Esse filme já estava na minha lista há bastante tempo, e agora me arrependo por não ter visto ele antes. Uma obra sensível, verdadeira e de uma beleza ímpar.
A solidão e a dor dos personagens se encontram e se abraçam. Em meio ao vazio existencial, em meio ao vazio provocado pela violência brutal, ainda há esperança. Esse pequeno fio que conecta as pessoas, e as lembra de que, por mais doloroso que tenha sido seu passado, ainda é necessário, de alguma forma, seguir em frente. É fácil? Não. Nunca é. As dores que a Hannah carrega provavelmente nunca deixarão a pele e a alma dela, e isso é profundamente triste. Quantas Hannas estão vivendo da mesma forma e passando por situações miseráveis na realidade? Quantas delas são silenciadas e esquecidas?
Mas é preciso seguir. É fácil falar, e difícil na prática. Os traumas do passado podem fazer com que nos fechemos em uma casca de difícil acesso para qualquer outra pessoa. Hannah e Josef constroem uma relação delicada, em que um respeita o espaço sentimental do outro, pois sabem que, mesmo em níveis bem diferentes, o passado é algo que os assombra. Eles se apegam a esse curto fio de esperança nas coisas boas que a vida ainda pode oferecer.
Considero que já vi uma quantidade boa de filmes, mas confesso que poucos me deixaram tão sem palavras quanto esse aqui.
O protagonista é um idiota? Sim. Nos primeiros dez minutos da obra, já sabemos que não vamos gostar dele. Esse lado egoísta e dominador, por vezes até com pitadas de sadismo, é muito bem explorado pelo Bryan Cranston. Estaria mentindo se dissesse que não fiquei com raiva da atitude tomada pelo Wakefield, mas o filme passa a ideia de que ele foi preenchido por suas inseguranças e neuras, e não somente um cansaço da rotina. Por outro lado, por mais que questionemos esse comportamento, realmente acredito que todos nós já pensamos em algo parecido com o que ele fez: em fugir. Fugir de compromissos com outras pessoas, de relacionamentos instáveis, das responsabilidades pesadas de uma vida adulta... Somente fugir e tentar ver como seria a vida de outra forma. É o velho "E se?".
Daria uma nota mais alta se não fosse algumas partes que simplesmente foram inacreditáveis para mim, como por exemplo:
ninguém ter procurado no sotão? Pela lógica, se você está procurando uma pessoa, precisa ir em todos os locais possíveis. Mas até compreendo que pelo filme ser basicamente todo pela visão do Wakefield, focar em aspectos da procura não faria tanto sentido para a proposta.
Interessante e provocador. Aborda a solidão e o desapego pela vida em sociedade, de uma forma bastante pessimista, mas com um roteiro que de fato se propõe a debater essas questões dentro de uma realidade sufocante e como, em meio ao cotidiano, não percebemos o mal que fazemos ao outro e a nós mesmos.
Grande filme sobre uma figura histórica extremamente controversa (e talvez eu esteja sendo generoso ao escolher essa palavra). A genialidade de Oppenheimer é indiscutível, mas as consequências dela são sentidas até hoje.
É muito interessante notar como o roteiro o coloca como um personagem de uma personalidade difícil de decifrar, com um conjunto de ideologias que se misturavam e se tornavam complexas para todos que estavam no mesmo espaço que ele. Não diria que o roteiro antagoniza ou o romantiza, mas expõe várias facetas problemáticas de um mesmo homem.
Os bombardeios em Hiroshima e Nagasaki não foram somente "ataques", mas verdadeiros atos terroristas por parte de uma nação que desejava mostrar o seu poder bélico para o mundo - não importando quantas vidas inocentes fossem ceifadas no caminho, não importando que a guerra estivesse chegando ao fim. Acredito que o roteiro acerta em mostrar um Estado que se esconde atrás do discurso de "proteção dos valores nacionais", mas que na verdade é perverso em sua essência. O texto não isenta os Estados Unidos, e na verdade levanta o questionamento: "por quê?". Quando pesquisamos sobre a quantidade de pessoas mortas e os efeitos da radiação... quando assistimos documentários e vemos fotos da época... é impossível não se questionar de onde vem tamanha barbárie. E tudo fruto de um ciclo de ódio e necessidade de poder interminável. Nesse aspecto, acredito que Nolan foi feliz em ir além de quem criou, mas mostrar como a criação foi usada por uma nação imperialista e como essa ciência de pura destruição continua tendo seus fortes efeitos nos dias de hoje.
Outro ponto em que Nolan foi feliz: no elenco. A quantidade de atores talentosos que ele conseguiu reunir é algo verdadeiramente surpreendente. Destaque para o Cillian Murphy que opera uma atuação muito firme, mas também gostei muito do Robert Downey Jr., da Florence Pugh e da Emily Blunt. Fiquei realmente fascinado com esse cast.
Não é um filme fácil de digerir, exatamente porque estamos vendo a vida de um homem que foi um dos principais responsáveis por uma das maiores tragédias da História da humanidade. Mas é uma obra necessária para que possamos problematizar essas figuras históricas partindo também das representações que a ficção produz sobre as mesmas.
Achei um pouco melhor que o 5. Gosto como a franquia consegue "rir" e estabelecer uma crítica boa sobre franquias de forma geral e dos próprios filmes de terror.
Quando há um filme de terror que se destaca no meio, sendo bastante comentado (bem ou mal), minha curiosidade para conferir a produção é instantânea, então fui logo ver do que "When Evil Lurks" é feito. E fiquei positivamente surpreso.
É uma abordagem diferente sobre possessão, e o ponto forte da história está em desenvolver bem o medo dos personagens sobre o que é o "mal", e como esse medo é usado contra eles. Senti falta de maiores explicações sobre o fenômeno, de como tudo começou e se era de conhecimento geral, afinal o enredo é bem interessante. Aquela senhora até diz algumas coisas, mas o roteiro deixa muito espaço para imaginação. E isso, por um lado, é bom.
Há cenas bem fortes (um gore de respeito) e que te pegam de surpresa, e algumas outras coisas já previsíveis. Achei completamente sem sentido
Quando vi o trailer, pensei "poxa, pode ser legal, né?". Aí vi o nome responsável pela direção e roteiro. Minhas esperanças foram embora.
David Gordon Green, por gentileza se aposentar. Já deu. NINGUÉM AGUENTA MAIS!!!
"O Exorcista: O Devoto" falha nos aspectos mais básicos de um filme, e em especial sendo de terror. Em quase duas horas, não há preocupação alguma com a criação de uma boa atmosfera de suspense. É tudo feito às pressas, de formas genérica e que não invoca uma real preocupação com aqueles personagens.
Em alguns momentos, o roteiro beira ao caricato, e eu realmente ri bastante durante o dito "ritual" de exorcismo
(em especial quando o padre covarde chegou achando que iria salvar o dia)
. Mas justiça seja feita: os efeitos são "bons", ao menos competentes o suficiente para que o ritual tomasse um ar mais sério. O filme poderia ter explorado essa diversidade de crenças e rituais de uma forma melhor, mas infelizmente jogou tudo fora e no final ficou a sensação de que muito foi dito, mas nada realmente explicado. Atiraram para todos os lados para dar a impressão de um roteiro rico em pesquisa, mas que se mostra extremamente raso em sua execução.
