Uma aula de política moderna americana com a ironia finíssima e ilimitada e o timing cômico impecável do Adam McKay em seus melhores momentos (algo que se perdeu no seu trabalho mais recente). O elenco está formidável, assim como o trabalho de maquiagem e a montagem do filme, e conhecer a história de um dos políticos mais importantes desse século - e toda a barbárie e injustiça encabeçada por ele - foi uma experiência divertida graças ao trabalho de texto e direção de McKay. A segunda metade perde muito do dinamismo pelo fato de que o foco se mantém somente nos eventos pós-11 de setembro, o que torna essa parte meio cansativa, mas as últimas cenas são sensacionais.
É mal dirigido, é mal atuado, é um roteiro mal escrito, mas me diverti muito com a podreira e a bizarrice, pois se dedicaram ao body horror. O ato final é especialmente doido, e isso deixou tudo melhor.
Esperava uma comédia boba pastelão e me deparei com uma comédia dramática cheia de críticas sociais e sutilezas de encher os olhos. Consegue ser mais bem sucedida que muitas sátiras aos ricos recentes e constrói bem seus personagens, com destaque às personagens muito bem interpretadas por Toni Collette e Rossy de Palma. Infelizmente o terceiro ato perde bastante força, mas o saldo total é bastante positivo.
Uma grande história a ser contada nas mãos de uma péssima documentarista. Já tinha visto outro doc de Nanfu Wang anteriormente e esse é melhor, mas os problemas de enviesamento ideológico excessivo, sensacionalismo barato e falta de foco estão aqui. Em vez de dados e fatos, o filme prefere se sustentar parcamente num fio emocional apelativo e que acaba resultando num filme que quase não traz nada de novo sobre o tema, virando dois filmes de um quando se torna a busca das crianças chinesas pelos EUA. Além de tudo, a falta de cuidado da diretora com a segurança física e emocional de seus entrevistados é muito perceptível, e torna toda a tentativa de parecer ser uma visão "humana" do problema somente hipócrita. Uma pena que algo que tinha potencial de resultar num documentário pesado e de fortes discussões, apesar de trazer alguns pontos interessantes, tenha caído no maniqueísmo anti-China padrão.
Pode não ser o pior, mas provavelmente é o mais sem graça da franquia. Patrick Wilson faz o básico para reproduzir o padrão de direção da saga, mas não tem muita vida. O filme em si é na verdade bem xoxo, com um drama sem muito impacto e quase zero de terror, resumindo a uns jumpscares meio xinfrins. A história conclui algo que não precisava de conclusão, tendo a façanha de conseguir não trazer absolutamente nada de novo. Consegui ver até o fim e manteve o interesse para saber como seria o desfecho, o que faz a nota não ser tão baixa, e muito porque os personagens tem algum mínimo carisma e despertam certo interesse (mesmo que isso não venha necessariamente dos atores, pois todo mundo parece não estar nada a fim de estar ali, mas da história que já vimos desses personagens). Até a música do Ghost com o Patrick Wilson ficou paia. E acho incrível como perderam a chance óbvia de mandar um Paint It Black na trilha sonora, era quase obrigação.
A parceria entre Sidney Lumet e Al Pacino rendeu ótimos frutos e deveria ter acontecido mais vezes. A angustiante história de um policial que busca manter sua honestidade em meio à corrupção enraizada na corporação só se torna memorável pelo ótimo trabalho dos dois citados, que conseguem conferir toda a carga emocional necessária para que a história se torne um drama de primeira. Ainda que meio longo, vale muito a pena acompanhar os embates de Serpico contra todo um sistema.
Daqueles filmes que não ficam datados e continuam surpreendendo décadas depois. A trama já começa de forma muito forte, e a apresentação das personagens faz com que o público entenda suas personalidades e suas necessidades, para.quando o conflito finalmente se estabelecer, a coisa seja desesperadora. Tudo é claustrofóbico, tenso e nervoso de uma forma que poucos filmes conseguem reproduzir, e o uso da iluminação por Marshall é brilhante. É ao mesmo tempo bastante violento e emocionalmente profundo, culminando num final bem dilacerante. Um dos grandes exemplares do terror dos anos 2000.
