Fui assistir sabendo que era uma bomba. No primeiro ato do filme, estava mudando de ideia, apesar de algumas caricaturas de personagens como a mãe e a família do marido, a personagem central da Kely me parecia focada. Depois que entrou na jogada o Trevante eu disse: vai ter sexo selvagem e ele é lindo, mas aí é que tudo começou a ficar desafinado. O tom do filme mudou e o roteiro foi simplesmente ruim demais. Enfim, vale se quiser passar o tempo esperando algo sensual e um suspense por trás, mas não espere nenhum desenvolvimento decente, aliás, que ato final capenga do caramba.
Eu sou véia mesmo, em 85 me lembro de papai chamando todo mundo pra sala e ver numa TV pequenina os astros da música cantando We Are The World como se fosse O EVENTO. Eu era um pingo de gente, mas ficou marcado, e ele citando o nome de praticamente todo mundo. Enfim, assim cresci em meio a esse tipo de gente maravilhosa da música, adorando tudo isso. Então, agora vendo esse documentário, posso dizer que além de suas curiosidades e relatos emocionantes traz muito saudosismo pra mim. Lionel e Michael fizeram acontecer, seguraram as pontas da bagunça. Claro, não posso deixar passar que a partir de agora, sempre que eu estiver deslocada ou confusa, usarei a frase, tô mais perdida que Bob Dylan na gravação de We are the world.
Eu assistiria qualquer coisa feita pelo Paul Giamatti, um desses atores incrivelmente expressivos mesmo em papéis contidos, o que não é bem o caso aqui de Os Rejeitados. Neste filme muito bom, ele consegue a proeza de fazer comédia com alguns rompantes de fúria e o drama suave, sem choro doloroso, ou risos histéricos, transforma tudo num filme de Natal bem original. Gosto da forma como os diálogos são simples, mas eficazes ao mesmo tempo, sem nos tachar de bobos. Da'VIne também é ótima como Mary, que presença! E Dominic se mostra um jovem bom ator, muito embora seu personagem poderia ter se encaixado melhor na química geral, mas acho que era intenção do roteiro de acordo com a personalidade de seus personagens. Aliás, o trio de histórias e rejeições e dores tão diferentes me conquistou pra sempre. Ah, e quem se sente ou já se sentiu um dia a ovelha negra, vai ficar bem próximo do filme.
Com o passar dos anos eu fui ficando meio chateada com filmes baseados em tragédias reais, porque os americanos e até outras nacionalidades sempre retratam de forma exagerada, com dramalhões que não condizem com a realidade, mas sim com querer fazer o público chorar. Neste A Sociedade da Neve, a retratação desde a queda do avião até os diálogos e situações de dor e sobrevivência, tudo soou real. O impacto de parecer estar dentro do filme nos faz sentir o horror mesmo que por empatia e entristece, mas sem precisar forçar, é só ver e pensar sobre o que aconteceu. A direção é primorosa e paguei minha língua, porque acreditava que iria ver repetições de outras obras.
É um filme muito bom, um terror com roteiro cuidadoso até certo ponto, pra quem presta atenção e não só pra quem quer sentir medo ou levar susto se prendendo a situações sem nexo. Além disso, falou em Freira e rigidez eu já boto meu pezinho pra trás.
Eu fico pensando, se a gente não conhecesse a história, se esses 3 filmes se salvavam? Porque, ô negócio sofrível de todos os lados, principalmente da dramatização falsa. Neste último, só se salva a magnífica Barbara Colen que tira até leite de pedra.
Assassinos da Lua das Flores é um filmaço do Scorsese que me fez até esquecer de ir ao banheiro por 3 horas e 30 minutos, já que ainda fiquei refletindo na sala. Uma história pouco contada, mas que o Cinema precisava mostrar, principalmente vindo das mãos de alguém sensível, culto e sincero como Scorsese. Falar do excelente trabalho de DiCaprio e De Niro já é lugar comum, mas meu encanto vai para a expressiva Lily Gladstone, pois transformar alguém introspectiva, forte e vulnerável ao mesmo tempo e deveras cansada em alguém com carisma é difícil demais. A cada trama macabra do homem branco encoberta pela hipocrisia e cheia de desejos gananciosos, racistas, invejosos e sedentos de poder, minha indignação crescia, mas como era uma história baseada em fatos reais, já sabia que eu poderia ficar arruinada por mais 100 anos por todo povo Osage, por todo povo indígena do universo e nada adiantaria, pelo menos não em se fazer justiça. Resta apreciar a obra e agradecer ao mestre Scorsese que disse tanto fazendo cinema em todos os aspectos audiovisuais perfeitos.
É, meus amigos, eu continuo convicta que seja lá qual for a história, ninguém conta melhor que Sr. Pedro Almodóvar. Por outro lado, sabemos que dava pra juntar as coisas de forma mais coerentes e interessantes né não? A trama foi mal costurada. A gente sabe também que as revelações não são o mais importante, mas como se dá o desfecho, sim. Há algo de apressado que nem novela nos 30 minutos finais que prejudicam nosso envolvimento. Mas, como disse inicialmente, é envolvente a forma como conta e narra a história. Além de Penélope e Milena serem lindas, carismáticas e ótimas atrizes.
