escalar aquela torre sem os equipamentos de segurança necessários é algo que me parece bastante irreal; a mensagem de "aproveite a vida porque ela é curta" é vaga demais dentro do filme (a narração da protagonista na última cena foi péssima), pois me pareceu algo muito genérico, e esse não é o tipo de filme que vai propor uma grande reflexão sobre a nossa existência. Ah, e entregam muito fácil que a Hunter já estava morta naquele ponto. Mas o que me deixou mais p*to da vida foi a excelente ideia de superar o luto de uma forma bastante perigosa e irresponsável... e novamente: com zero segurança. Como duas pessoas podem olhar para uma estrutura toda enferrujada e dizer "é uma ótima ideia, vamos subir!"?!
"Ah, mas é ficção", beleza, eu entendo. Mas acho que esse filme abusou um pouco da minha vontade. Não comprei a ideia. Mas a direção é eficiente e o suspense é bem montado. No fim, vale a pena... apesar dos absurdos.
Acho que o filme se perde um pouco da metade até seu ato final, especialmente na construção do suspense. Chegou um ponto em que estava um tanto previsível, e passamos a entender que, de fato o
David existiu, mas aquele que está ali no presente é uma projeção da protagonista, um delírio devido a alguma condição psiquiátrica. E a cena final, com ela encarando a câmera e mudando de expressão aos poucos, vai revelando o horror psicológico pelo qual passou.
As cenas mais "gore" poderiam ter sido facilmente excluídas, pois em nada acrescentam para a história. O grande destaque vai para a Rebeca Hall que entrega uma atuação estupenda, realmente magnifíca. Ela leva carrega o filme com uma facilidade absurda.
Gaspar Noé é sempre uma experiência... seja ela boa ou ruim, mas certamente inquieta, reflexiva e poderosa. O diretor capta a essência das perturbações humanas, e sabe transmitir como ninguém esses sentimentos caóticos para seu público. O jogo de câmeras lê personagens e cenários de forma envolvente, pessoal e convidadativa, mostrando a mistura de céu e inferno desenvolvida na mente daqueles indivíduos.
É muito interessante como aquela máscara dos personagens vai se desfazendo à medida que se entregam às suas vontades mais primitivas. A "inocência" e a beleza artística das palavras presentes no começo (quando estão sendo entrevistados) se perdem em meio aos desejos mais profundos e corruptos, e então vemos medo, inseguranças e busca pelo prazer.
Eu diria que esse é um filme para quem está em um bom dia (ou com um ótimo psicológico). Há cenas que podem despertar gatilhos emocionais, então recomendo ver somente se estiver bem para tanto.
A vida é fugaz. Nós somos momentos. Para Noé, a vida é quase como se fosse um "peso necessário". Ele aborda essa visão negativa sobre a vida como poucos diretores o fazem, explorando toda a miséria da existência de uma forma realmente forte. E em "Climax" isso não é diferente.
Baseado em acontecimentos reais, esse filme é um retrato de como o sistema judicial e carcerário dos EUA trata pessoas negras e pobres. É uma narrativa poderosa sobre as injustiças desse meio, os diversos abusos de poder das autoridades e a irresponsabilidade por parte de advogados e promotores. É uma obra que mostra como todo esse sistema, feito por homens brancos e profundamente intolerante, está pronto para subjugar e culpabilizar corpos negros.
"Just Mercy" mostra homens negros e pobres que foram condenados a pena de morte. Bryan (interpretado pelo Michael B. Jordan), um advogado recém-formado, se engaja fortemente em tirar seus clientes desse fim. E então começa sua relação com Johnny D (Michael J. Fox), que foi culpado pela morte de uma mulher. Mas há diversas inconsistências no caso, e Bryan está determinado a provar a inocência de Johnny. Interessante apontar a crítica do roteiro à pena capital, principalmente quando se trata de negros e pobres, pois sabemos muito bem que muitos estão naqueles corredores porque o julgamento para eles é sempre desproporcional: recebem condenações mais extremas, são incriminados ou mesmo não tem uma defesa adequada para olhar todos os ângulos dos processos.
Pessoas negras já tem o "não" mesmo antes de nascerem, fruto de uma sociedade racista e que se orgulha de seu passado escravocrata (e isso tanto nos EUA quanto no Brasil). Eles têm sua subjetividade apagada. E não importa qual posição na escala social ocupem. Uma cena do filme, logo no começo, chama atenção:
quando Bryan é forçado a tirar a roupa quando vai visitar um cliente na prisão. Advogado nenhum precisa passar por isso, mas o policial submeteu Bryan a essa humilhação. Este, por sua vez, se sentiu exposto e diminuido.
Aqui, preciso destacar a excelente atuação do Michael B. Jordan. Seus diálogos são fortes e precisos, e o personagem traz uma presença de tela assustadora. É belíssimo! Quando o Michael J. Fox interage com ele, fica melhor. São dois deuses em tela, que conseguem transmitir todas as dores de seus respectivos personagens.
O roteiro é real, humano e se conecta bem com o espectador. Foi impossível não chorar ao final, e também ficar revoltado com várias ações dos racistas malditos. O filme acaba e continuamos pensando: quantos homens e mulheres já não foram presos injustamente? E quantos ainda permanecem no corredor da morte devido as falhas do sistema judicial? É sempre bom apontar como os EUA se imaginam como a civilização que reinventou a democracia, como o panteão da moralidade e da liberdade, mas que viola o Estado de direito - e todos os casos desse filme são exemplos disso. A justiça naquele país é infelizmente destinada para um seleto grupo.
Mas há algo que esse filme e a própria história do Walter "Johnny D." McMillian nos ensina: é preciso ter fé, é necessário ter esperança que a justiça prevaleça para todos, tal qual Atticus Finch buscou em "O Sol é Para Todos".
Imaginava que pudesse ser ruim, mas não tanto. Considerando o baixo orçamento e que foi lançado em 2011, até que os efeitos não são ruins. Mas o enredo é mal direcionado, e os personagens não tem carisma algum. Tudo mal executado.
É um filme que vai direto ao ponto, mas a criação de uma atmosfera de suspense sai prejudicada. Outro ponto que levanto é a má organização do roteiro ao contar os acontecimentos, o que torna alguns pontos um pouco confusos.
Mesmo com quase duas horas de duração, a história perde um pouco de foco.
Vai em cada núcleo na vida da Loretta (a Jean é deixada completamente em segundo plano, o que me incomodou muito) e das investigações, e a consequência são cenas superficiais e previsíveis.
Um bom filme para quem se interessa por true crime, mas talvez seja melhor conhecer mais da história antes (eu não conhecia) e talvez o filme em si se torne uma experiência melhor.
Curti mais pelas referências a própria franquia e aos outros filmes de terror. Pontos negativos para o quão previsível o roteiro foi, e para a Melissa Barrera que passa uma personagem fraca e sem carisma. Aliás, pode ser somente impressão minha, mas parece que nenhum dos atores veteranos da franquia também estava lá com muita vontade em suas expressões. E os novos são bem ruins, com excessão da Jenna Ortega.
