Mulheres na estrada. Uma temporada sobre recomeços. Os caminhos cheios de incertezas tiram da zona de conforto, testam fortemente relações e expõem o difícil momento profissional de carreiras de diferentes tamanhos. Mas há também o outro lado. As soluções que o palco tanto precisa estão no olhar sincero para si mesmo. E isso só foi e seria possível graças as decepções, acertos de contas, tentativas de aproximação, improvisos e surpresas desses inesperados encontros e reencontros.
"Hacks" sabe muito bem tirar o melhor do pior. A série consegue provocar genuínas risadas quando mostra seus personagens no fundo do poço e emocionar com demonstrações de afeto, reconhecimento e apoio muitas vezes inesperados.
As respostas para a renovação e o sucesso não eram tão difíceis de se achar, porém apenas a troca mostrou o caminho. Deborah é a segurança de Ava. Ava é a inesperada força que ajuda Deborah a continuar. Dois talentos formam uma joia de dupla que se encontrou e tornou-se mais apaixonante com o amadurecimento de ambas.
O gesto de carinho no final que passou por cima de qualquer egoísmo colocou elas em outro lugar, engrandeceu essa relação e a temporada. Essas duas mulheres merecem brilhar muito. "The One, The Only" poderia tranquilamente ser o último episódio dessa bela obra. Felizmente teremos mais "Hacks" pela frente.
Que o futuro de Deborah e Ava seja tão divertido, bonito e delicioso quanto o texto da série.
A jornada de Barry, o protagonista, desde o início da série sempre foi movida por essa luz de mudança, que surgiu de forma surpreendente ao abraçar a possibilidade de atuar e levou o personagem a vislumbrar um rumo totalmente diferente para a sua triste e fria vida. Se nas temporadas passadas Barry viu o inferno se aproximar ao ter que acionar seu lado mais sombrio em momentos que não gostaria, agora pode-se dizer que o inferno chegou.
A luta não é mais apenas para conciliar a vida que se quer ter e aquela que não se quer(e não consegue se livrar). A batalha é também para manter a sanidade. Os demônios internos nunca foram tão intensos. E os perigos e ameaças nunca foram tão imprevisíveis.
Nesta temporada Fuches foi seduzido por uma possível nova existência tranquila, bem acompanhada e longe de tudo e todos. Mas sua sede de vingança falou mais alto. A capacidade do mesmo de reacender ódios e fúrias movimentou bastante a temporada. O mentor mostrou, mais do que nunca, que é a maior ameaça do personagem-título.
Cousineau, o "mentor do bem", se destacou muito nesse terceiro ano. Mantê-lo próximo do personagem principal não era algo simples(após o acontecimento que tanto o afetou e, principalmente, depois da revelação do último episódio da segunda temporada), mas os roteiristas fizeram isso com gigantesca inspiração. A desconcertante dinâmica entre os dois foi irresistível, absolutamente surpreendente. Basicamente a ideia foi: "Vou fazer você me perdoar e amar na marra". Momentos hilários não faltaram.
Hank, a pessoa mais cool e dócil no mais perigoso dos mundos, também teve um arco bom o suficiente para se sustentar mesmo mantendo-se distante da trama principal na maior parte do tempo. O improvável amor coloriu seu tempo em tela, porém vê-lo sair da sua zona de conforto(no mais aterrorizante cenário possível) foi o que o alçou a outro tamanho na série. Hank, definitivamente, não é mais apenas alguém que assiste ao que acontece em sua volta.
E, não pode faltar, temos Sally. A loira brilhou enormemente, tanto que teve tanto espaço para se destacar quanto o seu complicadíssimo namorado. Acompanhamos seu talento sendo reconhecido, vimos o quanto a indústria televisiva pode ser injusta com um bom projeto/artista e seguimos de perto seus passos em direção a escuridão. As inevitáveis explosões não só foram respostas às injustiças como também colocaram para fora(com toda a fúria possível) todo o ódio dos abusos e violência vividas.
Não posso deixar de citar o quanto as participações especiais tiveram papel fundamental nesse ano. Não esqueceremos de Albert e Jim Moss(Robert Wisdom, da obra suprema "The Wire") quanto lembrarmos da temporada. O incrível "starting now", episódio final, não seria o mesmo sem os dois.
O peso e as consequências das perdas foram sentidas por dentro e por fora. Pessoas nunca se recuperaram e recuperarão. Corações foram atrás de uma última ação que traga alguma paz. Corpos vagam sem razão. Realidade, sonho e alucinação, por vezes, não se diferenciam na tela. O inédito semblante de paz surge apenas no mar da inconsciência. A resposta para a sonhada felicidade está aqui? No descanso definitivo? Lembrei de "The Sopranos".
A violência e o passado que Barry tanto quis afastar encontraram suas relações mais próximas. As relações foram afetadas e se modificaram para sempre. E as temidas respostas foram destruidoras. O desespero comovente do personagem é desses que fica guardado na memória do espectador. Que atuação de Bill Hader! Barry teve e terá que conviver com uma nova realidade, com uma existência que perdeu seu chão.
O humor único e inspiradíssimo, as sequências de ação e tensão espetaculares e o profundo drama existencial tornam a série algo único não só na TV atual como também na história da mesma. Atuações, roteiro e direção do mais altíssimo nível.
O envolvimento com o crime, os rastros de morte e as turbulências familiares nunca foram tão grandes como nesta temporada. A ambição dos Byrde tornou-se algo cada vez maior e a habilidade dos mesmos de contornar problemas e encontrar soluções quase impossíveis também.
Wendy tornou-se uma leoa que não abaixa a cabeça e aceita derrotas ao longo do tempo, uma mulher imparável. Entretanto quando se viu ameaçada de perder de vez quem mais ama tornou-se frágil, abriu o coração como nunca antes. Marty usou o sustento da esposa e dos filhos como desculpa por ter se corrompido. Atribuir isso como verdade absoluta seria uma forma de simplificar muito as coisas, mas pode-se dizer que esses personagens(Wendy também) não teriam a força que demonstraram sem o sonho que ambos tem: de viver bem em família num futuro próximo, longe desse caos.
