O argumento e seu desenvolvimento são ótimos. Talvez o filme não tenha acertado no tom. Me pareceu muito leve, talvez pela produção relativamente simples, com atuações não muito convincentes (começando pelo policial), alguns cortes e planos estranhos, revelando certa precariedade técnica. A realização não fica à altura do peso e da qualidade do roteiro, essa foi a minha impressão. Salvam-se a direção de arte e a trilha musical. Christopher Lee, é claro, está incrível. PS: é curioso que não me identifiquei nem com a mentalidade do policial, nem com a dos ilhéus. Talvez por isso a obra não tenha me impactado tanto.
A única abordagem possível pra essa história. Uma sensibilidade imensa. Mas sou suspeito pra falar, Johnny Cash é meu maior ídolo. E não me refiro aqui ao sentido fantasioso/irreal da palavra, admiro o homem justamente por sua jornada imperfeita, que parece sintetizar todas as experiências humanas, fazendo com que todos possam se conectar a ele de alguma maneira.
Muito impactante, com certeza. Se o espectador se deixar levar pela narrativa e pela estética e não ficar raciocinando muito sobre a estrutura e a trama, infelizmente, bastante usuais
(de um modo geral, segue a estrutura do próprio Hereditário, encaixando aí a conhecida sequência de eventos do "grupo de turistas que viaja para conhecer uma cultura diferente da sua que parece interessante no início mas que acaba se revelando uma seita de fanáticos que matam todo mundo")
, é uma tremenda experiência cinematográfica. O singular da obra de Ari Aster parece ser mesmo essa mitologia/ritualística originais, extremamente fascinantes, complexas e bem escritas, abordadas cinematograficamente de uma maneira hipnotizante.
Eu estava prestes a vir aqui descascar o festival de clichês que é esse filme, mas o final me deixou em dúvida. Os clichês e a superficialidade da narrativa estão lá, até os últimos minutos parecia se tratar apenas da nova versão daquela enfadonha "jornada do herói" medieval que todos já vimos trocentas vezes, mas aí surge a revelação que muda tudo. Inclusive faz dos clichês um caminho para se chegar à conclusão, servindo tanto como argumento quanto para dispersar nossa atenção daquilo que realmente estava acontecendo. Espero estar certo quanto a essa interpretação. Mas ainda lamento a má distribuição de tempo no roteiro, que forneceu tão poucos minutos para o que realmente importa.
Acho válido tentar analisar o filme tendo em vista a "caixinha" de gênero em que ele se encontra, ou seja, um filme sobre um vilão de história em quadrinho (ainda que com uma estética e uma narrativa diferentes do padrão - felizmente!). Sempre haverá bastante maniqueísmo em filmes desse tipo, portanto, não vejo problema na suposta vitimização do personagem, algo que vem sendo bastante criticado. Depois de ver o trailer, eu fui assistir esperando exatamente isso.
A ideia é, sim, sentirmos empatia pelo Coringa. Gostei muito desse desconforto, dessa provocação moral, da inversão de papeis, ainda que muito bem fundamentada, já que o filme mostra que o personagem tem todos os motivos para se comportar como se comporta. Essa própria vitimização, o Coringa como fruto do meio e de um distúrbio psicológico, nos faz questionar ideias amplamente bem estabelecidas como o livre-arbítrio. E se todos não passarmos de meras vítimas de nossa programação genética e ambiente familiar de criação?
Eu me deliciei com um catártico espetáculo cinematográfico de libertação de uma alma atormentada. O Coringa se liberta quando deixa de fazer aquilo que essa sociedade corrompida espera dele. Quando ele não se conforma com sua condição de "palhaço", nas palavras de Thomas Wayne, e abraça sua natureza.
É um filme bastante controverso, sim, politicamente incorreto. Mas esse desconforto, esse abalo, todos esses questionamentos levantados, são coisas que, para mim, definem uma obra de arte. É a expressão suprema do ser humano, para a qual ele deve desfrutar de total liberdade. Uma obra de arte jamais deve ser condicionada pelos padrões morais em voga no momento. Não quero dizer que nossos padrões morais devem ser substituídos pelos do Coringa, mas acredito que tudo deva e possa ser discutido.
