Jamais poderia ser diferente afirmar que os desenhos da Disney são inesquecíveis e ao comprar a Pixar, em 2006, vale lembrar, a intenção era se manter assim por muito tempo. Juntas, as companhias continuam apresentando bons títulos para os baixinhos e altinhos, e o melhor de tudo, lançando alguns deles nas férias. Frozen - Uma Aventura Congelante chega neste verãozão para refrescar a cuca da família brasileira com muito encantamento. E ele já começa com um curta, exibido antes e feito em comemoração aos 85 anos da empresa. Hora de Viajar! (2013) combina o traço original de Mickey e seus amigos - em preto e branco - com as cores e a tecnologia do 3D, resultando numa viagem de grande impacto visual. Inspirado no conto de fadas "A Rainha da Neve", do dinamarquês Hans Christian Andersen (1805–1875), o roteiro de Frozen foi escrito por Jennifer Lee (Detona Ralph), que estreia na direção ao lado Chris Buck, dos ótimos Tá Dando Onda e Tarzan. Sua trama é simples, tem os fantasiosos Trolls (pedras falantes), o impagável boneco de neve Olaf (que adora "abraços quentinhos") e também o divertido alce Sven. Mas os humanos também protagonizam belas sequências (vale o 3D!) em sintonia com a trilha de Christophe Beck, além das reveladoras e deliciosas canções, como "Quer brincar na neve?", "Vejo uma porta abrir", "Uma vez na eternidade" e "Livre estou" ("Let it go"). Está última, que diz "É hora de experimentar / Os meus limites vou testar / A liberdade veio, enfim, para mim", tem coreografia arrepiante e outras versões, como as cantadas por Idina Menzel (original), por Taryn Szpilman (dubladora de Elsa, no Brasil) e a tocada nos créditos finais, com a voz da cantora pop Demi Lovato. Do "elenco", destaque para as excelentes dublagens e a participação de Fábio Porchat, ótimo como Olaf. Assim, com essa história de personagens cativantes, trapalhões e até mesmo dúbios, o que garante uma certa tensão, é quase impossível Frozen não tocar corações de crianças, jovens e adultos, porque fala de um sonho eterno e, muitas vezes, ilusório: a liberdade. Visualmente bonito e com espaço para uma boa virada na trama, existe ainda uma sutil substituição de uma clássica solução de problemas (o beijo) dos contos de fadas, para ressaltar um outro tipo de amor: o fraterno. Ah! Os créditos finais são bacanas e tem cena adicional lá no finzinho (mesmo) dessa diversão emocionante. Assista dublado em meu blog.
Antes de tudo é bom imaginar-se o quão sortudos foram esses bravos ao estarem no lugar e na hora certa e, cuidado: Você também chora.! Para apreciar esse maravilhoso filme, você tem que se desprender de todas as coisas. Entre livre de pensamentos no cinema, e você vai se encantar com a natureza humana. E vai descobrir que vivemos não sei por que, e estamos em busca não sei de que. Nossa cultura ocidental passa a ser compreendida com um sentimento vazio, sem valores. Pobres de nós que não conseguimos enxergar que a vida e sentimentos independe da condição humana. Daí, nós também choramos. O Documentário está em Cine Rialto. Acesse e assista!
Que o bom velhinho lá de riba perdoe os tradutores de títulos de filmes aqui da banda de baixo, em terras tupiniquins, que de Inventor da Mocidade só nos miolos símicos desses aloprados da terra descoberta por Cabral e, por falar em nosso gajo descobridor, bem poderiam espiar as traduções de lá, muito mais próximas de como o filme foi parido. Mas deixemos de lado essas 'coizitas' sem importância que foi interessante assistir a esse O Inventor da Mocidade (ufa!) no mesmo dia em que eu também assisti a Este Mundo é um Hospício, de Frank Capra, porque tratam-se de duas screwball comedies (sabem o que é isso?) protagonizadas pelo Cary Grant, então já se reservam aí semelhanças suficientes para se estabelecer essa comparação. Muito embora a densidade temática de Este Mundo é um Hospício parece sugerir que talvez Capra não fosse o diretor mais adequado para a produção (o filme fala sobre duas velhinhas simpáticas que assassinam piedosamente velhos solitários), os vícios de um certo moralismo encontram-se na tangente da história: apesar do sexismo exagerado, e da morbidez do humor, Capra torna seus principais personagens simpáticos ao público, afim de anestesiar a experiência do carnaval de assassinos, torturadores e loucos do filme. Hawks, por outro lado, é praticamente um mágico, e cria a empatia através da ambiguidade, dos defeitos, do espetáculo. Em nenhuma de suas comédias o diretor move uma pena para atiçar a identificação entre personagem e público, mas concentra todas as suas forças em deixar que a história possa fluir com seus acontecimentos e diálogos. Essa estética é responsável por duas das maiores comédias da história: Jejum de Amor, de 1940, e Levada da Breca, de 1938. E também O Inventor da Mocidade, já em 1952, meio fora de forma, com diálogos menos loucos e personagens que já sentem nas costas o peso da velhice. Por isso, Hawks aqui deixa os personagens ficarem em silêncio – um contraste que torna mais evidente as metamorfoses da história. Cary Grant interpreta Barnaby Fulton, um pesquisador que acredita ter achado a formula da juventude. Na verdade, quem descobriu a fórmula foi seu macaco, que despejou os compostos da fórmula no bebedouro, desencadeando uma série de reações que perpetuam durante o filme. A questão da desencadeação como narrativa é extremamente importante na obra de Hawks, especialmente no período pós 1950, quando o cineasta está mais comprometido e articulado nos seus objetivos. Uma das citações que lhe é atribuída diz que “filmes são imagens em movimento, mas que não se mexem sozinhas”, testemunhando que, a função do diretor enquanto contador de histórias, é movimentá-las. Em O Inventor da Mocidade, a figura mítica de Monroe (ainda coadjuvante) paira sobre o casamento dos Fulton, mas qualquer espectador sabe que existe uma história e existe um sentimento entre os dois, existe uma força que os atraí e que, mesmo nas crises, coloca-os juntos em intimidade. Essa força é o diretor, o contador de histórias, tão ignorado em muitos filmes, e tão bem utilizados em alguns. A mesma energia que comanda os personagens de O Inventor da Mocidade, também está presente em Lua de Papel (de Peter Bogdanovich, 1971) e Pulp Fiction (de Quentin Tarantino, 1994), raros casos em que os diretores não se esqueceram de prestar tributo a um dos maiores artífices do cinema americano. Por isso, mesmo que O Inventor da Mocidade não seja tão engraçado quanto as típicas comédias de Hawks, é uma história bem articulada e orquestrada, as cenas se desenrolam com rapidez e objetividade e ninguém provavelmente verá um casal tão bem em tela quanto Cary Grant e Ginger Rogers. Além do mais, assistir a um filme do Hawks é como entrar num tipo de hipnose espiritual: você simplesmente não consegue desviar os olhos e a atenção das telas. É aí que eu volto com a comparação entre Capra e Hawks: o filme de Capra considero um engodo, um incômodo (Grant considerava a sua atuação nesse filme uma das piores de sua carreira, e muitas vezes chamou este de o menos favorito de seus filmes). Viciosamente o diretor insistia em me distrair do que mais me interessava (a comédia, o personagem de Grant, a rapidez nos diálogos), e me afastava cada vez mais da experiência do cinema, e também da experiência da comédia, que se afastava de mim na mesma proporção. Com o filme de Hawks, no entanto, as risadas foram consistentemente mais escassas durante todo o filme, mas um prédio poderia desabar ao lado da minha casa, e eu não ligaria. Essa é, ao meu parco conhecer e se tratando de um filme de hollywood (pois nem toda a experiência cinematográfica é baseada nos mesmos princípios), a diferença entre um bom e um mau filme: a relação intrínseca entre a história sendo contada e o controle que o diretor de cinema, e somente ele, possui ao arranjá-la. Ois é, meu bom velhinho lá de riba, ainda bem que nesse Inventor estava a estonteante loiraça do bolo de Kennedy (Monroe, em um aniversário de J.F. Kennedy, então presidente dos EUA, lhe foi presenteado dentro de um bolo gigante) e que Grant tenha se saído bem... Sim! Os dois filmes estão em meu blog. Corra, vá lá e assista!
