Dentro de cada ato ou fato aparentemente sem sentido, há um sentido intrínseco habitando os momentos incompreendidos. Em uma primeira visão esse filme de impressionante ardor visualmente entrelaçado em um buscar sem fim é, não posso negar, ótimo. Precisa-se vê-lo essencialmente pela sua cinematografia incrível e da forma como a câmara é utilizada. Planos detalhados e maravilhosos, cores vívidas, sets incríveis dentro de edifícios Art Deco, tudo isso tem um efeito visual surpreendente. Também não posso deixar (ou negar) de dizer que o enredo é misterioso e complexo. É, em uma realidade irreal, tudo sobre um assassino que está matando as pessoas dentro de suas casas, mas sem quebrar alguma coisa ou deixar qualquer pista. Mas quem é este assassinato, afinal? Enfim, esse é um daqueles filmes que você não pode descobrir toda a trama à primeira vista! Pelo menos eu não! Mas fiquei espantado com as cores estranhas deste filme! -------------------- O filme está em meu blog (Índice Suspense, página 7)
É um filme gostosinho, não acrescenta nada, mas é gostosinho - típico besteirol americano de menino descobrindo sua sexualidade e, antes que o pessoal de filmow elimine meu comentário (a previsão de estréia no cinema é OUT/14), digo que esse filme está em meu blog: Índice COMÉDIA, página 18.
"Como será o amanhã, responda quem souber..." já cantarolávamos nos idos dos anos 80 talvez antevendo do que seria o hoje que vivemos: fome, pobreza, os Estados Unidos sempre invadindo aqui e acolá se fazendo xerife do mundo ou invadindo nossa privacidade em um mundo jamais imaginado antes que realmente acontecesse. E no ex-país do futebol São Paulo morre de sede enquanto lá pelas bandas gauchas peixes e sapos morrem afogados e quem imaginava o PT de Lula como o partido mais corrupto de toda a breve história da democracia brasileira? Mas deixemos de lado essas mazelas que aqui é lugar de falar de cinema, de filmes e hoje falo desse "Sentidos do Amor (Perfect Sense)", um filme muito profundo que descaradamente faz uma crítica à sociedade capitalista, às relações de consumo, à destruição do planeta, às relações humanas "líquidas" (Bauman - Amor líquido) nessa sociedade. Alguém ainda lembra o que falei (escrevi) lá em cima? Pois é, não é para lembrar o que se vive no hoje enquanto se assiste esse ótimo retrato de um amanhã possível onde Eva Green (Susan) nos arremete para uma realidade insana enquanto Ewan McGregor (Michael) interpõe-se embalado pelo seu fazer diário talvez retirando o olhar ora amedrontado, ora descrente, com força magistral pelo ótimo David Mackenzie. Acho que não preciso falar mais nada, a não ser que o filme está em meu blog (índice ROMANCE, página 10)!
Há um que de maravilhoso na arte da grande tela e, muito mais e estranhamente gostoso, é o teu olhar ao assistir um filme. O que tu vê e o que tu sente é somente teu e as tuas impressões são pessoalmente tuas. Começo assim após ler os comentários e impressões sobre On Connâit la Chanson que sugere uma leve comédia de boulevard, repleta de cançonetas, baguetes e torres Eiffel. De certa forma, é isso mesmo. O humor transborda dos diálogos, as canções irrompem a todo momento da boca dos personagens, Paris está presente até no fundo das cenas interiores, e nem as baguetes deixam de ter seu momento de glória. Amores Parisienses é provavelmente o filme mais descontraído da carreira de Alain Resnais – e o melhor em muito tempo. Mas passa bem longe do boulevard.
Para começar, a comédia gira em torno de temas recorrentes no autor de O Ano Passado em Marienbad e Meu Tio da América: História, memória, acaso, suposições, enganos. A trama, irresumível, movimenta uma ciranda de personagens. A executiva Odile (Sabine Azéma) vive uma tripla crise – conjugal, de consciência e de moradia. Sua irmã Camille (Agnès Jaoui), guia turística acometida de síndrome do pânico, encanta-se por um agente imobiliário (Lambert Wilson) ao qual você não confiaria as chaves do seu apartamento. Um escritor de radionovelas (André Dussolier) e um homem de negócios (Jean-Pierre Bacri) também gravitam em torno delas. Nada de sério, mas muito de engraçado, acontece entre eles. O melhor: ninguém sabe de fato o que o outro é.
Assim como Odile acaba comprando um novo apartamento sem suspeitar que um prédio mastodôntico logo será construído à sua frente, roubando-lhe a bela vista da cidade, o espectador de Amores Parisienses deve estar preparado para um filme alheio aos cartões postais da comédia romântica. A peça principal da cenografia é uma horrenda escultura que se assemelha a uma pilha de pratos por lavar, erguida diante do novo prédio de Odile. A Paris que se deixa entreolhar ao longo do filme é impessoal e indiferente. E na seqüência da festa final, para onde convergem todas as pontas da história, Resnais se dá ao lixo de fundir a imagem dos atores com uma pavorosa água-viva em movimento. Ora, bolas. Quem não embarcar na ironia com que tudo é tratado corre o risco de comprar gato por lebre. Ao mesmo tempo em que celebra o amor e a compaixão, Amores Parisienses zomba da seriedade que atribuímos a tantas coisas fúteis e da nossa imensa capacidade de nos fazer de trouxas. Por trás da divertida quadrilha de flertes e equívocos encontra-se gente deprimida, cínica e amarga. Apesar disso, o que prevalece no filme é a estranha sensação de presenciar doentes que cantam. Literalmente. Quando menos se espera (na verdade, esperamos o tempo todo), os atores passam da fala ao canto e de volta à fala, como se abrissem espaço para um pensamento ou mesmo complementassem um diálogo. O efeito é ora hilariante, ora simpaticamente ingênuo Quem canta seus males espanta, já dizia o velho ditado. E é a partir dessa idéia banal, o veterano Alain Resnais, 80, só confirma seu lugar no panteão dos monstros vivos do cinema: aqueles que, a despeito da idade, guardam o poder de assombrar. O autor de obras tão absolutas como "Hiroshima Meu Amor" e "O Ano Passado em Marienbad" compõe, em "Amores Parisienses", aquilo que na linguagem musical se chama "divertimento". Para resumir, "Amores Parisienses" é uma ciranda, uma dança em que os pares se formam e se deformam no ritmo da música. Portanto, aqui uma crítica aos críticos aqui em filmow, não se engane com o título brasileiro infame. "Amores Parisienses" é um quase-musical. Não chega a ser um musical no sentido estrito porque não utiliza a dança como fator de encantamento. Mas chega bem perto de ser um musical, com toda aquela artificialidade associada ao gênero, no qual ao menor estímulo os personagens disparam a cantar. Um filme gostoso de se ver e deliciosamente alegre que alegra os 117 minutos de sua duração. ----- O Filme está em meu blog no Índice COMÉDIA, página 18.
Curiosidades e Informações extras: ● Primeiro longa-metragem de ficção do diretor Marcelo Lordello. ● Cerca de 90% do elenco é formado por pessoas que não eram atores antes das filmagens, entre eles a protagonista Maria Luiza Tavares. ● Eles Voltam foi rodado com apenas R$ 47 mil, tendo recebido mais R$ 200 mil via editais públicos para sua finalização.
Prêmios e Indicações: ● 45º Festival de Brasília – 2013. ▪ Ganhou: Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Atriz Coadjuvante
Apesar de ser auto proclamado "Um dos melhores filmes pornô produzidos na Boca do Lixo de São Paulo", não passa de um pornô de baixíssima qualidade e, cá para nos, nem as mulheres são bonitas porém, para os amantes dessa categoria de filmes, fez sucesso. -------- O filme está em meu blog no índice ADULTO (+18), página 3
● Primeiro filme brasileiro a ter cenas de sexo explícito. ● Lançado na década de 80 no famoso Cine Windsor; na avenida Ipiranga em SP, por se tratar do primeiro filme pornográfico, as filas davam volta no quarteirão. ● Consiste em três episódios, Raffaele Rossi dirigiu dois episódios e Laente Calicchio o último. O filme está em meu blog (Índice ADULTO, página 3)
Meu DEUSSSSSSS! Péra, pér'aí que preciso respirar antes de falar sobre esse pervertido 'Pervert!' (2005) que é uma radical comédia de terror com doses elevadíssimas de adrenalina e libido sexual. Um verdadeiro festival de bizarrices e toscarias e o que é estranhamente não ilusório, da melhor qualidade. Quiçá um filme que certamente ficará grudado na sua retina por muito tempo. E não tenho outra coisa a declarar que não seja um verdadeiro Clássico Trash que - tem mais, não desgrude o olho - ainda conta com um time de atrizes de dar inveja ao lendário Russ Meyer. Não tenho como comprovar, mas o diretor Yudis certamente há de ter se inspirado nas comédias picantes e radicais de Meyer, só que foi além do Mestre ao adicionar sangue e tripas ao conteúdo da história (argh!). Pervert ! é inédito no Brasil e uma raridade na rede, mas é um daqueles filmes que merece ser conhecido e apreciado pelo público cinéfilo. Mas não resta dúvidas que os mais sensíveis ou moralistas devem evitá-lo! ------- O Pervertido! (Pevert!) está em meu blog onde o alojei entre os Suspense.