Corria o risco de ser ideologicamente enviesado tendo em vista ser uma obra franco-britânica, mas conseguiram fazer uma ótima sátira política com uma fidelidade aos acontecimentos reais admirável. O jogo de poder pós-morte de Stalin é a verdadeira materialização do ditado "cobra comendo cobra". Engraçado de um jeito ácido, tenso e impactante nos momentos certos, tem um elenco que é todo muito bem encaixado, mas Buscemi como Kruschev simplesmente dominou tudo.
Gostei do que fizeram aqui. Os Maximals dão um novo gás à franquia e o Noah foi uma boa adição. Tem algumas bobagens, principalmente lá perto do fim, mas o saldo é divertido e acaba sendo o terceiro ou quarto melhor filme da franquia, superando fácil os dois com Mark Whalberg. A cena final dá uma boa hypada.
Os efeitos estão datados e parecendo saídos de um filme do início dos anos 2000? Sim, indefensáveis. Mas achei um filme honestamente divertido, com algumas tiradas bem ruinzinhas, mas saldo positivo. Talvez o problema maior seja o fato de que a partir da metade fique um tanto cansativo e as cenas parecem só de suceder sem se conectar muito bem, mas as referências deram um brilho a mais, assim como a participação do Keaton. A cena final é pra fechar com chave de ouro e me impressiona como Ezra consegue ser tão carismático quando fora da ficção é o caos encarnado.
Um belo amadurecimento de trama que traz um respiro bem-vindo e quase independente da megalomania interconectada na Marvel. Centrar no drama e no Rocket foram acertos gigantes, e no geral é um filme bem mais maduro. Enfraquece quando foca no Warlock, mal aproveitado e extremamente idiotizado, e o vilão, apesar de muito ameaçador, acaba mostrando muito pouco de sua ameaça real aos heróis, numa resolução muito rápida, além de que a "rebelião" de seus subalternos foi meio nada a ver, mas de resto é um dos raros acertos da Marvel pós-2020. Gunn foi embora deixando o recado muito bem dado.
Divertido, apesar de não ser tão engraçado, e de uma leveza gostosa. Mostra um pouco da realidade dentro do islamismo e as tensões de gênero e de nacionalidade que existem, além de todo problema sobre expectativas e perdas familiares, além de disputas de ego que há em qualquer lugar. Uma pedida ótima pra uma noite de preguiça.
Filme família que traz uma boa mensagem e um protagonista que é engraçado por ser muito melodramático, mas que vai amadurecendo bem durante a projeção. Uma pena que o filme se alonga mais do que deveria e fica meio perdido entre o segundo e o terceiro, fazendo o interesse se dispersar completamente. Isso acontecer num filme desse gênero acaba pesando demais.
Estou simplesmente apaixonado. O conto de Milton Hatoum foi transformado numa história repleta de paixão, desejo, culpa, sonho e saudade que vai sendo construída com calma, mas sabendo como ser contada. As atuações estão fantásticas do quarteto principal, mas quero ressaltar o quanto fiquei impressionado com Rômulo Braga em especial, que papel cheio de nuances. Sophie Charlotte é totalmente apaixonante aqui, Gabriel Leone demora um pouco a aparecer, mas quando vem entrega tudo que pode, e Daniel de Oliveira mostra porque continua sendo um dos atores mais acionados do nosso cinema. A direção de Carvalho, junto à fotografia, coisa de louco, tudo tá lindo demais. Mas o que me pega de verdade é a trilha sonora, que delícia. Fruto Sensual merecia ser usada dessa forma, numa cena que para mim entra na lista de cenas musicais marcantes do cinema brasileiro. Está no Ar é um clássico que merece esse tipo de uso, com essa qualidade. E ainda tem Dona Onete, Getúlio Abelha e Felipe Cordeiro, pelo amor de Deus, é pra louvar de pé. Não imaginava que ia sair tão fascinado assim.
Pura vanguarda. Um mosaico de desencontros que mostram faces dos marginais brasileiros da época da ditadura, sendo que até hoje a grande parte deles ainda se mantém à margem. Alguns momentos são bem marcantes, com falas que fazem pensar muito e associar à impossibilidade de diálogo político e social nesse país misto e perdido. A receita de coquetel é simplesmente um momento maravilhoso.