Ótimo filme de entretenimento, bom filme no geral. A premissa é bem batida, o roteiro também, mas as cenas de sobrevivência são instigantes e razoavelmente bem boladas. Muita coisa não só mentirosa(ganha o selo, quero um celular desses), as vezes até mal feita, forçadas pra cacete(oh, uma lata de sardinha, como não pensei nisso antes?), mas a gente compra, porque é um filme da era streaming e o negócio é o geralzão mesmo, sem pretensões de elogios técnicos. Os espanhóis colocam muito melodrama(tudo as vezes é novelizado), mas em compensação, tem alívio cômico certeiro, uma ação e um suspense bem construídos e envolventes e atuações convincentes. Gostei mesmo.
Fui ver esse documentário com duas certezas, é coisa boa, porque é do Kleber o apaixonado por Recife, por Brasil e que iria me trazer memórias que não são necessariamente minhas, mas se assemelham muito as que tenho. Quando cheguei para morar no Rio haviam vários cinemas de rua e eu frequentava o Cine Palácio, Roxy, Cine Odeon, Estação Botafogo, Cine Joia, só restando hoje o Estação Botafogo que por óbvio, já está pedindo socorro pra não fechar(Vi este filme lá hoje). Ainda bem que nenhum destes virou igreja ainda, mas sei como isso é comum pelo país todo e como me aperta o peito. Aliás, chorei quando o projecionista falou sobre fechar o cinema com chave de lágrimas. Por outro lado, as livrarias seguem virando farmácias que ornam na iluminação da noite. Os centros morrem? Não, os centros sobrevivem no que há de mais cultural numa cidade, principalmente numa cidade grande e eu vou por isso, para povoar esse imenso retrato de uma cidade fantasma, de esquinas as vezes lotadas e as vezes vazia, eu vou em todos os centros, seja de Recife, seja do Rio, seja de Natal, eu gosto do espaço que guarda memórias, mesmo com cheiros não tão prazerosos, mesmo com degradações, se lá restar uma casinha antiga pra eu admirar, lá estarei eu. Documentário maravilhoso.
O filme só não me pegou mais pela falta de empatia com os personagens. Sei que já justificaram por aí que não seria necessário, mas para mim não funciona muito se eu não me preocupar com os personagens ou se algum deles me irritar muito com coisas que acho pequenas e cansativas. O luto de fato é pessoal pra cada um, mas me cansa essa coisa de querer a qualquer custo comunicar com os entes mortos queridos vendendo até os entes vivos. Mas, o filme é muito bem dirigido, funciona nos sustos, no clima de medo, e realmente, assistir numa sala vazia(só tinha eu e mais uma pessoa na fileira de trás, afastada de mim) produz a ambientação perfeita a um bom filme de terror. Certa hora do filme, já estava ouvindo coisas imaginárias e olhei pra trás e não vi o rapaz no cinema. Gelei.🤣 É um terror que parece mais do mesmo, de roteiro simples, com algumas falhas, mas é diferenciado pela condução certeira dos irmãos Philippou, o terror psicológico, o terror gore, a subversão em colocar o paranormal como algo crível e natural para os personagens sem assustá-los de início, meio que uma metáfora sobre o processo de entrar nas drogas, onde as primeiras cheiradas podem parecer coisa tola, mas depois, o inferno tá posto. A trilha sonora é perfeita e a ótima atuação da Sophie Wilde completa minha meia satisfação.
Um dos melhores filmes de terror de todos os tempos sem ser necessariamente original. Utiliza-se de muitos clichês(talvez por isso a nota baixa e preconceituosa), mas faz valer cada segundo de angústia. De roteiro simples, mas produzido com capricho de quem sabe que o terror é mais que isso, é um estudo da mente humana e como funciona seus medos para saber aplicar no tempo, na hora e no local certo. É dirigido com presteza, Viagem Maldita não tem a medalha de ouro que mereceria no gênero terror.
Eu amo cinema que foge a linha americanalhada, amo terror psicológico, mas não dá pra defender isso aqui não. Dei duas estrelas para o arco inicial, mas da metade para o fim, uma tortura. A lentidão sem propósito e a falta de empatia com o personagem masculino me deixou angustiada pra que acabasse. Explicações simplórias (Não aguento mais fantasmas q voltam pra falar do pecado dos seus vivos, superem!) e também não aguento os vivos que se martirizam por seus pecados só porque são assombrados por algum fantasma do passado. Quando é bem feito, a gente compra o clichê. Dica de terror bom dos iranianos, "Sob a Sombra", aí sim tem propósitos e apresenta a forma cultural própria de montar uma história.
Quem diria que um dia eu iria gostar de um filme que trabalhasse um roteiro pra Barbie? Eu que nunca tive essa boneca na infância, porque além de cara, acho que não era um sonho meu mesmo, pelo menos não tanto quanto ganhar uma Caloi( o consumo nos cerca) O filme não mira nas crianças, muito embora possa ser visto com prazer por todas as idades, aqui temos uma Barbie se humanizando, confusa, preocupada com transformações assustadoras e enfim, questionadora do seu papel naquele universo de brinquedo em que tudo parece tão PERFEITO, inclusive ela. Mas, não é bem assim. Margot Robbie tá uma Barbie no estereotipo afinadíssima, ela dá luz a esse protagonismo, com humor, leveza e drama também. Já Ryan empresta seu talento e comicidade ao Ken, o boneco que nem sabe Ken é, além de sua Barbie, mas que sempre que aparece, salta aos olhos brincando com o ridículo do tipo de homem que ele se apresenta. O musical tá muito bom, aliás, queria mais musicais, pois é uma forma de contar a história no tom do lúdico. O feminismo é abordado de forma simples, mas suficiente em se tratando de uma comédia que pegaria um público infanto-juvenil, as críticas sociais sobre a futilidade, o consumismo, a alienação, a padronização, o machismo etc, comportam o básico, mas igualmente suficiente. A entrada com referência a 2001 uma Odisseia no espaço me matou de rir e de felicidade. Ótimo filme.