Nos piores momentos de todos os membros comprovamos que apenas a família foi capaz de proteger um ao outro ao longo de toda a série(mesmo com todas as desavenças e diferenças de opinião). Não se trata de estar sempre unidos, e sim do que você é capaz de fazer pelo outro.
A jornada da família protagonista é o que move a história, mas tão intensa quanto é o arco de crescimento e grandes realizações de Ruth. Na quarta temporada a personagem provou que poderia ir muito além do fadado fracasso que acompanha os Langmore, a loira não só reafirmou seu posto como figura mais durona e corajosa da obra como se mostrou alguém inteligente e capaz de ter sucesso em qualquer caminho que ela escolher. Ruth pode não ter tido tudo o que mereceu, porém roubou a cena e foi alguém memorável do início ao fim.
Infelizmente, a quarta temporada sentiu o número maior de episódios. "Ozark" nunca foi brilhante, ainda assim, através de sua narrativa bastante objetiva, sempre entregou muita tensão e acontecimentos marcantes em praticamente todos os episódios. Nesse último ano as coisas caminharam um pouco diferente. Muito da habitual atmosfera de urgência e boa parte da personalidade da série se perdeu. Quando se livrou de figuras ameaçadoras os episódios perderam força, a trama demorou a engrenar/ficou mais repetitiva com o passar do tempo e o tom de humor/deboche que acompanhou Wendy em vários momentos não funcionou.
Difícil não notar também as atitudes pouco convincentes dos personagens em vários instantes - especialmente nos últimos episódios. A cena final, por exemplo, pela forma que foi construída, entregou expressões, ações e reações que vão contra aquilo que conhecemos dos personagens. Definitivamente, o que vimos não é a conclusão dos sonhos.
Em "Ozark" descobrimos algo que aparentava ser o oposto do que vimos inicialmente: a real ameaça está do lado oposto. Não importa o quanto você é perigoso ou está protegido, quando você se envolve com os Byrde seu destino muito provavelmente será ruim.
A série claramente caiu um pouco de qualidade no seu último ano, contudo, agradou na maior parte de sua duração. Wendy, Marty e Ruth vão ficar em nossas memórias.
Entre afastamentos, brigas e um turbilhão de perigos, a escolha pela família falou mais alto.
A América do absurdo, das reparações, do abandono, da invisibilidade e da hipocrisia racial que explode em forma de violência.
Claramente são duas temporadas dentro de uma. A série atingiu tal grau de maturidade, confiança e ambição que não possui o menor medo de arriscar em suas propostas narrativas e abrir totalmente mão de seus personagens principais em vários episódios. Os protagonistas de ontem são os coadjuvantes de hoje. Os personagens servem aos temas propostos e não o contrário.
Os incríveis "Three Slaps", "The Big Payback" e "Rich Wigga, Poor Wigga" são exemplos do quanto deu certo a opção de investir em episódios no formato de antologia - "Trini 2 De Bone" é o outro que não conta com o elenco habitual.
Representações surpreendentes e desconcertantes do presente expõem a tensão racial escondida debaixo do tapete, mostram as iniciativas e o interesse de muitos brancos em relação aos pretos e imigrantes apenas quando convém. Os revoltantes abandonos ignorados pela grande maioria, o desconhecimento e forma desumana que se enxerga pessoas do seu convívio e as respostas há muitas décadas de rejeição e exploração são marcantes.
Um enorme diferencial de "Atlanta" nesta temporada está na opção de ressaltar a perspectiva dos brancos, no incômodo que tanto se nota e na observação de como eles reagem estando contra as cordas, na pele do outro. Apenas essa obra seria capaz de retratar o racismo com tamanha complexidade.
A negação total da realidade e o abraço a uma nova existência. O profundo vazio como grande catalisador de uma revolução pessoal. Uma pergunta fica no ar: até que ponto vale viver uma gigantesca mentira para evitar sofrimento?
Temos também uma viagem de momentos alucinantes/bizarros e grande questionamento existencial. Se o sucesso na carreira é o único ponto de encontro consigo mesmo, não se perder torna-se difícil quando não se encontra respostas e segurança no próprio.
O terceiro ano trouxe personagens questionando suas próprias escolhas e caminhos, deixando em aberto o que farão de seus próximos passos. Van, Paper Boy e cia estão em total sintonia com o momento/as escolhas criativas da obra a qual pertencem: não sabemos de forma alguma o que veremos a seguir, há apenas a certeza que a série continuará se arriscando e sendo muito inventiva.
A temporada dividirá opiniões. "Atlanta" se perdeu em suas mudanças ou acertou ao mergulhar de cabeça em suas experimentações e grandes pretensões? Eu fico com a segunda opção.
Brilhante volta após 4 anos. Uma das mais ricas obras deste século.
Começar a ver esta nova temporada nos relembra o quanto é gostoso acompanhar "The Marvelous Mrs. Maisel". Não dá para deixar de mencionar o deslumbre visual que a série nos proporciona. A ambientação fascinante, a câmera elegante e engenhosa, a belíssima fotografia e os figurinos encantam. E, claro, temos também o texto rápido e delicioso que remete as screwball comedies. O rico texto(cheio de citações a estrelas e obras clássicas mundialmente reconhecidas) é a alma da série, sem ele a mesma não funcionaria.
No quarto ano os coadjuvantes tiveram bastante espaço. Abe, Rose, Susie e Joel deram novos passos, cresceram(de uma forma ou de outra). O quarteto contou com arcos bem definidos e, muito por isso, todos conseguiram se destacar.