Espera, espera! O que há de tão estranho ou diferente nesse drama da história curiosa de um homem que se apaixona por uma máquina? Pode até ser que esse mote tenha sido amplamente discutido, defendido por alguns e ridicularizado por outros mas, que me perdoem os adeptos, não é justamente isso o que vem acontecendo com os/as apaixonados/as por esses celularizinhos eternamente conectados na internet? Felizmente o filme não se esgota nesta ideia criativa. Ele retrata as novas configurações do amor de maneira geral, e consegue transformar o relacionamento entre o escritor Theodore (Joaquin Phoenix) e o sistema operacional Samantha (Scarlett Johansson) quiçá em um dos mais belos romances que o cinema construiu no século XXI. 'Ela' funciona como uma ficção científica, usando os fantasmas humanos sobre a tecnologia para questionar o presente. O “futuro” desta produção é bastante curioso, já que as cores e os figurinos evocam os anos 1960/1970, enquanto os espaços fazem o possível para não remeter a cidade alguma: os cenários misturam uma quantidade enorme de pessoas asiáticas a caucasianas, com arranha-céus que poderiam pertencer a qualquer lugar nesse mundo sem fronteiras já que esse futuro do pretérito é um mundo anônimo, despersonalizado, fruto da globalização que deixa todas as pessoas e lugares com uma aparência semelhante. Poder-se-ia implorar por fetichismos de carros que voam ou conquistas interestelares. Porém o futuro imaginado por Jonze é triste, individualista, melancólico, onde a tecnologia fornece apenas meios de encontrar o amor pela Internet, fazer sexo virtual, pagar para terceiros escreverem cartas pessoais, divertir-se sozinho com videogames realistas. O diretor não aposta no tradicional conflito entre humanos e máquinas e sim numa fusão tão completa entre esses dois instantes que não se consegue mais imaginar uma interação humana sem a intermediação de um sistema virtual. E assim o nosso 'Theodore' bem pode enamorar um sistema operacional enquanto sua vizinha, Amy (Amy Adams), vive às turras com outro sistema operacional e seu chefe, Paul (Chris Pratt), bem pode estar feliz com a namorada, mesmo sonhando em ser amado como nas palavras inventadas por Theodore. Para os personagens, o virtual é visto como um ideal a alcançar, um modelo de perfeição para o real. Por fim, quando o espectador tem certeza de que esta será apenas uma linda história de amor que celebra as paixões virtuais e defende a inclusão cada vez maior de máquinas em nossas vidas (impressão que pode surgir após a melancólica canção The Moon Song, interpretada em dueto pelos protagonistas), Spike Jonze reserva um final surpreendente, amargo e extremamente inteligente. Não, este filme não é uma ingênua celebração da tecnologia, e sim uma reflexão profunda sobre todos os aspectos que ligam os homens à máquina, e à projeção que fazemos dos nossos amores na invisibilidade do meio virtual. Diferente de hoje? Duvido! Sim, o filme está em Cine Rialto.
Há filmes que não me envergonho de tirar o chapéu e declarar, em alto e bom tom, que não sei dizer se esse ou aquele é um filme melhor. Na verdade não consigo ver esse filme como "Uma resposta a 2001", que resposta? Resposta de um filme complexo para outro tão complexo? Pode ser que no filme de Kubrick careça de "ser humano", mas não é o que muitos classificam como "apenas máquinas dançando Danúbio azul no espaço", é muito mais, muito mesmo! Solaris é uma grande obra, assim como a de Kubrick e se Tarkovsky o quis fazer como uma resposta ao diretor inglês julgando seu filme 2001 "vazio" eu não sei, cada um com cada um. Mas, deixando de lado essa babaquice de "guerra fria" (pois bala de canhão é quente pra chuchu) e como espectadores alheios aos disse-me-disse exacerbado desse ou daquele diretor puxando sardinha para sua farinha, temos mesmo é que apreciar essas duas obras, e não ficar queimando neurônios para julgar qual a melhor. Até por que, as duas obras são complexas demais e merecem ser analisadas muitas vezes. E, para por uma pedra em cima dessa questão besta, assista aos dois em Cine Rialto. Pronto, tenho dito!
Convenhamos, Paul Ziller não conseguiu realmente emplacar como diretor de cinema e esse seu "Além Do Lago Ness" é de doer! Será que ele quis fazer brincadeira com quem se dispôs assistir ao filme pelo chamativo cartaz? Sei não, só sei que por causa de Cine Rialto (meu blog de filmes online gratuito) me obrigo a assistir ao que pretendo lá fixar e, pasmem, eu assisti!!! Mas já deu para perceber o grau de insatisfação. Não atiro pedras em quem assistiu e gostou mas, me expliquem 'pelamordedeus', gostou de que? Nos idos dos anos 30 (1930) já haviam feito melhor com melhores esfeitos e com o dito monstro mais monstro e menos lagarto desengonçado como essa, alardeada, "criatura horripilante" impressa ali em riba (sinopse aqui em filmow) e em todo canto onde o filme está - também em Cine Rialto onde, na tentativa de gerar medo, tive que vasculhar a internet em busca de um cartaz que, pelo menos, não mostre a cara quase bonitinha do tal monstro. Pois é, eu assisti e se você quer também, dê um pulinho em Cine Rialto!
