Tem um ou outro momento inspirado (como aquela cena do prego), um elenco competente e uma premissa curiosa. Os personagens têm personalidades instigantes, entretanto não são desenvolvidas satisfatoriamente. Não curti a direção, o design de produção, o senso de humor dark, Samara Weaving não me cativa... pelo menos é despretensioso.
Poderia ser brilhante... não chega a ser ruim, só achei fraco.
Vi antes da estreia de "Pânico" (2022) e não me deixou muito animado com o que esses diretores poderiam fazer pela franquia - o que acabou se confirmando, na minha opinião.
Acho que esse foi o segundo "Freddy" que assisti ainda criança e lembro que a cena do Carlos morrendo com aquele aparelho auditivo me deu medo na época e desliguei a TV. Reassisti hoje e ela até que não envelheceu mal, uma das únicas legais do filme. Só essa e a do avião no início.
Não curti o elenco, o roteiro de novo com essas coisa de filho/filha... acho tão chato esse rumo que a franquia tomou. As cenas em 3D... caça-níquel barato. A maquiagem de Fred aqui é quase uma "máscara" (acredito que a pedido de Robert Englund), o que diminuiu seu aspecto grotesco, algo que eu considero essencial. O tom declaradamente cartunesco na morte do Breckin Meyer dentro do videogame até poderia funcionar, afinal sempre houve um aspecto de comédia dark na franquia, mas não curti a direção da Rachel Talalay.
O clímax menos empolgante de toda a franquia, certamente. O compilado de "melhores momentos" dos créditos finais conseguiu ser melhor.
Começou morno, com sustos pouco eficazes e um roteiro que, apesar de meio truncado, buscava desenvolver personagem e suas relações. Depois da primeira hora, as coisas vão se desenrolando e a história finalmente ganha corpo.
A inserção de um loop temporal e um fantasma crossdresser obrigado a se montar pela mãe foi algo inesperado e positivo.
Sempre gosto de como a direção do James Wan toma a frente em qualquer projeto dele: a maneira como ele posiciona a câmera, a mise-en-scene, a decupagem do roteiro... Jason Blum e ele têm essa pegada de terror à moda antiga, como na franquia "Invocação do Mal", que, paradoxalmente, traz algo 'fresh' para o gênero, algo que ninguém mais está fazendo.
Chega a ser desesperador como continua tão atual essa trama de misoginia, gaslighting, estupro, etc. Direção perturbadora e atmosférica de Polanski. Atuação vulnerável, delicada e super cativante de Mia Farrow. John Cassavetes está um canalha sedutor e intimidante. Aqueles vizinhos são o que há de mais sinistro. Filmaço cheio de cenas memoráveis.
Esta foi, talvez, a maior contribuição de Polanski para o feminismo antes de ele mesmo se revelar um monstro.
Sou apaixonado pelo plano-sequência musical de abertura, imagino o pesadelo logístico para dirigir aquilo. A noção de ritmo que Damien Chazelle imprime - seja em cenas musicais ou não - é notável, mesmo sem recorrer com frequência à edição para tal. As homenagens ao jazz e à old Hollywood (cinema e lugar) são irresistíveis, assim como as atuações de Emma Stone e Ryan Goslin. Uma direção de arte belíssima e cinematografia idem, a trilha sonora impecável e um texto esperto. O uso encantador das locações, o mote do sonho, o estilo de direção de Chazelle... tudo neste filme é muito charmoso e traz aquela magia do cinema.
Música atmosférica, segmentos irregulares como em toda antologia. A dublagem clássica da versão que assisti no YouTube foi um dos maiores atrativos.
A primeira história, "Assassinato por escrito", é bem creepy e a conclusão surpreendeu; "Museu de cera" conta com a presença ilustre de Peter Cushing, contudo foi o que menos agradou. Previsível, lenta e desinteressante; "Doces para um doce", com Christopher Lee, é o melhor episódio, com um mistério macabro e desfecho idem; O último causo, "O Manto", no qual um ator-estrela é transformado em vampiro ao usar uma capa mágica, parece ter sido pensado para satirizar o papel icônico de Lee, mas como o astro escolheu a outra história mais bem escrita, o papel do ficou nas mãos de Jon Pertwee. O tom de chanchada parece de uma produção nacional daquela década, mas o argumento é muito básico, não curti.
Não acredito que estou prestes a dizer isso, mas estou surpreso que não é tão ruim quanto eu esperava, levando em consideração que: 1) mexeram na origem/essência de Chucky, que foi de um boneco normal possuído pelo espírito de um assassino, para um boneco hi-tech que perde o controle (desde que eu soube dessa nova premissa, já tinha decidido que odiava o filme antes de ver); e 2) Que porra de rosto é aquele??
O motivo pelo qual o boneco perde tudo - um empregado da fábrica é demitido e, como vingança, desativa todos os protocolos inibidores de violência do brinquedo -, nem foi difícil de engolir, o que desceu quadrado foi o motivo de ele existir em primeiro lugar, e para qual público ele estava sendo marketado!? Além disso, todas aquelas pessoas loucas por um produto feio desse como se fosse o novo iPhone??
O que eu gostei: bom elenco, bons personagens, boas mortes, o humor do filme também me pegou e Mark Hamill como Chucky fez um excelente trabalho substituindo o icônico Brad Douriff! Seu texto tem boas sacadas; tudo que envolveu a "melancia" embalada para presente foi tenso e engraçado na mesma medida.
No final, terminei mais satisfeito do que entrei. Quem diria.
Duas palavras que, a partir deste momento, moram nos meus pesadelos: Baby Krueger.
Nunca ficam claros os mecanismos que trazem Freddy de volta, é tudo meio aleatório, "ah ele voltou porque os roteiristas quiseram e ponto"... enfim, anos 80.
Uma coisa que continua funcional é o trabalho de câmera da franquia, desta vez com muito mais câmera-na-mão e, junto com os efeitos especiais e a montagem, trazem aquela atmosfera surreal dos pesadelos 'Freddianos'.
Para assistir a um slasher dessa época a suspensão de descrença é sua melhor amiga; de que outra forma seria possível engolir
Alice caindo nas meeesmas armadilhas depois do que passou no 4, tipo, seguir uma criança misteriosa numa noite enevoada? E não seria mais fácil Alice ter tentado acordar o Mark do que se transportar para o sonho com ele??
E esse novo grupinho de amigos seguindo a meesmíssima configuração do filme anterior (ainda que Yvonne não tenha 1g do carisma de Sheila)?... Tem que embarcar para tirar um mínimo de diversão.
Por fim, destaco aquelas escadarias impossíveis no clímax, amo esse conceito e fica perfeito em sonhos. Mas o que estava acontecendo ali nunca empolga de fato, visto que previsível e uma cópia quase idêntica do anterior.
Apesar de chegar ao quinto volume ainda tendo a criatividade das mortes como seu principal atrativo, o tom derrapa no farsesco do jeito errado em muitos momentos e Freddy está sem credibilidade na praça.