E aqui o trailer me enganou direitinho. Esperava de fato uma daquelas comédias escrachadas, bem piadas quinta série com o personagem mal humorado e etc. Mas fui positivamente surpreendido por um drama forte sobre a forma como nossas relações podem nos dar novos significados e objetivos, mesmo quando achamos que a vida acabou. Ainda há algumas doses pontuais de humor, mas de forma geral esse é um filme que vai lhe pegar pelo seu forte sentimentalismo.
Não conhecia o livro e o filme sueco, então também fiquei surpreso por algumas cenas. Logo, é necessário alertar que há coisas que podem despertar gatilhos emocionais. A carga dramática é bastante elevada. Não são cenas irresponsáveis (não há nada violento ou coisa parecida), mas que servem para a trama mostrar como o Otto é um homem com raiva do mundo e que está sofrendo. O filme precisava inserir o Otto em lugares emocionais complicados, que podem ser sensíveis para o espectador... então é bom deixar como aviso.
Esse sofrimento do Otto é muito bem explicado, e o roteiro é sensível e bonito na forma como aborda o passado dele Os personagens de apoio também possuem suas próprias questões e cada um tem um bom espaço de tela, dando mais profundidade à obra.
Otto é um homem quebrado, mas que no fundo ainda deseja viver. Acho que muitos conseguem se identificar com isso. Ele tem essa tristeza que parece nunca ir embora. Mas as vezes a vida se encarrega de nos dar as pessoas certas que podem nos salvar, e nos mostrar que há mais do que o mundo preto e branco. São nesses momentos de pura imprevisibilidade que mágicas acontecem, amizades impossíveis são criadas e nós despertamos para continuarmos de onde paramos.
A América Latina viu vários regimes ditatoriais emergirem ao longo da segunda metade do século XX, muito também potencializado pelo esforço dos EUA em ganhar espaços de influência (lembremos: contexto da guerra fria com a URSS). Opositores tiveram seus direitos políticos caçados, pessoas eram perseguidas, torturadas das maneiras mais desumanas possíveis e assassinadas, tudo em nome da dita "proteção nacional" que não passava de um sadismo e uma necessidade de impor um sistema de poder baseado na força e intimidação.
O filme é uma forma de exaltar as memórias daqueles que foram perseguidos pelos militares na Argentina, para que ninguém esqueça dos desaparecidos e para que a justiça seja feita. Os relatos dos personagens são emocionantes porque sabemos que são dolorosamente reais, que aquelas situações ocorreram na realidade de formas muito piores. Podemos ler, podemos ver esses filmes e esses documentários, ouvir depoimentos de sobreviventes dos porões de tortura... mas nunca entenderemos a intensidade da dor que aquelas pessoas sofreram em seus corpos, ou por terem perdido parentes e por não se sentirem acolhidas por um Estado que deveria protege-las.
As condenações não foram o suficiente. Elas não fizeram justiça ao povo argentino. Quando pesquisamos sobre, alguns receberam até indultos do presidente Carlos Saúl Menem em 1990 (anos depois, foram novamente sentenciados).
"Argentina, 1985" nos mostra aquilo que sempre devemos combater: o discurso fascista, os crimes contra a humanidade e o ódio ao diferente. Nos mostra que é preciso lembrar do passado, respeitar as memórias e, acima de tudo, exaltar a democracia e o livre pensamento. Mas esse é só um filme que nos dá essa dimensão. A real mudança começa quando entendermos a importância da educação e da História para a formação de uma nação, para que crimes contra a humanidade não sejam relativizados (como infelizmentes vimos acontecer durante o próprio regime militar no Brasil e nos últimos quatro anos através de um governo que estava rindo enquanto pessoas estavam morrendo numa pandemia). Infelizmente ainda há muitos defensores dessas atrocidades... mas a História sempre se encarrega de coloca-los no seu devido lugar de insignificância.
"Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça DITADURA NUNCA MAIS!"
Ah, a força da boa publicidade, né? Tantos sites noticiando que pessoas "passaram mal" com esse filme, vi até youtuber que acompanho falando para "se preparar" para ver esse. E por um lado eu compreendo, cada um com sua sensibilidade. Mas para quem já assiste esse tipo de obra, percebe que "The Outwaters" não tem absolutamente NADA demais. Talvez a última cena seja a mais forte, mas a única coisa que pensei foi na quantidade de molhos de tomate gastos para fazer aquilo.
Uma história que demora muito para começar (o filme poderia facilmente ter trinta minutos a menos), que não sabe como apresentar seus personagens e que em seu desenvolvimento se mostra ainda mais confusa. Entendo que é found footage, mas é tudo muito escuro e os manuseios mal feitos da câmera dificultam qualquer entendimento. E, eu não sou diretor... ora, só vejo os filmes! Mas, vem cá... Não acho que found footage era pra ser como foi feito aqui.
"Ah, mas é uma experiência e..." tá, beleza. Guarde esse discurso pois ele não me interessa. Esse filme não é uma boa experiência sob nenhuma ótica possível. É apenas... ruim. Bem ruim. Ao ponto de que quase chega a ser engraçado.
Acho que ha obras que são feitas somente com o objetivo de chocar e causar polêmica. "Blonde" se encaixa perfeitamente nessas categorias. Eu poderia ter comprado a ideia de uma abordagem mais sombria sobre uma das maiores personalidades do século XX se o roteiro e a direção não fossem tão... preguiçosos e vagabundos. Não encontro outras palavras para definir essa atrocidade.
Tudo aqui, absolutamente tudo, é feito para chocar e causar espanto, enquanto há uma clara diminuição na imagem da Marilyn como uma mulher. E o pior é que o filme o faz de uma maneira como se ela de fato tivesse sido assim durante sua vida inteira: uma pessoa desequilibrada, inconsistente e louca por atenção. E sim, ela teve problemas em sua vida particular. Mas a maneira como este roteiro podre conduz sua história, me pareceu uma exaltação a esses problemas e um desejo de mostra-la como um um ser abjeto.
Trabalhar a dramaticidade não significa expor sucessivas cenas de sofrimento na tela durante quase três horas. Mas esse filme não entende isso. Ele vai se tornando mais confortável em expor as dores de sua protagonista, em mostrar ela se submetendo a coisas absurdas que apenas a deixam mais frágil.
Particularmente, não posso dizer que sou fã da Marilyn. De fato, não conheço tanto de seus trabalhos (algo que preciso corrigir), somente aquilo que já adentrou na nossa cultura e algumas cinebiografias. Mas me incomoda ver tamanha distorção da realidade com o objetivo de exaltar o sofrimento. Esse filme é esquecífvel.
Aftersun é uma experiência bastante intimista, o que é algo que gosto bastante, mas aqui em particular confesso que não consegui me conectar muito bem devido ao ritmo que me deixou bastante incomodado em várias partes.
