Dirigido e estrelado por Hugo Carvana, retrata um Brasil e uma malandragem que já não existem mais. Adoro assistir a esses filmes brasileiros das décadas de 70 e 80, pois eles me trazem uma nostalgia e saudosismo de uma época que não vivi.
Filme mudo do cinema pernambucano. A única cópia conhecida está bastante deteriorada e isso acaba comprometendo muito a compreensão e a experiência com o filme.
Eu amo esse filme por vários motivos. Ele foi o primeiro filme com Fred Astaire que vi e fez com que eu visse muitos filmes dele e ele se tornasse um dos meus atores favoritos. Esse filme também é responsável pelo meu amor pelos musicais e claro, por Audrey. É meu filme favorito estrelado por ela e sempre acalenta e aquece meu coração. É sempre bom revê-lo. É um daqueles filmes mágicos que você assiste mais de 100 vezes, mas cada vez é como se fosse a primeira.
Descobri esse filme por puro acaso e vi que ele é baseado na obra que gerou posteriormente o filme "Um Lugar ao Sol". Gostei bastante. A direção de Sternberg foi decisiva pra deixar o filme com o aspecto cru e policial, sem a romantização exagerada da versão posterior. Uma coisa que achei interessante é que de certa forma a abordagem do filme faz com que a gente se torne cúmplice do personagem e a gente sabe quando ele está mentindo. Um belo exemplar do Pre-Code e da filmografia de Sternberg.
Que filme horrível e mal diagramado. Pra piorar tem um personagem masculino detestável que trata as mulheres como objeto. Não é problematizando, até porque eu adoro discutir os aspectos negativos de um filme sem militar, mas esse filme aqui nem pra isso presta.
Um drama emocionante dirigido por Kinuyo Tanaka. Mais uma vez ela mostrou-se bem habilidosa ao dirigir uma história tão dramática e melancólica sobre câncer de mama. Filme bem equilibrado ao tocar em um assunto bastante delicado e até mesmo um tabu para a época. É fascinante ver uma mulher quebrar um paradigma no cinema.
Filme de estreia da diretora Kinuyo Tanaka, segunda mulher a dirigir filmes no Japão. É um filme tocante, melancólico e muito bem feito. Logo em sua estreia na direção, ela mostrou-se muito habilidosa. O personagem masculino tem todos os adjetivos para ser detestável: machista e conservador, além de um homem amargurado, mas a atmosfera melancólica do filme nos impede que tenhamos qualquer tipo de raiva dele. A personagem feminina é uma vítima desde sempre e ela é assombrada pelo seu passado a todo momento. É um belíssimo romance. Clichê? Talvez, mas adoramos o óbvio né? Embora eu tenha achado o final fora da curva, ousado até para um filme romântico onde tudo tem que ser definitivo e didático. E mesmo sendo um romance, há ali uma crítica social sobre a demonização das mulheres que se prostituem e toda aquela hipocrisia masculina sobre virtude moral. Devo dizer que esse filme me tocou bastante.
Um filme dirigido por uma mulher sobre mulheres nos campos de concentração. Nunca tinha visto um filme que focasse em mulheres no período do Holocausto e foi interessante poder ver esse outro olhar. O filme tem uma atmosfera muito densa e sombria. Por ser feito na década de 40, espera-se ser um filme mais atenuado, mas muito pelo contrário. Há sequências desoladoras que nos questionam como o ser humano é perverso. No filme como figurantes, há pessoas que sobreviveram aos campos de concentração, trazendo mais realismo a história. O final do filme me deixou sem palavras, não consigo falar sobre, mas me marcou, como todo filme que aborda esse período horroroso da história. Com toda certeza irei rever esse filme várias vezes.