Sensação de dubiedade. A gente vê um filme desses e encara o bem e o mal dos seres humanos, da ciência de Oppenheimer, da arte de Nolan e sem saber como julgar ao certo, ou melhor, com o cinismo de gostar de tudo aquilo que vemos em tela, da obra genial, grandiosa e saber que tem muita coisa muito errada, muito pesada, muito monstruosa envolvendo tanto a arte quanto a ciência, quanto os podres poderes. Cillian Murphy sempre me causou interesse, a atuação é expressiva e comedida ao mesmo tempo e ele se apossou aqui da alma complexa de Oppenheimer, foi brilhante. Aliás, em certo momento o personagem fala que há simplicidade no ser humano, mas sua amante belamente interpretada por Florence Pugh o contradiz e de fato, estou com ela, o ser humano é mais difícil que quebrar átomos. O filme é tecnicamente perfeito, bem dirigido, longo, mas não cansativo, pelo menos pra mim, imersivo, histórico, sem atrativos fáceis e por isso precisa de atenção para funcionar, o personagem central(sinto intensamente o que ele pensa e sente pela expressividade de Cillian, pela trilha sonora, pela edição de som e pelo roteiro). Só sei que ao final, o silêncio(meu e da maioria) explodiu mais que a bomba. Sim, sem palavras por querer ver o espetáculo e me sentir mal por saber que aquilo foi real, a destruição em massa foi real, o medo pós "experimento" continua sendo real. A cena em que Oppenheimer discursa a respeito do "sucesso" da bomba, vendo todo mundo ao seu redor rir e queimar ao mesmo tempo, vibrar e gemer de dor ao mesmo tempo, suas palavras de contentamento, mas seu corpo dizia outra coisa, enfim. Aplausos ao elenco todo, Downey Jr. tá excepcional, Emily Blunt, minha nossa, desvinculada do resto de seus personagens e todas as participações de estrelas em pontas pequenas, mas não menos brilhantes. Espetacular.
É o tipo de filme ruim que a gente até vê enquanto navega na internet, sabe? Enquanto esquenta um chá e não liga muito pra história fraquíssima e porque é mal executado e interpretado.
No primeiro ato do filme achei que estava vendo algo cauteloso sobre o tema depressão e gostei, me instigou a continuar, o que é raro quando percebo ser o filme um dramalhão. Porém, em seguida vemos a trama pouco a pouco se tornando caricata, ainda que tentasse não parecer, procurando o comedimento das atuações, o teor dos diálogos revelava a superficialidade ou o lugar comum da trama. E não digo só pelo motivo aparentemente infantil do rapaz em se sentir infeliz com o divórcio dos pais, culpar a madrasta, viver magoado, afinal, cada pessoa dá a importância do tamanho que é possível a suas frustrações. Aliás, o rapaz estava doente de depressão profunda, neste caso, nem motivações específicas existem na maioria das vezes. Mas, os pais não perceberem isso, não perceberem que o tratamento suplicado pelo médico era necessário, só para dizer que dariam conta e que não suportariam ver o filho mal pelas suas decisões, ah, quanto clichê. Aliás, quem sabe um pouquinho sobre tendências suicidas, entende o sinal da felicidade como preocupante. Poderia ter sido um filmão.
Ah, atuação do Zen é boa sim, não é pra ser apagado demais, nem escandaloso o tempo todo, é pra mostrar apatia e exprimir dor sufocando quando convém o momento. Parem de ver dublado e dizer que o rapaz não atuou bem. Obrigada.
Terrorzão do jeito que a gente gosta. Dá medo e faz jus aos filmes anteriores. Aliás, quando adolescente vi A morte do demônio, Uma noite alucinante sem pestanejar, muito embora não sejam os trash os meus horrores favoritos, matei saudade, então, esperava que a dose de sangue, osso e pele iria ser boa.
Usando a mesma narrativa de Buscando, esse filme não decepciona nem um pouco e continua sendo eficiente em criar um bom suspense, drama e mistério utilizando vários aspectos dessa era tecnológica e virtual, que pode ser ferramenta de grandes encrencas, mas também de grandes soluções.
Você pode não gostar, mas não vai esquecer. Beaul tem medo é mais uma experiência a ser vivida que uma filosofia a ser revelada, muito embora nos leve a pensar em várias coisas e prováveis explicações ou analogias, é uma história sensorial sobretudo. Vai lá viver o que se passa na cabeça de pessoas com transtornos mentais, principalmente ansiedade e psicose. Sentindo todas as piores sensações dessa condição como medo, angústia, dor, raiva, tristeza, aceleração, confusão mental, incômodo, dúvida, impaciência. Sim, a impaciência ironicamente é uma busca do autor, inclusive, na segunda metade do filme quando já estamos exaustos de tanta falta de lógica e querendo unir pontas ao final, o que não se consegue, diga-se de passagem, pelo menos não algo minimamente universal, digo, cada um vai ter uma ideia própria e não chegar a conclusões fulcrais. Interpretações ótimas, principalmente do Joaquin, né? Tem nem o que discutir, porque pra alguém demonstrar todas essas emoções sendo um personagem mais passivo que ativo no contexto de ficar de mãos atadas e pés acorrentados perante as próprias paranoias, esse personagem tem tanta expressividade que tem horas que eu quero que parem de o massacrar. As vezes a gente quer que ele reaja, mas sabe que a única reação é aquela mesmo de fugir do que pensa ser real. Aliás, Beul carrega uma sensação de culpa o tempo todo, como se fosse sempre o responsável por tudo de ruim e ao mesmo tempo tentar se desculpar ou explicar o porquê não consegue entender nada do que se passa, enfim, traumas relativos a sua mãe? Não é um filme excelente, aliás, o roteiro simples e confuso pra cacete, mas, se a intenção era provocar o mal estar, sejamos francos, ele conseguiu. Nos primeiros minutos, já vem o nascimento do garoto com toda aquele histerismo da mãe no parto que não vemos, mas sentimos. Eu, como alguém que sofro de ansiedade, já fiquei me revirando por ouvir uns 3 tipos de músicas super diferentes ao mesmo tempo no filme(parecia as praias do Rio em fim de semana cheio), com imagens de uma cidade caótica, surrealista e estrambólica. Maluco pra cacete, mas esse é o ponto. Ao final, uma pá de simbolismos, metáforas e gosto ruim, mas reflexão. Não há plot twist, o filme todo é uma virada. Quero mais.