Chegando agora do cinema com os olhos arregalados e uma leve aceleração no peito, só posso dizer que é uma experiência cinematográfica absolutamente arrebatadora.
Que enorme surpresa. Está mais para um ensaio cinematográfico do que para um filme nos moldes tradicionais. Um ensaio amplo sobre a sociedade do terceiro mundo ancorado na vida de um marginal que existiu realmente. Com certeza, é uma das maiores realizações do nosso cinema. Só não dou cinco estrelas porque uma certa precariedade técnica, sobretudo no som, interfere na compreensão da obra em alguns momentos.
A já bem estabelecida relevância cultural e social da obra de Kleber Mendonça Filho talvez tenha atingido seu ápice, ao menos até o momento, com Bacurau. Não por acaso, dos seus três longas, é aquele que fala com a maior parte do público, tanto pelo enredo quanto pelo formato. Na verdade, é um filme intencionalmente estranho, conforme a palavra dos realizadores. Não é possível enquadrá-lo totalmente em algum gênero cinematográfico, mas isso não faz de Bacurau um filme inacessível. Há cenas acessíveis até demais, com o uso de clichês conhecidos, mas a impressão que se tem é de que essa cenas foram escritas assim intencionalmente, como uma espécie de deboche da matriz hollywoodiana
(os norte-americanos são retratados aqui do modo estereotipado com que sempre retrataram os vilões de seus filmes, sejam alemães, russos ou árabes)
. O grande destaque, para mim - e é por isso que considero o filme tão importante -, é a abordagem reverencial e, por quê não, gloriosa, do povo e da cultura popular brasileira. Os realizadores resgatam aquela parcela mais marginalizada da população, os moradores de uma pobre comunidade sertaneja do interior, esquecida por todos e explorada por poucos, e a colocam, com todos os seus costumes, éticas e estéticas, num pedestal sob holofotes. Não me lembro de ter vistou outra obra nacional que tenha me causado tanta empatia ou até mesmo adoração por nosso povo, que é o verdadeiro herói de Bacurau.
Talvez seja o filme menos "tarantinesco" da carreira do diretor. Bem mais silencioso, lento e contemplativo do que de costume. Realmente, com uma aura de conto de fadas, como sugere o título. Tarantino faz um registro carinhoso, que demonstra sua devoção por essa época do cinema norte-americano, seus personagens, seu cenário, seu contexto social. Adorei ter sido surpreendido!
Roteiro sem sal, absolutamente comum, mas que consegue também ser bastante confuso. Por não definir seu gênero entre terror ou comédia, não entrega nem um, nem outro, e tenta amarrar as pontas com um festival de clichês narrativos.
O que traz de original, essa "mitologia" dos acorrentados, tem seu apelo destruído pelo tom cômico com que é abordada logo de saída. O filme explora essa sua criação de uma maneira extremamente confusa, com um texto cheio de furos, e nem mesmo com a cena clássica do vilão explicando tudo antes de executar seu plano maquiavélico conseguimos entender direito do que se trata.
Como registro histórico, é de uma importância sem igual. Tanto pelos depoimentos de veteranos quanto pelas imagens restauradas e coloridas. Porém, confesso que esperava algo mais de um diretor como Peter Jackson. Em termos de linguagem cinematográfica, o documentário é bem comum, lembrando produções feitas para a TV.
Snyder proporciona aqui uma hiperestimulação visual e sonora única. Imagino como deve ter sido assistir no cinema. Comprei a proposta, com as metáforas, "moral da história" e tudo mais.
Certamente é um dos muitos casos em que a adaptação cinematográfica fica bastante aquém da fonte literária. Percebe-se que o filme só arranha questões filosóficas ou até mesmo construções narrativas que devem estar elaboradas com muito mais profundidade e competência no livro. O roteiro me parece, portanto, confuso e apressado; as atuações, no geral, não estão convincentes, por mais que se tratem de crianças; e faltou capricho na montagem, tanto da imagem quanto do som. Fiquei um pouco decepcionado, pois pelo visto é um sucesso de crítica.
