Parece que a música e o clipe ganham um peso novo ao ver esse documentário. Entender o processo de composição e gravação, os esforços e a dedicação dos envolvidos, especialmente de Quincy Jones, Lionel Richie e Michael Jackson, além das particularidades de cada um ali que foram respeitadas ou deixadas de lado, é o que torna esse projeto maior do que ele mesmo. É isso que faz falta na música pop de hoje em dia, esse tipo de comunhão em prol de.um objetivo maior. Grande momento da história da música pop.
Pungente, belo e doloroso. Cada parte da história te faz acreditar em um culpado diferente, para no final a coisa ser muito diferente do que se pode acreditar vendo somente as partes, e não o todo. Toda história é feita de várias partes, e toda vida tem seus segredos. Há realmente um monstro? Ou nós precisamos criá-los? O final é dolorosamente poético.
Uma delícia de animação, com cores vivas, traços cartunescos e um universo diferente, mas muito igual ao nosso. Os caminhos do cão e do robô, formados pelos encontros e desencontros, acabam funcionando como um grande reflexo da vida comum, e o final do filme é lindo por trazer tão bem isso, sobre saber amar, saber deixar ir e saber aproveitar os bons momentos e as boas lembranças. Fiquei muito surpreso, pois não esperava nada e veio uma animação belíssima.
Nem filme-legado, nem filme-homenagem, porque falta tudo dos dois. É uma produção sem alma e sem carisma que inicia, desenvolve e conclui no automático, a ponto de ter o desmérito de conseguir fazer todas as músicas serem esquecíveis (tentava lembrar delas na cena seguinte e não consegui nenhuma, impressionante). A estrela é a única coisa que ainda diverte e tem algum carisma, mas de resto é corrido, raso e apático. A qualidade da animação é boa, mas não se sobressai a algo do nível de um grande estúdio como a Disney. O que não se sobressai mesmo é o próprio produto final. As imagens dos filmes de animação do estúdio nos créditos e a cena pós-crédito com When You Wish Upon a Star poderiam valar de algo se o filme fizesse o mínimo esforço para honrar os 100 anos da empresa.
Um daqueles dramas de romances reais que nunca aconteceram e ficam marcados durante toda a vida pelas circunstâncias. O fato de ser tão próximo da realidade torna o filme mais aconchegante, bonito e, de certo modo, doloroso. O personagem de Arthur é um elemento que adiciona uma problemática distinta a esse tipo de abordagem pela maturidade como é adicionada. Sem maneirismos, sem clichês e sem apelar ao que queremos ver, Celine Song entrega uma obra belíssima sobre os caminhos e desencontros do amor e da vida. Greta Lee e Teo Yoo estão apaixonantes.
Um filme que se sobressai por um roteiro sólido e de múltiplas leituras para além da resolução de um caso possivelmente criminal. O que importa aqui é desvelar partes da verdade reconstituíveis que desnudam a protagonista frente a um tribunal, ao mundo e ao seu próprio filho, mostrando que toda família tem seus segredos. O diálogo sobre a mescla de ficção e realidade que a literatura e o julgamento são, ou a subjetividade das escolhas, ou o quanto a arte e a vida são inseparáveis, mas não equivalentes, são alguns temas que tornam esse filme ainda mais atraente. Sandra Huller e Milo Machado Graner dominam o filme em atuações incríveis, e Messi faz um trabalho igualmente incrível como Snoop. Triet mostra quão grande é como cineasta nesse drama de tribunal que vai muito além disso, mas não deixa de ter muitos de seus melhores momentos no ambiente do julgamento. Por fim, como não odiar o promotor e o terapeuta?
Ricky Gervais leva suas piadas ao extremo nesse especial que é de humor, mas também sobre humor e os limites (ou não) dele. Ele consegue trazer tiradas super pesadas sem ser algo gratuitamente ofensivo a certos grupos, o que só mostra o quanto ele é excelente no que faz. As passagens metalinguísticas são o que torna a experiência mais intrigante e dão muito a pensar. Nem todas as piadas são engraçadas, mas nenhuma delas é por algo que soe uma ofensa (incrível como ele é "ofensivo" sem ser), mas por haver alguns timing cômicos, que Gervais encontra geralmente muito bem, que não se encaixam. Um dos melhores comediantes da atualidade com facilidade.