O set da Mansão Hill (do brilhante Eugenio Zanetti) é impressionante em escopo e detalhes, o diretor Jan de Bont tem vasta experiência como DoP e compõe planos belíssimos; e a trilha sonora de Jerry Goldsmith amplia o senso de grandiosidade e espetáculo... Uma pena que esses mesmos elementos aproximem o filme mais de uma aventura de fantasia family-friendly com a cara da Dreamworks de Spielberg do que de um terror de casa mal-assombrada propriamente dito.
O diretor parece ter muita proficiência na parte mais técnica, de visual, montagem e ritmo (vide sua filmografia baseada em filmes de ação), mas peca na construção das personagens ou de uma atmosfera arrepiante - que é o mínimo que se espera. E a cereja estragada neste bolo são os efeitos visuais em CGI - novidades irresistíveis na segunda metade dos anos 90 -, que reforçam a sensação de atração de parque de diversões. A junção de sustos à moda antiga com a tecnologia da virada do milênio foi um equívoco descomunal.
Vamos deixar claro uma coisa: Lili Taylor e Zeta-Jones são péssimas scream queens. Lili, porém, faz de Nell uma personagem bem menos irritante que sua contraparte do filme de 1963, enquanto Zeta-Jones traz algo da sedução empolgante da Theo do original, mas sem tanto charme. O roteiro e a direção esvaziam sua personagem do ar misterioso que fez dela um ícone bi muito à frente do seu tempo, substituindo sua tensão sexual com Nell por cenas que só causam constrangimento, apresentando-nos uma versão ironicamente muito mais conservadora que a do filme de 1963. Liam Neeson e Owen Wilson fazem um arroz com feijão e não atrapalham, mas nem de longe são tão marcantes quanto as únicas falas da Sra. Dudley vivida por Marian Seldes, que deixou uma impressão e tanto com o mesmíssimo texto do original. E ainda tem o cameo de Virginia Madsen ("Candyman"), uma das atrizes mais lindas do terror.
O roteiro guarda algumas similaridades com a sua inspiração dos anos 60, mas adiciona explicações forçadas e desnecessárias para o background da casa e a origem da assombração, num mistério que não engaja. Um filme vistoso e estranho onde os arrepios nunca vêm de fato.
durante o que descobrimos ser um pesadelo estendido de Laurie,
e que termina por servir apenas como homenagem ao legado do segundo filme da série original, passado quase todo dentro do hospital.
Doctor Loomis re-reimaginado agora como uma versão mais odiosa da Gale Weathers de "Pânico" (mas sem ⅓ do charme da repórter), capitaliza em cima do massacre de Michael sem nenhum remorso, algo impensável no Loomis de Donald Pleasence. Louco esclerosado sim, ganancioso sem caráter, não. Essas novas interpretações de caminhos que certos personagens poderiam ter pego dado o contexto são comuns em reboots e remakes, porém esta aqui fez dele uma caricatura de si mesmo e desagradou demais.
O filme não nos dá um único personagem por quem torcer (Octavia Spencer, a mais carismática do elenco, faz apenas um cameo), precisei me agarrar ao xerife Brad "Chucky" Douriff e sua filha Danielle Harris (atriz veterana da franquia) para criar qualquer laço de identificação.
Fotografia escura e suja, sem a inspiração do anterior, toda aquela baboseira sobrenatural, visões compartilhadas ou surto coletivo com a mãe e Michael criança... pareceu a viagem que foi o sexto filme e apenas uma desculpa para a esposa do diretor ter algum papel, mas fez zero sentidos aquilo. Nem o gore extremo consegue salvar o filme. Terceiro pior da franquia, atrás do 6 e do "Resurrection", um lixo total.
Sensacional tema orquestral nos créditos de abertura creditado ao competente Christopher Young. A maquiagem continua sendo o departamento mais bem realizado da franquia e gosto de como a montagem resolve as sequências de terror envolvendo efeitos práticos, com close-ups e reações.
A trama é qualquer nota, com toda sorte de incongruência de roteiro, tendo como única redenção nos jogar no inferno dimensional cheio de labirintos, uma criação impressionante para o baixo orçamento do filme. Me atrai esse aspecto Lovecraftiano e BDSM-ish desse universo, mas acho que para por aí.
A protagonista Kristy (Ashley Laurence I) é linda com um quê de Winona Ryder, mas a madrasta bitch vivida com certo comprometimento por Clare Higgins é quem rouba a cena aqui. Gostei de rever o uncle Frank por nenhum motivo em particular.
Pinhead e os cenobitas não sendo os "big bads" da coisa toda é um pouco decepcionante, passando para o lado de Kristy em um momento bem "Super Xuxa contra Baixo-astral".
O vilão Leviathan já estava me irritando na segunda frase de efeito envolvendo o universo cirúrgico, no melhor estilo Freddy Krueger... Mas, de novo, os efeitos envolvendo o personagem são divertidos e inquietantes.
De alguma forma este não decaiu tanto em relação ao primeiro (o que não é dizer muito), sendo uma body horror fest com efeitos que me agradam até hoje e qualquer coisa escrita em volta disso tudo para justificar a realização do filme.
Direção de arte ostensiva, capturada por planos bem compostos e lindamente iluminados foram o que mais gostei no filme. Aplaudo também o tratamento dado à personagem Theo nas sugestões muito bem encaixadas de sua sexualidade "desviante" em plenos anos 60 para burlar a censura imposta pelo código Hays. E, para fãs de "A Maldição da Residência Hill", adaptação excelente de Mike Flanagan para a Netflix, ficam evidentes aqui muitas das inspirações do diretor, as estátuas, a dança de Nell, a escada em espiral... são muitas, e encontrá-las foi divertido.
Considerando que este foi um dos filmes que escreveram a cartilha do "horror de casa mal-assombrada", é de se admirar o que o diretor Robert Wise alcança estabelecendo tropos que são usados até hoje. Apesar de diálogos algo repetitivos, pouca ação de fato a maior parte da projeção e uma protagonista insuportável, os 20 minutos finais são bem tensos e fazem jus ao termo "clímax".
Quero ver agora a famigerada adaptação de Jan De Bont de 1999.
Talvez um pouco inchado na duração, mas ainda melhor que o primeiro. Gosto bastante da direção do James Wan neste, tem mais nuances na construção dos personagens e suas inter-relações, como a cena em que Ed Warren (Patrick Wilson) toca "Can't help falling in love" no violão, uma cena linda. Me senti bem mais conectado com esta família, o que torna as cenas sobrenaturais não apenas assustadoras, mas tristes.
A parte técnica serve à narrativa, com CGI um pouco mais perceptível do que eu gostaria (na verdade prefiro efeitos especiais práticos); posicionamentos e movimentos de câmera espertos e sustos eficazes. James Wan did it again.
