Não estava com muitas expectativas, então fui bem surpreendido. Apesar do mote de ficção científica, a abordagem é superficial nesse sentido (e totalmente caricata e humorística), sendo uma série que investe no bizarro - não algo irreal, mas a bizarrice do mundo real - e nas relações humanas, e nesse sentido contrapor Miles contra seu clone é o ponto-chave da série. Paul Rudd carrega a série nas costas com uma atuação excelente, e Aisling Bea não tem carisma suficiente para que gostemos de sua personagem, sendo que ela é um dos motores principais de toda a trama. Foi chato tanta ponta solta deixada, ainda que o planejamento seja a estreia de outras temporadas, mas toda a questão do Hillston, da FDA e da companhia telefônica rival foram coisas mais para inflar o roteiro e manter algo para continuação da história do que para enriquecer o roteiro (espero pagar minha língua na próxima temporada, se houver). Achei uma série leve, divertida e filosófica na medida certa, e coloca boas discussões sobre como nos vemos e como somos os principais inimigos de nós mesmos.
Continua excelente como nas temporadas anteriores, só senti falta daquela abertura maravilhosa que eu fazia questão de ver sempre. Gostei particularmente do episódio 3, achei muito legal e informativo, e estou gostando do andamento cronológico, com alguns passos para trás de acordo com a geografia, que está guiando a série para os dias atuais. Esperando pela próxima temporada.
Primeira parte da última temporada finalizada. Poucas vezes me senti tão feliz e triste com uma temporada de série, pois por decisão unilateral, a série será finalizada, quando está entregando talvez sua melhor temporada, fechando as pontas soltas, dando novos rumos aos seus personagens e ainda deixando um puta cliffhanger no final da mid season que promete coisas super pesadas a serem resolvidas na última parte. Queria mais, muito mais do cavalo mais amado da Netflix, mas a equipe está fazendo o melhor que pode, e é visível. Está simplesmente fantástico, e eu estou aguardando ansiosamente a última leva de episódios.
Tem um momento entre os primeiros episódios e a metade da temporada que parece que eles perderam a mão, mas só parece. O nível se mantém altíssimo, humor afiado e as abordagens de certas temáticas estão mais sérios, fugindo de ser só uma boa série para rir, dando espaço a discussões bem legais. O desenvolvimento dos personagens é bem melhor aqui, assim como disparado há mais cenas para gargalhar de rir (teve vários momentos na temporada em que ri alto). Continua incrível, mas o cliffhanger final foi muita safadeza.
Depois dessa terceira temporada, fica claro que a série deveria ter focado somente no livro, sem tentar expandir, para não perder a mão. A segunda temporada mostrou esse deslize, mas ainda trouxe coisas um tanto legais. Já para essa terceira, criaram um plot para atrair o público, divulgado já nos trailers e pôsteres: quem matou Bryce Walker? Apesar do mistério desnecessariamente mantido até a season finale, essa temporada poderia muito bem não ter acontecido, pois a despeito dos acertos, foram erros demais, e muito graves. Os pontos positivos são a direção (gostei bastante de certas conduções de cena e do uso de diferentes fotografias para retratar os diferentes tempos da narrativa, assim como as transições entre esses momentos funcionavam muito bem), o crescimento de alguns atores, principalmente Devin Druid, Brandon Flynn e Justin Prentice, que carregam a temporada nas costas, e as discussões sobre a masculinidade tóxica, os efeitos do estupro e a necessidade de criar um ambiente propício à divulgação de traumas para que estes sejam superados. Entretanto, não só certas atuações ainda são fracas (Dylan Minnette parece regredir aqui em dados momentos, assim como Ross Butler e Miles Reizer), mas o roteiro é um pavor: não só por abordar tão bem certas coisas e conseguir agir de forma extremamente errada com outras, como o arco de "redenção" do Bryce Walker (sim, vamos humanizar o estuprador branco e rico, pois ter problemas justifica cometer estupros, não é mesmo?), o desenvolvimento da personagem Ani (inicia bem, depois desanda, fica desinteressante e no final fica claro que ela não faria diferença se não entrasse na série - só um tapa-buraco da falta da Hannah) e o roteiro em si, inchado demais, cheio de cenas longas totalmente desnecessárias, com episódios demasiadamente longos e cansativos, e uma season finale sofrível, que além de ser mal desenvolvida, soluciona as coisas da forma mais errada possível, dando ao público motivos para esconder a verdade, algo que não deve nunca ser posto em perspectiva. As jornadas de Tyler e Justin foram as mais interessantes, personagens como Clay e Zach parece que simplesmente não saíram do lugar, e a forma como encerraram as histórias de Bryce e Montgomery foram péssimas. Além disso, sumiu um monte de gente do nada entre a temporada anterior e essa, ou durante a temporada. Enfim, cheia de erros e com um final discutível, essa nova temporada foi dispensável em vários sentidos, apesar de alguns bons momentos.
Breaking Bad merece o hype que tem, pois é uma das melhores séries já feitas (ainda acho The Sopranos um tanto superior). Saber que o melhor episódio da série toda, Ozymandias, foi dirigido por Rian Johnson foi um detalhe que tornou a coisa toda ainda melhor. Todos os aplausos aos diretores e roteiristas, à equipe técnica e de maquiagem (o trabalho com o desgaste físico dos personagens está incrível), e ao elenco, afiadíssimo, melhor do que nunca, com trabalhos excepcionais dos protagonistas e coadjuvantes - as cenas protagonizadas por Jesse e Skyler eram as mais desconcertantes, e o próprio Cranston se superou aqui com seu Walter White no auge da ganância. Hank e Marie também cresceram muito e entregaram momentos incríveis, e o final foi exatamente como deveria ter sido, mostrando todo o mal causado pelo Walter e deixando as coisas meio que "resolvidas". Foi a temporada com mais reviravoltas na história e conseguiu conectar tudo que deveria, finalizando em definitivo a história de Heisenberg. Agora é ver como será resolvido a história de Pinkman em El Camino. Porém, Breaking Bad já foi mais do que necessária. Realmente indispensável.
Sacha Baron Cohen, de início, não parece ser o gênio que é, mas conhecendo um pouco mais de seu trabalho, você nota que ele é um daqueles comediantes que ficará para a história de humor, tal qual Chaplin, Buster Keaton e Andy Kaufman. Mesmo após personagens fantásticos como Ali G, Borat, Brüno e General Aladeen, ele consegue criar sua obra máxima com Who Is America?, numa série de episódios curtos que fazem um grande apanhado de toda a sua carreira: personagens bizarros e surreais (tão surreais que são absurdamente reais) que escancaram todos os preconceitos e loucuras de sociedade americana, abrindo ainda mais feridas não fechadas que envolvem todos os lados do espectro político e todo tipo de personagem social, opressor e oprimido. Mais do que uma série hilária, Cohen estabeleceu uma obra política e social fortíssima, que consegue muitas vezes chocar mais do que fazer rir, pois a irrealidade das situações é tamanha que parece impossível de acontecer no mundo real, mas acontece. Meu personagem preferido foi o Dr. Nira Cain-N'Degeocello, com sua proposta de curar a divisão da sociedade americana, mas cada um dos personagens interpretados por Sacha tinha seu quê de genialidade, cada um representando algo diferente e despertando discussões extremamente bizarras, mas pertinentes. Uma das melhores séries de comédia que já vi, e é uma pena que muito provavelmente não terá uma nova temporada.