Diferente do humor dos Wayans, é um terrir que usa o humor escrachado com bastante economia e investe num humor mais baseado nos estereótipos negros, que traz os melhores momentos. A trama em si não é tão atrativa, mas os personagens e suas interações é o que sustenta o interesse no filme até o fim. A cena pra definir quem era o mais negro foi uma das melhores do filme.
Mesmo não sendo tão longo, é cansativo porque é igual a tantos outros filmes de herói e sempre recorre ao caminho mais óbvio. Quando o filme parece que vai ter alguma seriedade ou um drama mais forte, rola uma piadinha ou se parte pra ação, e isso acabou incomodando porque nenhum personagem ao não ser o Orm tem qualquer nuance ou muda sua postura de forma convincente, porque o roteiro não quer deixar ninguém evoluir de forma perceptível. A cena final chega a ser vergonhosa com o Jason Momoa sendo Jason Momoa durante uma coletiva. Apesar disso, ainda entretém com as cenas de ação, mas o resultado final é meia boca.
Incrível como em três minutos, e sem nem ter um plot estabelecido, o filme conseguiu me prender. Scorsese simplesmente brincou de dirigir e se divertiu fazendo uma comédia de erros, muito bem encabeçada pelo azarado Griffin Dine e com um ótimo elenco de apoio. A história se passar no SoHo, bairro que se tornou concentração de artistas e figuras marginais da sociedade americana, permite o encontro com vários tipos únicos desse lugar durante a projeção, que se desdobra em desencontros e carrega várias críticas ao momento social e político de Nova York e dos Estados Unidos, com o neoliberalismo destrutivo de Reagan em voga e a criminalidade tomando conta das ruas. No fim das contas, é o anti-sonho do trabalhador comum, que mesmo no seu tempo livre, ao tentar viver, sofre as consequências disso para depois retornar à mesma rotina monótona de todos os dias. E só para não deixar passar, que felicidade a cena em que toca Pay to Cum e ainda conta com o Scorsese fazendo uma ponta.
Realização técnica impressionante para fazer o homem invisível, e gostei de ser um vilão meio que "sem objetivo", só alguém que ficou maluco devido às consequências da experiência e virou um ser violento e com ganas de poder. A mescla com a comédia pelas reações das pessoas e da própria polícia não atrapalha em nada o filme, deixando na verdade ele mais divertido e prendendo a atenção até o fim. Ótima direção de James Whale.
O plot é tão promissor quanto o filme é mal feito. Se temos um argumento que parte de uma premissa bizarra com promessa de enredo tenso, a realização é pobre, com atuações terríveis, direção ruim e roteiro mal feito, dependendo da burrice tremenda da personagem principal. Nem sei o que pensei do final, só sei que ele não tem qualquer peso dado o que o filme apresentou antes.
Tão bom, ou, na verdade, até um pouco superior que o primeiro. A qualidade da filmagem melhora, a produção também e o time de atores envolvidos é igualmente bom. A trama começa de forma frenética e pesada, se desenvolve infelizmente dependendo de atitudes extremamente burras dos personagens, mas depois consegue se sustentar muito bem, com tensão, violência e desespero bem realizados. Dá continuidade às críticas que o primeiro filme fez às forças armadas, só que agora de forma muito mais incisiva.
Filme insano, que investe numa trasheira de primeira. Não se leva a sério, mas consegue ser mais impactante e sólido que muitos filmes do gênero feitos para serem sérios. Os zumbis imortais e inteligentes trazem um elemento diferente ao cinema do gênero e garante cenas tão engraçadas quanto tenebrosas. Além disso, tem umas questões morais pesadas e umas críticas pesadíssimas à forma como o Estado lida com problemas sérios, tudo sem perder o bom humor e a diversão. Os efeitos práticos são simplesmente maravilhosos e a trilha sonora é uma deleite à parte.
A troca de direção é muito sentida, especialmente pela oscilação de atmosfera, que às vezes parece muito infantilizada, e pelas cenas de ação, que não empolgam mais. Apesar disso, finalmente Ripchip tem o destaque que merece e a adição de Will Poulter como Eustáquio é um acerto e tanto. Mesmo sendo o mais fraco da trilogia, o final é melhor e mais bonito dos três, acertando em cheio no teor emocional da conclusão de ciclo e início de uma nova jornada.