Não é de hoje que a animação me maravilha, minha infância foi recheada de filminhos pescados por papai na velha Europa ou em festivais de teatro que participou lá pelas bandas de baixo desse brasilzão desencantado de futebol (putz! que tenho de falar nisso, na bastou os 7x1 e o 3x0?) e fértil em artes em cujo meio vivi desde que nasci. Mas não é sobre isso, e nem sobre minha infância, que sento diante do computador, hoje (agora) falo dessa animação sueca que concorreu a alguns prêmios e que trouxe um jeito diferente de contar uma narrativa, praticamente com influências do vanguardista livro ‘1984’ de George Orwell. O cidadão sendo cercado e espionado pelo estado (essa tema sempre me assusta porque antes ficção, agora é real). Ainda temos a crítica da sociedade de consumo e à televisão. ‘Veja a propaganda, compre e consuma’. Porém, acho que o forte da animação fica mais por conta de sua técnica e nem tanto pelo roteiro. Não que o roteiro seja sofrível, longe disso, mas esse é um filme que se arrasta um pouco e caso o espectador não entre na história, pode sentir sono e pedir para que tudo acabe. Baseado mais em diálogos e não em cenas de ação (salvo os 10 minutos finais). E o que alar da técnica? Meninos, essa animação não fica nada devendo a um filme com pessoas reais. Apesar de os personagens terem um cabeção perto de um corpo pequeno (o que pode parecer estranho logo de início), a sensação de cor e de traços são excelentes; um contraste entre sombrio e colorido e até a arquitetura dos ambientes é bem delineada. Não bastasse isso, os personagens casam muito bem com as vozes de seus dubladores, como é o caso de Vincent Gallo e Juliette Lewis; e tudo é adulto demais, nada infantil. Metropia é um desses filmes que não dá para recomendar facilmente, mas caso você goste da temática ao estilo 1984, ou seja um forte fã da animação como eu, vai admirar e se encantar! E sabe outra coisa? Ele (Metropia) está em meu blog, corra! Vá lá e assista.
------- Em tempo: Sou filho de Ubiratan Teixeira, teatrólogo, contista, romancista, cronista e membro da Academia Maranhense de Letras (cadeira 36) que hoje anda bolinando nas anjas nas terras de nosso Senhor e, para minha eterna tristeza, hoje - 15/07/2014 - faz exatos 30 dias que se foi... Bença pai!
Andei titubeando, gostei tanto do Rio que temia Rio 2, tive medo que esse matasse aquele. Mas devo admitir que, ao final, Carlos Saldanha se supera e que esse seu Rio 2 é um desses casos em que é inevitável falar não apenas do filme, mas sobretudo do que está em torno dele. E o que está em torno dele é o Brasil, nada mais nada menos. Mas vamos por etapas que do ponto de vista da técnica e da linguagem haveria pouca coisa a obstar nessa animação extremamente competente, inventiva e divertida. A boa amarração dos vários focos narrativos, os números musicais de um delírio geométrico à maneira de Busby Berkeley, o ritmo contagiante, o humor sagaz, as referências jocosas que vão de Shakespeare a Gloria Gaynor ("I will survive"), a exuberância da luz e das cores, tudo funciona quase à perfeição para configurar um entretenimento honesto e eficaz. Aqui um algo a ser mitigado: Se Rio explorava o tráfico de animais silvestres, desta vez o foco é o desmatamento da Floresta Amazônica e a consequente extinção dos animais que lá vivem. Porém o roteiro se perde em vários momentos ao tentar intercalar as várias subtramas: da falta de ambientação de Blu na floresta à busca por vingança de Nigel contra o protagonista, da exploração da mata já citada à implicância de Eduardo, pai de Jade, com o genro. Às vezes uma história fica tempo demais na tela enquanto outras, que ainda estão se desenrolando, são esquecidas. Um problema de edição também. Porém temos que convir que se o roteiro tem estas pequenas falhas, por outro lado diversão é o que não falta. A busca por um cantor na floresta rende uma das cenas mais divertidas e sem pudores com um humor negro que não é esperado neste tipo de produção. Sem contar que o design de produção, as cores, os detalhes, estão mais vivos do que nunca, deixando o público encantado com tamanha dedicação e cuidado da animação, que salta aos olhos – mesmo que o 3D, como tem ocorrido muitas vezes, não faça mais do que mostrar uma profundidade de tela. E aqui a certeza de que o que ajuda a deixar o espectador ainda mais maravilhado são as performances musicais, que, além de belas e que misturam samba, bossa nova e pop chiclete, são colocadas de forma pontual na tela, em momentos-chave para o entendimento da trama. Com isto, Roberto, personagem dublado pelo cantor Bruno Marz, ganha alguns momentos apenas pelo seu timbre de voz. Já a versão de um clássico gay cantada por Nigel, por exemplo, é uma das mais inspiradas, assim como a opereta de sua companheira de maldades Gabi, que, através da música, mostra toda sua paixão de Julieta pelo Romeu vingativo. Esta excepcional trilha sonora já se torna a primeira séria candidata a premiações do próximo ano devido à alta qualidade. Então, depois disso tudo, o retorno de Carlos Saldanha após três anos em cima deste projeto pode não ser considerado o melhor trabalho do diretor e nem Rio 2 a melhor animação de 2014, mas, ainda que superficialmente, ao bater em pontos como o desmatamento, a extinção e as diferenças entre animais domesticados e selvagens, o filme cumpre não apenas um caráter de diversão, mas também de conscientização. Resta aguardar um terceiro capítulo da saga das adoráveis araras azuis e seus companheiros. Sucesso há de fazer. Merecidamente Só tenho a dizer mais uma coisinha: O filme está em meu blog (Índice Animação, página 7). Pronto, tenho dito!
Meus meninos e meninas, não sejam tão duros e saibam que por ser uma interpretação livre de trechos do livro da Gênesis, Noé é um filme que assume licenças poéticas e não procura ser fiel a fatos históricos ou crenças religiosas. Elementos como criaturas mitológicas e um figurino estilizado o tornam mais próximo de ficções científicas pós-apocalípticas e fantasias no estilo O senhor dos anéis do que de clássicos bíblicos como Os dez mandamentos (1956). E é por essa liberdade é que favorece a construção do espetáculo audiovisual que torna o filme único, lembrem-se também que o diretor Darren Aronofsky (Cisne negro) costuma usar os recursos técnicos do cinema atual com exagero para provocar o máximo de impacto sensorial sobre a plateia, o que torna a narrativa épica da Arca de Noé ainda mais apoteótica. Mas não é uma obra de toda pecaminosa (se vermos o filme como reconstituição de uma passagem bíblica preponderantemente importante para a criação da própria religião) e vejam que o que mais continua presente em relação às escrituras sagradas são valores como o maniqueísmo, que divide os homens entre bons e maus, sem intermediários, com a punição acima do perdão ou do diálogo. Nesse aspecto, o filme é coerente com os tons moralistas da filmografia de Aronofsky: Em Réquiem para um sonho, ele retrata personagens impiedosamente castigados por causa das drogas; Em Cisne negro, a bailarina enlouquece ao tentar controlar seus instintos sexuais; Em O lutador, o protagonista perde a filha definitivamente por causa de uma farra em um bar. No caso de Noé, a constatação sobre os rumos da humanidade ao longo dos séculos é o que permitirá um julgamento sobre as decisões tomadas pela família interpretada por astros como Russel Crowe (Gladiador), Emma Watson (Harry Potter) e Douglas Lerman (Percy Jackson) que, hão de convir, deram corpo e caras novas às caras e corpos há muito imaginados e, em alguns casos, já mostrados ou na grande tela ou na telinha das televisões. É, não resta dúvidas, um bom filme que você poderá assistir em meu blog (Índice Épico/Religioso, página 3) sem delongas e, também, legendado e dublado.
Há quem goste e quer assistir, porém não espere grandes coisas desse canadense tipo 'C'. Se depois de tantas críticas ruins ainda queres ver, vai em meu blog (Índice Terror, página 8), mas não vá dizer que não avisei!
