist desse filme há anos de tanto ver Todo Mundo em Pânico (vulgo Top 10 filmes da vida). Mas tudo bem, o filme consegue prender bem pelo ótimo elenco e bons enquadramentos (mesmo que o ritmo seja prejudicado por uma duração e tramas paralelas meio desnecessárias para seus fins).
Sabem aquelas ligações spam de outros estados (geralmente São Paulo ou alguma prisão) que você atende e ninguém fala nada? Quem sabe não se inspiraram numa extensão dessa lenda para compor esse filme – só que ligada ao além, aos ecos de espíritos de crianças buscando vingança através de sonhos e telefones em porões. Nem fede, nem cheira. Um bom filme que nunca decai nem decolou muito pra mim. Deixaria o telefone tocar na parede sem atender. Curioso como o moleque protagonista é a cara do Ethan Hawke.
Lembrete: Sempre que for para algum lugar, diga para alguém confiável onde você está indo. Não confie nos seus seguidores. Clickbait demais pode causar queda no engajamento. Principalmente se você for escalar uma torre enferrujada, caindo aos pedaços, no meio do nada, cheio de abutres, tendo histórico de morte próxima por essa prática. Ainda mais se for com sua melhor amiga, doida do vlog e talarica eventual. Anotem. Mesmo se a vida for curta e fugaz, e que você não deve ter medo de viver, não faça algo tão arriscado só para se sentir vivo: porque você pode acabar morto. No mais, bom filme.
Wait for me, wait for me I'll be coming home, wait for me...
A direção criativa, explosiva, dinâmica e lúdica (às vezes até demais) de Baz é de lei e esperada, não faltando em praticamente nada aqui, mas o que surpreende (além da escolha digamos "curiosa" de colocar o "vilão" para narrar) é a entrega máxima de Austin Butler como o cantor que só queria ser o herói da história, pegar um foguete em direção à Pedra da Eternidade - eternamente fora de seu alcance -, um pássaro sem patas que não podia pousar, senão morreria... Sem se parecer em nada com Elvis, encarnou o "hips don't lie" de um homem branco que, apropriando-se da cultura negra de onde foi criado ou não, marcou a história em suas 4 décadas de vida com um fim rápido demais. Grande trabalho dentro de um bom filme.
“Eu aprendi muito cedo na vida que, sem uma canção, o dia jamais terminaria; que sem uma canção, um homem não tem um amigo; que sem uma canção, uma estrada jamais teria curvas; sem uma canção. Então eu continuo cantando uma canção.”
O mesmo montante da proposta lúdica de analisar a psiquê de uma criança (vestida de lobo e fingindo ser rei) viajando nos mares e ilhas de sua mente e personalidade cheia de monstros - mordedores e devoradores -, cheios de temperamento difícil, impulsos, rompantes, faltas, doçuras, risadas, uivos e inocência esbarra, muitas vezes, na incapacidade que a narrativa tem de engajar quem assiste durante toda a sua duração. Mas não o suficiente para deixar de ser um bom filme, que, inadvertidamente, faz lembrar de Os Sete Monstrinhos.
Um filme singelíssimo e singular sobre os olhares e experiências de uma criança num mundo estranho de adultos e suas preocupações distantes: uma porta e uma janela velha sendo trocadas por uma de ferro, a mudança para uma cidade desgostosa, um cigarro a ser comprado, uma roupa a ser lavada, estendida e colhida numa tempestade, um bebê a ser balançado, um pão a ser comprado e um moleque no meio disso tudo tendo que se dividir entre calçar e descalçar o sapato, fazer a lição de casa, levar um caderno para a casa de um amigo que não se acha de modo algum, entre vilas e montes, e ser disciplinado (em surras ou repreensões). Exulta, acima de tudo, o poder sincero da amizade dos pequenos, mesmo formados num ambiente duro em todos os sentidos.