Entre tudo o que já ouvi falar não há verdade maior que a afirmação que 'cinéfilos nunca concordam em nada', mas quando a questão é decidir qual o melhor filme de Michelangelo Antonioni, os admiradores do diretor italiano costumam dividir-se em dois grupos. O primeiro deles prefere um de seus filmes em inglês, ou seja, sua obra-prima seria ou Profissão: Repórter, com Jack Nickholson (sobretudo por conta do virtuosístico plano-seqüência do final), ou Depois Daquele Beijo, com Vanessa Redgrave (nesse caso, os brasileiros sofreram muito, pois somente em 2005 foi lançada a versão original, com a metragem e as cores imaginadas pelo cineasta; antes só havia disponível uma cópia da Warner editada e esmaecida à disposição). O segundo grupo prefere como auge da carreira de Antonioni um dos três filmes da chamada Trilogia da Incomunicabilidade. Neste caso, os cinéfilos brigam entre três filmes: A Aventura (os americanos são os que mais gostam), A Noite (a maioria dos cinéfilos, é seu filme mais conhecido) ou o desfecho, O Eclipse (considerado o mais radical de seus filmes). Para os brasileiros, essa escolha foi praticamente impossível, pois a Trilogia nunca fora antes lançada em vídeo (VHS ou DVD). Exceto A Noite, sempre presente em mostras pelo país, os outros dois filmes eram raridades em Pindorama. A Aventura venceu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 1960 e catapultou a carreira internacional de Antonioni. Entre as cenas que poderíamos chamar de chocantes são os atos mesquinhos cometidos pelos endinheirados sem explicação, apenas por tédio. Um deles deixa cair um vaso histórico e valioso. Sandro derruba a tinta de um pintor só para iniciar uma briga. Nenhum deles deixa de frequentar a festa à noite, mesmo sabendo que a amiga poderia estar morta naquele momento ou precisando da ajuda deles. Antonioni faria na seqüência A Noite com Marcello Mastroianni e Jeanne Moreau vivendo um casal entediado que vê o casamento acabar por falta de estímulos. Passado numa única noite, Mastroianni encontrará numa festa chique uma igualmente entediada Mônica Vitti e com ela tentará dar um sentido nas relações amorosas. Atriz e diretor fariam ainda a parte final da trilogia, O Eclipse, com o galã francês Alain Delon, e o primeiro filme em cores do diretor, Deserto Vermelho. Era a época da industrialização da Itália e Antonioni filmou as transformações físicas e sociais em curso. Delon interpreta um ambicioso negociador da Bolsa de Valores obcecado em ganhar dinheiro. Em Deserto Rosso, a musa Vitti é a depressiva burguesa que vaga sem rumo portos italianos recém-construídos a procura de algo – não precisamente nada. Depois da Trilogia e Deserto Vermelho, Antonioni faria seus próximos filmes para grandes estúdios americanos e ingleses com o produtor Carlo Ponti, marido de Sophia Loren, dando início a uma segunda fase em sua carreira sempre tão discutida, amada e detestada com fúria, mas felizmente não mais ignorada (afinal, os DVDs foram lançados). Mas é bom que saiba que na première do filme no Festival de Cannes em 1959, o filme foi tão vaiado que Michelangelo Antonioni e Monica Vitti tiveram que fugir do cinema. Entretanto, depois da segunda apresentação as opiniões já foram diferentes. O filme deu a volta por cima e conquistou um prêmio do Júri Especial, e se tornou um marco no cinema europeu e que depois de ser motivo de chacota, 35 críticos publicaram uma defesa do filme que ajudou a melhorar a sua reputação. Pois é, e o melhor é que o filme está em meu blo!
Me perdoe, não sou nenhum pouco perspicaz e muito menos eximo observador das pequenas nuances que tipificam, e dão identidade própria, dos filmes que assisto. A bem da verdade sou apenas mais um apreciador da sétima arte e um curioso que escreve o que vê e não posso deixar de escrever sobre esse que rapidamente adquiriu status de arrasa-quarteirão, tornando-se o filme mais bem sucedido de Akira Kurosawa em termos financeiros. Obviamente, a produtora Toho não poderia passar a oportunidade e encomendou uma continuação. Kurosawa, que, mesmo antes de Yojimbo, já havia transformado em roteiro – mas não filmado – a obra de Shugoro Yamato intitulada Nichinichi hei-an, sobre um espadachim não tão bom assim com a espada, aproveitou seu trabalho e alterou-o de forma a substituir o herói pelo bem sucedido personagem Sanjuro, protagonista de Yojimbo. Assim, o diretor acabou criando uma continuação que, na verdade, é outro filme com o mesmo personagem icônico e inesquecível vivido por Toshiro Mifune, seu parceiro em dezesseis filmes e o antepenúltimo antes da briga que acabaria separando-os. As diferenças são sensíveis. Para começar, enquanto Yojimbo é mais um western passado em um Japão no fim de seu sistema feudal, Sanjuro parece até um prelúdio, pois se fia fortemente na existência dos clãs e de uma sociedade organizada em castas definidas e protegida por samurais. A visão da sociedade japonesa é muito mais idealizada e singela do que o pessimismo evidente e quase nihilista do ambiente que vemos em Yojimbo. E aqui mais uma percepção desse "assistidor" de filmes: Yojimbo é, a grosso modo, um filme japonês feito para japonês tomar conhecimento de coisas de fora do Japão como tantos que surgem em terras tupiniquins versando sobre culturas outras e adaptadas ao viver (ou ao vivido) na terra onde é (foi) feito. Espere, não atire pedras e nem direcione verborragia chula à minha pobre pessoa que não estou minimizando a importância tanto da obra, quanto do autor. Só não tenho como não saber (e perceber) que Yojimbo bem poderia ser plágio de outros feitos e gerados fora do oriente, como na maioria dos filmes de Kurosawa, travestido à cultura e jeito japonês... Em tempo: o filme está em meu blog!
