Nem gosto de filme natalino, botei esse pra rodar só porque eu queria uma comédia pra ficar de som de fundo, vi o Seth Rogen e eu sou louco nesse homem, e quando vi, me peguei curtindo a amizade dos rapazes, acho que é onde está a força do filme: Anthony Mackie e Joseph Gordon-Levitt têm seus melhores momentos quando a união do trio é abordada, mas é Seth Rogen quem brilha nas cenas isolado, como aquele momento constrangedor na igreja que é ecoado depois na festa com a inesperada crucificação do Messias kkk. E o relacionamento de Isaac (Rogen) e Betsy (Jillian Bell) é simplesmente perfeito, que esposa maravilhosa e parceira ela é! Tem coração de sobra neste filme e as piadas funcionam! Adorei todo o arco das fotos do pau do cara no celular e no final era do James Franco kkkk e toda a brotheragem inesperada que se seguiu foi hilário e hot? Uma merda que tinha que ser ele, mas ele era muito amigo do Seth na época e foi engraçado. Também os cameos desse filme fazem tudo que um cameo deve fazer, que é aquele ligeiro "Ih! Olha quem tá aí"; Mindy Kaling, Michael Shannon, Ilana Glazer, Randall Park, Miley Cyrus, Tracy Morgan, Jason Mantzoukas... Só meus favoritos.
Nem sabia da existência desse filme, vi por acaso e me fez gostar de um filme de natal – o que não acontece com frequência.
Filme bonito, a animação é uma beleza, com uma mensagem legal sobre como o valor da vida é dado justamente pelo fato de que vamos morrer um dia, mas ele não me encantou, não engajou, personagens apenas ok que não me cativaram, a construção de universo também não convenceu com sua lógica mal explicada sobre como funciona magia, a coisa dos nomes reais e a presença apenas pontual dos dragões, cujos designs são belos, porém sua existência e formas humanas também são deixada no ar, tudo é abstrato demais, mas não parece intencional, parece que faltou eloborar melhor a mitologia, o lore... Para completar o ritmo é arrastado, cansativo e sem acontecimentos.
Dá pra ver que o filho do Hayao Miyazaki ainda não tava pronto aqui.
Reassistindo este que, na minha lembrança, era o mais fraco da franquia. Não sou o maior fã do elemento da máscara introduzido no primeiro e usado bastante aqui; é até legal do ponto de vista da espionagem, cria mini-reviravoltas bem eficazes, porém se torna-se um recurso de roteiro extremamente traiçoeiro; literalmente qualquer um pode ser qualquer outro, o que permite corrigir qualquer inconsistência de escrita com essa manobra, acho muito roubado.
Tom Cruise em mais um papel como rosto mais belo de Hollywood, mesmo que eu tenha mixed feelings com esse cabelo longo.
Dougray Scott (que eu gostei em "Para Sempre Cinderella", de 1998) tem dentes inegavelmente britânicos e gosto dele como vilão. A sequência dele descrevendo o modus operandi do Ethan durante a infiltração do mesmo pelo átrio da farmacêutica, funciona como um meta-comentário do primeiro filme, com Hunt repetindo aquela cena icônica.
Não lembrava desse movimento brilhante da Nyah de injetar o quimera em si mesma; garantiu imunidade em uma situação que ela morreria anyways. Thandie Newton sempre será lendária e belíssima. Eu só não compro essa paixão instantânea dos dois.
John Woo filma suas cenas de ação com um jogo de câmeras, montagem e música que trazem uma dramaticidade no limite do cafona para um olhar mais ocidental, mas felizmente não chega a ultrapassá-lo – algo que Zack Snyder e Michael Bay não conseguem evitar em seus filmes.
Para 2002, os efeitos desse filme são espetaculares, inclusive as máscaras, perfeito, muito melhores do que alguns lixos feitos pela Marvel atualmente.
Como produtor, fica muito óbvio que Cruise fez questão que Ethan parecesse 'cool' a qualquer preço em todas as situações, por mais insalubres, o que se tornou uma das marcas estéticas da franquia. E nada mais maneiro do que Tom Cruise pilotando uma moto, né? (Ironia) Certeza que essa sequência foi uma de suas demandas para retornar à franquia. No clímax, quando ele pega a moto e o helicóptero o acompanha ao fundo, temos uma referência visual a "Top Gun – Ases Indomáveis" (1984), só faltou tocar "Danger Zone" kkkk.
O confronto final nas motos tem homenagem aos western spaghettis nos enquadramentos, e quando as motos batem e explodem enquanto eles colidem no ar é puro cinema. A luta usando várias técnicas de artes marciais também evoca o estilo do diretor, com movimentos de câmera que potencializam os golpes e slow-motion na medida certa.
Terminei o filme achando nem tão ruim assim; fica na média... mas segue sendo o mais fraco dos que vi até aqui da franquia.
- Entre coisas que ouvi por aí a vida toda sobre "Top Gun – Ases Indomáveis" (1984), as que vêm à mente são a famosa carga homoerótica que o filme carrega com sua overdose de testosterona, e que ele não merecia seu status de cult dos 80's pois não é bom; algo que vi ganhar ainda mais força depois da estreia do elogiado e ainda inédito para mim "Top Gun: Maverick". Das duas afirmações, considero apenas a primeira verdadeira. Inclusive as várias sequências de torsos suados e male bonding, para minha surpresa, foram apenas um dos detalhes que eu gostei no filme.
- Primeiro filme que assisto do Tony Scott e achei sua direção de uma competência formidável. O homem filmava demais (R.I.P). Ao lado do DoP Jeffrey L. Kimball, Scott captura alguns dos planos de "golden hour" com silhuetas mais fodasticamente lindos que eu já vi em um filme; e obviamente que aplaudo as sequências aéreas pelo feito cinematográfico de capturar jatos naquela velocidade, o que não é tarefa fácil (mais alguém ficou com a sensação inquietante de que eles iam colidir toda hora?); no entanto a edição desses momentos é um tanto confusa, mesmo com as reedições que o filme sofreu para trazer mais coerência.
- E a música? A música desse filme é uma das melhores playlists dos anos 80 que você encontrará em qualquer filme. Eu juro pra você que não importa quantas vezes eu escute "Take My Breath Away", eu arrepio com essa música, tem algo fantasmagórico, atmosférico nessa música que eu acho uma das mais perfeitas trilhas da história; Ambas as contribuições de Kenny Loggins são memoráveis: "Playing with the boys" grita top cropped masculino, shortinho e vôlei (mesmo todos eles estando descamisados na cena) e "Danger Zone" é a versão musical de uma moto e um jato em alta velocidade, não tem jeito.
- A construção do romance de Maverick e Charlie é apressada e aquele "I'm in love with you" parece vir do nada, mas a cena de amor intenso que se segue (e que, pasmem, foi um reshoot adicionado após exibições testes) toda filmada no contraluz, é de uma elegância...e sem deixar de lado a safadeza com aqueles beijos linguarudos kkkkk puta cena sexy; acho que Tom Cruise nunca me fez sentir tesão até este momento kkkk o cara está gatíssimo aqui, com aqueles Ray-Ban e aquela bomber jacket, a epítome do cool. 😎
- A amizade do Maverick com o Goose é muito legal, eles têm mais química que Cruise e a mocinha; a relação de Goose com a família é muito fofa e
sua morte, que agora olhando em retrocesso estava sendo construída bem diante dos meus olhos, me pegou desprevenido total! Cebolas foram cortadas, e gostei de como essa tragédia tem a função narrativa de tirar Maverick de seu pedestal, tornando-o mais vulnerável.
- Geralmente eu não me identifico com filmes ufanistas, propaganda militar disfarçada de cinema, repletas de amizades/rivalidades héteras brancas como este aqui, mas este filme faz algo muito direito e equilibrado, porque eu gostei de verdade dos personagens, do elenco que é estelar e do desenrolar da história, assim como as decisões criativas por trás do filme. E quem diria que caças eram TÃO legais?!
Faroeste bem produzido, cenários e figurinos de primeira, um elenco bom e inusitado: Gene Hackman, Russel Crowe, Leonardo Dicaprio e Sharon Stone, que também tem crédito como produtora, pois foi ela quem viabilizou o projeto e trouxe Sam Raimi para a cadeira de diretor. Raimi faz um trabalho correto como diretor, mas filma a maior parte do longa sem sua usual criatividade e viço; não há um equilíbrio entre cenas mais padrão e outras memoráveis, estas são raras e só chegam lá pelo terceiro ato, como no duelo entre Herod e Cantrell, a cena chuvosa no cemitério e o confronto de Herod vs Kid com aquela montagem de dolly-zoom-holandeses sensacionais e Dicaprio sendo a personificação do carisma. São estes poucos os momentos onde o diretor mostra sua assinatura, a partir daí parece que estamos vendo outro filme, muito mais empolgante e com boas ideias.
O problema é que com esse fiapo de história melodramática, previsível, e a direção inexpressiva dos dois terços iniciais, quando veio o recheio, o filme já tinha me perdido há muito tempo.