O filme inicia aparentando bastante realismo, seja pelos diálogos e atuações, seja pela estética. A meu ver, perde em profundidade filosófica e originalidade com o desenrolar da trama, pois acaba apelando a clichês narrativos, tais como mocinhos e vilões, por mais que eu concorde com as causas ambientais defendidas.
Meu chapéu! Uma das experiências cinematográficas mais impactantes que já tive. Absorção completa. Enquanto escrevo isso aqui, ainda estou meio que de queixo caído e sem piscar. É algo praticamente sem igual em termos de proposta - creio que o livro tenha parte nisso -, e de uma qualidade e originalidade na execução como pouco se vê. Fotografia absurda (cada frame daria um quadro na parede), excelente escolha de elenco, atuações brutais, cenografia, figurino, enfim... adjetivos são ineficazes para descrever essa experiência.
Pôxa, Shyamalan... Este filme é o famoso "desnecessauro". Tinha retomado minhas esperanças no trabalho recente do diretor após Fragmentado. Tinha. E o contraste fica maior ainda porque assisti Corpo Fechado logo antes.
Percebe-se a busca pela fidelidade ao texto original de Dostoievski até mesmo nos detalhes. Concordo com o que já falaram aqui, talvez seja a adaptação cinematográfica mais fiel que já vi de uma obra literária. Justamente por isso, creio que teria sido mais bem-sucedida caso tivesse sido desenvolvida no formato de minissérie. Não sei se a profundidade do livro chega a ser captada por aqueles que só assistiram ao filme, ainda que tenha quase 4 horas de duração - muita coisa importante ficou de fora. Contudo, não deixa de ser uma experiência única ver na tela os personagens e cenários do livro retratados com tamanho cuidado, tão próximos da imagem que se forma na cabeça de quem lê.
O documentário é simples e genial. Seria interessante realizar um registro desses a cada 5 ou 10 anos, um tipo de acompanhamento da transformação técnica e de conteúdo da cultura televisiva aberta. Há quem diga que essa programação grotesca, centrada basicamente em violência, cultura do corpo e pseudo-religião, é resultado de um jogo de mão-dupla, no qual os canais atendem ao gosto do público e o gosto do público é construído pelos canais. Concordo com essa lógica do ovo e da galinha, mas isso não deve nos conduzir a uma conclusão fatalista, fazendo crer que não há nada que possa ser feito para se alterar o cenário. Há uma predisposição até mesmo natural do ser humano para conteúdos baixos, entretanto, o papel das emissoras, inclusive conforme a Constituição, deveria ser o da construção cultural e educacional, em primeiro lugar. A TV aberta é uma concessão governamental, é bom não esquecermos disso, e como tal, é de interesse público. Se houvesse um comprometimento coletivo dos canais com esse tipo de conteúdo, aliado a uma fiscalização competente por parte do governo, tenho certeza de que a audiência se adaptaria. A lógica do lucro a qualquer custo que fique com a TV à cabo ou por satélite. Claro, isso não poderia ser uma política isolada, mas deveria compor um projeto de país. Talvez nunca estivemos mais longe de ver isso acontecer do que agora, no entanto.
O filme que deu aos fora da lei do século XX a identidade que procuravam, nas palavras de Hunter S. Thompson. Com Marlon Brando, um artista desde sempre inigualável.
O Homem de Palha
4.0 482 Assista AgoraO argumento e seu desenvolvimento são ótimos. Talvez o filme não tenha acertado no tom. Me pareceu muito leve, talvez pela produção relativamente simples, com atuações não muito convincentes (começando pelo policial), alguns cortes e planos estranhos, revelando certa precariedade técnica. A realização não fica à altura do peso e da qualidade do roteiro, essa foi a minha impressão. Salvam-se a direção de arte e a trilha musical. Christopher Lee, é claro, está incrível. PS: é curioso que não me identifiquei nem com a mentalidade do policial, nem com a dos ilhéus. Talvez por isso a obra não tenha me impactado tanto.
