Há uma grande controvérsia sobre esse filme, seu título. Para a grande maioria é chamado de Oh Boy, um título inconsistente surgido ainda antes de seu lançamento nos Estados Unidos talvez por equivoco na tradução do alemão para o inglês (ou por ser mais chamativo em perspectiva comercial) e assim chegou por cá, só que o e projeto de tese para o Cinema e Televisão Academia Alemã de 'Jan Ole Gerster' intitula-se "Einen Kaffee in Berlin" que, traduzido, deveria ser "Um Café em Berlin. Dentre todos os sites que visitei apenas o da IMDb, que tambem traz por título 'Oh Boy', oferece o cartaz traduzido corretamente. Mas deixemos o título de lado que seja 'Oh Boy' ou 'Um Café em Berlim' em nada modifica a ótima estreia desse alemão e nem o brilhantismo de 'Tom Schilling' pondo vida a esse 'bom vivant' que lhe valeu o prêmio de Melhor Ator na German Film Awards (Lola) de 2013. Um filme preto e branco na era do 3D, por si só, ja aguça a curiosidade e o interesse dos cinéfilos ávidos por bons filmes. E esse não faz feio! Em tempo: Se ainda não viu corra para meu blog!
Não sou afeito a filmes dessa natureza, tenho corrido léguas desses 'melodramas' feitos para fazer a gente chorar e, por muitas vezes, sem assistir desdenhei desse filme imaginando-o mais um tipicamente 'mexicano'. Me enganei! E não foi por estar ainda fragilizado pela morte recente de meu pai, nem a falta de esperança de dias melhores. Não, não foi nada que, nos últimos 15 dias (papai morreu a exatos 15 dias) que me fez resolver assistir, muito menos fui influenciado pelas críticas ou daqui em filmow ou em outro qualquer site (e blog) sobre cinema. Agora, depois do The End (Fim) me ponho a repensar uma série de 'coisas' que, antes, nem mexiam em nada em mim. Mas esse 'Pequenos Milagres' (Contraluz seria o correto ao traduzir Backlight) faz a gente querer prestar atenção ao que acontece, diuturnamente, em nossa volta. Coisas pequenas que passam sem que nos faça parar para pensar, coisas que são, na realidade, pequenos milagres em nossas vidas que nos salvam e salvam nossos momentos e que, ligados em querer viver, não prestamos atenção como naquela noite de sábado em que passei segurando a mão de meu pai sem saber que não mais lhe seguraria a mão em vida. Por favor, assista! Se não sabe onde, dê um pulinho em meu blog no índice 'Épico/Religioso', página 3.
Esqueça!!! Esqueça também (pelo amor de Deus!) que eu assisti esse filme, mas se mesmo assim você quiser se aventurar, dê um pulinho em meu blog que lá também há esse tipo de filme, afinal... Deixa pra lá!
Hoje faz um calor infernal, já tomei quatro banhos e o suor pegajoso ainda empapa minha camisa, ventilador não ventila (joga ar quente em meu corpo) e o ar-condicionado pifado me fez querer ver algo frio que me desse esperança de dias mais amenos. É caro que não esse frio hediondo desse "Arctic Blast" do australiano Brian Trenchard-Smith que nos faz ver um algo há tempos imaginado ficção e que hoje, graças à nossa burra humanidade, aos poucos vai tomando forma de realidade possível. Está bem que não é uma obra de arte e nem novidade nas telonas catastróficas mundo afora, se bem pensarmos até podemos dizer ser agradável ver, que preenche o tempo e não dá vontade de levantar e fugir da sala de exibição e nem nos coça o dedo para pressionar o STOP. Assista sem medo! ---------------------------- Em tempo: O filme está em meu blog, no índice ficção, página 5.
Ao contrário de obras genéricas que investem em terrenos seguros como a comédia romântica ou o thriller policial, aqui temos um ideário poético que discursa sobre temas filosóficos, investindo em questões a respeito da vida e da morte, do ir e vir, do amar e deixar partir. “Pra quem sonha, o impossível é só mais uma das infinitas possibilidades”. Este é apenas um dos vários pensamentos que permeiam o onírico Minutos Atrás (2013), filme de Caio Sóh, que traz para as telas a sua peça homônima de 2003, grande vencedora do XIV Festival de Teatro do Rio, em 2007. Só os três atores dividem a cena e mostram um grande empenho em dar vida ao curioso trio e não abusar da caricatura. Outro destaque é para a fotografia de Rodrigo Alayete, que traz a paisagem em preto e branco de tom bem acinzentado, em contraste com as cores dos personagens e da cenografia – em um trabalho conjunto com a arte da produção –, apesar de não estarem tão saturadas, com exceção do vermelho. Isso só muda nas passagens de tempo, cujas imagens estão em cores, e na cena final, em que algo ou alguém perde a cor em um uso narrativo e perspicaz do P&B. E além da fábula, a produção também flerta com a literatura de cordel e até com a linguagem circense. Nildo, por exemplo, é um personagem que é, às vezes, uma espécie de bufão na carroça, que evoca um trailer de trupe de circo. Porém, é o tom teatral que predomina, desde a clara divisão em três atos – cada capítulo traz um título referente à morte de cada um dos três personagens, seja ela real, fictícia ou apenas sua iminência – até o texto e estilo de interpretação. Talvez (sempre um talvez, meu Deus!) o problema é que isso torna o filme pesado e até faz o espectador imaginar como a peça deve ser interessante, ao mesmo tempo em que se pergunta sobre a necessidade de transpô-la para o cinema. E (novamente bem caberia outro talvez) outra questão que pode afastar parte do público é que a obra é extremamente verborrágica ao tratar metafórica e filosoficamente da estrada da vida, seu fim com a chegada da morte e tudo que há no caminho: destino, amor, vaidade, Deus, solidão, beleza, fingimento, fome, amizade, dor, etc. Os diálogos são inusitados e também extensos, mas conseguem ao mesmo tempo chamar a atenção com frases, como “Tá fora de moda olhar pros outros”, que têm a capacidade de fazer o espectador olhar igualmente para “o(s) outro(s)” que vive(m) escondido(s) dentro de si mesmo. Portanto, citando o próprio filme, quando o pensador Alonso diz que “afeto é não se afetar com o defeito do outro”, é necessário relevar as falhas de Minutos Atrás para poder aproveitar a experiência de reflexão que ele propõe. Sem voltar a utilizar outra vez um "talvez" digo com certeza ser um filme gostoso de se ver se esquecermos os talvez acima!
Os filmes de Aki Kaurismäki partem sempre de situações dramáticas muito simples. Simplórias, pode-se dizer, só que carrega um que de gostoso como em seu inigualável Os Cowboys de Leningrado Vão a América, de 1988. Um algo estranho ponteia esse "Encontro com Moisés" e, diga-se de passagem e de verdade, pouco deve agradar aos acostumados com produções bem "feitinhas" que entulham as salas de exibição e que, para quem aprecia novidades, por certo há de se deliciar com essa troupe de amalucados. Mas o mais impressionante não é isso. O que mais choca e emociona é como esses dispositivos ficcionais tão básicos, que abrem espaço para comédias melancólicas com retoques de nonsense – porém sempre fortemente afetuosas – criam situações tão arquetípicas e relevantes sobre o mundo contemporâneo que é difícil não se deixar levar por uma delas. Sejam elas histórias de aculturação de um conjunto de pessoas conduzidas por um kapò ditatorial e estúpido ou o relato de um amnésico que só tem a sinceridade e a ternura num mundo que não aceita esses valores como moeda de troca. Aos que apreciam os ditos filmes de arte é um prato cheio!
“Dificílimo ato é o de escrever, responsabilidade das maiores.(…) Basta pensar no extenuante trabalho que será dispor por ordem temporal os acontecimentos, primeiro este, depois aquele, ou, se tal mais convém às necessidades do efeito, o sucesso de hoje posto antes do episódio de ontem, e outras não menos arriscadas acrobacias(…)” — Saramago, A Jangada de Pedra, 1986 E, a bem da verdade, para quem leu o livro (lançado em 2002 em Portugal e no Brasil) por certo há de estranhar aqui e acolá o desenrolar da trama bem urdida desse português conhecido por utilizar um estilo oral, coevo dos contos de tradição oral populares em que a vivacidade da comunicação é mais importante do que a correção ortográfica de uma linguagem escrita. Todas as características de uma linguagem oral, predominantemente usada na oratória, na dialéctica, na retórica e que servem sobremaneira o seu estilo interventivo e persuasivo estão presentes. Assim, utiliza frases e períodos compridos, usando a pontuação de uma maneira não convencional; os diálogos das personagens são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma que não existem travessões nos seus livros. Este tipo de marcação das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a ponto do leitor chegar a confundir-se se um certo diálogo foi real ou apenas um pensamento. Muitas das suas frases (ou orações) ocupam mais de uma página, usando vírgulas onde a maioria dos escritores usaria pontos finais. Da mesma forma, muitos dos seus parágrafos ocupariam capítulos inteiros de outros autores. E traduzir Saramago para a linguagem cinematográfica mantendo a linha do escrito original não é tarefa fácil, mas Javier Gullón conseguiu seguir a fonte fazendo, desse filme 'verdadeiro Saramago' pela visão responsável de Denis Villeneuve somado à maestria de Matthew Hannam que, mesmo obrigando-se a fugir da linguagem escrita, realizou uma montagem (edição) primorosa. Indico para que aprecia o belo e, para quem ainda não viu, "O Homem Duplicado" está em meu blog (Índice Suspense, Página 7).