As intensas e marcantes idas e vindas de um amor que nasceu em Hong Kong, de cabeça para baixo, e nunca conseguiu se concretizar totalmente, nem derramar-se em completude, nem ser “happy together” de fato numa Argentina banhada tango, indo de cores e sons saturados ao silêncio do preto e branco: que sempre contam uma camada mais verossímil e, logo, triste nos filmes de Wong. A beleza e a melancolia da construção de um relacionamento tóxico (ou no mínimo cíclico e vicioso de insultos e carinhos) é como pensar que “vai ser diferente dessa vez”, como assistir sozinho às cataratas do Iguaçu, ou se estar no último farol do fim do mundo sem companhia para dizer “vamos começar de novo”, ou sem ter um lugar para onde retornar e ser feliz – verdadeiramente. Em suma, é um filme sobre o quanto de perdão cabe no coração e o quanto de solidão cabe numa paixão – por mais efervescente que ela seja. E talvez principalmente por isso.
Mais um típico exemplar de Allen que exulta seu fluxo de pensamentos (absolutamente efusivos), desejos, frustrações, medos e experiências como pessoa e como diretor em personagens supostamente fictícios lidando com distúrbios de personalidade, reagindo a filmes e peças, sendo cortados por estúdios de cinema e fazendo piadas das mais diversas e aleatórias situações em sua verborragia de diálogos enervantemente trocados e pessoas surgindo a todo momento para pedir autógrafos, perguntar sobre autoexaltações e seu relacionamento com as diversas mulheres que perpassam sua vida. Quase problemático, quase autobiográfico, quase um 8 ½ de Woody, é um estudo bastante metalinguístico e curioso sobre como a realidade, a sociedade, as piadas e a vida sempre têm mais um fundo depressivo e complicado que somente engraçado. Tudo isso entre implicações políticas, mágica, OVNIs, elefantes na praia, francesas, inglesas, violinistas e garotos voadores, paixões e disrupções amontoadas em um sofrimento humano eterno e a procura pela verdade sobre Deus em céus de jazz ou lixões, no final da linha de um trem avulso, que vai aonde algo pode significar algo e realmente importar. Como numa tarde de um domingo primaveril trocando olhares com quem se ama...
Parece mais um amontoado de cenas (ou quadros) de um quê experimental, sem apegos a narrativas, provocativo (tocando em figuras sacras, clero, vaticano, misturadas a questões de elite, desejo, chamas, moscas, vacas e estátuas sendo "vilipendiadas"), e, acima de tudo surrealista que não precisa fazer sentido logo de cara para receber os louros. Por ser ousado, por suas características completamente inovadoras para a época (imagens borradas, trêmulas, cortes e transições inesperadas em plenos anos 30!!!) e por ser, muito provavelmente, percursor de diretores como David Lynch.
Diria que é um filme que constitui bastante a essência (e estética, principalmente) de trama circular, amarrada e bem construída de thriller e suspense que o diretor viria a desenvolver em suas diversas obras-primas ao se mudar da Inglaterra para os EUA pouco depois dessa realização. Há várias sequências primorosas e sutis, como seu desfecho que, em vez de cartas expositivas, utiliza um artifício colocado logo na primeira cena para concluir a história: a memória de um personagem sobre o motivo de uma organização de espiões internacional o querer sob controle. Bom exemplo da filmografia de um dos grandes.