Ao longo da temporada, notamos que Midge, a protagonista, movimentou menos sua vida do que estamos acostumados a ver. No final, fica claro, trata-se de um ano sobre uma grande questão que não se pode mais adiar: Midge deve continuar vivendo a carreira inteiramente segundo seus próprios termos? Ou será que essa escolha/momento atual é reflexo do seu medo de falhar novamente?
Assistir uma história sobre uma pandemia imensamente devastadora em plena época de pandemia pode afugentar muitos, mas "Station Eleven" desperta curiosidade e atrai rapidamente.
A atmosfera incomum, os mistérios, as ameaças, as ações com motivações ocultas e a narrativa não linear nos fazem lembrar de "Lost" e "The Leftovers". Contudo, há uma ligação muito profunda com a arte(mais especificamente com o teatro e a literatura) que torna a minissérie uma experiência bem particular de se assistir.
Tanto movendo-se como uma grande missão coletiva quanto como companheira de sobrevivência na solidão, a arte funciona aqui como uma amiga fundamental no processo de cura e de perdão. "Station Eleven" fala de criar novos laços após perder tudo, sobre achar seu caminho e, também, ajudar os outros a encontrarem os seus.
Mackenzie Davis brilha intensamente, do início ao fim. Atriz super expressiva, de grande presença em cena.
Após a felicidade de um grande reconhecimento profissional, vemos que o coração segue ligado ao passado. Os esperados e temidos reencontros, mesmo em diferentes épocas e cenários, seguem afetando e balançando toda a estrutura presente de uma vida.
Mais do que as outras, esta é uma temporada sobre Lenù. Um ano sobre experimentar muito do que se espera da vida adulta - inclusive as armadilhas. Da construção de uma família ao desgaste e estagnação pessoal. Da aparente segurança aos muitos desejos e riscos. Um ano sobre seguir o coração. Os velhos fantasmas e a eterna sombra de Lila, amiga que sempre lhe desperta sentimentos conflitantes, seguem causando desconforto, mas aqui a protagonista parece ter aprendido a lidar melhor com essas questões.
Enquanto Lenù se constrói e desconstrói e Lila encontra seus próprios meios para sobreviver melhor, vemos o lado político da série mais aflorado do que nunca. Há muitas cenas de violência e atentados(algumas realmente pesadas), protestos do movimento feminista(em resposta as agressões diárias) e discussões sobre fascismo e comunismo(inclusive sobre as diferentes formas dos mesmos agirem). A violência e a opressão surgem em todos os cantos, se manifestam de incontáveis formas e intensidades, estão enraizadas e passam de geração para geração.
Temporada de contexto histórico riquíssimo, que fica marcada também pelas complicadas escolhas, importantes mudanças e impactantes acontecimentos. A cena final é uma bela e tocante passagem de bastão. Lindamente escrita e dirigida, "L'Amica Geniale" se consolida(ainda mais) como uma das joias da TV.
A irregularidade ainda pega em alguns momentos, mas dramaticamente a série amadureceu nesta segunda temporada. Quando acerta a mão, "Euphoria" impressiona bastante com sua intensidade e inventividade. As boas e falhas personagens e suas jornadas problemáticas garantem nosso interesse. Lexi é ♡. Muito bom segundo ano.
Anjo ou demônio? Bem ou mal? "Midnight Mass" apresenta personagens que se apegam ao que podem para seguir em frente numa jornada que faça sentido a suas existências. O fanatismo religioso que distorce, cega e alimenta absurdos é uma das grandes questões que movem a obra. Essa opção coletiva constrói algo muito crível e sólido na relações, causando interessantes conflitos entre aqueles que seguem esse caminho e os "resistentes".
Os elementos sobrenaturais e a atmosfera de terror casam muitíssimo bem com os "milagres divinos". Algumas cenas são bastante fortes(em diferentes sentidos) e assustadoras. "Midnight Mass" é tanto uma competente obra de gênero quanto um drama sobre culpa, dor, perda e aceitação da morte.
A ingenuidade quebrada e a descoberta de uma vocação. Culturas e princípios se chocam e aceitam dentro de um mundo dominado por constantes jogos de interesses.
Sátira super envolvente e dinâmica. "The Great" abraça o caos dos absurdos cotidianos de outrora e mergulha sem nenhum pudor nas particularidades da vida na realeza e na relação da mesma com seu povo. Vinganças, conspirações, traições, ciúme, amor, violência e nenhum pingo de remorso. Tudo isso sempre guiado(ou quase sempre) por um humor surpreendente.
Bela dinâmica entre Elle Fanning e Nicholas Hoult.
A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena.
A sábia frase do mestre Seu Madruga pode fazer total sentido, mas vemos nesta temporada de "The Handmaid's Tale" que o sabor da vingança pode ser não apenas delicioso, mas também fundamental para que as mulheres da obra possam seguir em frente. Infelizmente, a série segue caindo de qualidade, nem a excelente Elisabeth Moss está tão bem no papel como antes.
Desde o primeiro episódio "It's Always Sunny in Philadelphia" mostra que não terá medo de abordar racismo e os mais diversos preconceitos e temas espinhosos da sociedade em sua época. A forma de abordar seus assuntos e fazer rir lembra muito algumas comédias dos anos 90. Bom elenco. Divertida primeira temporada.
Não quero estragar as surpresas para quem não assistiu, mas o que são essas participações especiais, hein? Fantásticos cineastas, super cantoras, atores consagrados... Não faltam enormes atrações - e sempre muitíssimo bem aproveitadas. O roteiro merece muitos aplausos. Larry David é um dos maiores nessa arte.
A arte de atuar, os percalços da velhice, os fracassos e as mudanças inevitáveis. Um novo ano engraçadíssimo. A série sabe entregar comédia de qualidade explorando seus temas, possibilidades e as falhas/inquietações de seus protagonistas.