Filme dirigido por Márta Mészáros, primeira mulher a ganhar o Urso de Ouro na categoria de direção, justamente por esse trabalho. O filme aborda a história de duas mulheres: uma mulher com quase 50 anos, amante de um colega de trabalho e outra mais jovem, com uma relação turbulenta com os pais e que vive em uma instituição. Mesmo com vidas e ideais tão diferentes, essas mulheres possuem algo em comum: a solidão. E é a solidão que as unem e elas tornam-se amigas. Enquanto a mulher mais velha deseja ter um filho, mesmo como mãe solteira, a mais nova deseja casar-se e livrar-se de sua família. O filme mostra a relação de ambas e o que elas vão fazer para realizar seus sonhos. Kata, a personagem mais velha me cativou bastante. Ela é uma mulher tão dura, tão áspera e firme, mas cativante e forte. Achei um filme muito interessante, diferente de tudo que vi até agora. Demorou um pouco para me fisgar, mas já na metade eu estava vidrado na história.
Um filme que eu queria há muito tempo ver. Norma Shearer era uma atriz fantástica, uma pena ser tão subestimada. Aqui, ela tem um desempenho bastante complexo, de uma personagem tão complexa, aliás, o filme é repleto de personagens complexos e seus pensamentos são expostos através de narração, mostrando suas hipocrisias e fraquezas para quem o assiste. Embora sendo um Pre-Code, sua ousadia encontra-se na primeira parte do filme, após isso ele torna-se um filme dramático e folhetinesco. Os momentos finais são excelentes e Norma Shearer pôde mostrar que era uma atriz capacitada para o papel. Se o filme fosse um pouco mais curto, ele seria perfeito.
Após ver um filme como esse onde Kay Francis entrega em desempenho tão sublime, chega a causar revolta a forma como ela foi tratada por Jack Warner posteriormente. É um excelente Pre-Code, que aborda o papel da mulher em um ambiente onde ela não era bem-vinda. Logo no início do filme, há uma cena onde um personagem masculino recusa-se a acreditar que uma doutora fará o parto de sua mulher e a ameaça de morte, caso ela falhe e claro, ela faz muito bem seu papel, provando estar ali por ser eficiente. A partir de então, a personagem terá que se impor para ser respeitada. Mais à frente,, o filme aborda o papel da mulher como mãe solteira, em como ela era malvista, as mentiras que eram contadas para a maternidade ser aceita e todo o peso disso em suas costas. O filme tem sua parte folhetinesca, mas a ousadia do período está impressa na maior parte de sua duração. E a atuação de Kay Francis, sempre elegante, é a cereja do bolo.
Esse filme e "Irene, a Teimosa", são pra mim os maiores e melhores filmes de comédias clássicas. Já o revi tantas vezes e mesmo assim nunca perde a graça. Muito se deve à química maravilhosa entre Irene Dunne e Cary Grant que estão impagáveis do começo ao fim. O show de improvisos entre os dois, além das gargalhadas, passam também muita naturalidade. Soma-se tudo isso à direção precisa de Leo McCarey que inclusive ganhou merecidamente o Oscar. É um filme que torna-se maior, mais engraçado e necessário a cada revisão. E pensar que Irene Dunne teve muito medo de embarcar em comédias...
Estava com tanta saudade de ver esse filme. Fazia tempo que não o revia e essa revisão foi ótima, pois passei a enxergá-lo de uma outra forma. Antes o via como um conto de fadas, mas a partir dessa revisão o vejo como um sarcástico conto de fadas que explora muito bem as diferenças de classes sociais e em como isso interfere nas relações entre as pessoas. Sabrina não é uma garota totalmente inocente, ela sabe muito bem seu lugar no mundo, mas está em busca de mudar o seu destino. Um ponto interessante é a relação com seu pai, que possui uma consciência de classe distorcida, inferiorizando-se por ser chofer e desencorajando a filha de pensar o melhor para ela, achando que ela não merece ser filha de chofer e nem ser uma moça rica. O texto afiado de Billy Wilder está mais delicioso do que nunca e sua direção deixa tudo bastante atraente. Mesmo com alguns diálogos ácidos, ainda sim é uma história que causa suspiros no final do filme.
Filme pertencente ao cinema mudo português (com cenas sonorizadas), é mais atraente na sinopse do que o assistindo. A história é lenta e a protagonista aparece mais da metade do filme. Fui com altas expectativas e me decepcionei feio, ao ponto de nem querer terminá-lo.
