O cinema de Frank Capra é muito acolhedor. Lembro quando vi esse filme pela primeira vez e simplesmente o detestei, não me senti tocado por ele. Decidi após muito tempo dar uma nova chance e naquela revisão eu me senti tão tocado, tão acolhido por esse filme e ele simplesmente tornou-se inesquecível para mim. Eu não sei como não gostei dele da primeira vez, pois ele tem todos os elementos que eu amo nesses filmes clássicos. Em mais uma revisão, continuo sendo tocado e acolhido por ele e dessa vez notei como esse filme é além de leve, malicioso e eu adoro isso.
Um bom filme que eu gosto muito, mas infelizmente eclipsado pela soberba versão de Douglas Sirk que é muito mais emocionante e melodramática, mas acho injusto o limbo que essa versão anterior encontra-se, pois ela possui suas qualidades, só não podemos comparar e conferir quadro a quadro com o remake de Sirk, pois é uma injustiça. A presença de Irene Dunne é uma dessas qualidades, como já disse em uma outra resenha de um filme estrelado por ela, ela era uma atriz natural e a personagem pede justamente isso. Ela consegue de imediato a nossa empatia. Robert Taylor também é outra dessas qualidades: ele consegue amadurecer bem um personagem que começa inconsequente e termina redimido. Em mais uma revisão, continuo achando um filme dramático de classe.
Era o único dos filmes feitos pela dupla Irene Dunne e Charles Boyer que faltava para eu ver. "Duas Vidas" é um dos filmes do meu coração, tem também a deliciosa comédia "E o Amor Voltou", que de fato foi o último filme que fizeram juntos. Ver esse filme reforça que essa dupla foi uma das mais carismáticas e com mais química desse período. Irene Dunne era uma atriz que atuava com naturalidade, ela não tinha ares de deusa como muitas outras atrizes que eu amo e isso fez dela única. Raras são as atrizes que passavam esse tipo de naturalidade em suas atuações, não menosprezando as Divas que eu tanto amo, é claro. Margaret Sullavan é outra atriz que eu destaco por ter essa naturalidade, Jean Arthur também e chega de exemplos. Charles Boyer talvez tenha sido um dos atores mais elegantes e com classe que já vi e ele sempre combinava com as atrizes que contracenava e ele contracenou com quase todas as atrizes clássicas que a gente possa imaginar de Katharine Hepburn à Greta Garbo. Ele era um grande camaleão, ele conseguia acompanhar todas essas atrizes tão diferentes e tão maravilhosas, mas ouso dizer que Irene Dunne foi a sua alma gêmea na frente das câmeras, pois com ela ele também foi natural. Esse filme é um bom melodrama e as atuações da dupla seguram a nossa atenção. Outro destaque é Barbara O'Neil, uma atriz que eu acho fantástica, mas que teve poucas oportunidades de mostrar seu talento. Ela aparece quase próximo ao final, mas consegue destacar-se. Essa história foi refilmada anos depois por Douglas Sirk, sofrendo algumas alterações e levando o nome de "Sinfonia Interrompida", um filme muito bom por sinal, mas esquecido e perdido se comparado às obras-primas do diretor.
Produzida pela Vera Cruz, essa comédia lembra tanto as screwballs americanas. Simplesmente adorei. Um filme bem leve e despretensioso. Tônia Carrero dispensa comentários, sempre elegante e nesse papel está bem divertida.
Um filme que eu assisti sem expectativa alguma e me fisgou logo de cara. Achei que a trama da empregada passando-se por ricaça seria o mote principal, mas não, o mote mesmo é a relação entre duas mulheres: uma que tem tudo, vive de aparências, é hipócrita e sente-se vazia e outra que é pobre, submissa e que tem a grande chance de mudar sua vida e seus conceitos. O filme me surpreendeu por ter todos os elementos para ser óbvio, mas mesmo assim conseguiu ser diferente. O final que pode ser considerado frustrante, para mim foi maravilhoso, mesmo eu amando o clichê reconfortante. Terminei esse filme emocionado e fazia tempo que um filme não me deixava dessa forma.
Patricia Clarkson é uma atriz que eu gosto de graça. Assisti esse filme por ela e pela história e gostei demais. Pensei que seria aqueles filmes românticos cheios de clichê e com final esperado, mas não, me surpreendeu. Mesmo eu amando clichês e finais felizes, confesso que amei esse filme.