Bem que já havia falado aos meus poucos botões e, menos ainda, alvos cabelos que não iria escrever sobre esse filme. Muitos (milhares) já fizeram e de tudo já se sabe, mas poucos prestaram devida atenção ao título que, como sempre em terras tupiniquins, nada tem a ver ao original. Onde está 'Bonequinha de Luxo' em 'Café da Manhã na Tiffany's'? Está bem, está bem, não vou me ater ou delongar sobre isso que disso (e por ou pra isso) Audrey Hepbur pouco se lixava principalmente após um ano e meio afastada das câmeras devido sua licença maternidade e, salvas à maternidade que a fez retornar justamente em 1961 sem jamais imaginar que estava prestes a estrelar aquele que se tornaria seu mais famoso filme; Bonequinha de Luxo (que seja, mesmo sendo 'Café da Manhã na Tiffany's' que, a bem da verdade, não é tão chamativamente comercial como Bonequinha). Quando os estúdios Paramount Pictures adquiriram no inicio dos anos 60 os direitos sobre o livro Breakfast At Tiffany´s de Truman Capote (1924-1984) que sugeriu Marilyn Monroe (1926-1962) vivendo Holly Goligtly porém os céus tramaram a favor de Audrey fazendo Monroe, que naquela altura estava sob os cuidados de seu professor Lee Strasberg (1901-1982) no Actor´s Studio´s, recusar por intermédio dele o convite, alegando que não seria interessante para sua imagem atual interpretar uma “acompanhante de luxo”. Ao invés disso, Marilyn Monroe é emprestada a MGM onde atua sob a direção do renomado diretor John Huston (1906-1987) no pesado Os Desajustados (1962), que seria o último filme da atriz loira. Audrey Hepburn por sua vez, via em Holly Goligtly um desafio para sua carreira. Ela que vinha de diversos filmes sempre sob o estereótipo da boa moça (A Princesa e o Plebeu, Sabrina, Cinderela em Paris, Guerra e Paz, Uma Cruz a Beira do Abismo...) tinha com Bonequinha de Luxo (perdão, af!) plenas condições de provar ainda mais seu grande talento. E assim aconteceu, mesmo sem a aprovação de Capote, a estrela da Paramount é contratada para estrelar o filme sob a direção do “quase desconhecido” Blake Edwards (1922-2010). O roteiro, ficou a cargo do exímio George Axelrod (1922-2003), que anos antes havia sido responsável pelos ótimos scripts de O Pecado Mora ao Lado (1955) e Nunca Fui Santa (1956). Axerold, que já era experiente em adaptar para o cinema famosas peças e livros com conteúdos considerados impróprios, ao aceitar o desafio de trabalhar em Breakfast At Tiffany´s, completou a equipe da mais bem sucedida comédia romântica da história do cinema. Um dos grandes méritos de Edwards foi conseguir fazer um romance urbano de maneira tão clássica e bela. Por vários momentos, dada a construção do luxo imaginário da personagem, temos uma linda direção de arte que se confunde com a fumaça da realidade de Nova York, fotografando de forma diferente a cidade. Mas não espere ver uma história grandiosa, cheia de cifras; tudo em Bonequinha de Luxo é muito real o suficiente para convencer não como uma fábula, mas sim como um drama verdadeiro de uma pessoa que apenas quer vencer na vida. Só que, graças à delicadeza como tudo é contado, temos um resultado final extremamente interessante e contrastante. É óbvio que Holly é uma garota de programa, mas pelo olhar ingênuo que Hepburn concede à personagem ela torna-se extremamente dócil e sonhadora. Nunca vemos com maldade o que ela quer fazer, pelo contrário, simpatizamo-nos imediatamente com seu jeitinho e com seus sonhos. Ela está deslumbrante e simplesmente apaixonante no filme, mesmo que raramente apareça muito produzida – Hepburn é simplesmente fantástica por natureza e consegue carregar nas costas o fardo de um papel mais pesado como esses de maneira extremamente graciosa (claro que deram uma amaciada na personagem, afinal, estamos falando de Trumam Capote; por exemplo, a bissexualidade de Holly foi deixada de lado). Há defeitos, claro: o chado oriental reclamão vizinho de Holly (interpretado pelo excepcional Mickey Rooney) é desnecessário o suficiente para aparecer tantas vezes em tela (serve apenas para impulsionar uma ação que move o final do filme, nada mais), dando um tom cômico desnecessário à trama (e nem tão engraçado assim). Mas quando cenas como a canção na janela, a despedida do Doc e o final na chuva ficam martelando em nossa cabeça, temos a certeza de que fomos presenteados com momentos fortes o suficiente para tornar a obra inesquecível. Assim como grandes filmes dos anos 60 / 70, Bonequinha de Luxo mostra a luta de pessoas comuns que querem vencer na vida de qualquer maneira. Só que somando uma encantadora Audrey Hepburn com uma forma charmosa diferente de filmar um drama urbano do gênero, o resultado torna-se bastante curioso. Vale uma conferida, sendo fã dos grandes romances do cinema ou apenas um estudioso de plantão. Tem classe, charme e beleza suficientes para agradar a qualquer um. Mas, cá para nos (e que não falem a ninguém) o título real é 'Café da Manhã na Tiffany's'!
Curiosidades e Informações extras: ● Don Kikhot é considerado por muitos críticos como uma das melhores adaptações do clássico de Cervantes, sendo esta opinião bastante devedora da atuação memorável de Nikolai Cherkasov, um dos atores preferidos de Eisenstein, tendo inclusive estrelado dois de seus filmes mais conhecidos (Ivan, o Terrível e Alexander Nevsky). Para quem desejar conhecer mais a respeito deste importante ator russo, tem este site (em inglês) Link: http://anonym.to/?http://www.filmreference.com/Actors-and-Actresses-Ca-Co/Cherkassov-Nikolai.html ● Don Kikhot tem como realizador o diretor russo Grigori Kozintsev, também diretor de verdadeiras preciosidades como Gamlet e Korol Lir. Embora considerado um realizador de relevo para o povo russo, sua obra é pouco conhecida fora do cenário soviético. ● Para a realização do filme, Kozintsev contou com o assessoramento estético do escultor espanhol Alberto Sánchez, que estava então exilado na URSS. ● Embora filmado em 1957, em virtude das tensões do período da Guerra Fria, o filme permaneceu sob censura durante 4 anos, só vindo a estrear no Estados Unidos em 1961. Prêmios e Indicações: ● Festival de Cannes (1957) O ator Nikolai Cherkasov foi indicado à Palma de Ouro.
O roteiro – que hoje pode até parecer ingênuo – foi um tanto ousado na época em que foi feito (1942), tanto que ganhou o Oscar de melhor roteiro original. Com o mundo passando pela Segunda Guerra Mundial, A mulher do dia foi um dos primeiros filmes a abordar a história de uma mulher independente e trabalhadora. Os toques de comédia aparecem no filme apenas para amenizar a tensão que permeia a história. Uma informação curiosa para os jornalistas é a de que a personagem de Katherine Hepburn foi inspirada na jornalista americana Dorothy Thompson, que em 1939, foi eleita pela revista Time como uma das americanas mais influentes de sua época, atrás apenas de Eleanor Roosevelt. Além disso, é interessante observar as reflexões sobre jornalismo presentes no filme, como na cena do jogo de beisebol. Quando Tess vê que a Crônica de Nova Iorque manda dois repórteres para cobrir o jogo, ela reclama: “E nós ainda temos só um jornalista em Vichy [cidade francesa invadida pela Alemanha durante a guerra]“. Quanto aos aspectos técnicos, o filme apresenta problemas. Os diálogos parecem forçados e a sensação de tempo não flui bem no decorrer da história . Sam e Tess parecem se casar dois dias depois de se conhecerem, por exemplo. Apesar de tudo é um bom filme e que marcou decididamente uma época em que jamais (apesar de Dorothy) imaginava-se uma mulher com tamanha influência e destaque.