O ingênuo Jean e a sua fé inabalável no talento artístico da filha, Marva, o levam a tomar péssimas decisões depois que perde o seu emprego, criando um efeito bola de neve.
Eu me apaixonei pelos personagens, pelo tom despretensioso do filme, o plano é tão estapafúrdio que é evidente que não vai dar certo e isso me deixou bem tenso. O clímax é grandioso e me surpreendeu. To com "Lucky Manuelo" na cabeça. Pequeno grande filme.
Muito bem dirigido, tenso, tem uma pegada crua que eu associo ao cinema do William Friedkin. A tal cena de perseguição que sempre vi descrita como a melhor do cinema é realmente espetacular, mas a minha preferida foi a do Popeye seguindo os passos do francês no metrô, entrando e saindo do vagão 😂 brilhante! Gene Hackman está muito bem no filme... Filmes dos anos 70 têm todo um charme, uma granulação na película. Obs: acho o sangue nesse filme muito rosado kk.
Gostei do filme. Muito charmoso e bem realizado. O aspecto bucólico das paisagens, a fotografia tem uns momentos que remetem a um sonho, o ritmo mais lento dos diálogos (acho que fica mais saboroso de apreciar esse detalhe porque o cinema falado ainda estava engatinhando), a gentileza das pessoas, o recorte da vida daquela sociedade rural do pré-1945, as dificuldades econômicas extremas. A personagem que toma uns drink, tão moderna, tão refinada, minha preferida ela. E eu quero casar com o Arigato-San! O final me surpreendeu.
Comecei o filme não curtindo a proposta de "explicar o contexto familiar e social do psicopata", pois Michael Myers é desses ícones do terror que, para mim, quanto menos sabemos, mais assustador. Porém, quando me dei conta, estava super absorto pela direção do Rob Zombie; o olhar dele tem algo quase documental em muitos momentos, tem uma crueza. Boas atuações, cenas bem construídas, toda parte sonora é muito bem usada, como no clássico de John Carpenter, que volta com Debra Hill para escrever o roteiro... A fotografia meio granulada dá à imagem uma textura quase de película 16mm, curti. O primeiro terço do filme é surpreendentemente bom.
a da irmã de Michael e do personagem do Danny Trejo
tiveram um impacto bem singular pelo sentimento envolvido. Dentre as mortes mais gráficas, a do bully interpretado pelo Daryl Sabara de "Pequenos Espiões" foi pesada demais para mim, o rapaz entregou.
Uma pena o bom casting do filme não ter acertado justo na Laurie. A atriz é apenas funcional, não tem qualquer brilho particular e a importância da personagem foi minimizada para enfatizar Michael 100% nesta versão atualizada. As cenas de Laurie com aquelas amigas dela foram insuportáveis, mesmo sabendo que uma delas é a inesquecível Jamie do 4 e 5, Danielle Harris, que aqui faz a filha do xerife interpretado por Brad Dourif, o próprio boneco Chucky — mais um easter egg bem legal.
Conforme nos aproximamos do dilatado clímax, o diretor carrega muito na câmera tremida, tendência forte na década de 2000, e me perdeu um pouco. Há boas cenas ainda, mas evidenciou que o ritmo do filme se beneficiaria de uns 15 minutos a menos na duração.
Sou um entusiasta do cinema de guerrilha nacional, feito na raça com pouca grana, em especial filmes "de gênero", como o terror, que rendem ótimas ideias se executadas com visão artística e um mínimo de cuidado na produção. E nos últimos anos tem havido um movimento muito interessante de produções do tipo no nosso cinema, trazendo novos olhares e possibilidades à mesa, o que me deixou curioso para conferir este "A Gruta". Fui com o coração aberto e as expectativas baixas... mas nem mesmo estas foram atendidas.
A direção de Arthur Vinciprova (que também interpreta o personagem Jesus) é fraca, escolhendo caminhos óbvios e genéricos, executados de forma mais incompetente que suas inspirações. Ele acerta esporadicamente no uso de efeitos sonoros, como portas rangendo, passos e vozes para criar suspense, ou seja, recursos da pós-produção, porque fora isso, a captação de som direto do filme é bem ruim, ao ponto de precisar assistir com legendas para entender os diálogos... A edição também poderia ser mais precisa, resultando em poucos 'jump scares' realmente eficazes.
O filme é de baixo orçamento, mas isso não justifica a falta de esmero e acabamento na produção. O trabalho de iluminação é nulo, com cenas escuras demais onde não há fonte de luz além das diegéticas (um equívoco bem amador) e evidentes aberrações cromáticas sem nenhum propósito dramático ou artístico.
A atuação de Carolina Ferraz é sólida - a única que confere alguma dignidade ao filme. Luciene Martes, atriz experiente que faz a guia da exploração da caverna, tem uma performance tão fraca que me pergunto se foi intencional ou se ela foi a única que aceitou o papel. Pelo menos a fisicalidade que a personagem pediu, ela entregou.
Para fechar, o roteiro (também de Vinciprova) deixa muitas pontas soltas, especialmente sobre o passado da personagem Helena, a cena de abertura que se pretendia contextualizar, mas acaba soando gratuita, e ainda conta com diálogos sofríveis como "O que esse rapaz fez foi um homicídio culposo premeditado" (?)... Isso para não falar do seu maior problema que é demonizar religiões de matriz africana, a coisa mais preguiçosa e nociva desse filme tão irregular.
No fim, fica a impressão de uma tentativa mais para atender a um desejo egóico do diretor, roteirista e co-protagonista do filme, do que para contar uma história da melhor forma que conseguiu, afinal desempenhar tantas funções e entregar algo relevante e bem-acabado não é fácil. Uma pena mesmo.
Óbvio que há em "Rua do Medo: 1666" facilitações narrativas (como nos anteriores) que exigem bastante da nossa suspensão da descrença, como a relação da protagonista com seu pai, tão permissiva e 'de boas' que parecem estar em 2022; Personagens pobres que sabem ler em pleno séc. XVII e, mais que isso, MULHERES pobres que sabem ler em pleno séc. XVII (!); E a reutilização do elenco anterior, mas como quase todos morreram, esse detalhe é quase como uma recompensa a quem chegou até aqui... Inclusive a protagonista de "1994" Deena e seu interesse romântico Samantha, se beneficiam muito das suas reencarnações como Sarah e Hannah, respectivamente, não só pela história trágica de amor, mas pela composição mais carismática das personagens.
A ambientação dessaturada que bebe de filmes como "A Vila" e "A Bruxa" entrega um tom mais sombrio e transfere a ameaça desta vez para o ser humano; Diálogos como "Eu não tenho medo do demônio, eu tenho medo do meu vizinho" ecoam fortemente em um 2022 onde o pensamento não-racional/não-científico são uma realidade cada vez mais assustadora. Bastava um homem fazer uma acusação e esta era automaticamente respeitada e assumida como verdade em uma sociedade onde a Bíblia era a lei, e qualquer comportamento feminino que fugisse de seus dogmas era visto como bruxaria.