Um filme muito interessante sobre ricos e pobres e diferenças sociais. Mesmo sob o olho vigilante da censura é um filme muito bom. É praticamente um conto de fadas com uma Cinderela que é uma anti-heroína. Eu simplesmente adorei essa abordagem. A mocinha clássica está ali, mas ela é desconstruída pela ambição e pelo sonho em ser rica. Fascinante! Fico imaginando como esse filme foi recebido na época em que foi realizado. Devo dizer que foi um acerto de Dorothy Arzner e percebe-se que ela sabia que estava diante de um dos rostos mais perfeitos do cinema e explorou Joan Crawford durante todo o filme. Esse é um dos filmes onde Joan Crawford está magnífica tanto em atuação quanto em beleza e Dorothy conseguiu captar tudo isso.
Este talvez tenha sido o filme mais amargo produzido por Dorothy Arzner a respeito de um casamento. Aqui ela aborda a felicidade e o declínio de um casal com muitas diferenças, a começar pela diferença social. Outro fato interessante é o álcool ser praticamente um protagonista junto aos personagens e um elemento essencial, talvez sem ele a história poderia não acontecer, Em todos os filmes de Dorothy Arzner que vi até o momento, ela questiona o papel da mulher na sociedade e neste isso está bem mais latente, principalmente o papel de uma mulher no casamento, o que se espera dela e a personagem acaba quebrando algumas regras quando se permite agir da mesma forma que o marido. Por ser um Pre-Code já espera-se um final moralista, mas por incrível que pareça ele não me incomodou, muito pelo contrário eu achei condizente com a história. Outro fator interessante é a condução da rivalidade feminina, estamos acostumados a vermos mulheres se enfrentando por causa de homens, principalmente nos Pre-Code, mas nos filmes de Dorothy não há isso, a responsabilidade dos erros é jogada no colo de quem os causou, no caso os homens.
Meu filme favorito dirigido por Dorothy Arzner e revê-lo só fez com que eu me apaixonasse mais. O filme traz uma personagem que me identifico muito interpretada com muita segurança e naturalidade por Katharine Hepburn, em seu primeiro papel principal. No filme, ela interpreta Cynthia, uma mulher totalmente independente e solitária que jamais se apaixonou por um homem. Em seu caminho aparece Christopher Strong, um homem casado, antiquado e totalmente o oposto de sua personalidade. Ao se envolver com Cynthia, Christopher Strong revela toda sua hipocrisia como homem, já que dentro de sua própria casa, ele é testemunha do relacionamento de sua filha com um homem casado. Ele também tenta de certa forma impedir que Cynthia continue sua carreira como aviadora e ela abdica disso, porém ela mesma percebe que não vive mais sua própria vida e que precisa tomar uma decisão a respeito disso, já que ama aquele homem tão complicado, mas também ama sua liberdade. Eu acho esse filme ousado e diferenciado de todos os filmes Pre-Code que já vi, primeiro por trazer uma mulher tão independente e moderna como protagonista, segundo por trazer duas mulheres tendo relacionamento com homens casados e cada uma ter uma condução diferente, terceiro por abordar a rivalidade feminina de uma maneira diferente do que era mostrada até então e por fim, o final que eu acho espetacular, muitos podem achar antiquado, mas há uma transgressão ali, uma grande ousadia que se esse filme tivesse sido feito anos depois jamais permitiriam aquele final. O título original do filme faz alusão ao personagem masculino, porém o filme é todo das mulheres.
Um filme interessante e bastante obscuro dirigido por Dorothy Arzner. Assim como em "Quando a Mulher se Opõe", a diretora decide abordar o que acontece após o "felizes para sempre" dos filmes, o casamento é claro. Ela conduz o filme de forma bastante lúcida e traz uma protagonista que não perde o brilho mesmo ao lado de um carismático Fredric March, ator que trabalhou diversas vezes com a diretora. Claudette Colbert dispensa comentários, ela está absolutamente segura e elegante no papel. O filme traz uma mulher que é secretária de um importante homem de negócios, eles possuem uma certa atração, mas por insegurança, a mulher decide se casar com um rapaz que sempre lhe demonstrou amor e segurança. Após o casamento, o caráter desse rapaz começa a desabar, quando ele investe em negócios que dão errado e deixam o casal à beira da falência. Ela num ato heroico, decide procurar o apaixonado homem que ela deixou para atrás, para poder amenizar o estrago que o marido causou, só que tal atitude, desperta a fúria do marido ciumento que acaba atirando no rival e colocando a culpa na esposa. Eu achei esse filme interessantíssimo pois aborda o fato de que toda vez que um homem comete algum erro, ele é tratado como uma "criança" e a responsabilidade de consertar esses erros caem sobre a mulher. Outro fator interessante é a hipocrisia masculina, onde um homem pode ter uma amante, mas sentir-se completamente ofendido com a possibilidade de sua mulher estar fazendo a mesma coisa com outro homem.