Michael Douglas e Alan Arkin formam uma dupla maravilhosa. A química entre os atores é deveras especial. O elenco coadjuvante também merece elogios, vários deles proporcionam belos momentos.
Memórias de sangue. Gangues, gerações e povos disputando território. Velhas ideologias e venenos são varridos como poeira: através do acaso, por atraso e pelas mãos justas(ou não) do sobrenatural.
A direção, o roteiro e a fotografia de alto nível seguem impressionando. Os bons/exóticos personagens continuam sendo uma marca apaixonante do show.
Não concordo com as muitas críticas a esta última história de "Fargo". Apesar de ser inferior as anteriores(não tanto em relação a terceira), eu coloco essa temporada entre as obras mais interessantes de 2020.
Jim & Pam sendo mais Jim & Pam do que nunca. Não faltam momentos tocantes, incomparáveis e poderosos sentimentos inéditos envolvendo os dois neste sexto ano.
Erin e Andy, especialmente na segunda metade da temporada, se destacaram bastante. O segundo está se consolidando definitivamente como um dos melhores personagens da série.
E, claro, Michael e Dwight seguem sendo figuras excêntricas(para dizer o mínimo) e fundamentais para que a série funcione.
Acredito que essa seja a temporada que menos me agradou(até o momento), mas o nível continua muito bom.
"PEN15" é uma dessas raras comédias(como Atlanta e Fleabag) que em apenas alguns minutos notamos que estamos diante de uma obra genial. Nesta segunda temporada(em especial na parte II, de 2021), o brilhante humor que explora as enormes inseguranças, constrangimentos e desejos de duas meninas dá maior espaço a emoção.
Anna Konkle e Maya Erskine, que dão vida magistralmente as protagonistas, nos transportam para os anos 2000 numa viagem super pessoal, divertida, nostálgica e tocante. Obra de sensibilidade incrível. Ver as mudanças, decepções, descobertas e, especialmente, a amizade de duas amigas nunca foi tão especial na TV. Lindíssima temporada.
De Tarantino à Apichatpong Weerasethakul, "Reservation Dogs" mergulha de forma bem original numa grande jornada espiritual e deveras humana que lida com luto e o desejo de ter uma vida diferente. Deliciosa e inteligente série que fala com muito humor não "apenas" sobre a cultura dos nativo-americanos, mas também do desejo universal e individual de encontrarmos nosso próprio caminho.
"Hunting" é brilhante, de sensibilidade ímpar. Certamente o episódio está entre os meus prediletos de 2021.
"Maid" fala sobre violência normalizada nos lares e agressões que atravessam gerações. O fundo do poço e a total desesperança nos toca. A forma na qual a série documenta a luta e o desgaste cotidiano impressiona. Felizmente, o poder da ajuda e do amor conseguem trazer luz através de pequenas e importantes vitórias diárias. Belíssima atuação da queridíssima Margaret Qualley.
Menos rica em temas do que já vimos, mas com o mesmo enorme coração de sempre. A 5ª temporada valorizou e comoveu como nunca com o poder da amizade feminina, mostrou personagens com maior maturidade para lidar com mudanças e mais confiança em si mesmos. Bonita despedida desta bela série. Sejam felizes, Issa, Molly e cia.
"Only Murders in the Building" sabe brincar com gêneros e com o absurdo de sua trama com muita inteligência. Steve Martin, Martin Short e Selena Gomez formam um trio irresistível. Indiscutivelmente uma das séries mais deliciosas do ano.
Uma empolgante banda punk rock em busca de espaço. A música como resposta e escape dos problemas pessoais e sociais que 5 mulheres muçulmanas precisam lidar. Engraçada(a linguagem pop é deliciosa), tocante e com muito a dizer. A arte liberta e dá sentido. Belíssima temporada 1.
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"I'm sorry if I scare you, I scare myself too (I scare myself too) You find me terrifying, could it be you know who? What could I be hiding What could I be hiding? What could I be hiding? What could I be hiding? Voldemort's alive and, Voldemort's alive and Voldemort's alive and He's under my head scarf (he's alive, he's alive) Voldemort's alive and he's under my headscarf (he's alive, he's alive) Voldemort's alive and he's under my headscarf." ♥
O 3º ano ampliou o debate sobre gêneros, mostrou a complexidade e importância gigantesca do assunto. O conservadorismo autoritário que amedronta e desinforma sendo confrontado pelo espírito de união. As idas e vindas do amor e a sensibilidade seguem encantando. Bela temporada
Hacks (2ª Temporada)
4.3 41Cinzas e diamantes.
Mulheres na estrada. Uma temporada sobre recomeços.
Os caminhos cheios de incertezas tiram da zona de conforto, testam fortemente relações e expõem o difícil momento profissional de carreiras de diferentes tamanhos.
Mas há também o outro lado. As soluções que o palco tanto precisa estão no olhar sincero para si mesmo. E isso só foi e seria possível graças as decepções, acertos de contas, tentativas de aproximação, improvisos e surpresas desses inesperados encontros e reencontros.
"Hacks" sabe muito bem tirar o melhor do pior. A série consegue provocar genuínas risadas quando mostra seus personagens no fundo do poço e emocionar com demonstrações de afeto, reconhecimento e apoio muitas vezes inesperados.
As respostas para a renovação e o sucesso não eram tão difíceis de se achar, porém apenas a troca mostrou o caminho. Deborah é a segurança de Ava. Ava é a inesperada força que ajuda Deborah a continuar. Dois talentos formam uma joia de dupla que se encontrou e tornou-se mais apaixonante com o amadurecimento de ambas.
O gesto de carinho no final que passou por cima de qualquer egoísmo colocou elas em outro lugar, engrandeceu essa relação e a temporada. Essas duas mulheres merecem brilhar muito.
"The One, The Only" poderia tranquilamente ser o último episódio dessa bela obra. Felizmente teremos mais "Hacks" pela frente.
Que o futuro de Deborah e Ava seja tão divertido, bonito e delicioso quanto o texto da série.