Quanto vale um sorriso? E um sorriso de uma criança que sofre de câncer? Não tem preço... Um sorriso não pode ser medido de outra maneira que com um sorriso, e um grupo de pessoas que fazem sorrir distribui, de graça que sorriso não se vende e nem se cobra, para crianças que nada tem porque sorrir! Hoje eu queria ver e ouvir um único sorriso de meu pai que... Sofre de câncer e nem sabe o quanto me vale vê-lo sorrir, o quanto me faria sofrer menos... Assista esse documentário...
Todo brasileiro precisa saber o que foi o Golpe Militar (garbosamente chamado pelas forças armadas de Revolução) de 1964 e esse documentário mostra um pouco do que sofremos naqueles tempos... Gostei do formato, da montagem que evidencia um padecer vestido (e vertido) pelos cortes precisos banhados por uma música desconhecida pela garotada de hoje que somente em rodas restritas foram divulgadas. Vivi meus anos de descobertas encoberto pelo medo, tremi e chorei quando meu pai foi preso, mas não temi a mim mesmo nas passeatas mortalmentes reprimidas pela polícia insana em que a roupa/farda os fazia seres estranhos batendo, esmurrando, torturando a quem por eles (também) lutava. Um documentário que documenta e oferece, até mesmo aos insanos irresponsáveis Bad-Blocs, uma visão do que foi o golpe de 1964! O documentário está em meu blog (Índice Documentário, página 5).
Bem poderia ser continuação do ótimo "O Clube Do Suicídio", mas vejo como um aprofundamento daquele com pinceladas reflexivas sobre um estranho mundo metido nas entranhas do pensar de uma juventude sem rumo enevoada pela passividade afastada de uma família, digamos, um tanto normal demais. Os fatos do filme anterior são apenas citados sem serem determinantes aos acontecimentos. Até há cenas em flashback, mas a relação é só a de que algumas meninas do círculo de Noriko se mataram nos misteriosos suicídios. Não há nenhuma novidade sobre o tema e nem a banda adolescente do filme anterior é citada aqui. No mais, é um drama com baixo nível de violência, que tenta explorar a indiferença e as rígidas regras sociais e familiares que regem a sociedade japonesa. Talvez para alguns possa parecer lento e longo demais (quase 160 minutos) e não levar a lugar algum, mas quando assistido com interesse e acuidade transmuda-se em uma (quase) peça sociológica sobre o cotidiano de imagens e impressões de descobertas em uma época onde a distância toma formas alarmantes. Foi premiado em diversos festivais mas, quando assistido sem interesse, por certo arrancará bocejos desconfortável até o final catártico regado a violência em off coroando esse bom Sion Sono. ----------- O filme está em meu blog (Índice Terror, página 8).
Antes de tentar analisar notas e impressões desse ou daquele filme é necessário que se saiba o que ele - o filme - deixou impregnado em minha própria impressão, não importa o que esse ou aquele tenham dito ou que nota tenham dado, isso fica como legado de cada um. Sobre o filme antes precisamos deixar fixado tratar-se de uma produção independe quiçá idealizado para ser o filme jamais assistido. Como prova desse fato é que foi concluído em 2004 e somente em 2006, após cair nas mãos de um figurão da Universal, é que ganhou as telonas em terras do tio San e que, por lá, andou arrebatando uma certa - e não desprezível - bilheteria entre a garotada de 13 a 17 anos justamente na faixa etária mais despreparada para um filme que discute a vida (e a morte) por um ângulo tacanho e insensato o que, aos padrões e parâmetros deles - americanos - bem pode ser degustado como linha normal no viver. Talvez precisássemos enveredar por linhas tortuosas da psicologia, se fossemos realmente nos aprofundar no mote dessa produção estranhamente interessante, mas isso demandaria tempo e espaço aqui restrito. É um bom filme, boa garotada vivendo o descobrir disso e daquilo metidos em seus mundos pessoais repletos de desavenças e desamores e, aqui o que mais me impressiona, discutindo coisas que vivenciamos em nosso dia-a-dia sem que, a bem da verdade, não encaminha ao suicídio por vê-lo bonito e enaltecedor: coisa que não é. O certo mesmo é assistir ao filme e tirar suas própria conclusões e, o melhor de tudo, está em meu blog (Índice Drama, Página 38).
Talvez para alguns um filme frio e sem sentimento, mas todos hão de convir que o cinema que nos leva a lugares distantes e realidades alheias, também promove viagens interiores gratificantes. "Adeus, Primeiro Amor" (Un Amour de Jeunesse), escrito de dirigido com sensibilidade por Mia Hansen-Løve, estabelece com êxito um diálogo íntimo com o espectador ao narrar a história de Camille (a promissora atriz Lola Créton), jovem parisiense vivendo seu primeiro e, por isso mesmo, arrebatador amor. Um dos pontos fortes do filme Mia Hansen-Love é contar essa história de forma realista, autêntica, escapando inteligentemente dos clichês (o que, convenhamos, não é fácil num filme centrado no amor romântico). A trama também é habilmente pontuada de elementos sutis e imagens capazes de buscar na memória sentimental de cada espectador um ponto de identificação, consciente ou inconsciente, com o que se vê na tela. Em tempos de politicamente correto, em que seria mais “adequado” mostrar a protagonista se afirmando como mulher independente, Mia Hansen-Løve tem a coragem de apresentar uma mulher que evolui, sim, mas que parece sempre sujeita aos caprichos do amor. A sua identidade é sempre consequência da sua submissão aos sentimentos. E, afinal, não é assim com muitas mulheres? Como ponto negativo, o longa comete o excesso de se enveredar em demasia pelo discurso da beleza arquitetônica e seus simbolismos estéticos, o que não tem analogia aparente com a personalidade da protagonista ou progresso narrativo que ela enfrenta. Uma extensão da construção visual do filme que soa supérfluo e o estende demais. O deslize narrativo, no entanto, não tira de Adeus, Primeiro Amor o mérito de ser um filme sobre o amor na juventude de rara inteligência. A quem deseje assistir acesse meu blog (Índice Drama, Página 3).
A Pomba Branca Durante sua jornada de volta para casa, no Mar Báltico, um inocente pombo-correio perde-se e cai na cidade de Praga, onde é resgatado e cuidado por um frágil garoto. Logo os dois desenvolverão uma amizade que tocará todos ao seu redor. Título Original: Holubice Direção: Frantisek Vlácil Estreia no Brasil ( ) Estria Mundial (X): 4 de Novembro de 1960
Um filme carregado de silêncio que explode, a cada imagem, em sons que ensurdece levando e elevando o espectador a impressões que impregnam e assolam deixando a falta da voz como um simples detalhe de pouca importância...