Se alguém me perguntar sobre uma lembrança de infância, eu com toda a certeza vou me lembrar em primeiro lugar do assassinato de Daniella Perez que foi uma coisa muito marcante para várias pessoas. Acompanhar esse documentário é uma viagem no tempo nada agradável. Vejo muitas pessoas criticando Glória Perez pelo fato de todo ano ela relembrar esse episódio, mas sempre achei-a correta: só ela sabe a dor que ela carrega e nesse caso não foi feita a justiça, pois os assassinos estão livres. Eu espero que o pessoal que critica Glória por esse fator assista a esse documentário e perceba que ela não está errada em relembrar esse acontecimento, pois infelizmente sua filha teve a vida ceifada e os assassinos vivem hoje normalmente. Glória Perez é uma sobrevivente.
Produzido em 1983, poucos anos após a morte da cineasta Dorothy Arzner, este documentário mesmo sendo curto e apresentando a carreira dela de forma rápida, é uma excelente forma de conhecer mais sobre a vida da diretora. A diretora do documentário visita a casa que Dorothy morou nos últimos anos e tem acesso à diversas fotografias guardadas pela diretora durante sua carreira em Hollywood, com esse material em mãos ela costura a vida e carreira de Dorothy. Nesse documentário é possível ter uma noção do apagamento que Dorothy teve: a diretora menciona que enviou algumas cartas para Dorothy e não obteve resposta alguma e só descobriu o falecimento dela ao viajar até sua casa, provando que seu falecimento passou despercebido (algo que suspeitei quando fiz minhas pesquisas para curadoria). Eu gostei bastante desse documentário e ainda tem depoimentos da biógrafa oficial de Dorothy trazendo bastante informações. Não fiquei surpreso em saber que Dorothy era uma mulher solitária.
Pra mim é sempre um prazer ver um filme com Constance Bennett e quando tenho a oportunidade eu não deixo passar, pra mim ela foi uma das atrizes mais elegantes da década de 30 e fico muito triste em ver que ela não é tão celebrada como outras atrizes desse período. Ela era perfeita em comédias e essas comédias estreladas por ela eram sempre sofisticadas e é o caso desta aqui. No filme, Constance interpreta uma secretária apaixonada pelo patrão que para se livrar de uma amante possessiva, propõe um casamento de aparências com a secretária que aceita. Após o casamento, ela é despachada para Paris, enquanto o marido vive sua vida normalmente. Lá em Paris, ela se envolve com um dos amigos do marido e mesmo eles não tendo um caso, acabam sendo fonte de comentários. Como todo Pre-Code o filme tem ótimas sacadas de duplo sentido, mas o final como também na maioria dos Pre-Code me decepcionou.
Descobri esse filme por acaso e a sinopse me pegou de imediato. Conta a história de duas crianças que "se apaixonam" e são separadas. Anos depois se reencontram, porém a mulher é casada com um homem bastante possessivo. Após uma tragédia eles se separam novamente e descobrem que podem se encontrar através dos sonhos. O filme é bem mediano em sua primeira metade, mas após o meio torna-se irresistível e é um mediano agradável de se ver e ainda tem uma pequena participação de Ida Lupino em início de carreira. Gostei bastante e achei muito bem-feito.
Fiquei impressionado em como esse filme é bom. Vi diversos elogios, mas fiquei com receio de não curtir e foi um filme que me cativou logo no início. Mais de 40 anos de sua realização e ele continua tão atual e tão necessário. Os momentos finais são muito dolorosos e as atuações magistrais de Fernanda e Gianfrancesco atingem seu ápice. Um ator de verdade é aquele que consegue passar para o público o que o seu personagem está sentindo sem a necessidade de falar nada e aquela cena do feijão é tão silenciosa e ao mesmo tempo tão emocionalmente barulhenta. Um dos melhores finais de filme que vi até agora e tenho certeza que esse filme ficará martelando na minha cabeça nos próximos dias.