Jeremy Renner e Elizabeth Olsen se saem bem aqui, e Taylor Sheridan traz uma história talvez mais simples que em Sicario, mas com vários elementos diferencias. O neowestern dele é bem estabelecido tanto no roteiro quanto na direção, e há várias rimas narrativas e temáticas com o cinema de John Ford. Soa como uma versão oposta de Rastros do Ódio pela centralidade dada aqui aos nativos americanos, mas ainda encabeçado por um "forasteiro branco" que luta por justiça pelo trauma de uma perda que nunca teve resposta. Trabalho bastante consistente.
Terrir dos bons que traz momentos bastante engraçados e exageros de sangue muito bem-vindos. Awkwafina não está insuportável como em outros papéis dela, e Nicholas Hoult é a escolha certa pelo carisma. Mas com certeza nada é melhor que Nicolas Cage como Drácula. Bela Lugosi estaria orgulhoso. E ainda tem espaço pra deixar uma mensagem legal sobre relacionamentos abusivos e pessoas codependentes.
O fraco segundo filme deixou uma deixa para a sequência, que esse aqui simplesmente ignorou e partiu pra uma baboseira sobrenatural. Ruim em tudo que pode ser, só não dou meia estrela porque a participação de Tina Lifford como Grace Taylor deixou minimamente tragável e divertido
A química entre Sandra Bullock e Keanu Reeves torna esse filme especial, mas o fato do elemento viagem no tempo estar ali sem explicação alguma e o final ser o mais fácil e óbvio (se bem que a outra opção seria bem deprimente) fazem perder uns pontinhos. Já dá pra matar a jogada no início pelas roupas dos personagens, mas o processo foi bem legal de acompanhar.
Menos palavras, mais exagero e mais porradaria bruta de tudo quanto é jeito, o que torna tudo mais megalomaníaco, frenético e ofegante. Para mim, tão bom quanto o segundo filme, empatado como o melhor da franquia. O desfecho me pegou um pouco de surpresa e gostei da decisão criativa, mas os planos da Lionsgate de encher os bolsos podem fazer esse momento perder o peso. E esqueçam John Wick, Caine (Donnie Yen descaralhando tudo) e Nobody: o personagem mais foda desse filme é disparado o cachorro. Eu teria medo de encontrar com ele na rua num dia ruim.
É um terror protocolar que sabe construir tensão e construir momentos bem sucedidos de ameaça, baseado no contraste entre luz e sombra, no uso das aparições no plano de fundo e no medo do desconhecido, mas isso acaba se perdendo quando o monstro finalmente é revelado, tornando-se um filme de perseguição monstruoso. É um enredo bastante previsível, bem feijão com arroz, mas que conta com um elenco em boa forma, principalmente a filha mais nova da família. Apesar dos problemas, dá pra ter um momento legal assistindo e levar um ou outro sustinho.
Não bateu. Curtinho, mas a história meio que se enrola demais, fazendo parecer muito mais longo do que deveria. Os subtextos sobre sublimação freudiana, traumas geracionais, xenofobia e repressão sexual são interessantes, mas pouco dialogam com o mito que a trama tinha em mãos. Tourneur entrega alguns momentos e tanto, como as cenas de perseguição clássicas no parque e na piscina, além dos momentos em que a pantera finalmente surge para o ataque e o encontro de Irena com uma irmã de vila. O potencial era grande, mas ficou no básico. A fotografia é uma delicinha.
