Projeções, memórias, sonhos, desejos, medos e sentimentos são alguns dos elementos que são expostos nessa miscelânea da alma realizada com total primazia por Tarkovski. As suas escolhas estéticas, narrativas e técnicas, assim como a escolha de usar os mesmos atores para diferentes personagens, resultam num obra ímpar, não-linear e que transborda beleza e sensibilidade, mostrando as cicatrizes, as notalgias e as paixões de.um homem que rememora sua vida como um conjunto de momentos vividos, sentidos e imaginados, seus e de seus próximos. Afinal, tudo ao nosso redor também faz parte de nós mesmos.
Gostei bastante da proposta de falso documentário, pois contextualiza as crenças espirituais tailandesas para não conterrâneos e nos faz entender o que há por trás das relações familiares que movem o filme. No ato final, tem muita conveniência e furo de roteiro feito para que o final acontecesse da forma desejada pelos realizadores, mas para mim é um filme que entrega uma história bem contada e desenvolvida, com desdobramentos finais mais violentos e deixando uma interessante mensagem final sobre fé e responsabilidade familiar.
Suspense de qualidade, no qual a direção cresce demais nas cenas dentro do hotel e o mistério sobre o quarto não é resolvido, mas rende cenas bem malucas e viajadas. O final também foi bem interessante.
Uma animação muito bem realizada, com um enredo com elementos novos bem introduzidos e muito naturais, trazendo uma história de aceitação de diferenças muito bem feita. Divertido, engraçado e aconchegante.
Assisti esse filme há anos e me fascinou muito quando vi, mas quanto mais pensava ao passar dos anos, mais perdia força. Decidi rever e me surpreendi que não é para mim tão fascinante quanto eu realmente queria que fosse. A direção de Kubrick é sem defeito algum, a fotografia de cores muito bem selecionadas e vivas é primorosa, McDowell se entrega por completo ao seu Alex, mas acho que o roteiro perde algumas possibilidades de desenvolvimento mais cru ou mais complexo de certas passagens, faltando talvez mais tempo de tela para certos momentos. Há cenas marcantes e chocantes, que merecidamente entram no rol dos grandes momentos do cinema, mas num todo há uma perda de ritmo em certos momentos e um exagero de trilha sonora que acabaram atrapalhando minha experiência. As discussões sobre moralidade, livre arbítrio, condicionamento, poder fálico, criminalidade, governismo e tantos outros aspectos sociais e éticos são muito boas, mas a coisa poderia ser ainda mais profunda. E não consigo evitar de pensar como ficaria essa sátira nas mãos de Terry Gilliam.
Um ótimo especial de reunião, que soube ser divertido, emocionante e muito nostálgico. Todo o elenco principal está de volta, por mais ou menos tempo, como o Nicky e a Vivian de Hubert, que precisava desse momento para que finalmente as coisas ficassem esclarecidas ao público depois de tantos anos. A homenagem ao saudoso James Avery e sua importância foi emocionante, assim como as rememorações da última semana de gravações. Além disso, falar sobre como Um Maluco no Pedaço foi importante na representação de comunidade negra americana na cultura pop e na forma de se fazer sitcoms é muito legal, mostrando os porquês dessa série ser tão consumida até hoje no mundo todo. Acho até que merecia uma duração maior para que cada ator falasse mais sobre suas experiências como os personagens durante anos, mas foi gratificante tudo que foi mostrado aqui, como rever amigos de longa data após décadas.
O cinema de Tarkovsky reverbera de uma forma diferente, subjetiva e muito íntima. O poder de suas imagens é tão grande quanto o dos grandiosos diálogos, em que propósito, existência, sentido e vazio fazem um mosaico de tentativa de leitura do próprio ser humano. Stalker é mais uma ficção científica do diretor que se preocupa menos no lado técnico e inexplicado da coisa, mas na forma como seus personagens lidam com o desconhecido, com a liberdade, com as próprias expectativas sobre tudo que vivenciam. E o resultado disso é assombroso de tão único. A fotografia, variando entre a frieza e desesperança do sépia e a vivacidade e liberdade das cores contam muito sem dizer nada, e a cena final é especialmente marcante. Uma verdadeira obra-prima.