Não poderia ser diferente, o cinema espanhol tem sofrido as dificuldades provocadas pela crise econômica e este filme apesar de muitas criticas negativas, andou arrebatando vários prêmios. Revelação do Sindicato dos Roteiristas (para Maria Leon, que faz a jovem Pepita) e também levou o Goya da categoria. Também teve Goyas de canção Nana de la Hierbauena, e atriz coadjuvante Ana Wagner, assim como indicações de filme, figurino, diretor, atriz Inma, ator Clotet e roteiro. Maria foi também melhor atriz no Festival de San Sebastian e outros menores. O diretor Zambrano andaluz de Sevilha como a produção fez antes Solas (99) e Habana Blues (05). Trocando em miúdos, é um drama sobre a Guerra Civil enfocado sobre mulheres que apresenta o assunto com certa ferocidade. Ao menos tem algumas sequencias de fuzilamento feminino e uma cena muito forte em que uma freira graduada bate violentamente numa mulher acusando-a de comunista! Já nos letreiros o diretor já da explicações, dizendo e tudo o que sei sobre parece confirmar que logo depois do fim da Guerra Civil Espanhol, o ditador Franco, o Caudilho, tratou sem a menor humanidade os vencidos, que eram quase todos comunistas de carteirinha. Transformou tudo aquilo em Guerra Santa. Diz ter feito este filme em homenagem as mulheres que choraram em silencio, nas portas dos cemitérios, mulheres que sofreram encarceradas, torturas em prisões, muitas vezes morrendo nas mãos de pelotão de fuzilamento. Prosseguindo numa ditadura que perduraria durante mais de 30 anos, isso em plena Europa moderna. Não preciso contar a historia. Basta dizer que tudo é muito dramático, tendendo ao choro e que talvez tivesse ainda maior impacto caso fosse apresentado com mais distanciamento. De qualquer forma, é bem capaz de ter surgido como resposta aos filmes produzidos pelos católicos radicais que fizeram, por exemplo, There Be Dragons com Rodrigo Santoro. -------------- O filme está em meu blog (Índice Drama, Página 35) livre e gratuito...
Confesso que sou um enorme fã do cinema iraniano e não é apenas porque os cineastas iranianos conseguem tirar de fatos e personagens comuns transformando em filmes extraordinários com atores amadores e histórias curtas, simples e emocionantes, além do que o Irã causou grande impacto na década de 90 no mundo cinematográfico com filmes premiados como O Balão Branco e O Gosto de Cereja. Dirigido pelo irregular Abbas Kiarostami (não se espante, continue lendo), o filme acabou sendo um dos principais disseminadores do injusto estereótipo aplicado aos filmes iranianos: história cotidiana com direito a muitas crianças e uma certa dose de sentimentalismo. Está certo, alguns são assim, mas de maneira alguma ele pode ser inferiorizado e encaixado apenas nessa categoria. O filme tem as qualidades que me fizeram adorar outras jóias como “Filhos do Paraíso” e “A Cor do Paraíso”, a história simples e direta baseada no cotidiano, o tom emocionante, mas nunca apelativo e a preocupação em também servir como um painel da sociedade iraniana, principalmente das áreas mais pobres. É curto, apenas uma hora e vinte e cinco minutos, mas pungente. A trama que parece ser banal, para nossos parâmetros ocidentais, abre espaço para uma série de simbolismos, as longas sequências passadas acompanhando os deslocamentos do protagonista, marca registrada do cinema do Kiarostami, podem ser vistas como símbolos de longas jornadas emocionais, assim como nos outros exemplos dados do cinema iraniano, há uma certa preocupação em passar algumas lições de morais nas entrelinhas, neste caso a solidariedade sem limites ou o fim do egoísmo, mas tudo de forma bastante sutil. Talez Abbas Kiarostami já tenha errado bem mais que acertos, mas esse filme o redime em parte. Mantendo sempre o tom leve, terno e despretensioso “Onde Está a Casa do meu Amigo?” é um bom exemplo do encanto que o cinema iraniano produz nas pessoas. E também como os seus exemplares é capaz de conquistar até os mais austeros dos espectadores. ------- Assista em meu blog.
Precisamos deixar claro ser um filme deprimente e denso, duro e cruel, mas que retrata as condições subumanas das crianças em alguns rincões onde sobreviver é preciso, viver somente é um tempo. Aos poucos nos damos conta de que essa realidade - dos irmãos que sobrevivem sem viver - talvez não seja tão distante do viver vivido nesse país sem coração e que se ocupa mais com obras faraônicas de uma copa do mundo em detrimento ao que se passa em nossos campos de guerra diuturnas, por aqui mais vale o voto, a perpetuação no poder ao discurso - antes bonito e recheado de boas intensões hoje sabidamente mentirosas - que enfeitam (e enfeitarão) os palanques mesmo nos bolsões de miséria. Nem sei se vale sofrer, só sei que esse é um filme denso de uma intensidade perversa. Muito bom, muito bom mesmo! -------------- Ainda não viu? Acesse meu blog (Índice Drama, página 35) que lá está!
A industria cinematográfica indiana não é recente, o primeiro filme indiano lançado na Índia foi Shree Pundalik um filme mudo em Marathi por Dadasaheb em 18 de Maio 1912 na 'coroação' de Mumbai. A partir do final do milênio passado o pessoal de lá resolveu parar de importar 'coisas de americanos' (leia-se filmes holiudianos) e passaram a produzir suas películas aplaudidas pelos locais fazendo florescer o que, por aqui, chamamos de 'Bollywood' (genericamente falando visto que esse é mais representado por produções no dialeto Hindi, o mais falado por lá) porém por lá uma mistura de idiomas e dialetos (o que se fala em uma província não é entendido em outra) fez surgir um sem número de estúdios espalhados pelo país que passaram a representar o dialeto de onde estavam: Cinema Assamese (na área do dialeto Assamese), Cinema bengali (na área onde falam Bengali), Cinema Bhojpuri, Cinema Chhattisgarhi, Cinema Gujarati, Cinema Hindi ou Cinema Bollywood em cuja área vem 'Gunday', Cinema Kannada são os principais movimentos. Não foram, nos primórdios, filmes bem trabalhados (a maioria ainda filma em preto e branco e utilizam atores amadores) porém em algumas áreas - Bollywood a principal - passaram a primar por suas produções sem que, no entanto, possamos chamar de bons e/ou ótimos filmes sendo, a grande maioria, filmes de ação. Gunday não é um filme bom, também não é ruim de todo. Talvez se fosse menor (135 minutos é um exagero) poderia ser mais atraente como atraente é Priyanka Chopra sem ser uma boa atriz. É um filme estranho as padrões ocidentais, mas por lá foi um frisson! ------ Ainda não viu? Acesse meu blog (Ação/Aventura, página 14).
Confesso que nem sei como cheguei a esse filme repleto de interpretações excepcionais e participações como a de Corinne Masiero, Lulu, Nua e Crua tem sua força nessas atuações fortalecidas pela ótima direção e roteiro de Sólveig Anspach, baseado na história em quadrinhos de mesmo nome escrita por Étienne Davodeau. Se na HQ a história de Lulu é contada através de depoimentos daqueles que recebem seus telefonemas, aqui Anspach, também uma reconhecida documentarista, acompanha Lulu como uma voyeur, e fundamenta muito de suas cenas na participação dos atores, estimulados a improvisar em cena, o que torna a história ainda mais orgânica e intensa. Lulu, Nua e Crua é o que podemos chamar de road-movie sem amarras – não se prende a estradas, veículos ou convenções, apenas segue seu curso, sem se fixar a lugar nenhum. É a busca pela felicidade e o contato com o íntimo. É o conhecer-se em sua plenitude. É a afloração da feminilidade em sua forma mais pura. Em uma das melhores representações de sua carreira, que a fez ganhar o prêmio de interpretação feminina no Festival de Sarlat 2013, Karin Viard emociona e diverte o espectador com sua encantadora Lucie, que de tanto ser chamada de Lulu, esqueceu-se de sua verdadeira identidade. Sem um teto e sem dinheiro, ela precisa contar com a ajuda alheia para se manter e acaba criando laços por onde passa, encontrando em estranhos o carinho e a amizade de que tanto precisava. Assim acontece, de maneira similar, com Bettie, personagem da eterna musa Catherine Deneuve, em Ela Vai (2013), de Emmanuelle Bercot, que, como Lulu, também se encontra sem vitalidade e decide partir sem rumo certo. Outro ponto em comum entre os dois filmes é a presença da atriz Claude Gensac, que interpreta, com a mesma competência, a mãe de Bettie no longa de Bercot e a senhora idosa no longa de Anspach. Um filme espantosamente saboroso que não pode desfalcar ao olhar daqueles(as) que apreciam a bela 'sétima arte'. ---- Caso você ainda não tenha visto, corra! Acesse meu blog (Drama, página 35) e me diga se não vale apena assisti-lo!