Primeiro longa comercial e a ser exibido em Gramado do Acre, que já vem com muito a se destacar positivamente. É um filme-mosaico que mostra a realidade periférica jovem em meio à invasão do narcotráfico, da violência de grupos criminosos de outras regiões e das tentativas de apagamento da tradição local. Tem composições de cena aqui que são estupendas, como a forte cena final ao som de Jessé (que raridade utilizá-lo, e da forma como fizeram aqui, então... sublime). Espiritualidade indígena, resistência no slam e na arte e um retrato de um local esquecido pelo país, mas que sofre de problemas exportados pelas metrópoles nacionais, são apenas alguns dos elementos que enriquecem a experiência. O elenco está muito bem, e a direção de Sérgio de Carvalho traz todo um diferencial, coisa madura e consciente mesmo. Ainda que tenha algumas falhas na falta de desenvolvimento de personagens e nos múltiplos focos da história que acabam soterrado alguns personagens com possíveis desdobramentos interessantes, é um filme pungente, socialmente engajado e marcante. Mais um exemplar de peso do cinema nacional fora do eixo Rio-São Paulo.
Uma pena que as coisas que deram mais certo no primeiro filme e que fizeram esse um exemplar diferenciado do gênero de heróis aqui deram errado ou tiveram um foco falho, como a pegada familiar, o carisma dos personagens e as piadas bem dosadas. Tem mais ação, mas a trama é bem básica e um tanto enrolada só pra durar mais tempo de tela. Os efeitos não deixam a desejar no geral. Quanto aos atores, Helen Mirren e Lucy Liu cumprem bem com seus papéis, mas Rachel Zegler é um completo picolé de chuchu. Os meninos, tirando o Grazer, não têm o mesmo foco e o mesmo carisma, assim como o Levy, e o que fizeram com o personagem do mago é frustrante. Mas no geral ainda dá pra fazer uma sessão pipocona pra distração despretensiosa.
Vice
3.5 488 Assista AgoraUma aula de política moderna americana com a ironia finíssima e ilimitada e o timing cômico impecável do Adam McKay em seus melhores momentos (algo que se perdeu no seu trabalho mais recente). O elenco está formidável, assim como o trabalho de maquiagem e a montagem do filme, e conhecer a história de um dos políticos mais importantes desse século - e toda a barbárie e injustiça encabeçada por ele - foi uma experiência divertida graças ao trabalho de texto e direção de McKay. A segunda metade perde muito do dinamismo pelo fato de que o foco se mantém somente nos eventos pós-11 de setembro, o que torna essa parte meio cansativa, mas as últimas cenas são sensacionais.
Fúria
2.5 92 Assista AgoraÉ mal dirigido, é mal atuado, é um roteiro mal escrito, mas me diverti muito com a podreira e a bizarrice, pois se dedicaram ao body horror. O ato final é especialmente doido, e isso deixou tudo melhor.
Madame
3.2 100 Assista AgoraEsperava uma comédia boba pastelão e me deparei com uma comédia dramática cheia de críticas sociais e sutilezas de encher os olhos. Consegue ser mais bem sucedida que muitas sátiras aos ricos recentes e constrói bem seus personagens, com destaque às personagens muito bem interpretadas por Toni Collette e Rossy de Palma. Infelizmente o terceiro ato perde bastante força, mas o saldo total é bastante positivo.
One Child Nation
4.1 75Uma grande história a ser contada nas mãos de uma péssima documentarista. Já tinha visto outro doc de Nanfu Wang anteriormente e esse é melhor, mas os problemas de enviesamento ideológico excessivo, sensacionalismo barato e falta de foco estão aqui. Em vez de dados e fatos, o filme prefere se sustentar parcamente num fio emocional apelativo e que acaba resultando num filme que quase não traz nada de novo sobre o tema, virando dois filmes de um quando se torna a busca das crianças chinesas pelos EUA. Além de tudo, a falta de cuidado da diretora com a segurança física e emocional de seus entrevistados é muito perceptível, e torna toda a tentativa de parecer ser uma visão "humana" do problema somente hipócrita. Uma pena que algo que tinha potencial de resultar num documentário pesado e de fortes discussões, apesar de trazer alguns pontos interessantes, tenha caído no maniqueísmo anti-China padrão.