Ponto forte da obra é a maneira como o roteiro trabalha a melancolia contrastando com os momentos mais felizes dos personagens, com um sabendo o que o outro está pensando. O Calum ama a filha dele e só quer deixar boas lembranças para ela, mesmo que sua tristeza seja algo bastante visível para Sophie. Mas ele é um pai, e aqui o filme foi bastante feliz na maneira como representou uma paternidade presente e preocupada com o futuro da filha, e que ele se sacrificaria e colocaria seus próprios sentimentos de lado para priorizar os de Sophie. Mas a garota vê o pai, enxerga ele claramente e o peso mental que o mesmo sofre. É uma relação bonita, de cumplicidade e companheirismo em todas as horas, algo que a Sophie do futuro definitivamente não esqueceria.
É, não tem como: isso aqui é perfeito. "Top Gun: Maverick" consegue voar alto e de forma brilhante, tanto em seus aspectos técnicos quanto em sua história. O roteiro realmente conta algo que vai além das cenas de ação áereas e nos aproxima dos seus personagens de uma forma sensível e envolvente.
Gosto muito do Miles Teller, acho que ele possui um talento sem igual e, embora não tenha mostrado tudo aqui, o ator se conecta bem com o Tom Cruise e cria uma boa fórmula para a trama. Também curti muito a Jennifer Connelly, com uma personagem que deu um ar mais leve para a vida do Maverick. Este, por sua vez, continua carregando a culpa pelo que aconteceu no primeiro filme. Devo dizer que a maneira como essas cenas mais dramáticas foram trabalhadas nessa sequência me convenceram mais do que todo o primeiro Top Gun. Mas entendo que são décadas que separam as duas obras, e momentos diferentes do cinema e na abordagem de enredo dos filmes desse gênero.
A direção é um espetáculo, aproveitando muito bem as belíssimas paisagens como plano de fundo e tendo um jogo de câmeras que não deixam o espectador perdido em meio a tantas manobras. Ponto positivo para a maneira como exploraram esses cenários.
O filme funciona demais. Fiquei realmente surpreso pois não esperava que fosse gostar tanto (uma vez que também não fui muito com a cara do primeiro). O tempo fez muito bem para Maverick.
talvez de fato tenha sido incrível para a época, mas só consegui ver agora e... não perdi muita coisa. infinitamente chato. ao menos as cenas de ação são bem feitas.
É um filme com um sensibilidade incrível, que se pauta de forma extraordinária pelos seus diálogos reais. Gostei do espaço que cada atriz ganhou, e a Sarah Polley conseguiu gerenciar esses espaços de uma maneira que conseguimos identificar cada personagem e seus medos. As cores da obra expressão bastante a melancolia ao redor daquelas escolhas, o que me pareceu uma decisão acertada. Como não conhecia o livro,
A depressão é silenciosa: ela vai lhe consumindo, corroendo todos os bons sentimentos e diminuindo sua existência. Ela lhe reduz a uma simples casca. The Whale sabe abordar muito bem todas essas dimensões dessa doença e o impacto causado nas pessoas próximas, ao nos apresentar um personagem que abraça a tragédia e desiste de si.
O filme possui esse viés intimista muito bem arquitetado, nos convidando ao pequeno universo solitário do Charlie. Ele perdeu seu parceiro, ele não tem uma conexão real com a filha. Ele é a imagem de um homem que desistiu da vida, que se pensa como desagradável e fraco, e que guarda muita culpa e dor. Somos levados a uma jornada de autodestruição, na qual Charlie realmente acredita que merece um final miserável. Mas ele também acredita no poder das palavras, e de alguma forma ainda acredita que o ser humano pode ser bom.
O Charlie é interpretado pelo grande Brendan Fraser, que nos dá a atuação da sua carreira. Ele entrega sua vida para o papel, e cria essa conexão com o público no qual é impossível não se emocionar com o protagonista. Sabendo hoje o que ele já sofreu, é perceptível que Fraser expõe suas próprias dores em "The Whale": seu personagem busca alguma redenção com sua filha, enquanto o filme o recupera enquanto ator e mostra que ainda há muito espaço para ele. Sadie Sink, por sua vez, apresenta uma forte personalidade com uma ótima presença de tela.
Havia esquecido que esse filme foi dirigido pelo Darren Aronofsky. E quando vi seu nome na tela, automaticamente pensei "ele vai me dar sucessivos socos no estômago", pois é isso que sinto quando vejo um filme desse diretor. Ele domina a arte do desconforto. E em "The Whale" não foi tão diferente. Filmado somente em um cenário fechado, escuro e sujo, tudo parece mais caótico, apesar de ter poucos personagens. Mas são esses poucos que ditam um ritmo acelerado à obra: eles estão sempre em movimento, sempre com diálogos precisos e sempre acontece algo em alguma cena. Aronofsky faz muito mesmo quando escolhe ter pouco, isso enquanto vai questionando a humanidade daqueles personagens e os fazendo chegar no seu limite.
Enquanto uma pessoa gorda, devo dizer que não senti que o filme foi "gordofóbico", mas sim que trouxe essa discussão sobre a forma como pessoas lidam com o luto e a depressão. O Charlie possui um transtorno alimentar severo, e todos os sentimentos negativos devido a morte de seu namorado o colocaram em um lugar sombrio. Não é fácil lidar com a perda de alguém que amamos, e muitos infelizmente nunca se recuperam. O objetivo aqui, em minha simples interpretação, foi mostrar como nos entregamos em determinadas atividades que, de tanto realizá-las, se tornam destrutivas.
The Whale foi bem o que eu esperava: um drama poderoso que incomoda e que desperta muitos sentimentos conflitantes. Foram as palavras escritas por sua filha que marcaram Charlie, foram essas palavras que ele segurava consigo e que o lembravam de que existia algo que ele podia fazer antes de seu fim. Essa é uma história sobre perda e dor, mas acima de tudo sobre empatia e humanidade.
A pouca participação do Matthew Perry me deixou triste, mas entendo que talvez ele não quisesse falar tanto (e li que ele quase que não participava pois havia feito uma operação dias antes). Mas gostaria que esse especial tivesse dado um pequeno espaço para falarem também sobre os problemas durante as gravações, pois teria dado mais voz ao ator e sinto que seria algo muito bom para ele. Por exemplo: foi bom descobrir que ele se sentia muito mal quando o público não correspondia bem a alguma piada. Esse relato é importante pois outros atores podem se identificar e, talvez, passarem a não se cobrar tanto. Eu amo Friends, mas a realidade é que a série sempre teve dificuldades em lidar com essas questões que a confrontavam diretamente, desde esses aspectos envolvendo o Perry até a sua falta de representatividade.
Senti falta de algumas participações. O Paul Rudd foi uma peça fundamental nas últimas temporadas e deveria ter participado da reunião. Com relação ao James Corden, não gosto dele e não seria diferente aqui. Ele me pareceu muito deslocado. O desfile com as roupas também foi desnecessário, e poderiam ter mostrado as peças de uma maneira mais interessante nos cenários. Ponto positivo para o jogo de perguntas e respostas, lembrando do episódio em que as meninas perdem o apartamento. E o que gostei muito foi dos momentos em que os seis estavam nos cenários conversando, e me pareceu bem mais natural e mostrou que a entrevista do Corden era desnecessária.