Bem que imaginei ao me deparar com esse filme do que poderia ser e, cá com meus botões, agora sei ser muito bom, duro, extremamente duro, barra pesadíssima, sobre escolas-presídios para adolescentes na França dos anos 30. Não tem diretamente muitas semelhanças, mas me peguei definindo que este Entre os Muros da Prisão é assim uma espécie de Pixote francês. O filme que afirma se inspirar em fatos reais, já bem no início se mostra ao que se propões quando um garotinho, de cara suja, se faz correr visivelmente fugindo até ver o mar. E é justamente onde me pus a deixar de pensar naquele outro garotinho francês, pequeno delinquente, Antoine Doinel, que chega até a beira do mar e se delicia com o que vê, numa seqüência antológica de Os Incompreendidos/Les Quatre-Cents Coups, o primeiro longa-metragem de François Truffaut. Em Entre os Muros da Prisão, o êxtase do garotinho diante do mar dura menos do que um minuto antes dos policiais a cavalo e, novamente, aquele garoto foge, se embrenha no mato, policiais e cães o seguindo – como se fosse um petardo da vida cruel como até hoje vemos descortinar no semblantes de milhões de garotinhos que fogem de locais como aquele soturno prédio em cuja placa se lê Les Arches – Maison d’Éducation Surveillé, centro de educação vigiada. Ao final dos duríssimos quase 95 minutos de Entre os Muros da Prisão, há novos letreiros, com uma informação chocante, apavorante, e outra que abre uma janela de esperança. A primeira é que os tais centros de educação vigiada foram fechados apenas em 1979. Essa indignidade, essa mancha horrorosa perdurou até pouquíssimo tempo atrás. Um filme digno de uma dignidade assolada de cores e dores cruéis... -------- Quer assistir? Acesse meu blog!
● Gabrielle (Gabby) Douglas (nascida em 31 de Dezembro de 1995) é uma ginasta da elite dos Estados Unidos, que fez, por três vezes, parte da seleção norte Americana de ginástica, fez parte da seleção que ganhou o ouro na final por equipes do mundial de 2011 em Tóquio, no Japão. Em 2010, Gabby se mudou de Virginia para West Des Moines, Iowa para viver com uma família de acolhimento para que pudesse treinar com Liang Chow, treinador da campeã olímpica de trave Shawn Johnson. ● Gabrielle, nos Jogos olímpicos de Londres 2012, participou na equipe dos Estados Unidos, ajudado a ganhar a medalha de ouro por equipes, vindo a repetir a proeza no concurso individual feminino de ginástica somando um total de 62.232 pontos 1 , tornando-se dessa forma a primeira ginasta de raça negra a ganhar uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos 2 . ● Douglas iniciou na ginástica quando tinha 6 anos, depois de sua irmã mais velha, Arielle, convencer sua mãe a matriculá-la na ginástica. Gabby venceu o campeonato estadual da Virginia, em 2004.
Você ama? E se ama, você bate? Você agride? E se bate, e se agride, você tem certeza que você ama? Olhe, se você teve dúvidas ao penar nas respostas, assista esse filme! E se aina não assistiu, vá em meu blog no índice DRAMA, página 35.
Depois de ver esse filme já não sei se não sou tão só assim ao ponto de me ver nesse filme que abusa de metáforas para discutir o que é a solidão? "Navegar é preciso, viver..." Sei não, só sei que os dizeres que recheiam esse filme possuem certa profundidade, como “Ninguém é sozinho como o palhaço” (dita por Cocada, o palhaço mais antigo do Brasil) ou “A solidão é o velho esperando a família para o Natal”. Outras vezes são mais desgastadas, como ao comparar a solidão a uma ilha. Também são explorados dados estatísticos sobre os solitários no Brasil, de forma um tanto expositiva. Esse é Oswaldo Montenegro o cantor compositor roteirista ator produtor que retorna depois do seu, também reflexivo “Léo e Bia” e, como no primeiro, repleto de frases inspiradas como “Chocolate quente, licor e charuto. Essa sim é a santíssima trindade” ou “Ave por ave, o Carneiro. Se voasse”. O posicionamento de contestação religiosa, com um senso exacerbado de ironia, está presente em grande parte da trilha sonora e em alguns diálogos preciosos. Mesmo com o uso do recurso narrativo da mistura de várias estórias, o filme não perde o ritmo. A forma fluida como as subtramas se relacionam é um grande mérito da equipe de montagem. Curiosamente, o filme perde força em algumas sequências musicais. Apesar de boas composições, certas passagens parecem mais videoclipes aleatórios do que parte inerente à trama. A fotografia, em perfeita sintonia com a direção de arte, também merece destaque. A variação da paleta das cores é constante, com o uso preferencial de cores vibrantes. De forma criativa, as cenas em que as cores são usadas em profusão são aquelas em que percebemos uma maior confusão mental dos personagens. A transição do preto e branco para o colorido depois que alguém tranca a porta de um cômodo é brilhante. O diretor se mostra seguro ao passear por tantos gêneros dentro de uma mesma obra. Há passagens com teor erótico filmadas com a mesma competência de passagens mais simples. Os monólogos, sem cortes, e as longas cenas sem diálogos confirmam essa impressão. Cada ator consegue aproveitar ao máximo o espaço que o roteiro cede a seus personagens. No entanto, merecem destaque maior Vanessa Giácomo, Kamila Pistori e Pedro Nercessian, com uma “menção honrosa” para Oswaldo Montenegro, que rouba a cena como o Diabo, em uma das melhores sequências do longa (“Não me chame de senhor!”, ele fala em certo momento) faz desse carioca de Grajaú por nascimento e candango de Brasília por adoção um brasileiro artista "quase" perfeito dentro de uma imperfeição ora caótica, ora vicejando um humor inteligente colocando dentro dessa drama existencial perfis insanos de um cotidiano nascido de uma cabeça iluminada e, arrisco dizer, esse “Solidões” é uma obra bem realizada que veio para consolidar mais um talento do inigualável Oswaldo Montenegro. Ainda não assistiu? Corra, acesse meu blog no Índice Drama, página 35.
Espere, espere... tenho que me recompor, não posso (e não consigo) escrever com os olhos cheios de água, de lágrimas após o termino desse belíssimo filme, tão leve como devem ser as coisas profundas e importantes em nossas vidas. Um mergulho em busca de nós mesmos para que venhamos a ser o que somos, já que a realidade embota a visão da alma e nos impede de nos encontrarmos. Li há muito tempo atrás um livro (e depois assisti ao filme) que marcou o final de minha meninice e princípio de minha juventude com uma frase (título do livro e do filme) que ainda hoje reverbera em minha memória: Quo Vadis? Uma frase latina que significa "Para onde vais?" ou "Aonde vais?" (1). Mas, deves estar perguntando, 'que diabo tem isso com o filme?' Tudo, tudo... Mas poderia também citar Píndaro (poeta grego, 520 a.C.) "Venha a ser o que tu és", uma frase super complexa de ser interpretada, mas que tem em sua condensação imperativa uma essência prá lá de filosófica que nos incita a voltar ao nosso caldo originário e rever determinadas posições atuais que tomamos como verdade absoluta e que talvez não sejam tão absolutas assim. E, depois de tudo isso escrito, como fica o filme? Fica guardado na memória como um momento de exaltação aos sonhos tidos e deixados no passado pelo atropelamento insano do ter para ser. "É importante ter sonhos grandes o suficiente para não perde-los de vista quando os perseguimos".
(1) O uso moderno da frase refere-se à tradição cristã, relatada no livro apócrifo Atos de Pedro (Manuscrito Vercelli XXXV), em que São Pedro encontra Jesus enquanto Pedro está fugindo da provável crucifixão em Roma. Pedro pergunta a Jesus "Quo Vadis", e Jesus lhe responde, "Eu estou indo a Roma para ser crucificado de novo." (Roman vado iterum crucifigi.); prontamente Pedro ganha coragem para continuar seu ministério e eventualmente torna-se um mártir.
Em tempo: O filme está em meu blog (Indice Romance, página 10).
Espera gente, Espera!!! Esse filme não é sobre um menino chamado Ismael? Tá bom, tá bom que em muitos outros o título nada tem a ver com a obra final, o que não é o caso desse 'garoto de 10 anos, que com a ajuda de sua avó, procura localizar seu verdadeiro pai' mas... Cadê o nome do moleque que viveu o personagem título? Faz assim não, gente! Se você não conhece o filme, não assistiu e desconhece tudo sobre um filme, então não cadastre o dito. Vamos fazer justiça: Larsson do Amaral é o ator mirim que vive Ismael! Aí em baixo está o REAL elenco: Mario Casas (Félix), Belén Rueda (Nora), Larsson do Amaral (Ismael), Sergi López (Jordi), Juan Diego Botto (Luis), Ella Kweku, Mikel Iglesias, Alain Hernández, Gemma Brió, Òscar Foronda. Sim, ia esquecendo de deixar registrado que é um bom filme que toca profundamente!
Ops! Putz! Quase esqueço de falar que o filme está em meu blog (Índice Drama, página 34)
A Estranha Cor das Lágrimas do seu Corpo
3.1 45Dentro de cada ato ou fato aparentemente sem sentido, há um sentido intrínseco habitando os momentos incompreendidos.
Em uma primeira visão esse filme de impressionante ardor visualmente entrelaçado em um buscar sem fim é, não posso negar, ótimo. Precisa-se vê-lo essencialmente pela sua cinematografia incrível e da forma como a câmara é utilizada. Planos detalhados e maravilhosos, cores vívidas, sets incríveis dentro de edifícios Art Deco, tudo isso tem um efeito visual surpreendente.