Sobrenatural: A Porta Vermelha
2.6 312 Assista AgoraPode não ser o pior, mas provavelmente é o mais sem graça da franquia. Patrick Wilson faz o básico para reproduzir o padrão de direção da saga, mas não tem muita vida. O filme em si é na verdade bem xoxo, com um drama sem muito impacto e quase zero de terror, resumindo a uns jumpscares meio xinfrins. A história conclui algo que não precisava de conclusão, tendo a façanha de conseguir não trazer absolutamente nada de novo. Consegui ver até o fim e manteve o interesse para saber como seria o desfecho, o que faz a nota não ser tão baixa, e muito porque os personagens tem algum mínimo carisma e despertam certo interesse (mesmo que isso não venha necessariamente dos atores, pois todo mundo parece não estar nada a fim de estar ali, mas da história que já vimos desses personagens). Até a música do Ghost com o Patrick Wilson ficou paia. E acho incrível como perderam a chance óbvia de mandar um Paint It Black na trilha sonora, era quase obrigação.
Serpico
4.1 276 Assista AgoraA parceria entre Sidney Lumet e Al Pacino rendeu ótimos frutos e deveria ter acontecido mais vezes. A angustiante história de um policial que busca manter sua honestidade em meio à corrupção enraizada na corporação só se torna memorável pelo ótimo trabalho dos dois citados, que conseguem conferir toda a carga emocional necessária para que a história se torne um drama de primeira. Ainda que meio longo, vale muito a pena acompanhar os embates de Serpico contra todo um sistema.
Abismo do Medo
3.2 883 Assista AgoraDaqueles filmes que não ficam datados e continuam surpreendendo décadas depois. A trama já começa de forma muito forte, e a apresentação das personagens faz com que o público entenda suas personalidades e suas necessidades, para.quando o conflito finalmente se estabelecer, a coisa seja desesperadora. Tudo é claustrofóbico, tenso e nervoso de uma forma que poucos filmes conseguem reproduzir, e o uso da iluminação por Marshall é brilhante. É ao mesmo tempo bastante violento e emocionalmente profundo, culminando num final bem dilacerante. Um dos grandes exemplares do terror dos anos 2000.
A Morte de Stalin
3.6 134 Assista AgoraCorria o risco de ser ideologicamente enviesado tendo em vista ser uma obra franco-britânica, mas conseguiram fazer uma ótima sátira política com uma fidelidade aos acontecimentos reais admirável. O jogo de poder pós-morte de Stalin é a verdadeira materialização do ditado "cobra comendo cobra". Engraçado de um jeito ácido, tenso e impactante nos momentos certos, tem um elenco que é todo muito bem encaixado, mas Buscemi como Kruschev simplesmente dominou tudo.
Transformers: O Despertar das Feras
3.1 198 Assista AgoraGostei do que fizeram aqui. Os Maximals dão um novo gás à franquia e o Noah foi uma boa adição. Tem algumas bobagens, principalmente lá perto do fim, mas o saldo é divertido e acaba sendo o terceiro ou quarto melhor filme da franquia, superando fácil os dois com Mark Whalberg. A cena final dá uma boa hypada.
The Flash
3.1 748 Assista AgoraOs efeitos estão datados e parecendo saídos de um filme do início dos anos 2000? Sim, indefensáveis. Mas achei um filme honestamente divertido, com algumas tiradas bem ruinzinhas, mas saldo positivo. Talvez o problema maior seja o fato de que a partir da metade fique um tanto cansativo e as cenas parecem só de suceder sem se conectar muito bem, mas as referências deram um brilho a mais, assim como a participação do Keaton. A cena final é pra fechar com chave de ouro e me impressiona como Ezra consegue ser tão carismático quando fora da ficção é o caos encarnado.
Guardiões da Galáxia: Vol. 3
4.2 804 Assista AgoraUm belo amadurecimento de trama que traz um respiro bem-vindo e quase independente da megalomania interconectada na Marvel. Centrar no drama e no Rocket foram acertos gigantes, e no geral é um filme bem mais maduro. Enfraquece quando foca no Warlock, mal aproveitado e extremamente idiotizado, e o vilão, apesar de muito ameaçador, acaba mostrando muito pouco de sua ameaça real aos heróis, numa resolução muito rápida, além de que a "rebelião" de seus subalternos foi meio nada a ver, mas de resto é um dos raros acertos da Marvel pós-2020. Gunn foi embora deixando o recado muito bem dado.