E BB sobe mais alguns degraus no nível de qualidade nesse quarta temporada impecável. Poucas séries na história conseguiram fazer isso tão bem, atingir esse patamar de qualidade onde tudo se encaixa de forma que nada fica fora de lugar. Aqui, definitivamente, fica decidida a minha preferência por Jesse e Skyler, personagens mais fodas da série, e o ódio por Walter, que só sabe destruir a vida de todos ao seu redor. Todos os episódios foram excelentes, com cenas marcantes, o que torna difícil selecionar os melhores - mas queria ressaltar o episódio 6, da icônica frase "I'm the danger", que tem em seu encerramento um momento ainda mais foda:
"Alguém tem que proteger esta família do homem que protege esta família" - White, Skyler. Momento que para mim define quais são as prioridades de cada um.
A direção aqui está melhor que nunca, especialmente nos episódios dirigidos pelo próprio Vince Gilligan, e as atuações chegam a níveis extraordinários, com as melhores interpretações vistas até o momento do trio principal (Bryan Cranston, Aaron Paul e Anna Gunn), além de grandes cenas com RJ Mitte, Giancarlo Esposito e o FANTÁSTICO Mark Margolis (porque atuar daquele jeito como Hector Salamanca é para poucos). O roteiro aqui torna-se mais denso, mais violento, mas cruel, e aprofunda muito mais em cada personagem, abordando os diferentes estados depressivos de Hank e Jesse, o desespero dos personagens com as viradas na história, as reações extremadas em momentos cruciais, as atitudes pragmáticas e criminosas do núcleo metanfetamínico da história (que rende a maioria dos melhores momentos) e uma história que se dirige a um final grandioso, mas que se fosse encerrada aqui, já terminaria com chave de ouro. Até a trilha sonora está especialmente melhor que nunca, tudo se completa da melhor maneira que os roteiristas, diretores e equipe técnica conseguiram pensar. A única coisa chata é que, por estar assistindo bem depois do auge da série, muitos acontecimentos não são surpresa alguma pela enxurrada de spoilers, mas o que mais importa mesmo é ver o caminho feito para se chegar a esse objetivo. Afinal, não seria "os fins justificam os meios" a frase mais aplicável ao jeito Heisenberg de ser? E que venha a temporada final.
Breaking Bad não nasceu já como um fenômeno, mas foi essa terceira temporada que a alçou ao patamar dos clássicos, e dá pra entender bem o porquê. Enquanto as duas primeiras temporadas soam como uma grande introdução de uma série que se caractiza pela progressão, a terceira temporada estabelece desenvolvimento de personagens e relações como não tinha sido feito antes. A série deixa de ser só a saga do Walter para virar um conto sobre o reflexo das ações do protagonista na vida de todos ao seu redor. Diria até que o tempo de tela do Cranston (melhor que nunca aqui) está pau a pau com os personagens Jesse e Hank (Aaron Paul só cresce na série), os dois personagens com os melhores plots da temporada e com desenvolvimentos insanos. A participação mais ativa de Gus, Mike e Saul trazem um peso enorme pro enredo, e o roteiro e direção aqui estão mais geniais ainda, atingindo o patamar de excelência, como nos eps 2, 6, 7, 10 e 12, além da ótima cena final da temporada. Tudo se encaixa muito bem e nada soa mais como coincidência pouco verossímil como antes. A partir de agora, Breking Bad vira um marco.
Comparada às duas primeiras temporadas, é inferior, mas simplesmente porque não se apega completamente à proposta. Quando disseram que a terceira temporada traria novas perspectivas, não foi só modo de falar. A narrativa passa por uma mudança completa: o narrador some para se tornar personagem, os episódios já não tem mais um personagem foco e não há mais um grande plot que direcione a temporada. Assemelha-se bastante à vida real, quando o tempo só passa e as coisas vão andando, sem muito alarde. Nesse sentido, a série foi muito bem, trabalhando mais as relações entre os personagens e as suas evoluções, saindo inclusive do âmbito dos protagonistas e dando destaques a novas dinâmicas, mostrando que todo mundo tem seus problemas, ainda que tenha seus privilégios. O erro foi o plot da Ordem do X, totalmente desordenado e com uma decisão na season finale muito fraca. Parece que até a metade tudo estava indo muito bem, e estava bem legal acompanhar a vivência dos personagens e vê-los mudando, saindo de seus padrões. Porém, já no final, tudo fica meio confuso devido à questão da Ordem do X e as resoluções em aberto relativas a isso e ao professor Brown. No final, essa temporada ensina três coisas: todos passamos por dificuldades, as pessoas mudam e não tenha ídolos. Quanto ao nível técnico e às atuações, nada a dizer, permanece impecável.
Creio que essa temporada foi melhor que a primeira, pois traz perspectivas mais pessoais e humanas para a história, trabalhando cada personagem como indivíduo e como parte da sociedade. Mostra muito bem que as pessoas mudam, e que sempre terá alguém para substituir os espaços deixados por outros. As críticas à sociedade americana capitalista, conservadora e racista continuam muito certeiras, assim como as referências à cultura pop estão ótimas e o debate com questões como redes sociais, moda, ascensão da extrema direita e novas formas de relações sociais foram muito bem desenvolvidos. Temporada ótima, que faz muito jus ao nome da série.
Quantas vezes direi que 2019 é o ano das grandes minisséries? Years and Years foi uma surpresa que veio bem a calhar. Diferentemente de Chernobyl e Olhos que Condenam, a HBO apresentou uma trama que, em vez de abordar o passado, olha para o futuro e cria uma realidade aterradora, mas completamente verossímil - na verdade, soa como uma previsão acertadíssima do futuro. Devo aqui ressaltar o quanto este roteiro foi feito com esmero e criatividade, pois o público só é pego de surpresa pela desatenção; sempre há detalhes que mostram o que vem pela frente, e as reviravoltas estavam vindo a galope de muito antes (tal qual é a vida em sociedade, deixamos passar tantas coisas que quando um desastre ocorre, somos pegos "de surpresa"). Adorei tudo: direção, trilha sonora (que música de clímax!), efeitos, fotografia, cenários (modernos e futurísticos), roteiro e atuações (que show de Emma Thompson, pra aplaudir de pé). Digo que é uma série imprescindível, de suma necessidade para todo cidadão do mundo. Estamos na iminência de uma série de tragédias, e muitas delas já acontecem. Até onde podemos deixar as coisas chegarem? E quando será que faremos algo para mudar isso? Mas o que mais me admira é que, no fim, apesar do background político futurista, a minissérie é somente um grande conto sobre relações familiares e sobre como o amor é mais forte que tudo.