Fiquei pensando no pitching desse roteiro, Tommy Lee Jones sendo parte indispensável do projeto, porém não tendo mais a disposição de 1997 para fazer os stunts, surge a problemática: "como tiramos ele de cena 90% do filme, sem tirarmos o agente K da história?", e a solução encontrada aqui pelo roteirista Etan Cohen (não é AQUELE Ethan Coen, o H muda de lugar, viu?) foi tão simples que poderia facilmente ter ficado manjada, mas funciona muito bem, tanto para os momentos cômicos e emocionantes, como para expandir o 'lore' desse universo, que não perde em nada para outras realidades fantásticas e da ficção científica.
Will Smith está ótimo, completamente confortável como J, e Josh Brolin acrescenta muito ao jovem K.
A produção executiva de Spielberg nessa franquia faz todo o sentido, já que a vibe de MIB tem a cara dele. Barry Sonnenfeld tem uma mão para fazer essas comédias com um toque estranho, tipo "MIB" e "A Família Addams", que eu adoro. Esse aqui me lembrou bastante a vibe do primeiro filme (o "MIB 2" a gente esconde no fandom e finge que não existiu, aquela bomba), com gags na medida certa, aventura e muito coração. O final me pegou pelo pescoço e deu três tapa na minha cara que eu até chorei.
- O uso de música nesse filme é absurdo, de arrepiar.
- Deve ter sido uma revolução em '68, eu jurava que era de '78! Ambicioso, ousado, vanguardista, visionário, totalmente único, extremamente icônico.
- Cinematografia é deslumbrante. Planos abertos, composições belíssimas, cores naturalistas... Kubrick usa e abusa da grande angular aqui.
- A maior elipse temporal da História do cinema, onde um corte seco liga o primeiro ancestral do homem que aprendeu a usar ferramentas (a primeira tecnologia), à mais avançada estação espacial até então. E é interessante como Kubrick, tão perfeccionista, não se deu ao trabalho de fazer um "match cut" perfeitinho, a posição das duas formas no quadro não é a mesma, para mim ficou mais um "jump" cut.
- Depois que o negócio vai para o espaço, fica chato por uns longos minutos até aparecer um boy de shortinho correndo. Mas os set designs são impecáveis, um luxo.
- Na cena dos astronautas vendo a entrevista, Kubrick previu a tendência da tela vertical da atualidade em oposição ao cinemascope que era o formato mais popular da época, estou passado!
- Happy birthday to you dear Frank! Amei essa cena?
- Entendo o contexto espacial pedir um ar contemplativo, especialmente nos exteriores das naves, o espaço sideral e nananã... mas o ritmo mais lento do filme me deixou entediado novamente na segunda metade, até o Hal 9000 se rebelar. Daí em diante voltou a ficar interessante.
- A viagem espaço-temporal-dimensional de Dave foi uma das acid trips mais bonitas que já vi em um filme. E a música, mais uma vez, precisa.
- O final cheio de simbolismos sobre evolução, renascença é, sim, hermético e só os inteligentes podem ver kkkkk odeio aquele autoentitulado "cinéfilo" que se sente superior intelectualmente porque entendeu esse final, mas a verdade é que viu vídeo no YouTube explicando como todos nós kkkkk porque nem com toda a capacidade de abstração e interpretação semiótica que eu tenho em mim, fui capaz de entender esse final de primeira, mas não sei se é realmente para entender. Prefiro as perguntas que as respostas. Muito a vibe do meme "don't touch it's art".
- O nível de "male gaze" nesta obra (que deve reproduzir o que há no livro, não duvido) é bizarro. Chega a ser desconfortável o tanto de perversão socialmente aceito aqui. Nem consigo imaginar o efeito disso em uma mulher que consegue assistir até o final. Pelo menos Kubrick tem a dignidade de retratar o professor Humbert como a figura patética que ele é. James Mason faz um ótimo trabalho, assim como Shelley Winters, que interpreta Charlotte, a mãe iludida trágica, e a estelar Sue Lyon, que faz uma Lolita tão complexa, cheia de nuances ingênuas, atrevidas e maliciosas, numa atuação impressionantemente naturalista.
- Os toques de comédia espalhados pelo filme são engraçados de fato - Peter Sellers arranca risadas como os diversos personagens que interpreta -, mas fiquei o tempo todo me culpando por estar gostando dessa leveza que não parece o tom adequado para lidar com uma trama que é asquerosa desde a premissa.
- Parece que o fato de o filme trabalhar tudo na sugestão sem ter nada explícito é tão incômodo quanto se o fizesse. A quem devo agradecer, o código Hays ou Kubrick? Rsrs
Humbert descobre a arma carregada da esposa enquanto ela toma banho e ouvimos os pensamentos dele, que estuda a possibilidade de matá-la fazendo parecer um acidente,
me deixou tenso demais... E toda a bola de neve que isso vira só deixou tudo pior.
- No geral a narrativa do filme funciona como um drama de tintas cômicas, mas eu não quero rever nunca mais na vida.
O bom de ser introduzido a filmes tidos como "obrigatórios" tardiamente é que a idade avançada nos permite saborear nuances que eu talvez não teria percebido com 17 anos. Eu não seria capaz de apreciar o sutil estudo de personagem que Martin Scorsese faz do ingênuo e obstinado Rupert Pupkin. Talvez não prezasse tanto a atuação carismática de Robert De Niro, que consegue passar toda a tragédia da vida do protagonista com um otimismo de quem idealiza o showbiz, mesmo diante de todas as negativas; uma performance tão hipnotizante que me faz querer que De Niro ficasse assim, como neste filme, para sempre. A empatia que seu personagem gerou em mim, sendo educadamente recusado e continuamente ignorado, foi tão expressiva que eu me esqueci que ele é quem estava sendo inconveniente e representava um perigo por ser tão genuinamente descolado da realidade. Jerry Lewis faz uma dobradinha fantástica, entregando o oposto do que o público estava acostumado na maioria dos seus trabalhos, um homem impaciente, estressado, mau-humorado. Diahnne Abbott como Rita tem um cansaço de quem já foi decepcionada e desiludida muitas vezes, sua resistência a se permitir sonhar carrega muita bagagem. Marsha, por outro lado, tem a efervescência da tiete, uma loucura que a figura de Sandra Bernhard (que eu já conhecia das produções de Ryan Murphy) traduz com precisão; a imprevisibilidade dela, os arroubos, a obsessão, a delicadeza na linda e engraçada cena que ela canta para Jerry completamente atado à cadeira, fazem dela quase um paralelo da Arlequina da DC.
Não mencionei Arlequina para fazer uma ponte com o "Coringa" do Todd Phillips, juro, mas já que estamos aqui, ficam claras, agora, para mim, as referências e inspirações, assim como as semelhanças entre a dinâmica de Pupkin tentando a todo custo ser notado por Langford, e Phillips querendo impressionar Scorsese e a Academia como um artista a ser levado a sério. E assim como no filme, acho que ficou muito na cara esse desejo, poderia ter sido mais sutil.
Meu aspecto preferido da película lindamente filmada em technicolor é a montagem dos devaneios de Pupkin paralelamente à realidade, deixando para o espectador a tarefa de interpretar e entender sozinho essa ousada escolha narrativa que bagunça a linguagem já conhecida, misturando o desejo do protagonista com a realidade que ele não quer encarar.
O tom de comédia dark foge do óbvio, é elegante, e a metalinguagem, especialmente no personagem de Jerry Lewis, é a cereja no bolo. Ótimo filme.
Roteiro redondo, boa mitologia, um bom casting que entrega atuações acima da média para o gênero (Sophie Wilde é uma revelação), a direção dos irmãos Philippous é muito boa, uma câmera enérgica, um bom clima, bons sustos, design de som e maquiagem muito bem trabalhados, especialmente quando consideramos o orçamento econômico... Dá pra ver que os rapazes são apaixonados por este projeto e têm uma relação muito íntima com toda a equipe.
Além de tudo é um belo documento histórico da geração TikTok com sua obsessão em registrar tudo com seus smartphones e compartilhar sem pensar nas consequências, que traz essa alegoria do uso de drogas na juventude e toca levemente em temas como suicídio, luto e culpa... Sinto que vários dos temas são apenas introduzidos, mas poderiam ser mais aprofundados, quem sabe nos próximos filmes.
Dito isto, o que eles fazem aqui é bem satisfatório, tem esse frescor da juventude, não se apoia em jump scares, parece um filme bem familiar, como em "já vi isso antes", mas traz um twist deles. Não diria que é um novo clássico, mas é um projeto super simpático e inspirador, vindo de uma dupla de youtubers que começaram muito jovens e me deixa curioso para acompanhar seus próximos passos.
- A cena de abertura que termina nos créditos iniciais é uma beleza.
- A cena em que eles estão digirindo em direção ao castelo não parece chroma, acho que estavam realmente na estrada em alta velocidade, impressionante.
- A colorização da versão que assisti é muito bonita, mesmo que um pouco irregular, a fotografia é belíssima.
- O restante do filme, que vai se convertendo em uma espécie de giallo, aumenta a intriga, mas conforme a história anda, a recompensa não entrega nada além do esperado. Ao final me chamou mais atenção pela boa direção do Coppola - os enquadramentos e as atuações são muito bons, o uso de música remete a Hitchcock -, do que pela trama confusa.
Vi o corte do diretor, disponível até dezembro/2023 na HBO Max, e o filme acaba sendo mais um showroom para as diversas criações de maquiagem e próteses de Clive Barker e companhia, que são até legais, do que uma boa história. A narrativa, o trabalho de câmera e as atuações são bem básicas e o pessoal só paga pau porque é dirigido por um Barker zero inspirado.