Barry (3ª Temporada)
4.2 74 Assista AgoraA dolorosa ilusão de redenção.
A jornada de Barry, o protagonista, desde o início da série sempre foi movida por essa luz de mudança, que surgiu de forma surpreendente ao abraçar a possibilidade de atuar e levou o personagem a vislumbrar um rumo totalmente diferente para a sua triste e fria vida.
Se nas temporadas passadas Barry viu o inferno se aproximar ao ter que acionar seu lado mais sombrio em momentos que não gostaria, agora pode-se dizer que o inferno chegou.
A luta não é mais apenas para conciliar a vida que se quer ter e aquela que não se quer(e não consegue se livrar). A batalha é também para manter a sanidade.
Os demônios internos nunca foram tão intensos. E os perigos e ameaças nunca foram tão imprevisíveis.
Nesta temporada Fuches foi seduzido por uma possível nova existência tranquila, bem acompanhada e longe de tudo e todos. Mas sua sede de vingança falou mais alto.
A capacidade do mesmo de reacender ódios e fúrias movimentou bastante a temporada.
O mentor mostrou, mais do que nunca, que é a maior ameaça do personagem-título.
Cousineau, o "mentor do bem", se destacou muito nesse terceiro ano. Mantê-lo próximo do personagem principal não era algo simples(após o acontecimento que tanto o afetou e, principalmente, depois da revelação do último episódio da segunda temporada), mas os roteiristas fizeram isso com gigantesca inspiração. A desconcertante dinâmica entre os dois foi irresistível, absolutamente surpreendente. Basicamente a ideia foi: "Vou fazer você me perdoar e amar na marra". Momentos hilários não faltaram.
Hank, a pessoa mais cool e dócil no mais perigoso dos mundos, também teve um arco bom o suficiente para se sustentar mesmo mantendo-se distante da trama principal na maior parte do tempo. O improvável amor coloriu seu tempo em tela, porém vê-lo sair da sua zona de conforto(no mais aterrorizante cenário possível) foi o que o alçou a outro tamanho na série. Hank, definitivamente, não é mais apenas alguém que assiste ao que acontece em sua volta.
E, não pode faltar, temos Sally. A loira brilhou enormemente, tanto que teve tanto espaço para se destacar quanto o seu complicadíssimo namorado. Acompanhamos seu talento sendo reconhecido, vimos o quanto a indústria televisiva pode ser injusta com um bom projeto/artista e seguimos de perto seus passos em direção a escuridão. As inevitáveis explosões não só foram respostas às injustiças como também colocaram para fora(com toda a fúria possível) todo o ódio dos abusos e violência vividas.
Não posso deixar de citar o quanto as participações especiais tiveram papel fundamental nesse ano. Não esqueceremos de Albert e Jim Moss(Robert Wisdom, da obra suprema "The Wire") quanto lembrarmos da temporada. O incrível "starting now", episódio final, não seria o mesmo sem os dois.
O peso e as consequências das perdas foram sentidas por dentro e por fora. Pessoas nunca se recuperaram e recuperarão. Corações foram atrás de uma última ação que traga alguma paz. Corpos vagam sem razão.
Realidade, sonho e alucinação, por vezes, não se diferenciam na tela. O inédito semblante de paz surge apenas no mar da inconsciência. A resposta para a sonhada felicidade está aqui? No descanso definitivo? Lembrei de "The Sopranos".
A violência e o passado que Barry tanto quis afastar encontraram suas relações mais próximas. As relações foram afetadas e se modificaram para sempre. E as temidas respostas foram destruidoras. O desespero comovente do personagem é desses que fica guardado na memória do espectador. Que atuação de Bill Hader!
Barry teve e terá que conviver com uma nova realidade, com uma existência que perdeu seu chão.
O humor único e inspiradíssimo, as sequências de ação e tensão espetaculares e o profundo drama existencial tornam a série algo único não só na TV atual como também na história da mesma. Atuações, roteiro e direção do mais altíssimo nível.
Temporada estupenda. Vejam e revejam "Barry".
Ozark (4ª Temporada)
4.2 277 Assista AgoraTudo pela família.
O envolvimento com o crime, os rastros de morte e as turbulências familiares nunca foram tão grandes como nesta temporada. A ambição dos Byrde tornou-se algo cada vez maior e a habilidade dos mesmos de contornar problemas e encontrar soluções quase impossíveis também.
Wendy tornou-se uma leoa que não abaixa a cabeça e aceita derrotas ao longo do tempo, uma mulher imparável. Entretanto quando se viu ameaçada de perder de vez quem mais ama tornou-se frágil, abriu o coração como nunca antes.
Marty usou o sustento da esposa e dos filhos como desculpa por ter se corrompido. Atribuir isso como verdade absoluta seria uma forma de simplificar muito as coisas, mas pode-se dizer que esses personagens(Wendy também) não teriam a força que demonstraram sem o sonho que ambos tem: de viver bem em família num futuro próximo, longe desse caos.
Nos piores momentos de todos os membros comprovamos que apenas a família foi capaz de proteger um ao outro ao longo de toda a série(mesmo com todas as desavenças e diferenças de opinião). Não se trata de estar sempre unidos, e sim do que você é capaz de fazer pelo outro.
A jornada da família protagonista é o que move a história, mas tão intensa quanto é o arco de crescimento e grandes realizações de Ruth. Na quarta temporada a personagem provou que poderia ir muito além do fadado fracasso que acompanha os Langmore, a loira não só reafirmou seu posto como figura mais durona e corajosa da obra como se mostrou alguém inteligente e capaz de ter sucesso em qualquer caminho que ela escolher.
Ruth pode não ter tido tudo o que mereceu, porém roubou a cena e foi alguém memorável do início ao fim.