Aquele tipo de filme de nas mãos de alguém um pouco menos preparado, desandava, mas tinha ninguém menos que Scorsese ali dirigindo. Frenético, maluco, surtado como Nicolas Cage, que entrega um ótimo personagem. Por parte de Schrader, seu roteiro ecoou muito Taxi Driver, e deu pra perceber que o tom que Scorsese quis inserir era bem distinto, com luzes estouradas, estética da época e uma abordagem bem humorada - de forma ácida - da loucura urbana e do peso da culpa. A trilha sonora é ponto alto com facilidade.
Apesar das longas sequências que desafiam o espectador quanto ao ritmo - mas que estão desculpadas pelo fato de que foram uma forma do diretor se manter fiel à sua visão da obra e burlar pelo tédio os censores soviéticos -, o filme é o tipo de ficção científica que me fascina, em que o futurismo material e técnico é somente acessório e a reação humana frente ao novo e ao autoconfeontamento é o verdadeiro foco. Os momentos em Solaris vão dá confusão à desolação de uma forma muito natural, e mesmo com limitações orçamentárias, a estética é marcante e compensada pela maravilhosa fotografia. A estranheza da natureza de um encontro com o desconhecido é permanente e o terceiro ato reverbera com muita força, com um desfecho ambíguo particularmente desolador. Um filme inesquecível.
Um pioneiro do gênero que me impressionou. Traz algumas premissas interessantes de viés feminista e questões sobre moral junto a uma trama de suspense com cenas de morte muito bem realizadas (a cena da morte de Barbie é inesquecível). Direção certeira de Bob Clark e um acerto ímpar manter a identidade do assassino irrevelada o tempo todo, o que torna tudo ainda mais tenebroso. Merecia mais reconhecimento.
Não tem o mesmo brilho do antecessor. A direção não é tão bem sucedida em manter a tensão viva, e certos pontos do roteiro, como as pérolas, são simplesmente deixados de lado. Mais uma vez temos um elenco grandioso aqui, mas que não parece ter tempo -ou disposição - suficiente para brilhar. Particularmente, prefiro o Poirot mais bem humorado e sutilmente provocativo que essa versão que acusa todo mundo o tempo todo.
Há casos em que uma direção, uma produção dedicada e um grande elenco não salvam um filme, mas nesse aqui é o que acontece. O roteiro é interessante, mas um pouco mascado para engrenar, entretanto o fato de ter um gênio do cinema comandando as câmeras torna a experiência deliciosa e divertida, com um elenco recheado de nomes gigantes em boas performances e uma produção bastante vistosa. Devido à mão de Lumet, a tensão e o interesse para saber do desfecho se mantém perfeitamente até o momento da grande revelação - uma surpresa e tanto, talvez um pouco exagerada demais, mas condizente com o gênero. Um boa diversão para fãs de filmes investigativos com um toque de comédia.
Uma loucura saudável, divertida como o personagem título e profundo como um roteiro do Kaufman pode ser. O clima bem humorado foi o que me ganhou, pois o filme passa suas mensagens sobre controle, consciência e insatisfação - gerando debates bem complexos - de uma forma não só palatável, mas engraçada e convidativa. Johh Cusack e Cameron Diaz estão ótimos, mas John Malkovich simplesmente é dono do filme. Spike Jonze também já mostrava toda a sua qualidade como diretor. Experiência muito gratificante.