O ato final é bem similar à invasão do Instituto Xavier de "X-Men 2", com menos dinheiro, mais sangue e todos são morlocks. Sinceramente, eu achei um filme bem chato e aposto que o livro e a HQ devem ser melhores. A trilha sonora de Danny Elfman é, como sempre, digníssima, muito mais do que o próprio filme.
Mas se você tem curiosidade de ver o celebrado diretor David Cronenberg atuando como um serial killer mascarado, vá em frente - mas spoiler: não é grande coisa.
🔺Luca Guadagnino opta por fazer um filme diferente do original e esta foi a melhor decisão que ele poderia tomar. A história aqui é mais bem contada do que no original, a forma como a dança é incorporada à bruxaria é brilhante. 🔺A direção de atores de Guadagnino é excelente, o que ele extrai de Dakota Johnson impressiona, as sequências de dança são hipnóticas, parte disso também se deve ao trabalho de câmera e edição, outro aspecto que é muito superior ao original. 🔺A edição também é utilizada com muita destreza para dar o ar de pesadelo para algumas sequências; 🔺O contexto maior dado para a personagem de Susie constrói uma protagonista muito mais sólida e com motivações mais fortes e ambíguas do que no filme de Argento. 🔻A trama do psicólogo e o contexto político pareciam que iam influenciar a história principal, mas se fossem retirados, não fariam falta e ainda reduziriam a duração longa do filme; 🔻Não entendi a necessidade de Tilda Swinton, que está ótima como madame Blanc, fazer mais dois papéis... Não teve pay-off. 🔺A conclusão do filme pega de surpresa e a mudança de tom nos mergulha num clímax extremo de pesadelo, orgia de sangue, bem sensorial, gostei. 🔺Mia Goth, neta da atriz brasileira Maria Gladys.
🔺Amei o visual do filme, cores, texturas, cenários, enquadramentos, toda a parte estética sugere um conto de fadas, só que apenas com bruxas, essa atenção aos detalhes é digna de aplausos; 🔻A montagem não me agradou, a continuidade fica muito comprometida; 🔻 A música sempre em primeiríssimo plano é abrasiva demais, faltou sutileza; 🔻 A história não é lá muito boa, a construção é fraca e a narrativa não faz um trabalho muito bom em tentar envelopar isso; 🔺A primeira morte é tão over-the-top! A cena mais legal do filme; o gore é tão bom, que fiquei me perguntando se a cena de abertura de "Pânico" (1996) não teria bebido daqui. 🔻As atuações são só razoáveis sendo muito generoso. 🔺Aquele efeito dos olhos no escuro que aparecem em algumas sequências é um dos meus preferidos do filme. 🔻O fato de essa história, que era mais da co-roteirista Daria Nicolodi, ter sido modificada e atribuída quase que exclusivamente ao Dario Argento, é zoado demais.
O filme não se leva a sério, e mescla bem a vibe "galhofa camp" aos sustos. Os efeitos práticos e o CGI são meio toscos, mas de um jeito legal; o gore entrega boas referências a "Evil Dead" e "Sexta-feira 13" – aquela motosserra na cama foi lindamente executado.
Eu gostei do timing cômico do Dave Grohl, lembro dele naquele clipe "Learn to fly", ali já dava pra ver que ele tinha uma expressividade hilária. As atuações ruins do resto do elenco não me incomodaram, pelo contrário, contribuíram ainda mais para o espírito trash da coisa toda. Não esperava ver Leslie Grossman aqui, adoro ela. Acredito que músicos e fãs da banda se divertirão mais com o filme.
O principal problema está no terceiro ato, extremamente inchado, o filme acaba umas três vezes! Depois que exorcizaram o Dave, já podia ter subido os créditos, gente! Tudo que veio depois foi tão maçante, que eu terminei e pensei: legal, mas podia ter sido um curta.
- O filme tem três atos bem definidos, cada um com uma entrega e uma resolução que se fecham em si mesmas, abrindo ganchos para o próximo: o primeiro ato é o início da aventura, que já vai estabelecendo alguns elementos creepy; o segundo é depois que dá a merda e todos os conflitos morais que vêm com isso, homem versus homem versus natureza, e a luta pela sobrevivência; o terceiro ato é quase um epílogo onde a investigação policial é a última prova que eles têm que enfrentar usando um outro set de habilidades, agora "civis". Gostei de como a tensão aqui é diferente, mas tão presente quanto na natureza selvagem.
- Interessante, mesmo que datado, como é trabalhada essa oposição do homem da cidade/homem do campo; civilização/barbárie; habilidades sociais/habilidades para sobreviver em situações-limite. Ed (John Voight no primeiro papel carismático que já vi dele) é o homem "civilizado" que é obrigado a superar todos os seus limites físicos, psicológicos e éticos para sobreviver e salvar os amigos. Algo inesperado, pois o Lewis de Burt Reynolds parecia preencher mais essa caixinha do "herói" clássico, aqui entre muitas aspas, pois todos os personagens são detestáveis ou sem noção (sim, até o Drew).
- A cena da batalha musical violão 🆚 banjo tem um crescendo fantástico, até atingir um clímax e serve para dar uma falsa sensação de segurança para o espectador antes de tudo degringolar. Belos establishing shots do rio e da vegetação em volta que dão uma atmosfera de perigo iminente. Gostei especialmente do plano que acompanha o menino do banjo na ponte olhando para eles, lindo trabalho de câmera.
- A direção do John Boorman é crua, o filme tem pouco uso de trilha incidental e o diretor deixa as ações dos personagens conduzirem o ritmo, usando poucos cortes e os próprios atores nas cenas arriscadas no rio, sem dublês, o que ajuda muito nas sensações que o filme quer causar.
- Os traumas que esta "aventura" vai causar em seus personagens são bem palpáveis, o dilema moral é tenso (eu também não saberia o que fazer naquela situação) e as situações são extremas.
- Um filme que consegue manter sua trama interessante até o final, com boas atuações e uma boa direção. É tudo que eu precisava.
O épico de gangsters que narra a ascensão de um grupo de amigos dentro da máfia judaica na Manhattan dos anos da lei seca, atravessa o período desde a pré-adolescência até a meia idade deles, e foi o último longa de Sergio Leone, um projeto no qual o diretor trabalhou por mais de uma década. Eu vejo o porquê de muitos considerarem este a sua obra-prima, o escopo de um épico como este, do ponto de vista de produção exige um grau de comprometimento e trabalho hercúleos... Mas eu discordei. É o primeiro filme do diretor que eu assisto (eu sei, shame on me), mas não acredito que os outros não são melhores que esse.
Os detalhes da reconstituição de época, composta de planos gerais cheios de figurantes, num feito técnico gigante, a vida como era na época transborda na tela, a forma como a fotografia usa a arquitetura do Lower East Side como pano de fundo para os acontecimentos é de uma execução preciosa - é onde a direção dá seu nome, para mim.
No decorrer da história, o protagonista David "Noodles" (em interpretação econômica de Robert De Niro) comete atos tão terríveis, que não consegui sentir nenhuma empatia, nenhuma conexão em nenhum nível com ele, pelo contrário. Quando ele decidiu corromper a única parte pura da sua alma de forma tão monstruosa, eu queria muito que ele tivesse um destino pior que aquele. De certa forma, a escolha consciente de contar uma história de mafiosos não como anti-heróis ou figuras redimíveis, mas como monstros além de qualquer perdão, me parece moralmente correta. O que me incomoda pessoalmente é a decisão de repetidamente usar as personagens femininas apenas como objetos a serem abusados em cenas desnecessariamente longas. Óbvio que era comum 40 anos atrás e mais ainda há um século (quando se passa parte da história), porém o diretor fez a seleção dele e eu não curti.
Os outros personagens simplesmente não foram interessantes ou memoráveis o suficiente para eu me importar... Exceto talvez Max e o líder sindical interpretado por Treat Williams. Joe Pesci mal tem duas cenas em um filme de quase 4h, o que foi outra decisão que não entendi. Senti o filme inchado, dava para cortar fácil 40 minutos.
A trilha é do Morricone, então é muito boa, ainda que menos presente. O roteiro se beneficiaria de uma mudança no desfecho, com aquela atriz se vingando no final quando reencontra aquele maldito, seria outro filme - muito melhor. Mas no geral, a direção não capturou minha atenção, não.
Irônico que meu primeiro de Sergio Leone seja o último dele e eu nem tenha gostado tanto assim. Tá saindo da HBO Max agora em dezembro/23, então corram lá.
Devidamente reassistido, o filme perdeu muito do apelo que teve quando assisti na adolescência; o mistério não é tão intrigante, a sugestão de um romance homoerótico entre os jovens Ryan Gosling e Michael Pitt é bem menos ousada do que eu lembrava, a personagem de Sandra Bullock é meio chata e, das atuações, no geral, só Pitt me agradou. É mesmo uma "homenagem" pálida demais a "Festim Diabólico", e nem de longe tão memorável.