Diferente de quando vi na época em que foi lançado, em que me desagradou pelas mudanças em relação à história original, rever agora foi uma experiência melhor, pois esse segundo filme traz mais batalhas e uma participação maior de Pedro na trama. Ainda vejo com problemas a forçada em colocar novamente a Feiticeira Branca e o pouco desenvolvimento de Caspian, que não tem tempo de tela suficiente para que torçamos ou nos apeguemos a ele, mas, enquanto o primeiro é um filme de fantasia completo, o segundo é praticamente um filme de guerra, bem produzido e divertido, que mesmo tendo uma duração relativamente longa, não se torna nada cansativo.
Se eu começasse a ver os filmes de Sofia Coppola por aqui, provavelmente desistiria de ver outros da diretora. O filme em si não é ruim, mas o nome engana. Deveria se chamar Priscilla Presley, pois a personagem só existe enquanto na vida de Elvis, o que acaba sendo bem contraditório pelo filme tratar de Priscilla (supostamente). E sendo o filme sobre ela, tem umas poucas cenas específicas mostrando só o Elvis que fogem do foco nela, e apesar de ser escolha artística da diretora para ilustrar o apagamento da personagem, depõe contra o próprio filme. Além disso, o filme não só aumenta os eventos pra pintar Elvis ainda pior do que já era, como vitimiza excessivamente a Priscilla e a transforma quase numa mulher sem nenhuma voz, sendo que ela teve vários momentos dentro do casamento em que mostrou força ou oposição (como o caso com o instrutor de karatê que fica muito implícito no filme). No fim, você sai sem conhecer nada da Priscilla, a não ser que ela sofreu na mão de Elvis. E resumir a fase pós-casamento e maternidade à meia hora final ou menos foi um desperdício. Grande trilha sonora, bom trabalho de maquiagem e figurinos e a cena final é ótima, mas faltou substância ao filme, que não parece ter um objetivo muito claro a não ser construir um novo imaginário de Priscilla Presley que, ironicamente, a apaga ainda mais.
Incrível como o filme vai construindo uma tensão promissora e estabelecendo pontos curiosos para no fim tudo ser deixado de lado por uma pretensão de fazer tudo ser "misterioso" demais. Se o primeiro ato traz interesse, o segundo fica andando em círculos constantemente para segurar "revelações" até o terceiro ato, e isso faz com que os personagens se contradigam e se tornem somente estereótipos sem nuances: a esposa desconfiada e carrancuda, o marido positivo, o pai herói pelos outros, a filha ranzinza, o filho babaca e a filha mais nova curiosa e pouco ouvida. Seriam bons padrões se fossem além disso, mas o filme não sabe fazer seus personagens minimamente interessantes ou cativantes, nem a trama consegue ser impactante, pois a partir do momento que temos algumas conclusões sendo tiradas, chega a ser meio ridículo o drama que o filme tenta fazer sobre isso. Sam Esmail tenta fazer uma direção impressionante, mas se tornam extremamente cansativas e sem objetivo as tentativas de emplacar cenas visualmente diferentes que não dialogam em nada com a narrativa, estando ali totalmente deslocadas e sem peso algum. No final, de tantas possibilidades, talvez a menos criativa e mais "paga pau" do Estado americano foi a usada, o que foi simplesmente broxante. No fim, é um filme sem alma, sem graça, cansativo e que soa uma grande perda de tempo.
Vai além da espetacularização do sofrimento que o típico filme-tragédia faz, ou de uma tentativa de estabelecer heróis do mundo real em meio a situações extremas. É um filme que respeita a história, as pessoas envolvidas e os acontecimentos, sabendo ser impactante nos momentos de tensão, mas principalmente sensível ao conseguir tornar cada sobrevivente um personagem com voz, desejos, princípios, medos e esperanças. O final foi o que mais me soou um diferencial, pois ressalta a dificuldade do retorno ao mundo depois de sobreviver numa situação tão atípica que quebra com suas crenças mais básicas. Bela surpresa.