Se o primeiro traz uma ambiguidade muito interessante e que adiciona novas camadas ao filme, a continuação não só destrói isso, como quase tudo que o anterior fez de bem sucedido só para tentar emplacar uma franquia que nunca aconteceu. Os personagens novos são totalmente desinteressantes ou, no caso do delegado, burros e inúteis (poucas vezes senti tanto ódio de um personagem como desse, toda ação do FDP no filme foi uma merda), o roteiro é uma balela bagunçada e toda furada (que vai desde gente totalmente despreparada descer cavernas desconhecidas ao aparecimento daquela personagem) e o filme se preocupa mais em focar nos Nosferatus, mas sem o mesmo esmero de produção, pois alguns efeitos práticos ficaram tristes. Vale mesmo porque tem violência à vontade e alguns bons momentos de selvageria e tensão, mas isso não salva o filme de ser uma decepção gigantesca e totalmente desnecessário.
Apesar da ação ser muito bem realizada, o destaque aqui vai para os ótimos figurinos (um neomoderno que acho ter boas chances de concorrer na temporada de premiações), a bela direção de arte (os cenários são suntuosos e imponentes ou soturnos e decadentes quando necessário e do jeito certo) e, principalmente, a narrativa, que flui muito bem, mantém o interesse e não se escora somente nas lutas, sabendo desenvolver seus personagens, estabelecer os conflitos e desenhar uma linha de acontecimentos que é fácil de acompanhar e traz um pano de fundo histórico muito legal. Tem alguns clichês como todo filme de aventura tem, mas esse deixou a vontade de ver as continuações e se destaca pela qualidade e a visível dedicação dos envolvidos. Prazeroso.
Um verdadeiro divisor de águas na forma de se fazer um filme de guerra. Apoteótico, pungente, cru, belíssimo. Coppola, numa só década, perfilou clássicos gigantescos e sentou-se no topo da montanha dos gênios do cinema. As 3 horas do Final Cut passam voando, fluidas como o rio que conduz os personagens aos seus destinos cruéis, e vemos em tela o horror, a loucura, as hipocrisias e os desequilíbrios de uma guerra em que um lado não tinha opção e o outro não tinha porquê. Texto absurdo, atuações memoráveis, direção de arte soberba, trilha sonora imortal. Um filme completamente inesquecível.
Nada como o pior terremoto da história para reunir uma família e fazê-los felizes juntos de novo, não? Miraram em catástrofe e acertaram em Premonição aqui. Não basta o típico enredo de "pais que movem mundos e fundos para salvar sua prole", perdas só acontecem se você não for protagonista (ou aquela palhaçada com o personagem do Daniel, que simplesmente torna o filme mais uma comédia que um drama). O final com a família olhando o horizonte, a bandeira americana flamulando e a frase "vamos reconstruir" foi a cereja do bolo da breguice. E pra piorar teve a versão desnecessária de California Dreamin. Pelo menos as cenas de destruição, ainda que mega exageradas, garantem a diversão, e ainda tem a Carla Gugino e Alexandra Daddario para embelezarem o filme.
Enquanto o primeiro peca pelos estereótipos "terceiro mundo" e "primeiro mundo", esse vai pelos clichês de gênero, a ponto de saber exatamente o que vai acontecer, quem vai morrer e etc durante a projeção, algo que não era tão óbvio no primeiro filme. Os personagens são menos carismáticos que no filme anterior, principalmente o garoto burro, e o drama que o filme tenta construir não se encaixa no todo, faltando maior proximidade com o público para ser efetivo, o que torna essas cenas com trilha sonora chorosa somente cansativos. As cenas de ação continuam inventivas e bem planejadas, algo que Sam Hargrave sabe como realizar, ainda que sem o mesmo brilho do primeiro filme, mas as proporções ficaram bem maiores e mais destrutivas. Pena que o CGI fraco algumas vezes atrapalhou a experiência, mas o saldo final é positivo, ficando só um pouco abaixo do antecessor. Mas pelo visto vai virar franquia grande, e daí é só ladeira abaixo.