Curiosidades e Informações extras: ● Brigadoon é na verdade uma adaptação de um conto alemão de Friedrich Gerstacker, e o nome do lugar fictício seria Germelshausen. ● Há, ainda, na Austrália, um lugar chamado Brigadoon, subúrbio de Perth. Neste país há, também, o pouco conhecido The Brigadoon Festival, uma celebração da cultura e tradição escocesa e céltica, em Bundanoon, New South Wales. ● Em 1947 ainda estavam muito frescas as recordações da II Guerra Mundial, para que um musical da Broadway apresentasse uma história alemã. Assim Lerner recriou a história, ambientando-a na Escócia, com seus homens de saiotes, chapéus de pano, gaitas de fole, e outras características das Highlanders (Terras Altas). Segundo Cyd Charisse, esse era seu filme favorito, dos que realizou. ● Howard Keel e Jane Powell estavam previstos para estrelar o filme, mas tiveram que desistir devido a outros compromissos. ● Minnelli e Gene Kelly queriam fazer locações na Escócia, mas os estúdios MGM não autorizaram. Prêmios e Indicações: ● Oscar 1955 (EUA) ü Indicado nas categorias de melhor direção de arte colorida, melhor figurino colorido e melhor som. ● Globo de Ouro 1955 (EUA) ü Venceu na categoria de melhor fotografia colorida.
E poderia ser diferente? Baseado numa peça de Paul Anthelme, "A Tortura do Silêncio" é mais um grande filme do mestre do suspense, Alfred Hitchcock. Como em vários filmes de sua carreira como diretor, Hitchcock tem, em sua trama, um homem falsamente acusado de ter cometido um crime. Além do ótimo trabalho de direção, conta com um excelente roteiro e com ótimas atuações por parte de Anne Baxter, Karl Malden e Montgomery Clift, nos papéis principais. Com o fotógrafo Robert Burks, consegue fazer um excelente uso dos cenários de Quebec. O clima de suspense consegue prender a atenção do espectador até o fim, principalmente por colocar em jogo o inviolável 'segredo de confissão'. ----------------------- O filme está em meu blog (Cine Rialto, Suspense, Página 6)
Ei! Ei! Antes quero lhe alertar: Esse não é um filme para todos. Feito três anos antes de Calígula, o filme mais famoso do diretor Tinto Brass, Salon Kitty rompeu as barreiras entre o nazi-exploitation e o cinema mainstream de uma forma que nunca encontrou paralelos. Mostrou, acima de tudo, que um nazi-exploitation não precisa ser barato e relegado ao ridículo: pode ser elegante, pomposo e bem polido, sem precisar abrir mão da violência e erotismo que o caracterizam. Tanto que muitos exitam em aceitá-lo no gênero, preferindo encaixá-lo ao lado de filmes maiores como Os Deuses Malditos e O Porteiro da Noite, mais reconhecidos como dramas "sérios". Como os três estão entre meus filmes favoritos, eu gosto desta classificação. Mas para mim, Salon Kitty tem mais haver com obras como Ilsa e Fräuleins in Uniforms, além das dezenas de outros que vieram após. Em uma palavra: imperdível. Mesmo se não for fã do gênero, vale a pena dar uma chance a Salon Kitty, que funciona tanto como "arte" como para quem procura um bom nazi-exploitation. Ponto alto: a produção, o elenco, o roteiro, a direção... Ponto baixo: não chega a comprometer, mas para o filme ser perfeito só faltou ser falado em alemão. Sim, em tempo: O filme está em meu blog!
Antes preciso deixar claro que provavelmente esse é o melhor filme sobre alcoolismo de toda a história do cinema. É incrivelmente notável a fluência que possuem os filmes de Billy Wilder, independente de qual o caminho temático predefinido pelo roteirista e diretor austríaco, que possui em sua filmografia algumas das maiores obras dramáticas do cinema, bem como comédias inesquecíveis e extremamente irônicas, sua obra é marcada por um ritmo praticamente ininterrupto, movimentado por situações extremistas e de forte composição moral. Seus textos normalmente são sarcásticos, até mesmo extremamente mordazes (conseqüência talvez de sua amargura com o mundo), e tão ricos em detalhes quanto a realeza inglesa em ouro. Mas também preciso dizer que, na verdade, esta nem é a característica mais marcante da filmografia de Wilder porém, se analisarmos separadamente cada um de seus filmes pode-se afirmar o contrário. O que realmente fixa nossas atenções, quando analisamos de uma forma geral o legado imensurável deixado pelo mestre, é o gigantesco paradoxo existente em suas qualidades como realizador e, aqui também preciso deixar claro, ao mesmo tempo em que Wilder (no melhor de sua forma) consegue transformar seus dramas em verdadeiros contos de horror, devido, principalmente, à grandiosa carga dramática empregada por ele às situações-chave do filme e à extrema habilidade com que compõe visualmente essas cenas, também apresenta uma capacidade extraordinária de dirigir filmes cômicos insuperáveis - pelas quais possui fama até os dias de hoje. Farrapo Humano, filme que lhe rendeu os primeiros Oscar's (ganhou melhor filme, diretor, roteiro e ator), se encaixa perfeitamente - e exclusivamente - na primeira opção. Ao narrar as complicações sofridas por um escritor alcoólatra em busca de bebida, ao longo de um fim-de-semana marcado por sua degradação física e moral perante à sociedade e sua própria saúde, Wilder permite que sintamos sensações poucas vezes associadas aos dramas da clássica Hollywood: medo, pavor, angústia e, principalmente, dor e sofrimento. Esse, ao menos, fora o estado em que me encontrei após o término de minha “sessão de cinema” pessoal com a obra, e que, mesmo que possa ter sido uma reação exclusiva de minha pessoa, demonstra um pouco da carga dramática fortíssima empregada pelo diretor ao longo dos quase 101 minutos de sua duração. Impressionantes detalhes como estes revelam a grande ousadia que fora a produção desta fita, justamente em uma época onde o cinema procurava, junto com a política, reanimar e reconstruir a sociedade após a terrível crise do capitalismo, estourada em 1929 (a qual adquirira contextos ainda mais dramáticos com o estopim da Segunda Grande Guerra, que, por ventura, ainda estava em andamento, angariando inestimáveis e drásticas conseqüências). A crueza com que Wilder expõe a dura realidade sobrevivencial de um indivíduo viciado em bebida alcoólica é algo estonteantemente impressionante mesmo sem levar em conta o ano de produção da obra, algo que estimula nossa imaginação a respeito de qual teria sido a reação do público em sua primeira experiência com a obra. A demonstração de maestria de Wilder