Para quem ainda não viu: Cine Rialto, Drama, Página 34
Que me perdoe os amantes e apreciadores da alta costura que desse treco nada sei, a não ser que agulha tem ponta fina e lugar - na outra extremidade - por onde se deve introduzir uma linha empapada de cuspe (que de outra maneira, comigo, sequer acerto o tal buraquinho). A regra geral dita que deve-se saber (ou pelo menos ter conhecimentos básicos) sobre aquilo que se vai escrever então vou deixar de lado o mundo glamoroso da alta costura e me fixar na seara onde patino sem muito atropelo: o cinema. Mas antes é bom que saibas que esse "designer da alta costura tornou-se mundialmente famoso aos 21 anos quando sucedeu seu empregador, Christian Dior, após sua morte". No filme recém lançado em terras tupiniquins o razoável Lespert (Jalil Lespert) se enveredou nesse estranho mundo para contar a história de amor do (perdoe-me) costureiro com o empresário Pierre Bergé como fio condutor da trama. O longa abarca o período que vai de 1956 até 1976, concentrando-se na chamada idade de ouro de sua produção e também de sua relação com Bergé. Yves Saint-Laurent tem fotografia e direção de arte muito bem trabalhadas, remetendo o público à época retratada e a todo o glamour que permeava o universo da alta costura daqueles tempos. Mas peca ao tratar a vida do estilista de forma superficial e óbvia. Sua ascensão, declínio e o drama que viveu devido aos excessos e envolvimento com drogas são abordados de forma previsível e pouco aprofundada. A bem da verdade, a força do filme está no ator Pierre Ninney, que incorpora o jeito de falar e expressões corporais do estilista de maneira impressionante, segundo quem o conheceu. Mas todos seus esforços não são capazes de fazer brotar sentimento real dentro da trama. Falta emoção e sobra música alta pontuando momentos-chave, uma tentativa de arrancar a solidariedade do espectador a fórceps. A produção também falha ao não conseguir expor claramente porque os produtos da marca YSL foram tão bem-sucedidos. Sim, o estilista revolucionou a moda na época, mas o longa não consegue explicar como. O que vemos são cenas de desfiles bem-sucedidos seguidos de aplausos e elogios. Já quando se concentra no homem Yves Saint-Laurent não há espaço para a sugestão, para o silêncio ou qualquer subtexto. Seu comportamento, frustrações, medos e perfeccionismo são simplesmente expostos e nunca subtendidos. Como deixei claro lá em riba, sou analfabeto nesse negócio de costura (que o digam minhas meias remendadas como se costura sacos de estopa) mas, apesar desses pequenos grandes tropeços, é um filme bonzinho... Sim! O filme está em meu blog (Índice Drama, página 33).
O florescer da sexualidade pode ser abordado de muitas formas pelo cinema, mas este filme - co-produzido pela Espanha e Argentina - encontra uma forma única de abordar um drama desse gênero ao explorar de forma delicada como uma menina de 15 anos é capaz de enfrentar o fato de ser hermafrodita. Ao invés de explorar o drama que envolve a protagonista por conta da escolha, XXY prefere tratar a situação de uma forma sincera e honesta, abordando os tipos de problemas que qualquer outro adolescente teria: o sexo, a vergonha em relação ao próprio corpo, a insatisfação com a vida. Claro que todos esses problemas são únicos em relação a Alex por conta de sua situação. O filme se passa muito próximo ao mar, onde existem espécies naturalmente hermafroditas, como os cavalos marinhos, como uma forma de aproximar a personagem à "normalidade". Todos os dramas do longa são tratados de forma digna, como se os personagens sofressem sempre sozinhos. Por isso, sua boa interpretação é crucial para que o espectador emocione-se de forma quase que involuntária. XXY passa longe de qualquer tipo de sensacionalismo que o tema poderia acarretar e esse é um dos grandes méritos do filme, dirigido por Lucia Puenzo. Tudo é desenvolvido tendo como base a situação psicológica de cada personagem; por isso, são todos muito bem-desenvolvidos, com destaque para a atuação fria e contida de Ricardo Darín, que dá a densidade necessária ao seu papel. O filme está em meu blog (Drama, Página 2, 4ª Linha)
Não é tão ruim como 'quase' todos aqui colocam, é claro que nem de longe pode ser considerado um filme de primeira, mas há gosto para tudo e, cá para nos, é divertido assistir, vez em quando, esses filminhos água com açúcar deliciosamente inocentes e infantis.
Esse americano, Jonathan Nossiter, casado com brasileira e que vive no Rio há muitos anos resolveu colocar merda na já borrada imagem de nossa "cidade maravilhosa" com essa sua pseuda "crítica bem-humorada à relação dos estrangeiros com o Brasil" e, para bem dizer do que é esse coisa, na apresentação da sessão de gala em uma malversada noite no cine Odeon, avisou que os politicamente corretos poderiam sair da sala antes mesmo da exibição. Não era para tanto. Seu filme é menos politicamente incorreto do que desnorteado. Esse cara inspira-se em Sergio Bianchi, o diretor de “Cronicamente Inviável” conhecido pelas críticas ácidas à sociedade brasileira. Mesmo que não se goste de Bianchi, ele não poupa nada nem ninguém e é capaz de verdadeiramente provocar e fazer pensar em coisas novas. “Rio Sex Comedy”, por outro lado, fica no meio do caminho entre uma comédia maluca pouco engraçada e a crítica social sem muito pulso, perdendo totalmente a contundência. O diretor também não consegue apresentar um ângulo novo, dizendo apenas aquilo que quem tem um mínimo de noção já sabe. A bem da verdade pode-se dizer que desde sua estreia no Toronto International Film 2010 em 16 de setembro deixou, para os gringos, um simples filme malfeito e porcamente engendrado para se tornar uma espécie de cartão postal de uma cidade vista promiscua onde a nudez, o sexo e a sacanagem eclode, como erva daninha, em qualquer canto ou situação no Rio de Janeiro e, por tabela, em qualquer lugar desse país da estrela vermelha. Não sei por que cargas d'água Ivo Pitanguy, que interpreta ele mesmo, se deixou colocar nessa peça de mau gosto que, segundo palavras de Nouvel Observateur da França, o filme “consegue a façanha de nos fazer rir e pensar ao mesmo tempo” em um filme que Paul Auster descreve como “Os Irmãos Marx do século 21”. É! Estamos pessimamente maus na photo... (Em tempo: o filme está em meu blog).
Na realidade esse não pode ser considerado um filme de ficção, afinal milhares de espertalhões INVENTAM igrejas evangélicas e, muitos, chegam até mesmo comprar rede de televisão, fazendas atulhadas de cabeças de gado tudo financiado pelo gado obreiro e espectadores imbecis.
Outro dia resolvi assistir, novamente, esse filme já com 11 anos de estrada e, novamente, me emocionei. Quando resolveu transpor a série televisiva O Auto da Compadecida para as telas de cinema, Guel Arraes fez uma aposta que muitos consideravam fadada ao fracasso. Quem, afinal, poderia imaginar que uma minissérie vista por milhões de brasileiros pela TV, depois de editada, levaria mais alguns milhões para as salas de cinema? Arraes acreditou e o resultado é bem conhecido de todos: mais de 2 milhões de espectadores e uma renda bruta superior a R$ 10 milhões. Iniciativa tão bem-sucedida deu ao diretor carta branca para o lançamento da versão compilada de outra série, Caramuru - A Invenção do Brasil, que não obteve o mesmo êxito da anterior, mas também não encontrou dificuldades em cobrir os custos de adaptação. Agora, Arraes leva às telas o misto de farsa e comédia romântica Lisbela e o Prisioneiro. O filme é baseado em peça de Osman Lins e também foi exibido na TV na forma de especial pela rede Globo. A diferença, desta vez, é que não houve apenas uma reedição do produto televisivo para o cinema. Guel Arraes fez realmente um filme, o seu primeiro por assim dizer. A idéia de levar a história para as telas partiu da atriz Virginia Cavendish, mulher do diretor, e da produtora Paula Lavigne na época em que corriam o País com a versão teatral de Lisbela e o Prisioneiro. "Durante as exibições, vi que a peça tinha um apelo popular muito grande, que o público se identificava muito com a história. Daí, eu a Virginia convencemos o Guel a fazer o filme", diz Paula Lavigne, que faz sua estréia como produtora de cinema. Guel Arraes e Paula fizeram questão de frisar que a idéia era fazer um filme de apelo popular. Inclusive, para evitar riscos, eles importaram da TV os conhecidos testes de exibição prévios, nos quais uma audiência selecionada assiste a uma versão não-finalizada da obra e expõe suas impressões. Arraes, no entanto, deixou claro que em nenhum momento o resultado do teste o faria alterar drasticamente seu trabalho. "Na verdade, o grande teste se dá na produção do roteiro e nos ensaios. Esse tipo de pesquisa a gente faz para ver se encontrou o caminho certo. Isso ajuda a construir o nosso espectador ao longo do filme", diz. Conquistar espectadores de classes diversas não será um desafio para Lisbela e o Prisioneiro. O filme é divertimento sem pretensões, leve e bem-realizado. O roteiro escrito por Guel Arraes em parceria com Jorge Furtado e Pedro Cardoso não arrisca nem inova, é funcional na medida do necessário. O elenco de talentos conhecidos do público brasileiro, como Selton Mello, Débora Falabella e Marco Nanini, dá conta do recado sem ter de fazer força. Para completar, uma trilha sonora popular e bem casada com a trama, que inclui canções como "A Dança das Borboletas", numa versão hard gravada por Zé Ramalho e o grupo Sepultura; "Espumas ao Vento", com arranjo flamenco e na voz de Elza Soares; "Oh, Carol", num dueto entre Caetano Veloso e Jorge Mautner, entre outras. Em suma, Lisbela e o Prisioneiro derruba a máxima - muito em volga nos dias de hoje - de que um produto popular tem de ser necessariamente ruim. E, caso você ainda não viu ou deseje assistir novamente, é só ir em meu blog (Índice Comédia, página 2, primeira linha)...