O segundo ato termina no clímax onde é revelada a origem da maldição e temos uma reviravolta bem realizada que é o ponto alto de toda a história, construído com ritmo hábil e tensão na medida pela diretora Leigh Janiak, que co-escreve o roteiro, amarrando todas as pontas soltas satisfatoriamente, não sem alguma exposição (não se pode ter tudo).
Quando retornamos a 1994, há uma mudança brusca de marcha e um clima quase inofensivo, meio "Scooby-Doo", que se estabelece na sequência do shopping e já não conversa com o peso do que acabamos de ver no passado, e acabam inchando o ritmo e diluindo o 'momentum' recém-adquirido com Sarah Fier.
Contudo, a conclusão da trilogia tem um saldo mais positivo que negativo, com entretenimento juvenil, mas que faz refletir sobre questões de gênero e homofobia ao longo dos séculos, os malefícios do fanatismo religioso como pensamento padrão de uma sociedade, e até o poder destrutivo das fake news! O que foi aquela assembleia na igreja se não um grupo de 'zap' onde factoides eram espalhados, resultando em linchamento de inocentes como acontece até hoje? Esse é o tipo de idade das trevas baseada em desinformação, exaltação de ignorantes e comportamento de manada que interessa a certos grupos trazer para o nosso dia a dia. Vendo por esse ponto de vista, dá sim, medo.
Decididamente melhor que o primeiro volume, este segundo "Rua do Medo" acerta em quase tudo, afinal quem não ama um slasher de acampamento?
O estilo do final dos anos 70 baseado em "Sexta-feira 13" é muito bem realizado em sua fotografia com cores quentes e na narrativa que se leva um pouco mais a sério, investindo mais em suspense e gore. As mortes bem gráficas e chocantes, inclusive, foram outro ponto alto do filme para mim.
Os personagens são mais carismáticos e mais bem desenvolvidos e isso torna suas mortes mais sofridas para nós. O casting mais uma vez é muito bom, com destaque para a Ziggy de Sadie Sink, cujo star power é incontestável.
A trilha musical onipresente não me incomodou por ter uma função irônica, dando o toque 'campy'. A trilha incidental de Marco Beltrami ("Pânico") sempre entrega. E gostei das referências a David Bowie por toda parte.
Em "1978" a mitologia da bruxa Sarah Fier é expandida, assim como o mecanismo de seu feitiço, com desdobramentos interessantes e que preenchem lacunas deixadas no primeiro, ao mesmo tempo que abre novas questões para o desfecho da trilogia.
O que me ganhou no projeto "Rua do Medo" foi a proposta de fazer uma trilogia baseada na série de livros de R. L. Stine como uma celebração/homenagem ao gênero terror, trazendo mudanças de estilo, tanto estético quanto de direção, em cada um dos filmes da trilogia de acordo com o período temporal em que se passa a história.
Neste "1994" a diretora Leigh Janiak usa, desde a cena de abertura, doses cavalares de referências ao maioral dos anos 90, que foi "Pânico". Porém já ali ela subverte algumas expectativas enquanto usa a cartilha do clássico de Wes Craven, então o que vemos aqui é um slasher mais autoconsciente, que se utiliza do humor 'camp' para brincar com clichês, muita metalinguagem e mortes bem gore.
Os updates que o filme traz para dialogar com a geração Netflix e deixá-lo 'fresh' como foi "Pânico" em 1996, porém, são a protagonista negra e queer; a objetificação do corpo masculino como uma espécie de reparação histórica dentro do gênero (?); e adicionando o elemento sobrenatural de maneira a justificar a "imortalidade" do(s) assassino(s).
Talvez esse primeiro filme se apoie demais em 'easter eggs' e deixe a desejar em aspectos narrativos e de direção? Talvez sim.
O filme é, sim, inconsistente na construção dos personagens, tem um ritmo exageradamente frenético, conveniências de roteiro óbvias demais e atmosfera de suspense fraca, preferindo investir em sustos fáceis... Entretanto como pontos positivos, o trabalho de maquiagem é essencial para este tipo de filme e aqui não decepciona; existe a preocupação com a criação de uma mitologia própria a ser melhor explorada nos próximos filmes; convenções do gênero são novamente destruídas aqui de um jeito inesperado; o casting de Carmen Cuba (de "Stranger Things") é muito eficaz, a maioria do elenco é bem acima da média e a direção acerta especialmente no estabelecimento da relação de amizade dos personagens e na conexão deles com o espectador, ao ponto de eu ter me preocupado real com a segurança deles e até sofrido em algumas cenas!
O combo de tributo, despretensão, quebra de expectativa, metalinguagem, boas doses de gore e algum coração, superaram os deslizes de "Rua do Medo: 1994" para o meu gosto e foram o bastante para me deixar intrigado com os desdobramentos.
Vincent Price e seus diálogos sarcásticos com Carol Ohmart, também ótima, foram os principais atrativos do filme para mim. Os sustos à moda antiga têm aquele charme crafty, old-school. A narrativa é bem mais compassada e o plot por trás de tudo é divertido.
Eu cresci vendo e adorando o remake de 1999, achava medonho. E agora percebo várias homenagens a este aqui, principalmente nos personagens de Geoffrey Rush e Famke Janssen.
Obs: achei a Carol Ohmart parecida com a Sophie Turner, a Sansa de GOT, vocês não?
Toda parte técnica impecável me fez sentir certo arrependimento de ter perdido este em IMAX.
Gostei muito da direção do James Wan. Através de todo o controle que há por trás de um produto como "DC's Aquaman", o diretor parece estar se divertindo e colocando ali sua assinatura; toques de cartoon em algumas cenas (o herói caindo pelo telhado da velha na Sicília) e de terror em outras (as criaturas do Fosso subindo pelo barco foi mais "assustador" que qualquer coisa que Sam Raimi fez em "Multiverso da Loucura")... Wan filma cenas de luta tão bem e com tanto dinamismo, que me senti dentro delas.
O elenco é bem funcional sem grandes destaques, a criação de universo é muito feliz, todo o conceito de "naves" e exércitos subaquáticos faz o filme parecer algo espacial (que eu considero outro acerto da direção), e por mais que tenhamos visto pouco dos outros reinos, o conceito de cada um deu um gostinho do que pode vir aí em possíveis futuros filmes.
Outro "filme de herói" que eu não dava nada e me surpreendeu muito positivamente.
Casamento Sangrento
3.5 946 Assista AgoraTem um ou outro momento inspirado (como aquela cena do prego), um elenco competente e uma premissa curiosa. Os personagens têm personalidades instigantes, entretanto não são desenvolvidas satisfatoriamente. Não curti a direção, o design de produção, o senso de humor dark, Samara Weaving não me cativa... pelo menos é despretensioso.
Poderia ser brilhante... não chega a ser ruim, só achei fraco.