É uma temporada fantástica, que deve ter alguns dos episódios mais geniais de toda a série (os episódios 7, 8, 10 e 13 são especialmente hilários e fantásticos). Consegue ser ainda melhor que a primeira temporada, e aposta muito mais na metalinguagem como forma de criar o humor (ou a confusão, o que para eles tem efeito semelhante). As esquetes são excelentes e muitas delas figuram até hoje como as mais marcantes do grupo. Realmente, Monty Python's Flying Circus é o pai da comédia televisiva moderna.
Bem melhor que a segunda temporada, mas abaixo da primeira, a temporada final de Jessica Jones peca por não brilhar como encerramento, e seria mais bem sucedida se fosse uma temporada intermediária. Salinger é um vilão excelente, sem poderes mas muito inteligente, e que oferece um perigo real à heroína. Gostei dos arcos de Erik e Malcolm, o de Jeri estava indo bem até o final, e o da Trish foi interessante, mas a falta de carisma da personagem não ajudou em nada no processo de impacto que o arco dela poderia trazer. As questões sobre ser herói ou vilão e sobre o que é justo ou não são muito bem desenvolvidas, o que dá um brilho na temporada. Uma pena que acabou, seria muito legal ver mais dessa ótima personagem nas mãos da Krysten Ritter.
Comecei pelo episódio 4 (pra mim o melhor por trazer uma questão de aceitação e superação) e confiei na série por pensar que seria nessa pegada - além de que o tom dos depoimentos foram bastante realistas (talvez ao menos essa história tenha realmente ocorrido). Ledo engano. Não assusta, não adiciona em nada e não traz um diálogo sobre os reflexos disso. A maioria das histórias trata-se de pessoas ainda atormentadas por algo falando disso tranquilamente, e é isso que faz ser nada convincente. Duvido muito que seja real devido principalmente aos episódios 2, 3 e 6 (é cada reação falsa dos "personagens reais" e cada coisa nada a ver na história que eles contam que não tem como ser verdade), mas os episódios 1 e 4 foram os melhores, trazem algo mais do que um terror B sem sentido - ainda que sejam clichês do gênero. O episódio 5 nem vou opinar porque desconsidero terror com aliens, é algo americano demais para minha vivência brasileira. E as representações tentam tanto forçar medo que no fim se resume a um simulacro de filme de terror B (ou C) genérico de baixo orçamento e sem criatividade, com efeitos, atuações e direção horríveis. Esperava bem mais da série, mas serve bem pra passar o tempo e se distrair. Recomendo somente os episódios 1 e 4. De resto, dispensável ou vergonhoso.
Consegue ser ainda melhor que a primeira temporada, trazendo episódios mais engraçados, com muitos momentos marcantes. Assistir depois de tantos anos torna possível perceber a profundidade das críticas ao racismo que a série continha, e o tanto de referências à cultura pop da época. Uma das grandes séries de comédia já feitas.
Estou impressionado com o resultado da terceira temporada. Não porque está melhor que as outras temporadas (em alguns aspectos sim), pois mantém o mesmo nível que as anteriores, mas porque a Netflix pegou uma série finalizada, fez uma temporada desnecessária (tanto que o enredo é muito furado) e conseguiu deixar o espectador preso; mais ainda, ansioso pela próxima temporada - que precisa ser a última, não dá mais pra prolongar senão vai ficar totalmente horrível. Se por um lado diminuiu muito o dramalhão novelesco dos episódios - ótima escolha de quantidade de episódios, sem falar que os cliffhangers entre um e outro tornava quase impossível parar de ver -, por outro as coisas fazem menos sentido ainda. O tempo todo sentia que as atitudes em geral dos personagens não eram condizentes e que todo aquele apego entre os ladrões era ridículo. E era mesmo. Forçaram bastante pra criar um motivo de um novo assalto, que também é cheio de coisas sem sentido, mas em compensação... As cenas de ação estão muito melhores, a sensação de perigo é latente, a tensão é muito mais eficaz e os personagens (alguns) cresceram bastante, como Denver e Nairóbi. A season finale foi longa e cheia demais, mas os quinze minutos finais foram os melhores das três season finale, e o cliffhanger deixado foi ótimo, faz com que o público queira saber como termina. Até mais violenta a série ficou. A questão política e ideológica é bem furada, mas até que faz algum sentido. E se eles copiaram a maior parte do filme O Plano Perfeito nas duas primeiras partes, nessa terceira eles copiaram o resto que faltava. Pensei que ficaria bem ruim, mas ficou um resultado muito gostoso de se assistir, mesmo cheio de erros.
Slasher vem melhorando a cada temporada, tanto que essa terceira terminei em pouquíssimo tempo (em um dia eu assisti metade da temporada de tão fácil de devorar que foi). A história agora torna-se mais interessante, traz as questões das redes sociais, dos preconceitos da sociedade americana, dos traumas, da falta de empatia do próximo e das pessoas ao redor que são mero espectadores de tudo que os rodeia, sem ajudar ou se posicionar contra o erro. Em geral, os atores se saem muito melhor (Baraka Rahmani, Dean McDermott e Lisa Berry mandam muito bem), apesar de certas atuações ruins e oscilantes que às vezes chegam a ser vergonhosas - mas nada que chegue perto da vergonha que já vimos nas outras temporadas. Eu daria quatro estrelas se não fosse pelo último episódio, muito mal resolvido e que quebra com a ótima construção que a série conseguiu fazer da história (apesar de já dar pra saber quem é o assassino lá pela metade, ela brinca bem com a certeza do espectador, e no final você duvida do que achou para realmente estar certo), e com talvez os piores momentos e mortes mais fracas. Aliás, as mortes é que são o verdadeiro show. É cada coisa com requintes de crueldade tremendos e extrema violência gráfica que chega dá uma alegria de ver tanto sangue jorrando com um gore tão bem feito. E o enredo consegue ser bem fechadinho, com alguns furos aceitáveis e outros que nem são furos, só exigências do gênero para que se tenha realmente um slasher (como policiais extremamente burros e incompetentes). Me surpreendi muito com o resultado final, mesmo com o final meia-boca.