Um homem recluso torna-se fascinado por uma artista. Após um breve encontro com ela, ele passa meses sem notícias até descobrir que ela se matou. A partir de então ele torna-se obcecado em descobrir tudo sobre ela, enquanto passa a ser atormentado por visões da falecida. Do mesmo diretor de "A Morte do Cisne", esse filme além de bem-feito, flerta muito com o gênero horror, nas cenas das aparições da falecida. Mesmo sendo um truque de corte de negativo, as aparições devem ter causado muitos sustos no público na época de sua realização. Pode ser que quem veja o filme considere essas cenas ultrapassadas, mas não tem como dizer que não são muito bem-feitas.
Uma moça muda, apaixona-se por um rapaz e passa a viver um grande amor. Após sofrer uma decepção amorosa, ela torna-se uma famosa bailarina. Ela então, desperta a obsessão de um artista que é fascinado pela morte. Um bom filme, aparentemente bem obscuro. Uma cena notável é a do número de balé, muito bem feita e que continua belíssima de se ver.
É um filme muito sentimental pra mim e que a cada revisão torna-se uma obra maior. Após amadurecer, enxergo vários pontos problemáticos, mas confesso que eles não me incomodam, porém acho válido eles serem discutidos e acho ridículo promoverem o cancelamento de uma obra com quase 100 anos. A cada revisão, duas personagens crescem aos meus olhos: Scarlet e Melanie. Scarlet é a anti-heroína total e eu adoro o fato dela não ter pudor algum em lutar pelo que ela acredita e de certa forma manipular as pessoas ao seu redor, mas devo salientar que há sim um amadurecimento da personagem durante o filme: a guerra e a fome, além da dor de várias perdas a transformam em uma nova mulher: uma mulher não tão convencional, mas que amadureceu da sua forma. É uma personagem forte, totalmente imoral e nas mãos da atriz errada poderia ter sido um desastre, mas Vivien Leigh conduziu a personagem com maestria e a gente não consegue torcer contra Scarlet, mesmo ela agindo de forma errada. Uma coisa que saltou nessa última revisão é a independência de Scarlet, em como ela se impõe em meio aos homens e chega até mesmo a gerir o negócio familiar e reestruturar sua casa, algo muito incomum para as heroínas dos livros e dos filmes naquela época. Melanie é totalmente o oposto de Scarlet, mas digo que gosto muito dela, ela tem uma bondade que não é falsa, mas em determinados momentos soa uma ambiguidade, não a acho sonsa, mas acredito que ela enxergava o que acontecia, mas preferia não acreditar nas intenções de Scarlet com o marido. Rhet é um personagem que aprendi a gostar muito nas minhas revisões, ele não é um homem ruim, mas não consegue lidar direito com as suas emoções e quando expõe seus sentimentos ele o faz da forma errada. Acho Clark Gable perfeito nesse papel e uma pena que ele não ganhou o Oscar. Esse filme continua sendo pra mim o melhor filme de todos os tempos e é fascinante ver que quase 90 anos de sua realização ele continua um filme irresistível e um novelão em Technicolor. As quase quatro horas passam voando e isso é muito bom. É um filme que mesmo tendo visto muitas vezes ainda me emociona.
Não sou grande fã do gênero terror, mas às vezes me permito dar uma olhada em alguns exemplares do gênero. Fazia tempo que tinha curiosidade em vê-lo e acabei gostando bastante. Vi gente criticando os efeitos especiais, achando-os ultrapassados, mas eu os achei fantásticos e foi uma das coisas que me seguraram a atenção. Tem até Stop Motion!! Agora tomando coragem para ver as sequências, mas acredito que tenham feito esse filme na intenção de não ter continuação, o final pelo menos dá a entender isso.
Um exemplar do Cinema Afro-Americano, desta vez um melodrama, pesquisei que melodrama era um dos gêneros mais consumidos pela população negra nos EUA e acredito que esse tenha agradado, embora ele possua algumas deficiências que ocorrem devido ao baixo orçamento dessas produções, comprometendo um pouco o filme, mas não sua totalidade. Esse filme começa muito bem e envolvente, mas chegando próximo ao meio ele perde um pouco o interesse, mas chegando ao final ele recupera o fôlego. Ele conta a história de uma moça que é maltratada pelo padrasto e acaba casando-se com seu vizinho. Ela acredita que ele a ama, porém ele casou-se com ela por pena. A relação deles entra em conflito quando ela descobre que a mãe dele sequer sabe do casamento e que ela é uma mulher elitista, mesmo sendo negra. Após um acidente onde ela adquire uma cicatriz no pescoço, ela passa a prostituir-se. O destino então a aproxima novamente de seu marido e ela então entende que ele nunca a amou.