Mas, apesar de qualquer coisa, o especial cumpriu bem sua missão: mostrar o que "Friends" foi e continua sendo, enquanto uma série especial que consegue tirar o melhor das pessoas. A mensagem que a série passa é poderosa demais, e para mim vai além de uma sitcom. São seis pessoas que se encontram, seis pessoas que são uma família, seis pessoas que se veem umas nas outras, e isso tudo enquanto tentam viver por essa vida turbulenta.
"eles estão certos ou isso nada mais é que mais uma seita?".
O problema é que ele entrega facilmente as resoluções, explica demais coisas que já são óbvias e de uma maneira que até subestima a inteligência de quem assiste.
Se a obra procurava propor uma grande reflexão sobre o mal que a humanidade causa a si mesma, então falhou. É tudo feito na superficie, desde o relacionamento do casal até a revelação
dos quatro personagens que representavam os cavaleiros do apocalipse (e como se não bastasse essa clareza, o Andrew ainda nos confirma no final).
A tensão do início vai se perdendo ao longo do filme, e daí começamos a ver cenas comuns e diálogos sem nenhum peso. Mas nesse meio sem brilho, ainda assim vale a pena destacar o bom trabalho feito pelo Dave Bautista, que para mim foi o melhor ponto da obra. O Jonathan Groff e o Ben Aldridge até tentam,
ao mostrar personagens com visões diferentes sobre o mundo - o que será determinante para o final.
Mas não senti nenhuma conexão interessante entre os dois ao ponto de me importar com o destino deles. Me pareceu uma relação bastante genérica, na verdade.
Confesso que esperava mais. Havia espaço para um suspense mais denso, com essa mesma pegada apocaliptica. Mas ao final entregaram algo que pesa muito em continuar assistindo depois dos primeiros trinta minutos porque não é um bom entretenimento em nenhum nível.
"T'Challa está morto, mas isso não significa que ele se foi".
"Wakanda Forever" funciona enquanto entretenimento e também como uma bela homenagem ao incrível Chadwick Boseman. Esse segundo filme introduz novos personagens, trabalha temas como o luto de uma maneira real e amplia os horizontes da diversidade cultural de uma forma maravilhosa.
O primeiro ponto que me chama atenção é o conflito de crença da Shuri. Primeiro, perdeu o pai. Agora, perde o seu irmão, que para além de um modelo, era um amigo. Ela se sente culpada por ter esses dons e não poder salvar quem ama. Creio que isso é algo que todos nós que perdemos um ente querido nos perguntamos: "de que adianta eu ser isso ou ter algo, se não consegui salva-lo(a)?". Ela se entrega ainda mais à ciência e passa a se distanciar das tradições do seu povo. Aquele primeiro diálogo da Shuri com sua mãe é um exemplo disso (e o diálogo em que a Rainha Ramonda diz que encontra T'Challa na brisa é absurdo de tão lindo). E nesse sentido, acho pertinente focar na maneira responsável como o filme trata o processo do luto, e dá tempo aos personagens para poder viver esse sentimento de formas diferentes. Ele não busca responder como as pessoas devem viver ao perder alguém, mas certamente para quem já sofreu com perdas é algo que vai deixar reflexões.
Em meio a todas essas crises da Shuri, cabe à sua mãe a responsabilidade do trono e se defender contra países que desejam os recursos de Wakanda. O roteiro acerta no ponto de crítica às políticas internacionais, quando nações belicistas como os EUA (calçados em uma democracia armamentista e exploratória) querem que o vibranium seja simplesmente compartilhado. É nesse meio que surge o Namor, com uma origem modificada daquela apresentada nos quadrinhos. Aqui, ele é um personagem latino, interpretado muito bem pelo Tenoch Huerta, que possui uma ótima presença e consegue transmitir até que bem aquela imponência e arrogância do Namor das HQs. O reino de Talocan ainda têm muito para mostrar, e essa mudança que fizeram em sua origem apenas deixou o personagem mais interessante para mim. Esse Namor viu os horrores da colonização, de como a terra da sua mãe foi tratada pelo homem. Isso dá ainda mais motivações para o ódio do personagem com relação ao povo da superfície. Além de deixa-lo mais complexo, produz essa representatividade tão importante. Precisamos nos sentir mais vistos também nas grandes telas. Isso importa, sim! É mais uma forma de reafirmar a nossa História e de entende-la.
Quanto à minha querida Riri Williams, eu já amava essa garota nas HQs e depois do filme fiquei mais ansioso para ver a série dela. Adorei a interação dela com a Shuri (e quero ver isso em Iron Heart). Ela têm essa personalidade muito marcante, e bom saber que a Dominique deu conta demais e parece bem a vontade.
A Letitia Wright conseguiu segurar o protagonismo, e apesar de todas as polêmicas (espero que ela tenha mudado aquela visão), dentro do filme ela entregou uma Shuri muito legal de ver, que transita entre seus medos e toda aquela inteligência e passa por todos esses conflitos internos. Ela lida bem com a responsabilidade de chamar o filme para si.
Para mim, é impossível desvincular o Chadwick da imagem do Pantera Negra, especialmente quando passamos a saber tanto da História dele e o quão importante o primeiro filme foi. Mas "Wakanda Forever" me parece uma excelente declaração à toda carreira dele. Foi impossível não se emocionar com o final, relembrando todos aqueles momentos. Mas a morte não é o fim. Acho que há um ensinamento muito grande no filme que é a valorização da memória, onde podemos fechar os olhos e sentir que aquela pessoa está conosco novamente. Essas lembranças nunca vão embora, e nelas essas pessoas permanecem vivas para sempre.
O show de luzes me incomoda um pouco, e acaba ofuscando as batalhas em si. Esse também tem sido um problema no anime.
De maneira geral, curti o filme. Achei a história muito boa e a Uta uma baita de uma personagem interessante com um poder tremendo. O momento da batalha final, em que o Usopp e o Yasopp estão sincronizados e o Shanks relembra como encontrou a Uta (da mesma forma que o Roger o encontrou) são muito emocionantes.
E não importa se é canônico, filler, semi filler... nós temos uma certeza:
A Queda
3.2 741 Assista AgoraO filme constrói bem a tensão, e vai direto ao ponto. Mas ele tem alguns problemas de roteiro. Exemplo:
escalar aquela torre sem os equipamentos de segurança necessários é algo que me parece bastante irreal; a mensagem de "aproveite a vida porque ela é curta" é vaga demais dentro do filme (a narração da protagonista na última cena foi péssima), pois me pareceu algo muito genérico, e esse não é o tipo de filme que vai propor uma grande reflexão sobre a nossa existência. Ah, e entregam muito fácil que a Hunter já estava morta naquele ponto. Mas o que me deixou mais p*to da vida foi a excelente ideia de superar o luto de uma forma bastante perigosa e irresponsável... e novamente: com zero segurança. Como duas pessoas podem olhar para uma estrutura toda enferrujada e dizer "é uma ótima ideia, vamos subir!"?!