Demorei anos pra conferir a continuação e não poderia estar mais satisfeito. Apesar de achar que a duração canse um pouco, o filme compensa no nível inventivo, sangrento e megalomaníaco de pancadaria desenfreada que vemos aqui, com toda sorte de golpe, arma, ambiente, cor e resolução. Iko Uwais tá mais imponente que nunca e seus antagonistas mais perigosos. A trama cresce, a direção de Gareth Evans se torna muito mais vistosa e Operação Invasão 2 é um dos filmes de ação com o qual mais vibrei de sempre.
Consegue ser maior e melhor que o já inesquecível primeiro filme, onde tudo, TUDO, melhora, sem exceções. Daqueles filmes em que tudo é feito do jeito certo, no momento certo, com o ritmo certo. Arte pura, as cenas de Gwen com o pai são impressionantes no uso das cores, as movimentações são divinas e o Spider Punk é especialmente memorável. E que narrativa, quanta reviravolta bem realizada, e que ampliação do universo iniciado no primeiro filme. Todos os personagens crescem demais nas pouco mais de duas horas de projeção. Mas confesso que fiquei meio puto com o final com gancho, podia ao menos ter uma conclusão do próprio filme. Agora é segurar a ansiedade para o encerramento dessa trilogia que promete ser incrível.
Um filme que exala charme e beleza em cada frame. Uma direção cheia de pequenas armadilhas cômicas de Minnelli e um filme recheado de referências e críticas ao mundo canalha, mas maravilhoso do cinema. É um belo morde e assopra honesto, com um elenco e tanto, com destaque à lindíssima Laura Turner e ao sempre destacável Kirk Douglas. Tudo na produção é belo e exala paixão pelo cinema. Um dos melhores produtos do cinema sobre o mundo do cinema.
Se procurar no dicionário "picolé de chuchu", vai ter o Alckmin e esse filme. Sem graça até dizer chega, mal tem sangue e as cenas de mortes são quase todas em off. Pelo visto, tentaram mandar uma classificação indicativa de 12 anos, pois só isso justifica. O fato de ter dois atores de The Wire me deixou um pouco mais empolgado, e até há uma tensão legalzinha, mas é um filme que não explica nada da motivação do assassino, não tem um mínimo de suspense quanto ao perseguidor e tudo acaba indo pelos caminhos mais óbvios possíveis. Por fim, tenho que ressaltar a beleza de Dana Davis, que colírio, ajudou a melhorar a experiência.
Daqueles filmes que é difícil explicar o que fascina tanto, pois tudo aqui traz uma nostalgia e um aconchego inexplicáveis. Um conto sobre a perda da inocência, as transições, o envelhecimento e as perdas de jovens, velhos e de um espaço geográfico. O elenco é deslumbrante em tela, e é difícil não se afeiçoar aos personagens. Um recorte emblemático sobre a morte de um Estados Unidos amistoso e quase bucólico. Trabalho impressionante de Bogdanovich.
Um ritmo lento, mas uma narrativa sedutora sobre as formas de manter viva a arte da China maoísta e sobre o florescimento do amor na juventude. As relações entre os personagens movem tão bem o filme que isso é suficiente para nos manter presos à história. O fim e o retorno, sempre parte das trajetórias da vida, são especiais aqui. Fascinante e caloroso.
O Espelho
4.3 264 Assista AgoraProjeções, memórias, sonhos, desejos, medos e sentimentos são alguns dos elementos que são expostos nessa miscelânea da alma realizada com total primazia por Tarkovski. As suas escolhas estéticas, narrativas e técnicas, assim como a escolha de usar os mesmos atores para diferentes personagens, resultam num obra ímpar, não-linear e que transborda beleza e sensibilidade, mostrando as cicatrizes, as notalgias e as paixões de.um homem que rememora sua vida como um conjunto de momentos vividos, sentidos e imaginados, seus e de seus próximos. Afinal, tudo ao nosso redor também faz parte de nós mesmos.