Também não posso deixar (ou negar) de dizer que o enredo é misterioso e complexo. É, em uma realidade irreal, tudo sobre um assassino que está matando as pessoas dentro de suas casas, mas sem quebrar alguma coisa ou deixar qualquer pista. Mas quem é este assassinato, afinal?
Enfim, esse é um daqueles filmes que você não pode descobrir toda a trama à primeira vista! Pelo menos eu não! Mas fiquei espantado com as cores estranhas deste filme!
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O filme está em meu blog (Índice Suspense, página 7)
Precoce
2.7 72É um filme gostosinho, não acrescenta nada, mas é gostosinho - típico besteirol americano de menino descobrindo sua sexualidade e, antes que o pessoal de filmow elimine meu comentário (a previsão de estréia no cinema é OUT/14), digo que esse filme está em meu blog: Índice COMÉDIA, página 18.
Sentidos do Amor
4.1 1,2K"Como será o amanhã, responda quem souber..." já cantarolávamos nos idos dos anos 80 talvez antevendo do que seria o hoje que vivemos: fome, pobreza, os Estados Unidos sempre invadindo aqui e acolá se fazendo xerife do mundo ou invadindo nossa privacidade em um mundo jamais imaginado antes que realmente acontecesse. E no ex-país do futebol São Paulo morre de sede enquanto lá pelas bandas gauchas peixes e sapos morrem afogados e quem imaginava o PT de Lula como o partido mais corrupto de toda a breve história da democracia brasileira?
Mas deixemos de lado essas mazelas que aqui é lugar de falar de cinema, de filmes e hoje falo desse "Sentidos do Amor (Perfect Sense)", um filme muito profundo que descaradamente faz uma crítica à sociedade capitalista, às relações de consumo, à destruição do planeta, às relações humanas "líquidas" (Bauman - Amor líquido) nessa sociedade.
Alguém ainda lembra o que falei (escrevi) lá em cima? Pois é, não é para lembrar o que se vive no hoje enquanto se assiste esse ótimo retrato de um amanhã possível onde Eva Green (Susan) nos arremete para uma realidade insana enquanto Ewan McGregor (Michael) interpõe-se embalado pelo seu fazer diário talvez retirando o olhar ora amedrontado, ora descrente, com força magistral pelo ótimo David Mackenzie.
Acho que não preciso falar mais nada, a não ser que o filme está em meu blog (índice ROMANCE, página 10)!
Amores Parisienses
3.4 11Há um que de maravilhoso na arte da grande tela e, muito mais e estranhamente gostoso, é o teu olhar ao assistir um filme. O que tu vê e o que tu sente é somente teu e as tuas impressões são pessoalmente tuas.
Começo assim após ler os comentários e impressões sobre On Connâit la Chanson que sugere uma leve comédia de boulevard, repleta de cançonetas, baguetes e torres Eiffel. De certa forma, é isso mesmo. O humor transborda dos diálogos, as canções irrompem a todo momento da boca dos personagens, Paris está presente até no fundo das cenas interiores, e nem as baguetes deixam de ter seu momento de glória. Amores Parisienses é provavelmente o filme mais descontraído da carreira de Alain Resnais – e o melhor em muito tempo. Mas passa bem longe do boulevard.
Para começar, a comédia gira em torno de temas recorrentes no autor de O Ano Passado em Marienbad e Meu Tio da América: História, memória, acaso, suposições, enganos. A trama, irresumível, movimenta uma ciranda de personagens. A executiva Odile (Sabine Azéma) vive uma tripla crise – conjugal, de consciência e de moradia. Sua irmã Camille (Agnès Jaoui), guia turística acometida de síndrome do pânico, encanta-se por um agente imobiliário (Lambert Wilson) ao qual você não confiaria as chaves do seu apartamento. Um escritor de radionovelas (André Dussolier) e um homem de negócios (Jean-Pierre Bacri) também gravitam em torno delas. Nada de sério, mas muito de engraçado, acontece entre eles. O melhor: ninguém sabe de fato o que o outro é.
Assim como Odile acaba comprando um novo apartamento sem suspeitar que um prédio mastodôntico logo será construído à sua frente, roubando-lhe a bela vista da cidade, o espectador de Amores Parisienses deve estar preparado para um filme alheio aos cartões postais da comédia romântica. A peça principal da cenografia é uma horrenda escultura que se assemelha a uma pilha de pratos por lavar, erguida diante do novo prédio de Odile. A Paris que se deixa entreolhar ao longo do filme é impessoal e indiferente. E na seqüência da festa final, para onde convergem todas as pontas da história, Resnais se dá ao lixo de fundir a imagem dos atores com uma pavorosa água-viva em movimento.
Ora, bolas. Quem não embarcar na ironia com que tudo é tratado corre o risco de comprar gato por lebre. Ao mesmo tempo em que celebra o amor e a compaixão, Amores Parisienses zomba da seriedade que atribuímos a tantas coisas fúteis e da nossa imensa capacidade de nos fazer de trouxas. Por trás da divertida quadrilha de flertes e equívocos encontra-se gente deprimida, cínica e amarga. Apesar disso, o que prevalece no filme é a estranha sensação de presenciar doentes que cantam. Literalmente. Quando menos se espera (na verdade, esperamos o tempo todo), os atores passam da fala ao canto e de volta à fala, como se abrissem espaço para um pensamento ou mesmo complementassem um diálogo. O efeito é ora hilariante, ora simpaticamente ingênuo
Quem canta seus males espanta, já dizia o velho ditado. E é a partir dessa idéia banal, o veterano Alain Resnais, 80, só confirma seu lugar no panteão dos monstros vivos do cinema: aqueles que, a despeito da idade, guardam o poder de assombrar.
O autor de obras tão absolutas como "Hiroshima Meu Amor" e "O Ano Passado em Marienbad" compõe, em "Amores Parisienses", aquilo que na linguagem musical se chama "divertimento".
Para resumir, "Amores Parisienses" é uma ciranda, uma dança em que os pares se formam e se deformam no ritmo da música.
Portanto, aqui uma crítica aos críticos aqui em filmow, não se engane com o título brasileiro infame. "Amores Parisienses" é um quase-musical. Não chega a ser um musical no sentido estrito porque não utiliza a dança como fator de encantamento. Mas chega bem perto de ser um musical, com toda aquela artificialidade associada ao gênero, no qual ao menor estímulo os personagens disparam a cantar.
Um filme gostoso de se ver e deliciosamente alegre que alegra os 117 minutos de sua duração.
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O Filme está em meu blog no Índice COMÉDIA, página 18.
Eles Voltam
3.2 76Curiosidades e Informações extras:
● Primeiro longa-metragem de ficção do diretor Marcelo Lordello.
● Cerca de 90% do elenco é formado por pessoas que não eram atores antes das filmagens, entre eles a protagonista Maria Luiza Tavares.
● Eles Voltam foi rodado com apenas R$ 47 mil, tendo recebido mais R$ 200 mil via editais públicos para sua finalização.
Prêmios e Indicações:
● 45º Festival de Brasília – 2013.
▪ Ganhou: Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Atriz Coadjuvante
Amante Profissional
4.0 1Apesar de ser auto proclamado "Um dos melhores filmes pornô produzidos na Boca do Lixo de São Paulo", não passa de um pornô de baixíssima qualidade e, cá para nos, nem as mulheres são bonitas porém, para os amantes dessa categoria de filmes, fez sucesso.
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O filme está em meu blog no índice ADULTO (+18), página 3
Coisas Eróticas
2.7 27● Primeiro filme brasileiro a ter cenas de sexo explícito.
● Lançado na década de 80 no famoso Cine Windsor; na avenida Ipiranga em SP, por se tratar do primeiro filme pornográfico, as filas davam volta no quarteirão.
● Consiste em três episódios, Raffaele Rossi dirigiu dois episódios e Laente Calicchio o último.
O filme está em meu blog (Índice ADULTO, página 3)
Meu Pipi no seu Popó
1.1 3Muito ruim, um lixo!
Mas se você quiser assistir vá em meu blog (Índice Adulto (+18), página 3), mas já sabe, é putaria pura e sem nexo!
Pervert!
2.7 24Meu DEUSSSSSSS!
Péra, pér'aí que preciso respirar antes de falar sobre esse pervertido 'Pervert!' (2005) que é uma radical comédia de terror com doses elevadíssimas de adrenalina e libido sexual. Um verdadeiro festival de bizarrices e toscarias e o que é estranhamente não ilusório, da melhor qualidade.
Quiçá um filme que certamente ficará grudado na sua retina por muito tempo. E não tenho outra coisa a declarar que não seja um verdadeiro Clássico Trash que - tem mais, não desgrude o olho - ainda conta com um time de atrizes de dar inveja ao lendário Russ Meyer.
Não tenho como comprovar, mas o diretor Yudis certamente há de ter se inspirado nas comédias picantes e radicais de Meyer, só que foi além do Mestre ao adicionar sangue e tripas ao conteúdo da história (argh!).
Pervert ! é inédito no Brasil e uma raridade na rede, mas é um daqueles filmes que merece ser conhecido e apreciado pelo público cinéfilo. Mas não resta dúvidas que os mais sensíveis ou moralistas devem evitá-lo!