● Radio Rebel estreou nos Estados Unidos em 17 de fevereiro de 2012 com 4.3 milhões de telespectadores. Se comparado com o filme anterior de Debby Ryan, 16 Wishes (em português 16 Desejos), a audiência foi a maior da noite de estreia com 5.6 milhões de telespectadores.
● A primeira exibição do filme no Disney Channel HD foi no formato HD, não como outros filmes gravados em HD que tiveram sua estreia, e as suas exibições até hoje, no formato SD.
● Em 10 de janeiro de 2014, o filme foi exibido pela Rede Globo dentro do programa Sessão da Tarde.
Pois'é! Radio Rebel é um filme original Disney Channel de 2012, baseado no romance popular Shrinking Violet da autora Danielle Joseph e estreou no Disney Channel EUA dia 17 de Fevereiro de 2012, no Disney Channel Brasil estreou dia 15 de Abril de 2012 e no Disney Channel Portugal só em 05 de Outubro de 2012. O filme é dirigido por Peter Howitt, escrito por Erik Patterson e Jessica Scott e protagonizado por Debby Ryan. E, mesmo sendo apreciado pela garotada até os 13 anos (13, será?), não é lá essas coisas apesar de alguns bons momentos aqui e acolá, quiçá a dose certa para continuar assistindo essa baboseira da Disney... Péra, péra... Escrevi baboseiras não por achar um filme ruim e sim por achar que não soma a nada, do tipo "assistiu esqueceu"... Nem sei porque, mas esse também está em meu blog!
Putz! E Putz! de novo e outra vez.... Sim, ante do último putz! queria dizer (Putz! que loucura...) que (Putz!) o documentário está em meu blog, PUTZ!!!!!!!!!
Assisti estupefado esse filme e não há como não constatar que a filmografia de Martin Scorsese, desde a década passada, se tornou um grande museu de cera da história do cinema. Não basta para ele assumir o manto do grande cineasta americano de seu tempo, Scorsese tem que levar a palavra para o espectador. Nesta problemática guinada que o seu cinema deu a partir de Gangues de Nova York (2002), cabe a ele o papel de guia turístico da história da sétima arte, coisa que já havia se mostrado antes em Cabo do Medo (1991) ou A Época da Inocência (1993). Mas ao se inspirar em grandes momentos e cineastas do passado da sétima arte, Scorsese acaba não só esvaziando o seu verdadeiro cinema, mas também deixando escapar o significado real dos fantasmas que ele tanto persegue. Tendo o esforçado Leonardo DiCaprio como parceiro constante dessa fase, com a exceção do fraco A Invenção de Hugo Cabret (2011), Scorsese é um pintor que compõe quadros de técnica admirável, e também mecânica, sem falar dos exageros visuais, que só estão lá porque podem e não porque devem. Como a narrativa inflada e didática de A Ilha do Medo, pois afinal, Scorsese precisa explicar o que se passa ao público leigo que nunca viu um clássico alemão dos anos 20 ou um noir hollywoodiano dos anos 40. Cabe a ele, sendo o professor que tomou para si a tarefa de ensinar cinema. Diferente do que faz Spielberg e alguns outros, que estão contando a história dos EUA. Após rever Visconti, Leone, Walsh e Lang, agora Scorsese tem como tópico ele mesmo. É bem verdade que em O Lobo de Wall Street, Martin Scorsese e a montadora Thelma Schoonmaker parecem revigorados, saídos de uma espécie de transe em que viviam desde o começo do novo milênio. A história baseada em livro de um ex-corretor de títulos de Wall Street nos anos 90, tenta recriar o mesmo tom frenético de Os Bons Companheiros (1990) e Cassino (1995). Os corretores fraudulentos e gananciosos de agora não ficam nada a dever aos mafiosos e assassinos de antes. DiCaprio deixa de ser apenas um tubo de ensaio em que Scorsese deposita o DNA cinematográfico do século XX, e passa a ser um real personagem. Tudo bem que exagerado, imperfeito, mas é o primeiro sinal de vida independente que o protagonista de um filme de Scorsese apresenta desde Nicolas Cage em Vivendo no Limite (1999). Pela primeira vez nas mãos de Scorsese, DiCaprio deixou de imitar James Cagney ou outra lenda do cinema. Quer saber, assista e constate por vias próprias. Outra coisa, o filme está em meu blog legendado e dublado, vá lá!
Um thriller baseado em fatos reais “O Quinto Poder” (“The Fifth Estate” no original), que conta a história do surgimento da WikiLeaks que, a mais ou menos três anos atrás, quase ninguém sabia o que era esse site. De lá pra cá, o site criado pelo polêmico australiano Julian Assange explodiu, ao expor para o mundo, mantendo as fontes anônimas, segredos que grandes governos e companhias não queriam que fosse a tona. Hoje em dia qualquer pessoa minimamente informada sabe o que é o WikiLeaks, e é claro que Hollywood ia querer tirar lucro dessa história controversa. A princípio imagina-se que há uma tentativa de contar os primórdios e a acessão do site, mas tudo num estilo panos quentes, sem se comprometer a julgar se as atitudes feitas pela organização são corretas ou errôneas. Assange (aqui interpretado por Benedict Cummberbatch) é mostrado como um personagem misterioso e bipolar, algo que não agradou muito o original, que disse que a produção é mentirosa e implorou ao ator que o interpreta a não fazer parte de uma produção tão cheia de erros. Aqui um fato curioso, como tradição do WikiLeaks, o site vazou o roteiro do filme antes do mesmo estrear e apontou diversos fatos, que segundo eles, seriam diferentes da realidade. Se o filme é verídico é complicado saber, mas em defesa do mesmo ele é baseado no livro do ex-braço direito de Julian Assange, Daniel Domscheit-Berg, obviamente hoje ambos são brigados. Entretanto esses eram unha e carne no começo do site. O diretor da obra, Bill Condon (A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 1 e Parte 2), tem uma carreira um tanto fraca, e aqui ele faz um filme sem personalidade, que não se compromete com nada e praticamente relata os fatos sem deixar alguma impressão. O filme tinha um grande potencial de passar uma mensagem sobre os valores da WikiLeaks e seus perigos também, mas o realizadores escolheram o caminha covarde, o da neutralidade. Apenas no fim que é arriscado uma mensagem direta, quando o personagem de Assange fala diretamente com o espectador, quebrando a quarta parede, mas é um momento forçado. O ritmo é corrido, tentando passar a sensação da avalanche de informações que vivemos hoje em dia na era virtual, mas como já dito, a obra carece de vida, e mesmo com os atores principais, Benedict (Além da Escuridão: Star Trek e o seriado Sherlock da BBC) e Daniel Bruhl (Adeus, Lenin! e Rush: No Limite da Emoção), dando seu melhor para segurar o longa, no fim das contas o filme tem pouco a dizer e quase nada a revelar. Com um orçamento de US$ 28 milhões, o filme dirigido por Bill Condon apenas arrecadou um total de US$ 6 milhões na bilhetaria mundial. Não há o que estranhar, Julian Assange já havia criticado o roteiro do longa mesmo antes da sua estréia que, segundo ele, a DreamWorks decidiu fundamentar a sua pesquisa nos livros "mais tóxicos" que existem sobre o WikiLeaks. São eles: "Os Bastidores do WikiLeaks" e "WikiLeaks: A Guerra de Julian Assange Contra os Segredos de Estado". Caso você ainda não tenha assistido o filme está em meu blog nas versões legendada e dublada, vá lá!
Oh Boy
3.7 92Há uma grande controvérsia sobre esse filme, seu título. Para a grande maioria é chamado de Oh Boy, um título inconsistente surgido ainda antes de seu lançamento nos Estados Unidos talvez por equivoco na tradução do alemão para o inglês (ou por ser mais chamativo em perspectiva comercial) e assim chegou por cá, só que o e projeto de tese para o Cinema e Televisão Academia Alemã de 'Jan Ole Gerster' intitula-se "Einen Kaffee in Berlin" que, traduzido, deveria ser "Um Café em Berlin. Dentre todos os sites que visitei apenas o da IMDb, que tambem traz por título 'Oh Boy', oferece o cartaz traduzido corretamente.