A Médium
3.4 344 Assista AgoraGostei bastante da proposta de falso documentário, pois contextualiza as crenças espirituais tailandesas para não conterrâneos e nos faz entender o que há por trás das relações familiares que movem o filme. No ato final, tem muita conveniência e furo de roteiro feito para que o final acontecesse da forma desejada pelos realizadores, mas para mim é um filme que entrega uma história bem contada e desenvolvida, com desdobramentos finais mais violentos e deixando uma interessante mensagem final sobre fé e responsabilidade familiar.
1408
3.3 1,4K Assista AgoraSuspense de qualidade, no qual a direção cresce demais nas cenas dentro do hotel e o mistério sobre o quarto não é resolvido, mas rende cenas bem malucas e viajadas. O final também foi bem interessante.
Nimona
4.1 234 Assista AgoraUma animação muito bem realizada, com um enredo com elementos novos bem introduzidos e muito naturais, trazendo uma história de aceitação de diferenças muito bem feita. Divertido, engraçado e aconchegante.
Laranja Mecânica
4.3 3,8K Assista AgoraAssisti esse filme há anos e me fascinou muito quando vi, mas quanto mais pensava ao passar dos anos, mais perdia força. Decidi rever e me surpreendi que não é para mim tão fascinante quanto eu realmente queria que fosse. A direção de Kubrick é sem defeito algum, a fotografia de cores muito bem selecionadas e vivas é primorosa, McDowell se entrega por completo ao seu Alex, mas acho que o roteiro perde algumas possibilidades de desenvolvimento mais cru ou mais complexo de certas passagens, faltando talvez mais tempo de tela para certos momentos. Há cenas marcantes e chocantes, que merecidamente entram no rol dos grandes momentos do cinema, mas num todo há uma perda de ritmo em certos momentos e um exagero de trilha sonora que acabaram atrapalhando minha experiência. As discussões sobre moralidade, livre arbítrio, condicionamento, poder fálico, criminalidade, governismo e tantos outros aspectos sociais e éticos são muito boas, mas a coisa poderia ser ainda mais profunda. E não consigo evitar de pensar como ficaria essa sátira nas mãos de Terry Gilliam.
The Fresh Prince of Bel-Air Reunion
4.2 50 Assista AgoraUm ótimo especial de reunião, que soube ser divertido, emocionante e muito nostálgico. Todo o elenco principal está de volta, por mais ou menos tempo, como o Nicky e a Vivian de Hubert, que precisava desse momento para que finalmente as coisas ficassem esclarecidas ao público depois de tantos anos. A homenagem ao saudoso James Avery e sua importância foi emocionante, assim como as rememorações da última semana de gravações. Além disso, falar sobre como Um Maluco no Pedaço foi importante na representação de comunidade negra americana na cultura pop e na forma de se fazer sitcoms é muito legal, mostrando os porquês dessa série ser tão consumida até hoje no mundo todo. Acho até que merecia uma duração maior para que cada ator falasse mais sobre suas experiências como os personagens durante anos, mas foi gratificante tudo que foi mostrado aqui, como rever amigos de longa data após décadas.
Stalker
4.3 504 Assista AgoraO cinema de Tarkovsky reverbera de uma forma diferente, subjetiva e muito íntima. O poder de suas imagens é tão grande quanto o dos grandiosos diálogos, em que propósito, existência, sentido e vazio fazem um mosaico de tentativa de leitura do próprio ser humano. Stalker é mais uma ficção científica do diretor que se preocupa menos no lado técnico e inexplicado da coisa, mas na forma como seus personagens lidam com o desconhecido, com a liberdade, com as próprias expectativas sobre tudo que vivenciam. E o resultado disso é assombroso de tão único. A fotografia, variando entre a frieza e desesperança do sépia e a vivacidade e liberdade das cores contam muito sem dizer nada, e a cena final é especialmente marcante. Uma verdadeira obra-prima.