Ser teimosa, sem rumo e uma bagunça nem sempre é algo negativo, e sim algo que faz parte da vida. O filme, quase histericamente genial em vários momentos, com níveis de ação, humor e drama surpreendentemente funcionais, é resumido a essa frase. Seja lavando e ensacando roupas com olhinhos (por estarem mais felizes assim), conversando entre duas pedras solitárias no topo de uma montanha, entulhando papéis para não entrar em fraude fiscal ou viajando no multiverso em busca do orgulho e do amor de um pai, de uma mãe ou de si mesmo. Por caminhos separados ou infinitas possibilidades que se anulam ou se resumem a uma rosca em formato de buraco negro, ou simplesmente tentar se desprender das amarras, deixar-se ir, porque simplesmente nada importa de verdade... Ou apenas encarar as nossas e as alheias verdades de que estamos na ínfima e compartilhada condição humana de ser, existir e procurar por algo que nem sabemos bem o que é até encontrarmos, como grãos de areia flutuando no vácuo de emoções e extrema vontade do desapego. Ou como pedaços cada vez menores de merda sem explicações e sem porquês, meras manchas no tempo que não embargam o querer, no fim, de se dar uma chance a mais. Com dedos de salsicha, na tela de um cinema, ao lado de um guaxinim, numa ópera ou numa lavanderia endividada em pleno ano novo: onde se pode ser tudo, estar em todo lugar, fazer o que quiser, ser quem quiser, ao mesmo tempo, e ainda assim ser amado. Profundamente.
O filme é bem mais simples e seleto nas nuances que o conto original de Stephen King e a temática exigiam, mas não deixa de ser uma boa adaptação de uma das histórias mais interessantes do autor. Apesar de ser bizarro o que houve com a vida do Brad Renfro anos depois do filme ter sido lançado.
"Mas talvez alguma coisa que os alemães fizeram exerça uma fascinação enorme sobre nós... alguma coisa que abre as catacumbas da imaginação. Talvez parte da aversão e do horror venha da consciência secreta de que sob as circunstâncias certas, ou erradas, nós mesmos estaríamos dispostos a construir lugares assim. Descoberta inesperada, infeliz. E como acha que iriam parecer? Fuhrers loucos com topetes e bigodes de graxa de sapato mandando em tudo? Como diabos vermelhos, demônios, ou como dragões que flutuam com suas asas fétidas de réptil? Acho que a maioria se pareceria com meros contadores. Homenzinhos medíocres com gráficos, mapas e calculadoras, prontos para começar a aumentar o índice de mortes para que da próxima vez pudessem matar talvez 20 ou 30 milhões em vez de apenas 6, 7 ou 12. E algum deles poderá se parecer com Todd Bowden."
Se esquecer é uma lei da natureza ou não, não sei, mas a maneira como Trier trabalha a ausência de si em si mesmo e a incapacidade de se fazer realmente presente e de se preencher, ainda mais enquanto puramente observador e ouvinte escuso dos sonhos, andares, desejos, reclamações, escolhas, problemas dos outros, tentando se agarrar em algo verdadeiro e alheio, ao passo que se sente sozinho, sem valor, com medo de recomeçar após se esforçar a ficar "limpo" das drogas, mas continuar deslocado na sociedade, é muito bem executada.
Os paralelos inevitáveis, em abordagem ou estilos de certas cenas e cinematografia, com A Pior Pessoa do Mundo melhoraram ainda mais algo que já era bom. O conforto na melancolia, a depressão da nostalgia, o entorpecimento do ser, e o fim do estar... Joachim trabalha fantasticamente um drama individual sob uma ótica compreensiva e sem glamourizações ou exageros dramáticos, mas sendo muito tocante mesmo assim.
Dublê de Corpo
3.7 243 Assista AgoraCom claras inspirações em Janela Indiscreta, Um Corpo Que Cai e Disque M Para Matar, Palma se aproxima do estilo de Hitchcock ainda mais quando conduz uma trama de mocinho e mocinha colocados numa ótica complexa entre a atuação e a verdade, entre filmes e a realidade, entre heróis e vilões, entre o stalker e a stalkeada, que vai evoluindo numa atmosfera de suspense erótico metalinguístico, com ótimos plot-twists e um quê trash maravilhoso, transformando-o num clássico. Parece uma coisa no começo, outra no meio e no final outra completamente diferente, em metamorfose de morcego para vampiro e para predador sexual que só Brian sabia fazer.