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O Pervertido! (Pevert!) está em meu blog onde o alojei entre os Suspense.
Metropia
3.4 109Não é de hoje que a animação me maravilha, minha infância foi recheada de filminhos pescados por papai na velha Europa ou em festivais de teatro que participou lá pelas bandas de baixo desse brasilzão desencantado de futebol (putz! que tenho de falar nisso, na bastou os 7x1 e o 3x0?) e fértil em artes em cujo meio vivi desde que nasci.
Mas não é sobre isso, e nem sobre minha infância, que sento diante do computador, hoje (agora) falo dessa animação sueca que concorreu a alguns prêmios e que trouxe um jeito diferente de contar uma narrativa, praticamente com influências do vanguardista livro ‘1984’ de George Orwell. O cidadão sendo cercado e espionado pelo estado (essa tema sempre me assusta porque antes ficção, agora é real). Ainda temos a crítica da sociedade de consumo e à televisão. ‘Veja a propaganda, compre e consuma’. Porém, acho que o forte da animação fica mais por conta de sua técnica e nem tanto pelo roteiro. Não que o roteiro seja sofrível, longe disso, mas esse é um filme que se arrasta um pouco e caso o espectador não entre na história, pode sentir sono e pedir para que tudo acabe. Baseado mais em diálogos e não em cenas de ação (salvo os 10 minutos finais).
E o que alar da técnica? Meninos, essa animação não fica nada devendo a um filme com pessoas reais. Apesar de os personagens terem um cabeção perto de um corpo pequeno (o que pode parecer estranho logo de início), a sensação de cor e de traços são excelentes; um contraste entre sombrio e colorido e até a arquitetura dos ambientes é bem delineada. Não bastasse isso, os personagens casam muito bem com as vozes de seus dubladores, como é o caso de Vincent Gallo e Juliette Lewis; e tudo é adulto demais, nada infantil.
Metropia é um desses filmes que não dá para recomendar facilmente, mas caso você goste da temática ao estilo 1984, ou seja um forte fã da animação como eu, vai admirar e se encantar!
E sabe outra coisa? Ele (Metropia) está em meu blog, corra! Vá lá e assista.
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Em tempo: Sou filho de Ubiratan Teixeira, teatrólogo, contista, romancista, cronista e membro da Academia Maranhense de Letras (cadeira 36) que hoje anda bolinando nas anjas nas terras de nosso Senhor e, para minha eterna tristeza, hoje - 15/07/2014 - faz exatos 30 dias que se foi...
Bença pai!
Rio 2
3.3 606 Assista AgoraAndei titubeando, gostei tanto do Rio que temia Rio 2, tive medo que esse matasse aquele. Mas devo admitir que, ao final, Carlos Saldanha se supera e que esse seu Rio 2 é um desses casos em que é inevitável falar não apenas do filme, mas sobretudo do que está em torno dele. E o que está em torno dele é o Brasil, nada mais nada menos.
Mas vamos por etapas que do ponto de vista da técnica e da linguagem haveria pouca coisa a obstar nessa animação extremamente competente, inventiva e divertida. A boa amarração dos vários focos narrativos, os números musicais de um delírio geométrico à maneira de Busby Berkeley, o ritmo contagiante, o humor sagaz, as referências jocosas que vão de Shakespeare a Gloria Gaynor ("I will survive"), a exuberância da luz e das cores, tudo funciona quase à perfeição para configurar um entretenimento honesto e eficaz.
Aqui um algo a ser mitigado: Se Rio explorava o tráfico de animais silvestres, desta vez o foco é o desmatamento da Floresta Amazônica e a consequente extinção dos animais que lá vivem. Porém o roteiro se perde em vários momentos ao tentar intercalar as várias subtramas: da falta de ambientação de Blu na floresta à busca por vingança de Nigel contra o protagonista, da exploração da mata já citada à implicância de Eduardo, pai de Jade, com o genro. Às vezes uma história fica tempo demais na tela enquanto outras, que ainda estão se desenrolando, são esquecidas. Um problema de edição também.
Porém temos que convir que se o roteiro tem estas pequenas falhas, por outro lado diversão é o que não falta. A busca por um cantor na floresta rende uma das cenas mais divertidas e sem pudores com um humor negro que não é esperado neste tipo de produção. Sem contar que o design de produção, as cores, os detalhes, estão mais vivos do que nunca, deixando o público encantado com tamanha dedicação e cuidado da animação, que salta aos olhos – mesmo que o 3D, como tem ocorrido muitas vezes, não faça mais do que mostrar uma profundidade de tela.
E aqui a certeza de que o que ajuda a deixar o espectador ainda mais maravilhado são as performances musicais, que, além de belas e que misturam samba, bossa nova e pop chiclete, são colocadas de forma pontual na tela, em momentos-chave para o entendimento da trama. Com isto, Roberto, personagem dublado pelo cantor Bruno Marz, ganha alguns momentos apenas pelo seu timbre de voz. Já a versão de um clássico gay cantada por Nigel, por exemplo, é uma das mais inspiradas, assim como a opereta de sua companheira de maldades Gabi, que, através da música, mostra toda sua paixão de Julieta pelo Romeu vingativo. Esta excepcional trilha sonora já se torna a primeira séria candidata a premiações do próximo ano devido à alta qualidade.
Então, depois disso tudo, o retorno de Carlos Saldanha após três anos em cima deste projeto pode não ser considerado o melhor trabalho do diretor e nem Rio 2 a melhor animação de 2014, mas, ainda que superficialmente, ao bater em pontos como o desmatamento, a extinção e as diferenças entre animais domesticados e selvagens, o filme cumpre não apenas um caráter de diversão, mas também de conscientização. Resta aguardar um terceiro capítulo da saga das adoráveis araras azuis e seus companheiros. Sucesso há de fazer. Merecidamente
Só tenho a dizer mais uma coisinha: O filme está em meu blog (Índice Animação, página 7).
Pronto, tenho dito!
Noé
3.0 2,6K Assista AgoraMeus meninos e meninas, não sejam tão duros e saibam que por ser uma interpretação livre de trechos do livro da Gênesis, Noé é um filme que assume licenças poéticas e não procura ser fiel a fatos históricos ou crenças religiosas. Elementos como criaturas mitológicas e um figurino estilizado o tornam mais próximo de ficções científicas pós-apocalípticas e fantasias no estilo O senhor dos anéis do que de clássicos bíblicos como Os dez mandamentos (1956).
E é por essa liberdade é que favorece a construção do espetáculo audiovisual que torna o filme único, lembrem-se também que o diretor Darren Aronofsky (Cisne negro) costuma usar os recursos técnicos do cinema atual com exagero para provocar o máximo de impacto sensorial sobre a plateia, o que torna a narrativa épica da Arca de Noé ainda mais apoteótica.
Mas não é uma obra de toda pecaminosa (se vermos o filme como reconstituição de uma passagem bíblica preponderantemente importante para a criação da própria religião) e vejam que o que mais continua presente em relação às escrituras sagradas são valores como o maniqueísmo, que divide os homens entre bons e maus, sem intermediários, com a punição acima do perdão ou do diálogo. Nesse aspecto, o filme é coerente com os tons moralistas da filmografia de Aronofsky: Em Réquiem para um sonho, ele retrata personagens impiedosamente castigados por causa das drogas; Em Cisne negro, a bailarina enlouquece ao tentar controlar seus instintos sexuais; Em O lutador, o protagonista perde a filha definitivamente por causa de uma farra em um bar.
No caso de Noé, a constatação sobre os rumos da humanidade ao longo dos séculos é o que permitirá um julgamento sobre as decisões tomadas pela família interpretada por astros como Russel Crowe (Gladiador), Emma Watson (Harry Potter) e Douglas Lerman (Percy Jackson) que, hão de convir, deram corpo e caras novas às caras e corpos há muito imaginados e, em alguns casos, já mostrados ou na grande tela ou na telinha das televisões.
É, não resta dúvidas, um bom filme que você poderá assistir em meu blog (Índice Épico/Religioso, página 3) sem delongas e, também, legendado e dublado.
Motel do Terror
1.7 11Há quem goste e quer assistir, porém não espere grandes coisas desse canadense tipo 'C'.
Se depois de tantas críticas ruins ainda queres ver, vai em meu blog (Índice Terror, página 8), mas não vá dizer que não avisei!
A Voz Adormecida
4.1 22Não poderia ser diferente, o cinema espanhol tem sofrido as dificuldades provocadas pela crise econômica e este filme apesar de muitas criticas negativas, andou arrebatando vários prêmios. Revelação do Sindicato dos Roteiristas (para Maria Leon, que faz a jovem Pepita) e também levou o Goya da categoria. Também teve Goyas de canção Nana de la Hierbauena, e atriz coadjuvante Ana Wagner, assim como indicações de filme, figurino, diretor, atriz Inma, ator Clotet e roteiro. Maria foi também melhor atriz no Festival de San Sebastian e outros menores. O diretor Zambrano andaluz de Sevilha como a produção fez antes Solas (99) e Habana Blues (05).