Demorei pra ver, mas valeu a pena cada minuto. Antes de tudo, que fotografia! O filme é um dos melhores indicados ao Oscar e injustiçado por não trazer nenhum. O roteiro é original, muito bom, se apresenta sob a capa de algo simples, porém tem coisa pra caramba pra se destrinchar, refletir, rir, chorar, se identificar, enfim, é uma comédia dramática sobre amizades (feitas ou desfeitas) cheia de questionamentos. E o que dizer das atuações? Cada um em sua entrega. Colin Farrell deu aula de como atuar com minúcia, sem exageros e ainda assim ser um destaque estelar dando vida ao simpático e incansável Pádraic. Já Gleeson entrega com naturalidade um ser criativo e destrutivo ao mesmo tempo, boa parte internalizada em seu personagem. O interessante é que o filme indaga sobre os problemas em foco, mas não os responde com facilidades. É disso que falo, faltam filmes que saiam do lugar comum sem precisar ser esdrúxulo.
É mais sobre machismo que qualquer outra coisa, mesmo porque trata-se de adolescentes quase crianças, a sexualidade é algo em desenvolvimento tão primário que não define ninguém ainda. Eu gostei do filme, me emocionei, assim como me emociono sempre quando sinto a dor de um amor que não pôde se desenvolver por preconceito social. Amigos que se amam tanto que são irmãos e sua forma de ver o mundo é se o amor existe, porque não estar junto? Porque essa afeição de proximidade e delicadeza é dada apenas as garotas? Ou a homossexualidade? Ou mesmo entre irmãos? Não sei se notaram, mas propositalmente, após a tragédia, o irmão mais novo com o irmão mais velhos dormiam juntos, com a mesma proximidade de afeição que os amigos, com toques e olhares, o que sugere que entre irmãos é aceitável, entre amigos não. O que escancara machismo, homofobia e perturbações que levam a desespero mesmo. Não se dá a chance de uma criança viver, se descobrir e se libertar, porque a pressão é brutal. É um filme contemplativo e as vezes não estabelece um grande roteiro, ou diálogos originais, mas olhando de perto, a gente se sente próximo e gosta.
Bom demais da conta. Sem precisar cansar ninguém com discursos longos, Triangulo da Tristeza faz refletir sobre essa ótica da sociedade burguesa decadente e o quanto ela contamina outras classes, seja humilhando, desvalorizando ou mesmo influenciando(o que é pior). Quando o de cima desce, continua a usar artimanhas de quando estava no topo. Quando o de baixo sobe, aprende o quanto é bom estar lá e não quer voltar, mas, acaba por virar monstro também. A discussão sobre americano socialista com russo capitalista foi muito engraçada e instrutiva ao mesmo tempo, o barco afundando enquanto os dois debatem e publicizam no microfone, a merda descendo, as caras de gente enojada num passeio chique, enquanto tiram fotos, comem menu indigesto e toda a beleza é desmaquiada no cruzeiro dos ricos. A ilha é uma genialidade a parte, relações de trabalho, divisão de bens e propriedades, compra de sexo e amor e suborno e corrupção e racismo, é muita coisa. Filmaço.
Pearl, a louca da Mia Goth, eu só senti um medo parecido com a diva Bette Davis em O Que Terá Acontecido a Baby Jane. Esse é um origem de respeito, se eu já havia amado X, A marca da Morte, agora em Pearl a sensação de arte na tela é deslumbrante, sim é terror, mas é bonito pra cacete, as tomadas a distâncias, figurino, cenário, fotografia e até os closes de rostos se tornam aliados de uma interpretação incrível, ficamos compenetrados num monólogo final como se não tivesse durado tanto. Nada ultrapassa limites, nó temos drama, suspense, terror gore, terror psicológico e até reflexões em equilíbrio. Fiquei agoniada.
Mea Culpa
2.1 52 Assista AgoraFui assistir sabendo que era uma bomba. No primeiro ato do filme, estava mudando de ideia, apesar de algumas caricaturas de personagens como a mãe e a família do marido, a personagem central da Kely me parecia focada. Depois que entrou na jogada o Trevante eu disse: vai ter sexo selvagem e ele é lindo, mas aí é que tudo começou a ficar desafinado. O tom do filme mudou e o roteiro foi simplesmente ruim demais. Enfim, vale se quiser passar o tempo esperando algo sensual e um suspense por trás, mas não espere nenhum desenvolvimento decente, aliás, que ato final capenga do caramba.