Vi antes da estreia de "Pânico" (2022) e não me deixou muito animado com o que esses diretores poderiam fazer pela franquia - o que acabou se confirmando, na minha opinião.
A Hora do Pesadelo 6: Pesadelo Final, A Morte de …
3.0 376 Assista AgoraAcho que esse foi o segundo "Freddy" que assisti ainda criança e lembro que a cena do Carlos morrendo com aquele aparelho auditivo me deu medo na época e desliguei a TV. Reassisti hoje e ela até que não envelheceu mal, uma das únicas legais do filme. Só essa e a do avião no início.
Não curti o elenco, o roteiro de novo com essas coisa de filho/filha... acho tão chato esse rumo que a franquia tomou. As cenas em 3D... caça-níquel barato. A maquiagem de Fred aqui é quase uma "máscara" (acredito que a pedido de Robert Englund), o que diminuiu seu aspecto grotesco, algo que eu considero essencial. O tom declaradamente cartunesco na morte do Breckin Meyer dentro do videogame até poderia funcionar, afinal sempre houve um aspecto de comédia dark na franquia, mas não curti a direção da Rachel Talalay.
O clímax menos empolgante de toda a franquia, certamente. O compilado de "melhores momentos" dos créditos finais conseguiu ser melhor.
Sobrenatural: Capítulo 2
3.4 1,2K Assista AgoraComeçou morno, com sustos pouco eficazes e um roteiro que, apesar de meio truncado, buscava desenvolver personagem e suas relações. Depois da primeira hora, as coisas vão se desenrolando e a história finalmente ganha corpo.
A inserção de um loop temporal e um fantasma crossdresser obrigado a se montar pela mãe foi algo inesperado e positivo.
Sempre gosto de como a direção do James Wan toma a frente em qualquer projeto dele: a maneira como ele posiciona a câmera, a mise-en-scene, a decupagem do roteiro... Jason Blum e ele têm essa pegada de terror à moda antiga, como na franquia "Invocação do Mal", que, paradoxalmente, traz algo 'fresh' para o gênero, algo que ninguém mais está fazendo.
Gostei bem mais desse que do primeiro.
O Bebê de Rosemary
3.9 1,9K Assista AgoraChega a ser desesperador como continua tão atual essa trama de misoginia, gaslighting, estupro, etc. Direção perturbadora e atmosférica de Polanski. Atuação vulnerável, delicada e super cativante de Mia Farrow. John Cassavetes está um canalha sedutor e intimidante. Aqueles vizinhos são o que há de mais sinistro. Filmaço cheio de cenas memoráveis.
Esta foi, talvez, a maior contribuição de Polanski para o feminismo antes de ele mesmo se revelar um monstro.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraSou apaixonado pelo plano-sequência musical de abertura, imagino o pesadelo logístico para dirigir aquilo.
A noção de ritmo que Damien Chazelle imprime - seja em cenas musicais ou não - é notável, mesmo sem recorrer com frequência à edição para tal. As homenagens ao jazz e à old Hollywood (cinema e lugar) são irresistíveis, assim como as atuações de Emma Stone e Ryan Goslin.
Uma direção de arte belíssima e cinematografia idem, a trilha sonora impecável e um texto esperto.
O uso encantador das locações, o mote do sonho, o estilo de direção de Chazelle... tudo neste filme é muito charmoso e traz aquela magia do cinema.
Os Dementes
1.7 188 Assista AgoraDesde a direção, passando por roteiro, atuações, maquiagem e efeitos, absolutamente nada funciona neste "filme", que ainda
consegue irritar com seu final falso metido a espertinho
A Casa que Pingava Sangue
3.5 77 Assista AgoraMúsica atmosférica, segmentos irregulares como em toda antologia. A dublagem clássica da versão que assisti no YouTube foi um dos maiores atrativos.
A primeira história, "Assassinato por escrito", é bem creepy e a conclusão surpreendeu;
"Museu de cera" conta com a presença ilustre de Peter Cushing, contudo foi o que menos agradou. Previsível, lenta e desinteressante;
"Doces para um doce", com Christopher Lee, é o melhor episódio, com um mistério macabro e desfecho idem;
O último causo, "O Manto", no qual um ator-estrela é transformado em vampiro ao usar uma capa mágica, parece ter sido pensado para satirizar o papel icônico de Lee, mas como o astro escolheu a outra história mais bem escrita, o papel do ficou nas mãos de Jon Pertwee. O tom de chanchada parece de uma produção nacional daquela década, mas o argumento é muito básico, não curti.
Gostei de ter visto, mas não mudou a linha vida.
Brinquedo Assassino
2.7 612 Assista AgoraNão acredito que estou prestes a dizer isso, mas estou surpreso que não é tão ruim quanto eu esperava, levando em consideração que: 1) mexeram na origem/essência de Chucky, que foi de um boneco normal possuído pelo espírito de um assassino, para um boneco hi-tech que perde o controle (desde que eu soube dessa nova premissa, já tinha decidido que odiava o filme antes de ver); e 2) Que porra de rosto é aquele??
O motivo pelo qual o boneco perde tudo - um empregado da fábrica é demitido e, como vingança, desativa todos os protocolos inibidores de violência do brinquedo -, nem foi difícil de engolir, o que desceu quadrado foi o motivo de ele existir em primeiro lugar, e para qual público ele estava sendo marketado!? Além disso, todas aquelas pessoas loucas por um produto feio desse como se fosse o novo iPhone??
O que eu gostei: bom elenco, bons personagens, boas mortes, o humor do filme também me pegou e Mark Hamill como Chucky fez um excelente trabalho substituindo o icônico Brad Douriff! Seu texto tem boas sacadas; tudo que envolveu a "melancia" embalada para presente foi tenso e engraçado na mesma medida.
No final, terminei mais satisfeito do que entrei. Quem diria.
A Hora do Pesadelo 5: O Maior Horror de Freddy
3.0 298 Assista AgoraDuas palavras que, a partir deste momento, moram nos meus pesadelos: Baby Krueger.
Nunca ficam claros os mecanismos que trazem Freddy de volta, é tudo meio aleatório, "ah ele voltou porque os roteiristas quiseram e ponto"... enfim, anos 80.
Uma coisa que continua funcional é o trabalho de câmera da franquia, desta vez com muito mais câmera-na-mão e, junto com os efeitos especiais e a montagem, trazem aquela atmosfera surreal dos pesadelos 'Freddianos'.
Para assistir a um slasher dessa época a suspensão de descrença é sua melhor amiga; de que outra forma seria possível engolir
Alice caindo nas meeesmas armadilhas depois do que passou no 4, tipo, seguir uma criança misteriosa numa noite enevoada? E não seria mais fácil Alice ter tentado acordar o Mark do que se transportar para o sonho com ele??
Por fim, destaco aquelas escadarias impossíveis no clímax, amo esse conceito e fica perfeito em sonhos. Mas o que estava acontecendo ali nunca empolga de fato, visto que previsível e uma cópia quase idêntica do anterior.