Meu primeiro contato com um filme mudo do Cinema Afro-Americano e já fiquei muito tocado. Não poderia ter escolhido outro filme para começar essa jornada por esse cinema esquecido. Oscar Micheaux é considerado o pai desse cinema que surgiu pela necessidade de representação da população negra, que não se identificava com a retratação deles nos filmes produzidos em Hollywood. O cinema Afro-Americano é considerado também o primeiro exemplo de cinema independente, já que esses filmes não eram produzidos para a massa e nem a grande parte da população os achavam interessantes, mas a população negra conseguia enxergar-se e sentia-se representada nesses filmes. O filme no começo parece ser um folhetim, com a apresentação de um quarteto amoroso, mas isso é necessário para o desenvolvimento da história que logo nos primeiros 20 minutos já muda o foco e torna-se uma crítica social forte e poderosa. Oscar Micheaux em um curto tempo toca em diversos pontos como racismo, elitismo, critica abertamente os falsos religiosos, o difícil acesso à educação e ao voto para as pessoas negras e a forma como os negros eram tratados e vistos pelos brancos como inferiores. Para um filme produzido em 1920, é bastante transgressor, forte e ousado. As cenas finais onde mostram um linchamento de uma família negra são bastante densas e me deixaram muito emocionado e incomodado, acredito que a intenção do diretor era essa: incomodar e conscientizar para a forma como os negros eram tratados naquela época. Como negro, me sensibilizei e me identifiquei demais com esse filme e vi que algumas coisas mudaram, enquanto outras ainda existem e continuam muito fortes em nossos tempos atuais. É um filme triste, mas fantástico, recomendo que assistam, pois ele não merece o esquecimento que obteve por muitos anos.
Sem querer, estou fazendo uma maratona sobre a filmografia de Irene Dunne e estou adorando, principalmente esses filmes dramáticos que a consagraram na década de 30, antes que ela embarcasse nas comédias malucas no final da mesma década. Eu havia visto a versão da década de 60 e gostado bastante, há ainda a versão da década de 40 que pretendo ver em breve. Há muitas diferenças entre elas e cada uma deve ser vista como uma obra à parte baseada em um livro. Por ser um Pre-Code, eu esperava um filme mais ousado, mas ele acaba indo pro lado melodramático. O que entra em questão aqui é a passividade e submissão da personagem principal mais latentes nessa versão do que na versão da década de 60, onde a personagem mantém esses traços de submissão e renegação a si mesma por causa do homem que ama, mas de uma forma mais amena. Irene Dunne está espetacular e mesmo a personagem me incomodando, gostei muito de sua composição, a gente acaba se compadecendo do sofrimento e anulação que a personagem carrega. Pro contexto da época e da obra é um bom filme e deve ser visto em caráter de discussão sobre o papel da mulher como amante de um homem e sobre todos os estigmas que ela carrega e em como o homem é anulado de toda e qualquer culpa.
Vai Trabalhar, Vagabundo
3.4 22 Assista AgoraDirigido e estrelado por Hugo Carvana, retrata um Brasil e uma malandragem que já não existem mais. Adoro assistir a esses filmes brasileiros das décadas de 70 e 80, pois eles me trazem uma nostalgia e saudosismo de uma época que não vivi.
Revezes...
3.2 1Filme mudo do cinema pernambucano. A única cópia conhecida está bastante deteriorada e isso acaba comprometendo muito a compreensão e a experiência com o filme.