Mas deixemos o título de lado que seja 'Oh Boy' ou 'Um Café em Berlim' em nada modifica a ótima estreia desse alemão e nem o brilhantismo de 'Tom Schilling' pondo vida a esse 'bom vivant' que lhe valeu o prêmio de Melhor Ator na German Film Awards (Lola) de 2013.
Um filme preto e branco na era do 3D, por si só, ja aguça a curiosidade e o interesse dos cinéfilos ávidos por bons filmes. E esse não faz feio!
Em tempo: Se ainda não viu corra para meu blog!
Pequenos Milagres
3.4 45 Assista AgoraNão sou afeito a filmes dessa natureza, tenho corrido léguas desses 'melodramas' feitos para fazer a gente chorar e, por muitas vezes, sem assistir desdenhei desse filme imaginando-o mais um tipicamente 'mexicano'.
Me enganei!
E não foi por estar ainda fragilizado pela morte recente de meu pai, nem a falta de esperança de dias melhores. Não, não foi nada que, nos últimos 15 dias (papai morreu a exatos 15 dias) que me fez resolver assistir, muito menos fui influenciado pelas críticas ou daqui em filmow ou em outro qualquer site (e blog) sobre cinema.
Agora, depois do The End (Fim) me ponho a repensar uma série de 'coisas' que, antes, nem mexiam em nada em mim. Mas esse 'Pequenos Milagres' (Contraluz seria o correto ao traduzir Backlight) faz a gente querer prestar atenção ao que acontece, diuturnamente, em nossa volta. Coisas pequenas que passam sem que nos faça parar para pensar, coisas que são, na realidade, pequenos milagres em nossas vidas que nos salvam e salvam nossos momentos e que, ligados em querer viver, não prestamos atenção como naquela noite de sábado em que passei segurando a mão de meu pai sem saber que não mais lhe seguraria a mão em vida.
Por favor, assista!
Se não sabe onde, dê um pulinho em meu blog no índice 'Épico/Religioso', página 3.
Aranhas 3D
1.6 81 Assista AgoraEsqueça!!! Esqueça também (pelo amor de Deus!) que eu assisti esse filme, mas se mesmo assim você quiser se aventurar, dê um pulinho em meu blog que lá também há esse tipo de filme, afinal... Deixa pra lá!
O Frio do Universo
1.8 24Hoje faz um calor infernal, já tomei quatro banhos e o suor pegajoso ainda empapa minha camisa, ventilador não ventila (joga ar quente em meu corpo) e o ar-condicionado pifado me fez querer ver algo frio que me desse esperança de dias mais amenos.
É caro que não esse frio hediondo desse "Arctic Blast" do australiano Brian Trenchard-Smith que nos faz ver um algo há tempos imaginado ficção e que hoje, graças à nossa burra humanidade, aos poucos vai tomando forma de realidade possível.
Está bem que não é uma obra de arte e nem novidade nas telonas catastróficas mundo afora, se bem pensarmos até podemos dizer ser agradável ver, que preenche o tempo e não dá vontade de levantar e fugir da sala de exibição e nem nos coça o dedo para pressionar o STOP.
Assista sem medo!
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Em tempo: O filme está em meu blog, no índice ficção, página 5.
Minutos Atrás
3.8 26Ao contrário de obras genéricas que investem em terrenos seguros como a comédia romântica ou o thriller policial, aqui temos um ideário poético que discursa sobre temas filosóficos, investindo em questões a respeito da vida e da morte, do ir e vir, do amar e deixar partir.
“Pra quem sonha, o impossível é só mais uma das infinitas possibilidades”. Este é apenas um dos vários pensamentos que permeiam o onírico Minutos Atrás (2013), filme de Caio Sóh, que traz para as telas a sua peça homônima de 2003, grande vencedora do XIV Festival de Teatro do Rio, em 2007.
Só os três atores dividem a cena e mostram um grande empenho em dar vida ao curioso trio e não abusar da caricatura. Outro destaque é para a fotografia de Rodrigo Alayete, que traz a paisagem em preto e branco de tom bem acinzentado, em contraste com as cores dos personagens e da cenografia – em um trabalho conjunto com a arte da produção –, apesar de não estarem tão saturadas, com exceção do vermelho. Isso só muda nas passagens de tempo, cujas imagens estão em cores, e na cena final, em que algo ou alguém perde a cor em um uso narrativo e perspicaz do P&B.
E além da fábula, a produção também flerta com a literatura de cordel e até com a linguagem circense. Nildo, por exemplo, é um personagem que é, às vezes, uma espécie de bufão na carroça, que evoca um trailer de trupe de circo. Porém, é o tom teatral que predomina, desde a clara divisão em três atos – cada capítulo traz um título referente à morte de cada um dos três personagens, seja ela real, fictícia ou apenas sua iminência – até o texto e estilo de interpretação.
Talvez (sempre um talvez, meu Deus!) o problema é que isso torna o filme pesado e até faz o espectador imaginar como a peça deve ser interessante, ao mesmo tempo em que se pergunta sobre a necessidade de transpô-la para o cinema.
E (novamente bem caberia outro talvez) outra questão que pode afastar parte do público é que a obra é extremamente verborrágica ao tratar metafórica e filosoficamente da estrada da vida, seu fim com a chegada da morte e tudo que há no caminho: destino, amor, vaidade, Deus, solidão, beleza, fingimento, fome, amizade, dor, etc. Os diálogos são inusitados e também extensos, mas conseguem ao mesmo tempo chamar a atenção com frases, como “Tá fora de moda olhar pros outros”, que têm a capacidade de fazer o espectador olhar igualmente para “o(s) outro(s)” que vive(m) escondido(s) dentro de si mesmo.
Portanto, citando o próprio filme, quando o pensador Alonso diz que “afeto é não se afetar com o defeito do outro”, é necessário relevar as falhas de Minutos Atrás para poder aproveitar a experiência de reflexão que ele propõe.
Sem voltar a utilizar outra vez um "talvez" digo com certeza ser um filme gostoso de se ver se esquecermos os talvez acima!
Os Cowboys de Leningrado Encontram Moisés
3.3 5 Assista AgoraOs filmes de Aki Kaurismäki partem sempre de situações dramáticas muito simples. Simplórias, pode-se dizer, só que carrega um que de gostoso como em seu inigualável Os Cowboys de Leningrado Vão a América, de 1988.
Um algo estranho ponteia esse "Encontro com Moisés" e, diga-se de passagem e de verdade, pouco deve agradar aos acostumados com produções bem "feitinhas" que entulham as salas de exibição e que, para quem aprecia novidades, por certo há de se deliciar com essa troupe de amalucados.
Mas o mais impressionante não é isso. O que mais choca e emociona é como esses dispositivos ficcionais tão básicos, que abrem espaço para comédias melancólicas com retoques de nonsense – porém sempre fortemente afetuosas – criam situações tão arquetípicas e relevantes sobre o mundo contemporâneo que é difícil não se deixar levar por uma delas. Sejam elas histórias de aculturação de um conjunto de pessoas conduzidas por um kapò ditatorial e estúpido ou o relato de um amnésico que só tem a sinceridade e a ternura num mundo que não aceita esses valores como moeda de troca.
Aos que apreciam os ditos filmes de arte é um prato cheio!
O Homem Duplicado
3.7 1,8K Assista Agora“Dificílimo ato é o de escrever, responsabilidade das maiores.(…) Basta pensar no extenuante trabalho que será dispor por ordem temporal os acontecimentos, primeiro este, depois aquele, ou, se tal mais convém às necessidades do efeito, o sucesso de hoje posto antes do episódio de ontem, e outras não menos arriscadas acrobacias(…)”
— Saramago, A Jangada de Pedra, 1986
E, a bem da verdade, para quem leu o livro (lançado em 2002 em Portugal e no Brasil) por certo há de estranhar aqui e acolá o desenrolar da trama bem urdida desse português conhecido por utilizar um estilo oral, coevo dos contos de tradição oral populares em que a vivacidade da comunicação é mais importante do que a correção ortográfica de uma linguagem escrita. Todas as características de uma linguagem oral, predominantemente usada na oratória, na dialéctica, na retórica e que servem sobremaneira o seu estilo interventivo e persuasivo estão presentes. Assim, utiliza frases e períodos compridos, usando a pontuação de uma maneira não convencional; os diálogos das personagens são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma que não existem travessões nos seus livros. Este tipo de marcação das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a ponto do leitor chegar a confundir-se se um certo diálogo foi real ou apenas um pensamento. Muitas das suas frases (ou orações) ocupam mais de uma página, usando vírgulas onde a maioria dos escritores usaria pontos finais. Da mesma forma, muitos dos seus parágrafos ocupariam capítulos inteiros de outros autores.