Os atores não ajudam, e não conseguem passar emoção alguma. Leslie Odom Jr. até tenta, mas não sei se foi o roteiro que o limitou na maior parte. E o Norbert Leo Butz foi uma surpresinha até, pois passou bem a imagem de pai desesperado, mas nada brilhante. E Ann Dowd, coitada... no que você se meteu, hein. Tivesse ficado só na Tia Lydia que tava bom. Agora vai levar essa bomba no currículo.
Um dos problemas foi usar duas personagens possuídas. Não havia necessidade alguma. O núcleo da Angela com o pai já era bom o suficiente, mas sinto que colocaram outra garota (e até parecida com a Linda Blair no filme de 73) para causar um processo de identificação, para despertar um "olha, ela é parecida com a Regan, né?". E não funciona. É simplesmente péssimo. A Katherine não tem uma história dela. É uma personagem sem propósito real na trama.
Não gosto de ser parte da turma de "em clássico não se mexe", até porque há coisas que podem funcionar se David Gordon Green não estiver envolvido. Mas convenhamos que quando falamos de filmes como "O Exorcista", estamos falando de algo grandioso na História do cinema, e logo muitos esperam demais de qualquer produção de uma grande saga/franquia. Mas infelizmente "O Devoto" não entregou nada que chegue remotamente próximo de algo decente.
Tem filmes que você olha e diz "isso aqui não tem a mínima condição de ser bom, mas vou assistir mesmo assim e me arrepender depois".
Este negócio aqui é um deles.
É ruim em todos os aspectos possíveis. Não serve nem como um slasher B. É só... péssimo. Não é nem um "nossa, tão ruim que chega a ser engraçado, dá vergonha alheia". Não. É horroroso mesmo. É triste pensar que alguém realmente gastou dinheiro fazendo isso.
Esse filme mostra que, mesmo após tantas sequências, ainda é possível fazer algo de qualidade apenas apostando no "básico".
Pensei qual seria a necessidade de um novo Jogos Mortais, sendo que a franquia já mostrou um claro desgaste nos últimos filmes e especialmente no horrível "Spiral". Mas aqui temos uma história simples sobre vingança, com os plots twists e um banho de sangue característicos da saga. E funciona. O resultado é algo que consegue despertar a sua curiosidade o suficiente por quase duas horas, e um roteiro eficiente em fazer o público criar uma "empatia" pelo vilão (Tobin Bell é incansável!).
Muito bom. Pensei mesmo que não fosse gostar, mas fiquei felizmente surpreso.
O elenco desse filme é inegavelmente fantástico, mas o roteiro atirando para todos os lados e sem um objetivo definido é algo feio de acompanhar. Não compro esse idealismo barato que tentaram construir na personagem da Meryl, ou os diálogos por vezes inocentes e genéricos. O Liam Neeson tenta bastante, e isso as vezes me pareceu bem forçado, enquanto que a atuação do Edward Furlong é simplesmente ruim. Um garoto completamente inexpressivo, que não consegue transmitir ao espectador qualquer sentimento de preocupação com seu destino.
Esses diálogos de "se ele contar o que realmente aconteceu, vão inocenta-lo" é um completo e total absurdo, como se não conhecessem a força desse sistema - e para uma família nos EUA não entender isso... bom, como falei, é impossível comprar essa ideia. É um debate ético muito interessante, mas que no filme foi mal aproveitado pelos péssimos diálogos e situações que beiram ao absurdo.
Filme brilhante que consegue abordar o quão corrupto é o poder judiciário e como a justiça não funciona para aqueles que não são privilegiados. Apesar de também ser falho, o personagem do Al Pacino nos traz uma boa reflexão sobre a ética na advocacia e os problemas estruturais que perfazem todo esse sistema, e o ator entrega uma baita atuação (especialmente nos momentos finais do longa, com falas poderosas e uma mudança brusca de comportamento que certamente explica a indicação ao Oscar de 1980).
Como podemos defender o indefensável, mesmo que esse seja o "nosso trabalho"? Como podemos lidar quando vidas são ceifadas devido a decisões de pessoas irresponsáveis e que deveriam trabalhar para manter essa tal "justiça"? Afinal... justiça para quem? Qual é a medida? É perfeitamente compreensível (e comento isso com todo o respeito à profissão) a desconfiança de muitas pessoas na figura de um advogado ou juiz, afinal infelizmente muitos não estão ali para proteger seus clientes como deveriam. O caso de Agee apresentado aqui é um exemplo que não está tão distante da realidade, e que teve aquele final devido a negligência daqueles que deveriam ajuda-lo.
A justiça serve para proteger, porém alguns são mais protegidos que outros. As vezes conseguimos ver o seu real funcionamento, e as vezes não.
A mão que conforta também pode ser a mão que te destrói.
Baita filme. Desde o primeiro trailer que esperava coisas boas e felizmente não me arrependi. Curti o fato do roteiro não ter escolhido o lugar seguro dos "jump scares" baratos. A história tem uma boa atmosfera, se desenvolve rápido e de forma bastante coerente.
A protagonista é bem apresentada, com dramas reais e muito bem interpretada pela Sophie Wilde. Mia é uma garota que ainda está passando pelo luto, por um sentimento de solidão e desesperança. Assim, a busca dela é bastante compreensível. Quantos de nós não estariam ali fazendo o mesmo que ela? Somente para ter a chance de ouvir novamente a voz de uma pessoa que se foi? Acho que o filme trata muito bem esse ponto do luto e da negação, e trazendo isso especialmente para uma geração mais jovem. Não queremos acreditar que a pessoa que amamos não está mais aqui. Nos apegamos a qualquer vestígio, a qualquer lembrança... não conseguimos nem mesmo deletar o número de um celular que nunca mais irá tocar (me identifiquei com essa parte, pois até hoje não consegui apagar o número de uma tia minha, e provavelmente nunca irei).
Para Mia, isso significou sua ruína. A perda do senso de realidade.
E aí entra a importância dos amigos, da família e de um acompanhamento profissional adequado caso a situação esteja difícil de segurar. Entre as camadas de terror da obra, "Talk to Me" é feliz para o alerta de que há uma geração de pessoas que não expressam seus sentimentos, que não "falam" sobre aquilo que os deixa angustiados.
Se não me engano, a continuação foi confirmada. Espero que aprofundem na história, pois certamente deixou um gosto de quero mais.
Não imaginava que o filme iria se distanciar tanto da graphic novel, mas até que funcionou bem. O tom mais cômico da obra funciona melhor no quadrinho, e na animação cuidaram em expandir os lados mais dramáticos do passado e presente de nossos protagonistas. Os dois materiais acabam se complementando. Então, para quem não conhece, recomendo muito procurar a leitura criada por Nd Stevenson.