Apesar de chegar ao quinto volume ainda tendo a criatividade das mortes como seu principal atrativo, o tom derrapa no farsesco do jeito errado em muitos momentos e Freddy está sem credibilidade na praça.
A Casa Amaldiçoada
2.7 320 Assista AgoraO set da Mansão Hill (do brilhante Eugenio Zanetti) é impressionante em escopo e detalhes, o diretor Jan de Bont tem vasta experiência como DoP e compõe planos belíssimos; e a trilha sonora de Jerry Goldsmith amplia o senso de grandiosidade e espetáculo... Uma pena que esses mesmos elementos aproximem o filme mais de uma aventura de fantasia family-friendly com a cara da Dreamworks de Spielberg do que de um terror de casa mal-assombrada propriamente dito.
O diretor parece ter muita proficiência na parte mais técnica, de visual, montagem e ritmo (vide sua filmografia baseada em filmes de ação), mas peca na construção das personagens ou de uma atmosfera arrepiante - que é o mínimo que se espera. E a cereja estragada neste bolo são os efeitos visuais em CGI - novidades irresistíveis na segunda metade dos anos 90 -, que reforçam a sensação de atração de parque de diversões. A junção de sustos à moda antiga com a tecnologia da virada do milênio foi um equívoco descomunal.
Vamos deixar claro uma coisa: Lili Taylor e Zeta-Jones são péssimas scream queens. Lili, porém, faz de Nell uma personagem bem menos irritante que sua contraparte do filme de 1963, enquanto Zeta-Jones traz algo da sedução empolgante da Theo do original, mas sem tanto charme. O roteiro e a direção esvaziam sua personagem do ar misterioso que fez dela um ícone bi muito à frente do seu tempo, substituindo sua tensão sexual com Nell por cenas que só causam constrangimento, apresentando-nos uma versão ironicamente muito mais conservadora que a do filme de 1963. Liam Neeson e Owen Wilson fazem um arroz com feijão e não atrapalham, mas nem de longe são tão marcantes quanto as únicas falas da Sra. Dudley vivida por Marian Seldes, que deixou uma impressão e tanto com o mesmíssimo texto do original. E ainda tem o cameo de Virginia Madsen ("Candyman"), uma das atrizes mais lindas do terror.
O roteiro guarda algumas similaridades com a sua inspiração dos anos 60, mas adiciona explicações forçadas e desnecessárias para o background da casa e a origem da assombração, num mistério que não engaja.
Um filme vistoso e estranho onde os arrepios nunca vêm de fato.
Halloween 2
2.6 680 Assista AgoraO filme que poderia ter sido está nos primeiros minutos
durante o que descobrimos ser um pesadelo estendido de Laurie,
Doctor Loomis re-reimaginado agora como uma versão mais odiosa da Gale Weathers de "Pânico" (mas sem ⅓ do charme da repórter), capitaliza em cima do massacre de Michael sem nenhum remorso, algo impensável no Loomis de Donald Pleasence. Louco esclerosado sim, ganancioso sem caráter, não.
Essas novas interpretações de caminhos que certos personagens poderiam ter pego dado o contexto são comuns em reboots e remakes, porém esta aqui fez dele uma caricatura de si mesmo e desagradou demais.
O filme não nos dá um único personagem por quem torcer (Octavia Spencer, a mais carismática do elenco, faz apenas um cameo), precisei me agarrar ao xerife Brad "Chucky" Douriff e sua filha Danielle Harris (atriz veterana da franquia) para criar qualquer laço de identificação.
Fotografia escura e suja, sem a inspiração do anterior, toda aquela baboseira sobrenatural, visões compartilhadas ou surto coletivo com a mãe e Michael criança... pareceu a viagem que foi o sexto filme e apenas uma desculpa para a esposa do diretor ter algum papel, mas fez zero sentidos aquilo. Nem o gore extremo consegue salvar o filme. Terceiro pior da franquia, atrás do 6 e do "Resurrection", um lixo total.
Hellraiser II: Renascido das Trevas
3.4 303 Assista AgoraSensacional tema orquestral nos créditos de abertura creditado ao competente Christopher Young. A maquiagem continua sendo o departamento mais bem realizado da franquia e gosto de como a montagem resolve as sequências de terror envolvendo efeitos práticos, com close-ups e reações.
A trama é qualquer nota, com toda sorte de incongruência de roteiro, tendo como única redenção nos jogar no inferno dimensional cheio de labirintos, uma criação impressionante para o baixo orçamento do filme. Me atrai esse aspecto Lovecraftiano e BDSM-ish desse universo, mas acho que para por aí.
A protagonista Kristy (Ashley Laurence I) é linda com um quê de Winona Ryder, mas a madrasta bitch vivida com certo comprometimento por Clare Higgins é quem rouba a cena aqui. Gostei de rever o uncle Frank por nenhum motivo em particular.
Pinhead e os cenobitas não sendo os "big bads" da coisa toda é um pouco decepcionante, passando para o lado de Kristy em um momento bem "Super Xuxa contra Baixo-astral".
De alguma forma este não decaiu tanto em relação ao primeiro (o que não é dizer muito), sendo uma body horror fest com efeitos que me agradam até hoje e qualquer coisa escrita em volta disso tudo para justificar a realização do filme.
Desafio do Além
3.7 138 Assista AgoraDireção de arte ostensiva, capturada por planos bem compostos e lindamente iluminados foram o que mais gostei no filme. Aplaudo também o tratamento dado à personagem Theo nas sugestões muito bem encaixadas de sua sexualidade "desviante" em plenos anos 60 para burlar a censura imposta pelo código Hays. E, para fãs de "A Maldição da Residência Hill", adaptação excelente de Mike Flanagan para a Netflix, ficam evidentes aqui muitas das inspirações do diretor, as estátuas, a dança de Nell, a escada em espiral... são muitas, e encontrá-las foi divertido.
Considerando que este foi um dos filmes que escreveram a cartilha do "horror de casa mal-assombrada", é de se admirar o que o diretor Robert Wise alcança estabelecendo tropos que são usados até hoje. Apesar de diálogos algo repetitivos, pouca ação de fato a maior parte da projeção e uma protagonista insuportável, os 20 minutos finais são bem tensos e fazem jus ao termo "clímax".
Quero ver agora a famigerada adaptação de Jan De Bont de 1999.
Invocação do Mal 2
3.8 2,1K Assista AgoraTalvez um pouco inchado na duração, mas ainda melhor que o primeiro. Gosto bastante da direção do James Wan neste, tem mais nuances na construção dos personagens e suas inter-relações, como a cena em que Ed Warren (Patrick Wilson) toca "Can't help falling in love" no violão, uma cena linda. Me senti bem mais conectado com esta família, o que torna as cenas sobrenaturais não apenas assustadoras, mas tristes.
A parte técnica serve à narrativa, com CGI um pouco mais perceptível do que eu gostaria (na verdade prefiro efeitos especiais práticos); posicionamentos e movimentos de câmera espertos e sustos eficazes. James Wan did it again.