Sempre tive os dois pés atrás para assistir a esse filme, mas chegou hoje decidi conferi-lo e digo sem problemas que queimei muito minha língua. Eu ando fugindo de filmes com durações longas, mas decidi dar uma chance e ele me fisgou logo na introdução. Confesso que nunca achei Marlon Brando um ator excelente, mas aqui ele está ótimo. Don Corleone é um personagem errado, mas a gente acaba gostando dele por ele ser carismático. Eu não pensei que ficaria tão envolvido pelo filme, eu achei que teriam momentos de monotonia, mas não o filme é interessante do primeiro ao último minuto. Foi uma boa experiência e fiquei feliz por ter dado essa chance a esse filme.
Nunca vou esquecer de como esse documentário abriu minha mente sobre o cinema, ao trazer a criação de Hollywood pela ótica feminina, até então pra mim haviam sido os homens que criaram a indústria cinematográfica. Pra mim foi emocionante descobrir nomes como Alice Guy, Lois Weber, Dorothy Arzner e Mabel Normand e através delas descobrir outras mulheres que foram apagadas da história do cinema. Graças a esse documentário conheci histórias emocionantes, inspiradoras e tristes sobre mulheres fantásticas e conheci suas obras e muitas delas me tocaram profundamente. Sempre que posso revejo esse documentário que pode ser considerado como uma verdadeira aula sobre cinema, uma aula sobre a importância das mulheres na indústria do cinema.
Uma boa adaptação da obra de Shakespeare estrelada pelo gigante Emil Jannings como o personagem título, mas devo dizer que o ponto alto não está nele, mas sim em Werner Krauss como o dissimulado Iago que rouba a cena. Outro ponto interessante é a forte conotação homoerótica entre Othello e Cassio, evidente em diversas cenas do filme, mas muito explícita nas cenas finais, o que eu amo no cinema mudo alemão é essa ousadia que os filmes se permitiam às vezes.
Um musical bem estonteante, colorido e divertido. Não sou muito fã do Red Skelton, acho-o com um humor muito datado, mas aqui ele está bem equilibrado. Lucille Ball está divina e radiante e que cabelo perfeito. Gene Kelly competente como sempre. E ainda tem um cameo de Lana Turner. Como não amar?
Sou bem preconceituoso com desenhos modernos, mas esse aqui me fisgou de cara. Episódios curtos, personagens engraçados e carismáticos na medida e diversos heróis do universo DC que geralmente são subaproveitados fazendo aqui participações de peso. Pena que só teve uma temporada.
Se pudesse definir este filme com um termo, o chamaria de "screwball oitentista". Alguns conhecidos meus viram este filme e não gostaram, pois o acharam superficial, digo que já vi filmes dos anos 80 piores e mais superficiais (Os Garotos do High Society, para citar um exemplo). Eu já esperando nada grandioso, confesso que gostei bastante e me diverti muito.
Uma deliciosa e ágil comédia que parece homenagear os filmes clássicos de terror. Cheia de pontos altos, mas me atrevo a dizer que o maior ponto é a composição de Dom DeLuise e sua Tia Kate que arrancou altas gargalhadas minhas. Foi ótimo ver um pouco de Gilda Radner, acho-a fascinante e uma pena ter partido tão cedo. Eu sempre pego no pé nas longas durações dos filmes, mas aqui não tenho o que reclamar, pois é um filme curtinho, mas se tivesse uns 20 minutos a mais eu não reclamaria, porque foi muito bem conduzido.
Esse é um dos meus filmes favoritos com Doris Day que está iluminada aqui interpretando ótimas canções, a minha favorita é "I Speak to The Stars" que inclusive é um dos pontos altos, uma pena que esse filme não seja tão conhecido.
Primeiro filme de Doris Day em Hollywood e ela cantando "It's Magic", prova a magia que o cinema possui. Filme bem leve e divertido e mesmo com uma história bobinha, faz a gente relaxar e se envolver com os personagens. Eu aprecio muito esses filmes bobos. Foi ótimo revê-lo.
Aconteceu Naquela Noite
4.2 332 Assista AgoraO cinema de Frank Capra é muito acolhedor.
Lembro quando vi esse filme pela primeira vez e simplesmente o detestei, não me senti tocado por ele. Decidi após muito tempo dar uma nova chance e naquela revisão eu me senti tão tocado, tão acolhido por esse filme e ele simplesmente tornou-se inesquecível para mim. Eu não sei como não gostei dele da primeira vez, pois ele tem todos os elementos que eu amo nesses filmes clássicos. Em mais uma revisão, continuo sendo tocado e acolhido por ele e dessa vez notei como esse filme é além de leve, malicioso e eu adoro isso.