Mas sinceramente curti bastante as mudanças. E fizeram sentido, além de expandir a história (quem sabe não teremos uma continuação?). O significado de Nimona passa sobre aceitação, sobre abraçar quem você é. É um enredo cheio de uma bela diversidade que conversa muito com a nossa realidade tão diferente e plural.
Com um trabalho de animação belíssimo e um texto muito sólido, essa continuação expande o conceito de "aranhaverso" e nos apróxima mais da figura de Miles Morales. Uma coisa que está presente em todo Homem-Aranha é a dificuldade da sua vida, e as escolhas complicadas que ele precisa fazer. É um personagem que foi escrito para ser o mais "humano" possível: há coisas que ele consegue fazer e coisas que não consegue... mesmo com superpoderes. Há pessoas que ele consegue salvar, e outras não. Essa obra foi bastante feliz ao explorar os lados mais difíceis de ser o Homem-aranha.
Através da bagunça do seu presente e das incertezas sobre seu futuro, o Miles se insere nesse meio de ser um super-herói, ainda que não tenha a total dimensão dos sacrifícios que esse "cargo" exige. É interessante como o Miguel é inserido aqui, funcionando como alguém para dar um choque de realidade no Miles, como esse cara que sabe o que é se sacrificar. E mais interessante foi acompanhar o começo do amadurecimento do protagonista, que provavelmente estará bem mais esclarecido no próximo filme. "Através do Aranhaverso" é uma espécie de ponte para "Além do Aranhaverso", e aqui tivemos a apresentação dos conceitos das viagens multiversais e como elas funcionam, e também foi muito divertido ver todas aquelas versões do amigão da vizinhança. Esse filme também serviu para concluir esse ciclo da Gwen, que até então estava em conflito com si mesma por tudo que havia acontecido.
Sinceramente, não sei o que as pessoas esperavam. E também não ligo. Me emocionei com a história envolvendo os pais do Miles e com os diálogos entre ele e a mãe. Deu um tom mais pessoal para a animação. A parte da Gwen expondo seus sentimentos para o pai enquanto o desenho mudava ao fundo e ficava mais limpo também foi igualmente bem feita, pois para mim simbolizava a verdade que ambos precisavam entre si.
Estou mega ansioso para o próximo filme, o ruim é ter que esperar tanto.
É interessante quando um filme sai de “desacreditado” a “um dos maiores eventos cinematográficos dos últimos anos”. Lembro que quando saíram as primeiras imagens de “Barbie”, algumas pessoas pelo mundo das interwebs fizeram piada, disseram que o filme não funcionaria, afinal... o que uma boneca teria para dizer? Pois bem. Depois de lançado, vimos que ela falou. E falou muito. Incomodou grupos conservadores e aqueles com a masculinidade frágil.
Que poder, meus amigos!
E que filme divertido, bem-humorado, objetivo e importante para nossos tempos. “Barbie” deixa bastante claro a enorme diferença de tratamento que existe entre homens e mulheres, e como o patriarcado age na formação da mente e do corpo feminino, como sempre toma as decisões e ocupa todos os espaços.
A Margot Robbie faz a “Barbie Estereotipada”, aquela a qual estamos mais acostumados e pensamos primeiro sempre que o nome “Barbie” vem a mente. Mas a realidade é que, tal como dito pela criadora, aquele tipo de pessoa não existe. Ela é perfeita demais, e só poderia ser possível num mundo mágico. A nossa protagonista, ao se deparar com a realidade, vê um mundo dominado por homens, em que ela nada mais é que um “objeto”. A atuação da Margot Robbie é fantástica, e ela consegue assimilar e transmitir muito bem esses sentimentos contraditórios: a Barbie não é o ícone feminino que pensava ser, pois durante muito tempo ela foi pensada somente para um tipo de público. Assim, a nossa Barbie vai aprendendo que a realidade infelizmente não é da maneira como ela sonhava, e que ainda há muito pelo que lutar. Ao mesmo tempo vai percebendo que o espaço em que ela foi inserida historicamente é o de desconforto, igual a milhares de mulheres.
O Ken serve para mostrar o quão frágil e dependentes os homens conseguem ser, e que para preencher isso eles utilizam uma oratória de “ser superior” e os únicos capazes de realizar determinadas atividades. O roteiro só ri dessa fragilidade, mas sem antes mostrar o quão irresponsável e tóxica as atitudes do Ken (de todos eles) são. Ryan Gosling sempre bastante carismático, e seu Ken foi bastante engraçado. Ele parecia de fato muito à vontade.
America Ferrera traz a imagem da mulher comum, daquela que está cansada das convenções tradicionais e das contradições que querem impor às mulheres. O seu papel no filme é essencial, e há uma cena em específica em que ela mostra todo o seu talento. Quanto a turma de empresários, na minha interpretação eles representam os homens que dizem “se preocupar” com as mulheres, mas na verdade querem decidir, de acordo com o ponto de vista deles, o que elas precisam e devem fazer. É bom observar que entre todos aqueles executivos não havia nenhuma mulher, pois infelizmente essa é a realidade em muitas empresas espalhadas por aí. Essa parte me lembrou a recente série “The Idol”, da HBO, feita por dois homens para contar a vida de uma cantora pop... porque, aparentemente, para muitas empresas homens entendem mais a vivência feminina que as próprias mulheres.
Essa obra da Greta Gerwig foi grandiosa em todos os aspectos: roteiro preciso, claro e certeiro nas críticas a uma sociedade conservadora; direção que sabe aproveitar o melhor dos espaços; uma trilha sonora belíssima e contagiante; um elenco talentoso e comprometido. E o marketing mais avassalador que já vi em muito tempo! Em todos os aspectos, “Barbie” é uma grande experiência.
Filme incrível, belo e sincero. Um roteiro intimista que entrega reflexões sobre o cotidiano, sobre o nosso presente e o que queremos para o futuro. É uma história sobre tempo... tempo para curar feridas e relações, para construir laços entre almas com caminhos opostos e pensamentos diversos. É sobre os encontros inesperados, sentimentos intensos e jornadas grandiosas que a vida têm para oferecer... por mais que, em muitas das vezes, não fazemos ideia de como agir.
Vi o live action de Cavaleiros do Zodíaco com o coração aberto e com a maior boa vontade que consegui reunir em mim.
É, não deu.
O primeiro problema da obra é a sua “ocidentalização”. Ao se valer de artifícios narrativos presentes nos filmes de Hollywood, “Knights of the Zodiac” sofre uma enorme perda de personalidade com relação ao seu material fonte, e se entrega a uma fórmula de piadas prontas e sarcasmo barato. O primeiro encontro entre Seiya e Sienna (Saori) não causa nenhum impacto, e ficam entre aquelas farpas e gentilezas que vemos em séries teens. Para ser justo, tanto Mackenyu Arata quanto Madison Iseman até se esforçam, e acho que com outro roteiro eles poderiam ter se saído melhores.