A Noite que Mudou o Pop
4.2 158 Assista AgoraEu sou véia mesmo, em 85 me lembro de papai chamando todo mundo pra sala e ver numa TV pequenina os astros da música cantando We Are The World como se fosse O EVENTO. Eu era um pingo de gente, mas ficou marcado, e ele citando o nome de praticamente todo mundo. Enfim, assim cresci em meio a esse tipo de gente maravilhosa da música, adorando tudo isso. Então, agora vendo esse documentário, posso dizer que além de suas curiosidades e relatos emocionantes traz muito saudosismo pra mim. Lionel e Michael fizeram acontecer, seguraram as pontas da bagunça. Claro, não posso deixar passar que a partir de agora, sempre que eu estiver deslocada ou confusa, usarei a frase, tô mais perdida que Bob Dylan na gravação de We are the world.
Os Rejeitados
4.0 319 Assista AgoraEu assistiria qualquer coisa feita pelo Paul Giamatti, um desses atores incrivelmente expressivos mesmo em papéis contidos, o que não é bem o caso aqui de Os Rejeitados. Neste filme muito bom, ele consegue a proeza de fazer comédia com alguns rompantes de fúria e o drama suave, sem choro doloroso, ou risos histéricos, transforma tudo num filme de Natal bem original. Gosto da forma como os diálogos são simples, mas eficazes ao mesmo tempo, sem nos tachar de bobos. Da'VIne também é ótima como Mary, que presença! E Dominic se mostra um jovem bom ator, muito embora seu personagem poderia ter se encaixado melhor na química geral, mas acho que era intenção do roteiro de acordo com a personalidade de seus personagens. Aliás, o trio de histórias e rejeições e dores tão diferentes me conquistou pra sempre. Ah, e quem se sente ou já se sentiu um dia a ovelha negra, vai ficar bem próximo do filme.
A Sociedade da Neve
4.2 719 Assista AgoraCom o passar dos anos eu fui ficando meio chateada com filmes baseados em tragédias reais, porque os americanos e até outras nacionalidades sempre retratam de forma exagerada, com dramalhões que não condizem com a realidade, mas sim com querer fazer o público chorar. Neste A Sociedade da Neve, a retratação desde a queda do avião até os diálogos e situações de dor e sobrevivência, tudo soou real. O impacto de parecer estar dentro do filme nos faz sentir o horror mesmo que por empatia e entristece, mas sem precisar forçar, é só ver e pensar sobre o que aconteceu. A direção é primorosa e paguei minha língua, porque acreditava que iria ver repetições de outras obras.
Irmã Morte
3.1 124 Assista AgoraÉ um filme muito bom, um terror com roteiro cuidadoso até certo ponto, pra quem presta atenção e não só pra quem quer sentir medo ou levar susto se prendendo a situações sem nexo. Além disso, falou em Freira e rigidez eu já boto meu pezinho pra trás.
A Menina que Matou os Pais: A Confissão
3.1 218 Assista AgoraEu fico pensando, se a gente não conhecesse a história, se esses 3 filmes se salvavam? Porque, ô negócio sofrível de todos os lados, principalmente da dramatização falsa. Neste último, só se salva a magnífica Barbara Colen que tira até leite de pedra.
Assassinos da Lua das Flores
4.1 609 Assista AgoraAssassinos da Lua das Flores é um filmaço do Scorsese que me fez até esquecer de ir ao banheiro por 3 horas e 30 minutos, já que ainda fiquei refletindo na sala. Uma história pouco contada, mas que o Cinema precisava mostrar, principalmente vindo das mãos de alguém sensível, culto e sincero como Scorsese. Falar do excelente trabalho de DiCaprio e De Niro já é lugar comum, mas meu encanto vai para a expressiva Lily Gladstone, pois transformar alguém introspectiva, forte e vulnerável ao mesmo tempo e deveras cansada em alguém com carisma é difícil demais. A cada trama macabra do homem branco encoberta pela hipocrisia e cheia de desejos gananciosos, racistas, invejosos e sedentos de poder, minha indignação crescia, mas como era uma história baseada em fatos reais, já sabia que eu poderia ficar arruinada por mais 100 anos por todo povo Osage, por todo povo indígena do universo e nada adiantaria, pelo menos não em se fazer justiça. Resta apreciar a obra e agradecer ao mestre Scorsese que disse tanto fazendo cinema em todos os aspectos audiovisuais perfeitos.
Mães Paralelas
3.7 411É, meus amigos, eu continuo convicta que seja lá qual for a história, ninguém conta melhor que Sr. Pedro Almodóvar. Por outro lado, sabemos que dava pra juntar as coisas de forma mais coerentes e interessantes né não? A trama foi mal costurada. A gente sabe também que as revelações não são o mais importante, mas como se dá o desfecho, sim. Há algo de apressado que nem novela nos 30 minutos finais que prejudicam nosso envolvimento. Mas, como disse inicialmente, é envolvente a forma como conta e narra a história. Além de Penélope e Milena serem lindas, carismáticas e ótimas atrizes.
Destinos à Deriva
3.2 287 Assista AgoraÓtimo filme de entretenimento, bom filme no geral. A premissa é bem batida, o roteiro também, mas as cenas de sobrevivência são instigantes e razoavelmente bem boladas. Muita coisa não só mentirosa(ganha o selo, quero um celular desses), as vezes até mal feita, forçadas pra cacete(oh, uma lata de sardinha, como não pensei nisso antes?), mas a gente compra, porque é um filme da era streaming e o negócio é o geralzão mesmo, sem pretensões de elogios técnicos. Os espanhóis colocam muito melodrama(tudo as vezes é novelizado), mas em compensação, tem alívio cômico certeiro, uma ação e um suspense bem construídos e envolventes e atuações convincentes. Gostei mesmo.