E traduzir Saramago para a linguagem cinematográfica mantendo a linha do escrito original não é tarefa fácil, mas Javier Gullón conseguiu seguir a fonte fazendo, desse filme 'verdadeiro Saramago' pela visão responsável de Denis Villeneuve somado à maestria de Matthew Hannam que, mesmo obrigando-se a fugir da linguagem escrita, realizou uma montagem (edição) primorosa.
Indico para que aprecia o belo e, para quem ainda não viu, "O Homem Duplicado" está em meu blog (Índice Suspense, Página 7).
Doutores da Alegria
4.5 48 Assista AgoraQuanto vale um sorriso? E um sorriso de uma criança que sofre de câncer?
Não tem preço... Um sorriso não pode ser medido de outra maneira que com um sorriso, e um grupo de pessoas que fazem sorrir distribui, de graça que sorriso não se vende e nem se cobra, para crianças que nada tem porque sorrir!
Hoje eu queria ver e ouvir um único sorriso de meu pai que... Sofre de câncer e nem sabe o quanto me vale vê-lo sorrir, o quanto me faria sofrer menos...
Assista esse documentário...
Futuro do Pretérito - Tropicalismo Now!
3.4 15Todo brasileiro precisa saber o que foi o Golpe Militar (garbosamente chamado pelas forças armadas de Revolução) de 1964 e esse documentário mostra um pouco do que sofremos naqueles tempos...
Gostei do formato, da montagem que evidencia um padecer vestido (e vertido) pelos cortes precisos banhados por uma música desconhecida pela garotada de hoje que somente em rodas restritas foram divulgadas. Vivi meus anos de descobertas encoberto pelo medo, tremi e chorei quando meu pai foi preso, mas não temi a mim mesmo nas passeatas mortalmentes reprimidas pela polícia insana em que a roupa/farda os fazia seres estranhos batendo, esmurrando, torturando a quem por eles (também) lutava.
Um documentário que documenta e oferece, até mesmo aos insanos irresponsáveis Bad-Blocs, uma visão do que foi o golpe de 1964!
O documentário está em meu blog (Índice Documentário, página 5).
A Mesa de Jantar de Noriko
3.8 43Bem poderia ser continuação do ótimo "O Clube Do Suicídio", mas vejo como um aprofundamento daquele com pinceladas reflexivas sobre um estranho mundo metido nas entranhas do pensar de uma juventude sem rumo enevoada pela passividade afastada de uma família, digamos, um tanto normal demais.
Os fatos do filme anterior são apenas citados sem serem determinantes aos acontecimentos. Até há cenas em flashback, mas a relação é só a de que algumas meninas do círculo de Noriko se mataram nos misteriosos suicídios. Não há nenhuma novidade sobre o tema e nem a banda adolescente do filme anterior é citada aqui.
No mais, é um drama com baixo nível de violência, que tenta explorar a indiferença e as rígidas regras sociais e familiares que regem a sociedade japonesa.
Talvez para alguns possa parecer lento e longo demais (quase 160 minutos) e não levar a lugar algum, mas quando assistido com interesse e acuidade transmuda-se em uma (quase) peça sociológica sobre o cotidiano de imagens e impressões de descobertas em uma época onde a distância toma formas alarmantes.
Foi premiado em diversos festivais mas, quando assistido sem interesse, por certo arrancará bocejos desconfortável até o final catártico regado a violência em off coroando esse bom Sion Sono.
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O filme está em meu blog (Índice Terror, página 8).
Pacto de Morte
3.2 48 Assista AgoraAntes de tentar analisar notas e impressões desse ou daquele filme é necessário que se saiba o que ele - o filme - deixou impregnado em minha própria impressão, não importa o que esse ou aquele tenham dito ou que nota tenham dado, isso fica como legado de cada um.
Sobre o filme antes precisamos deixar fixado tratar-se de uma produção independe quiçá idealizado para ser o filme jamais assistido. Como prova desse fato é que foi concluído em 2004 e somente em 2006, após cair nas mãos de um figurão da Universal, é que ganhou as telonas em terras do tio San e que, por lá, andou arrebatando uma certa - e não desprezível - bilheteria entre a garotada de 13 a 17 anos justamente na faixa etária mais despreparada para um filme que discute a vida (e a morte) por um ângulo tacanho e insensato o que, aos padrões e parâmetros deles - americanos - bem pode ser degustado como linha normal no viver.
Talvez precisássemos enveredar por linhas tortuosas da psicologia, se fossemos realmente nos aprofundar no mote dessa produção estranhamente interessante, mas isso demandaria tempo e espaço aqui restrito.
É um bom filme, boa garotada vivendo o descobrir disso e daquilo metidos em seus mundos pessoais repletos de desavenças e desamores e, aqui o que mais me impressiona, discutindo coisas que vivenciamos em nosso dia-a-dia sem que, a bem da verdade, não encaminha ao suicídio por vê-lo bonito e enaltecedor: coisa que não é.
O certo mesmo é assistir ao filme e tirar suas própria conclusões e, o melhor de tudo, está em meu blog (Índice Drama, Página 38).
Adeus, Primeiro Amor
3.3 191Talvez para alguns um filme frio e sem sentimento, mas todos hão de convir que o cinema que nos leva a lugares distantes e realidades alheias, também promove viagens interiores gratificantes.
"Adeus, Primeiro Amor" (Un Amour de Jeunesse), escrito de dirigido com sensibilidade por Mia Hansen-Løve, estabelece com êxito um diálogo íntimo com o espectador ao narrar a história de Camille (a promissora atriz Lola Créton), jovem parisiense vivendo seu primeiro e, por isso mesmo, arrebatador amor.
Um dos pontos fortes do filme Mia Hansen-Love é contar essa história de forma realista, autêntica, escapando inteligentemente dos clichês (o que, convenhamos, não é fácil num filme centrado no amor romântico). A trama também é habilmente pontuada de elementos sutis e imagens capazes de buscar na memória sentimental de cada espectador um ponto de identificação, consciente ou inconsciente, com o que se vê na tela.
Em tempos de politicamente correto, em que seria mais “adequado” mostrar a protagonista se afirmando como mulher independente, Mia Hansen-Løve tem a coragem de apresentar uma mulher que evolui, sim, mas que parece sempre sujeita aos caprichos do amor. A sua identidade é sempre consequência da sua submissão aos sentimentos. E, afinal, não é assim com muitas mulheres?
Como ponto negativo, o longa comete o excesso de se enveredar em demasia pelo discurso da beleza arquitetônica e seus simbolismos estéticos, o que não tem analogia aparente com a personalidade da protagonista ou progresso narrativo que ela enfrenta. Uma extensão da construção visual do filme que soa supérfluo e o estende demais.
O deslize narrativo, no entanto, não tira de Adeus, Primeiro Amor o mérito de ser um filme sobre o amor na juventude de rara inteligência.
A quem deseje assistir acesse meu blog (Índice Drama, Página 3).
A Pomba Branca
4.2 12A Pomba Branca
Durante sua jornada de volta para casa, no Mar Báltico, um inocente pombo-correio perde-se e cai na cidade de Praga, onde é resgatado e cuidado por um frágil garoto. Logo os dois desenvolverão uma amizade que tocará todos ao seu redor.
Título Original: Holubice
Direção: Frantisek Vlácil
Estreia no Brasil ( ) Estria Mundial (X): 4 de Novembro de 1960
Um filme carregado de silêncio que explode, a cada imagem, em sons que ensurdece levando e elevando o espectador a impressões que impregnam e assolam deixando a falta da voz como um simples detalhe de pouca importância...
Para quem ainda não viu: Cine Rialto, Drama, Página 34
Yves Saint Laurent
3.5 175 Assista AgoraQue me perdoe os amantes e apreciadores da alta costura que desse treco nada sei, a não ser que agulha tem ponta fina e lugar - na outra extremidade - por onde se deve introduzir uma linha empapada de cuspe (que de outra maneira, comigo, sequer acerto o tal buraquinho).
A regra geral dita que deve-se saber (ou pelo menos ter conhecimentos básicos) sobre aquilo que se vai escrever então vou deixar de lado o mundo glamoroso da alta costura e me fixar na seara onde patino sem muito atropelo: o cinema.
Mas antes é bom que saibas que esse "designer da alta costura tornou-se mundialmente famoso aos 21 anos quando sucedeu seu empregador, Christian Dior, após sua morte".
No filme recém lançado em terras tupiniquins o razoável Lespert (Jalil Lespert) se enveredou nesse estranho mundo para contar a história de amor do (perdoe-me) costureiro com o empresário Pierre Bergé como fio condutor da trama. O longa abarca o período que vai de 1956 até 1976, concentrando-se na chamada idade de ouro de sua produção e também de sua relação com Bergé.