Um tanto melhor que a primeira temporada, mas ainda não dá aquele tranco do qual tanto falam da série (depois de ver The Sopranos e The Wire, é muito dificil ser pego assim). Eu fico maravilhado com a atuação de Aaron Paul, disparada a melhor da série, e Bryan Cranston, mesmo sendo um excelente ator numa atuação fenomenal, fica para mim eclipsado pelo seu parceiro. Adoro o núcleo familiar e a relação da Skyler (gostei muito das atitudes dela na season finale), além do fato de Walter Jr e Hank se tornarem personagens bem legais de se acompanhar, bem interessantes mesmo. Já Walter mostra-se o grande vilão da série a partir daqui, sendo o definitivo algoz de Jesse, já quase plenamente transformado num monstro inescrupuloso - você quer saber no que vai dar, mas é difícil gostar das ações do Walter (pelo menos na minha opinião). A participação de Krysten Ritter foi ótima, as baixas e entradas, como a chegada de Saul e Gus, trazem dinâmicas bem legais, e o roteiro se mantém excelente, cheio de reviravoltas e "coincidências" loucas. A direção também melhorou muito, e a série só cresceu. Só falta mesmo a pedrada.
2019 está sendo um ano prolífico e importantíssimo no quesito de obras audiovisuais de importância social imprescindível. Após Chernobyl e o debate sobre os segredos de Estado e perigos ideológicos, When They See Us traz à tona o debate sobre o racismo institucionalizado, escancara as falhas da justiça e do sistema penitenciário e abre os olhos sobre o fato de ainda existirem muitos inocentes pagando injustamente por crimes que não cometeram - além de mostrar o posicionamento racista e desumano do atual presidente dos EUA. Ainda que seja uma minissérie extremamente difícil de assistir, dolorosa e pesada (o episódio 2 foi o que mais me fez chorar), o final traz aquela centelhazinha de esperança que o destino ou algo maior que nós pode trazer a verdade à tona. De resto, a série é totalmente primorosa, com uma trilha sonora maravilhosa, fotografia, edição e iluminação excelentes, atuações FANTÁSTICAS (que show das crianças, e principalmente do Jharrel Jerome) e a direção indispensável de Ava DuVernay. O mundo precisava dessa mulher há muito tempo. Feliz de viver na mesma época que essa diretora gigantesca. Feliz de ver a verdade vir à tona e os culpados, ainda que com atraso, estejam pagando por seus atos. Feliz de poder ver uma obra desse porte ser sucesso mundial e reacender um debate extremamente necessário para os tempos atuais.
Nem sei o que dizer, só sentir. Só sei que estou muito feliz de saber que é uma série já pensada com antecedência para acabar com três temporadas (sem riscos de merdar tudo por causa de um fim que nunca vem) e que, em relação à primeira temporada, mantém a pegada igual, no mesmo nível técnico e de atuações altíssimo, com uma adição de uma trilha sonora ainda melhor. Muito feliz de ter uma série de ficção científica desse nível, dessa complexidade. São perguntas sendo respondidas pra deixar um monte de outras perguntas em aberto. Só reviravolta pesada e revelações bombásticas, cada fim de episódio minha cara ficava que nem um fim de capítulo de Avenida Brasil. Nem sei o que vem pela frente, mas tô super ansioso e queria era uma máquina do tempo para ver logo essa terceira temporada! Espero que não tenha que durar dois anos para que ela chegue.
A primeira temporada foi bem melhor. Essa teve sérios problemas com o ritmo e o carisma dos personagens. A temporada só engata da metade pro fim e os primeiros episódios são maçantes e recheados de diálogos e momentos péssimos (aquela busca do filho da funcionário da Miller & Breth pelo Rufo foi total perda de tempo de tela), mas melhora muito a partir do episódio 5. Palmas a Emílio Orciollo Neto, Enrique Diaz e Augusto Madeira, atuações excelentes que carregam as séries nas costas, assim como a fantástica direção de Daniel Rezende principalmente na season finale. Os personagens de Ruffo e Verena ficaram totalmente insuportáveis, se saíssem sequer fariam falta de tão antipáticos, e os problemas de enredo estão quase todos nas partes que não concernem aos acontecimentos da Lava Jato, mas aos backgrounds dos personagens que deveriam humanizar a narrativa. Ainda assim, os três últimos eps da temporadas foram muito legais (tirando aquela pataquada das cartas) e a temporada não foi um desperdício.
Apesar de um primeiro episódio um tanto que solto e mal feito, a temporada consegue engatar bem e consegue ter um apelo para o efeito-maratona. Conseguiu estabelecer ótimos ganchos, concluiu a season de forma promissora, trouxe grandes reviravoltas na história e reposicionou vários dos personagens. Mantém ainda falhas, mas acertou mais do que errou, e se saiu melhor que as temporadas anteriores. Gostei do plot relativo a Rafael e a Marcos, mas os personagens de Glória e Xavier são quase impossíveis de gostar. Ótimo ver Ney Matogrosso fazendo uma breve participação, e dessa vez a trilha sonora escorregou ao usar a versão de Bom Conselho por Johnny Hooker, sendo totalmente anti-climática. Mas, no geral, uma temporada legal e consegue manter a curiosidade, sem desperdiçar uma grande história.
Voltar ao formato de três episódios na temporada passou uma falsa sensação de aumento de qualidade, mas não foi o visto aqui. Ainda que se mantenha interessante e crítica, Black Mirror não tem mais aquele peso de rememoração, do choque. Os episódios são bons, funcionam muito bem, acertam no que propõem, mas não são nem um pouco marcantes dentre toda a antologia da própria série. Todos os eps trabalham com coisas já estabelecidas no universo da série anteriormente, com um novo foco, mas sem um impacto tão forte. Gostei muito da atuação de Andrew Scott em "Smithereens" e de Anthony Mackie em um papel que não era o apagado Falcão, mandando bem. Acho que dos três eps, gostei mais do primeiro (apesar de não gostar do final) e o segundo foi o mais bem desenvolvido (apesar de não trazer inovação ou um impacto mais forte). O terceiro foi uma espécie de filme teen com drama adulto, de pouquíssimo brilho. De todas as temporadas, essa foi disparada a mais fraca. E nem tenho mais tanta esperança de que o nível que se manteve até a terceira temporada seja recuperado. Bem esquecível.
Cara x Cara (1ª Temporada)
3.3 78 Assista AgoraNão estava com muitas expectativas, então fui bem surpreendido. Apesar do mote de ficção científica, a abordagem é superficial nesse sentido (e totalmente caricata e humorística), sendo uma série que investe no bizarro - não algo irreal, mas a bizarrice do mundo real - e nas relações humanas, e nesse sentido contrapor Miles contra seu clone é o ponto-chave da série. Paul Rudd carrega a série nas costas com uma atuação excelente, e Aisling Bea não tem carisma suficiente para que gostemos de sua personagem, sendo que ela é um dos motores principais de toda a trama. Foi chato tanta ponta solta deixada, ainda que o planejamento seja a estreia de outras temporadas, mas toda a questão do Hillston, da FDA e da companhia telefônica rival foram coisas mais para inflar o roteiro e manter algo para continuação da história do que para enriquecer o roteiro (espero pagar minha língua na próxima temporada, se houver). Achei uma série leve, divertida e filosófica na medida certa, e coloca boas discussões sobre como nos vemos e como somos os principais inimigos de nós mesmos.