Cinderela em Paris
4.0 419 Assista AgoraEu amo esse filme por vários motivos. Ele foi o primeiro filme com Fred Astaire que vi e fez com que eu visse muitos filmes dele e ele se tornasse um dos meus atores favoritos. Esse filme também é responsável pelo meu amor pelos musicais e claro, por Audrey. É meu filme favorito estrelado por ela e sempre acalenta e aquece meu coração. É sempre bom revê-lo. É um daqueles filmes mágicos que você assiste mais de 100 vezes, mas cada vez é como se fosse a primeira.
Uma Tragédia Americana
3.3 2Descobri esse filme por puro acaso e vi que ele é baseado na obra que gerou posteriormente o filme "Um Lugar ao Sol".
Gostei bastante. A direção de Sternberg foi decisiva pra deixar o filme com o aspecto cru e policial, sem a romantização exagerada da versão posterior. Uma coisa que achei interessante é que de certa forma a abordagem do filme faz com que a gente se torne cúmplice do personagem e a gente sabe quando ele está mentindo. Um belo exemplar do Pre-Code e da filmografia de Sternberg.
Ovos de Ouro
3.4 31Que filme horrível e mal diagramado.
Pra piorar tem um personagem masculino detestável que trata as mulheres como objeto. Não é problematizando, até porque eu adoro discutir os aspectos negativos de um filme sem militar, mas esse filme aqui nem pra isso presta.
Para Sempre Uma Mulher
4.3 6 Assista AgoraUm drama emocionante dirigido por Kinuyo Tanaka. Mais uma vez ela mostrou-se bem habilidosa ao dirigir uma história tão dramática e melancólica sobre câncer de mama. Filme bem equilibrado ao tocar em um assunto bastante delicado e até mesmo um tabu para a época. É fascinante ver uma mulher quebrar um paradigma no cinema.
Cartas de Amor
3.7 7Filme de estreia da diretora Kinuyo Tanaka, segunda mulher a dirigir filmes no Japão. É um filme tocante, melancólico e muito bem feito. Logo em sua estreia na direção, ela mostrou-se muito habilidosa. O personagem masculino tem todos os adjetivos para ser detestável: machista e conservador, além de um homem amargurado, mas a atmosfera melancólica do filme nos impede que tenhamos qualquer tipo de raiva dele. A personagem feminina é uma vítima desde sempre e ela é assombrada pelo seu passado a todo momento. É um belíssimo romance. Clichê? Talvez, mas adoramos o óbvio né? Embora eu tenha achado o final fora da curva, ousado até para um filme romântico onde tudo tem que ser definitivo e didático. E mesmo sendo um romance, há ali uma crítica social sobre a demonização das mulheres que se prostituem e toda aquela hipocrisia masculina sobre virtude moral.
Devo dizer que esse filme me tocou bastante.
A Última Etapa
4.2 6Um filme dirigido por uma mulher sobre mulheres nos campos de concentração. Nunca tinha visto um filme que focasse em mulheres no período do Holocausto e foi interessante poder ver esse outro olhar. O filme tem uma atmosfera muito densa e sombria. Por ser feito na década de 40, espera-se ser um filme mais atenuado, mas muito pelo contrário. Há sequências desoladoras que nos questionam como o ser humano é perverso. No filme como figurantes, há pessoas que sobreviveram aos campos de concentração, trazendo mais realismo a história. O final do filme me deixou sem palavras, não consigo falar sobre, mas me marcou, como todo filme que aborda esse período horroroso da história.
Com toda certeza irei rever esse filme várias vezes.
Adoção
3.8 7 Assista AgoraFilme dirigido por Márta Mészáros, primeira mulher a ganhar o Urso de Ouro na categoria de direção, justamente por esse trabalho. O filme aborda a história de duas mulheres: uma mulher com quase 50 anos, amante de um colega de trabalho e outra mais jovem, com uma relação turbulenta com os pais e que vive em uma instituição. Mesmo com vidas e ideais tão diferentes, essas mulheres possuem algo em comum: a solidão. E é a solidão que as unem e elas tornam-se amigas. Enquanto a mulher mais velha deseja ter um filho, mesmo como mãe solteira, a mais nova deseja casar-se e livrar-se de sua família. O filme mostra a relação de ambas e o que elas vão fazer para realizar seus sonhos. Kata, a personagem mais velha me cativou bastante. Ela é uma mulher tão dura, tão áspera e firme, mas cativante e forte. Achei um filme muito interessante, diferente de tudo que vi até agora. Demorou um pouco para me fisgar, mas já na metade eu estava vidrado na história.