Fama Para Todos
3.7 15O ingênuo Jean e a sua fé inabalável no talento artístico da filha, Marva, o levam a tomar péssimas decisões depois que perde o seu emprego, criando um efeito bola de neve.
Eu me apaixonei pelos personagens, pelo tom despretensioso do filme, o plano é tão estapafúrdio que é evidente que não vai dar certo e isso me deixou bem tenso. O clímax é grandioso e me surpreendeu. To com "Lucky Manuelo" na cabeça. Pequeno grande filme.
Operação França
3.9 253 Assista AgoraMuito bem dirigido, tenso, tem uma pegada crua que eu associo ao cinema do William Friedkin. A tal cena de perseguição que sempre vi descrita como a melhor do cinema é realmente espetacular, mas a minha preferida foi a do Popeye seguindo os passos do francês no metrô, entrando e saindo do vagão 😂 brilhante! Gene Hackman está muito bem no filme... Filmes dos anos 70 têm todo um charme, uma granulação na película.
Obs: acho o sangue nesse filme muito rosado kk.
Mr. Thank You
3.7 8 Assista AgoraGostei do filme. Muito charmoso e bem realizado. O aspecto bucólico das paisagens, a fotografia tem uns momentos que remetem a um sonho, o ritmo mais lento dos diálogos (acho que fica mais saboroso de apreciar esse detalhe porque o cinema falado ainda estava engatinhando), a gentileza das pessoas, o recorte da vida daquela sociedade rural do pré-1945, as dificuldades econômicas extremas. A personagem que toma uns drink, tão moderna, tão refinada, minha preferida ela. E eu quero casar com o Arigato-San! O final me surpreendeu.
Halloween: O Início
3.2 861 Assista AgoraComecei o filme não curtindo a proposta de "explicar o contexto familiar e social do psicopata", pois Michael Myers é desses ícones do terror que, para mim, quanto menos sabemos, mais assustador. Porém, quando me dei conta, estava super absorto pela direção do Rob Zombie; o olhar dele tem algo quase documental em muitos momentos, tem uma crueza. Boas atuações, cenas bem construídas, toda parte sonora é muito bem usada, como no clássico de John Carpenter, que volta com Debra Hill para escrever o roteiro... A fotografia meio granulada dá à imagem uma textura quase de película 16mm, curti. O primeiro terço do filme é surpreendentemente bom.
Mortes como
a da irmã de Michael e do personagem do Danny Trejo
Uma pena o bom casting do filme não ter acertado justo na Laurie. A atriz é apenas funcional, não tem qualquer brilho particular e a importância da personagem foi minimizada para enfatizar Michael 100% nesta versão atualizada. As cenas de Laurie com aquelas amigas dela foram insuportáveis, mesmo sabendo que uma delas é a inesquecível Jamie do 4 e 5, Danielle Harris, que aqui faz a filha do xerife interpretado por Brad Dourif, o próprio boneco Chucky — mais um easter egg bem legal.
Conforme nos aproximamos do dilatado clímax, o diretor carrega muito na câmera tremida, tendência forte na década de 2000, e me perdeu um pouco.
Há boas cenas ainda, mas evidenciou que o ritmo do filme se beneficiaria de uns 15 minutos a menos na duração.
A Gruta
1.2 39Sou um entusiasta do cinema de guerrilha nacional, feito na raça com pouca grana, em especial filmes "de gênero", como o terror, que rendem ótimas ideias se executadas com visão artística e um mínimo de cuidado na produção. E nos últimos anos tem havido um movimento muito interessante de produções do tipo no nosso cinema, trazendo novos olhares e possibilidades à mesa, o que me deixou curioso para conferir este "A Gruta". Fui com o coração aberto e as expectativas baixas... mas nem mesmo estas foram atendidas.
A direção de Arthur Vinciprova (que também interpreta o personagem Jesus) é fraca, escolhendo caminhos óbvios e genéricos, executados de forma mais incompetente que suas inspirações. Ele acerta esporadicamente no uso de efeitos sonoros, como portas rangendo, passos e vozes para criar suspense, ou seja, recursos da pós-produção, porque fora isso, a captação de som direto do filme é bem ruim, ao ponto de precisar assistir com legendas para entender os diálogos... A edição também poderia ser mais precisa, resultando em poucos 'jump scares' realmente eficazes.
O filme é de baixo orçamento, mas isso não justifica a falta de esmero e acabamento na produção. O trabalho de iluminação é nulo, com cenas escuras demais onde não há fonte de luz além das diegéticas (um equívoco bem amador) e evidentes aberrações cromáticas sem nenhum propósito dramático ou artístico.
A atuação de Carolina Ferraz é sólida - a única que confere alguma dignidade ao filme. Luciene Martes, atriz experiente que faz a guia da exploração da caverna, tem uma performance tão fraca que me pergunto se foi intencional ou se ela foi a única que aceitou o papel. Pelo menos a fisicalidade que a personagem pediu, ela entregou.
Para fechar, o roteiro (também de Vinciprova) deixa muitas pontas soltas, especialmente sobre o passado da personagem Helena, a cena de abertura que se pretendia contextualizar, mas acaba soando gratuita, e ainda conta com diálogos sofríveis como "O que esse rapaz fez foi um homicídio culposo premeditado" (?)... Isso para não falar do seu maior problema que é demonizar religiões de matriz africana, a coisa mais preguiçosa e nociva desse filme tão irregular.
No fim, fica a impressão de uma tentativa mais para atender a um desejo egóico do diretor, roteirista e co-protagonista do filme, do que para contar uma história da melhor forma que conseguiu, afinal desempenhar tantas funções e entregar algo relevante e bem-acabado não é fácil. Uma pena mesmo.
Rua do Medo: 1666 - Parte 3
3.5 513 Assista AgoraÓbvio que há em "Rua do Medo: 1666" facilitações narrativas (como nos anteriores) que exigem bastante da nossa suspensão da descrença, como a relação da protagonista com seu pai, tão permissiva e 'de boas' que parecem estar em 2022; Personagens pobres que sabem ler em pleno séc. XVII e, mais que isso, MULHERES pobres que sabem ler em pleno séc. XVII (!); E a reutilização do elenco anterior, mas como quase todos morreram, esse detalhe é quase como uma recompensa a quem chegou até aqui... Inclusive a protagonista de "1994" Deena e seu interesse romântico Samantha, se beneficiam muito das suas reencarnações como Sarah e Hannah, respectivamente, não só pela história trágica de amor, mas pela composição mais carismática das personagens.
A ambientação dessaturada que bebe de filmes como "A Vila" e "A Bruxa" entrega um tom mais sombrio e transfere a ameaça desta vez para o ser humano; Diálogos como "Eu não tenho medo do demônio, eu tenho medo do meu vizinho" ecoam fortemente em um 2022 onde o pensamento não-racional/não-científico são uma realidade cada vez mais assustadora. Bastava um homem fazer uma acusação e esta era automaticamente respeitada e assumida como verdade em uma sociedade onde a Bíblia era a lei, e qualquer comportamento feminino que fugisse de seus dogmas era visto como bruxaria.