O segundo problema está na forma como explicaram o sistema de poder. O cosmo em si não é difícil de entender, mas a presença de todo um aparato tecnológico não foi uma boa escolha porque causou uma descaracterização, e levou o filme para o lugar comum que vemos em outras obras em que tudo pode facilmente ser explicado através da tecnologia. Há um excelente campo místico e subjetivo na obra do Kurumada que infelizmente não foi tão bem aproveitado no live action.
só vai ser bem aproveitado no último ato, quando mostra o que pensa e põe em prática. Mas durante boa parte, é um capacho de uma empresa.
A Marin, por outro lado, foi bem interessante. Ela teve a função de explicar a essência do cosmo, contrastando com a parte excessivamente tecnológica. E sua dinâmica enquanto mentora do Seiya é boa de acompanhar, mesmo que curta.
As cenas de lutas não são tão ruins, e os cenários são bonitos. É verdade que “Knights of the Zodiac” fica devendo no quesito efeitos especiais, mas sinceramente achei que eles fossem piores. Infelizmente o roteiro é comum, desorganizado e não soube explorar o universo a sua disposição. Na verdade, senti em vários momentos que não parecia algo relacionado à Saint Seiya, e sim somente mais uma ação qualquer.
Talvez com outra direção que entendesse a obra do Kurumada o resultado pudesse ter sido diferente. É uma obra que não tem um objetivo claro, tem uma crise de identidade e falha enquanto adaptação e enquanto um simples filme.
É ruim? É. Mas se você desligar a mente por umas 2h, dá pra se divertir com umas cenas de ação de gosto duvidoso e o vilão do Jason Momoa. E outra... estamos falando de uma franquia que já mandou um carro para o espaço... vamos mesmo pedir coerência? Eu, pelo menos, já desisti há tempos.
Não importa quantas vezes eu reveja "Gênio Indomável": será sempre uma experiência confortável, que deixa o coração quentinho e aberto. Há muitas cenas incríveis e memoráveis nessa obra, mas o seu ponto alto é uma reflexão muito bem feita sobre o pensar e o fazer, sobre o nosso estado de conforto e a necessidade de experimentar todos os lados da vida.
É sobre, principalmente, estar em constante processo de se refazer, e de não ter medo disso. Os traumas do nosso passado não podem ditar quem estamos sendo e o que queremos ver e sentir. O que resta de nós se fechamos a porta para o novo, com o medo de se magoar? A dor faz parte do caminho, mas para o Will o melhor é evita-la. Ele já teve tantas decepções e já enfrentou tanto, que o melhor é simplesmente negar tudo. E então... como se vive assim? Sean e Will se encontram e aprendem um com o outro, cada um com suas dores em níveis diferentes, mas aprendendo que o mundo ainda tem muito a oferecer... se assim desejarmos.
Como assistir a esse doc e não se emocionar? Insecure foi de uma linda grandiosidade, com um nível de representatividade que é tão necessária na televisão. É lindo ver tudo isso sendo celebrado na frente e por trás das câmeras. O trabalho que a Issa Rae iniciou certamente foi algo que deixou marcas positivas em muitas pessoas, e que mudou vidas. Espero mesmo que Insecure continue sendo lembrada como essa série incrível, engraçada e emocionante.
Estou MUITO feliz pelo que acabei de ver. Obrigado, Marvel. Obrigado, Guardiões!
O volume 3 encerra um ciclo, e o finaliza da melhor maneira possível. A história é muito bem contada e sinceramente não vi as duas horas e meia passarem. Todos os personagens tem um excelente espaço para desenvolver suas próprias questões, e todos eles estão excelentes quando trabalham juntos. As piadas funcionam (não todas, é verdade, mas é o de menos), as cenas de ação são muito intensas e as batalhas são bem coreografadas. A direção do James Gunn é impecável, especialmente na sequência final. Acho que como seu último trabalho no UCM, ele quis deixar algo. E definitivamente deixou uma baita marca positiva.
Mas esse filme se destaca por algo que já era bem trabalhado nesse universo dos guardiões, mas que agora foi intensificado: o lado mais pessoal e dramático. "Ah, drama num filme de super-herói?" Pois é. Esse é, para mim, o mais emocionante dos três, pois ao explorar o passado do Rocket,
nós vemos o quanto de dor e perdas ele sofreu. Atrás daquela casca grossa, está um personagem que sonhava somente em ser livre com seus amigos. O arco dele é muito bem apresentado através de flashbacks, e nada de maneira forçada. É impossível não se emocionar em várias cenas e até ficar nervoso com as atitudes do vilão com relação a ele.
E falando do cara, aqui encontramos o Alto Evolucionário. É preciso pontuar que Chukwudi Iwuji faz um grande trabalho de atuação com o tempo que tem em tela. É um vilão com presença, que demonstra força e tem objetivos claros. Gostei da abordagem que deram a ele.
Curti a introdução do Will Poulter, mas a parte referente ao Adam Warlock acabou ficando um pouco "jogada", e na minha visão faltou
ele se encontra naquele estado horrível devido a toda a situação com a Gamora, e acaba se culpando pelo que aconteceu com o Rocket, mas o caminho dele é bem construído e a solução dele voltando para a terra foi bem coerente.
Mantis, Drax e Nebulosa formam um baita trio e também tem ótimos momentos. Até personagens secundários como o Kraglin e o Cosmo apareceram bem, o que mostra uma boa organização do roteiro com relação aos enredos.
Guardiões da Galáxia Vol.3 é o mais maduro da trilogia, e felizmente andou muito longe da famosa "maldição do terceiro filme". Vejo como uma linda forma de finalizar essa jornada incrível. E, nossa... vou sentir saudades.
Esperei por esse filme com toda boa vontade que tenho, mas com aquele pensamento de "eu sei que vai ser ruim"... e, olha, sinceramente? Já vi coisas piores. Apesar de alguns clichês dos filmes de possessão, a história é bem contada e os efeitos visuais são decentes. Russell Crowe tá bem carismático aqui.
No fim, foi uma visão interessante sobre o Gabriele Amorth e pode fazer com que muitos passem a querer conhecer o que ele fez. Confesso que estou curioso para ler os livros.
Tão forte e brutal quanto eu pensei que seria. É uma história sobre vingança, mas também sobre arrependimentos e escolhas erradas. Em meio a sujeira de sua existência e a uma raiva que o toma, Oh Dae-su vai sentindo o peso de vidas das quais ele já não lembrava, e descobrindo que a vingança é um sentimento destrutivo para quem a procura.
A Vida Secreta das Palavras
4.1 247 Assista AgoraEsse filme já estava na minha lista há bastante tempo, e agora me arrependo por não ter visto ele antes. Uma obra sensível, verdadeira e de uma beleza ímpar.
A solidão e a dor dos personagens se encontram e se abraçam. Em meio ao vazio existencial, em meio ao vazio provocado pela violência brutal, ainda há esperança. Esse pequeno fio que conecta as pessoas, e as lembra de que, por mais doloroso que tenha sido seu passado, ainda é necessário, de alguma forma, seguir em frente. É fácil? Não. Nunca é. As dores que a Hannah carrega provavelmente nunca deixarão a pele e a alma dela, e isso é profundamente triste. Quantas Hannas estão vivendo da mesma forma e passando por situações miseráveis na realidade? Quantas delas são silenciadas e esquecidas?