Vivendo no Limite
3.4 163 Assista AgoraAquele tipo de filme de nas mãos de alguém um pouco menos preparado, desandava, mas tinha ninguém menos que Scorsese ali dirigindo. Frenético, maluco, surtado como Nicolas Cage, que entrega um ótimo personagem. Por parte de Schrader, seu roteiro ecoou muito Taxi Driver, e deu pra perceber que o tom que Scorsese quis inserir era bem distinto, com luzes estouradas, estética da época e uma abordagem bem humorada - de forma ácida - da loucura urbana e do peso da culpa. A trilha sonora é ponto alto com facilidade.
Solaris
4.2 369 Assista AgoraApesar das longas sequências que desafiam o espectador quanto ao ritmo - mas que estão desculpadas pelo fato de que foram uma forma do diretor se manter fiel à sua visão da obra e burlar pelo tédio os censores soviéticos -, o filme é o tipo de ficção científica que me fascina, em que o futurismo material e técnico é somente acessório e a reação humana frente ao novo e ao autoconfeontamento é o verdadeiro foco. Os momentos em Solaris vão dá confusão à desolação de uma forma muito natural, e mesmo com limitações orçamentárias, a estética é marcante e compensada pela maravilhosa fotografia. A estranheza da natureza de um encontro com o desconhecido é permanente e o terceiro ato reverbera com muita força, com um desfecho ambíguo particularmente desolador. Um filme inesquecível.
Noite do Terror
3.5 219Um pioneiro do gênero que me impressionou. Traz algumas premissas interessantes de viés feminista e questões sobre moral junto a uma trama de suspense com cenas de morte muito bem realizadas (a cena da morte de Barbie é inesquecível). Direção certeira de Bob Clark e um acerto ímpar manter a identidade do assassino irrevelada o tempo todo, o que torna tudo ainda mais tenebroso. Merecia mais reconhecimento.
Morte sobre o Nilo
3.8 73 Assista AgoraNão tem o mesmo brilho do antecessor. A direção não é tão bem sucedida em manter a tensão viva, e certos pontos do roteiro, como as pérolas, são simplesmente deixados de lado. Mais uma vez temos um elenco grandioso aqui, mas que não parece ter tempo -ou disposição - suficiente para brilhar. Particularmente, prefiro o Poirot mais bem humorado e sutilmente provocativo que essa versão que acusa todo mundo o tempo todo.
Assassinato no Expresso Oriente
3.7 189 Assista AgoraHá casos em que uma direção, uma produção dedicada e um grande elenco não salvam um filme, mas nesse aqui é o que acontece. O roteiro é interessante, mas um pouco mascado para engrenar, entretanto o fato de ter um gênio do cinema comandando as câmeras torna a experiência deliciosa e divertida, com um elenco recheado de nomes gigantes em boas performances e uma produção bastante vistosa. Devido à mão de Lumet, a tensão e o interesse para saber do desfecho se mantém perfeitamente até o momento da grande revelação - uma surpresa e tanto, talvez um pouco exagerada demais, mas condizente com o gênero. Um boa diversão para fãs de filmes investigativos com um toque de comédia.
Quero Ser John Malkovich
4.0 1,4K Assista AgoraUma loucura saudável, divertida como o personagem título e profundo como um roteiro do Kaufman pode ser. O clima bem humorado foi o que me ganhou, pois o filme passa suas mensagens sobre controle, consciência e insatisfação - gerando debates bem complexos - de uma forma não só palatável, mas engraçada e convidativa. Johh Cusack e Cameron Diaz estão ótimos, mas John Malkovich simplesmente é dono do filme. Spike Jonze também já mostrava toda a sua qualidade como diretor. Experiência muito gratificante.