O Dom: A Jornada de Johnny Cash
4.7 4A única abordagem possível pra essa história. Uma sensibilidade imensa. Mas sou suspeito pra falar, Johnny Cash é meu maior ídolo. E não me refiro aqui ao sentido fantasioso/irreal da palavra, admiro o homem justamente por sua jornada imperfeita, que parece sintetizar todas as experiências humanas, fazendo com que todos possam se conectar a ele de alguma maneira.
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraMuito impactante, com certeza. Se o espectador se deixar levar pela narrativa e pela estética e não ficar raciocinando muito sobre a estrutura e a trama, infelizmente, bastante usuais
(de um modo geral, segue a estrutura do próprio Hereditário, encaixando aí a conhecida sequência de eventos do "grupo de turistas que viaja para conhecer uma cultura diferente da sua que parece interessante no início mas que acaba se revelando uma seita de fanáticos que matam todo mundo")
O Rei
3.6 405Eu estava prestes a vir aqui descascar o festival de clichês que é esse filme, mas o final me deixou em dúvida. Os clichês e a superficialidade da narrativa estão lá, até os últimos minutos parecia se tratar apenas da nova versão daquela enfadonha "jornada do herói" medieval que todos já vimos trocentas vezes, mas aí surge a revelação que muda tudo. Inclusive faz dos clichês um caminho para se chegar à conclusão, servindo tanto como argumento quanto para dispersar nossa atenção daquilo que realmente estava acontecendo. Espero estar certo quanto a essa interpretação. Mas ainda lamento a má distribuição de tempo no roteiro, que forneceu tão poucos minutos para o que realmente importa.
Coringa
4.4 4,1K Assista AgoraAcho válido tentar analisar o filme tendo em vista a "caixinha" de gênero em que ele se encontra, ou seja, um filme sobre um vilão de história em quadrinho (ainda que com uma estética e uma narrativa diferentes do padrão - felizmente!). Sempre haverá bastante maniqueísmo em filmes desse tipo, portanto, não vejo problema na suposta vitimização do personagem, algo que vem sendo bastante criticado. Depois de ver o trailer, eu fui assistir esperando exatamente isso.
A ideia é, sim, sentirmos empatia pelo Coringa. Gostei muito desse desconforto, dessa provocação moral, da inversão de papeis, ainda que muito bem fundamentada, já que o filme mostra que o personagem tem todos os motivos para se comportar como se comporta. Essa própria vitimização, o Coringa como fruto do meio e de um distúrbio psicológico, nos faz questionar ideias amplamente bem estabelecidas como o livre-arbítrio. E se todos não passarmos de meras vítimas de nossa programação genética e ambiente familiar de criação?
Eu me deliciei com um catártico espetáculo cinematográfico de libertação de uma alma atormentada. O Coringa se liberta quando deixa de fazer aquilo que essa sociedade corrompida espera dele. Quando ele não se conforma com sua condição de "palhaço", nas palavras de Thomas Wayne, e abraça sua natureza.
É um filme bastante controverso, sim, politicamente incorreto. Mas esse desconforto, esse abalo, todos esses questionamentos levantados, são coisas que, para mim, definem uma obra de arte. É a expressão suprema do ser humano, para a qual ele deve desfrutar de total liberdade. Uma obra de arte jamais deve ser condicionada pelos padrões morais em voga no momento. Não quero dizer que nossos padrões morais devem ser substituídos pelos do Coringa, mas acredito que tudo deva e possa ser discutido.
Coringa
4.4 4,1K Assista AgoraChegando agora do cinema com os olhos arregalados e uma leve aceleração no peito, só posso dizer que é uma experiência cinematográfica absolutamente arrebatadora.