Essa estreia dos Daniels na direção de longas já dava uma ideia do que esperar deles em estilo, tom e conteúdo narrativo. O absurdismo, o realismo fantástico, o capricho, a criatividade, a escatologia e o coração vistos em "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" (2022), já estavam presentes em "Swiss Army Man". Uma viagem louca, engraçada, emocionante e reflexiva sobre conceitos básicos que nos tornam humanos e seres sociais, como prender o peido em público ou não dizer o que sente a alguém que se ama. Uma ode aos que não se encaixam na norma e aos laços de amizade com alguém que te aceite em toda a sua estranheza acima de tudo.
O filme não é perfeito, tem uns problemas de ritmo no segundo ato que fazem a duração de apenas 97 min. parecer bem maior, e é um pouco bagunçado no último terço. Durante muito tempo fica aquela sensação de "eu não tenho a menor ideia do que eu tô assistindo" e ora isso é legal, ora cansa um pouco.
Por outro lado, a trilha sonora cantada em acapella dá um ar de fantasia que engaja, a fotografia é uma beleza e narrativamente funcional, assim como a montagem; Paul Dano consegue interpretar qualquer papel – inacreditável esse moço ainda não ter sido indicado ao Oscar –, e Daniel Radcliffe merece aplausos pela coragem de aceitar esse papel insano
Os Daniels são alguns dos realizadores mais curiosos da atualidade, eles não têm medo de tocar em assuntos que causam desconforto, seus filmes têm essa estrutura narrativa inusitada, um apuro técnico e visual foda, mesmo trabalhando com orçamentos modestos e, até aqui, conseguiram me deixar com um sorriso emocionado quando sobem os créditos.
Um clássico cult, injustiçado à época de seu lançamento, e que envelheceu como um vinho: a direção de Carpenter é magistral, ele usa de ângulos de câmera engenhosos para envolver o espectador na atmosfera claustrofóbica e de paranoia; A trilha sonora perfeita de Ennio Morricone é quase uma personagem do filme, aguda, incômoda, de gelar a espinha; O design das diferentes formas da 'coisa' é todo tipo de bizarrice que só mentes como Rob Bottin e o mago dos efeitos especiais Stan Winston seriam capazes de criar. Eu amo cenas como a do canil, Bennings-salad-fingers dando aquele grito arrepiante na neve e a do desfibrilador. A ambiguidade do final foi uma escolha acertadíssima. E Kurt Russel nunca esteve tão lindo como aqui.
Um filme que eu vinha namorando há anos e já quase assisti várias vezes, até finalmente assistir esse ano. Confesso que, pelos elogios que chegaram até mim desde seu lançamento, como um filme que fazia um bom uso da técnica do found-footage e que era assustador e talz, eu esperava mais... Achei bem normal. De positivo achei o realismo que conseguiram imprimir nas interações da repórter com os outros personagens e a cena final no escuro com a mulher magrela. Todas as outras cenas não me causaram o impacto que deveriam, não senti aflição, nem fiquei assustado. Overrated ;-;
- Narrativas que exploram o conceito do que nos torna "humanos" e as questões que vêm com isso, estão entre as que mais me instigam. Qual é o aspecto da nossa existência que essencialmente nos diz que somos um ser humano e não uma máquina? Seria o nosso corpo de carne e osso? Nossa alma? É o cérebro? A consciência? São as nossas memórias?...Mas e como saber se suas memórias não foram implantadas? O que é real?... Esse bug mental que tantas perguntas trazem, me interessa; e "Ghost in the shell" traz todas essas questões costuradas com diversas outras.
- Curiosamente, nunca havia visto este clássico cyberpunk, apesar de já ter sido impactado pela sua influência em diversas obras como "Matrix" (1999). É uma obra altamente reflexiva, filosófica, metafísica e surpreendentemente sucinta. Sintetiza muitas ideias profundas e existenciais em poucos minutos de filme sem ser expositivo, ele estimula você a pensar essas respostas por conta própria.
- Muito rico tematicamente, o filme ainda entrega uma animação que mescla muito bem artes no estilo clássico ao computadorizado. Os cenários urbanos são fotografados com planos contemplativos que permitem que admiremos as belíssimas composições e a movimentação é fluida, ampliando a noção de realismo. Porém devo confessar que não sou fã do traço dos modelos de rosto dos personagens, sobretudo os principais, Motoko e Batou, isso me tirou um pouco do filme. Mas a decisão de dar olhos que nunca piscam para a protagonista, foi eficaz no que queriam passar.
- O tom desprovido de emoção do filme, reflete o estado da major Motoko, uma humana ciberneticamente modificada que questiona a própria existência e a própria noção de realidade o filme todo, até que se apresenta uma resposta diante dela, com a ameaça conhecida como "Puppetmaster", uma forma de consciência surgida dos computadores capaz de hackear sistemas como ela e controlá-los, inclusive suas memórias.
- A questão da nudez, banalizada porém despida de sensualidade, dando a entender que nesse contexto isso pouco importa, afinal, o transumanismo é uma realidade aqui - se todos são cada vez mais parte máquina, e pudor é algo inerentemente humano, isto perde o sentido.
- A trilha sonora baseada em cânticos e percussão cria um contraste dialético entre o som folclórico e o visual futurista.
- O final que combina clímax e anticlímax, empolga, faz pensar e subverte a expectativa do embate, apostando na união e na evolução para algo novo que abre novas possibilidades para ambas as raças. A capacidade de quebrar o molde do que já foi feito e propor novos caminhos é das maiores virtudes de uma obra de ficção científica, e isso este filme faz muito bem.
Da época que filmes de super-heróis tentavam coisas diferentes, este film noir saído direto de algum quadrinho pulp pega um pouco demais emprestado do Batman de Tim Burton, o que no caso dele não é algo necessariamente ruim. A trilha sonora de Jerry Goldsmith é tão boa e tão reminiscente do que Danny Elfman fez para o homem-morcego, que merecia um filme melhor. Alec Baldwin teria dado um bom Batman nesta época, mas faz o que pode aqui, gatíssimo exibindo seu tórax. Ian McKellen e Tim Curry são coadjuvantes de luxo.
É uma pena que um filme tão bizarro, seja tão chato. Quero dizer, um dos personagens recorrentes é uma adaga senciente que voa por aí apunhalado pessoas! Como conseguiram estragar isso?!
- Além dos diversos easter eggs que tornam a experiência muito divertida, as decisões corajosas que a história toma, com várias alusões quase claras a um grau de violência muito além do que estamos acostumados a ver na franquia Pokémon, me pegaram desprevenido: A cena de abertura com um possível assassinato cometido por um pokémon, Justice Smith derramando um galão imaginário de GASOLINA e se preparando para atear fogo imaginário no Mr. Mime (o que é isso? Tropa de elite?), a própria presença ameaçadora de Mewtwo evoca algum filme de alien, conseguiram deixar o bicho creepy... Fora várias outros momentos com ousadia temática que me lembraram "Roger Rabbit", enquanto o design de Ryme City bebe de "Blade Runner". Dado o grau cada vez mais infantilizado que os games vêm ganhando, me pergunto como a Game Freak topou essa proposta, mas que bom que topou.
- O elenco é bom, Justice Smith está bem, Bill Nighy é o Bill Nighy competente de sempre e, óbvio, Ryan Reynolds é luz como o Pikachu com espírito de Deadpool PG-13. A menina que faz a repórter não me desceu em "Homem-Formiga Quantumania" e aqui não é diferente. Um dos maiores e mais legais easter eggs, que fazem valer a pena assistir a versão BR, é Fábio Lucindo, que dublou o Ash por trocentas temporadas do anime, fazendo a voz de Sebastian, o treinador do Charizard, enquanto Charles Emmanuel, que passou a dublar o personagem nas últimas temporadas, faz o protagonista, Tim.
- O filme tem seu coração no lugar certo, que é importante para nos conectarmos com esse protagonista. Gostei do fato dele não ligar para pokémon, é um ótimo gancho com a plateia.
- O plot tem boa intriga e já é superior a todas as histórias de todos os games da franquia principal, se seguissem essa pegada lá, a marca pokémon ficaria muito mais interessante.
- O CGI dos bichos não é bom o tempo todo, mas no geral, eu gostei muito de como resolveram texturas, pelos, penas, pele de anfíbios, escamados, répteis, etc.
- A parte que o Pikachu fala "Ih, tá maluco, Investida Trovão vai acabar comigo eu vou dar é um Choque do Trovão mesmo" 🤣🤣 I felt that.
- Tem algumas cenas chatas aqui e ali e outras rançosas, mas o resultado final é um filme que me divertiu, me surpreendeu e que mesclou live-action com CGI de um jeito que não caiu no vale da estranheza (houve diversas oportunidades aqui) e nem fez esse CGI excessivamente realista, como em "A pequena sereia", o que poderia matar as personalidades dos personagens. Para mim, uma das melhores adaptações de games.