O segundo ato termina no clímax onde é revelada a origem da maldição e temos uma reviravolta bem realizada que é o ponto alto de toda a história, construído com ritmo hábil e tensão na medida pela diretora Leigh Janiak, que co-escreve o roteiro, amarrando todas as pontas soltas satisfatoriamente, não sem alguma exposição (não se pode ter tudo).
Quando retornamos a 1994, há uma mudança brusca de marcha e um clima quase inofensivo, meio "Scooby-Doo", que se estabelece na sequência do shopping e já não conversa com o peso do que acabamos de ver no passado, e acabam inchando o ritmo e diluindo o 'momentum' recém-adquirido com Sarah Fier.
Contudo, a conclusão da trilogia tem um saldo mais positivo que negativo, com entretenimento juvenil, mas que faz refletir sobre questões de gênero e homofobia ao longo dos séculos, os malefícios do fanatismo religioso como pensamento padrão de uma sociedade, e até o poder destrutivo das fake news! O que foi aquela assembleia na igreja se não um grupo de 'zap' onde factoides eram espalhados, resultando em linchamento de inocentes como acontece até hoje? Esse é o tipo de idade das trevas baseada em desinformação, exaltação de ignorantes e comportamento de manada que interessa a certos grupos trazer para o nosso dia a dia. Vendo por esse ponto de vista, dá sim, medo.
Rua do Medo: 1978 - Parte 2
3.5 549 Assista AgoraDecididamente melhor que o primeiro volume, este segundo "Rua do Medo" acerta em quase tudo, afinal quem não ama um slasher de acampamento?
O estilo do final dos anos 70 baseado em "Sexta-feira 13" é muito bem realizado em sua fotografia com cores quentes e na narrativa que se leva um pouco mais a sério, investindo mais em suspense e gore. As mortes bem gráficas e chocantes, inclusive, foram outro ponto alto do filme para mim.
Os personagens são mais carismáticos e mais bem desenvolvidos e isso torna suas mortes mais sofridas para nós. O casting mais uma vez é muito bom, com destaque para a Ziggy de Sadie Sink, cujo star power é incontestável.
A trilha musical onipresente não me incomodou por ter uma função irônica, dando o toque 'campy'. A trilha incidental de Marco Beltrami ("Pânico") sempre entrega. E gostei das referências a David Bowie por toda parte.
Em "1978" a mitologia da bruxa Sarah Fier é expandida, assim como o mecanismo de seu feitiço, com desdobramentos interessantes e que preenchem lacunas deixadas no primeiro, ao mesmo tempo que abre novas questões para o desfecho da trilogia.
Rua do Medo: 1994 - Parte 1
3.1 773 Assista AgoraO que me ganhou no projeto "Rua do Medo" foi a proposta de fazer uma trilogia baseada na série de livros de R. L. Stine como uma celebração/homenagem ao gênero terror, trazendo mudanças de estilo, tanto estético quanto de direção, em cada um dos filmes da trilogia de acordo com o período temporal em que se passa a história.
Neste "1994" a diretora Leigh Janiak usa, desde a cena de abertura, doses cavalares de referências ao maioral dos anos 90, que foi "Pânico". Porém já ali ela subverte algumas expectativas enquanto usa a cartilha do clássico de Wes Craven, então o que vemos aqui é um slasher mais autoconsciente, que se utiliza do humor 'camp' para brincar com clichês, muita metalinguagem e mortes bem gore.
Os updates que o filme traz para dialogar com a geração Netflix e deixá-lo 'fresh' como foi "Pânico" em 1996, porém, são a protagonista negra e queer; a objetificação do corpo masculino como uma espécie de reparação histórica dentro do gênero (?); e adicionando o elemento sobrenatural de maneira a justificar a "imortalidade" do(s) assassino(s).
Talvez esse primeiro filme se apoie demais em 'easter eggs' e deixe a desejar em aspectos narrativos e de direção? Talvez sim.
O filme é, sim, inconsistente na construção dos personagens, tem um ritmo exageradamente frenético, conveniências de roteiro óbvias demais e atmosfera de suspense fraca, preferindo investir em sustos fáceis... Entretanto como pontos positivos, o trabalho de maquiagem é essencial para este tipo de filme e aqui não decepciona; existe a preocupação com a criação de uma mitologia própria a ser melhor explorada nos próximos filmes; convenções do gênero são novamente destruídas aqui de um jeito inesperado; o casting de Carmen Cuba (de "Stranger Things") é muito eficaz, a maioria do elenco é bem acima da média e a direção acerta especialmente no estabelecimento da relação de amizade dos personagens e na conexão deles com o espectador, ao ponto de eu ter me preocupado real com a segurança deles e até sofrido em algumas cenas!
O combo de tributo, despretensão, quebra de expectativa, metalinguagem, boas doses de gore e algum coração, superaram os deslizes de "Rua do Medo: 1994" para o meu gosto e foram o bastante para me deixar intrigado com os desdobramentos.
A Casa dos Maus Espíritos
3.6 162 Assista AgoraVincent Price e seus diálogos sarcásticos com Carol Ohmart, também ótima, foram os principais atrativos do filme para mim. Os sustos à moda antiga têm aquele charme crafty, old-school. A narrativa é bem mais compassada e o plot por trás de tudo é divertido.
Eu cresci vendo e adorando o remake de 1999, achava medonho. E agora percebo várias homenagens a este aqui, principalmente nos personagens de Geoffrey Rush e Famke Janssen.
Obs: achei a Carol Ohmart parecida com a Sophie Turner, a Sansa de GOT, vocês não?
Aquaman
3.7 1,7K Assista AgoraToda parte técnica impecável me fez sentir certo arrependimento de ter perdido este em IMAX.
Gostei muito da direção do James Wan. Através de todo o controle que há por trás de um produto como "DC's Aquaman", o diretor parece estar se divertindo e colocando ali sua assinatura; toques de cartoon em algumas cenas (o herói caindo pelo telhado da velha na Sicília) e de terror em outras (as criaturas do Fosso subindo pelo barco foi mais "assustador" que qualquer coisa que Sam Raimi fez em "Multiverso da Loucura")... Wan filma cenas de luta tão bem e com tanto dinamismo, que me senti dentro delas.
O elenco é bem funcional sem grandes destaques, a criação de universo é muito feliz, todo o conceito de "naves" e exércitos subaquáticos faz o filme parecer algo espacial (que eu considero outro acerto da direção), e por mais que tenhamos visto pouco dos outros reinos, o conceito de cada um deu um gostinho do que pode vir aí em possíveis futuros filmes.
Outro "filme de herói" que eu não dava nada e me surpreendeu muito positivamente.