Um filme muito divertido, que traz um elenco afiado na comédia e com algumas atuações teatrais que funcionam muito bem, com uma atmosfera carnavalesca soteropolitana muito justa, mostrando o pior e o melhor que Salvador tem - ou ao menos a região do Pelourinho. Me impressiona como no final o filme consegue te destroçar completamente sem soar deslocado, acertando em cheio na carga dramática. Uma das grandes obras de Salvador sobre Salvador.
Por um lado, temos Fennell mostrando o quanto pode ser uma ótima diretora técnica e esteticamente, pois várias escolhas estéticas dela são maravilhosas, tendo um auxílio gigantesco da fotografia e direção de arte, que estão no ponto. Keoghan mais uma vez mostra o quanto é um ator de qualidade, e Elordi, apesar de não atuar tanto quanto seu parceiro de cena, está extremamente atraente e manda bem quando precisa ser acionado. Porém, é um filme que não tem roteiro, só um argumento central, porque nada é bem desenvolvido, os personagens são vazios, os backgrounds são jogados e as ações são idiotas, infantis, burras ou inverossímeis. Precisa não de muita, mas toda suspensão de descrença do mundo para acreditar que o filme acabaria como acabou. O que piora são as metáforas visuais óbvias que a Fennell deve ter achado geniais, mas só foram meio bobas mesmo, sem falar no encaixe desesperado de cenas tentando chocar ou "passar dos limites", quando só soam deslocadas e sedentas por causar algum choque no espectador, já que o enredo em si não pode fazer isso sozinho. O final todo mastigadinho, explicando tintim por tintim tudo que ocorreu porque trata o espectador como um idiota, é a cereja do bolo. Fennell tem que desistir de roteiro e procurar ficar só na direção, que é onde ela manda bem.
Não só é um filme que não tem pena nenhuma no gore e na violência, abusando da sanguinolência e violência, como tem um forte subtextos político sobre o momento pandêmico, a negligência estatal com o cuidado quanto ao vírus, a politização da doença e a expansão de ódio como expressão política devido à extrema polarização. Além disso, o filme se chamar A Tristeza é bem significativo, pois a explicação dada pelo virologista sobre a infecção deixa tudo muito mais doloroso e traz novas cargas à história. Final pessimista daqueles também. Uma surpresa e tanto vinda de Taiwan.
Um filme esteticamente belo, com ótimas escolhas de montagem e direção, investindo numa construção da imaginação jovem e em cores mais vivas para mostrar esses momentos, além de ter um mundo opressivo cheio de cores que vão se perdendo à medida que tudo se torna mais sufocante. O roteiro acerta muito em centar a narrativa na visão de terceiros sobre os casos que o filme segue, deixando no ar motivações e nuances internas das personagens centrais, mas incomoda bastante o fato de que somente Lux é desenvolvida dentre as cinco irmãs, enquanto Cecília ainda consegue ter.um delineamento geral, mas as outras três são quase figurantes durante toda a projeção. Ainda assim, é um drama que trata de um tema pesado e levanta interessantes pontos em torno da adolescência, repressão parental, fundamentalismo e suicídio.
O filme até caminha bem com o novo jogo e o plot do terrorismo encabeçado pelo Nanahara, mas a partir do momento em que os participantes do jogo se encontram com os terroristas, o filme vai só ladeira abaixo, se tornando extremamente maçante, atropelado, melodramático em excesso, a ponto de ficar quase insuportável de lidar. As boas cenas de ação e a produção melhor que o primeiro filme não salvam o descarrilamento na segunda metade, em que a trama se perde toda e um monte de flashbacks são mal encaixados. Parecia que seria um bom filme, mas no final tudo desandou.
A Noite que Mudou o Pop
4.2 157 Assista AgoraParece que a música e o clipe ganham um peso novo ao ver esse documentário. Entender o processo de composição e gravação, os esforços e a dedicação dos envolvidos, especialmente de Quincy Jones, Lionel Richie e Michael Jackson, além das particularidades de cada um ali que foram respeitadas ou deixadas de lado, é o que torna esse projeto maior do que ele mesmo. É isso que faz falta na música pop de hoje em dia, esse tipo de comunhão em prol de.um objetivo maior. Grande momento da história da música pop.