Hip-Hop Evolution (3ª Temporada)
4.4 11 Assista AgoraContinua excelente como nas temporadas anteriores, só senti falta daquela abertura maravilhosa que eu fazia questão de ver sempre. Gostei particularmente do episódio 3, achei muito legal e informativo, e estou gostando do andamento cronológico, com alguns passos para trás de acordo com a geografia, que está guiando a série para os dias atuais. Esperando pela próxima temporada.
BoJack Horseman (6ª Temporada)
4.6 296 Assista AgoraPrimeira parte da última temporada finalizada. Poucas vezes me senti tão feliz e triste com uma temporada de série, pois por decisão unilateral, a série será finalizada, quando está entregando talvez sua melhor temporada, fechando as pontas soltas, dando novos rumos aos seus personagens e ainda deixando um puta cliffhanger no final da mid season que promete coisas super pesadas a serem resolvidas na última parte. Queria mais, muito mais do cavalo mais amado da Netflix, mas a equipe está fazendo o melhor que pode, e é visível. Está simplesmente fantástico, e eu estou aguardando ansiosamente a última leva de episódios.
Brooklyn Nine-Nine (5ª Temporada)
4.5 183 Assista AgoraTem um momento entre os primeiros episódios e a metade da temporada que parece que eles perderam a mão, mas só parece. O nível se mantém altíssimo, humor afiado e as abordagens de certas temáticas estão mais sérios, fugindo de ser só uma boa série para rir, dando espaço a discussões bem legais. O desenvolvimento dos personagens é bem melhor aqui, assim como disparado há mais cenas para gargalhar de rir (teve vários momentos na temporada em que ri alto). Continua incrível, mas o cliffhanger final foi muita safadeza.
13 Reasons Why (3ª Temporada)
3.1 231 Assista AgoraDepois dessa terceira temporada, fica claro que a série deveria ter focado somente no livro, sem tentar expandir, para não perder a mão. A segunda temporada mostrou esse deslize, mas ainda trouxe coisas um tanto legais. Já para essa terceira, criaram um plot para atrair o público, divulgado já nos trailers e pôsteres: quem matou Bryce Walker? Apesar do mistério desnecessariamente mantido até a season finale, essa temporada poderia muito bem não ter acontecido, pois a despeito dos acertos, foram erros demais, e muito graves. Os pontos positivos são a direção (gostei bastante de certas conduções de cena e do uso de diferentes fotografias para retratar os diferentes tempos da narrativa, assim como as transições entre esses momentos funcionavam muito bem), o crescimento de alguns atores, principalmente Devin Druid, Brandon Flynn e Justin Prentice, que carregam a temporada nas costas, e as discussões sobre a masculinidade tóxica, os efeitos do estupro e a necessidade de criar um ambiente propício à divulgação de traumas para que estes sejam superados. Entretanto, não só certas atuações ainda são fracas (Dylan Minnette parece regredir aqui em dados momentos, assim como Ross Butler e Miles Reizer), mas o roteiro é um pavor: não só por abordar tão bem certas coisas e conseguir agir de forma extremamente errada com outras, como o arco de "redenção" do Bryce Walker (sim, vamos humanizar o estuprador branco e rico, pois ter problemas justifica cometer estupros, não é mesmo?), o desenvolvimento da personagem Ani (inicia bem, depois desanda, fica desinteressante e no final fica claro que ela não faria diferença se não entrasse na série - só um tapa-buraco da falta da Hannah) e o roteiro em si, inchado demais, cheio de cenas longas totalmente desnecessárias, com episódios demasiadamente longos e cansativos, e uma season finale sofrível, que além de ser mal desenvolvida, soluciona as coisas da forma mais errada possível, dando ao público motivos para esconder a verdade, algo que não deve nunca ser posto em perspectiva. As jornadas de Tyler e Justin foram as mais interessantes, personagens como Clay e Zach parece que simplesmente não saíram do lugar, e a forma como encerraram as histórias de Bryce e Montgomery foram péssimas. Além disso, sumiu um monte de gente do nada entre a temporada anterior e essa, ou durante a temporada. Enfim, cheia de erros e com um final discutível, essa nova temporada foi dispensável em vários sentidos, apesar de alguns bons momentos.
Breaking Bad (5ª Temporada)
4.8 3,0K Assista AgoraBreaking Bad merece o hype que tem, pois é uma das melhores séries já feitas (ainda acho The Sopranos um tanto superior). Saber que o melhor episódio da série toda, Ozymandias, foi dirigido por Rian Johnson foi um detalhe que tornou a coisa toda ainda melhor. Todos os aplausos aos diretores e roteiristas, à equipe técnica e de maquiagem (o trabalho com o desgaste físico dos personagens está incrível), e ao elenco, afiadíssimo, melhor do que nunca, com trabalhos excepcionais dos protagonistas e coadjuvantes - as cenas protagonizadas por Jesse e Skyler eram as mais desconcertantes, e o próprio Cranston se superou aqui com seu Walter White no auge da ganância. Hank e Marie também cresceram muito e entregaram momentos incríveis, e o final foi exatamente como deveria ter sido, mostrando todo o mal causado pelo Walter e deixando as coisas meio que "resolvidas". Foi a temporada com mais reviravoltas na história e conseguiu conectar tudo que deveria, finalizando em definitivo a história de Heisenberg. Agora é ver como será resolvido a história de Pinkman em El Camino. Porém, Breaking Bad já foi mais do que necessária. Realmente indispensável.
Who Is America?
4.4 25Sacha Baron Cohen, de início, não parece ser o gênio que é, mas conhecendo um pouco mais de seu trabalho, você nota que ele é um daqueles comediantes que ficará para a história de humor, tal qual Chaplin, Buster Keaton e Andy Kaufman. Mesmo após personagens fantásticos como Ali G, Borat, Brüno e General Aladeen, ele consegue criar sua obra máxima com Who Is America?, numa série de episódios curtos que fazem um grande apanhado de toda a sua carreira: personagens bizarros e surreais (tão surreais que são absurdamente reais) que escancaram todos os preconceitos e loucuras de sociedade americana, abrindo ainda mais feridas não fechadas que envolvem todos os lados do espectro político e todo tipo de personagem social, opressor e oprimido. Mais do que uma série hilária, Cohen estabeleceu uma obra política e social fortíssima, que consegue muitas vezes chocar mais do que fazer rir, pois a irrealidade das situações é tamanha que parece impossível de acontecer no mundo real, mas acontece. Meu personagem preferido foi o Dr. Nira Cain-N'Degeocello, com sua proposta de curar a divisão da sociedade americana, mas cada um dos personagens interpretados por Sacha tinha seu quê de genialidade, cada um representando algo diferente e despertando discussões extremamente bizarras, mas pertinentes. Uma das melhores séries de comédia que já vi, e é uma pena que muito provavelmente não terá uma nova temporada.