Retratos Fantasmas
4.2 229 Assista AgoraFui ver esse documentário com duas certezas, é coisa boa, porque é do Kleber o apaixonado por Recife, por Brasil e que iria me trazer memórias que não são necessariamente minhas, mas se assemelham muito as que tenho. Quando cheguei para morar no Rio haviam vários cinemas de rua e eu frequentava o Cine Palácio, Roxy, Cine Odeon, Estação Botafogo, Cine Joia, só restando hoje o Estação Botafogo que por óbvio, já está pedindo socorro pra não fechar(Vi este filme lá hoje). Ainda bem que nenhum destes virou igreja ainda, mas sei como isso é comum pelo país todo e como me aperta o peito. Aliás, chorei quando o projecionista falou sobre fechar o cinema com chave de lágrimas. Por outro lado, as livrarias seguem virando farmácias que ornam na iluminação da noite. Os centros morrem? Não, os centros sobrevivem no que há de mais cultural numa cidade, principalmente numa cidade grande e eu vou por isso, para povoar esse imenso retrato de uma cidade fantasma, de esquinas as vezes lotadas e as vezes vazia, eu vou em todos os centros, seja de Recife, seja do Rio, seja de Natal, eu gosto do espaço que guarda memórias, mesmo com cheiros não tão prazerosos, mesmo com degradações, se lá restar uma casinha antiga pra eu admirar, lá estarei eu. Documentário maravilhoso.
Fale Comigo
3.6 965 Assista AgoraO filme só não me pegou mais pela falta de empatia com os personagens. Sei que já justificaram por aí que não seria necessário, mas para mim não funciona muito se eu não me preocupar com os personagens ou se algum deles me irritar muito com coisas que acho pequenas e cansativas. O luto de fato é pessoal pra cada um, mas me cansa essa coisa de querer a qualquer custo comunicar com os entes mortos queridos vendendo até os entes vivos. Mas, o filme é muito bem dirigido, funciona nos sustos, no clima de medo, e realmente, assistir numa sala vazia(só tinha eu e mais uma pessoa na fileira de trás, afastada de mim) produz a ambientação perfeita a um bom filme de terror. Certa hora do filme, já estava ouvindo coisas imaginárias e olhei pra trás e não vi o rapaz no cinema. Gelei.🤣 É um terror que parece mais do mesmo, de roteiro simples, com algumas falhas, mas é diferenciado pela condução certeira dos irmãos Philippou, o terror psicológico, o terror gore, a subversão em colocar o paranormal como algo crível e natural para os personagens sem assustá-los de início, meio que uma metáfora sobre o processo de entrar nas drogas, onde as primeiras cheiradas podem parecer coisa tola, mas depois, o inferno tá posto. A trilha sonora é perfeita e a ótima atuação da Sophie Wilde completa minha meia satisfação.
Viagem Maldita
3.3 763Um dos melhores filmes de terror de todos os tempos sem ser necessariamente original. Utiliza-se de muitos clichês(talvez por isso a nota baixa e preconceituosa), mas faz valer cada segundo de angústia. De roteiro simples, mas produzido com capricho de quem sabe que o terror é mais que isso, é um estudo da mente humana e como funciona seus medos para saber aplicar no tempo, na hora e no local certo. É dirigido com presteza, Viagem Maldita não tem a medalha de ouro que mereceria no gênero terror.
The Night
2.8 41 Assista AgoraEu amo cinema que foge a linha americanalhada, amo terror psicológico, mas não dá pra defender isso aqui não. Dei duas estrelas para o arco inicial, mas da metade para o fim, uma tortura. A lentidão sem propósito e a falta de empatia com o personagem masculino me deixou angustiada pra que acabasse. Explicações simplórias (Não aguento mais fantasmas q voltam pra falar do pecado dos seus vivos, superem!) e também não aguento os vivos que se martirizam por seus pecados só porque são assombrados por algum fantasma do passado. Quando é bem feito, a gente compra o clichê. Dica de terror bom dos iranianos, "Sob a Sombra", aí sim tem propósitos e apresenta a forma cultural própria de montar uma história.
Barbie
3.9 1,6K Assista AgoraQuem diria que um dia eu iria gostar de um filme que trabalhasse um roteiro pra Barbie? Eu que nunca tive essa boneca na infância, porque além de cara, acho que não era um sonho meu mesmo, pelo menos não tanto quanto ganhar uma Caloi( o consumo nos cerca) O filme não mira nas crianças, muito embora possa ser visto com prazer por todas as idades, aqui temos uma Barbie se humanizando, confusa, preocupada com transformações assustadoras e enfim, questionadora do seu papel naquele universo de brinquedo em que tudo parece tão PERFEITO, inclusive ela. Mas, não é bem assim. Margot Robbie tá uma Barbie no estereotipo afinadíssima, ela dá luz a esse protagonismo, com humor, leveza e drama também. Já Ryan empresta seu talento e comicidade ao Ken, o boneco que nem sabe Ken é, além de sua Barbie, mas que sempre que aparece, salta aos olhos brincando com o ridículo do tipo de homem que ele se apresenta. O musical tá muito bom, aliás, queria mais musicais, pois é uma forma de contar a história no tom do lúdico. O feminismo é abordado de forma simples, mas suficiente em se tratando de uma comédia que pegaria um público infanto-juvenil, as críticas sociais sobre a futilidade, o consumismo, a alienação, a padronização, o machismo etc, comportam o básico, mas igualmente suficiente. A entrada com referência a 2001 uma Odisseia no espaço me matou de rir e de felicidade. Ótimo filme.