Monstro
4.3 265 Assista AgoraPungente, belo e doloroso. Cada parte da história te faz acreditar em um culpado diferente, para no final a coisa ser muito diferente do que se pode acreditar vendo somente as partes, e não o todo. Toda história é feita de várias partes, e toda vida tem seus segredos. Há realmente um monstro? Ou nós precisamos criá-los? O final é dolorosamente poético.
Meu Amigo Robô
4.0 84Uma delícia de animação, com cores vivas, traços cartunescos e um universo diferente, mas muito igual ao nosso. Os caminhos do cão e do robô, formados pelos encontros e desencontros, acabam funcionando como um grande reflexo da vida comum, e o final do filme é lindo por trazer tão bem isso, sobre saber amar, saber deixar ir e saber aproveitar os bons momentos e as boas lembranças. Fiquei muito surpreso, pois não esperava nada e veio uma animação belíssima.
Wish: O Poder dos Desejos
3.0 166 Assista AgoraNem filme-legado, nem filme-homenagem, porque falta tudo dos dois. É uma produção sem alma e sem carisma que inicia, desenvolve e conclui no automático, a ponto de ter o desmérito de conseguir fazer todas as músicas serem esquecíveis (tentava lembrar delas na cena seguinte e não consegui nenhuma, impressionante). A estrela é a única coisa que ainda diverte e tem algum carisma, mas de resto é corrido, raso e apático. A qualidade da animação é boa, mas não se sobressai a algo do nível de um grande estúdio como a Disney. O que não se sobressai mesmo é o próprio produto final. As imagens dos filmes de animação do estúdio nos créditos e a cena pós-crédito com When You Wish Upon a Star poderiam valar de algo se o filme fizesse o mínimo esforço para honrar os 100 anos da empresa.
Vidas Passadas
4.2 737 Assista AgoraUm daqueles dramas de romances reais que nunca aconteceram e ficam marcados durante toda a vida pelas circunstâncias. O fato de ser tão próximo da realidade torna o filme mais aconchegante, bonito e, de certo modo, doloroso. O personagem de Arthur é um elemento que adiciona uma problemática distinta a esse tipo de abordagem pela maturidade como é adicionada. Sem maneirismos, sem clichês e sem apelar ao que queremos ver, Celine Song entrega uma obra belíssima sobre os caminhos e desencontros do amor e da vida. Greta Lee e Teo Yoo estão apaixonantes.
Anatomia de uma Queda
4.0 800 Assista AgoraUm filme que se sobressai por um roteiro sólido e de múltiplas leituras para além da resolução de um caso possivelmente criminal. O que importa aqui é desvelar partes da verdade reconstituíveis que desnudam a protagonista frente a um tribunal, ao mundo e ao seu próprio filho, mostrando que toda família tem seus segredos. O diálogo sobre a mescla de ficção e realidade que a literatura e o julgamento são, ou a subjetividade das escolhas, ou o quanto a arte e a vida são inseparáveis, mas não equivalentes, são alguns temas que tornam esse filme ainda mais atraente. Sandra Huller e Milo Machado Graner dominam o filme em atuações incríveis, e Messi faz um trabalho igualmente incrível como Snoop. Triet mostra quão grande é como cineasta nesse drama de tribunal que vai muito além disso, mas não deixa de ter muitos de seus melhores momentos no ambiente do julgamento. Por fim, como não odiar o promotor e o terapeuta?
Ricky Gervais: Armageddon
3.5 15Ricky Gervais leva suas piadas ao extremo nesse especial que é de humor, mas também sobre humor e os limites (ou não) dele. Ele consegue trazer tiradas super pesadas sem ser algo gratuitamente ofensivo a certos grupos, o que só mostra o quanto ele é excelente no que faz. As passagens metalinguísticas são o que torna a experiência mais intrigante e dão muito a pensar. Nem todas as piadas são engraçadas, mas nenhuma delas é por algo que soe uma ofensa (incrível como ele é "ofensivo" sem ser), mas por haver alguns timing cômicos, que Gervais encontra geralmente muito bem, que não se encaixam. Um dos melhores comediantes da atualidade com facilidade.