Mas é preciso seguir. É fácil falar, e difícil na prática. Os traumas do passado podem fazer com que nos fechemos em uma casca de difícil acesso para qualquer outra pessoa. Hannah e Josef constroem uma relação delicada, em que um respeita o espaço sentimental do outro, pois sabem que, mesmo em níveis bem diferentes, o passado é algo que os assombra. Eles se apegam a esse curto fio de esperança nas coisas boas que a vida ainda pode oferecer.
Que filme belo, em todos os aspectos.
"Eu vou aprender a nadar, Hannah."
A Vida Em Espera
3.3 77 Assista AgoraConsidero que já vi uma quantidade boa de filmes, mas confesso que poucos me deixaram tão sem palavras quanto esse aqui.
O protagonista é um idiota? Sim. Nos primeiros dez minutos da obra, já sabemos que não vamos gostar dele. Esse lado egoísta e dominador, por vezes até com pitadas de sadismo, é muito bem explorado pelo Bryan Cranston. Estaria mentindo se dissesse que não fiquei com raiva da atitude tomada pelo Wakefield, mas o filme passa a ideia de que ele foi preenchido por suas inseguranças e neuras, e não somente um cansaço da rotina. Por outro lado, por mais que questionemos esse comportamento, realmente acredito que todos nós já pensamos em algo parecido com o que ele fez: em fugir. Fugir de compromissos com outras pessoas, de relacionamentos instáveis, das responsabilidades pesadas de uma vida adulta... Somente fugir e tentar ver como seria a vida de outra forma. É o velho "E se?".
Daria uma nota mais alta se não fosse algumas partes que simplesmente foram inacreditáveis para mim, como por exemplo:
ninguém ter procurado no sotão? Pela lógica, se você está procurando uma pessoa, precisa ir em todos os locais possíveis. Mas até compreendo que pelo filme ser basicamente todo pela visão do Wakefield, focar em aspectos da procura não faria tanto sentido para a proposta.
Interessante e provocador. Aborda a solidão e o desapego pela vida em sociedade, de uma forma bastante pessimista, mas com um roteiro que de fato se propõe a debater essas questões dentro de uma realidade sufocante e como, em meio ao cotidiano, não percebemos o mal que fazemos ao outro e a nós mesmos.
Plano de Vôo
3.5 708 Assista AgoraÉ um filme um tanto previsível? Sim. Porém muito bom. O final foi muito satisfatório
eu ri com a terapeuta escondendo a cara hahahaha. Bando de pnc que não ajudaram em nada.
Oppenheimer
4.0 1,1KGrande filme sobre uma figura histórica extremamente controversa (e talvez eu esteja sendo generoso ao escolher essa palavra). A genialidade de Oppenheimer é indiscutível, mas as consequências dela são sentidas até hoje.
É muito interessante notar como o roteiro o coloca como um personagem de uma personalidade difícil de decifrar, com um conjunto de ideologias que se misturavam e se tornavam complexas para todos que estavam no mesmo espaço que ele. Não diria que o roteiro antagoniza ou o romantiza, mas expõe várias facetas problemáticas de um mesmo homem.
Os bombardeios em Hiroshima e Nagasaki não foram somente "ataques", mas verdadeiros atos terroristas por parte de uma nação que desejava mostrar o seu poder bélico para o mundo - não importando quantas vidas inocentes fossem ceifadas no caminho, não importando que a guerra estivesse chegando ao fim. Acredito que o roteiro acerta em mostrar um Estado que se esconde atrás do discurso de "proteção dos valores nacionais", mas que na verdade é perverso em sua essência. O texto não isenta os Estados Unidos, e na verdade levanta o questionamento: "por quê?". Quando pesquisamos sobre a quantidade de pessoas mortas e os efeitos da radiação... quando assistimos documentários e vemos fotos da época... é impossível não se questionar de onde vem tamanha barbárie. E tudo fruto de um ciclo de ódio e necessidade de poder interminável. Nesse aspecto, acredito que Nolan foi feliz em ir além de quem criou, mas mostrar como a criação foi usada por uma nação imperialista e como essa ciência de pura destruição continua tendo seus fortes efeitos nos dias de hoje.
Outro ponto em que Nolan foi feliz: no elenco. A quantidade de atores talentosos que ele conseguiu reunir é algo verdadeiramente surpreendente. Destaque para o Cillian Murphy que opera uma atuação muito firme, mas também gostei muito do Robert Downey Jr., da Florence Pugh e da Emily Blunt. Fiquei realmente fascinado com esse cast.
Não é um filme fácil de digerir, exatamente porque estamos vendo a vida de um homem que foi um dos principais responsáveis por uma das maiores tragédias da História da humanidade. Mas é uma obra necessária para que possamos problematizar essas figuras históricas partindo também das representações que a ficção produz sobre as mesmas.
Pânico VI
3.5 798 Assista AgoraAchei um pouco melhor que o 5. Gosto como a franquia consegue "rir" e estabelecer uma crítica boa sobre franquias de forma geral e dos próprios filmes de terror.
Mas devo destacar uma cena específica:
a do metrô.
O Mal Que Nos Habita
3.6 534 Assista AgoraQuando há um filme de terror que se destaca no meio, sendo bastante comentado (bem ou mal), minha curiosidade para conferir a produção é instantânea, então fui logo ver do que "When Evil Lurks" é feito. E fiquei positivamente surpreso.
É uma abordagem diferente sobre possessão, e o ponto forte da história está em desenvolver bem o medo dos personagens sobre o que é o "mal", e como esse medo é usado contra eles. Senti falta de maiores explicações sobre o fenômeno, de como tudo começou e se era de conhecimento geral, afinal o enredo é bem interessante. Aquela senhora até diz algumas coisas, mas o roteiro deixa muito espaço para imaginação. E isso, por um lado, é bom.
Há cenas bem fortes (um gore de respeito) e que te pegam de surpresa, e algumas outras coisas já previsíveis. Achei completamente sem sentido
deixar o garoto lá com a avó, quando a outra senhora já havia sinalizado que ele estava possuído.
When Evil Lurks é realmente legal de assistir. Vale a pena.
O Exorcista: O Devoto
2.1 403 Assista AgoraQuando vi o trailer, pensei "poxa, pode ser legal, né?". Aí vi o nome responsável pela direção e roteiro. Minhas esperanças foram embora.
David Gordon Green, por gentileza se aposentar. Já deu. NINGUÉM AGUENTA MAIS!!!
"O Exorcista: O Devoto" falha nos aspectos mais básicos de um filme, e em especial sendo de terror. Em quase duas horas, não há preocupação alguma com a criação de uma boa atmosfera de suspense. É tudo feito às pressas, de formas genérica e que não invoca uma real preocupação com aqueles personagens.