Yves Saint-Laurent tem fotografia e direção de arte muito bem trabalhadas, remetendo o público à época retratada e a todo o glamour que permeava o universo da alta costura daqueles tempos. Mas peca ao tratar a vida do estilista de forma superficial e óbvia. Sua ascensão, declínio e o drama que viveu devido aos excessos e envolvimento com drogas são abordados de forma previsível e pouco aprofundada.
A bem da verdade, a força do filme está no ator Pierre Ninney, que incorpora o jeito de falar e expressões corporais do estilista de maneira impressionante, segundo quem o conheceu. Mas todos seus esforços não são capazes de fazer brotar sentimento real dentro da trama. Falta emoção e sobra música alta pontuando momentos-chave, uma tentativa de arrancar a solidariedade do espectador a fórceps.
A produção também falha ao não conseguir expor claramente porque os produtos da marca YSL foram tão bem-sucedidos. Sim, o estilista revolucionou a moda na época, mas o longa não consegue explicar como. O que vemos são cenas de desfiles bem-sucedidos seguidos de aplausos e elogios.
Já quando se concentra no homem Yves Saint-Laurent não há espaço para a sugestão, para o silêncio ou qualquer subtexto. Seu comportamento, frustrações, medos e perfeccionismo são simplesmente expostos e nunca subtendidos.
Como deixei claro lá em riba, sou analfabeto nesse negócio de costura (que o digam minhas meias remendadas como se costura sacos de estopa) mas, apesar desses pequenos grandes tropeços, é um filme bonzinho...
Sim! O filme está em meu blog (Índice Drama, página 33).
O Pesadelo de uma Mãe
2.7 73 Assista AgoraDe cara afirmo ser uma porcaria!
XXY
3.8 506 Assista AgoraO florescer da sexualidade pode ser abordado de muitas formas pelo cinema, mas este filme - co-produzido pela Espanha e Argentina - encontra uma forma única de abordar um drama desse gênero ao explorar de forma delicada como uma menina de 15 anos é capaz de enfrentar o fato de ser hermafrodita.
Ao invés de explorar o drama que envolve a protagonista por conta da escolha, XXY prefere tratar a situação de uma forma sincera e honesta, abordando os tipos de problemas que qualquer outro adolescente teria: o sexo, a vergonha em relação ao próprio corpo, a insatisfação com a vida. Claro que todos esses problemas são únicos em relação a Alex por conta de sua situação. O filme se passa muito próximo ao mar, onde existem espécies naturalmente hermafroditas, como os cavalos marinhos, como uma forma de aproximar a personagem à "normalidade".
Todos os dramas do longa são tratados de forma digna, como se os personagens sofressem sempre sozinhos. Por isso, sua boa interpretação é crucial para que o espectador emocione-se de forma quase que involuntária. XXY passa longe de qualquer tipo de sensacionalismo que o tema poderia acarretar e esse é um dos grandes méritos do filme, dirigido por Lucia Puenzo. Tudo é desenvolvido tendo como base a situação psicológica de cada personagem; por isso, são todos muito bem-desenvolvidos, com destaque para a atuação fria e contida de Ricardo Darín, que dá a densidade necessária ao seu papel.
O filme está em meu blog (Drama, Página 2, 4ª Linha)
16 Desejos
2.7 231Não é tão ruim como 'quase' todos aqui colocam, é claro que nem de longe pode ser considerado um filme de primeira, mas há gosto para tudo e, cá para nos, é divertido assistir, vez em quando, esses filminhos água com açúcar deliciosamente inocentes e infantis.
Rio Sex Comedy
2.1 36Esse americano, Jonathan Nossiter, casado com brasileira e que vive no Rio há muitos anos resolveu colocar merda na já borrada imagem de nossa "cidade maravilhosa" com essa sua pseuda "crítica bem-humorada à relação dos estrangeiros com o Brasil" e, para bem dizer do que é esse coisa, na apresentação da sessão de gala em uma malversada noite no cine Odeon, avisou que os politicamente corretos poderiam sair da sala antes mesmo da exibição. Não era para tanto. Seu filme é menos politicamente incorreto do que desnorteado.
Esse cara inspira-se em Sergio Bianchi, o diretor de “Cronicamente Inviável” conhecido pelas críticas ácidas à sociedade brasileira. Mesmo que não se goste de Bianchi, ele não poupa nada nem ninguém e é capaz de verdadeiramente provocar e fazer pensar em coisas novas. “Rio Sex Comedy”, por outro lado, fica no meio do caminho entre uma comédia maluca pouco engraçada e a crítica social sem muito pulso, perdendo totalmente a contundência. O diretor também não consegue apresentar um ângulo novo, dizendo apenas aquilo que quem tem um mínimo de noção já sabe.
A bem da verdade pode-se dizer que desde sua estreia no Toronto International Film 2010 em 16 de setembro deixou, para os gringos, um simples filme malfeito e porcamente engendrado para se tornar uma espécie de cartão postal de uma cidade vista promiscua onde a nudez, o sexo e a sacanagem eclode, como erva daninha, em qualquer canto ou situação no Rio de Janeiro e, por tabela, em qualquer lugar desse país da estrela vermelha.
Não sei por que cargas d'água Ivo Pitanguy, que interpreta ele mesmo, se deixou colocar nessa peça de mau gosto que, segundo palavras de Nouvel Observateur da França, o filme “consegue a façanha de nos fazer rir e pensar ao mesmo tempo” em um filme que Paul Auster descreve como “Os Irmãos Marx do século 21”.
É! Estamos pessimamente maus na photo...
(Em tempo: o filme está em meu blog).
Um Assalto de Fé
2.4 25 Assista AgoraNa realidade esse não pode ser considerado um filme de ficção, afinal milhares de espertalhões INVENTAM igrejas evangélicas e, muitos, chegam até mesmo comprar rede de televisão, fazendas atulhadas de cabeças de gado tudo financiado pelo gado obreiro e espectadores imbecis.
Lisbela e o Prisioneiro
3.8 1,2KOutro dia resolvi assistir, novamente, esse filme já com 11 anos de estrada e, novamente, me emocionei.
Quando resolveu transpor a série televisiva O Auto da Compadecida para as telas de cinema, Guel Arraes fez uma aposta que muitos consideravam fadada ao fracasso. Quem, afinal, poderia imaginar que uma minissérie vista por milhões de brasileiros pela TV, depois de editada, levaria mais alguns milhões para as salas de cinema? Arraes acreditou e o resultado é bem conhecido de todos: mais de 2 milhões de espectadores e uma renda bruta superior a R$ 10 milhões. Iniciativa tão bem-sucedida deu ao diretor carta branca para o lançamento da versão compilada de outra série, Caramuru - A Invenção do Brasil, que não obteve o mesmo êxito da anterior, mas também não encontrou dificuldades em cobrir os custos de adaptação. Agora, Arraes leva às telas o misto de farsa e comédia romântica Lisbela e o Prisioneiro.
O filme é baseado em peça de Osman Lins e também foi exibido na TV na forma de especial pela rede Globo. A diferença, desta vez, é que não houve apenas uma reedição do produto televisivo para o cinema. Guel Arraes fez realmente um filme, o seu primeiro por assim dizer.
A idéia de levar a história para as telas partiu da atriz Virginia Cavendish, mulher do diretor, e da produtora Paula Lavigne na época em que corriam o País com a versão teatral de Lisbela e o Prisioneiro. "Durante as exibições, vi que a peça tinha um apelo popular muito grande, que o público se identificava muito com a história. Daí, eu a Virginia convencemos o Guel a fazer o filme", diz Paula Lavigne, que faz sua estréia como produtora de cinema.
Guel Arraes e Paula fizeram questão de frisar que a idéia era fazer um filme de apelo popular. Inclusive, para evitar riscos, eles importaram da TV os conhecidos testes de exibição prévios, nos quais uma audiência selecionada assiste a uma versão não-finalizada da obra e expõe suas impressões. Arraes, no entanto, deixou claro que em nenhum momento o resultado do teste o faria alterar drasticamente seu trabalho. "Na verdade, o grande teste se dá na produção do roteiro e nos ensaios. Esse tipo de pesquisa a gente faz para ver se encontrou o caminho certo. Isso ajuda a construir o nosso espectador ao longo do filme", diz.