Sexo, Drogas e Jingle Bells
3.0 165 Assista AgoraNem gosto de filme natalino, botei esse pra rodar só porque eu queria uma comédia pra ficar de som de fundo, vi o Seth Rogen e eu sou louco nesse homem, e quando vi, me peguei curtindo a amizade dos rapazes, acho que é onde está a força do filme: Anthony Mackie e Joseph Gordon-Levitt têm seus melhores momentos quando a união do trio é abordada, mas é Seth Rogen quem brilha nas cenas isolado, como aquele momento constrangedor na igreja que é ecoado depois na festa com a inesperada crucificação do Messias kkk. E o relacionamento de Isaac (Rogen) e Betsy (Jillian Bell) é simplesmente perfeito, que esposa maravilhosa e parceira ela é! Tem coração de sobra neste filme e as piadas funcionam! Adorei todo o arco das fotos do pau do cara no celular e no final era do James Franco kkkk e toda a brotheragem inesperada que se seguiu foi hilário e hot? Uma merda que tinha que ser ele, mas ele era muito amigo do Seth na época e foi engraçado. Também os cameos desse filme fazem tudo que um cameo deve fazer, que é aquele ligeiro "Ih! Olha quem tá aí"; Mindy Kaling, Michael Shannon, Ilana Glazer, Randall Park, Miley Cyrus, Tracy Morgan, Jason Mantzoukas... Só meus favoritos.
Nem sabia da existência desse filme, vi por acaso e me fez gostar de um filme de natal – o que não acontece com frequência.
Contos de Terramar
3.5 172 Assista AgoraFilme bonito, a animação é uma beleza, com uma mensagem legal sobre como o valor da vida é dado justamente pelo fato de que vamos morrer um dia, mas ele não me encantou, não engajou, personagens apenas ok que não me cativaram, a construção de universo também não convenceu com sua lógica mal explicada sobre como funciona magia, a coisa dos nomes reais e a presença apenas pontual dos dragões, cujos designs são belos, porém sua existência e formas humanas também são deixada no ar, tudo é abstrato demais, mas não parece intencional, parece que faltou eloborar melhor a mitologia, o lore... Para completar o ritmo é arrastado, cansativo e sem acontecimentos.
Dá pra ver que o filho do Hayao Miyazaki ainda não tava pronto aqui.
Missão: Impossível 2
3.1 491 Assista AgoraReassistindo este que, na minha lembrança, era o mais fraco da franquia. Não sou o maior fã do elemento da máscara introduzido no primeiro e usado bastante aqui; é até legal do ponto de vista da espionagem, cria mini-reviravoltas bem eficazes, porém se torna-se um recurso de roteiro extremamente traiçoeiro; literalmente qualquer um pode ser qualquer outro, o que permite corrigir qualquer inconsistência de escrita com essa manobra, acho muito roubado.
Tom Cruise em mais um papel como rosto mais belo de Hollywood, mesmo que eu tenha mixed feelings com esse cabelo longo.
Dougray Scott (que eu gostei em "Para Sempre Cinderella", de 1998) tem dentes inegavelmente britânicos e gosto dele como vilão. A sequência dele descrevendo o modus operandi do Ethan durante a infiltração do mesmo pelo átrio da farmacêutica, funciona como um meta-comentário do primeiro filme, com Hunt repetindo aquela cena icônica.
Não lembrava desse movimento brilhante da Nyah de injetar o quimera em si mesma; garantiu imunidade em uma situação que ela morreria anyways. Thandie Newton sempre será lendária e belíssima. Eu só não compro essa paixão instantânea dos dois.
John Woo filma suas cenas de ação com um jogo de câmeras, montagem e música que trazem uma dramaticidade no limite do cafona para um olhar mais ocidental, mas felizmente não chega a ultrapassá-lo – algo que Zack Snyder e Michael Bay não conseguem evitar em seus filmes.
Para 2002, os efeitos desse filme são espetaculares, inclusive as máscaras, perfeito, muito melhores do que alguns lixos feitos pela Marvel atualmente.
Como produtor, fica muito óbvio que Cruise fez questão que Ethan parecesse 'cool' a qualquer preço em todas as situações, por mais insalubres, o que se tornou uma das marcas estéticas da franquia. E nada mais maneiro do que Tom Cruise pilotando uma moto, né? (Ironia) Certeza que essa sequência foi uma de suas demandas para retornar à franquia. No clímax, quando ele pega a moto e o helicóptero o acompanha ao fundo, temos uma referência visual a "Top Gun – Ases Indomáveis" (1984), só faltou tocar "Danger Zone" kkkk.
O confronto final nas motos tem homenagem aos western spaghettis nos enquadramentos, e quando as motos batem e explodem enquanto eles colidem no ar é puro cinema. A luta usando várias técnicas de artes marciais também evoca o estilo do diretor, com movimentos de câmera que potencializam os golpes e slow-motion na medida certa.
Terminei o filme achando nem tão ruim assim; fica na média... mas segue sendo o mais fraco dos que vi até aqui da franquia.
Top Gun: Ases Indomáveis
3.5 922 Assista Agora- Entre coisas que ouvi por aí a vida toda sobre "Top Gun – Ases Indomáveis" (1984), as que vêm à mente são a famosa carga homoerótica que o filme carrega com sua overdose de testosterona, e que ele não merecia seu status de cult dos 80's pois não é bom; algo que vi ganhar ainda mais força depois da estreia do elogiado e ainda inédito para mim "Top Gun: Maverick". Das duas afirmações, considero apenas a primeira verdadeira. Inclusive as várias sequências de torsos suados e male bonding, para minha surpresa, foram apenas um dos detalhes que eu gostei no filme.
- Primeiro filme que assisto do Tony Scott e achei sua direção de uma competência formidável. O homem filmava demais (R.I.P). Ao lado do DoP Jeffrey L. Kimball, Scott captura alguns dos planos de "golden hour" com silhuetas mais fodasticamente lindos que eu já vi em um filme; e obviamente que aplaudo as sequências aéreas pelo feito cinematográfico de capturar jatos naquela velocidade, o que não é tarefa fácil (mais alguém ficou com a sensação inquietante de que eles iam colidir toda hora?); no entanto a edição desses momentos é um tanto confusa, mesmo com as reedições que o filme sofreu para trazer mais coerência.
- E a música? A música desse filme é uma das melhores playlists dos anos 80 que você encontrará em qualquer filme. Eu juro pra você que não importa quantas vezes eu escute "Take My Breath Away", eu arrepio com essa música, tem algo fantasmagórico, atmosférico nessa música que eu acho uma das mais perfeitas trilhas da história; Ambas as contribuições de Kenny Loggins são memoráveis: "Playing with the boys" grita top cropped masculino, shortinho e vôlei (mesmo todos eles estando descamisados na cena) e "Danger Zone" é a versão musical de uma moto e um jato em alta velocidade, não tem jeito.
- A construção do romance de Maverick e Charlie é apressada e aquele "I'm in love with you" parece vir do nada, mas a cena de amor intenso que se segue (e que, pasmem, foi um reshoot adicionado após exibições testes) toda filmada no contraluz, é de uma elegância...e sem deixar de lado a safadeza com aqueles beijos linguarudos kkkkk puta cena sexy; acho que Tom Cruise nunca me fez sentir tesão até este momento kkkk o cara está gatíssimo aqui, com aqueles Ray-Ban e aquela bomber jacket, a epítome do cool. 😎
- A amizade do Maverick com o Goose é muito legal, eles têm mais química que Cruise e a mocinha; a relação de Goose com a família é muito fofa e
sua morte, que agora olhando em retrocesso estava sendo construída bem diante dos meus olhos, me pegou desprevenido total! Cebolas foram cortadas, e gostei de como essa tragédia tem a função narrativa de tirar Maverick de seu pedestal, tornando-o mais vulnerável.
- Geralmente eu não me identifico com filmes ufanistas, propaganda militar disfarçada de cinema, repletas de amizades/rivalidades héteras brancas como este aqui, mas este filme faz algo muito direito e equilibrado, porque eu gostei de verdade dos personagens, do elenco que é estelar e do desenrolar da história, assim como as decisões criativas por trás do filme. E quem diria que caças eram TÃO legais?!
Rápida e Mortal
3.1 179 Assista AgoraFaroeste bem produzido, cenários e figurinos de primeira, um elenco bom e inusitado: Gene Hackman, Russel Crowe, Leonardo Dicaprio e Sharon Stone, que também tem crédito como produtora, pois foi ela quem viabilizou o projeto e trouxe Sam Raimi para a cadeira de diretor. Raimi faz um trabalho correto como diretor, mas filma a maior parte do longa sem sua usual criatividade e viço; não há um equilíbrio entre cenas mais padrão e outras memoráveis, estas são raras e só chegam lá pelo terceiro ato, como no duelo entre Herod e Cantrell, a cena chuvosa no cemitério e o confronto de Herod vs Kid com aquela montagem de dolly-zoom-holandeses sensacionais e Dicaprio sendo a personificação do carisma. São estes poucos os momentos onde o diretor mostra sua assinatura, a partir daí parece que estamos vendo outro filme, muito mais empolgante e com boas ideias.
O problema é que com esse fiapo de história melodramática, previsível, e a direção inexpressiva dos dois terços iniciais, quando veio o recheio, o filme já tinha me perdido há muito tempo.
MIB: Homens de Preto 3
3.5 2,0K Assista AgoraFiquei pensando no pitching desse roteiro, Tommy Lee Jones sendo parte indispensável do projeto, porém não tendo mais a disposição de 1997 para fazer os stunts, surge a problemática: "como tiramos ele de cena 90% do filme, sem tirarmos o agente K da história?", e a solução encontrada aqui pelo roteirista Etan Cohen (não é AQUELE Ethan Coen, o H muda de lugar, viu?) foi tão simples que poderia facilmente ter ficado manjada, mas funciona muito bem, tanto para os momentos cômicos e emocionantes, como para expandir o 'lore' desse universo, que não perde em nada para outras realidades fantásticas e da ficção científica.