Oppenheimer
4.0 1,1KSensação de dubiedade. A gente vê um filme desses e encara o bem e o mal dos seres humanos, da ciência de Oppenheimer, da arte de Nolan e sem saber como julgar ao certo, ou melhor, com o cinismo de gostar de tudo aquilo que vemos em tela, da obra genial, grandiosa e saber que tem muita coisa muito errada, muito pesada, muito monstruosa envolvendo tanto a arte quanto a ciência, quanto os podres poderes. Cillian Murphy sempre me causou interesse, a atuação é expressiva e comedida ao mesmo tempo e ele se apossou aqui da alma complexa de Oppenheimer, foi brilhante. Aliás, em certo momento o personagem fala que há simplicidade no ser humano, mas sua amante belamente interpretada por Florence Pugh o contradiz e de fato, estou com ela, o ser humano é mais difícil que quebrar átomos. O filme é tecnicamente perfeito, bem dirigido, longo, mas não cansativo, pelo menos pra mim, imersivo, histórico, sem atrativos fáceis e por isso precisa de atenção para funcionar, o personagem central(sinto intensamente o que ele pensa e sente pela expressividade de Cillian, pela trilha sonora, pela edição de som e pelo roteiro). Só sei que ao final, o silêncio(meu e da maioria) explodiu mais que a bomba. Sim, sem palavras por querer ver o espetáculo e me sentir mal por saber que aquilo foi real, a destruição em massa foi real, o medo pós "experimento" continua sendo real. A cena em que Oppenheimer discursa a respeito do "sucesso" da bomba, vendo todo mundo ao seu redor rir e queimar ao mesmo tempo, vibrar e gemer de dor ao mesmo tempo, suas palavras de contentamento, mas seu corpo dizia outra coisa, enfim. Aplausos ao elenco todo, Downey Jr. tá excepcional, Emily Blunt, minha nossa, desvinculada do resto de seus personagens e todas as participações de estrelas em pontas pequenas, mas não menos brilhantes. Espetacular.
A Mansão
2.5 101É o tipo de filme ruim que a gente até vê enquanto navega na internet, sabe? Enquanto esquenta um chá e não liga muito pra história fraquíssima e porque é mal executado e interpretado.
Um Filho
3.3 76No primeiro ato do filme achei que estava vendo algo cauteloso sobre o tema depressão e gostei, me instigou a continuar, o que é raro quando percebo ser o filme um dramalhão. Porém, em seguida vemos a trama pouco a pouco se tornando caricata, ainda que tentasse não parecer, procurando o comedimento das atuações, o teor dos diálogos revelava a superficialidade ou o lugar comum da trama. E não digo só pelo motivo aparentemente infantil do rapaz em se sentir infeliz com o divórcio dos pais, culpar a madrasta, viver magoado, afinal, cada pessoa dá a importância do tamanho que é possível a suas frustrações. Aliás, o rapaz estava doente de depressão profunda, neste caso, nem motivações específicas existem na maioria das vezes. Mas, os pais não perceberem isso, não perceberem que o tratamento suplicado pelo médico era necessário, só para dizer que dariam conta e que não suportariam ver o filho mal pelas suas decisões, ah, quanto clichê. Aliás, quem sabe um pouquinho sobre tendências suicidas, entende o sinal da felicidade como preocupante. Poderia ter sido um filmão.
Ah, atuação do Zen é boa sim, não é pra ser apagado demais, nem escandaloso o tempo todo, é pra mostrar apatia e exprimir dor sufocando quando convém o momento. Parem de ver dublado e dizer que o rapaz não atuou bem. Obrigada.
A Morte do Demônio: A Ascensão
3.3 817 Assista AgoraTerrorzão do jeito que a gente gosta. Dá medo e faz jus aos filmes anteriores. Aliás, quando adolescente vi A morte do demônio, Uma noite alucinante sem pestanejar, muito embora não sejam os trash os meus horrores favoritos, matei saudade, então, esperava que a dose de sangue, osso e pele iria ser boa.
Desaparecida
3.7 289 Assista AgoraUsando a mesma narrativa de Buscando, esse filme não decepciona nem um pouco e continua sendo eficiente em criar um bom suspense, drama e mistério utilizando vários aspectos dessa era tecnológica e virtual, que pode ser ferramenta de grandes encrencas, mas também de grandes soluções.