Infelizmente, a quarta temporada sentiu o número maior de episódios. "Ozark" nunca foi brilhante, ainda assim, através de sua narrativa bastante objetiva, sempre entregou muita tensão e acontecimentos marcantes em praticamente todos os episódios. Nesse último ano as coisas caminharam um pouco diferente. Muito da habitual atmosfera de urgência e boa parte da personalidade da série se perdeu.
Quando se livrou de figuras ameaçadoras os episódios perderam força, a trama demorou a engrenar/ficou mais repetitiva com o passar do tempo e o tom de humor/deboche que acompanhou Wendy em vários momentos não funcionou.
Difícil não notar também as atitudes pouco convincentes dos personagens em vários instantes - especialmente nos últimos episódios. A cena final, por exemplo, pela forma que foi construída, entregou expressões, ações e reações que vão contra aquilo que conhecemos dos personagens. Definitivamente, o que vimos não é a conclusão dos sonhos.
Em "Ozark" descobrimos algo que aparentava ser o oposto do que vimos inicialmente: a real ameaça está do lado oposto. Não importa o quanto você é perigoso ou está protegido, quando você se envolve com os Byrde seu destino muito provavelmente será ruim.
A série claramente caiu um pouco de qualidade no seu último ano, contudo, agradou na maior parte de sua duração. Wendy, Marty e Ruth vão ficar em nossas memórias.
Entre afastamentos, brigas e um turbilhão de perigos, a escolha pela família falou mais alto.
Atlanta (3ª Temporada)
4.4 84Fugir e recomeçar. Crescer e perder-se.
A América do absurdo, das reparações, do abandono, da invisibilidade e da hipocrisia racial que explode em forma de violência.
Claramente são duas temporadas dentro de uma. A série atingiu tal grau de maturidade, confiança e ambição que não possui o menor medo de arriscar em suas propostas narrativas e abrir totalmente mão de seus personagens principais em vários episódios.
Os protagonistas de ontem são os coadjuvantes de hoje. Os personagens servem aos temas propostos e não o contrário.
Os incríveis "Three Slaps", "The Big Payback" e "Rich Wigga, Poor Wigga" são exemplos do quanto deu certo a opção de investir em episódios no formato de antologia - "Trini 2 De Bone" é o outro que não conta com o elenco habitual.
Representações surpreendentes e desconcertantes do presente expõem a tensão racial escondida debaixo do tapete, mostram as iniciativas e o interesse de muitos brancos em relação aos pretos e imigrantes apenas quando convém.
Os revoltantes abandonos ignorados pela grande maioria, o desconhecimento e forma desumana que se enxerga pessoas do seu convívio e as respostas há muitas décadas de rejeição e exploração são marcantes.
Um enorme diferencial de "Atlanta" nesta temporada está na opção de ressaltar a perspectiva dos brancos, no incômodo que tanto se nota e na observação de como eles reagem estando contra as cordas, na pele do outro.
Apenas essa obra seria capaz de retratar o racismo com tamanha complexidade.
A negação total da realidade e o abraço a uma nova existência.
O profundo vazio como grande catalisador de uma revolução pessoal. Uma pergunta fica no ar: até que ponto vale viver uma gigantesca mentira para evitar sofrimento?
Temos também uma viagem de momentos alucinantes/bizarros e grande questionamento existencial. Se o sucesso na carreira é o único ponto de encontro consigo mesmo, não se perder torna-se difícil quando não se encontra respostas e segurança no próprio.
O terceiro ano trouxe personagens questionando suas próprias escolhas e caminhos, deixando em aberto o que farão de seus próximos passos.
Van, Paper Boy e cia estão em total sintonia com o momento/as escolhas criativas da obra a qual pertencem: não sabemos de forma alguma o que veremos a seguir, há apenas a certeza que a série continuará se arriscando e sendo muito inventiva.
A temporada dividirá opiniões. "Atlanta" se perdeu em suas mudanças ou acertou ao mergulhar de cabeça em suas experimentações e grandes pretensões? Eu fico com a segunda opção.
Brilhante volta após 4 anos. Uma das mais ricas obras deste século.
Maravilhosa Sra. Maisel (4ª Temporada)
4.3 81Recomeço ou estagnação?
Começar a ver esta nova temporada nos relembra o quanto é gostoso acompanhar "The Marvelous Mrs. Maisel". Não dá para deixar de mencionar o deslumbre visual que a série nos proporciona. A ambientação fascinante, a câmera elegante e engenhosa, a belíssima fotografia e os figurinos encantam.
E, claro, temos também o texto rápido e delicioso que remete as screwball comedies. O rico texto(cheio de citações a estrelas e obras clássicas mundialmente reconhecidas) é a alma da série, sem ele a mesma não funcionaria.
No quarto ano os coadjuvantes tiveram bastante espaço. Abe, Rose, Susie e Joel deram novos passos, cresceram(de uma forma ou de outra). O quarteto contou com arcos bem definidos e, muito por isso, todos conseguiram se destacar.
Ao longo da temporada, notamos que Midge, a protagonista, movimentou menos sua vida do que estamos acostumados a ver. No final, fica claro, trata-se de um ano sobre uma grande questão que não se pode mais adiar: Midge deve continuar vivendo a carreira inteiramente segundo seus próprios termos?
Ou será que essa escolha/momento atual é reflexo do seu medo de falhar novamente?
Ótima temporada. Que venha a última!
Station Eleven
4.0 75Família, luto e recomeço no pós-apocalipse.
Assistir uma história sobre uma pandemia imensamente devastadora em plena época de pandemia pode afugentar muitos, mas "Station Eleven" desperta curiosidade e atrai rapidamente.
A atmosfera incomum, os mistérios, as ameaças, as ações com motivações ocultas e a narrativa não linear nos fazem lembrar de "Lost" e "The Leftovers". Contudo, há uma ligação muito profunda com a arte(mais especificamente com o teatro e a literatura) que torna a minissérie uma experiência bem particular de se assistir.