Will Smith está ótimo, completamente confortável como J, e Josh Brolin acrescenta muito ao jovem K.
A produção executiva de Spielberg nessa franquia faz todo o sentido, já que a vibe de MIB tem a cara dele. Barry Sonnenfeld tem uma mão para fazer essas comédias com um toque estranho, tipo "MIB" e "A Família Addams", que eu adoro. Esse aqui me lembrou bastante a vibe do primeiro filme (o "MIB 2" a gente esconde no fandom e finge que não existiu, aquela bomba), com gags na medida certa, aventura e muito coração. O final me pegou pelo pescoço e deu três tapa na minha cara que eu até chorei.
2001: Uma Odisseia no Espaço
4.2 2,4K Assista Agora- O uso de música nesse filme é absurdo, de arrepiar.
- Deve ter sido uma revolução em '68, eu jurava que era de '78! Ambicioso, ousado, vanguardista, visionário, totalmente único, extremamente icônico.
- Cinematografia é deslumbrante. Planos abertos, composições belíssimas, cores naturalistas... Kubrick usa e abusa da grande angular aqui.
- A maior elipse temporal da História do cinema, onde um corte seco liga o primeiro ancestral do homem que aprendeu a usar ferramentas (a primeira tecnologia), à mais avançada estação espacial até então. E é interessante como Kubrick, tão perfeccionista, não se deu ao trabalho de fazer um "match cut" perfeitinho, a posição das duas formas no quadro não é a mesma, para mim ficou mais um "jump" cut.
- Depois que o negócio vai para o espaço, fica chato por uns longos minutos até aparecer um boy de shortinho correndo. Mas os set designs são impecáveis, um luxo.
- Na cena dos astronautas vendo a entrevista, Kubrick previu a tendência da tela vertical da atualidade em oposição ao cinemascope que era o formato mais popular da época, estou passado!
- Happy birthday to you dear Frank! Amei essa cena?
- Entendo o contexto espacial pedir um ar contemplativo, especialmente nos exteriores das naves, o espaço sideral e nananã... mas o ritmo mais lento do filme me deixou entediado novamente na segunda metade, até o Hal 9000 se rebelar. Daí em diante voltou a ficar interessante.
- A viagem espaço-temporal-dimensional de Dave foi uma das acid trips mais bonitas que já vi em um filme. E a música, mais uma vez, precisa.
- O final cheio de simbolismos sobre evolução, renascença é, sim, hermético e só os inteligentes podem ver kkkkk odeio aquele autoentitulado "cinéfilo" que se sente superior intelectualmente porque entendeu esse final, mas a verdade é que viu vídeo no YouTube explicando como todos nós kkkkk porque nem com toda a capacidade de abstração e interpretação semiótica que eu tenho em mim, fui capaz de entender esse final de primeira, mas não sei se é realmente para entender. Prefiro as perguntas que as respostas. Muito a vibe do meme "don't touch it's art".
Lolita
3.7 632 Assista Agora- O nível de "male gaze" nesta obra (que deve reproduzir o que há no livro, não duvido) é bizarro. Chega a ser desconfortável o tanto de perversão socialmente aceito aqui. Nem consigo imaginar o efeito disso em uma mulher que consegue assistir até o final. Pelo menos Kubrick tem a dignidade de retratar o professor Humbert como a figura patética que ele é. James Mason faz um ótimo trabalho, assim como Shelley Winters, que interpreta Charlotte, a mãe iludida trágica, e a estelar Sue Lyon, que faz uma Lolita tão complexa, cheia de nuances ingênuas, atrevidas e maliciosas, numa atuação impressionantemente naturalista.
- Os toques de comédia espalhados pelo filme são engraçados de fato - Peter Sellers arranca risadas como os diversos personagens que interpreta -, mas fiquei o tempo todo me culpando por estar gostando dessa leveza que não parece o tom adequado para lidar com uma trama que é asquerosa desde a premissa.
- Parece que o fato de o filme trabalhar tudo na sugestão sem ter nada explícito é tão incômodo quanto se o fizesse. A quem devo agradecer, o código Hays ou Kubrick? Rsrs
- A cena em que
Humbert descobre a arma carregada da esposa enquanto ela toma banho e ouvimos os pensamentos dele, que estuda a possibilidade de matá-la fazendo parecer um acidente,
- No geral a narrativa do filme funciona como um drama de tintas cômicas, mas eu não quero rever nunca mais na vida.
O Rei da Comédia
4.0 366 Assista AgoraO bom de ser introduzido a filmes tidos como "obrigatórios" tardiamente é que a idade avançada nos permite saborear nuances que eu talvez não teria percebido com 17 anos. Eu não seria capaz de apreciar o sutil estudo de personagem que Martin Scorsese faz do ingênuo e obstinado Rupert Pupkin. Talvez não prezasse tanto a atuação carismática de Robert De Niro, que consegue passar toda a tragédia da vida do protagonista com um otimismo de quem idealiza o showbiz, mesmo diante de todas as negativas; uma performance tão hipnotizante que me faz querer que De Niro ficasse assim, como neste filme, para sempre. A empatia que seu personagem gerou em mim, sendo educadamente recusado e continuamente ignorado, foi tão expressiva que eu me esqueci que ele é quem estava sendo inconveniente e representava um perigo por ser tão genuinamente descolado da realidade. Jerry Lewis faz uma dobradinha fantástica, entregando o oposto do que o público estava acostumado na maioria dos seus trabalhos, um homem impaciente, estressado, mau-humorado. Diahnne Abbott como Rita tem um cansaço de quem já foi decepcionada e desiludida muitas vezes, sua resistência a se permitir sonhar carrega muita bagagem. Marsha, por outro lado, tem a efervescência da tiete, uma loucura que a figura de Sandra Bernhard (que eu já conhecia das produções de Ryan Murphy) traduz com precisão; a imprevisibilidade dela, os arroubos, a obsessão, a delicadeza na linda e engraçada cena que ela canta para Jerry completamente atado à cadeira, fazem dela quase um paralelo da Arlequina da DC.
Não mencionei Arlequina para fazer uma ponte com o "Coringa" do Todd Phillips, juro, mas já que estamos aqui, ficam claras, agora, para mim, as referências e inspirações, assim como as semelhanças entre a dinâmica de Pupkin tentando a todo custo ser notado por Langford, e Phillips querendo impressionar Scorsese e a Academia como um artista a ser levado a sério. E assim como no filme, acho que ficou muito na cara esse desejo, poderia ter sido mais sutil.
Meu aspecto preferido da película lindamente filmada em technicolor é a montagem dos devaneios de Pupkin paralelamente à realidade, deixando para o espectador a tarefa de interpretar e entender sozinho essa ousada escolha narrativa que bagunça a linguagem já conhecida, misturando o desejo do protagonista com a realidade que ele não quer encarar.
O tom de comédia dark foge do óbvio, é elegante, e a metalinguagem, especialmente no personagem de Jerry Lewis, é a cereja no bolo. Ótimo filme.
Fale Comigo
3.6 965 Assista AgoraRoteiro redondo, boa mitologia, um bom casting que entrega atuações acima da média para o gênero (Sophie Wilde é uma revelação), a direção dos irmãos Philippous é muito boa, uma câmera enérgica, um bom clima, bons sustos, design de som e maquiagem muito bem trabalhados, especialmente quando consideramos o orçamento econômico... Dá pra ver que os rapazes são apaixonados por este projeto e têm uma relação muito íntima com toda a equipe.
Além de tudo é um belo documento histórico da geração TikTok com sua obsessão em registrar tudo com seus smartphones e compartilhar sem pensar nas consequências, que traz essa alegoria do uso de drogas na juventude e toca levemente em temas como suicídio, luto e culpa... Sinto que vários dos temas são apenas introduzidos, mas poderiam ser mais aprofundados, quem sabe nos próximos filmes.
Dito isto, o que eles fazem aqui é bem satisfatório, tem esse frescor da juventude, não se apoia em jump scares, parece um filme bem familiar, como em "já vi isso antes", mas traz um twist deles. Não diria que é um novo clássico, mas é um projeto super simpático e inspirador, vindo de uma dupla de youtubers que começaram muito jovens e me deixa curioso para acompanhar seus próximos passos.
Demência 13
3.2 46 Assista Agora- A cena de abertura que termina nos créditos iniciais é uma beleza.
- A cena em que eles estão digirindo em direção ao castelo não parece chroma, acho que estavam realmente na estrada em alta velocidade, impressionante.
- A colorização da versão que assisti é muito bonita, mesmo que um pouco irregular, a fotografia é belíssima.
- O restante do filme, que vai se convertendo em uma espécie de giallo, aumenta a intriga, mas conforme a história anda, a recompensa não entrega nada além do esperado. Ao final me chamou mais atenção pela boa direção do Coppola - os enquadramentos e as atuações são muito bons, o uso de música remete a Hitchcock -, do que pela trama confusa.
Raça das Trevas
3.1 83Vi o corte do diretor, disponível até dezembro/2023 na HBO Max, e o filme acaba sendo mais um showroom para as diversas criações de maquiagem e próteses de Clive Barker e companhia, que são até legais, do que uma boa história. A narrativa, o trabalho de câmera e as atuações são bem básicas e o pessoal só paga pau porque é dirigido por um Barker zero inspirado.