Conquistar espectadores de classes diversas não será um desafio para Lisbela e o Prisioneiro. O filme é divertimento sem pretensões, leve e bem-realizado. O roteiro escrito por Guel Arraes em parceria com Jorge Furtado e Pedro Cardoso não arrisca nem inova, é funcional na medida do necessário. O elenco de talentos conhecidos do público brasileiro, como Selton Mello, Débora Falabella e Marco Nanini, dá conta do recado sem ter de fazer força. Para completar, uma trilha sonora popular e bem casada com a trama, que inclui canções como "A Dança das Borboletas", numa versão hard gravada por Zé Ramalho e o grupo Sepultura; "Espumas ao Vento", com arranjo flamenco e na voz de Elza Soares; "Oh, Carol", num dueto entre Caetano Veloso e Jorge Mautner, entre outras.
Em suma, Lisbela e o Prisioneiro derruba a máxima - muito em volga nos dias de hoje - de que um produto popular tem de ser necessariamente ruim.
E, caso você ainda não viu ou deseje assistir novamente, é só ir em meu blog (Índice Comédia, página 2, primeira linha)...
Radio Rebel
2.7 123Você sabia que...
● Radio Rebel estreou nos Estados Unidos em 17 de fevereiro de 2012 com 4.3 milhões de telespectadores. Se comparado com o filme anterior de Debby Ryan, 16 Wishes (em português 16 Desejos), a audiência foi a maior da noite de estreia com 5.6 milhões de telespectadores.
● A primeira exibição do filme no Disney Channel HD foi no formato HD, não como outros filmes gravados em HD que tiveram sua estreia, e as suas exibições até hoje, no formato SD.
● Em 10 de janeiro de 2014, o filme foi exibido pela Rede Globo dentro do programa Sessão da Tarde.
Pois'é!
Radio Rebel é um filme original Disney Channel de 2012, baseado no romance popular Shrinking Violet da autora Danielle Joseph e estreou no Disney Channel EUA dia 17 de Fevereiro de 2012, no Disney Channel Brasil estreou dia 15 de Abril de 2012 e no Disney Channel Portugal só em 05 de Outubro de 2012. O filme é dirigido por Peter Howitt, escrito por Erik Patterson e Jessica Scott e protagonizado por Debby Ryan.
E, mesmo sendo apreciado pela garotada até os 13 anos (13, será?), não é lá essas coisas apesar de alguns bons momentos aqui e acolá, quiçá a dose certa para continuar assistindo essa baboseira da Disney... Péra, péra... Escrevi baboseiras não por achar um filme ruim e sim por achar que não soma a nada, do tipo "assistiu esqueceu"...
Nem sei porque, mas esse também está em meu blog!
Nitro Circus: The Movie
3.8 30 Assista AgoraPutz!
E Putz! de novo e outra vez....
Sim, ante do último putz! queria dizer (Putz! que loucura...) que (Putz!) o documentário está em meu blog, PUTZ!!!!!!!!!
O Lobo de Wall Street
4.1 3,4K Assista AgoraAssisti estupefado esse filme e não há como não constatar que a filmografia de Martin Scorsese, desde a década passada, se tornou um grande museu de cera da história do cinema. Não basta para ele assumir o manto do grande cineasta americano de seu tempo, Scorsese tem que levar a palavra para o espectador. Nesta problemática guinada que o seu cinema deu a partir de Gangues de Nova York (2002), cabe a ele o papel de guia turístico da história da sétima arte, coisa que já havia se mostrado antes em Cabo do Medo (1991) ou A Época da Inocência (1993). Mas ao se inspirar em grandes momentos e cineastas do passado da sétima arte, Scorsese acaba não só esvaziando o seu verdadeiro cinema, mas também deixando escapar o significado real dos fantasmas que ele tanto persegue.
Tendo o esforçado Leonardo DiCaprio como parceiro constante dessa fase, com a exceção do fraco A Invenção de Hugo Cabret (2011), Scorsese é um pintor que compõe quadros de técnica admirável, e também mecânica, sem falar dos exageros visuais, que só estão lá porque podem e não porque devem. Como a narrativa inflada e didática de A Ilha do Medo, pois afinal, Scorsese precisa explicar o que se passa ao público leigo que nunca viu um clássico alemão dos anos 20 ou um noir hollywoodiano dos anos 40. Cabe a ele, sendo o professor que tomou para si a tarefa de ensinar cinema. Diferente do que faz Spielberg e alguns outros, que estão contando a história dos EUA. Após rever Visconti, Leone, Walsh e Lang, agora Scorsese tem como tópico ele mesmo.
É bem verdade que em O Lobo de Wall Street, Martin Scorsese e a montadora Thelma Schoonmaker parecem revigorados, saídos de uma espécie de transe em que viviam desde o começo do novo milênio. A história baseada em livro de um ex-corretor de títulos de Wall Street nos anos 90, tenta recriar o mesmo tom frenético de Os Bons Companheiros (1990) e Cassino (1995). Os corretores fraudulentos e gananciosos de agora não ficam nada a dever aos mafiosos e assassinos de antes. DiCaprio deixa de ser apenas um tubo de ensaio em que Scorsese deposita o DNA cinematográfico do século XX, e passa a ser um real personagem. Tudo bem que exagerado, imperfeito, mas é o primeiro sinal de vida independente que o protagonista de um filme de Scorsese apresenta desde Nicolas Cage em Vivendo no Limite (1999). Pela primeira vez nas mãos de Scorsese, DiCaprio deixou de imitar James Cagney ou outra lenda do cinema.
Quer saber, assista e constate por vias próprias.
Outra coisa, o filme está em meu blog legendado e dublado, vá lá!
O Quinto Poder
3.3 176 Assista AgoraUm thriller baseado em fatos reais “O Quinto Poder” (“The Fifth Estate” no original), que conta a história do surgimento da WikiLeaks que, a mais ou menos três anos atrás, quase ninguém sabia o que era esse site. De lá pra cá, o site criado pelo polêmico australiano Julian Assange explodiu, ao expor para o mundo, mantendo as fontes anônimas, segredos que grandes governos e companhias não queriam que fosse a tona. Hoje em dia qualquer pessoa minimamente informada sabe o que é o WikiLeaks, e é claro que Hollywood ia querer tirar lucro dessa história controversa.
A princípio imagina-se que há uma tentativa de contar os primórdios e a acessão do site, mas tudo num estilo panos quentes, sem se comprometer a julgar se as atitudes feitas pela organização são corretas ou errôneas. Assange (aqui interpretado por Benedict Cummberbatch) é mostrado como um personagem misterioso e bipolar, algo que não agradou muito o original, que disse que a produção é mentirosa e implorou ao ator que o interpreta a não fazer parte de uma produção tão cheia de erros. Aqui um fato curioso, como tradição do WikiLeaks, o site vazou o roteiro do filme antes do mesmo estrear e apontou diversos fatos, que segundo eles, seriam diferentes da realidade. Se o filme é verídico é complicado saber, mas em defesa do mesmo ele é baseado no livro do ex-braço direito de Julian Assange, Daniel Domscheit-Berg, obviamente hoje ambos são brigados. Entretanto esses eram unha e carne no começo do site. O diretor da obra, Bill Condon (A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 1 e Parte 2), tem uma carreira um tanto fraca, e aqui ele faz um filme sem personalidade, que não se compromete com nada e praticamente relata os fatos sem deixar alguma impressão.
O filme tinha um grande potencial de passar uma mensagem sobre os valores da WikiLeaks e seus perigos também, mas o realizadores escolheram o caminha covarde, o da neutralidade. Apenas no fim que é arriscado uma mensagem direta, quando o personagem de Assange fala diretamente com o espectador, quebrando a quarta parede, mas é um momento forçado. O ritmo é corrido, tentando passar a sensação da avalanche de informações que vivemos hoje em dia na era virtual, mas como já dito, a obra carece de vida, e mesmo com os atores principais, Benedict (Além da Escuridão: Star Trek e o seriado Sherlock da BBC) e Daniel Bruhl (Adeus, Lenin! e Rush: No Limite da Emoção), dando seu melhor para segurar o longa, no fim das contas o filme tem pouco a dizer e quase nada a revelar.
Com um orçamento de US$ 28 milhões, o filme dirigido por Bill Condon apenas arrecadou um total de US$ 6 milhões na bilhetaria mundial.
Não há o que estranhar, Julian Assange já havia criticado o roteiro do longa mesmo antes da sua estréia que, segundo ele, a DreamWorks decidiu fundamentar a sua pesquisa nos livros "mais tóxicos" que existem sobre o WikiLeaks. São eles: "Os Bastidores do WikiLeaks" e "WikiLeaks: A Guerra de Julian Assange Contra os Segredos de Estado".
Caso você ainda não tenha assistido o filme está em meu blog nas versões legendada e dublada, vá lá!