"Veja o que você fez. Você arruinou meu final surpresa! Eu te dei o seu papel: a testemunha! Você era perfeito. Desempenhou com perfeição. Mas era só isso: fim do papel. Despachar Jake Scully. Mas ah, não, você tinha que interpretar o herói. Improvisar toda essa cena de encontrar um dublê de corpo, desmascarar o índio... Mas você não pensou muito, não é, Jake? Às vezes, os heróis têm finais trágicos."
Lobisomem na Noite
3.5 200 Assista AgoraMarried Life >>>>>
Abracadabra 2
3.3 349 Assista AgoraBem mais bobinho, aleatoriamente musicado, mal finalizado em CGI e menos carismático que o filme original, mas não é péssimo: vale pela revisita de lugares e personagens principais de um clássico da Sessão da Tarde, e legalzinho para se assistir num sábado na casa de vó.
M, o Vampiro de Dusseldorf
4.3 281 Assista AgoraO filme meio que se dobra sobre si na parte final, e o "Vampiro" do título é totalmente deslocado, mas não deixa jamais de ser uma grande discussão sobre serial killers antes mesmo do termo ser cunhado e sem colocá-lo como protagonista, mostrando mais as consequências de seus atos, sua perseguição e principalmente o "o que fazer?" quando sua captura é feita. Questão que fica quase sem resposta (escolha interessante), ao versar sobre justiça com as próprias mãos, prisão ou manicômio sob a ótica de quem sofreu e quer sua raivosa (e plausível) vingança vs. a burocracia judicial mais "imparcial"; tentando quebrar os ciclos de violência. Os temas sobre moralidade, com policiais e bandidos fazendo a vez investigativa, e, acima de tudo, como uma produção de suspense dos anos 30 (!), fazem do filme de Fritz um clássico muito bem dirigido e composto.
"Alguém precisa cuidar melhor das crianças. Todos!"
Os Assassinos Estão Entre Nós
3.9 7Primeiro filme alemão após a Segunda Guerra Mundial, sendo um registro histórico e ruinoso das tentativas individuais de recomeços, ou buscas de vingança, amores, ressentimentos e traumas recentes.
"Então estourou a guerra. Todos os mortos. O que importa uma vida? Qual o uso das conquistas e investigações científicas? Qual é o sentido? Enquanto a paz neste mundo é só uma breve pausa até que uma nova surja em algum lugar... Só uma pausa para o fôlego até as pessoas morrerem outra vez. Talvez em nosso coração... Não há paz."
Um Estranho no Lago
3.3 465 Assista AgoraPrainha nudista, bagres de 4 metros, assassinatos e muito sexo. Nada mais (acho)
O Terceiro Homem
4.2 175 Assista AgoraSlow down, you crazy child
And take the phone off the hook and disappear for a while
It's all right, you can afford to lose a day or two
When will you realize
Vienna waits for you?
O Gabinete do Dr. Caligari
4.3 524 Assista AgoraNem tem muito o que falar sobre esse filme: simplesmente BASILAR
Os Suspeitos
4.1 782 Assista AgoraFoda que já sabia do plot-twist desse filme há anos de tanto ver Todo Mundo em Pânico (vulgo Top 10 filmes da vida). Mas tudo bem, o filme consegue prender bem pelo ótimo elenco e bons enquadramentos (mesmo que o ritmo seja prejudicado por uma duração e tramas paralelas meio desnecessárias para seus fins).
O Telefone Preto
3.5 1,0K Assista AgoraSabem aquelas ligações spam de outros estados (geralmente São Paulo ou alguma prisão) que você atende e ninguém fala nada? Quem sabe não se inspiraram numa extensão dessa lenda para compor esse filme – só que ligada ao além, aos ecos de espíritos de crianças buscando vingança através de sonhos e telefones em porões. Nem fede, nem cheira. Um bom filme que nunca decai nem decolou muito pra mim. Deixaria o telefone tocar na parede sem atender. Curioso como o moleque protagonista é a cara do Ethan Hawke.