"Ah, mas é ficção", beleza, eu entendo. Mas acho que esse filme abusou um pouco da minha vontade. Não comprei a ideia. Mas a direção é eficiente e o suspense é bem montado. No fim, vale a pena... apesar dos absurdos.
Sombras do Passado
3.3 87 Assista AgoraAcho que o filme se perde um pouco da metade até seu ato final, especialmente na construção do suspense. Chegou um ponto em que estava um tanto previsível, e passamos a entender que, de fato o
David existiu, mas aquele que está ali no presente é uma projeção da protagonista, um delírio devido a alguma condição psiquiátrica. E a cena final, com ela encarando a câmera e mudando de expressão aos poucos, vai revelando o horror psicológico pelo qual passou.
As cenas mais "gore" poderiam ter sido facilmente excluídas, pois em nada acrescentam para a história. O grande destaque vai para a Rebeca Hall que entrega uma atuação estupenda, realmente magnifíca. Ela leva carrega o filme com uma facilidade absurda.
Clímax
3.6 1,1K Assista AgoraGaspar Noé é sempre uma experiência... seja ela boa ou ruim, mas certamente inquieta, reflexiva e poderosa. O diretor capta a essência das perturbações humanas, e sabe transmitir como ninguém esses sentimentos caóticos para seu público. O jogo de câmeras lê personagens e cenários de forma envolvente, pessoal e convidadativa, mostrando a mistura de céu e inferno desenvolvida na mente daqueles indivíduos.
É muito interessante como aquela máscara dos personagens vai se desfazendo à medida que se entregam às suas vontades mais primitivas. A "inocência" e a beleza artística das palavras presentes no começo (quando estão sendo entrevistados) se perdem em meio aos desejos mais profundos e corruptos, e então vemos medo, inseguranças e busca pelo prazer.
Eu diria que esse é um filme para quem está em um bom dia (ou com um ótimo psicológico). Há cenas que podem despertar gatilhos emocionais, então recomendo ver somente se estiver bem para tanto.
A vida é fugaz. Nós somos momentos. Para Noé, a vida é quase como se fosse um "peso necessário". Ele aborda essa visão negativa sobre a vida como poucos diretores o fazem, explorando toda a miséria da existência de uma forma realmente forte. E em "Climax" isso não é diferente.
Luta Por Justiça
4.2 250 Assista AgoraBaseado em acontecimentos reais, esse filme é um retrato de como o sistema judicial e carcerário dos EUA trata pessoas negras e pobres. É uma narrativa poderosa sobre as injustiças desse meio, os diversos abusos de poder das autoridades e a irresponsabilidade por parte de advogados e promotores. É uma obra que mostra como todo esse sistema, feito por homens brancos e profundamente intolerante, está pronto para subjugar e culpabilizar corpos negros.
"Just Mercy" mostra homens negros e pobres que foram condenados a pena de morte. Bryan (interpretado pelo Michael B. Jordan), um advogado recém-formado, se engaja fortemente em tirar seus clientes desse fim. E então começa sua relação com Johnny D (Michael J. Fox), que foi culpado pela morte de uma mulher. Mas há diversas inconsistências no caso, e Bryan está determinado a provar a inocência de Johnny. Interessante apontar a crítica do roteiro à pena capital, principalmente quando se trata de negros e pobres, pois sabemos muito bem que muitos estão naqueles corredores porque o julgamento para eles é sempre desproporcional: recebem condenações mais extremas, são incriminados ou mesmo não tem uma defesa adequada para olhar todos os ângulos dos processos.
Pessoas negras já tem o "não" mesmo antes de nascerem, fruto de uma sociedade racista e que se orgulha de seu passado escravocrata (e isso tanto nos EUA quanto no Brasil). Eles têm sua subjetividade apagada. E não importa qual posição na escala social ocupem. Uma cena do filme, logo no começo, chama atenção:
quando Bryan é forçado a tirar a roupa quando vai visitar um cliente na prisão. Advogado nenhum precisa passar por isso, mas o policial submeteu Bryan a essa humilhação. Este, por sua vez, se sentiu exposto e diminuido.
Aqui, preciso destacar a excelente atuação do Michael B. Jordan. Seus diálogos são fortes e precisos, e o personagem traz uma presença de tela assustadora. É belíssimo! Quando o Michael J. Fox interage com ele, fica melhor. São dois deuses em tela, que conseguem transmitir todas as dores de seus respectivos personagens.
O roteiro é real, humano e se conecta bem com o espectador. Foi impossível não chorar ao final, e também ficar revoltado com várias ações dos racistas malditos. O filme acaba e continuamos pensando: quantos homens e mulheres já não foram presos injustamente? E quantos ainda permanecem no corredor da morte devido as falhas do sistema judicial? É sempre bom apontar como os EUA se imaginam como a civilização que reinventou a democracia, como o panteão da moralidade e da liberdade, mas que viola o Estado de direito - e todos os casos desse filme são exemplos disso. A justiça naquele país é infelizmente destinada para um seleto grupo.
Mas há algo que esse filme e a própria história do Walter "Johnny D." McMillian nos ensina: é preciso ter fé, é necessário ter esperança que a justiça prevaleça para todos, tal qual Atticus Finch buscou em "O Sol é Para Todos".
A Hora da Escuridão
2.4 842 Assista AgoraImaginava que pudesse ser ruim, mas não tanto. Considerando o baixo orçamento e que foi lançado em 2011, até que os efeitos não são ruins. Mas o enredo é mal direcionado, e os personagens não tem carisma algum. Tudo mal executado.
O Estrangulador de Boston
3.3 106É um filme que vai direto ao ponto, mas a criação de uma atmosfera de suspense sai prejudicada. Outro ponto que levanto é a má organização do roteiro ao contar os acontecimentos, o que torna alguns pontos um pouco confusos.
Mesmo com quase duas horas de duração, a história perde um pouco de foco.
Vai em cada núcleo na vida da Loretta (a Jean é deixada completamente em segundo plano, o que me incomodou muito) e das investigações, e a consequência são cenas superficiais e previsíveis.
Um bom filme para quem se interessa por true crime, mas talvez seja melhor conhecer mais da história antes (eu não conhecia) e talvez o filme em si se torne uma experiência melhor.
[spoiler][/spoiler]
Pânico
3.4 1,1K Assista AgoraCurti mais pelas referências a própria franquia e aos outros filmes de terror. Pontos negativos para o quão previsível o roteiro foi, e para a Melissa Barrera que passa uma personagem fraca e sem carisma. Aliás, pode ser somente impressão minha, mas parece que nenhum dos atores veteranos da franquia também estava lá com muita vontade em suas expressões. E os novos são bem ruins, com excessão da Jenna Ortega.
O Pior Vizinho do Mundo
4.0 495 Assista AgoraE aqui o trailer me enganou direitinho. Esperava de fato uma daquelas comédias escrachadas, bem piadas quinta série com o personagem mal humorado e etc. Mas fui positivamente surpreendido por um drama forte sobre a forma como nossas relações podem nos dar novos significados e objetivos, mesmo quando achamos que a vida acabou. Ainda há algumas doses pontuais de humor, mas de forma geral esse é um filme que vai lhe pegar pelo seu forte sentimentalismo.