Breaking Bad (4ª Temporada)
4.7 1,2K Assista AgoraE BB sobe mais alguns degraus no nível de qualidade nesse quarta temporada impecável. Poucas séries na história conseguiram fazer isso tão bem, atingir esse patamar de qualidade onde tudo se encaixa de forma que nada fica fora de lugar. Aqui, definitivamente, fica decidida a minha preferência por Jesse e Skyler, personagens mais fodas da série, e o ódio por Walter, que só sabe destruir a vida de todos ao seu redor. Todos os episódios foram excelentes, com cenas marcantes, o que torna difícil selecionar os melhores - mas queria ressaltar o episódio 6, da icônica frase "I'm the danger", que tem em seu encerramento um momento ainda mais foda:
"Alguém tem que proteger esta família do homem que protege esta família" - White, Skyler. Momento que para mim define quais são as prioridades de cada um.
A direção aqui está melhor que nunca, especialmente nos episódios dirigidos pelo próprio Vince Gilligan, e as atuações chegam a níveis extraordinários, com as melhores interpretações vistas até o momento do trio principal (Bryan Cranston, Aaron Paul e Anna Gunn), além de grandes cenas com RJ Mitte, Giancarlo Esposito e o FANTÁSTICO Mark Margolis (porque atuar daquele jeito como Hector Salamanca é para poucos). O roteiro aqui torna-se mais denso, mais violento, mas cruel, e aprofunda muito mais em cada personagem, abordando os diferentes estados depressivos de Hank e Jesse, o desespero dos personagens com as viradas na história, as reações extremadas em momentos cruciais, as atitudes pragmáticas e criminosas do núcleo metanfetamínico da história (que rende a maioria dos melhores momentos) e uma história que se dirige a um final grandioso, mas que se fosse encerrada aqui, já terminaria com chave de ouro. Até a trilha sonora está especialmente melhor que nunca, tudo se completa da melhor maneira que os roteiristas, diretores e equipe técnica conseguiram pensar. A única coisa chata é que, por estar assistindo bem depois do auge da série, muitos acontecimentos não são surpresa alguma pela enxurrada de spoilers, mas o que mais importa mesmo é ver o caminho feito para se chegar a esse objetivo. Afinal, não seria "os fins justificam os meios" a frase mais aplicável ao jeito Heisenberg de ser? E que venha a temporada final.
Breaking Bad (3ª Temporada)
4.6 840Breaking Bad não nasceu já como um fenômeno, mas foi essa terceira temporada que a alçou ao patamar dos clássicos, e dá pra entender bem o porquê. Enquanto as duas primeiras temporadas soam como uma grande introdução de uma série que se caractiza pela progressão, a terceira temporada estabelece desenvolvimento de personagens e relações como não tinha sido feito antes. A série deixa de ser só a saga do Walter para virar um conto sobre o reflexo das ações do protagonista na vida de todos ao seu redor. Diria até que o tempo de tela do Cranston (melhor que nunca aqui) está pau a pau com os personagens Jesse e Hank (Aaron Paul só cresce na série), os dois personagens com os melhores plots da temporada e com desenvolvimentos insanos. A participação mais ativa de Gus, Mike e Saul trazem um peso enorme pro enredo, e o roteiro e direção aqui estão mais geniais ainda, atingindo o patamar de excelência, como nos eps 2, 6, 7, 10 e 12, além da ótima cena final da temporada. Tudo se encaixa muito bem e nada soa mais como coincidência pouco verossímil como antes. A partir de agora, Breking Bad vira um marco.
Cara Gente Branca (Volume 3)
3.5 55 Assista AgoraComparada às duas primeiras temporadas, é inferior, mas simplesmente porque não se apega completamente à proposta. Quando disseram que a terceira temporada traria novas perspectivas, não foi só modo de falar. A narrativa passa por uma mudança completa: o narrador some para se tornar personagem, os episódios já não tem mais um personagem foco e não há mais um grande plot que direcione a temporada. Assemelha-se bastante à vida real, quando o tempo só passa e as coisas vão andando, sem muito alarde. Nesse sentido, a série foi muito bem, trabalhando mais as relações entre os personagens e as suas evoluções, saindo inclusive do âmbito dos protagonistas e dando destaques a novas dinâmicas, mostrando que todo mundo tem seus problemas, ainda que tenha seus privilégios. O erro foi o plot da Ordem do X, totalmente desordenado e com uma decisão na season finale muito fraca. Parece que até a metade tudo estava indo muito bem, e estava bem legal acompanhar a vivência dos personagens e vê-los mudando, saindo de seus padrões. Porém, já no final, tudo fica meio confuso devido à questão da Ordem do X e as resoluções em aberto relativas a isso e ao professor Brown. No final, essa temporada ensina três coisas: todos passamos por dificuldades, as pessoas mudam e não tenha ídolos. Quanto ao nível técnico e às atuações, nada a dizer, permanece impecável.
Cara Gente Branca (Volume 2)
4.2 123 Assista AgoraCreio que essa temporada foi melhor que a primeira, pois traz perspectivas mais pessoais e humanas para a história, trabalhando cada personagem como indivíduo e como parte da sociedade. Mostra muito bem que as pessoas mudam, e que sempre terá alguém para substituir os espaços deixados por outros. As críticas à sociedade americana capitalista, conservadora e racista continuam muito certeiras, assim como as referências à cultura pop estão ótimas e o debate com questões como redes sociais, moda, ascensão da extrema direita e novas formas de relações sociais foram muito bem desenvolvidos. Temporada ótima, que faz muito jus ao nome da série.
Years and Years
4.5 270Quantas vezes direi que 2019 é o ano das grandes minisséries? Years and Years foi uma surpresa que veio bem a calhar. Diferentemente de Chernobyl e Olhos que Condenam, a HBO apresentou uma trama que, em vez de abordar o passado, olha para o futuro e cria uma realidade aterradora, mas completamente verossímil - na verdade, soa como uma previsão acertadíssima do futuro. Devo aqui ressaltar o quanto este roteiro foi feito com esmero e criatividade, pois o público só é pego de surpresa pela desatenção; sempre há detalhes que mostram o que vem pela frente, e as reviravoltas estavam vindo a galope de muito antes (tal qual é a vida em sociedade, deixamos passar tantas coisas que quando um desastre ocorre, somos pegos "de surpresa"). Adorei tudo: direção, trilha sonora (que música de clímax!), efeitos, fotografia, cenários (modernos e futurísticos), roteiro e atuações (que show de Emma Thompson, pra aplaudir de pé). Digo que é uma série imprescindível, de suma necessidade para todo cidadão do mundo. Estamos na iminência de uma série de tragédias, e muitas delas já acontecem. Até onde podemos deixar as coisas chegarem? E quando será que faremos algo para mudar isso? Mas o que mais me admira é que, no fim, apesar do background político futurista, a minissérie é somente um grande conto sobre relações familiares e sobre como o amor é mais forte que tudo.