Em alguns momentos, o roteiro beira ao caricato, e eu realmente ri bastante durante o dito "ritual" de exorcismo
(em especial quando o padre covarde chegou achando que iria salvar o dia)
Os atores não ajudam, e não conseguem passar emoção alguma. Leslie Odom Jr. até tenta, mas não sei se foi o roteiro que o limitou na maior parte. E o Norbert Leo Butz foi uma surpresinha até, pois passou bem a imagem de pai desesperado, mas nada brilhante. E Ann Dowd, coitada... no que você se meteu, hein. Tivesse ficado só na Tia Lydia que tava bom. Agora vai levar essa bomba no currículo.
Um dos problemas foi usar duas personagens possuídas. Não havia necessidade alguma. O núcleo da Angela com o pai já era bom o suficiente, mas sinto que colocaram outra garota (e até parecida com a Linda Blair no filme de 73) para causar um processo de identificação, para despertar um "olha, ela é parecida com a Regan, né?". E não funciona. É simplesmente péssimo. A Katherine não tem uma história dela. É uma personagem sem propósito real na trama.
Não gosto de ser parte da turma de "em clássico não se mexe", até porque há coisas que podem funcionar se David Gordon Green não estiver envolvido. Mas convenhamos que quando falamos de filmes como "O Exorcista", estamos falando de algo grandioso na História do cinema, e logo muitos esperam demais de qualquer produção de uma grande saga/franquia. Mas infelizmente "O Devoto" não entregou nada que chegue remotamente próximo de algo decente.
Ursinho Pooh: Sangue e Mel
1.4 195 Assista AgoraTem filmes que você olha e diz "isso aqui não tem a mínima condição de ser bom, mas vou assistir mesmo assim e me arrepender depois".
Este negócio aqui é um deles.
É ruim em todos os aspectos possíveis. Não serve nem como um slasher B. É só... péssimo. Não é nem um "nossa, tão ruim que chega a ser engraçado, dá vergonha alheia". Não. É horroroso mesmo. É triste pensar que alguém realmente gastou dinheiro fazendo isso.
Jogos Mortais X
3.4 485 Assista AgoraEsse filme mostra que, mesmo após tantas sequências, ainda é possível fazer algo de qualidade apenas apostando no "básico".
Pensei qual seria a necessidade de um novo Jogos Mortais, sendo que a franquia já mostrou um claro desgaste nos últimos filmes e especialmente no horrível "Spiral". Mas aqui temos uma história simples sobre vingança, com os plots twists e um banho de sangue característicos da saga. E funciona. O resultado é algo que consegue despertar a sua curiosidade o suficiente por quase duas horas, e um roteiro eficiente em fazer o público criar uma "empatia" pelo vilão (Tobin Bell é incansável!).
Muito bom. Pensei mesmo que não fosse gostar, mas fiquei felizmente surpreso.
Antes e Depois
3.2 77 Assista AgoraO elenco desse filme é inegavelmente fantástico, mas o roteiro atirando para todos os lados e sem um objetivo definido é algo feio de acompanhar. Não compro esse idealismo barato que tentaram construir na personagem da Meryl, ou os diálogos por vezes inocentes e genéricos. O Liam Neeson tenta bastante, e isso as vezes me pareceu bem forçado, enquanto que a atuação do Edward Furlong é simplesmente ruim. Um garoto completamente inexpressivo, que não consegue transmitir ao espectador qualquer sentimento de preocupação com seu destino.
Esses diálogos de "se ele contar o que realmente aconteceu, vão inocenta-lo" é um completo e total absurdo, como se não conhecessem a força desse sistema - e para uma família nos EUA não entender isso... bom, como falei, é impossível comprar essa ideia. É um debate ético muito interessante, mas que no filme foi mal aproveitado pelos péssimos diálogos e situações que beiram ao absurdo.
Justiça Para Todos
4.0 124 Assista AgoraFilme brilhante que consegue abordar o quão corrupto é o poder judiciário e como a justiça não funciona para aqueles que não são privilegiados. Apesar de também ser falho, o personagem do Al Pacino nos traz uma boa reflexão sobre a ética na advocacia e os problemas estruturais que perfazem todo esse sistema, e o ator entrega uma baita atuação (especialmente nos momentos finais do longa, com falas poderosas e uma mudança brusca de comportamento que certamente explica a indicação ao Oscar de 1980).
Como podemos defender o indefensável, mesmo que esse seja o "nosso trabalho"? Como podemos lidar quando vidas são ceifadas devido a decisões de pessoas irresponsáveis e que deveriam trabalhar para manter essa tal "justiça"? Afinal... justiça para quem? Qual é a medida? É perfeitamente compreensível (e comento isso com todo o respeito à profissão) a desconfiança de muitas pessoas na figura de um advogado ou juiz, afinal infelizmente muitos não estão ali para proteger seus clientes como deveriam. O caso de Agee apresentado aqui é um exemplo que não está tão distante da realidade, e que teve aquele final devido a negligência daqueles que deveriam ajuda-lo.
A justiça serve para proteger, porém alguns são mais protegidos que outros. As vezes conseguimos ver o seu real funcionamento, e as vezes não.
Aquele juiz é o típico cidadão de bem. Que crítica bem feita!
Fale Comigo
3.6 965 Assista AgoraA mão que conforta também pode ser a mão que te destrói.
Baita filme. Desde o primeiro trailer que esperava coisas boas e felizmente não me arrependi. Curti o fato do roteiro não ter escolhido o lugar seguro dos "jump scares" baratos. A história tem uma boa atmosfera, se desenvolve rápido e de forma bastante coerente.
A protagonista é bem apresentada, com dramas reais e muito bem interpretada pela Sophie Wilde. Mia é uma garota que ainda está passando pelo luto, por um sentimento de solidão e desesperança. Assim, a busca dela é bastante compreensível. Quantos de nós não estariam ali fazendo o mesmo que ela? Somente para ter a chance de ouvir novamente a voz de uma pessoa que se foi? Acho que o filme trata muito bem esse ponto do luto e da negação, e trazendo isso especialmente para uma geração mais jovem. Não queremos acreditar que a pessoa que amamos não está mais aqui. Nos apegamos a qualquer vestígio, a qualquer lembrança... não conseguimos nem mesmo deletar o número de um celular que nunca mais irá tocar (me identifiquei com essa parte, pois até hoje não consegui apagar o número de uma tia minha, e provavelmente nunca irei).
Para Mia, isso significou sua ruína. A perda do senso de realidade.
Se não me engano, a continuação foi confirmada. Espero que aprofundem na história, pois certamente deixou um gosto de quero mais.
Nimona
4.1 234 Assista AgoraNão imaginava que o filme iria se distanciar tanto da graphic novel, mas até que funcionou bem. O tom mais cômico da obra funciona melhor no quadrinho, e na animação cuidaram em expandir os lados mais dramáticos do passado e presente de nossos protagonistas. Os dois materiais acabam se complementando. Então, para quem não conhece, recomendo muito procurar a leitura criada por Nd Stevenson.