Tanto movendo-se como uma grande missão coletiva quanto como companheira de sobrevivência na solidão, a arte funciona aqui como uma amiga fundamental no processo de cura e de perdão.
"Station Eleven" fala de criar novos laços após perder tudo, sobre achar seu caminho e, também, ajudar os outros a encontrarem os seus.
Mackenzie Davis brilha intensamente, do início ao fim. Atriz super expressiva, de grande presença em cena.
Bela minissérie.
A Amiga Genial (3ª Temporada)
4.4 29 Assista AgoraOs intensos anos 70.
Após a felicidade de um grande reconhecimento profissional, vemos que o coração segue ligado ao passado. Os esperados e temidos reencontros, mesmo em diferentes épocas e cenários, seguem afetando e balançando toda a estrutura presente de uma vida.
Mais do que as outras, esta é uma temporada sobre Lenù. Um ano sobre experimentar muito do que se espera da vida adulta - inclusive as armadilhas. Da construção de uma família ao desgaste e estagnação pessoal. Da aparente segurança aos muitos desejos e riscos.
Um ano sobre seguir o coração.
Os velhos fantasmas e a eterna sombra de Lila, amiga que sempre lhe desperta sentimentos conflitantes, seguem causando desconforto, mas aqui a protagonista parece ter aprendido a lidar melhor com essas questões.
Enquanto Lenù se constrói e desconstrói e Lila encontra seus próprios meios para sobreviver melhor, vemos o lado político da série mais aflorado do que nunca. Há muitas cenas de violência e atentados(algumas realmente pesadas), protestos do movimento feminista(em resposta as agressões diárias) e discussões sobre fascismo e comunismo(inclusive sobre as diferentes formas dos mesmos agirem).
A violência e a opressão surgem em todos os cantos, se manifestam de incontáveis formas e intensidades, estão enraizadas e passam de geração para geração.
Temporada de contexto histórico riquíssimo, que fica marcada também pelas complicadas escolhas, importantes mudanças e impactantes acontecimentos. A cena final é uma bela e tocante passagem de bastão.
Lindamente escrita e dirigida, "L'Amica Geniale" se consolida(ainda mais) como uma das joias da TV.
Euphoria (2ª Temporada)
4.0 540Perda e reconexão.
A irregularidade ainda pega em alguns momentos, mas dramaticamente a série amadureceu nesta segunda temporada. Quando acerta a mão, "Euphoria" impressiona bastante com sua intensidade e inventividade. As boas e falhas personagens e suas jornadas problemáticas garantem nosso interesse. Lexi é ♡.
Muito bom segundo ano.
Missa da Meia-Noite
3.9 730Fé, crença, descrença e passagem.
Anjo ou demônio? Bem ou mal? "Midnight Mass" apresenta personagens que se apegam ao que podem para seguir em frente numa jornada que faça sentido a suas existências.
O fanatismo religioso que distorce, cega e alimenta absurdos é uma das grandes questões que movem a obra. Essa opção coletiva constrói algo muito crível e sólido na relações, causando interessantes conflitos entre aqueles que seguem esse caminho e os "resistentes".
Os elementos sobrenaturais e a atmosfera de terror casam muitíssimo bem com os "milagres divinos". Algumas cenas são bastante fortes(em diferentes sentidos) e assustadoras.
"Midnight Mass" é tanto uma competente obra de gênero quanto um drama sobre culpa, dor, perda e aceitação da morte.
Ótima minissérie.
The Great (1ª Temporada)
4.3 96 Assista AgoraAs sementes de revolução no reino da estupidez.
A ingenuidade quebrada e a descoberta de uma vocação. Culturas e princípios se chocam e aceitam dentro de um mundo dominado por constantes jogos de interesses.
Sátira super envolvente e dinâmica. "The Great" abraça o caos dos absurdos cotidianos de outrora e mergulha sem nenhum pudor nas particularidades da vida na realeza e na relação da mesma com seu povo.
Vinganças, conspirações, traições, ciúme, amor, violência e nenhum pingo de remorso. Tudo isso sempre guiado(ou quase sempre) por um humor surpreendente.
Bela dinâmica entre Elle Fanning e Nicholas Hoult.
Série deliciosa. Ótimo primeiro ano.
O Conto da Aia (4ª Temporada)
4.3 428 Assista AgoraA vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena.
A sábia frase do mestre Seu Madruga pode fazer total sentido, mas vemos nesta temporada de "The Handmaid's Tale" que o sabor da vingança pode ser não apenas delicioso, mas também fundamental para que as mulheres da obra possam seguir em frente.
Infelizmente, a série segue caindo de qualidade, nem a excelente Elisabeth Moss está tão bem no papel como antes.
Quarta temporada apenas okay.
It's Always Sunny in Philadelphia (1ª Temporada)
4.2 70Um mergulho de cabeça no politicamente incorreto.
Desde o primeiro episódio "It's Always Sunny in Philadelphia" mostra que não terá medo de abordar racismo e os mais diversos preconceitos e temas espinhosos da sociedade em sua época. A forma de abordar seus assuntos e fazer rir lembra muito algumas comédias dos anos 90.
Bom elenco. Divertida primeira temporada.
Segura a Onda (3ª Temporada)
4.4 15 Assista AgoraOs caóticos enganos cotidianos.
Não quero estragar as surpresas para quem não assistiu, mas o que são essas participações especiais, hein? Fantásticos cineastas, super cantoras, atores consagrados... Não faltam enormes atrações - e sempre muitíssimo bem aproveitadas.
O roteiro merece muitos aplausos. Larry David é um dos maiores nessa arte.
Temporada de momentos hilários. Ótimo ano.
O Método Kominsky (2ª Temporada)
4.3 50 Assista AgoraA vida e seus ciclos.
A arte de atuar, os percalços da velhice, os fracassos e as mudanças inevitáveis.