O ato final é bem similar à invasão do Instituto Xavier de "X-Men 2", com menos dinheiro, mais sangue e todos são morlocks. Sinceramente, eu achei um filme bem chato e aposto que o livro e a HQ devem ser melhores. A trilha sonora de Danny Elfman é, como sempre, digníssima, muito mais do que o próprio filme.
Mas se você tem curiosidade de ver o celebrado diretor David Cronenberg atuando como um serial killer mascarado, vá em frente - mas spoiler: não é grande coisa.
Suspíria: A Dança do Medo
3.7 1,2K Assista Agora🔺Luca Guadagnino opta por fazer um filme diferente do original e esta foi a melhor decisão que ele poderia tomar. A história aqui é mais bem contada do que no original, a forma como a dança é incorporada à bruxaria é brilhante.
🔺A direção de atores de Guadagnino é excelente, o que ele extrai de Dakota Johnson impressiona, as sequências de dança são hipnóticas, parte disso também se deve ao trabalho de câmera e edição, outro aspecto que é muito superior ao original.
🔺A edição também é utilizada com muita destreza para dar o ar de pesadelo para algumas sequências;
🔺O contexto maior dado para a personagem de Susie constrói uma protagonista muito mais sólida e com motivações mais fortes e ambíguas do que no filme de Argento.
🔻A trama do psicólogo e o contexto político pareciam que iam influenciar a história principal, mas se fossem retirados, não fariam falta e ainda reduziriam a duração longa do filme;
🔻Não entendi a necessidade de Tilda Swinton, que está ótima como madame Blanc, fazer mais dois papéis... Não teve pay-off.
🔺A conclusão do filme pega de surpresa e a mudança de tom nos mergulha num clímax extremo de pesadelo, orgia de sangue, bem sensorial, gostei.
🔺Mia Goth, neta da atriz brasileira Maria Gladys.
Suspiria
3.8 980 Assista Agora🔺Amei o visual do filme, cores, texturas, cenários, enquadramentos, toda a parte estética sugere um conto de fadas, só que apenas com bruxas, essa atenção aos detalhes é digna de aplausos;
🔻A montagem não me agradou, a continuidade fica muito comprometida;
🔻 A música sempre em primeiríssimo plano é abrasiva demais, faltou sutileza;
🔻 A história não é lá muito boa, a construção é fraca e a narrativa não faz um trabalho muito bom em tentar envelopar isso;
🔺A primeira morte é tão over-the-top! A cena mais legal do filme; o gore é tão bom, que fiquei me perguntando se a cena de abertura de "Pânico" (1996) não teria bebido daqui.
🔻As atuações são só razoáveis sendo muito generoso.
🔺Aquele efeito dos olhos no escuro que aparecem em algumas sequências é um dos meus preferidos do filme.
🔻O fato de essa história, que era mais da co-roteirista Daria Nicolodi, ter sido modificada e atribuída quase que exclusivamente ao Dario Argento, é zoado demais.
Terror no Estúdio 666
2.9 112 Assista AgoraO filme não se leva a sério, e mescla bem a vibe "galhofa camp" aos sustos. Os efeitos práticos e o CGI são meio toscos, mas de um jeito legal; o gore entrega boas referências a "Evil Dead" e "Sexta-feira 13" – aquela motosserra na cama foi lindamente executado.
Eu gostei do timing cômico do Dave Grohl, lembro dele naquele clipe "Learn to fly", ali já dava pra ver que ele tinha uma expressividade hilária. As atuações ruins do resto do elenco não me incomodaram, pelo contrário, contribuíram ainda mais para o espírito trash da coisa toda. Não esperava ver Leslie Grossman aqui, adoro ela. Acredito que músicos e fãs da banda se divertirão mais com o filme.
O principal problema está no terceiro ato, extremamente inchado, o filme acaba umas três vezes! Depois que exorcizaram o Dave, já podia ter subido os créditos, gente! Tudo que veio depois foi tão maçante, que eu terminei e pensei: legal, mas podia ter sido um curta.
Amargo Pesadelo
3.9 198 Assista Agora- O filme tem três atos bem definidos, cada um com uma entrega e uma resolução que se fecham em si mesmas, abrindo ganchos para o próximo: o primeiro ato é o início da aventura, que já vai estabelecendo alguns elementos creepy; o segundo é depois que dá a merda e todos os conflitos morais que vêm com isso, homem versus homem versus natureza, e a luta pela sobrevivência; o terceiro ato é quase um epílogo onde a investigação policial é a última prova que eles têm que enfrentar usando um outro set de habilidades, agora "civis". Gostei de como a tensão aqui é diferente, mas tão presente quanto na natureza selvagem.
- Interessante, mesmo que datado, como é trabalhada essa oposição do homem da cidade/homem do campo; civilização/barbárie; habilidades sociais/habilidades para sobreviver em situações-limite. Ed (John Voight no primeiro papel carismático que já vi dele) é o homem "civilizado" que é obrigado a superar todos os seus limites físicos, psicológicos e éticos para sobreviver e salvar os amigos. Algo inesperado, pois o Lewis de Burt Reynolds parecia preencher mais essa caixinha do "herói" clássico, aqui entre muitas aspas, pois todos os personagens são detestáveis ou sem noção (sim, até o Drew).
- A cena da batalha musical violão 🆚 banjo tem um crescendo fantástico, até atingir um clímax e serve para dar uma falsa sensação de segurança para o espectador antes de tudo degringolar. Belos establishing shots do rio e da vegetação em volta que dão uma atmosfera de perigo iminente. Gostei especialmente do plano que acompanha o menino do banjo na ponte olhando para eles, lindo trabalho de câmera.
- A direção do John Boorman é crua, o filme tem pouco uso de trilha incidental e o diretor deixa as ações dos personagens conduzirem o ritmo, usando poucos cortes e os próprios atores nas cenas arriscadas no rio, sem dublês, o que ajuda muito nas sensações que o filme quer causar.
- Os traumas que esta "aventura" vai causar em seus personagens são bem palpáveis, o dilema moral é tenso (eu também não saberia o que fazer naquela situação) e as situações são extremas.
- Um filme que consegue manter sua trama interessante até o final, com boas atuações e uma boa direção. É tudo que eu precisava.
Era uma Vez na América
4.4 529 Assista AgoraO épico de gangsters que narra a ascensão de um grupo de amigos dentro da máfia judaica na Manhattan dos anos da lei seca, atravessa o período desde a pré-adolescência até a meia idade deles, e foi o último longa de Sergio Leone, um projeto no qual o diretor trabalhou por mais de uma década. Eu vejo o porquê de muitos considerarem este a sua obra-prima, o escopo de um épico como este, do ponto de vista de produção exige um grau de comprometimento e trabalho hercúleos... Mas eu discordei. É o primeiro filme do diretor que eu assisto (eu sei, shame on me), mas não acredito que os outros não são melhores que esse.
Os detalhes da reconstituição de época, composta de planos gerais cheios de figurantes, num feito técnico gigante, a vida como era na época transborda na tela, a forma como a fotografia usa a arquitetura do Lower East Side como pano de fundo para os acontecimentos é de uma execução preciosa - é onde a direção dá seu nome, para mim.
No decorrer da história, o protagonista David "Noodles" (em interpretação econômica de Robert De Niro) comete atos tão terríveis, que não consegui sentir nenhuma empatia, nenhuma conexão em nenhum nível com ele, pelo contrário. Quando ele decidiu corromper a única parte pura da sua alma de forma tão monstruosa, eu queria muito que ele tivesse um destino pior que aquele. De certa forma, a escolha consciente de contar uma história de mafiosos não como anti-heróis ou figuras redimíveis, mas como monstros além de qualquer perdão, me parece moralmente correta. O que me incomoda pessoalmente é a decisão de repetidamente usar as personagens femininas apenas como objetos a serem abusados em cenas desnecessariamente longas. Óbvio que era comum 40 anos atrás e mais ainda há um século (quando se passa parte da história), porém o diretor fez a seleção dele e eu não curti.
Os outros personagens simplesmente não foram interessantes ou memoráveis o suficiente para eu me importar... Exceto talvez Max e o líder sindical interpretado por Treat Williams. Joe Pesci mal tem duas cenas em um filme de quase 4h, o que foi outra decisão que não entendi. Senti o filme inchado, dava para cortar fácil 40 minutos.
A trilha é do Morricone, então é muito boa, ainda que menos presente. O roteiro se beneficiaria de uma mudança no desfecho, com aquela atriz se vingando no final quando reencontra aquele maldito, seria outro filme - muito melhor. Mas no geral, a direção não capturou minha atenção, não.
Irônico que meu primeiro de Sergio Leone seja o último dele e eu nem tenha gostado tanto assim. Tá saindo da HBO Max agora em dezembro/23, então corram lá.
Cálculo Mortal
3.3 295 Assista AgoraDevidamente reassistido, o filme perdeu muito do apelo que teve quando assisti na adolescência; o mistério não é tão intrigante, a sugestão de um romance homoerótico entre os jovens Ryan Gosling e Michael Pitt é bem menos ousada do que eu lembrava, a personagem de Sandra Bullock é meio chata e, das atuações, no geral, só Pitt me agradou. É mesmo uma "homenagem" pálida demais a "Festim Diabólico", e nem de longe tão memorável.