Mentiras da Vida
4.0 2Um filme que eu queria há muito tempo ver. Norma Shearer era uma atriz fantástica, uma pena ser tão subestimada. Aqui, ela tem um desempenho bastante complexo, de uma personagem tão complexa, aliás, o filme é repleto de personagens complexos e seus pensamentos são expostos através de narração, mostrando suas hipocrisias e fraquezas para quem o assiste. Embora sendo um Pre-Code, sua ousadia encontra-se na primeira parte do filme, após isso ele torna-se um filme dramático e folhetinesco. Os momentos finais são excelentes e Norma Shearer pôde mostrar que era uma atriz capacitada para o papel. Se o filme fosse um pouco mais curto, ele seria perfeito.
Mulher e Médica
4.2 1Após ver um filme como esse onde Kay Francis entrega em desempenho tão sublime, chega a causar revolta a forma como ela foi tratada por Jack Warner posteriormente. É um excelente Pre-Code, que aborda o papel da mulher em um ambiente onde ela não era bem-vinda. Logo no início do filme, há uma cena onde um personagem masculino recusa-se a acreditar que uma doutora fará o parto de sua mulher e a ameaça de morte, caso ela falhe e claro, ela faz muito bem seu papel, provando estar ali por ser eficiente. A partir de então, a personagem terá que se impor para ser respeitada. Mais à frente,, o filme aborda o papel da mulher como mãe solteira, em como ela era malvista, as mentiras que eram contadas para a maternidade ser aceita e todo o peso disso em suas costas. O filme tem sua parte folhetinesca, mas a ousadia do período está impressa na maior parte de sua duração. E a atuação de Kay Francis, sempre elegante, é a cereja do bolo.
Cupido é Moleque Teimoso
3.9 48 Assista AgoraEsse filme e "Irene, a Teimosa", são pra mim os maiores e melhores filmes de comédias clássicas. Já o revi tantas vezes e mesmo assim nunca perde a graça. Muito se deve à química maravilhosa entre Irene Dunne e Cary Grant que estão impagáveis do começo ao fim. O show de improvisos entre os dois, além das gargalhadas, passam também muita naturalidade. Soma-se tudo isso à direção precisa de Leo McCarey que inclusive ganhou merecidamente o Oscar. É um filme que torna-se maior, mais engraçado e necessário a cada revisão. E pensar que Irene Dunne teve muito medo de embarcar em comédias...
A Noiva Desconhecida
4.1 19Sempre bom rever um filme com Judy Garland e constatar que ela foi a maior estrela dos filmes musicais.
Sabrina
4.1 332 Assista AgoraEstava com tanta saudade de ver esse filme. Fazia tempo que não o revia e essa revisão foi ótima, pois passei a enxergá-lo de uma outra forma. Antes o via como um conto de fadas, mas a partir dessa revisão o vejo como um sarcástico conto de fadas que explora muito bem as diferenças de classes sociais e em como isso interfere nas relações entre as pessoas. Sabrina não é uma garota totalmente inocente, ela sabe muito bem seu lugar no mundo, mas está em busca de mudar o seu destino. Um ponto interessante é a relação com seu pai, que possui uma consciência de classe distorcida, inferiorizando-se por ser chofer e desencorajando a filha de pensar o melhor para ela, achando que ela não merece ser filha de chofer e nem ser uma moça rica. O texto afiado de Billy Wilder está mais delicioso do que nunca e sua direção deixa tudo bastante atraente. Mesmo com alguns diálogos ácidos, ainda sim é uma história que causa suspiros no final do filme.
Todos os Caminhos Levam à Roma
2.6 58 Assista AgoraFilme bem gostoso e despretensioso. Claudia Cardinale rouba a cena. Gostei bastante.
Maria do Mar
2.9 1Filme pertencente ao cinema mudo português (com cenas sonorizadas), é mais atraente na sinopse do que o assistindo. A história é lenta e a protagonista aparece mais da metade do filme. Fui com altas expectativas e me decepcionei feio, ao ponto de nem querer terminá-lo.