Não conhecia o livro e o filme sueco, então também fiquei surpreso por algumas cenas. Logo, é necessário alertar que há coisas que podem despertar gatilhos emocionais. A carga dramática é bastante elevada. Não são cenas irresponsáveis (não há nada violento ou coisa parecida), mas que servem para a trama mostrar como o Otto é um homem com raiva do mundo e que está sofrendo. O filme precisava inserir o Otto em lugares emocionais complicados, que podem ser sensíveis para o espectador... então é bom deixar como aviso.
Esse sofrimento do Otto é muito bem explicado, e o roteiro é sensível e bonito na forma como aborda o passado dele Os personagens de apoio também possuem suas próprias questões e cada um tem um bom espaço de tela, dando mais profundidade à obra.
Otto é um homem quebrado, mas que no fundo ainda deseja viver. Acho que muitos conseguem se identificar com isso. Ele tem essa tristeza que parece nunca ir embora. Mas as vezes a vida se encarrega de nos dar as pessoas certas que podem nos salvar, e nos mostrar que há mais do que o mundo preto e branco. São nesses momentos de pura imprevisibilidade que mágicas acontecem, amizades impossíveis são criadas e nós despertamos para continuarmos de onde paramos.
Argentina, 1985
4.3 334Ditadura nunca mais!
A América Latina viu vários regimes ditatoriais emergirem ao longo da segunda metade do século XX, muito também potencializado pelo esforço dos EUA em ganhar espaços de influência (lembremos: contexto da guerra fria com a URSS). Opositores tiveram seus direitos políticos caçados, pessoas eram perseguidas, torturadas das maneiras mais desumanas possíveis e assassinadas, tudo em nome da dita "proteção nacional" que não passava de um sadismo e uma necessidade de impor um sistema de poder baseado na força e intimidação.
O filme é uma forma de exaltar as memórias daqueles que foram perseguidos pelos militares na Argentina, para que ninguém esqueça dos desaparecidos e para que a justiça seja feita. Os relatos dos personagens são emocionantes porque sabemos que são dolorosamente reais, que aquelas situações ocorreram na realidade de formas muito piores. Podemos ler, podemos ver esses filmes e esses documentários, ouvir depoimentos de sobreviventes dos porões de tortura... mas nunca entenderemos a intensidade da dor que aquelas pessoas sofreram em seus corpos, ou por terem perdido parentes e por não se sentirem acolhidas por um Estado que deveria protege-las.
As condenações não foram o suficiente. Elas não fizeram justiça ao povo argentino. Quando pesquisamos sobre, alguns receberam até indultos do presidente Carlos Saúl Menem em 1990 (anos depois, foram novamente sentenciados).
"Argentina, 1985" nos mostra aquilo que sempre devemos combater: o discurso fascista, os crimes contra a humanidade e o ódio ao diferente. Nos mostra que é preciso lembrar do passado, respeitar as memórias e, acima de tudo, exaltar a democracia e o livre pensamento. Mas esse é só um filme que nos dá essa dimensão. A real mudança começa quando entendermos a importância da educação e da História para a formação de uma nação, para que crimes contra a humanidade não sejam relativizados (como infelizmentes vimos acontecer durante o próprio regime militar no Brasil e nos últimos quatro anos através de um governo que estava rindo enquanto pessoas estavam morrendo numa pandemia). Infelizmente ainda há muitos defensores dessas atrocidades... mas a História sempre se encarrega de coloca-los no seu devido lugar de insignificância.
"Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça
DITADURA NUNCA MAIS!"
The Outwaters
1.8 75Ah, a força da boa publicidade, né? Tantos sites noticiando que pessoas "passaram mal" com esse filme, vi até youtuber que acompanho falando para "se preparar" para ver esse. E por um lado eu compreendo, cada um com sua sensibilidade. Mas para quem já assiste esse tipo de obra, percebe que "The Outwaters" não tem absolutamente NADA demais. Talvez a última cena seja a mais forte, mas a única coisa que pensei foi na quantidade de molhos de tomate gastos para fazer aquilo.
Uma história que demora muito para começar (o filme poderia facilmente ter trinta minutos a menos), que não sabe como apresentar seus personagens e que em seu desenvolvimento se mostra ainda mais confusa. Entendo que é found footage, mas é tudo muito escuro e os manuseios mal feitos da câmera dificultam qualquer entendimento. E, eu não sou diretor... ora, só vejo os filmes! Mas, vem cá... Não acho que found footage era pra ser como foi feito aqui.
"Ah, mas é uma experiência e..." tá, beleza. Guarde esse discurso pois ele não me interessa. Esse filme não é uma boa experiência sob nenhuma ótica possível. É apenas... ruim. Bem ruim. Ao ponto de que quase chega a ser engraçado.
A Sorte Grande
3.4 89 Assista AgoraÉ o típico filme sobre redenção que já vimos muitas vezes, e nem por isso é menos confortável. Curti bastante.
Blonde
2.6 443 Assista AgoraAcho que ha obras que são feitas somente com o objetivo de chocar e causar polêmica. "Blonde" se encaixa perfeitamente nessas categorias. Eu poderia ter comprado a ideia de uma abordagem mais sombria sobre uma das maiores personalidades do século XX se o roteiro e a direção não fossem tão... preguiçosos e vagabundos. Não encontro outras palavras para definir essa atrocidade.
Tudo aqui, absolutamente tudo, é feito para chocar e causar espanto, enquanto há uma clara diminuição na imagem da Marilyn como uma mulher. E o pior é que o filme o faz de uma maneira como se ela de fato tivesse sido assim durante sua vida inteira: uma pessoa desequilibrada, inconsistente e louca por atenção. E sim, ela teve problemas em sua vida particular. Mas a maneira como este roteiro podre conduz sua história, me pareceu uma exaltação a esses problemas e um desejo de mostra-la como um um ser abjeto.
Trabalhar a dramaticidade não significa expor sucessivas cenas de sofrimento na tela durante quase três horas. Mas esse filme não entende isso. Ele vai se tornando mais confortável em expor as dores de sua protagonista, em mostrar ela se submetendo a coisas absurdas que apenas a deixam mais frágil.
Particularmente, não posso dizer que sou fã da Marilyn. De fato, não conheço tanto de seus trabalhos (algo que preciso corrigir), somente aquilo que já adentrou na nossa cultura e algumas cinebiografias. Mas me incomoda ver tamanha distorção da realidade com o objetivo de exaltar o sofrimento. Esse filme é esquecífvel.
Aftersun
4.1 707Aftersun é uma experiência bastante intimista, o que é algo que gosto bastante, mas aqui em particular confesso que não consegui me conectar muito bem devido ao ritmo que me deixou bastante incomodado em várias partes.