Um Cadáver para Sobreviver
3.5 936 Assista AgoraEssa estreia dos Daniels na direção de longas já dava uma ideia do que esperar deles em estilo, tom e conteúdo narrativo. O absurdismo, o realismo fantástico, o capricho, a criatividade, a escatologia e o coração vistos em "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" (2022), já estavam presentes em "Swiss Army Man". Uma viagem louca, engraçada, emocionante e reflexiva sobre conceitos básicos que nos tornam humanos e seres sociais, como prender o peido em público ou não dizer o que sente a alguém que se ama. Uma ode aos que não se encaixam na norma e aos laços de amizade com alguém que te aceite em toda a sua estranheza acima de tudo.
O filme não é perfeito, tem uns problemas de ritmo no segundo ato que fazem a duração de apenas 97 min. parecer bem maior, e é um pouco bagunçado no último terço. Durante muito tempo fica aquela sensação de "eu não tenho a menor ideia do que eu tô assistindo" e ora isso é legal, ora cansa um pouco.
Por outro lado, a trilha sonora cantada em acapella dá um ar de fantasia que engaja, a fotografia é uma beleza e narrativamente funcional, assim como a montagem; Paul Dano consegue interpretar qualquer papel – inacreditável esse moço ainda não ter sido indicado ao Oscar –, e Daniel Radcliffe merece aplausos pela coragem de aceitar esse papel insano
(e mostrar aquela bundinha linda)
Os Daniels são alguns dos realizadores mais curiosos da atualidade, eles não têm medo de tocar em assuntos que causam desconforto, seus filmes têm essa estrutura narrativa inusitada, um apuro técnico e visual foda, mesmo trabalhando com orçamentos modestos e, até aqui, conseguiram me deixar com um sorriso emocionado quando sobem os créditos.
O Enigma de Outro Mundo
4.0 981 Assista AgoraUm clássico cult, injustiçado à época de seu lançamento, e que envelheceu como um vinho: a direção de Carpenter é magistral, ele usa de ângulos de câmera engenhosos para envolver o espectador na atmosfera claustrofóbica e de paranoia; A trilha sonora perfeita de Ennio Morricone é quase uma personagem do filme, aguda, incômoda, de gelar a espinha; O design das diferentes formas da 'coisa' é todo tipo de bizarrice que só mentes como Rob Bottin e o mago dos efeitos especiais Stan Winston seriam capazes de criar. Eu amo cenas como a do canil, Bennings-salad-fingers dando aquele grito arrepiante na neve e a do desfibrilador. A ambiguidade do final foi uma escolha acertadíssima.
E Kurt Russel nunca esteve tão lindo como aqui.
[REC]
3.6 1,7K Assista AgoraUm filme que eu vinha namorando há anos e já quase assisti várias vezes, até finalmente assistir esse ano. Confesso que, pelos elogios que chegaram até mim desde seu lançamento, como um filme que fazia um bom uso da técnica do found-footage e que era assustador e talz, eu esperava mais... Achei bem normal. De positivo achei o realismo que conseguiram imprimir nas interações da repórter com os outros personagens e a cena final no escuro com a mulher magrela. Todas as outras cenas não me causaram o impacto que deveriam, não senti aflição, nem fiquei assustado. Overrated ;-;
O Fantasma do Futuro
4.1 395 Assista Agora- Narrativas que exploram o conceito do que nos torna "humanos" e as questões que vêm com isso, estão entre as que mais me instigam. Qual é o aspecto da nossa existência que essencialmente nos diz que somos um ser humano e não uma máquina? Seria o nosso corpo de carne e osso? Nossa alma? É o cérebro? A consciência? São as nossas memórias?...Mas e como saber se suas memórias não foram implantadas? O que é real?... Esse bug mental que tantas perguntas trazem, me interessa; e "Ghost in the shell" traz todas essas questões costuradas com diversas outras.
- Curiosamente, nunca havia visto este clássico cyberpunk, apesar de já ter sido impactado pela sua influência em diversas obras como "Matrix" (1999). É uma obra altamente reflexiva, filosófica, metafísica e surpreendentemente sucinta. Sintetiza muitas ideias profundas e existenciais em poucos minutos de filme sem ser expositivo, ele estimula você a pensar essas respostas por conta própria.
- Muito rico tematicamente, o filme ainda entrega uma animação que mescla muito bem artes no estilo clássico ao computadorizado. Os cenários urbanos são fotografados com planos contemplativos que permitem que admiremos as belíssimas composições e a movimentação é fluida, ampliando a noção de realismo. Porém devo confessar que não sou fã do traço dos modelos de rosto dos personagens, sobretudo os principais, Motoko e Batou, isso me tirou um pouco do filme. Mas a decisão de dar olhos que nunca piscam para a protagonista, foi eficaz no que queriam passar.
- O tom desprovido de emoção do filme, reflete o estado da major Motoko, uma humana ciberneticamente modificada que questiona a própria existência e a própria noção de realidade o filme todo, até que se apresenta uma resposta diante dela, com a ameaça conhecida como "Puppetmaster", uma forma de consciência surgida dos computadores capaz de hackear sistemas como ela e controlá-los, inclusive suas memórias.
- A questão da nudez, banalizada porém despida de sensualidade, dando a entender que nesse contexto isso pouco importa, afinal, o transumanismo é uma realidade aqui - se todos são cada vez mais parte máquina, e pudor é algo inerentemente humano, isto perde o sentido.
- A trilha sonora baseada em cânticos e percussão cria um contraste dialético entre o som folclórico e o visual futurista.
- O final que combina clímax e anticlímax, empolga, faz pensar e subverte a expectativa do embate, apostando na união e na evolução para algo novo que abre novas possibilidades para ambas as raças. A capacidade de quebrar o molde do que já foi feito e propor novos caminhos é das maiores virtudes de uma obra de ficção científica, e isso este filme faz muito bem.
O Sombra
2.9 87 Assista AgoraDa época que filmes de super-heróis tentavam coisas diferentes, este film noir saído direto de algum quadrinho pulp pega um pouco demais emprestado do Batman de Tim Burton, o que no caso dele não é algo necessariamente ruim. A trilha sonora de Jerry Goldsmith é tão boa e tão reminiscente do que Danny Elfman fez para o homem-morcego, que merecia um filme melhor. Alec Baldwin teria dado um bom Batman nesta época, mas faz o que pode aqui, gatíssimo exibindo seu tórax. Ian McKellen e Tim Curry são coadjuvantes de luxo.
É uma pena que um filme tão bizarro, seja tão chato. Quero dizer, um dos personagens recorrentes é uma adaga senciente que voa por aí apunhalado pessoas! Como conseguiram estragar isso?!
Pokémon: Detetive Pikachu
3.5 670 Assista Agora- Além dos diversos easter eggs que tornam a experiência muito divertida, as decisões corajosas que a história toma, com várias alusões quase claras a um grau de violência muito além do que estamos acostumados a ver na franquia Pokémon, me pegaram desprevenido: A cena de abertura com um possível assassinato cometido por um pokémon, Justice Smith derramando um galão imaginário de GASOLINA e se preparando para atear fogo imaginário no Mr. Mime (o que é isso? Tropa de elite?), a própria presença ameaçadora de Mewtwo evoca algum filme de alien, conseguiram deixar o bicho creepy... Fora várias outros momentos com ousadia temática que me lembraram "Roger Rabbit", enquanto o design de Ryme City bebe de "Blade Runner". Dado o grau cada vez mais infantilizado que os games vêm ganhando, me pergunto como a Game Freak topou essa proposta, mas que bom que topou.
- O elenco é bom, Justice Smith está bem, Bill Nighy é o Bill Nighy competente de sempre e, óbvio, Ryan Reynolds é luz como o Pikachu com espírito de Deadpool PG-13. A menina que faz a repórter não me desceu em "Homem-Formiga Quantumania" e aqui não é diferente. Um dos maiores e mais legais easter eggs, que fazem valer a pena assistir a versão BR, é Fábio Lucindo, que dublou o Ash por trocentas temporadas do anime, fazendo a voz de Sebastian, o treinador do Charizard, enquanto Charles Emmanuel, que passou a dublar o personagem nas últimas temporadas, faz o protagonista, Tim.
- O filme tem seu coração no lugar certo, que é importante para nos conectarmos com esse protagonista. Gostei do fato dele não ligar para pokémon, é um ótimo gancho com a plateia.
- O plot tem boa intriga e já é superior a todas as histórias de todos os games da franquia principal, se seguissem essa pegada lá, a marca pokémon ficaria muito mais interessante.
- O CGI dos bichos não é bom o tempo todo, mas no geral, eu gostei muito de como resolveram texturas, pelos, penas, pele de anfíbios, escamados, répteis, etc.
- A parte que o Pikachu fala "Ih, tá maluco, Investida Trovão vai acabar comigo eu vou dar é um Choque do Trovão mesmo" 🤣🤣 I felt that.
- Tem algumas cenas chatas aqui e ali e outras rançosas, mas o resultado final é um filme que me divertiu, me surpreendeu e que mesclou live-action com CGI de um jeito que não caiu no vale da estranheza (houve diversas oportunidades aqui) e nem fez esse CGI excessivamente realista, como em "A pequena sereia", o que poderia matar as personalidades dos personagens.
Para mim, uma das melhores adaptações de games.