inicia já na primeira seqüência da obra. Após o rolar dos créditos iniciais, uma grandiosa panorâmica vai mostrando as formas e contrastes da cidade, enquanto a câmera movimenta-se horizontalmente, indo de encontro a um edifício. A câmera começa a se aproximar de uma janela, e podemos notar que existe uma garrafa presa através de uma corda em seu parapeito, antes de ela adentrar as dependências de um cômodo. Uma conversa entre dois homens começa a se desenrolar e, a partir de um comentário de um dos indivíduos, já podemos captar toda a situação: o outro é alcoólatra, e a garrafa presa no parapeito é a arma do crime. A apresentação da cena é fria como o gelo, mas sua clareza é tão grande ou até maior do que a de um lago de água pura e cristalina. Mas esse não é o único, existem outros grandes momentos dentro do desenvolvimento estético de Farrapo Humano. Billy Wilder, em sua essência, sempre fora um diretor que dera atenção extremamente especial para seus roteiros, praticamente se abstendo de qualquer composição visual ousada ou movimento de câmera que quebrasse a invisibilidade do trabalho do diretor. Mesmo assim, constrói grandes momentos de apelo exclusivamente visual, como durante o primeiro flashback, na cena da “dança dos casacos”, onde Don visualiza apenas os sobretudos das personagens de uma peça de teatro dançando sozinhos, com uma garrafa de bebida no bolso - situação em que se encontrava seu próprio casaco, na recepção das dependências do teatro (porém, estava estático, é claro). E não posso deixar de exaltar a interpretação de Ray Milland que encarna com perfeição absurda a situação dramática da personagem, vivendo com intensidade e extrema qualidade um papel de difícil interpretação. Note (se já assistiu ou não deixe de notar, se ainda não assistiu) a procura desesperadamente por bebida, com seu olhar arregalado, mãos trêmulas e cabelos despenteados quando, ao vivermos esse momento sem ingual, sentimos na pele uma claustrofóbica sensação de estarmos presos em meio à angústia do protagonista, algo admirável, mesmo sendo tão desesperador. Com essa interpretação, Milland viria a ser premiado com o Oscar, realmente uma grande justiça a um trabalho de composição meticuloso e bastante dificultado pela ousadia da produção e bem poderia citar outros, como a cena em que Don está sofrendo de Dellirium Tremens, alucinação provocada pela abstinência de álcool no corpo de um viciado logo após ter fugido da ala de alcoólicos do hospital, sentado em uma poltrona de sua casa, à noite. Além de extremamente assustadora (a seqüência inclui um morcego mastigando um rato que invade a sala por um buraco cavado no alto de uma parede), as expressões do rosto do ator, no auge de seu desespero, são impressionantemente avassaladoras. Esta, inclusive, talvez seja a cena mais impactante da obra, devido à junção deste com diversos outros elementos. Com tudo isso não me amedronta afirmar que este seja o trabalho mais completo sobre alcoolismo no cinema. Não me recordo, no momento, de uma abordagem mais interessante e até mesmo complexa do que esta feita por Billy Wilder em 1945. É um filme que consegue, de forma sutil e bastante realista, englobar todas as questões que envolvem o vício, incluindo causas e também conseqüências sofridas por quem adquire essa “doença”. Embora contenha um final feliz (ou melhor, feliz se levarmos em conta o que poderia ter acontecido, já que as últimas linhas do texto não são nem um pouco agradáveis), é uma fita séria, por vezes deprimente, e pouco recomendada àqueles que procuram no cinema apenas diversão e escapismo. Apesar disso, é um filme brilhante, essencial aos verdadeiros apreciadores da arte. Mais uma obra-prima de um dos maiores diretores e roteiristas da história do cinema. Ufa!
Não poderia ser diferente, é muito difícil assistir à nova versão de Carrie – A Estranha sem ter em mente o ótimo filme original, dirigido por Brian De Palma e, no frigir dos ovos, minha desconfiança não é tão descabida, afinal, a diretora Kimberly Peirce basicamente oferece um produto novo a um consumidor que está muito satisfeito com o original. Como ninguém pedia por uma nova versão, a cineasta corre o risco de sofrer acusações típicas do cinema industrial: a de não ter criatividade, de apenas explorar uma história famosa, de se julgar capaz de rivalizar com um dos maiores clássicos de gênero etc. Mas convenhamos, todos os diretores que se arriscam a refilmar clássicos (como já havia acontecido com Gus Van Sant e Psicose) hão de saber que a responsabilidade em colocar um produto que sempre será comparado com aquele anterior que deu certo é um risco muito grande e que, mesmo nos tempos atuais, não poderia querer contar com a amnésia dos espectadores mais velhos, nem com o desconhecimento do filme original por parte dos jovens. É preciso levar em consideração o impacto que a primeira produção teve na história do cinema e também, neste caso, o destaque dado às mulheres em um gênero tradicionalmente misógino como o terror. No entanto, Peirce tinha sim, todo o direito de refilmar o livro de Stephen King, sem obrigação de ser melhor, mais moderna ou mais relevante que primeiro filme. No melhor dos casos, sua versão poderia servir como uma boa parceira ao original, mostrando como evoluiu a tecnologia na narrativa (agora, os alunos da escola de Carrie possuem celulares com câmeras fotográficas) e na produção (efeitos especiais e sonoros). No pior dos casos, a nova versão pareceria irrelevante. É uma pena que, ao invés de completar, atualizar ou homenagear o filme original, o novo Carrie – A Estranha tenda para a irrelevância. Não digo (e nem afirmo) que o filme não tenha qualidades: a cena de abertura é realmente forte, inovadora em relação a De Palma, e mostra que a diretora vai investir em um viés psicanalítico (a relação mãe-filha, a automutilação da mãe, a sexualidade dos jovens da escola) ao invés de propriamente sobrenatural. Enquanto Piper Laurie falava alto, com ares de louca, Julianne Moore prefere a atuação intimista, com os olhos avermelhados e palavreado baixo. Enquanto Sissy Spacek arregalava os olhos (novamente, remetendo à imagem da loucura), a Carrie de Chloë Moretz parece perfeitamente normal, bela e segura de si. A versão 2013 desta história tende a trocar o espetacular pelo realismo dramático. O problema é que, na ânsia de filmar o terror como drama, Peirce perde a grande