O Bandido da Luz Vermelha
3.9 268 Assista AgoraQue enorme surpresa. Está mais para um ensaio cinematográfico do que para um filme nos moldes tradicionais. Um ensaio amplo sobre a sociedade do terceiro mundo ancorado na vida de um marginal que existiu realmente. Com certeza, é uma das maiores realizações do nosso cinema. Só não dou cinco estrelas porque uma certa precariedade técnica, sobretudo no som, interfere na compreensão da obra em alguns momentos.
Bacurau
4.3 2,8K Assista AgoraA já bem estabelecida relevância cultural e social da obra de Kleber Mendonça Filho talvez tenha atingido seu ápice, ao menos até o momento, com Bacurau. Não por acaso, dos seus três longas, é aquele que fala com a maior parte do público, tanto pelo enredo quanto pelo formato. Na verdade, é um filme intencionalmente estranho, conforme a palavra dos realizadores. Não é possível enquadrá-lo totalmente em algum gênero cinematográfico, mas isso não faz de Bacurau um filme inacessível. Há cenas acessíveis até demais, com o uso de clichês conhecidos, mas a impressão que se tem é de que essa cenas foram escritas assim intencionalmente, como uma espécie de deboche da matriz hollywoodiana
(os norte-americanos são retratados aqui do modo estereotipado com que sempre retrataram os vilões de seus filmes, sejam alemães, russos ou árabes)
Era Uma Vez em... Hollywood
3.8 2,3K Assista AgoraTalvez seja o filme menos "tarantinesco" da carreira do diretor. Bem mais silencioso, lento e contemplativo do que de costume. Realmente, com uma aura de conto de fadas, como sugere o título. Tarantino faz um registro carinhoso, que demonstra sua devoção por essa época do cinema norte-americano, seus personagens, seu cenário, seu contexto social. Adorei ter sido surpreendido!
Pokémon: Detetive Pikachu
3.5 671 Assista AgoraÓtimo filme, entrega satisfatoriamente aquilo que propõe. Se tivesse sido feito nos anos 80 ou 90, hoje seria um clássico.
Nós
3.8 2,3K Assista AgoraRoteiro sem sal, absolutamente comum, mas que consegue também ser bastante confuso. Por não definir seu gênero entre terror ou comédia, não entrega nem um, nem outro, e tenta amarrar as pontas com um festival de clichês narrativos.
O que traz de original, essa "mitologia" dos acorrentados, tem seu apelo destruído pelo tom cômico com que é abordada logo de saída. O filme explora essa sua criação de uma maneira extremamente confusa, com um texto cheio de furos, e nem mesmo com a cena clássica do vilão explicando tudo antes de executar seu plano maquiavélico conseguimos entender direito do que se trata.
Ave, César!
3.2 311 Assista AgoraNão entendi a massiva reação negativa a esse filme. É simplesmente a maior e mais bela homenagem aos anos dourados de Hollywood que já vi.
Eles Não Envelhecerão
4.3 49Como registro histórico, é de uma importância sem igual. Tanto pelos depoimentos de veteranos quanto pelas imagens restauradas e coloridas. Porém, confesso que esperava algo mais de um diretor como Peter Jackson. Em termos de linguagem cinematográfica, o documentário é bem comum, lembrando produções feitas para a TV.
Sucker Punch: Mundo Surreal
3.4 3,1K Assista AgoraSnyder proporciona aqui uma hiperestimulação visual e sonora única. Imagino como deve ter sido assistir no cinema. Comprei a proposta, com as metáforas, "moral da história" e tudo mais.
O Senhor das Moscas
3.8 54 Assista AgoraCertamente é um dos muitos casos em que a adaptação cinematográfica fica bastante aquém da fonte literária. Percebe-se que o filme só arranha questões filosóficas ou até mesmo construções narrativas que devem estar elaboradas com muito mais profundidade e competência no livro. O roteiro me parece, portanto, confuso e apressado; as atuações, no geral, não estão convincentes, por mais que se tratem de crianças; e faltou capricho na montagem, tanto da imagem quanto do som. Fiquei um pouco decepcionado, pois pelo visto é um sucesso de crítica.