Mas sinceramente curti bastante as mudanças. E fizeram sentido, além de expandir a história (quem sabe não teremos uma continuação?). O significado de Nimona passa sobre aceitação, sobre abraçar quem você é. É um enredo cheio de uma bela diversidade que conversa muito com a nossa realidade tão diferente e plural.
Megatubarão 2
2.3 278 Assista AgoraQuando termino filmes assim, me vem uma coisa na cabeça: é sério que alguém teve a coragem de colocar dinheiro nisso? Enfim...
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso
4.3 520 Assista AgoraA definição de "perfeição" mora nesse filme.
Com um trabalho de animação belíssimo e um texto muito sólido, essa continuação expande o conceito de "aranhaverso" e nos apróxima mais da figura de Miles Morales. Uma coisa que está presente em todo Homem-Aranha é a dificuldade da sua vida, e as escolhas complicadas que ele precisa fazer. É um personagem que foi escrito para ser o mais "humano" possível: há coisas que ele consegue fazer e coisas que não consegue... mesmo com superpoderes. Há pessoas que ele consegue salvar, e outras não. Essa obra foi bastante feliz ao explorar os lados mais difíceis de ser o Homem-aranha.
Através da bagunça do seu presente e das incertezas sobre seu futuro, o Miles se insere nesse meio de ser um super-herói, ainda que não tenha a total dimensão dos sacrifícios que esse "cargo" exige. É interessante como o Miguel é inserido aqui, funcionando como alguém para dar um choque de realidade no Miles, como esse cara que sabe o que é se sacrificar. E mais interessante foi acompanhar o começo do amadurecimento do protagonista, que provavelmente estará bem mais esclarecido no próximo filme. "Através do Aranhaverso" é uma espécie de ponte para "Além do Aranhaverso", e aqui tivemos a apresentação dos conceitos das viagens multiversais e como elas funcionam, e também foi muito divertido ver todas aquelas versões do amigão da vizinhança. Esse filme também serviu para concluir esse ciclo da Gwen, que até então estava em conflito com si mesma por tudo que havia acontecido.
Sinceramente, não sei o que as pessoas esperavam. E também não ligo. Me emocionei com a história envolvendo os pais do Miles e com os diálogos entre ele e a mãe. Deu um tom mais pessoal para a animação. A parte da Gwen expondo seus sentimentos para o pai enquanto o desenho mudava ao fundo e ficava mais limpo também foi igualmente bem feita, pois para mim simbolizava a verdade que ambos precisavam entre si.
Estou mega ansioso para o próximo filme, o ruim é ter que esperar tanto.
(Hobie melhor personagem de sempre)
Barbie
3.9 1,6K Assista AgoraÉ interessante quando um filme sai de “desacreditado” a “um dos maiores eventos cinematográficos dos últimos anos”. Lembro que quando saíram as primeiras imagens de “Barbie”, algumas pessoas pelo mundo das interwebs fizeram piada, disseram que o filme não funcionaria, afinal... o que uma boneca teria para dizer? Pois bem. Depois de lançado, vimos que ela falou. E falou muito. Incomodou grupos conservadores e aqueles com a masculinidade frágil.
Que poder, meus amigos!
E que filme divertido, bem-humorado, objetivo e importante para nossos tempos. “Barbie” deixa bastante claro a enorme diferença de tratamento que existe entre homens e mulheres, e como o patriarcado age na formação da mente e do corpo feminino, como sempre toma as decisões e ocupa todos os espaços.
A Margot Robbie faz a “Barbie Estereotipada”, aquela a qual estamos mais acostumados e pensamos primeiro sempre que o nome “Barbie” vem a mente. Mas a realidade é que, tal como dito pela criadora, aquele tipo de pessoa não existe. Ela é perfeita demais, e só poderia ser possível num mundo mágico. A nossa protagonista, ao se deparar com a realidade, vê um mundo dominado por homens, em que ela nada mais é que um “objeto”.
A atuação da Margot Robbie é fantástica, e ela consegue assimilar e transmitir muito bem esses sentimentos contraditórios: a Barbie não é o ícone feminino que pensava ser, pois durante muito tempo ela foi pensada somente para um tipo de público. Assim, a nossa Barbie vai aprendendo que a realidade infelizmente não é da maneira como ela sonhava, e que ainda há muito pelo que lutar. Ao mesmo tempo vai percebendo que o espaço em que ela foi inserida historicamente é o de desconforto, igual a milhares de mulheres.
O Ken serve para mostrar o quão frágil e dependentes os homens conseguem ser, e que para preencher isso eles utilizam uma oratória de “ser superior” e os únicos capazes de realizar determinadas atividades. O roteiro só ri dessa fragilidade, mas sem antes mostrar o quão irresponsável e tóxica as atitudes do Ken (de todos eles) são. Ryan Gosling sempre bastante carismático, e seu Ken foi bastante engraçado. Ele parecia de fato muito à vontade.
America Ferrera traz a imagem da mulher comum, daquela que está cansada das convenções tradicionais e das contradições que querem impor às mulheres. O seu papel no filme é essencial, e há uma cena em específica em que ela mostra todo o seu talento. Quanto a turma de empresários, na minha interpretação eles representam os homens que dizem “se preocupar” com as mulheres, mas na verdade querem decidir, de acordo com o ponto de vista deles, o que elas precisam e devem fazer. É bom observar que entre todos aqueles executivos não havia nenhuma mulher, pois infelizmente essa é a realidade em muitas empresas espalhadas por aí. Essa parte me lembrou a recente série “The Idol”, da HBO, feita por dois homens para contar a vida de uma cantora pop... porque, aparentemente, para muitas empresas homens entendem mais a vivência feminina que as próprias mulheres.
Essa obra da Greta Gerwig foi grandiosa em todos os aspectos: roteiro preciso, claro e certeiro nas críticas a uma sociedade conservadora; direção que sabe aproveitar o melhor dos espaços; uma trilha sonora belíssima e contagiante; um elenco talentoso e comprometido. E o marketing mais avassalador que já vi em muito tempo! Em todos os aspectos, “Barbie” é uma grande experiência.
Sempre em Frente
3.9 160"Vou lembrar você de tudo que aconteceu".
Filme incrível, belo e sincero. Um roteiro intimista que entrega reflexões sobre o cotidiano, sobre o nosso presente e o que queremos para o futuro. É uma história sobre tempo... tempo para curar feridas e relações, para construir laços entre almas com caminhos opostos e pensamentos diversos. É sobre os encontros inesperados, sentimentos intensos e jornadas grandiosas que a vida têm para oferecer... por mais que, em muitas das vezes, não fazemos ideia de como agir.
Ah, A24... obrigado (de novo, novamente).
Os Cavaleiros do Zodíaco – Saint Seiya: O Começo
2.0 277 Assista AgoraVi o live action de Cavaleiros do Zodíaco com o coração aberto e com a maior boa vontade que consegui reunir em mim.
É, não deu.