força do filme de De Palma, que mostrava quase unicamente o ponto de vista da protagonista. O espectador da história original descobria o mundo pelos olhos de sua heroína, vendo a mãe pelo prisma da filha culpada, e os adolescentes da escola pela perspectiva de uma garota oprimida. Era fácil se identificar com Carrie, sofrer junto dela, torcer pela vingança. Mas a versão contemporânea deixa o espectador ver o ponto de vista de todos, o tempo todo, mesmo quando Carrie não está lá: a cena de sexo de uma líder de torcida é oferecida apenas ao olhar do público, a briga entre as meninas do colégio também. O espectador onipresente sabe quem de fato quer ajudar a protagonista e quem quer prejudicá-la, conhecendo os planos malvados dos jovens e antecipando como eles vão se desenrolar. Não há dúvidas ao afirmar que, por isso, Carrie – A Estranha é um filme sem identidade definida, sem tensão nem suspense. Para melhor ver a casa, a fotografia opta por tons superexpostos (você nunca viu um filme de terror ou de suspense tão claro quanto este, mesmo nas cenas noturnas); para compreender que Carrie tranca a mãe em casa com seus poderes telecinéticos, a garota inesperadamente solda a fechadura com a força da mente, mantendo sua mãe à distância. Neste momento – adivinha? – o enquadramento se aproxima da imagem da fechadura, da solda incandescente. Peirce, como uma professora dedicada, parece perguntar aos espectadores-alunos, após cada cena: “Entendeu bem?”. Quando a mãe machuca as próprias pernas, a câmera vai para debaixo das saias acompanhar as feridas, quando Carrie escolhe um vestido para o baile de formatura, todas as jovens da cidade estão convenientemente esperando na vitrine da loja, testemunhando a cena. Este filme tem a transparência de um melodrama, em um gênero que pede desesperadamente por um pouco mais de ambiguidade destoando esse daquele e fazendo-se impuro em sua mais intrínseca profundidade (se é que se pode ver profundidade após a cena da primeira menstruação em uma época em que, mesmo as mais imberbes garotas, conhecem o funcionar de seu corpo) e é por isso que é uma pena que a "tia Peirce", professora desta escola, opte pela montagem mais didática disponível: corte em cada pessoa sendo morta, câmera subindo para acompanhar corpos suspensos por cabos, câmera baixando quando os corpos caem no chão. “Entendeu bem? Conseguiu acompanhar tudo?” E, para finalizar, Carrie – A Estranha é um filme de terror que ignora os mecanismos fílmicos e cognitivos do terror. Este é uma produção clara demais, em todos os sentidos do termo, incapaz de instigar a imaginação do público. Enquanto De Palma optava por um massacre no baile de formatura mostrado apenas pela metade (a outra metade ficava na mente do público, diante da imagem de um galpão fechado, em chamas), Peirce acompanha cada morte, uma por uma, até o assassinato ridículo de duas gêmeas, com os cadáveres dispostos simetricamente. Será que a cineasta acredita que a nova geração de espectadores é incapaz de conceber metáforas e insinuações? Que só se satisfaz com mortes explícitas, tramas explicadinhas, ponto por ponto, à maneira dos seriados policiais de televisão? Esperamos que não. Vamos torcer para que Peirce esteja apenas refletindo sobre a crise do cinema comercial contemporâneo, fadado a se repetir, sem conseguir evoluir a partir dos clássicos. Mesmo após toda esse minha percepção nem um pouco clarividente, resolvi colocar (o filme) em meu blog (Cine Rialto, Índice Suspense, página 6, 3ª linha, 4º filme) onde você pode assistir.
Caso você ainda não tenha assistido é bom saber que O Homem que não Dormia possui características que o fazem alvo garantido de duras críticas de quem o assiste, críticas quase unânimes entre o espectador cinéfilo e o médio. Mas antes de elucidar essas características tão marcantes da obra, vale falar um pouco do filme sem elas, para que seja possível vislumbrar um lado muito rico, que facilmente passa despercebido, ou melhor, que se esconde atrás de imagens negativamente chocantes. O Homem que Não Dormia possui uma narrativa confusa, com um fio condutor cheio de arestas, e detalhes importantes mal explicados. Além disso, existe um excesso de loucura que cansa já no começo da história. Apesar de poder contar com personagens muito bem construídos e variados, a maioria deles recebe uma dose cavalar de esquizofrenia e há uma insistência quase doentia em mostrar os acessos de loucura desses personagens, em cenas que parecem intermináveis. É difícil falar sobre um filme tão forte, e as opiniões sobre este trabalho de Edgard Navarro tendem a ser diversas. Para quem está mais inserido no universo da arte contemporânea, as imagens apresentadas em O Homem que não Dormia podem não ser tão chocantes assim, e até interessantes. Mas, definitivamente, não é um trabalho para o grande público. E agora se quiser saber mais é só espiar no meu blog (Cine Rialto, Índice Drama, página 15, 2ª linha, 3º filme).
"– Pera'í seu moço que dona moça diz ter gostado!" Há ocasiões em que nos deparamos com um filme que, em uma primeira espiada, parece até que gostamos e fica-se com esse primeiro gostar martelando os miolos até que resolve-se assistir novamente e pronto! Aquele gostar inicial - ao que chamo de falso gostar - vai para as cucúias pois então passado o maravilhamento inicial (e inercial) opta-se por assistir com aquele olhar mais crítico - diferente daquele inicial onde houve apenas o olhar de ver sem olhar - e descobre-se que o filme é ruim. O tema é mal trabalhado e, às vezes, fica vulgarizado em uma comédia que não consegue ser realmente uma comédia. Até que o filme se esforça para ser engraçado, ainda recordando aquela primeira assistida, mas não consegue. As atuações dos atores também são fracas e sem graça. Entre os personagens, podemos caracterizá-los como a riquinha promíscua, a inexperiente curiosa, o bonitão burrinho e o marrento apaixonado. Trocando a miúdos, esse é mais um filme que faz apologia ao sexo sem compromisso e antes do casamento alardeando burramente que o sexo pode levar ao amor, quando na verdade, deveria ser o contrário. E, atendendo aos anseios de minha amada mãezinha, dentro do casamento. "– Mas não se apoquente, dona moça, que o cinema existe exatamente para isso: para mostrar sem dizer e dizer sem mostrar!" Em tempo: o filme está em meu blog (Índice Comédia, página 4, terceira fila, terceiro filme).