Fé Corrompida
3.7 376 Assista AgoraO filme inicia aparentando bastante realismo, seja pelos diálogos e atuações, seja pela estética. A meu ver, perde em profundidade filosófica e originalidade com o desenrolar da trama, pois acaba apelando a clichês narrativos, tais como mocinhos e vilões, por mais que eu concorde com as causas ambientais defendidas.
November
3.8 78Meu chapéu! Uma das experiências cinematográficas mais impactantes que já tive. Absorção completa. Enquanto escrevo isso aqui, ainda estou meio que de queixo caído e sem piscar. É algo praticamente sem igual em termos de proposta - creio que o livro tenha parte nisso -, e de uma qualidade e originalidade na execução como pouco se vê. Fotografia absurda (cada frame daria um quadro na parede), excelente escolha de elenco, atuações brutais, cenografia, figurino, enfim... adjetivos são ineficazes para descrever essa experiência.
Vidro
3.5 1,3K Assista AgoraPôxa, Shyamalan... Este filme é o famoso "desnecessauro". Tinha retomado minhas esperanças no trabalho recente do diretor após Fragmentado. Tinha. E o contraste fica maior ainda porque assisti Corpo Fechado logo antes.
Corpo Fechado
3.7 1,3K Assista AgoraQue filmaço! Shyamalan na sua melhor forma. Tudo se destaca nessa obra, ressalto aqui a fotografia absurdamente original.
A Casa Que Jack Construiu
3.5 788 Assista AgoraLevanta muitas discussões interessantíssimas, é uma pena que não se aprofunda em nenhuma delas. Mas gostei. Especialmente do final.
Crime e Castigo
4.2 32Percebe-se a busca pela fidelidade ao texto original de Dostoievski até mesmo nos detalhes. Concordo com o que já falaram aqui, talvez seja a adaptação cinematográfica mais fiel que já vi de uma obra literária. Justamente por isso, creio que teria sido mais bem-sucedida caso tivesse sido desenvolvida no formato de minissérie. Não sei se a profundidade do livro chega a ser captada por aqueles que só assistiram ao filme, ainda que tenha quase 4 horas de duração - muita coisa importante ficou de fora. Contudo, não deixa de ser uma experiência única ver na tela os personagens e cenários do livro retratados com tamanho cuidado, tão próximos da imagem que se forma na cabeça de quem lê.
A Flauta Mágica
4.0 43 Assista AgoraEspetacular! Já se dizia que a ópera é a união de todas as artes, mas faltava o cinema aí no meio. Agora, não falta mais.
Um Dia na Vida
4.1 72O documentário é simples e genial. Seria interessante realizar um registro desses a cada 5 ou 10 anos, um tipo de acompanhamento da transformação técnica e de conteúdo da cultura televisiva aberta.
Há quem diga que essa programação grotesca, centrada basicamente em violência, cultura do corpo e pseudo-religião, é resultado de um jogo de mão-dupla, no qual os canais atendem ao gosto do público e o gosto do público é construído pelos canais. Concordo com essa lógica do ovo e da galinha, mas isso não deve nos conduzir a uma conclusão fatalista, fazendo crer que não há nada que possa ser feito para se alterar o cenário. Há uma predisposição até mesmo natural do ser humano para conteúdos baixos, entretanto, o papel das emissoras, inclusive conforme a Constituição, deveria ser o da construção cultural e educacional, em primeiro lugar. A TV aberta é uma concessão governamental, é bom não esquecermos disso, e como tal, é de interesse público. Se houvesse um comprometimento coletivo dos canais com esse tipo de conteúdo, aliado a uma fiscalização competente por parte do governo, tenho certeza de que a audiência se adaptaria. A lógica do lucro a qualquer custo que fique com a TV à cabo ou por satélite. Claro, isso não poderia ser uma política isolada, mas deveria compor um projeto de país. Talvez nunca estivemos mais longe de ver isso acontecer do que agora, no entanto.
O Selvagem
3.7 93 Assista AgoraO filme que deu aos fora da lei do século XX a identidade que procuravam, nas palavras de Hunter S. Thompson.
Com Marlon Brando, um artista desde sempre inigualável.