Um novo ano engraçadíssimo. A série sabe entregar comédia de qualidade explorando seus temas, possibilidades e as falhas/inquietações de seus protagonistas.
Michael Douglas e Alan Arkin formam uma dupla maravilhosa. A química entre os atores é deveras especial.
O elenco coadjuvante também merece elogios, vários deles proporcionam belos momentos.
Muito boa segunda temporada.
Fargo (4ª Temporada)
3.6 62American Crime Story.
Memórias de sangue. Gangues, gerações e povos disputando território.
Velhas ideologias e venenos são varridos como poeira: através do acaso, por atraso e pelas mãos justas(ou não) do sobrenatural.
A direção, o roteiro e a fotografia de alto nível seguem impressionando.
Os bons/exóticos personagens continuam sendo uma marca apaixonante do show.
Não concordo com as muitas críticas a esta última história de "Fargo". Apesar de ser inferior as anteriores(não tanto em relação a terceira), eu coloco essa temporada entre as obras mais interessantes de 2020.
Outro belo ano dessa grande série.
The Office (6ª Temporada)
4.5 199Novos terrenos de emoção e ótimo humor.
Jim & Pam sendo mais Jim & Pam do que nunca. Não faltam momentos tocantes, incomparáveis e poderosos sentimentos inéditos envolvendo os dois neste sexto ano.
Erin e Andy, especialmente na segunda metade da temporada, se destacaram bastante.
O segundo está se consolidando definitivamente como um dos melhores personagens da série.
E, claro, Michael e Dwight seguem sendo figuras excêntricas(para dizer o mínimo) e fundamentais para que a série funcione.
Acredito que essa seja a temporada que menos me agradou(até o momento), mas o nível continua muito bom.
PEN15 (2ª Temporada)
4.4 20A terrível e maravilhosa adolescência.
"PEN15" é uma dessas raras comédias(como Atlanta e Fleabag) que em apenas alguns minutos notamos que estamos diante de uma obra genial. Nesta segunda temporada(em especial na parte II, de 2021), o brilhante humor que explora as enormes inseguranças, constrangimentos e desejos de duas meninas dá maior espaço a emoção.
Anna Konkle e Maya Erskine, que dão vida magistralmente as protagonistas, nos transportam para os anos 2000 numa viagem super pessoal, divertida, nostálgica e tocante. Obra de sensibilidade incrível.
Ver as mudanças, decepções, descobertas e, especialmente, a amizade de duas amigas nunca foi tão especial na TV. Lindíssima temporada.
Adeus, incrível "PEN15".
Reservation Dogs (1ª Temporada)
4.0 17 Assista AgoraA busca pelo paraíso particular.
De Tarantino à Apichatpong Weerasethakul, "Reservation Dogs" mergulha de forma bem original numa grande jornada espiritual e deveras humana que lida com luto e o desejo de ter uma vida diferente.
Deliciosa e inteligente série que fala com muito humor não "apenas" sobre a cultura dos nativo-americanos, mas também do desejo universal e individual de encontrarmos nosso próprio caminho.
"Hunting" é brilhante, de sensibilidade ímpar. Certamente o episódio está entre os meus prediletos de 2021.
Uma das melhores séries de seu ano.
Maid
4.5 366 Assista AgoraBatalhar, mudar e sonhar.
"Maid" fala sobre violência normalizada nos lares e agressões que atravessam gerações.
O fundo do poço e a total desesperança nos toca. A forma na qual a série documenta a luta e o desgaste cotidiano impressiona. Felizmente, o poder da ajuda e do amor conseguem trazer luz através de pequenas e importantes vitórias diárias.
Belíssima atuação da queridíssima Margaret Qualley.
Insecure (5ª Temporada)
4.3 50O tempo da felicidade.
Menos rica em temas do que já vimos, mas com o mesmo enorme coração de sempre.
A 5ª temporada valorizou e comoveu como nunca com o poder da amizade feminina, mostrou personagens com maior maturidade para lidar com mudanças e mais confiança em si mesmos.
Bonita despedida desta bela série. Sejam felizes, Issa, Molly e cia.
Euphoria: Fuck Anyone Who’s Not a Sea Blob
4.3 128A primeira metade do episódio é incrível, depois claramente cai de qualidade. No geral, gostei muito.
Que venha a temporada 2.
Only Murders in the Building (1ª Temporada)
4.1 216Solidão, assassinatos e muitas reviravoltas.
"Only Murders in the Building" sabe brincar com gêneros e com o absurdo de sua trama com muita inteligência.
Steve Martin, Martin Short e Selena Gomez formam um trio irresistível. Indiscutivelmente uma das séries mais deliciosas do ano.
We Are Lady Parts (1ª Temporada)
4.4 8As indomáveis vozes femininas.
Uma empolgante banda punk rock em busca de espaço. A música como resposta e escape dos problemas pessoais e sociais que 5 mulheres muçulmanas precisam lidar. Engraçada(a linguagem pop é deliciosa), tocante e com muito a dizer. A arte liberta e dá sentido.
Belíssima temporada 1.
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"I'm sorry if I scare you, I scare myself too (I scare myself too)
You find me terrifying, could it be you know who?
What could I be hiding
What could I be hiding? What could I be hiding?
What could I be hiding?
Voldemort's alive and, Voldemort's alive and
Voldemort's alive and
He's under my head scarf (he's alive, he's alive)
Voldemort's alive and he's under my headscarf (he's alive, he's alive)
Voldemort's alive and he's under my headscarf."
♥
Sex Education (3ª Temporada)
4.3 431 Assista AgoraAmor, igualdade e revolução.
O 3º ano ampliou o debate sobre gêneros, mostrou a complexidade e importância gigantesca do assunto. O conservadorismo autoritário que amedronta e desinforma sendo confrontado pelo espírito de união. As idas e vindas do amor e a sensibilidade seguem encantando.
Bela temporada