Depois da Morte
3.7 2Um homem recluso torna-se fascinado por uma artista. Após um breve encontro com ela, ele passa meses sem notícias até descobrir que ela se matou. A partir de então ele torna-se obcecado em descobrir tudo sobre ela, enquanto passa a ser atormentado por visões da falecida.
Do mesmo diretor de "A Morte do Cisne", esse filme além de bem-feito, flerta muito com o gênero horror, nas cenas das aparições da falecida. Mesmo sendo um truque de corte de negativo, as aparições devem ter causado muitos sustos no público na época de sua realização. Pode ser que quem veja o filme considere essas cenas ultrapassadas, mas não tem como dizer que não são muito bem-feitas.
A Morte do Cisne
4.3 3Uma moça muda, apaixona-se por um rapaz e passa a viver um grande amor. Após sofrer uma decepção amorosa, ela torna-se uma famosa bailarina. Ela então, desperta a obsessão de um artista que é fascinado pela morte.
Um bom filme, aparentemente bem obscuro. Uma cena notável é a do número de balé, muito bem feita e que continua belíssima de se ver.
...E o Vento Levou
4.3 1,4K Assista AgoraÉ um filme muito sentimental pra mim e que a cada revisão torna-se uma obra maior. Após amadurecer, enxergo vários pontos problemáticos, mas confesso que eles não me incomodam, porém acho válido eles serem discutidos e acho ridículo promoverem o cancelamento de uma obra com quase 100 anos.
A cada revisão, duas personagens crescem aos meus olhos: Scarlet e Melanie. Scarlet é a anti-heroína total e eu adoro o fato dela não ter pudor algum em lutar pelo que ela acredita e de certa forma manipular as pessoas ao seu redor, mas devo salientar que há sim um amadurecimento da personagem durante o filme: a guerra e a fome, além da dor de várias perdas a transformam em uma nova mulher: uma mulher não tão convencional, mas que amadureceu da sua forma. É uma personagem forte, totalmente imoral e nas mãos da atriz errada poderia ter sido um desastre, mas Vivien Leigh conduziu a personagem com maestria e a gente não consegue torcer contra Scarlet, mesmo ela agindo de forma errada. Uma coisa que saltou nessa última revisão é a independência de Scarlet, em como ela se impõe em meio aos homens e chega até mesmo a gerir o negócio familiar e reestruturar sua casa, algo muito incomum para as heroínas dos livros e dos filmes naquela época. Melanie é totalmente o oposto de Scarlet, mas digo que gosto muito dela, ela tem uma bondade que não é falsa, mas em determinados momentos soa uma ambiguidade, não a acho sonsa, mas acredito que ela enxergava o que acontecia, mas preferia não acreditar nas intenções de Scarlet com o marido. Rhet é um personagem que aprendi a gostar muito nas minhas revisões, ele não é um homem ruim, mas não consegue lidar direito com as suas emoções e quando expõe seus sentimentos ele o faz da forma errada. Acho Clark Gable perfeito nesse papel e uma pena que ele não ganhou o Oscar. Esse filme continua sendo pra mim o melhor filme de todos os tempos e é fascinante ver que quase 90 anos de sua realização ele continua um filme irresistível e um novelão em Technicolor. As quase quatro horas passam voando e isso é muito bom. É um filme que mesmo tendo visto muitas vezes ainda me emociona.
Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio
3.8 1,4K Assista AgoraNão sou grande fã do gênero terror, mas às vezes me permito dar uma olhada em alguns exemplares do gênero. Fazia tempo que tinha curiosidade em vê-lo e acabei gostando bastante. Vi gente criticando os efeitos especiais, achando-os ultrapassados, mas eu os achei fantásticos e foi uma das coisas que me seguraram a atenção. Tem até Stop Motion!! Agora tomando coragem para ver as sequências, mas acredito que tenham feito esse filme na intenção de não ter continuação, o final pelo menos dá a entender isso.