Jogo Mortal
3.2 109 Assista AgoraDiferente do humor dos Wayans, é um terrir que usa o humor escrachado com bastante economia e investe num humor mais baseado nos estereótipos negros, que traz os melhores momentos. A trama em si não é tão atrativa, mas os personagens e suas interações é o que sustenta o interesse no filme até o fim. A cena pra definir quem era o mais negro foi uma das melhores do filme.
Aquaman 2: O Reino Perdido
2.9 293 Assista AgoraMesmo não sendo tão longo, é cansativo porque é igual a tantos outros filmes de herói e sempre recorre ao caminho mais óbvio. Quando o filme parece que vai ter alguma seriedade ou um drama mais forte, rola uma piadinha ou se parte pra ação, e isso acabou incomodando porque nenhum personagem ao não ser o Orm tem qualquer nuance ou muda sua postura de forma convincente, porque o roteiro não quer deixar ninguém evoluir de forma perceptível. A cena final chega a ser vergonhosa com o Jason Momoa sendo Jason Momoa durante uma coletiva. Apesar disso, ainda entretém com as cenas de ação, mas o resultado final é meia boca.
Depois de Horas
4.0 454 Assista AgoraIncrível como em três minutos, e sem nem ter um plot estabelecido, o filme conseguiu me prender. Scorsese simplesmente brincou de dirigir e se divertiu fazendo uma comédia de erros, muito bem encabeçada pelo azarado Griffin Dine e com um ótimo elenco de apoio. A história se passar no SoHo, bairro que se tornou concentração de artistas e figuras marginais da sociedade americana, permite o encontro com vários tipos únicos desse lugar durante a projeção, que se desdobra em desencontros e carrega várias críticas ao momento social e político de Nova York e dos Estados Unidos, com o neoliberalismo destrutivo de Reagan em voga e a criminalidade tomando conta das ruas. No fim das contas, é o anti-sonho do trabalhador comum, que mesmo no seu tempo livre, ao tentar viver, sofre as consequências disso para depois retornar à mesma rotina monótona de todos os dias. E só para não deixar passar, que felicidade a cena em que toca Pay to Cum e ainda conta com o Scorsese fazendo uma ponta.
O Homem Invisível
3.9 156 Assista AgoraRealização técnica impressionante para fazer o homem invisível, e gostei de ser um vilão meio que "sem objetivo", só alguém que ficou maluco devido às consequências da experiência e virou um ser violento e com ganas de poder. A mescla com a comédia pelas reações das pessoas e da própria polícia não atrapalha em nada o filme, deixando na verdade ele mais divertido e prendendo a atenção até o fim. Ótima direção de James Whale.
Bom Garoto
2.5 164 Assista AgoraO plot é tão promissor quanto o filme é mal feito. Se temos um argumento que parte de uma premissa bizarra com promessa de enredo tenso, a realização é pobre, com atuações terríveis, direção ruim e roteiro mal feito, dependendo da burrice tremenda da personagem principal. Nem sei o que pensei do final, só sei que ele não tem qualquer peso dado o que o filme apresentou antes.
Extermínio 2
3.5 626 Assista AgoraTão bom, ou, na verdade, até um pouco superior que o primeiro. A qualidade da filmagem melhora, a produção também e o time de atores envolvidos é igualmente bom. A trama começa de forma frenética e pesada, se desenvolve infelizmente dependendo de atitudes extremamente burras dos personagens, mas depois consegue se sustentar muito bem, com tensão, violência e desespero bem realizados. Dá continuidade às críticas que o primeiro filme fez às forças armadas, só que agora de forma muito mais incisiva.
A Volta dos Mortos Vivos
3.6 536 Assista AgoraFilme insano, que investe numa trasheira de primeira. Não se leva a sério, mas consegue ser mais impactante e sólido que muitos filmes do gênero feitos para serem sérios. Os zumbis imortais e inteligentes trazem um elemento diferente ao cinema do gênero e garante cenas tão engraçadas quanto tenebrosas. Além disso, tem umas questões morais pesadas e umas críticas pesadíssimas à forma como o Estado lida com problemas sérios, tudo sem perder o bom humor e a diversão. Os efeitos práticos são simplesmente maravilhosos e a trilha sonora é uma deleite à parte.