Abismo do Medo 2
2.9 546 Assista AgoraSe o primeiro traz uma ambiguidade muito interessante e que adiciona novas camadas ao filme, a continuação não só destrói isso, como quase tudo que o anterior fez de bem sucedido só para tentar emplacar uma franquia que nunca aconteceu. Os personagens novos são totalmente desinteressantes ou, no caso do delegado, burros e inúteis (poucas vezes senti tanto ódio de um personagem como desse, toda ação do FDP no filme foi uma merda), o roteiro é uma balela bagunçada e toda furada (que vai desde gente totalmente despreparada descer cavernas desconhecidas ao aparecimento daquela personagem) e o filme se preocupa mais em focar nos Nosferatus, mas sem o mesmo esmero de produção, pois alguns efeitos práticos ficaram tristes. Vale mesmo porque tem violência à vontade e alguns bons momentos de selvageria e tensão, mas isso não salva o filme de ser uma decepção gigantesca e totalmente desnecessário.
Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan
3.4 68 Assista AgoraApesar da ação ser muito bem realizada, o destaque aqui vai para os ótimos figurinos (um neomoderno que acho ter boas chances de concorrer na temporada de premiações), a bela direção de arte (os cenários são suntuosos e imponentes ou soturnos e decadentes quando necessário e do jeito certo) e, principalmente, a narrativa, que flui muito bem, mantém o interesse e não se escora somente nas lutas, sabendo desenvolver seus personagens, estabelecer os conflitos e desenhar uma linha de acontecimentos que é fácil de acompanhar e traz um pano de fundo histórico muito legal. Tem alguns clichês como todo filme de aventura tem, mas esse deixou a vontade de ver as continuações e se destaca pela qualidade e a visível dedicação dos envolvidos. Prazeroso.
Apocalypse Now
4.3 1,2K Assista AgoraUm verdadeiro divisor de águas na forma de se fazer um filme de guerra. Apoteótico, pungente, cru, belíssimo. Coppola, numa só década, perfilou clássicos gigantescos e sentou-se no topo da montanha dos gênios do cinema. As 3 horas do Final Cut passam voando, fluidas como o rio que conduz os personagens aos seus destinos cruéis, e vemos em tela o horror, a loucura, as hipocrisias e os desequilíbrios de uma guerra em que um lado não tinha opção e o outro não tinha porquê. Texto absurdo, atuações memoráveis, direção de arte soberba, trilha sonora imortal. Um filme completamente inesquecível.
Terremoto: A Falha de San Andreas
3.0 1,0K Assista AgoraNada como o pior terremoto da história para reunir uma família e fazê-los felizes juntos de novo, não? Miraram em catástrofe e acertaram em Premonição aqui. Não basta o típico enredo de "pais que movem mundos e fundos para salvar sua prole", perdas só acontecem se você não for protagonista (ou aquela palhaçada com o personagem do Daniel, que simplesmente torna o filme mais uma comédia que um drama). O final com a família olhando o horizonte, a bandeira americana flamulando e a frase "vamos reconstruir" foi a cereja do bolo da breguice. E pra piorar teve a versão desnecessária de California Dreamin. Pelo menos as cenas de destruição, ainda que mega exageradas, garantem a diversão, e ainda tem a Carla Gugino e Alexandra Daddario para embelezarem o filme.
Resgate 2
3.6 278Enquanto o primeiro peca pelos estereótipos "terceiro mundo" e "primeiro mundo", esse vai pelos clichês de gênero, a ponto de saber exatamente o que vai acontecer, quem vai morrer e etc durante a projeção, algo que não era tão óbvio no primeiro filme. Os personagens são menos carismáticos que no filme anterior, principalmente o garoto burro, e o drama que o filme tenta construir não se encaixa no todo, faltando maior proximidade com o público para ser efetivo, o que torna essas cenas com trilha sonora chorosa somente cansativos. As cenas de ação continuam inventivas e bem planejadas, algo que Sam Hargrave sabe como realizar, ainda que sem o mesmo brilho do primeiro filme, mas as proporções ficaram bem maiores e mais destrutivas. Pena que o CGI fraco algumas vezes atrapalhou a experiência, mas o saldo final é positivo, ficando só um pouco abaixo do antecessor. Mas pelo visto vai virar franquia grande, e daí é só ladeira abaixo.