A Queda
3.2 744 Assista AgoraLembrete: Sempre que for para algum lugar, diga para alguém confiável onde você está indo. Não confie nos seus seguidores. Clickbait demais pode causar queda no engajamento. Principalmente se você for escalar uma torre enferrujada, caindo aos pedaços, no meio do nada, cheio de abutres, tendo histórico de morte próxima por essa prática. Ainda mais se for com sua melhor amiga, doida do vlog e talarica eventual. Anotem. Mesmo se a vida for curta e fugaz, e que você não deve ter medo de viver, não faça algo tão arriscado só para se sentir vivo: porque você pode acabar morto. No mais, bom filme.
Órfã 2: A Origem
2.7 773 Assista AgoraCom certeza um dos filmes já feitos sobre uma criança idosa ruim sendo adotada por uma família de gente ainda pior.
Cinderela
3.4 1,4K Assista Agora"Talvez seja o maior risco que qualquer um possa assumir: sermos vistos como somos de verdade."
Thor: Amor e Trovão
2.9 973 Assista AgoraEsperei uma eternidade e não consegui esboçar uma sequer risada. Parabéns.
Elvis
3.8 760Wait for me, wait for me
I'll be coming home, wait for me...
A direção criativa, explosiva, dinâmica e lúdica (às vezes até demais) de Baz é de lei e esperada, não faltando em praticamente nada aqui, mas o que surpreende (além da escolha digamos "curiosa" de colocar o "vilão" para narrar) é a entrega máxima de Austin Butler como o cantor que só queria ser o herói da história, pegar um foguete em direção à Pedra da Eternidade - eternamente fora de seu alcance -, um pássaro sem patas que não podia pousar, senão morreria... Sem se parecer em nada com Elvis, encarnou o "hips don't lie" de um homem branco que, apropriando-se da cultura negra de onde foi criado ou não, marcou a história em suas 4 décadas de vida com um fim rápido demais. Grande trabalho dentro de um bom filme.
“Eu aprendi muito cedo na vida que, sem uma canção, o dia jamais terminaria; que sem uma canção, um homem não tem um amigo; que sem uma canção, uma estrada jamais teria curvas; sem uma canção. Então eu continuo cantando uma canção.”
Onde Vivem os Monstros
3.8 2,4K Assista AgoraO mesmo montante da proposta lúdica de analisar a psiquê de uma criança (vestida de lobo e fingindo ser rei) viajando nos mares e ilhas de sua mente e personalidade cheia de monstros - mordedores e devoradores -, cheios de temperamento difícil, impulsos, rompantes, faltas, doçuras, risadas, uivos e inocência esbarra, muitas vezes, na incapacidade que a narrativa tem de engajar quem assiste durante toda a sua duração. Mas não o suficiente para deixar de ser um bom filme, que, inadvertidamente, faz lembrar de Os Sete Monstrinhos.
Ps.: James Gandolfini ☹️
Onde Fica a Casa do Meu Amigo?
4.2 145 Assista AgoraUm filme singelíssimo e singular sobre os olhares e experiências de uma criança num mundo estranho de adultos e suas preocupações distantes: uma porta e uma janela velha sendo trocadas por uma de ferro, a mudança para uma cidade desgostosa, um cigarro a ser comprado, uma roupa a ser lavada, estendida e colhida numa tempestade, um bebê a ser balançado, um pão a ser comprado e um moleque no meio disso tudo tendo que se dividir entre calçar e descalçar o sapato, fazer a lição de casa, levar um caderno para a casa de um amigo que não se acha de modo algum, entre vilas e montes, e ser disciplinado (em surras ou repreensões). Exulta, acima de tudo, o poder sincero da amizade dos pequenos, mesmo formados num ambiente duro em todos os sentidos.