O Casamento de Ali
3.6 29 Assista AgoraDivertido, apesar de não ser tão engraçado, e de uma leveza gostosa. Mostra um pouco da realidade dentro do islamismo e as tensões de gênero e de nacionalidade que existem, além de todo problema sobre expectativas e perdas familiares, além de disputas de ego que há em qualquer lugar. Uma pedida ótima pra uma noite de preguiça.
Crescer Não é Brincadeira
3.2 21 Assista AgoraFilme família que traz uma boa mensagem e um protagonista que é engraçado por ser muito melodramático, mas que vai amadurecendo bem durante a projeção. Uma pena que o filme se alonga mais do que deveria e fica meio perdido entre o segundo e o terceiro, fazendo o interesse se dispersar completamente. Isso acontecer num filme desse gênero acaba pesando demais.
O Rio do Desejo
3.4 45Estou simplesmente apaixonado. O conto de Milton Hatoum foi transformado numa história repleta de paixão, desejo, culpa, sonho e saudade que vai sendo construída com calma, mas sabendo como ser contada. As atuações estão fantásticas do quarteto principal, mas quero ressaltar o quanto fiquei impressionado com Rômulo Braga em especial, que papel cheio de nuances. Sophie Charlotte é totalmente apaixonante aqui, Gabriel Leone demora um pouco a aparecer, mas quando vem entrega tudo que pode, e Daniel de Oliveira mostra porque continua sendo um dos atores mais acionados do nosso cinema. A direção de Carvalho, junto à fotografia, coisa de louco, tudo tá lindo demais. Mas o que me pega de verdade é a trilha sonora, que delícia. Fruto Sensual merecia ser usada dessa forma, numa cena que para mim entra na lista de cenas musicais marcantes do cinema brasileiro. Está no Ar é um clássico que merece esse tipo de uso, com essa qualidade. E ainda tem Dona Onete, Getúlio Abelha e Felipe Cordeiro, pelo amor de Deus, é pra louvar de pé. Não imaginava que ia sair tão fascinado assim.
Maldita Coincidência
3.5 16Pura vanguarda. Um mosaico de desencontros que mostram faces dos marginais brasileiros da época da ditadura, sendo que até hoje a grande parte deles ainda se mantém à margem. Alguns momentos são bem marcantes, com falas que fazem pensar muito e associar à impossibilidade de diálogo político e social nesse país misto e perdido. A receita de coquetel é simplesmente um momento maravilhoso.
Terra Selvagem
3.8 594 Assista AgoraJeremy Renner e Elizabeth Olsen se saem bem aqui, e Taylor Sheridan traz uma história talvez mais simples que em Sicario, mas com vários elementos diferencias. O neowestern dele é bem estabelecido tanto no roteiro quanto na direção, e há várias rimas narrativas e temáticas com o cinema de John Ford. Soa como uma versão oposta de Rastros do Ódio pela centralidade dada aqui aos nativos americanos, mas ainda encabeçado por um "forasteiro branco" que luta por justiça pelo trauma de uma perda que nunca teve resposta. Trabalho bastante consistente.
Renfield - Dando o Sangue Pelo Chefe
3.2 251 Assista AgoraTerrir dos bons que traz momentos bastante engraçados e exageros de sangue muito bem-vindos. Awkwafina não está insuportável como em outros papéis dela, e Nicholas Hoult é a escolha certa pelo carisma. Mas com certeza nada é melhor que Nicolas Cage como Drácula. Bela Lugosi estaria orgulhoso. E ainda tem espaço pra deixar uma mensagem legal sobre relacionamentos abusivos e pessoas codependentes.
Lenda Urbana 3: A Vingança de Mary
2.1 260 Assista AgoraO fraco segundo filme deixou uma deixa para a sequência, que esse aqui simplesmente ignorou e partiu pra uma baboseira sobrenatural. Ruim em tudo que pode ser, só não dou meia estrela porque a participação de Tina Lifford como Grace Taylor deixou minimamente tragável e divertido
A Casa do Lago
3.6 1,6K Assista AgoraA química entre Sandra Bullock e Keanu Reeves torna esse filme especial, mas o fato do elemento viagem no tempo estar ali sem explicação alguma e o final ser o mais fácil e óbvio (se bem que a outra opção seria bem deprimente) fazem perder uns pontinhos. Já dá pra matar a jogada no início pelas roupas dos personagens, mas o processo foi bem legal de acompanhar.