Sublime Obsessão
3.7 7Um bom filme que eu gosto muito, mas infelizmente eclipsado pela soberba versão de Douglas Sirk que é muito mais emocionante e melodramática, mas acho injusto o limbo que essa versão anterior encontra-se, pois ela possui suas qualidades, só não podemos comparar e conferir quadro a quadro com o remake de Sirk, pois é uma injustiça. A presença de Irene Dunne é uma dessas qualidades, como já disse em uma outra resenha de um filme estrelado por ela, ela era uma atriz natural e a personagem pede justamente isso. Ela consegue de imediato a nossa empatia. Robert Taylor também é outra dessas qualidades: ele consegue amadurecer bem um personagem que começa inconsequente e termina redimido.
Em mais uma revisão, continuo achando um filme dramático de classe.
Noite de Pecado
3.6 4Era o único dos filmes feitos pela dupla Irene Dunne e Charles Boyer que faltava para eu ver. "Duas Vidas" é um dos filmes do meu coração, tem também a deliciosa comédia "E o Amor Voltou", que de fato foi o último filme que fizeram juntos. Ver esse filme reforça que essa dupla foi uma das mais carismáticas e com mais química desse período. Irene Dunne era uma atriz que atuava com naturalidade, ela não tinha ares de deusa como muitas outras atrizes que eu amo e isso fez dela única. Raras são as atrizes que passavam esse tipo de naturalidade em suas atuações, não menosprezando as Divas que eu tanto amo, é claro. Margaret Sullavan é outra atriz que eu destaco por ter essa naturalidade, Jean Arthur também e chega de exemplos. Charles Boyer talvez tenha sido um dos atores mais elegantes e com classe que já vi e ele sempre combinava com as atrizes que contracenava e ele contracenou com quase todas as atrizes clássicas que a gente possa imaginar de Katharine Hepburn à Greta Garbo. Ele era um grande camaleão, ele conseguia acompanhar todas essas atrizes tão diferentes e tão maravilhosas, mas ouso dizer que Irene Dunne foi a sua alma gêmea na frente das câmeras, pois com ela ele também foi natural. Esse filme é um bom melodrama e as atuações da dupla seguram a nossa atenção. Outro destaque é Barbara O'Neil, uma atriz que eu acho fantástica, mas que teve poucas oportunidades de mostrar seu talento. Ela aparece quase próximo ao final, mas consegue destacar-se. Essa história foi refilmada anos depois por Douglas Sirk, sofrendo algumas alterações e levando o nome de "Sinfonia Interrompida", um filme muito bom por sinal, mas esquecido e perdido se comparado às obras-primas do diretor.
É Proibido Beijar
3.6 6Produzida pela Vera Cruz, essa comédia lembra tanto as screwballs americanas. Simplesmente adorei. Um filme bem leve e despretensioso. Tônia Carrero dispensa comentários, sempre elegante e nesse papel está bem divertida.
Madame
3.2 100 Assista AgoraUm filme que eu assisti sem expectativa alguma e me fisgou logo de cara. Achei que a trama da empregada passando-se por ricaça seria o mote principal, mas não, o mote mesmo é a relação entre duas mulheres: uma que tem tudo, vive de aparências, é hipócrita e sente-se vazia e outra que é pobre, submissa e que tem a grande chance de mudar sua vida e seus conceitos. O filme me surpreendeu por ter todos os elementos para ser óbvio, mas mesmo assim conseguiu ser diferente. O final que pode ser considerado frustrante, para mim foi maravilhoso, mesmo eu amando o clichê reconfortante. Terminei esse filme emocionado e fazia tempo que um filme não me deixava dessa forma.
Assumindo a Direção
3.3 33Patricia Clarkson é uma atriz que eu gosto de graça. Assisti esse filme por ela e pela história e gostei demais. Pensei que seria aqueles filmes românticos cheios de clichê e com final esperado, mas não, me surpreendeu. Mesmo eu amando clichês e finais felizes, confesso que amei esse filme.