Trocando em miúdos, é um drama sobre a Guerra Civil enfocado sobre mulheres que apresenta o assunto com certa ferocidade. Ao menos tem algumas sequencias de fuzilamento feminino e uma cena muito forte em que uma freira graduada bate violentamente numa mulher acusando-a de comunista! Já nos letreiros o diretor já da explicações, dizendo e tudo o que sei sobre parece confirmar que logo depois do fim da Guerra Civil Espanhol, o ditador Franco, o Caudilho, tratou sem a menor humanidade os vencidos, que eram quase todos comunistas de carteirinha. Transformou tudo aquilo em Guerra Santa. Diz ter feito este filme em homenagem as mulheres que choraram em silencio, nas portas dos cemitérios, mulheres que sofreram encarceradas, torturas em prisões, muitas vezes morrendo nas mãos de pelotão de fuzilamento. Prosseguindo numa ditadura que perduraria durante mais de 30 anos, isso em plena Europa moderna.
Não preciso contar a historia. Basta dizer que tudo é muito dramático, tendendo ao choro e que talvez tivesse ainda maior impacto caso fosse apresentado com mais distanciamento. De qualquer forma, é bem capaz de ter surgido como resposta aos filmes produzidos pelos católicos radicais que fizeram, por exemplo, There Be Dragons com Rodrigo Santoro.
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O filme está em meu blog (Índice Drama, Página 35) livre e gratuito...
Onde Fica a Casa do Meu Amigo?
4.2 145 Assista AgoraConfesso que sou um enorme fã do cinema iraniano e não é apenas porque os cineastas iranianos conseguem tirar de fatos e personagens comuns transformando em filmes extraordinários com atores amadores e histórias curtas, simples e emocionantes, além do que o Irã causou grande impacto na década de 90 no mundo cinematográfico com filmes premiados como O Balão Branco e O Gosto de Cereja.
Dirigido pelo irregular Abbas Kiarostami (não se espante, continue lendo), o filme acabou sendo um dos principais disseminadores do injusto estereótipo aplicado aos filmes iranianos: história cotidiana com direito a muitas crianças e uma certa dose de sentimentalismo.
Está certo, alguns são assim, mas de maneira alguma ele pode ser inferiorizado e encaixado apenas nessa categoria. O filme tem as qualidades que me fizeram adorar outras jóias como “Filhos do Paraíso” e “A Cor do Paraíso”, a história simples e direta baseada no cotidiano, o tom emocionante, mas nunca apelativo e a preocupação em também servir como um painel da sociedade iraniana, principalmente das áreas mais pobres. É curto, apenas uma hora e vinte e cinco minutos, mas pungente.
A trama que parece ser banal, para nossos parâmetros ocidentais, abre espaço para uma série de simbolismos, as longas sequências passadas acompanhando os deslocamentos do protagonista, marca registrada do cinema do Kiarostami, podem ser vistas como símbolos de longas jornadas emocionais, assim como nos outros exemplos dados do cinema iraniano, há uma certa preocupação em passar algumas lições de morais nas entrelinhas, neste caso a solidariedade sem limites ou o fim do egoísmo, mas tudo de forma bastante sutil.
Talez Abbas Kiarostami já tenha errado bem mais que acertos, mas esse filme o redime em parte. Mantendo sempre o tom leve, terno e despretensioso “Onde Está a Casa do meu Amigo?” é um bom exemplo do encanto que o cinema iraniano produz nas pessoas. E também como os seus exemplares é capaz de conquistar até os mais austeros dos espectadores.
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Assista em meu blog.
Tempo de Cavalos Bêbados
4.1 56 Assista AgoraPrecisamos deixar claro ser um filme deprimente e denso, duro e cruel, mas que retrata as condições subumanas das crianças em alguns rincões onde sobreviver é preciso, viver somente é um tempo.
Aos poucos nos damos conta de que essa realidade - dos irmãos que sobrevivem sem viver - talvez não seja tão distante do viver vivido nesse país sem coração e que se ocupa mais com obras faraônicas de uma copa do mundo em detrimento ao que se passa em nossos campos de guerra diuturnas, por aqui mais vale o voto, a perpetuação no poder ao discurso - antes bonito e recheado de boas intensões hoje sabidamente mentirosas - que enfeitam (e enfeitarão) os palanques mesmo nos bolsões de miséria.
Nem sei se vale sofrer, só sei que esse é um filme denso de uma intensidade perversa. Muito bom, muito bom mesmo!
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Ainda não viu? Acesse meu blog (Índice Drama, página 35) que lá está!
Gunday
3.4 6 Assista AgoraA industria cinematográfica indiana não é recente, o primeiro filme indiano lançado na Índia foi Shree Pundalik um filme mudo em Marathi por Dadasaheb em 18 de Maio 1912 na 'coroação' de Mumbai.
A partir do final do milênio passado o pessoal de lá resolveu parar de importar 'coisas de americanos' (leia-se filmes holiudianos) e passaram a produzir suas películas aplaudidas pelos locais fazendo florescer o que, por aqui, chamamos de 'Bollywood' (genericamente falando visto que esse é mais representado por produções no dialeto Hindi, o mais falado por lá) porém por lá uma mistura de idiomas e dialetos (o que se fala em uma província não é entendido em outra) fez surgir um sem número de estúdios espalhados pelo país que passaram a representar o dialeto de onde estavam: Cinema Assamese (na área do dialeto Assamese), Cinema bengali (na área onde falam Bengali), Cinema Bhojpuri, Cinema Chhattisgarhi, Cinema Gujarati, Cinema Hindi ou Cinema Bollywood em cuja área vem 'Gunday', Cinema Kannada são os principais movimentos.
Não foram, nos primórdios, filmes bem trabalhados (a maioria ainda filma em preto e branco e utilizam atores amadores) porém em algumas áreas - Bollywood a principal - passaram a primar por suas produções sem que, no entanto, possamos chamar de bons e/ou ótimos filmes sendo, a grande maioria, filmes de ação.
Gunday não é um filme bom, também não é ruim de todo. Talvez se fosse menor (135 minutos é um exagero) poderia ser mais atraente como atraente é Priyanka Chopra sem ser uma boa atriz. É um filme estranho as padrões ocidentais, mas por lá foi um frisson!
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Ainda não viu? Acesse meu blog (Ação/Aventura, página 14).
Lulu, Nua e Crua
3.6 40Confesso que nem sei como cheguei a esse filme repleto de interpretações excepcionais e participações como a de Corinne Masiero, Lulu, Nua e Crua tem sua força nessas atuações fortalecidas pela ótima direção e roteiro de Sólveig Anspach, baseado na história em quadrinhos de mesmo nome escrita por Étienne Davodeau. Se na HQ a história de Lulu é contada através de depoimentos daqueles que recebem seus telefonemas, aqui Anspach, também uma reconhecida documentarista, acompanha Lulu como uma voyeur, e fundamenta muito de suas cenas na participação dos atores, estimulados a improvisar em cena, o que torna a história ainda mais orgânica e intensa.
Lulu, Nua e Crua é o que podemos chamar de road-movie sem amarras – não se prende a estradas, veículos ou convenções, apenas segue seu curso, sem se fixar a lugar nenhum. É a busca pela felicidade e o contato com o íntimo. É o conhecer-se em sua plenitude. É a afloração da feminilidade em sua forma mais pura.
Em uma das melhores representações de sua carreira, que a fez ganhar o prêmio de interpretação feminina no Festival de Sarlat 2013, Karin Viard emociona e diverte o espectador com sua encantadora Lucie, que de tanto ser chamada de Lulu, esqueceu-se de sua verdadeira identidade. Sem um teto e sem dinheiro, ela precisa contar com a ajuda alheia para se manter e acaba criando laços por onde passa, encontrando em estranhos o carinho e a amizade de que tanto precisava. Assim acontece, de maneira similar, com Bettie, personagem da eterna musa Catherine Deneuve, em Ela Vai (2013), de Emmanuelle Bercot, que, como Lulu, também se encontra sem vitalidade e decide partir sem rumo certo. Outro ponto em comum entre os dois filmes é a presença da atriz Claude Gensac, que interpreta, com a mesma competência, a mãe de Bettie no longa de Bercot e a senhora idosa no longa de Anspach.
Um filme espantosamente saboroso que não pode desfalcar ao olhar daqueles(as) que apreciam a bela 'sétima arte'.
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Caso você ainda não tenha visto, corra! Acesse meu blog (Drama, página 35) e me diga se não vale apena assisti-lo!
Entre os Muros da Prisão
4.0 70Bem que imaginei ao me deparar com esse filme do que poderia ser e, cá com meus botões, agora sei ser muito bom, duro, extremamente duro, barra pesadíssima, sobre escolas-presídios para adolescentes na França dos anos 30. Não tem diretamente muitas semelhanças, mas me peguei definindo que este Entre os Muros da Prisão é assim uma espécie de Pixote francês.