Beau Tem Medo
3.2 411 Assista AgoraVocê pode não gostar, mas não vai esquecer. Beaul tem medo é mais uma experiência a ser vivida que uma filosofia a ser revelada, muito embora nos leve a pensar em várias coisas e prováveis explicações ou analogias, é uma história sensorial sobretudo. Vai lá viver o que se passa na cabeça de pessoas com transtornos mentais, principalmente ansiedade e psicose. Sentindo todas as piores sensações dessa condição como medo, angústia, dor, raiva, tristeza, aceleração, confusão mental, incômodo, dúvida, impaciência. Sim, a impaciência ironicamente é uma busca do autor, inclusive, na segunda metade do filme quando já estamos exaustos de tanta falta de lógica e querendo unir pontas ao final, o que não se consegue, diga-se de passagem, pelo menos não algo minimamente universal, digo, cada um vai ter uma ideia própria e não chegar a conclusões fulcrais. Interpretações ótimas, principalmente do Joaquin, né? Tem nem o que discutir, porque pra alguém demonstrar todas essas emoções sendo um personagem mais passivo que ativo no contexto de ficar de mãos atadas e pés acorrentados perante as próprias paranoias, esse personagem tem tanta expressividade que tem horas que eu quero que parem de o massacrar. As vezes a gente quer que ele reaja, mas sabe que a única reação é aquela mesmo de fugir do que pensa ser real. Aliás, Beul carrega uma sensação de culpa o tempo todo, como se fosse sempre o responsável por tudo de ruim e ao mesmo tempo tentar se desculpar ou explicar o porquê não consegue entender nada do que se passa, enfim, traumas relativos a sua mãe? Não é um filme excelente, aliás, o roteiro simples e confuso pra cacete, mas, se a intenção era provocar o mal estar, sejamos francos, ele conseguiu. Nos primeiros minutos, já vem o nascimento do garoto com toda aquele histerismo da mãe no parto que não vemos, mas sentimos. Eu, como alguém que sofro de ansiedade, já fiquei me revirando por ouvir uns 3 tipos de músicas super diferentes ao mesmo tempo no filme(parecia as praias do Rio em fim de semana cheio), com imagens de uma cidade caótica, surrealista e estrambólica. Maluco pra cacete, mas esse é o ponto. Ao final, uma pá de simbolismos, metáforas e gosto ruim, mas reflexão. Não há plot twist, o filme todo é uma virada. Quero mais.
Os Banshees de Inisherin
3.9 570 Assista AgoraDemorei pra ver, mas valeu a pena cada minuto. Antes de tudo, que fotografia! O filme é um dos melhores indicados ao Oscar e injustiçado por não trazer nenhum. O roteiro é original, muito bom, se apresenta sob a capa de algo simples, porém tem coisa pra caramba pra se destrinchar, refletir, rir, chorar, se identificar, enfim, é uma comédia dramática sobre amizades (feitas ou desfeitas) cheia de questionamentos. E o que dizer das atuações? Cada um em sua entrega. Colin Farrell deu aula de como atuar com minúcia, sem exageros e ainda assim ser um destaque estelar dando vida ao simpático e incansável Pádraic. Já Gleeson entrega com naturalidade um ser criativo e destrutivo ao mesmo tempo, boa parte internalizada em seu personagem. O interessante é que o filme indaga sobre os problemas em foco, mas não os responde com facilidades. É disso que falo, faltam filmes que saiam do lugar comum sem precisar ser esdrúxulo.
Close
4.2 484 Assista AgoraÉ mais sobre machismo que qualquer outra coisa, mesmo porque trata-se de adolescentes quase crianças, a sexualidade é algo em desenvolvimento tão primário que não define ninguém ainda. Eu gostei do filme, me emocionei, assim como me emociono sempre quando sinto a dor de um amor que não pôde se desenvolver por preconceito social. Amigos que se amam tanto que são irmãos e sua forma de ver o mundo é se o amor existe, porque não estar junto? Porque essa afeição de proximidade e delicadeza é dada apenas as garotas? Ou a homossexualidade? Ou mesmo entre irmãos? Não sei se notaram, mas propositalmente, após a tragédia, o irmão mais novo com o irmão mais velhos dormiam juntos, com a mesma proximidade de afeição que os amigos, com toques e olhares, o que sugere que entre irmãos é aceitável, entre amigos não. O que escancara machismo, homofobia e perturbações que levam a desespero mesmo. Não se dá a chance de uma criança viver, se descobrir e se libertar, porque a pressão é brutal. É um filme contemplativo e as vezes não estabelece um grande roteiro, ou diálogos originais, mas olhando de perto, a gente se sente próximo e gosta.
Triângulo da Tristeza
3.6 730 Assista AgoraBom demais da conta. Sem precisar cansar ninguém com discursos longos, Triangulo da Tristeza faz refletir sobre essa ótica da sociedade burguesa decadente e o quanto ela contamina outras classes, seja humilhando, desvalorizando ou mesmo influenciando(o que é pior). Quando o de cima desce, continua a usar artimanhas de quando estava no topo. Quando o de baixo sobe, aprende o quanto é bom estar lá e não quer voltar, mas, acaba por virar monstro também. A discussão sobre americano socialista com russo capitalista foi muito engraçada e instrutiva ao mesmo tempo, o barco afundando enquanto os dois debatem e publicizam no microfone, a merda descendo, as caras de gente enojada num passeio chique, enquanto tiram fotos, comem menu indigesto e toda a beleza é desmaquiada no cruzeiro dos ricos. A ilha é uma genialidade a parte, relações de trabalho, divisão de bens e propriedades, compra de sexo e amor e suborno e corrupção e racismo, é muita coisa. Filmaço.
Pearl
3.9 992Pearl, a louca da Mia Goth, eu só senti um medo parecido com a diva Bette Davis em O Que Terá Acontecido a Baby Jane. Esse é um origem de respeito, se eu já havia amado X, A marca da Morte, agora em Pearl a sensação de arte na tela é deslumbrante, sim é terror, mas é bonito pra cacete, as tomadas a distâncias, figurino, cenário, fotografia e até os closes de rostos se tornam aliados de uma interpretação incrível, ficamos compenetrados num monólogo final como se não tivesse durado tanto. Nada ultrapassa limites, nó temos drama, suspense, terror gore, terror psicológico e até reflexões em equilíbrio. Fiquei agoniada.