Monty Python's Flying Circus (2ª Temporada)
4.6 18É uma temporada fantástica, que deve ter alguns dos episódios mais geniais de toda a série (os episódios 7, 8, 10 e 13 são especialmente hilários e fantásticos). Consegue ser ainda melhor que a primeira temporada, e aposta muito mais na metalinguagem como forma de criar o humor (ou a confusão, o que para eles tem efeito semelhante). As esquetes são excelentes e muitas delas figuram até hoje como as mais marcantes do grupo. Realmente, Monty Python's Flying Circus é o pai da comédia televisiva moderna.
Jessica Jones (3ª Temporada)
3.7 118 Assista AgoraBem melhor que a segunda temporada, mas abaixo da primeira, a temporada final de Jessica Jones peca por não brilhar como encerramento, e seria mais bem sucedida se fosse uma temporada intermediária. Salinger é um vilão excelente, sem poderes mas muito inteligente, e que oferece um perigo real à heroína. Gostei dos arcos de Erik e Malcolm, o de Jeri estava indo bem até o final, e o da Trish foi interessante, mas a falta de carisma da personagem não ajudou em nada no processo de impacto que o arco dela poderia trazer. As questões sobre ser herói ou vilão e sobre o que é justo ou não são muito bem desenvolvidas, o que dá um brilho na temporada. Uma pena que acabou, seria muito legal ver mais dessa ótima personagem nas mãos da Krysten Ritter.
Eu Vi (1ª Temporada)
2.4 119 Assista AgoraComecei pelo episódio 4 (pra mim o melhor por trazer uma questão de aceitação e superação) e confiei na série por pensar que seria nessa pegada - além de que o tom dos depoimentos foram bastante realistas (talvez ao menos essa história tenha realmente ocorrido). Ledo engano. Não assusta, não adiciona em nada e não traz um diálogo sobre os reflexos disso. A maioria das histórias trata-se de pessoas ainda atormentadas por algo falando disso tranquilamente, e é isso que faz ser nada convincente. Duvido muito que seja real devido principalmente aos episódios 2, 3 e 6 (é cada reação falsa dos "personagens reais" e cada coisa nada a ver na história que eles contam que não tem como ser verdade), mas os episódios 1 e 4 foram os melhores, trazem algo mais do que um terror B sem sentido - ainda que sejam clichês do gênero. O episódio 5 nem vou opinar porque desconsidero terror com aliens, é algo americano demais para minha vivência brasileira. E as representações tentam tanto forçar medo que no fim se resume a um simulacro de filme de terror B (ou C) genérico de baixo orçamento e sem criatividade, com efeitos, atuações e direção horríveis. Esperava bem mais da série, mas serve bem pra passar o tempo e se distrair. Recomendo somente os episódios 1 e 4. De resto, dispensável ou vergonhoso.
Um Maluco no Pedaço (2ª Temporada)
4.2 42Consegue ser ainda melhor que a primeira temporada, trazendo episódios mais engraçados, com muitos momentos marcantes. Assistir depois de tantos anos torna possível perceber a profundidade das críticas ao racismo que a série continha, e o tanto de referências à cultura pop da época. Uma das grandes séries de comédia já feitas.
La Casa de Papel (Parte 3)
4.0 637Estou impressionado com o resultado da terceira temporada. Não porque está melhor que as outras temporadas (em alguns aspectos sim), pois mantém o mesmo nível que as anteriores, mas porque a Netflix pegou uma série finalizada, fez uma temporada desnecessária (tanto que o enredo é muito furado) e conseguiu deixar o espectador preso; mais ainda, ansioso pela próxima temporada - que precisa ser a última, não dá mais pra prolongar senão vai ficar totalmente horrível. Se por um lado diminuiu muito o dramalhão novelesco dos episódios - ótima escolha de quantidade de episódios, sem falar que os cliffhangers entre um e outro tornava quase impossível parar de ver -, por outro as coisas fazem menos sentido ainda. O tempo todo sentia que as atitudes em geral dos personagens não eram condizentes e que todo aquele apego entre os ladrões era ridículo. E era mesmo. Forçaram bastante pra criar um motivo de um novo assalto, que também é cheio de coisas sem sentido, mas em compensação... As cenas de ação estão muito melhores, a sensação de perigo é latente, a tensão é muito mais eficaz e os personagens (alguns) cresceram bastante, como Denver e Nairóbi. A season finale foi longa e cheia demais, mas os quinze minutos finais foram os melhores das três season finale, e o cliffhanger deixado foi ótimo, faz com que o público queira saber como termina. Até mais violenta a série ficou. A questão política e ideológica é bem furada, mas até que faz algum sentido. E se eles copiaram a maior parte do filme O Plano Perfeito nas duas primeiras partes, nessa terceira eles copiaram o resto que faltava. Pensei que ficaria bem ruim, mas ficou um resultado muito gostoso de se assistir, mesmo cheio de erros.
Slasher: Solstice (3ª Temporada)
3.5 128 Assista AgoraSlasher vem melhorando a cada temporada, tanto que essa terceira terminei em pouquíssimo tempo (em um dia eu assisti metade da temporada de tão fácil de devorar que foi). A história agora torna-se mais interessante, traz as questões das redes sociais, dos preconceitos da sociedade americana, dos traumas, da falta de empatia do próximo e das pessoas ao redor que são mero espectadores de tudo que os rodeia, sem ajudar ou se posicionar contra o erro. Em geral, os atores se saem muito melhor (Baraka Rahmani, Dean McDermott e Lisa Berry mandam muito bem), apesar de certas atuações ruins e oscilantes que às vezes chegam a ser vergonhosas - mas nada que chegue perto da vergonha que já vimos nas outras temporadas. Eu daria quatro estrelas se não fosse pelo último episódio, muito mal resolvido e que quebra com a ótima construção que a série conseguiu fazer da história (apesar de já dar pra saber quem é o assassino lá pela metade, ela brinca bem com a certeza do espectador, e no final você duvida do que achou para realmente estar certo), e com talvez os piores momentos e mortes mais fracas. Aliás, as mortes é que são o verdadeiro show. É cada coisa com requintes de crueldade tremendos e extrema violência gráfica que chega dá uma alegria de ver tanto sangue jorrando com um gore tão bem feito. E o enredo consegue ser bem fechadinho, com alguns furos aceitáveis e outros que nem são furos, só exigências do gênero para que se tenha realmente um slasher (como policiais extremamente burros e incompetentes). Me surpreendi muito com o resultado final, mesmo com o final meia-boca.