Operação Invasão 2
4.1 365 Assista AgoraDemorei anos pra conferir a continuação e não poderia estar mais satisfeito. Apesar de achar que a duração canse um pouco, o filme compensa no nível inventivo, sangrento e megalomaníaco de pancadaria desenfreada que vemos aqui, com toda sorte de golpe, arma, ambiente, cor e resolução. Iko Uwais tá mais imponente que nunca e seus antagonistas mais perigosos. A trama cresce, a direção de Gareth Evans se torna muito mais vistosa e Operação Invasão 2 é um dos filmes de ação com o qual mais vibrei de sempre.
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso
4.3 521 Assista AgoraConsegue ser maior e melhor que o já inesquecível primeiro filme, onde tudo, TUDO, melhora, sem exceções. Daqueles filmes em que tudo é feito do jeito certo, no momento certo, com o ritmo certo. Arte pura, as cenas de Gwen com o pai são impressionantes no uso das cores, as movimentações são divinas e o Spider Punk é especialmente memorável. E que narrativa, quanta reviravolta bem realizada, e que ampliação do universo iniciado no primeiro filme. Todos os personagens crescem demais nas pouco mais de duas horas de projeção. Mas confesso que fiquei meio puto com o final com gancho, podia ao menos ter uma conclusão do próprio filme. Agora é segurar a ansiedade para o encerramento dessa trilogia que promete ser incrível.
Assim Estava Escrito
4.2 56 Assista AgoraUm filme que exala charme e beleza em cada frame. Uma direção cheia de pequenas armadilhas cômicas de Minnelli e um filme recheado de referências e críticas ao mundo canalha, mas maravilhoso do cinema. É um belo morde e assopra honesto, com um elenco e tanto, com destaque à lindíssima Laura Turner e ao sempre destacável Kirk Douglas. Tudo na produção é belo e exala paixão pelo cinema. Um dos melhores produtos do cinema sobre o mundo do cinema.
A Morte Convida Para Dançar
2.3 300 Assista AgoraSe procurar no dicionário "picolé de chuchu", vai ter o Alckmin e esse filme. Sem graça até dizer chega, mal tem sangue e as cenas de mortes são quase todas em off. Pelo visto, tentaram mandar uma classificação indicativa de 12 anos, pois só isso justifica. O fato de ter dois atores de The Wire me deixou um pouco mais empolgado, e até há uma tensão legalzinha, mas é um filme que não explica nada da motivação do assassino, não tem um mínimo de suspense quanto ao perseguidor e tudo acaba indo pelos caminhos mais óbvios possíveis. Por fim, tenho que ressaltar a beleza de Dana Davis, que colírio, ajudou a melhorar a experiência.
A Última Sessão de Cinema
4.1 123 Assista AgoraDaqueles filmes que é difícil explicar o que fascina tanto, pois tudo aqui traz uma nostalgia e um aconchego inexplicáveis. Um conto sobre a perda da inocência, as transições, o envelhecimento e as perdas de jovens, velhos e de um espaço geográfico. O elenco é deslumbrante em tela, e é difícil não se afeiçoar aos personagens. Um recorte emblemático sobre a morte de um Estados Unidos amistoso e quase bucólico. Trabalho impressionante de Bogdanovich.
Balzac e a Costureirinha Chinesa
4.2 96 Assista AgoraUm ritmo lento, mas uma narrativa sedutora sobre as formas de manter viva a arte da China maoísta e sobre o florescimento do amor na juventude. As relações entre os personagens movem tão bem o filme que isso é suficiente para nos manter presos à história. O fim e o retorno, sempre parte das trajetórias da vida, são especiais aqui. Fascinante e caloroso.