As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada
3.5 1,4K Assista AgoraA troca de direção é muito sentida, especialmente pela oscilação de atmosfera, que às vezes parece muito infantilizada, e pelas cenas de ação, que não empolgam mais. Apesar disso, finalmente Ripchip tem o destaque que merece e a adição de Will Poulter como Eustáquio é um acerto e tanto. Mesmo sendo o mais fraco da trilogia, o final é melhor e mais bonito dos três, acertando em cheio no teor emocional da conclusão de ciclo e início de uma nova jornada.
As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian
3.5 791 Assista AgoraDiferente de quando vi na época em que foi lançado, em que me desagradou pelas mudanças em relação à história original, rever agora foi uma experiência melhor, pois esse segundo filme traz mais batalhas e uma participação maior de Pedro na trama. Ainda vejo com problemas a forçada em colocar novamente a Feiticeira Branca e o pouco desenvolvimento de Caspian, que não tem tempo de tela suficiente para que torçamos ou nos apeguemos a ele, mas, enquanto o primeiro é um filme de fantasia completo, o segundo é praticamente um filme de guerra, bem produzido e divertido, que mesmo tendo uma duração relativamente longa, não se torna nada cansativo.
Priscilla
3.4 161 Assista AgoraSe eu começasse a ver os filmes de Sofia Coppola por aqui, provavelmente desistiria de ver outros da diretora. O filme em si não é ruim, mas o nome engana. Deveria se chamar Priscilla Presley, pois a personagem só existe enquanto na vida de Elvis, o que acaba sendo bem contraditório pelo filme tratar de Priscilla (supostamente). E sendo o filme sobre ela, tem umas poucas cenas específicas mostrando só o Elvis que fogem do foco nela, e apesar de ser escolha artística da diretora para ilustrar o apagamento da personagem, depõe contra o próprio filme. Além disso, o filme não só aumenta os eventos pra pintar Elvis ainda pior do que já era, como vitimiza excessivamente a Priscilla e a transforma quase numa mulher sem nenhuma voz, sendo que ela teve vários momentos dentro do casamento em que mostrou força ou oposição (como o caso com o instrutor de karatê que fica muito implícito no filme). No fim, você sai sem conhecer nada da Priscilla, a não ser que ela sofreu na mão de Elvis. E resumir a fase pós-casamento e maternidade à meia hora final ou menos foi um desperdício. Grande trilha sonora, bom trabalho de maquiagem e figurinos e a cena final é ótima, mas faltou substância ao filme, que não parece ter um objetivo muito claro a não ser construir um novo imaginário de Priscilla Presley que, ironicamente, a apaga ainda mais.
O Mundo Depois de Nós
3.2 883 Assista AgoraIncrível como o filme vai construindo uma tensão promissora e estabelecendo pontos curiosos para no fim tudo ser deixado de lado por uma pretensão de fazer tudo ser "misterioso" demais. Se o primeiro ato traz interesse, o segundo fica andando em círculos constantemente para segurar "revelações" até o terceiro ato, e isso faz com que os personagens se contradigam e se tornem somente estereótipos sem nuances: a esposa desconfiada e carrancuda, o marido positivo, o pai herói pelos outros, a filha ranzinza, o filho babaca e a filha mais nova curiosa e pouco ouvida. Seriam bons padrões se fossem além disso, mas o filme não sabe fazer seus personagens minimamente interessantes ou cativantes, nem a trama consegue ser impactante, pois a partir do momento que temos algumas conclusões sendo tiradas, chega a ser meio ridículo o drama que o filme tenta fazer sobre isso. Sam Esmail tenta fazer uma direção impressionante, mas se tornam extremamente cansativas e sem objetivo as tentativas de emplacar cenas visualmente diferentes que não dialogam em nada com a narrativa, estando ali totalmente deslocadas e sem peso algum. No final, de tantas possibilidades, talvez a menos criativa e mais "paga pau" do Estado americano foi a usada, o que foi simplesmente broxante. No fim, é um filme sem alma, sem graça, cansativo e que soa uma grande perda de tempo.