Ponto forte da obra é a maneira como o roteiro trabalha a melancolia contrastando com os momentos mais felizes dos personagens, com um sabendo o que o outro está pensando. O Calum ama a filha dele e só quer deixar boas lembranças para ela, mesmo que sua tristeza seja algo bastante visível para Sophie. Mas ele é um pai, e aqui o filme foi bastante feliz na maneira como representou uma paternidade presente e preocupada com o futuro da filha, e que ele se sacrificaria e colocaria seus próprios sentimentos de lado para priorizar os de Sophie. Mas a garota vê o pai, enxerga ele claramente e o peso mental que o mesmo sofre. É uma relação bonita, de cumplicidade e companheirismo em todas as horas, algo que a Sophie do futuro definitivamente não esqueceria.
Viver
3.3 75Bill Nighy gigante. Embora a obra seja simples, o ator a carrega de uma forma graciosa e emocionante. É de uma sensibilidade muito bonita. Incrível.
Top Gun: Maverick
4.1 1,1K Assista AgoraÉ, não tem como: isso aqui é perfeito. "Top Gun: Maverick" consegue voar alto e de forma brilhante, tanto em seus aspectos técnicos quanto em sua história. O roteiro realmente conta algo que vai além das cenas de ação áereas e nos aproxima dos seus personagens de uma forma sensível e envolvente.
Gosto muito do Miles Teller, acho que ele possui um talento sem igual e, embora não tenha mostrado tudo aqui, o ator se conecta bem com o Tom Cruise e cria uma boa fórmula para a trama. Também curti muito a Jennifer Connelly, com uma personagem que deu um ar mais leve para a vida do Maverick. Este, por sua vez, continua carregando a culpa pelo que aconteceu no primeiro filme. Devo dizer que a maneira como essas cenas mais dramáticas foram trabalhadas nessa sequência me convenceram mais do que todo o primeiro Top Gun. Mas entendo que são décadas que separam as duas obras, e momentos diferentes do cinema e na abordagem de enredo dos filmes desse gênero.
A direção é um espetáculo, aproveitando muito bem as belíssimas paisagens como plano de fundo e tendo um jogo de câmeras que não deixam o espectador perdido em meio a tantas manobras. Ponto positivo para a maneira como exploraram esses cenários.
O filme funciona demais. Fiquei realmente surpreso pois não esperava que fosse gostar tanto (uma vez que também não fui muito com a cara do primeiro). O tempo fez muito bem para Maverick.
Top Gun: Ases Indomáveis
3.5 922 Assista Agoratalvez de fato tenha sido incrível para a época, mas só consegui ver agora e... não perdi muita coisa. infinitamente chato. ao menos as cenas de ação são bem feitas.
Entre Mulheres
3.7 262É um filme com um sensibilidade incrível, que se pauta de forma extraordinária pelos seus diálogos reais. Gostei do espaço que cada atriz ganhou, e a Sarah Polley conseguiu gerenciar esses espaços de uma maneira que conseguimos identificar cada personagem e seus medos. As cores da obra expressão bastante a melancolia ao redor daquelas escolhas, o que me pareceu uma decisão acertada. Como não conhecia o livro,
fiquei surpreso por saber que se passava em 2010, mas para mim isso só mostra como a ambientação e o figurino foram bem construídos.
A Baleia
4.0 1,0K Assista AgoraA depressão é silenciosa: ela vai lhe consumindo, corroendo todos os bons sentimentos e diminuindo sua existência. Ela lhe reduz a uma simples casca. The Whale sabe abordar muito bem todas essas dimensões dessa doença e o impacto causado nas pessoas próximas, ao nos apresentar um personagem que abraça a tragédia e desiste de si.
O filme possui esse viés intimista muito bem arquitetado, nos convidando ao pequeno universo solitário do Charlie. Ele perdeu seu parceiro, ele não tem uma conexão real com a filha. Ele é a imagem de um homem que desistiu da vida, que se pensa como desagradável e fraco, e que guarda muita culpa e dor. Somos levados a uma jornada de autodestruição, na qual Charlie realmente acredita que merece um final miserável. Mas ele também acredita no poder das palavras, e de alguma forma ainda acredita que o ser humano pode ser bom.
O Charlie é interpretado pelo grande Brendan Fraser, que nos dá a atuação da sua carreira. Ele entrega sua vida para o papel, e cria essa conexão com o público no qual é impossível não se emocionar com o protagonista. Sabendo hoje o que ele já sofreu, é perceptível que Fraser expõe suas próprias dores em "The Whale": seu personagem busca alguma redenção com sua filha, enquanto o filme o recupera enquanto ator e mostra que ainda há muito espaço para ele. Sadie Sink, por sua vez, apresenta uma forte personalidade com uma ótima presença de tela.
Havia esquecido que esse filme foi dirigido pelo Darren Aronofsky. E quando vi seu nome na tela, automaticamente pensei "ele vai me dar sucessivos socos no estômago", pois é isso que sinto quando vejo um filme desse diretor. Ele domina a arte do desconforto. E em "The Whale" não foi tão diferente. Filmado somente em um cenário fechado, escuro e sujo, tudo parece mais caótico, apesar de ter poucos personagens. Mas são esses poucos que ditam um ritmo acelerado à obra: eles estão sempre em movimento, sempre com diálogos precisos e sempre acontece algo em alguma cena. Aronofsky faz muito mesmo quando escolhe ter pouco, isso enquanto vai questionando a humanidade daqueles personagens e os fazendo chegar no seu limite.
Enquanto uma pessoa gorda, devo dizer que não senti que o filme foi "gordofóbico", mas sim que trouxe essa discussão sobre a forma como pessoas lidam com o luto e a depressão. O Charlie possui um transtorno alimentar severo, e todos os sentimentos negativos devido a morte de seu namorado o colocaram em um lugar sombrio. Não é fácil lidar com a perda de alguém que amamos, e muitos infelizmente nunca se recuperam. O objetivo aqui, em minha simples interpretação, foi mostrar como nos entregamos em determinadas atividades que, de tanto realizá-las, se tornam destrutivas.
The Whale foi bem o que eu esperava: um drama poderoso que incomoda e que desperta muitos sentimentos conflitantes. Foram as palavras escritas por sua filha que marcaram Charlie, foram essas palavras que ele segurava consigo e que o lembravam de que existia algo que ele podia fazer antes de seu fim. Essa é uma história sobre perda e dor, mas acima de tudo sobre empatia e humanidade.
Friends: A Reunião
4.2 329 Assista AgoraA pouca participação do Matthew Perry me deixou triste, mas entendo que talvez ele não quisesse falar tanto (e li que ele quase que não participava pois havia feito uma operação dias antes). Mas gostaria que esse especial tivesse dado um pequeno espaço para falarem também sobre os problemas durante as gravações, pois teria dado mais voz ao ator e sinto que seria algo muito bom para ele. Por exemplo: foi bom descobrir que ele se sentia muito mal quando o público não correspondia bem a alguma piada. Esse relato é importante pois outros atores podem se identificar e, talvez, passarem a não se cobrar tanto. Eu amo Friends, mas a realidade é que a série sempre teve dificuldades em lidar com essas questões que a confrontavam diretamente, desde esses aspectos envolvendo o Perry até a sua falta de representatividade.