O primeiro problema da obra é a sua “ocidentalização”. Ao se valer de artifícios narrativos presentes nos filmes de Hollywood, “Knights of the Zodiac” sofre uma enorme perda de personalidade com relação ao seu material fonte, e se entrega a uma fórmula de piadas prontas e sarcasmo barato. O primeiro encontro entre Seiya e Sienna (Saori) não causa nenhum impacto, e ficam entre aquelas farpas e gentilezas que vemos em séries teens. Para ser justo, tanto Mackenyu Arata quanto Madison Iseman até se esforçam, e acho que com outro roteiro eles poderiam ter se saído melhores.
O segundo problema está na forma como explicaram o sistema de poder. O cosmo em si não é difícil de entender, mas a presença de todo um aparato tecnológico não foi uma boa escolha porque causou uma descaracterização, e levou o filme para o lugar comum que vemos em outras obras em que tudo pode facilmente ser explicado através da tecnologia. Há um excelente campo místico e subjetivo na obra do Kurumada que infelizmente não foi tão bem aproveitado no live action.
Quanto ao vilão, o Ikki
só vai ser bem aproveitado no último ato, quando mostra o que pensa e põe em prática. Mas durante boa parte, é um capacho de uma empresa.
As cenas de lutas não são tão ruins, e os cenários são bonitos. É verdade que “Knights of the Zodiac” fica devendo no quesito efeitos especiais, mas sinceramente achei que eles fossem piores. Infelizmente o roteiro é comum, desorganizado e não soube explorar o universo a sua disposição. Na verdade, senti em vários momentos que não parecia algo relacionado à Saint Seiya, e sim somente mais uma ação qualquer.
Talvez com outra direção que entendesse a obra do Kurumada o resultado pudesse ter sido diferente. É uma obra que não tem um objetivo claro, tem uma crise de identidade e falha enquanto adaptação e enquanto um simples filme.
Velozes e Furiosos 10
3.0 296 Assista AgoraÉ ruim? É. Mas se você desligar a mente por umas 2h, dá pra se divertir com umas cenas de ação de gosto duvidoso e o vilão do Jason Momoa. E outra... estamos falando de uma franquia que já mandou um carro para o espaço... vamos mesmo pedir coerência? Eu, pelo menos, já desisti há tempos.
Gênio Indomável
4.2 1,3K Assista Agora"Não é culpa sua"
Não importa quantas vezes eu reveja "Gênio Indomável": será sempre uma experiência confortável, que deixa o coração quentinho e aberto. Há muitas cenas incríveis e memoráveis nessa obra, mas o seu ponto alto é uma reflexão muito bem feita sobre o pensar e o fazer, sobre o nosso estado de conforto e a necessidade de experimentar todos os lados da vida.
É sobre, principalmente, estar em constante processo de se refazer, e de não ter medo disso. Os traumas do nosso passado não podem ditar quem estamos sendo e o que queremos ver e sentir. O que resta de nós se fechamos a porta para o novo, com o medo de se magoar? A dor faz parte do caminho, mas para o Will o melhor é evita-la. Ele já teve tantas decepções e já enfrentou tanto, que o melhor é simplesmente negar tudo. E então... como se vive assim? Sean e Will se encontram e aprendem um com o outro, cada um com suas dores em níveis diferentes, mas aprendendo que o mundo ainda tem muito a oferecer... se assim desejarmos.
Insecure: O Fim
4.7 10Como assistir a esse doc e não se emocionar? Insecure foi de uma linda grandiosidade, com um nível de representatividade que é tão necessária na televisão. É lindo ver tudo isso sendo celebrado na frente e por trás das câmeras. O trabalho que a Issa Rae iniciou certamente foi algo que deixou marcas positivas em muitas pessoas, e que mudou vidas. Espero mesmo que Insecure continue sendo lembrada como essa série incrível, engraçada e emocionante.
Guardiões da Galáxia: Vol. 3
4.2 804 Assista AgoraEstou MUITO feliz pelo que acabei de ver. Obrigado, Marvel. Obrigado, Guardiões!
O volume 3 encerra um ciclo, e o finaliza da melhor maneira possível. A história é muito bem contada e sinceramente não vi as duas horas e meia passarem. Todos os personagens tem um excelente espaço para desenvolver suas próprias questões, e todos eles estão excelentes quando trabalham juntos. As piadas funcionam (não todas, é verdade, mas é o de menos), as cenas de ação são muito intensas e as batalhas são bem coreografadas. A direção do James Gunn é impecável, especialmente na sequência final. Acho que como seu último trabalho no UCM, ele quis deixar algo. E definitivamente deixou uma baita marca positiva.
Mas esse filme se destaca por algo que já era bem trabalhado nesse universo dos guardiões, mas que agora foi intensificado: o lado mais pessoal e dramático. "Ah, drama num filme de super-herói?" Pois é. Esse é, para mim, o mais emocionante dos três, pois ao explorar o passado do Rocket,
nós vemos o quanto de dor e perdas ele sofreu. Atrás daquela casca grossa, está um personagem que sonhava somente em ser livre com seus amigos. O arco dele é muito bem apresentado através de flashbacks, e nada de maneira forçada. É impossível não se emocionar em várias cenas e até ficar nervoso com as atitudes do vilão com relação a ele.
E falando do cara, aqui encontramos o Alto Evolucionário. É preciso pontuar que Chukwudi Iwuji faz um grande trabalho de atuação com o tempo que tem em tela. É um vilão com presença, que demonstra força e tem objetivos claros. Gostei da abordagem que deram a ele.
Curti a introdução do Will Poulter, mas a parte referente ao Adam Warlock acabou ficando um pouco "jogada", e na minha visão faltou
algum embate dele com o Alto Evolucionário para mostra-lo de forma mais independente. Mas a cena final dele salvando o Quill é muito bonita.
ele se encontra naquele estado horrível devido a toda a situação com a Gamora, e acaba se culpando pelo que aconteceu com o Rocket, mas o caminho dele é bem construído e a solução dele voltando para a terra foi bem coerente.
Guardiões da Galáxia Vol.3 é o mais maduro da trilogia, e felizmente andou muito longe da famosa "maldição do terceiro filme". Vejo como uma linda forma de finalizar essa jornada incrível. E, nossa... vou sentir saudades.
O Exorcista do Papa
2.8 356 Assista AgoraEsperei por esse filme com toda boa vontade que tenho, mas com aquele pensamento de "eu sei que vai ser ruim"... e, olha, sinceramente? Já vi coisas piores. Apesar de alguns clichês dos filmes de possessão, a história é bem contada e os efeitos visuais são decentes. Russell Crowe tá bem carismático aqui.
No fim, foi uma visão interessante sobre o Gabriele Amorth e pode fazer com que muitos passem a querer conhecer o que ele fez. Confesso que estou curioso para ler os livros.
Oldboy
4.3 2,3K Assista AgoraTão forte e brutal quanto eu pensei que seria. É uma história sobre vingança, mas também sobre arrependimentos e escolhas erradas. Em meio a sujeira de sua existência e a uma raiva que o toma, Oh Dae-su vai sentindo o peso de vidas das quais ele já não lembrava, e descobrindo que a vingança é um sentimento destrutivo para quem a procura.
É de fato uma obra fenomenal.