Felizes Juntos
4.2 261 Assista Agora“As pessoas solitárias são todas iguais.”
As intensas e marcantes idas e vindas de um amor que nasceu em Hong Kong, de cabeça para baixo, e nunca conseguiu se concretizar totalmente, nem derramar-se em completude, nem ser “happy together” de fato numa Argentina banhada tango, indo de cores e sons saturados ao silêncio do preto e branco: que sempre contam uma camada mais verossímil e, logo, triste nos filmes de Wong. A beleza e a melancolia da construção de um relacionamento tóxico (ou no mínimo cíclico e vicioso de insultos e carinhos) é como pensar que “vai ser diferente dessa vez”, como assistir sozinho às cataratas do Iguaçu, ou se estar no último farol do fim do mundo sem companhia para dizer “vamos começar de novo”, ou sem ter um lugar para onde retornar e ser feliz – verdadeiramente. Em suma, é um filme sobre o quanto de perdão cabe no coração e o quanto de solidão cabe numa paixão – por mais efervescente que ela seja. E talvez principalmente por isso.
Memórias
4.0 168 Assista AgoraMais um típico exemplar de Allen que exulta seu fluxo de pensamentos (absolutamente efusivos), desejos, frustrações, medos e experiências como pessoa e como diretor em personagens supostamente fictícios lidando com distúrbios de personalidade, reagindo a filmes e peças, sendo cortados por estúdios de cinema e fazendo piadas das mais diversas e aleatórias situações em sua verborragia de diálogos enervantemente trocados e pessoas surgindo a todo momento para pedir autógrafos, perguntar sobre autoexaltações e seu relacionamento com as diversas mulheres que perpassam sua vida. Quase problemático, quase autobiográfico, quase um 8 ½ de Woody, é um estudo bastante metalinguístico e curioso sobre como a realidade, a sociedade, as piadas e a vida sempre têm mais um fundo depressivo e complicado que somente engraçado. Tudo isso entre implicações políticas, mágica, OVNIs, elefantes na praia, francesas, inglesas, violinistas e garotos voadores, paixões e disrupções amontoadas em um sofrimento humano eterno e a procura pela verdade sobre Deus em céus de jazz ou lixões, no final da linha de um trem avulso, que vai aonde algo pode significar algo e realmente importar. Como numa tarde de um domingo primaveril trocando olhares com quem se ama...
Bagunçado, mas bom.
“As pessoas não querem realidade demais.”
A Idade do Ouro
3.8 85Parece mais um amontoado de cenas (ou quadros) de um quê experimental, sem apegos a narrativas, provocativo (tocando em figuras sacras, clero, vaticano, misturadas a questões de elite, desejo, chamas, moscas, vacas e estátuas sendo "vilipendiadas"), e, acima de tudo surrealista que não precisa fazer sentido logo de cara para receber os louros. Por ser ousado, por suas características completamente inovadoras para a época (imagens borradas, trêmulas, cortes e transições inesperadas em plenos anos 30!!!) e por ser, muito provavelmente, percursor de diretores como David Lynch.
Bem louco, enfim.
Os 39 Degraus
3.7 120 Assista AgoraDiria que é um filme que constitui bastante a essência (e estética, principalmente) de trama circular, amarrada e bem construída de thriller e suspense que o diretor viria a desenvolver em suas diversas obras-primas ao se mudar da Inglaterra para os EUA pouco depois dessa realização. Há várias sequências primorosas e sutis, como seu desfecho que, em vez de cartas expositivas, utiliza um artifício colocado logo na primeira cena para concluir a história: a memória de um personagem sobre o motivo de uma organização de espiões internacional o querer sob controle. Bom exemplo da filmografia de um dos grandes.
Tudo em Todo O Lugar ao Mesmo Tempo
4.0 2,1K Assista Agora“Todos somos fracassados sozinhos.”