Marca da Vergonha
3.4 2Um exemplar do Cinema Afro-Americano, desta vez um melodrama, pesquisei que melodrama era um dos gêneros mais consumidos pela população negra nos EUA e acredito que esse tenha agradado, embora ele possua algumas deficiências que ocorrem devido ao baixo orçamento dessas produções, comprometendo um pouco o filme, mas não sua totalidade.
Esse filme começa muito bem e envolvente, mas chegando próximo ao meio ele perde um pouco o interesse, mas chegando ao final ele recupera o fôlego.
Ele conta a história de uma moça que é maltratada pelo padrasto e acaba casando-se com seu vizinho. Ela acredita que ele a ama, porém ele casou-se com ela por pena. A relação deles entra em conflito quando ela descobre que a mãe dele sequer sabe do casamento e que ela é uma mulher elitista, mesmo sendo negra. Após um acidente onde ela adquire uma cicatriz no pescoço, ela passa a prostituir-se. O destino então a aproxima novamente de seu marido e ela então entende que ele nunca a amou.
Protegida do Papai
3.3 7Chorume espacial.
Raso e totalmente esquecível, mas mesmo assim vejam.
Todo filme por mais ruim que seja merece ser visto.
Dentro de Nossos Portões
3.3 33 Assista AgoraMeu primeiro contato com um filme mudo do Cinema Afro-Americano e já fiquei muito tocado. Não poderia ter escolhido outro filme para começar essa jornada por esse cinema esquecido.
Oscar Micheaux é considerado o pai desse cinema que surgiu pela necessidade de representação da população negra, que não se identificava com a retratação deles nos filmes produzidos em Hollywood. O cinema Afro-Americano é considerado também o primeiro exemplo de cinema independente, já que esses filmes não eram produzidos para a massa e nem a grande parte da população os achavam interessantes, mas a população negra conseguia enxergar-se e sentia-se representada nesses filmes.
O filme no começo parece ser um folhetim, com a apresentação de um quarteto amoroso, mas isso é necessário para o desenvolvimento da história que logo nos primeiros 20 minutos já muda o foco e torna-se uma crítica social forte e poderosa. Oscar Micheaux em um curto tempo toca em diversos pontos como racismo, elitismo, critica abertamente os falsos religiosos, o difícil acesso à educação e ao voto para as pessoas negras e a forma como os negros eram tratados e vistos pelos brancos como inferiores.
Para um filme produzido em 1920, é bastante transgressor, forte e ousado. As cenas finais onde mostram um linchamento de uma família negra são bastante densas e me deixaram muito emocionado e incomodado, acredito que a intenção do diretor era essa: incomodar e conscientizar para a forma como os negros eram tratados naquela época. Como negro, me sensibilizei e me identifiquei demais com esse filme e vi que algumas coisas mudaram, enquanto outras ainda existem e continuam muito fortes em nossos tempos atuais. É um filme triste, mas fantástico, recomendo que assistam, pois ele não merece o esquecimento que obteve por muitos anos.
A Esquina do Pecado
3.8 2Sem querer, estou fazendo uma maratona sobre a filmografia de Irene Dunne e estou adorando, principalmente esses filmes dramáticos que a consagraram na década de 30, antes que ela embarcasse nas comédias malucas no final da mesma década. Eu havia visto a versão da década de 60 e gostado bastante, há ainda a versão da década de 40 que pretendo ver em breve. Há muitas diferenças entre elas e cada uma deve ser vista como uma obra à parte baseada em um livro. Por ser um Pre-Code, eu esperava um filme mais ousado, mas ele acaba indo pro lado melodramático. O que entra em questão aqui é a passividade e submissão da personagem principal mais latentes nessa versão do que na versão da década de 60, onde a personagem mantém esses traços de submissão e renegação a si mesma por causa do homem que ama, mas de uma forma mais amena. Irene Dunne está espetacular e mesmo a personagem me incomodando, gostei muito de sua composição, a gente acaba se compadecendo do sofrimento e anulação que a personagem carrega. Pro contexto da época e da obra é um bom filme e deve ser visto em caráter de discussão sobre o papel da mulher como amante de um homem e sobre todos os estigmas que ela carrega e em como o homem é anulado de toda e qualquer culpa.