Senti falta de algumas participações. O Paul Rudd foi uma peça fundamental nas últimas temporadas e deveria ter participado da reunião. Com relação ao James Corden, não gosto dele e não seria diferente aqui. Ele me pareceu muito deslocado. O desfile com as roupas também foi desnecessário, e poderiam ter mostrado as peças de uma maneira mais interessante nos cenários. Ponto positivo para o jogo de perguntas e respostas, lembrando do episódio em que as meninas perdem o apartamento. E o que gostei muito foi dos momentos em que os seis estavam nos cenários conversando, e me pareceu bem mais natural e mostrou que a entrevista do Corden era desnecessária.
Mas, apesar de qualquer coisa, o especial cumpriu bem sua missão: mostrar o que "Friends" foi e continua sendo, enquanto uma série especial que consegue tirar o melhor das pessoas. A mensagem que a série passa é poderosa demais, e para mim vai além de uma sitcom. São seis pessoas que se encontram, seis pessoas que são uma família, seis pessoas que se veem umas nas outras, e isso tudo enquanto tentam viver por essa vida turbulenta.
Batem à Porta
3.1 564 Assista AgoraO filme vai criando uma boa atmosfera no começo, e vai trabalhando com a dúvida:
"eles estão certos ou isso nada mais é que mais uma seita?".
Se a obra procurava propor uma grande reflexão sobre o mal que a humanidade causa a si mesma, então falhou. É tudo feito na superficie, desde o relacionamento do casal até a revelação
dos quatro personagens que representavam os cavaleiros do apocalipse (e como se não bastasse essa clareza, o Andrew ainda nos confirma no final).
A tensão do início vai se perdendo ao longo do filme, e daí começamos a ver cenas comuns e diálogos sem nenhum peso. Mas nesse meio sem brilho, ainda assim vale a pena destacar o bom trabalho feito pelo Dave Bautista, que para mim foi o melhor ponto da obra. O Jonathan Groff e o Ben Aldridge até tentam,
ao mostrar personagens com visões diferentes sobre o mundo - o que será determinante para o final.
Confesso que esperava mais. Havia espaço para um suspense mais denso, com essa mesma pegada apocaliptica. Mas ao final entregaram algo que pesa muito em continuar assistindo depois dos primeiros trinta minutos porque não é um bom entretenimento em nenhum nível.
Acima de Qualquer Suspeita
3.6 102 Assista AgoraBom filme. Curti bastante o final, mas não precisa daquela
explicação toda da esposa. Mas gostei dessa surpresa pois não imaginava que tinha sido ela.
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
3.5 799 Assista Agora"T'Challa está morto, mas isso não significa que ele se foi".
"Wakanda Forever" funciona enquanto entretenimento e também como uma bela homenagem ao incrível Chadwick Boseman. Esse segundo filme introduz novos personagens, trabalha temas como o luto de uma maneira real e amplia os horizontes da diversidade cultural de uma forma maravilhosa.
O primeiro ponto que me chama atenção é o conflito de crença da Shuri. Primeiro, perdeu o pai. Agora, perde o seu irmão, que para além de um modelo, era um amigo. Ela se sente culpada por ter esses dons e não poder salvar quem ama. Creio que isso é algo que todos nós que perdemos um ente querido nos perguntamos: "de que adianta eu ser isso ou ter algo, se não consegui salva-lo(a)?". Ela se entrega ainda mais à ciência e passa a se distanciar das tradições do seu povo. Aquele primeiro diálogo da Shuri com sua mãe é um exemplo disso (e o diálogo em que a Rainha Ramonda diz que encontra T'Challa na brisa é absurdo de tão lindo). E nesse sentido, acho pertinente focar na maneira responsável como o filme trata o processo do luto, e dá tempo aos personagens para poder viver esse sentimento de formas diferentes. Ele não busca responder como as pessoas devem viver ao perder alguém, mas certamente para quem já sofreu com perdas é algo que vai deixar reflexões.
Em meio a todas essas crises da Shuri, cabe à sua mãe a responsabilidade do trono e se defender contra países que desejam os recursos de Wakanda. O roteiro acerta no ponto de crítica às políticas internacionais, quando nações belicistas como os EUA (calçados em uma democracia armamentista e exploratória) querem que o vibranium seja simplesmente compartilhado. É nesse meio que surge o Namor, com uma origem modificada daquela apresentada nos quadrinhos. Aqui, ele é um personagem latino, interpretado muito bem pelo Tenoch Huerta, que possui uma ótima presença e consegue transmitir até que bem aquela imponência e arrogância do Namor das HQs. O reino de Talocan ainda têm muito para mostrar, e essa mudança que fizeram em sua origem apenas deixou o personagem mais interessante para mim. Esse Namor viu os horrores da colonização, de como a terra da sua mãe foi tratada pelo homem. Isso dá ainda mais motivações para o ódio do personagem com relação ao povo da superfície. Além de deixa-lo mais complexo, produz essa representatividade tão importante. Precisamos nos sentir mais vistos também nas grandes telas. Isso importa, sim! É mais uma forma de reafirmar a nossa História e de entende-la.
Quanto à minha querida Riri Williams, eu já amava essa garota nas HQs e depois do filme fiquei mais ansioso para ver a série dela. Adorei a interação dela com a Shuri (e quero ver isso em Iron Heart). Ela têm essa personalidade muito marcante, e bom saber que a Dominique deu conta demais e parece bem a vontade.
A Letitia Wright conseguiu segurar o protagonismo, e apesar de todas as polêmicas (espero que ela tenha mudado aquela visão), dentro do filme ela entregou uma Shuri muito legal de ver, que transita entre seus medos e toda aquela inteligência e passa por todos esses conflitos internos. Ela lida bem com a responsabilidade de chamar o filme para si.
Para mim, é impossível desvincular o Chadwick da imagem do Pantera Negra, especialmente quando passamos a saber tanto da História dele e o quão importante o primeiro filme foi. Mas "Wakanda Forever" me parece uma excelente declaração à toda carreira dele. Foi impossível não se emocionar com o final, relembrando todos aqueles momentos. Mas a morte não é o fim. Acho que há um ensinamento muito grande no filme que é a valorização da memória, onde podemos fechar os olhos e sentir que aquela pessoa está conosco novamente. Essas lembranças nunca vão embora, e nelas essas pessoas permanecem vivas para sempre.
One Piece Film: Red
3.2 37O show de luzes me incomoda um pouco, e acaba ofuscando as batalhas em si. Esse também tem sido um problema no anime.
De maneira geral, curti o filme. Achei a história muito boa e a Uta uma baita de uma personagem interessante com um poder tremendo. O momento da batalha final, em que o Usopp e o Yasopp estão sincronizados e o Shanks relembra como encontrou a Uta (da mesma forma que o Roger o encontrou) são muito emocionantes.
E não importa se é canônico, filler, semi filler... nós temos uma certeza:
o Shanks SEMPRE vai tocar o terror em algum almirante e eles vão arregar.
Mortal Kombat Legends: Cegueira Glacial
3.3 20 Assista AgoraTalvez o melhor dessa série, pois teve mais espaço para uma contar uma história e abordar os personagens. Ótima animação.