Ser teimosa, sem rumo e uma bagunça nem sempre é algo negativo, e sim algo que faz parte da vida. O filme, quase histericamente genial em vários momentos, com níveis de ação, humor e drama surpreendentemente funcionais, é resumido a essa frase. Seja lavando e ensacando roupas com olhinhos (por estarem mais felizes assim), conversando entre duas pedras solitárias no topo de uma montanha, entulhando papéis para não entrar em fraude fiscal ou viajando no multiverso em busca do orgulho e do amor de um pai, de uma mãe ou de si mesmo. Por caminhos separados ou infinitas possibilidades que se anulam ou se resumem a uma rosca em formato de buraco negro, ou simplesmente tentar se desprender das amarras, deixar-se ir, porque simplesmente nada importa de verdade... Ou apenas encarar as nossas e as alheias verdades de que estamos na ínfima e compartilhada condição humana de ser, existir e procurar por algo que nem sabemos bem o que é até encontrarmos, como grãos de areia flutuando no vácuo de emoções e extrema vontade do desapego. Ou como pedaços cada vez menores de merda sem explicações e sem porquês, meras manchas no tempo que não embargam o querer, no fim, de se dar uma chance a mais. Com dedos de salsicha, na tela de um cinema, ao lado de um guaxinim, numa ópera ou numa lavanderia endividada em pleno ano novo: onde se pode ser tudo, estar em todo lugar, fazer o que quiser, ser quem quiser, ao mesmo tempo, e ainda assim ser amado. Profundamente.
Ah, e impostos são uma merda mesmo.
O Aprendiz
3.7 219 Assista AgoraO filme é bem mais simples e seleto nas nuances que o conto original de Stephen King e a temática exigiam, mas não deixa de ser uma boa adaptação de uma das histórias mais interessantes do autor. Apesar de ser bizarro o que houve com a vida do Brad Renfro anos depois do filme ter sido lançado.
"Mas talvez alguma coisa que os alemães fizeram exerça uma fascinação enorme sobre nós... alguma coisa que abre as catacumbas da imaginação. Talvez parte da aversão e do horror venha da consciência secreta de que sob as circunstâncias certas, ou erradas, nós mesmos estaríamos dispostos a construir lugares assim. Descoberta inesperada, infeliz. E como acha que iriam parecer? Fuhrers loucos com topetes e bigodes de graxa de sapato mandando em tudo? Como diabos vermelhos, demônios, ou como dragões que flutuam com suas asas fétidas de réptil? Acho que a maioria se pareceria com meros contadores. Homenzinhos medíocres com gráficos, mapas e calculadoras, prontos para começar a aumentar o índice de mortes para que da próxima vez pudessem matar talvez 20 ou 30 milhões em vez de apenas 6, 7 ou 12. E algum deles poderá se parecer com Todd Bowden."
Oslo, 31 de Agosto
3.9 194Se esquecer é uma lei da natureza ou não, não sei, mas a maneira como Trier trabalha a ausência de si em si mesmo e a incapacidade de se fazer realmente presente e de se preencher, ainda mais enquanto puramente observador e ouvinte escuso dos sonhos, andares, desejos, reclamações, escolhas, problemas dos outros, tentando se agarrar em algo verdadeiro e alheio, ao passo que se sente sozinho, sem valor, com medo de recomeçar após se esforçar a ficar "limpo" das drogas, mas continuar deslocado na sociedade, é muito bem executada.
Os paralelos inevitáveis, em abordagem ou estilos de certas cenas e cinematografia, com A Pior Pessoa do Mundo melhoraram ainda mais algo que já era bom. O conforto na melancolia, a depressão da nostalgia, o entorpecimento do ser, e o fim do estar... Joachim trabalha fantasticamente um drama individual sob uma ótica compreensiva e sem glamourizações ou exageros dramáticos, mas sendo muito tocante mesmo assim.