A Sociedade da Neve
4.2 715 Assista AgoraVai além da espetacularização do sofrimento que o típico filme-tragédia faz, ou de uma tentativa de estabelecer heróis do mundo real em meio a situações extremas. É um filme que respeita a história, as pessoas envolvidas e os acontecimentos, sabendo ser impactante nos momentos de tensão, mas principalmente sensível ao conseguir tornar cada sobrevivente um personagem com voz, desejos, princípios, medos e esperanças. O final foi o que mais me soou um diferencial, pois ressalta a dificuldade do retorno ao mundo depois de sobreviver numa situação tão atípica que quebra com suas crenças mais básicas. Bela surpresa.
Ó Paí, Ó
3.2 476Um filme muito divertido, que traz um elenco afiado na comédia e com algumas atuações teatrais que funcionam muito bem, com uma atmosfera carnavalesca soteropolitana muito justa, mostrando o pior e o melhor que Salvador tem - ou ao menos a região do Pelourinho. Me impressiona como no final o filme consegue te destroçar completamente sem soar deslocado, acertando em cheio na carga dramática. Uma das grandes obras de Salvador sobre Salvador.
Saltburn
3.5 848Por um lado, temos Fennell mostrando o quanto pode ser uma ótima diretora técnica e esteticamente, pois várias escolhas estéticas dela são maravilhosas, tendo um auxílio gigantesco da fotografia e direção de arte, que estão no ponto. Keoghan mais uma vez mostra o quanto é um ator de qualidade, e Elordi, apesar de não atuar tanto quanto seu parceiro de cena, está extremamente atraente e manda bem quando precisa ser acionado. Porém, é um filme que não tem roteiro, só um argumento central, porque nada é bem desenvolvido, os personagens são vazios, os backgrounds são jogados e as ações são idiotas, infantis, burras ou inverossímeis. Precisa não de muita, mas toda suspensão de descrença do mundo para acreditar que o filme acabaria como acabou. O que piora são as metáforas visuais óbvias que a Fennell deve ter achado geniais, mas só foram meio bobas mesmo, sem falar no encaixe desesperado de cenas tentando chocar ou "passar dos limites", quando só soam deslocadas e sedentas por causar algum choque no espectador, já que o enredo em si não pode fazer isso sozinho. O final todo mastigadinho, explicando tintim por tintim tudo que ocorreu porque trata o espectador como um idiota, é a cereja do bolo. Fennell tem que desistir de roteiro e procurar ficar só na direção, que é onde ela manda bem.
A Tristeza
3.4 231Não só é um filme que não tem pena nenhuma no gore e na violência, abusando da sanguinolência e violência, como tem um forte subtextos político sobre o momento pandêmico, a negligência estatal com o cuidado quanto ao vírus, a politização da doença e a expansão de ódio como expressão política devido à extrema polarização. Além disso, o filme se chamar A Tristeza é bem significativo, pois a explicação dada pelo virologista sobre a infecção deixa tudo muito mais doloroso e traz novas cargas à história. Final pessimista daqueles também. Uma surpresa e tanto vinda de Taiwan.
As Virgens Suicidas
3.8 1,4K Assista AgoraUm filme esteticamente belo, com ótimas escolhas de montagem e direção, investindo numa construção da imaginação jovem e em cores mais vivas para mostrar esses momentos, além de ter um mundo opressivo cheio de cores que vão se perdendo à medida que tudo se torna mais sufocante. O roteiro acerta muito em centar a narrativa na visão de terceiros sobre os casos que o filme segue, deixando no ar motivações e nuances internas das personagens centrais, mas incomoda bastante o fato de que somente Lux é desenvolvida dentre as cinco irmãs, enquanto Cecília ainda consegue ter.um delineamento geral, mas as outras três são quase figurantes durante toda a projeção. Ainda assim, é um drama que trata de um tema pesado e levanta interessantes pontos em torno da adolescência, repressão parental, fundamentalismo e suicídio.
Batalha Real II
2.6 39O filme até caminha bem com o novo jogo e o plot do terrorismo encabeçado pelo Nanahara, mas a partir do momento em que os participantes do jogo se encontram com os terroristas, o filme vai só ladeira abaixo, se tornando extremamente maçante, atropelado, melodramático em excesso, a ponto de ficar quase insuportável de lidar. As boas cenas de ação e a produção melhor que o primeiro filme não salvam o descarrilamento na segunda metade, em que a trama se perde toda e um monte de flashbacks são mal encaixados. Parecia que seria um bom filme, mas no final tudo desandou.