O filme que afirma se inspirar em fatos reais, já bem no início se mostra ao que se propões quando um garotinho, de cara suja, se faz correr visivelmente fugindo até ver o mar.
E é justamente onde me pus a deixar de pensar naquele outro garotinho francês, pequeno delinquente, Antoine Doinel, que chega até a beira do mar e se delicia com o que vê, numa seqüência antológica de Os Incompreendidos/Les Quatre-Cents Coups, o primeiro longa-metragem de François Truffaut.
Em Entre os Muros da Prisão, o êxtase do garotinho diante do mar dura menos do que um minuto antes dos policiais a cavalo e, novamente, aquele garoto foge, se embrenha no mato, policiais e cães o seguindo – como se fosse um petardo da vida cruel como até hoje vemos descortinar no semblantes de milhões de garotinhos que fogem de locais como aquele soturno prédio em cuja placa se lê Les Arches – Maison d’Éducation Surveillé, centro de educação vigiada.
Ao final dos duríssimos quase 95 minutos de Entre os Muros da Prisão, há novos letreiros, com uma informação chocante, apavorante, e outra que abre uma janela de esperança. A primeira é que os tais centros de educação vigiada foram fechados apenas em 1979. Essa indignidade, essa mancha horrorosa perdurou até pouquíssimo tempo atrás.
Um filme digno de uma dignidade assolada de cores e dores cruéis...
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Quer assistir? Acesse meu blog!
A História de Gabby Douglas
3.5 35 Assista Agora● Gabrielle (Gabby) Douglas (nascida em 31 de Dezembro de 1995) é uma ginasta da elite dos Estados Unidos, que fez, por três vezes, parte da seleção norte Americana de ginástica, fez parte da seleção que ganhou o ouro na final por equipes do mundial de 2011 em Tóquio, no Japão. Em 2010, Gabby se mudou de Virginia para West Des Moines, Iowa para viver com uma família de acolhimento para que pudesse treinar com Liang Chow, treinador da campeã olímpica de trave Shawn Johnson.
● Gabrielle, nos Jogos olímpicos de Londres 2012, participou na equipe dos Estados Unidos, ajudado a ganhar a medalha de ouro por equipes, vindo a repetir a proeza no concurso individual feminino de ginástica somando um total de 62.232 pontos 1 , tornando-se dessa forma a primeira ginasta de raça negra a ganhar uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos 2 .
● Douglas iniciou na ginástica quando tinha 6 anos, depois de sua irmã mais velha, Arielle, convencer sua mãe a matriculá-la na ginástica. Gabby venceu o campeonato estadual da Virginia, em 2004.
Amor?
3.8 102 Assista AgoraVocê ama? E se ama, você bate? Você agride?
E se bate, e se agride, você tem certeza que você ama?
Olhe, se você teve dúvidas ao penar nas respostas, assista esse filme!
E se aina não assistiu, vá em meu blog no índice DRAMA, página 35.
Solidões
4.1 46Depois de ver esse filme já não sei se não sou tão só assim ao ponto de me ver nesse filme que abusa de metáforas para discutir o que é a solidão?
"Navegar é preciso, viver..." Sei não, só sei que os dizeres que recheiam esse filme possuem certa profundidade, como “Ninguém é sozinho como o palhaço” (dita por Cocada, o palhaço mais antigo do Brasil) ou “A solidão é o velho esperando a família para o Natal”. Outras vezes são mais desgastadas, como ao comparar a solidão a uma ilha. Também são explorados dados estatísticos sobre os solitários no Brasil, de forma um tanto expositiva.
Esse é Oswaldo Montenegro o cantor compositor roteirista ator produtor que retorna depois do seu, também reflexivo “Léo e Bia” e, como no primeiro, repleto de frases inspiradas como “Chocolate quente, licor e charuto. Essa sim é a santíssima trindade” ou “Ave por ave, o Carneiro. Se voasse”. O posicionamento de contestação religiosa, com um senso exacerbado de ironia, está presente em grande parte da trilha sonora e em alguns diálogos preciosos.
Mesmo com o uso do recurso narrativo da mistura de várias estórias, o filme não perde o ritmo. A forma fluida como as subtramas se relacionam é um grande mérito da equipe de montagem. Curiosamente, o filme perde força em algumas sequências musicais. Apesar de boas composições, certas passagens parecem mais videoclipes aleatórios do que parte inerente à trama.
A fotografia, em perfeita sintonia com a direção de arte, também merece destaque. A variação da paleta das cores é constante, com o uso preferencial de cores vibrantes. De forma criativa, as cenas em que as cores são usadas em profusão são aquelas em que percebemos uma maior confusão mental dos personagens. A transição do preto e branco para o colorido depois que alguém tranca a porta de um cômodo é brilhante.
O diretor se mostra seguro ao passear por tantos gêneros dentro de uma mesma obra. Há passagens com teor erótico filmadas com a mesma competência de passagens mais simples. Os monólogos, sem cortes, e as longas cenas sem diálogos confirmam essa impressão.
Cada ator consegue aproveitar ao máximo o espaço que o roteiro cede a seus personagens. No entanto, merecem destaque maior Vanessa Giácomo, Kamila Pistori e Pedro Nercessian, com uma “menção honrosa” para Oswaldo Montenegro, que rouba a cena como o Diabo, em uma das melhores sequências do longa (“Não me chame de senhor!”, ele fala em certo momento) faz desse carioca de Grajaú por nascimento e candango de Brasília por adoção um brasileiro artista "quase" perfeito dentro de uma imperfeição ora caótica, ora vicejando um humor inteligente colocando dentro dessa drama existencial perfis insanos de um cotidiano nascido de uma cabeça iluminada e, arrisco dizer, esse “Solidões” é uma obra bem realizada que veio para consolidar mais um talento do inigualável Oswaldo Montenegro.
Ainda não assistiu? Corra, acesse meu blog no Índice Drama, página 35.
Com Amor... da Idade da Razão
3.6 47Espere, espere... tenho que me recompor, não posso (e não consigo) escrever com os olhos cheios de água, de lágrimas após o termino desse belíssimo filme, tão leve como devem ser as coisas profundas e importantes em nossas vidas. Um mergulho em busca de nós mesmos para que venhamos a ser o que somos, já que a realidade embota a visão da alma e nos impede de nos encontrarmos.
Li há muito tempo atrás um livro (e depois assisti ao filme) que marcou o final de minha meninice e princípio de minha juventude com uma frase (título do livro e do filme) que ainda hoje reverbera em minha memória: Quo Vadis? Uma frase latina que significa "Para onde vais?" ou "Aonde vais?" (1).
Mas, deves estar perguntando, 'que diabo tem isso com o filme?' Tudo, tudo... Mas poderia também citar Píndaro (poeta grego, 520 a.C.) "Venha a ser o que tu és", uma frase super complexa de ser interpretada, mas que tem em sua condensação imperativa uma essência prá lá de filosófica que nos incita a voltar ao nosso caldo originário e rever determinadas posições atuais que tomamos como verdade absoluta e que talvez não sejam tão absolutas assim.
E, depois de tudo isso escrito, como fica o filme? Fica guardado na memória como um momento de exaltação aos sonhos tidos e deixados no passado pelo atropelamento insano do ter para ser.
"É importante ter sonhos grandes o suficiente para não perde-los de vista quando os perseguimos".
(1) O uso moderno da frase refere-se à tradição cristã, relatada no livro apócrifo Atos de Pedro (Manuscrito Vercelli XXXV), em que São Pedro encontra Jesus enquanto Pedro está fugindo da provável crucifixão em Roma. Pedro pergunta a Jesus "Quo Vadis", e Jesus lhe responde, "Eu estou indo a Roma para ser crucificado de novo." (Roman vado iterum crucifigi.); prontamente Pedro ganha coragem para continuar seu ministério e eventualmente torna-se um mártir.
Em tempo: O filme está em meu blog (Indice Romance, página 10).
Ismael
3.7 22 Assista AgoraEspera gente, Espera!!!
Esse filme não é sobre um menino chamado Ismael? Tá bom, tá bom que em muitos outros o título nada tem a ver com a obra final, o que não é o caso desse 'garoto de 10 anos, que com a ajuda de sua avó, procura localizar seu verdadeiro pai' mas... Cadê o nome do moleque que viveu o personagem título?
Faz assim não, gente! Se você não conhece o filme, não assistiu e desconhece tudo sobre um filme, então não cadastre o dito. Vamos fazer justiça: Larsson do Amaral é o ator mirim que vive Ismael!
Aí em baixo está o REAL elenco:
Mario Casas (Félix), Belén Rueda (Nora), Larsson do Amaral (Ismael), Sergi López (Jordi), Juan Diego Botto (Luis), Ella Kweku, Mikel Iglesias, Alain Hernández, Gemma Brió, Òscar Foronda.
Sim, ia esquecendo de deixar registrado que é um bom filme que toca profundamente!
Ops! Putz! Quase esqueço de falar que o filme está em meu blog (Índice Drama, página 34)
Pronto! Agora corra e assista!