John Wick 4: Baba Yaga
3.9 692 Assista AgoraMenos palavras, mais exagero e mais porradaria bruta de tudo quanto é jeito, o que torna tudo mais megalomaníaco, frenético e ofegante. Para mim, tão bom quanto o segundo filme, empatado como o melhor da franquia. O desfecho me pegou um pouco de surpresa e gostei da decisão criativa, mas os planos da Lionsgate de encher os bolsos podem fazer esse momento perder o peso. E esqueçam John Wick, Caine (Donnie Yen descaralhando tudo) e Nobody: o personagem mais foda desse filme é disparado o cachorro. Eu teria medo de encontrar com ele na rua num dia ruim.
Boogeyman: Seu Medo é Real
2.8 225 Assista AgoraÉ um terror protocolar que sabe construir tensão e construir momentos bem sucedidos de ameaça, baseado no contraste entre luz e sombra, no uso das aparições no plano de fundo e no medo do desconhecido, mas isso acaba se perdendo quando o monstro finalmente é revelado, tornando-se um filme de perseguição monstruoso. É um enredo bastante previsível, bem feijão com arroz, mas que conta com um elenco em boa forma, principalmente a filha mais nova da família. Apesar dos problemas, dá pra ter um momento legal assistindo e levar um ou outro sustinho.
Sangue de Pantera
3.7 100Não bateu. Curtinho, mas a história meio que se enrola demais, fazendo parecer muito mais longo do que deveria. Os subtextos sobre sublimação freudiana, traumas geracionais, xenofobia e repressão sexual são interessantes, mas pouco dialogam com o mito que a trama tinha em mãos. Tourneur entrega alguns momentos e tanto, como as cenas de perseguição clássicas no parque e na piscina, além dos momentos em que a pantera finalmente surge para o ataque e o encontro de Irena com uma irmã de vila. O potencial era grande, mas ficou no básico. A fotografia é uma delicinha.
Noites Alienígenas
3.4 56Primeiro longa comercial e a ser exibido em Gramado do Acre, que já vem com muito a se destacar positivamente. É um filme-mosaico que mostra a realidade periférica jovem em meio à invasão do narcotráfico, da violência de grupos criminosos de outras regiões e das tentativas de apagamento da tradição local. Tem composições de cena aqui que são estupendas, como a forte cena final ao som de Jessé (que raridade utilizá-lo, e da forma como fizeram aqui, então... sublime). Espiritualidade indígena, resistência no slam e na arte e um retrato de um local esquecido pelo país, mas que sofre de problemas exportados pelas metrópoles nacionais, são apenas alguns dos elementos que enriquecem a experiência. O elenco está muito bem, e a direção de Sérgio de Carvalho traz todo um diferencial, coisa madura e consciente mesmo. Ainda que tenha algumas falhas na falta de desenvolvimento de personagens e nos múltiplos focos da história que acabam soterrado alguns personagens com possíveis desdobramentos interessantes, é um filme pungente, socialmente engajado e marcante. Mais um exemplar de peso do cinema nacional fora do eixo Rio-São Paulo.
Shazam! Fúria dos Deuses
2.8 354 Assista AgoraUma pena que as coisas que deram mais certo no primeiro filme e que fizeram esse um exemplar diferenciado do gênero de heróis aqui deram errado ou tiveram um foco falho, como a pegada familiar, o carisma dos personagens e as piadas bem dosadas. Tem mais ação, mas a trama é bem básica e um tanto enrolada só pra durar mais tempo de tela. Os efeitos não deixam a desejar no geral. Quanto aos atores, Helen Mirren e Lucy Liu cumprem bem com seus papéis, mas Rachel Zegler é um completo picolé de chuchu. Os meninos, tirando o Grazer, não têm o mesmo foco e o mesmo carisma, assim como o Levy, e o que fizeram com o personagem do mago é frustrante. Mas no geral ainda dá pra fazer uma sessão pipocona pra distração despretensiosa.