Breaking Bad (2ª Temporada)
4.5 775Um tanto melhor que a primeira temporada, mas ainda não dá aquele tranco do qual tanto falam da série (depois de ver The Sopranos e The Wire, é muito dificil ser pego assim). Eu fico maravilhado com a atuação de Aaron Paul, disparada a melhor da série, e Bryan Cranston, mesmo sendo um excelente ator numa atuação fenomenal, fica para mim eclipsado pelo seu parceiro. Adoro o núcleo familiar e a relação da Skyler (gostei muito das atitudes dela na season finale), além do fato de Walter Jr e Hank se tornarem personagens bem legais de se acompanhar, bem interessantes mesmo. Já Walter mostra-se o grande vilão da série a partir daqui, sendo o definitivo algoz de Jesse, já quase plenamente transformado num monstro inescrupuloso - você quer saber no que vai dar, mas é difícil gostar das ações do Walter (pelo menos na minha opinião). A participação de Krysten Ritter foi ótima, as baixas e entradas, como a chegada de Saul e Gus, trazem dinâmicas bem legais, e o roteiro se mantém excelente, cheio de reviravoltas e "coincidências" loucas. A direção também melhorou muito, e a série só cresceu. Só falta mesmo a pedrada.
Olhos que Condenam
4.7 680 Assista Agora2019 está sendo um ano prolífico e importantíssimo no quesito de obras audiovisuais de importância social imprescindível. Após Chernobyl e o debate sobre os segredos de Estado e perigos ideológicos, When They See Us traz à tona o debate sobre o racismo institucionalizado, escancara as falhas da justiça e do sistema penitenciário e abre os olhos sobre o fato de ainda existirem muitos inocentes pagando injustamente por crimes que não cometeram - além de mostrar o posicionamento racista e desumano do atual presidente dos EUA. Ainda que seja uma minissérie extremamente difícil de assistir, dolorosa e pesada (o episódio 2 foi o que mais me fez chorar), o final traz aquela centelhazinha de esperança que o destino ou algo maior que nós pode trazer a verdade à tona. De resto, a série é totalmente primorosa, com uma trilha sonora maravilhosa, fotografia, edição e iluminação excelentes, atuações FANTÁSTICAS (que show das crianças, e principalmente do Jharrel Jerome) e a direção indispensável de Ava DuVernay. O mundo precisava dessa mulher há muito tempo. Feliz de viver na mesma época que essa diretora gigantesca. Feliz de ver a verdade vir à tona e os culpados, ainda que com atraso, estejam pagando por seus atos. Feliz de poder ver uma obra desse porte ser sucesso mundial e reacender um debate extremamente necessário para os tempos atuais.
Dark (2ª Temporada)
4.5 897Nem sei o que dizer, só sentir. Só sei que estou muito feliz de saber que é uma série já pensada com antecedência para acabar com três temporadas (sem riscos de merdar tudo por causa de um fim que nunca vem) e que, em relação à primeira temporada, mantém a pegada igual, no mesmo nível técnico e de atuações altíssimo, com uma adição de uma trilha sonora ainda melhor. Muito feliz de ter uma série de ficção científica desse nível, dessa complexidade. São perguntas sendo respondidas pra deixar um monte de outras perguntas em aberto. Só reviravolta pesada e revelações bombásticas, cada fim de episódio minha cara ficava que nem um fim de capítulo de Avenida Brasil. Nem sei o que vem pela frente, mas tô super ansioso e queria era uma máquina do tempo para ver logo essa terceira temporada! Espero que não tenha que durar dois anos para que ela chegue.
O Mecanismo (2ª Temporada)
3.5 101A primeira temporada foi bem melhor. Essa teve sérios problemas com o ritmo e o carisma dos personagens. A temporada só engata da metade pro fim e os primeiros episódios são maçantes e recheados de diálogos e momentos péssimos (aquela busca do filho da funcionário da Miller & Breth pelo Rufo foi total perda de tempo de tela), mas melhora muito a partir do episódio 5. Palmas a Emílio Orciollo Neto, Enrique Diaz e Augusto Madeira, atuações excelentes que carregam as séries nas costas, assim como a fantástica direção de Daniel Rezende principalmente na season finale. Os personagens de Ruffo e Verena ficaram totalmente insuportáveis, se saíssem sequer fariam falta de tão antipáticos, e os problemas de enredo estão quase todos nas partes que não concernem aos acontecimentos da Lava Jato, mas aos backgrounds dos personagens que deveriam humanizar a narrativa. Ainda assim, os três últimos eps da temporadas foram muito legais (tirando aquela pataquada das cartas) e a temporada não foi um desperdício.
3% (3ª Temporada)
3.7 127Apesar de um primeiro episódio um tanto que solto e mal feito, a temporada consegue engatar bem e consegue ter um apelo para o efeito-maratona. Conseguiu estabelecer ótimos ganchos, concluiu a season de forma promissora, trouxe grandes reviravoltas na história e reposicionou vários dos personagens. Mantém ainda falhas, mas acertou mais do que errou, e se saiu melhor que as temporadas anteriores. Gostei do plot relativo a Rafael e a Marcos, mas os personagens de Glória e Xavier são quase impossíveis de gostar. Ótimo ver Ney Matogrosso fazendo uma breve participação, e dessa vez a trilha sonora escorregou ao usar a versão de Bom Conselho por Johnny Hooker, sendo totalmente anti-climática. Mas, no geral, uma temporada legal e consegue manter a curiosidade, sem desperdiçar uma grande história.
Black Mirror (5ª Temporada)
3.2 959Voltar ao formato de três episódios na temporada passou uma falsa sensação de aumento de qualidade, mas não foi o visto aqui. Ainda que se mantenha interessante e crítica, Black Mirror não tem mais aquele peso de rememoração, do choque. Os episódios são bons, funcionam muito bem, acertam no que propõem, mas não são nem um pouco marcantes dentre toda a antologia da própria série. Todos os eps trabalham com coisas já estabelecidas no universo da série anteriormente, com um novo foco, mas sem um impacto tão forte. Gostei muito da atuação de Andrew Scott em "Smithereens" e de Anthony Mackie em um papel que não era o apagado Falcão, mandando bem. Acho que dos três eps, gostei mais do primeiro (apesar de não gostar do final) e o segundo foi o mais bem desenvolvido (apesar de não trazer inovação ou um impacto mais forte). O terceiro foi uma espécie de filme teen com drama adulto, de pouquíssimo brilho. De todas as temporadas, essa foi disparada a mais fraca. E nem tenho mais tanta esperança de que o nível que se manteve até a terceira temporada seja recuperado. Bem esquecível.