Felicidade de Mentira
3.8 4Um filme muito interessante sobre ricos e pobres e diferenças sociais. Mesmo sob o olho vigilante da censura é um filme muito bom. É praticamente um conto de fadas com uma Cinderela que é uma anti-heroína. Eu simplesmente adorei essa abordagem. A mocinha clássica está ali, mas ela é desconstruída pela ambição e pelo sonho em ser rica. Fascinante! Fico imaginando como esse filme foi recebido na época em que foi realizado. Devo dizer que foi um acerto de Dorothy Arzner e percebe-se que ela sabia que estava diante de um dos rostos mais perfeitos do cinema e explorou Joan Crawford durante todo o filme. Esse é um dos filmes onde Joan Crawford está magnífica tanto em atuação quanto em beleza e Dorothy conseguiu captar tudo isso.
Quando a Mulher se Opõe
3.4 7Este talvez tenha sido o filme mais amargo produzido por Dorothy Arzner a respeito de um casamento. Aqui ela aborda a felicidade e o declínio de um casal com muitas diferenças, a começar pela diferença social. Outro fato interessante é o álcool ser praticamente um protagonista junto aos personagens e um elemento essencial, talvez sem ele a história poderia não acontecer, Em todos os filmes de Dorothy Arzner que vi até o momento, ela questiona o papel da mulher na sociedade e neste isso está bem mais latente, principalmente o papel de uma mulher no casamento, o que se espera dela e a personagem acaba quebrando algumas regras quando se permite agir da mesma forma que o marido. Por ser um Pre-Code já espera-se um final moralista, mas por incrível que pareça ele não me incomodou, muito pelo contrário eu achei condizente com a história. Outro fator interessante é a condução da rivalidade feminina, estamos acostumados a vermos mulheres se enfrentando por causa de homens, principalmente nos Pre-Code, mas nos filmes de Dorothy não há isso, a responsabilidade dos erros é jogada no colo de quem os causou, no caso os homens.
Assim Amam as Mulheres
2.9 5Meu filme favorito dirigido por Dorothy Arzner e revê-lo só fez com que eu me apaixonasse mais. O filme traz uma personagem que me identifico muito interpretada com muita segurança e naturalidade por Katharine Hepburn, em seu primeiro papel principal. No filme, ela interpreta Cynthia, uma mulher totalmente independente e solitária que jamais se apaixonou por um homem. Em seu caminho aparece Christopher Strong, um homem casado, antiquado e totalmente o oposto de sua personalidade. Ao se envolver com Cynthia, Christopher Strong revela toda sua hipocrisia como homem, já que dentro de sua própria casa, ele é testemunha do relacionamento de sua filha com um homem casado. Ele também tenta de certa forma impedir que Cynthia continue sua carreira como aviadora e ela abdica disso, porém ela mesma percebe que não vive mais sua própria vida e que precisa tomar uma decisão a respeito disso, já que ama aquele homem tão complicado, mas também ama sua liberdade. Eu acho esse filme ousado e diferenciado de todos os filmes Pre-Code que já vi, primeiro por trazer uma mulher tão independente e moderna como protagonista, segundo por trazer duas mulheres tendo relacionamento com homens casados e cada uma ter uma condução diferente, terceiro por abordar a rivalidade feminina de uma maneira diferente do que era mostrada até então e por fim, o final que eu acho espetacular, muitos podem achar antiquado, mas há uma transgressão ali, uma grande ousadia que se esse filme tivesse sido feito anos depois jamais permitiriam aquele final.
O título original do filme faz alusão ao personagem masculino, porém o filme é todo das mulheres.
Honra de Amantes
3.5 1Um filme interessante e bastante obscuro dirigido por Dorothy Arzner. Assim como em "Quando a Mulher se Opõe", a diretora decide abordar o que acontece após o "felizes para sempre" dos filmes, o casamento é claro. Ela conduz o filme de forma bastante lúcida e traz uma protagonista que não perde o brilho mesmo ao lado de um carismático Fredric March, ator que trabalhou diversas vezes com a diretora. Claudette Colbert dispensa comentários, ela está absolutamente segura e elegante no papel. O filme traz uma mulher que é secretária de um importante homem de negócios, eles possuem uma certa atração, mas por insegurança, a mulher decide se casar com um rapaz que sempre lhe demonstrou amor e segurança. Após o casamento, o caráter desse rapaz começa a desabar, quando ele investe em negócios que dão errado e deixam o casal à beira da falência. Ela num ato heroico, decide procurar o apaixonado homem que ela deixou para atrás, para poder amenizar o estrago que o marido causou, só que tal atitude, desperta a fúria do marido ciumento que acaba atirando no rival e colocando a culpa na esposa. Eu achei esse filme interessantíssimo pois aborda o fato de que toda vez que um homem comete algum erro, ele é tratado como uma "criança" e a responsabilidade de consertar esses erros caem sobre a mulher. Outro fator interessante é a hipocrisia masculina, onde um homem pode ter uma amante, mas sentir-se completamente ofendido com a possibilidade de sua mulher estar fazendo a mesma coisa com outro homem.
Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez
4.4 415Se alguém me perguntar sobre uma lembrança de infância, eu com toda a certeza vou me lembrar em primeiro lugar do assassinato de Daniella Perez que foi uma coisa muito marcante para várias pessoas. Acompanhar esse documentário é uma viagem no tempo nada agradável. Vejo muitas pessoas criticando Glória Perez pelo fato de todo ano ela relembrar esse episódio, mas sempre achei-a correta: só ela sabe a dor que ela carrega e nesse caso não foi feita a justiça, pois os assassinos estão livres. Eu espero que o pessoal que critica Glória por esse fator assista a esse documentário e perceba que ela não está errada em relembrar esse acontecimento, pois infelizmente sua filha teve a vida ceifada e os assassinos vivem hoje normalmente. Glória Perez é uma sobrevivente.
Longing for Women: Dorothy Arzner
4.0 1Produzido em 1983, poucos anos após a morte da cineasta Dorothy Arzner, este documentário mesmo sendo curto e apresentando a carreira dela de forma rápida, é uma excelente forma de conhecer mais sobre a vida da diretora. A diretora do documentário visita a casa que Dorothy morou nos últimos anos e tem acesso à diversas fotografias guardadas pela diretora durante sua carreira em Hollywood, com esse material em mãos ela costura a vida e carreira de Dorothy. Nesse documentário é possível ter uma noção do apagamento que Dorothy teve: a diretora menciona que enviou algumas cartas para Dorothy e não obteve resposta alguma e só descobriu o falecimento dela ao viajar até sua casa, provando que seu falecimento passou despercebido (algo que suspeitei quando fiz minhas pesquisas para curadoria). Eu gostei bastante desse documentário e ainda tem depoimentos da biógrafa oficial de Dorothy trazendo bastante informações. Não fiquei surpreso em saber que Dorothy era uma mulher solitária.
Casada e Sem Marido
3.0 1Pra mim é sempre um prazer ver um filme com Constance Bennett e quando tenho a oportunidade eu não deixo passar, pra mim ela foi uma das atrizes mais elegantes da década de 30 e fico muito triste em ver que ela não é tão celebrada como outras atrizes desse período. Ela era perfeita em comédias e essas comédias estreladas por ela eram sempre sofisticadas e é o caso desta aqui. No filme, Constance interpreta uma secretária apaixonada pelo patrão que para se livrar de uma amante possessiva, propõe um casamento de aparências com a secretária que aceita. Após o casamento, ela é despachada para Paris, enquanto o marido vive sua vida normalmente. Lá em Paris, ela se envolve com um dos amigos do marido e mesmo eles não tendo um caso, acabam sendo fonte de comentários. Como todo Pre-Code o filme tem ótimas sacadas de duplo sentido, mas o final como também na maioria dos Pre-Code me decepcionou.
O Sonho Eterno
3.5 7Descobri esse filme por acaso e a sinopse me pegou de imediato. Conta a história de duas crianças que "se apaixonam" e são separadas. Anos depois se reencontram, porém a mulher é casada com um homem bastante possessivo. Após uma tragédia eles se separam novamente e descobrem que podem se encontrar através dos sonhos. O filme é bem mediano em sua primeira metade, mas após o meio torna-se irresistível e é um mediano agradável de se ver e ainda tem uma pequena participação de Ida Lupino em início de carreira. Gostei bastante e achei muito bem-feito.
Eles Não Usam Black-Tie
4.3 286Fiquei impressionado em como esse filme é bom. Vi diversos elogios, mas fiquei com receio de não curtir e foi um filme que me cativou logo no início. Mais de 40 anos de sua realização e ele continua tão atual e tão necessário. Os momentos finais são muito dolorosos e as atuações magistrais de Fernanda e Gianfrancesco atingem seu ápice. Um ator de verdade é aquele que consegue passar para o público o que o seu personagem está sentindo sem a necessidade de falar nada e aquela cena do feijão é tão silenciosa e ao mesmo tempo tão emocionalmente barulhenta. Um dos melhores finais de filme que vi até agora e tenho certeza que esse filme ficará martelando na minha cabeça nos próximos dias.
O Poderoso Chefão
4.7 2,9K Assista AgoraSempre tive os dois pés atrás para assistir a esse filme, mas chegou hoje decidi conferi-lo e digo sem problemas que queimei muito minha língua. Eu ando fugindo de filmes com durações longas, mas decidi dar uma chance e ele me fisgou logo na introdução. Confesso que nunca achei Marlon Brando um ator excelente, mas aqui ele está ótimo. Don Corleone é um personagem errado, mas a gente acaba gostando dele por ele ser carismático. Eu não pensei que ficaria tão envolvido pelo filme, eu achei que teriam momentos de monotonia, mas não o filme é interessante do primeiro ao último minuto. Foi uma boa experiência e fiquei feliz por ter dado essa chance a esse filme.
E a Mulher Criou Hollywood
4.4 12Nunca vou esquecer de como esse documentário abriu minha mente sobre o cinema, ao trazer a criação de Hollywood pela ótica feminina, até então pra mim haviam sido os homens que criaram a indústria cinematográfica. Pra mim foi emocionante descobrir nomes como Alice Guy, Lois Weber, Dorothy Arzner e Mabel Normand e através delas descobrir outras mulheres que foram apagadas da história do cinema. Graças a esse documentário conheci histórias emocionantes, inspiradoras e tristes sobre mulheres fantásticas e conheci suas obras e muitas delas me tocaram profundamente. Sempre que posso revejo esse documentário que pode ser considerado como uma verdadeira aula sobre cinema, uma aula sobre a importância das mulheres na indústria do cinema.
Othello
3.1 2Uma boa adaptação da obra de Shakespeare estrelada pelo gigante Emil Jannings como o personagem título, mas devo dizer que o ponto alto não está nele, mas sim em Werner Krauss como o dissimulado Iago que rouba a cena. Outro ponto interessante é a forte conotação homoerótica entre Othello e Cassio, evidente em diversas cenas do filme, mas muito explícita nas cenas finais, o que eu amo no cinema mudo alemão é essa ousadia que os filmes se permitiam às vezes.
Du Barry Era um Pedaço
3.9 2Um musical bem estonteante, colorido e divertido.
Não sou muito fã do Red Skelton, acho-o com um humor muito datado, mas aqui ele está bem equilibrado. Lucille Ball está divina e radiante e que cabelo perfeito. Gene Kelly competente como sempre. E ainda tem um cameo de Lana Turner. Como não amar?
Liga da Justiça Ação (1ª Temporada)
3.8 12 Assista AgoraSou bem preconceituoso com desenhos modernos, mas esse aqui me fisgou de cara. Episódios curtos, personagens engraçados e carismáticos na medida e diversos heróis do universo DC que geralmente são subaproveitados fazendo aqui participações de peso. Pena que só teve uma temporada.
Verão Muito Louco
3.0 21 Assista AgoraSe pudesse definir este filme com um termo, o chamaria de "screwball oitentista". Alguns conhecidos meus viram este filme e não gostaram, pois o acharam superficial, digo que já vi filmes dos anos 80 piores e mais superficiais (Os Garotos do High Society, para citar um exemplo). Eu já esperando nada grandioso, confesso que gostei bastante e me diverti muito.
Lua de Mel Assombrada
3.0 13Uma deliciosa e ágil comédia que parece homenagear os filmes clássicos de terror. Cheia de pontos altos, mas me atrevo a dizer que o maior ponto é a composição de Dom DeLuise e sua Tia Kate que arrancou altas gargalhadas minhas. Foi ótimo ver um pouco de Gilda Radner, acho-a fascinante e uma pena ter partido tão cedo. Eu sempre pego no pé nas longas durações dos filmes, mas aqui não tenho o que reclamar, pois é um filme curtinho, mas se tivesse uns 20 minutos a mais eu não reclamaria, porque foi muito bem conduzido.
Com o Céu no Coração
3.9 3Esse é um dos meus filmes favoritos com Doris Day que está iluminada aqui interpretando ótimas canções, a minha favorita é "I Speak to The Stars" que inclusive é um dos pontos altos, uma pena que esse filme não seja tão conhecido.
Romance em Alto Mar
4.0 5Primeiro filme de Doris Day em Hollywood e ela cantando "It's Magic", prova a magia que o cinema possui. Filme bem leve e divertido e mesmo com uma história bobinha, faz a gente relaxar e se envolver com os personagens. Eu aprecio muito esses filmes bobos. Foi ótimo revê-lo.