O mundo após a InterNet passou a ter uma cara diferente e, com essa nova e inestimável era, a possibilidade de poder assistir filmes que imaginava jamais conseguir. É o caso desse clássico filme de suspense assinado por René Clair em seu período hollywoodiano, quando o cineasta fugiu da França por causa da presença dos nazistas no seu país. O Vingador Invisível é a primeira adaptação para o cinema da novela de mistério O Caso dos 10 Negrinhos, considerado pela crítica como a melhor adaptação cinematográfica de Agatha Christie. Para dar cabo ao filme, René Clair contou com a presença de um elenco impecável, entre os atores estão Barry Fitzgerald (Como Era Verde o meu Vale, Cidade Nua), Walter Huston (O Tesouro de Sierra Madre, Fogo de Outono) e Louis Hayward (Maldição, Piratas de Capri). Esquecida das novas gerações, esta jóia finalmente é recuperada em DVD e, graças ao advento da santa internet, incorporada ao meu blog (Cine Rialto) onde você poderá assistir na íntegra legendado. Com muita sensibilidade, e humor negro, Clair caracteriza as pessoas reunidas numa ilha deserta, que esperam em vão pelo seu anfitrião, e que são sucessivamente mortos por ele em uma sem fim idas e vindas carregado de tensão. O argumento de Dudley Nichols está impregnado de momentos notáveis, e o elenco consegue criar diálogos espontâneos, apesar do espectador nunca se esquecer que se trata de um thriller, é de modo fluente e quase sem grandes esforços que a tensão atinge o seu ponto alto. O operador de câmara Lucien Andriot oferece-nos uma façanha visual. O romance sofreu três novas versões: uma vez com o mesmo título (1974), e duas vezes como Ten Little Indians (1966 e 1989). Não deixe de assistir!
Escrito em 1936, “Diário de um pároco de aldeia” foi adaptado para o cinema em 1951, sob direção de Robert Bresson (“Sob o sol de Satã” só o seria em 1987, com participação do ator Gérard Depardieu). Ainda que em alguns aspectos o filme lembre bastante alguns títulos do neo-realismo italiano (o uso de atores amadores), todo o restante pouco se parece com outros filmes. Mantendo-se muito próximo do livro de Bernanos, é verdadeiramente um filme bastante incomum. O fato de quase todos os diálogos terem sido praticamente transferidos do livro para o filme faz com que cada cena e fração de minuto sejam muito significativas. Aspecto que se acentua ainda mais pelo incrível talento do diretor, ao dar forma e movimento ao livro. E assim não é de modo algum um filme que se dispõe a, didaticamente, explicar ou julgar os problemas vividos por seus personagens. Pelo contrário; ao tomar consciência do lugar e das pessoas, o jovem padre luta para não se desesperar, tentando muitas vezes encontrar respostas onde já não havia mais nada a ser respondido. Ao final do filme, não antes, compreende-se o porquê de para alguns ser considerado um dos maiores filmes de todos os tempos; avaliação que poderia ser tomada como exagerada em se tratando de um filme (atualmente e ainda) pouco conhecido. O grande talento do diretor Robert Bresson foi o de haver conseguido descrever em um filme, algumas das mais angustiantes dúvidas humanas; a existência de Deus, o sentido do sofrimento, a consciência do mal, o livre arbítrio. Problemas que poderiam ser considerados, em certo sentido, banais e óbvios. Mas isso apenas num primeiro instante. Ainda que no filme, tanto quanto na realidade, Deus não se apresente diante dos indivíduos nem se disponha a discutir com eles as condições de sua própria existência, as razões fundamentais de nossa existência podem ser intuídas por meio da sua existência, por aquilo que se chama de fé. O grande mérito do filme foi justamente o de captar esse abismo, à beira do qual costumamos colocar nossas mais preciosas certezas. Assista legendado em Cine Rialto!
Amor na Tarde" (1957), do cineasta Billy Wilder, é exatamente aquele tipo de filme que instantaneamente me chama a atenção. Primeiro, porque sou fascinado pelos filmes da chamada Era de Ouro de Hollywood - todo aquele glamour me encanta e, segundo, porque um dos meus maiores prazeres na vida é sentar e assistir a uma comédia romântica saboreando um bom pote de pipocas e empaturrando-me de açúcares por uma boa jesus (refrigerante aqui do Maranhão), e quando descobri que "Amor na Tarde" era estrelado pela adorável Audrey Hepburn, não pude demorar mais para assistir. Apesar de todos aclamarem "Bonequinha de Luxo" (1961), vou confessar que nenhum filme com Audrey me encantou mais que "Sabrina" (1954), também dirigido por Wilder. Logo, minha expectativa em relação à "Amor de Tarde" era alta. E não me decepcionei. Afinal, como poderia me decepcionar com Billy Wilder? "Amor na Tarde" é uma comédia romântica bastante divertida, com diálogos cheios da ironia elegante de Billy Wilder e, apesar de abordar temas polêmicos - uma mocinha inocente e virgem se apaixona por um homem mais velho, no qual são despertados os mais intensos instintos sexuais - , se mostra bastante ingênuo. Acredito que isso tenha acontecido por conta da censura da época, bem mais rígida que a atual. Dessa forma, muito do que se passa em "Amor na Tarde" é apresentado em insinuações e o espectador é quem tem que ligar os pontos. Com elenco exemplar, porém, com alguns desequilíbrios. Gary Cooper não é nem de longe aquilo que podemos chamar de Don Juan; é um excelente ator, mas convenhamos, ele não é nenhum Marlon Brando. A primeira opção de Billy Wilder para dar vida à Frank Flannagan era Cary Grant, porém sei lá porque o ator teve que recusar a proposta. No fim, nada disso importa porque quem rouba a cena é Audrey Hepburn. Mais uma vez, Audrey surpreende interpretando uma espécie de "Lolita Wilderiana", mas sempre mantendo aquele ar dócil, amável. E para finalizar esse meu melhor exemplo de inconteste declaração de paixão aguda, apenas reforço que "Amor de Tarde" é uma excelente comédia romântica, no estilo clássico, que nos remete à uma época dourada. Vale a pena conferir!
Mãezinha do céu!!!!! É um poço sem fim, e novamente J.R.R. Tolkien volta aos cinemas mundiais com O Hobbit: A Desolação de Smaug, mais uma vez sob o comando de Peter Jackson. O diretor, por sinal, parece ter nascido para contar nas telas a história da Terra Média, sentindo-se confortável ao ponto de fazer uma rapidíssima participação como ator - tão rápida, que pode até passar batida por quem não estiver prestando atenção do filme desde o começo. É claro que eles sabiam que a decisão de dividir a história de O Hobbit em três filmes bem poderia pareer exagerada como é inegável que sabiam muito bem como conduzir esta narrativa. O Hobbit: Uma Jornada Inesperada tinha como principal mérito o fato de fazer ligações precisas entra a nova trilogia e a de O Senhor dos Anéis, mas parecia um pouco arrastada - ao ponto de poucas pessoas ficarem realmente empolgadas com o lançamento de uma versão estendida, ao contrário do que aconteceu em O Senhor dos Anéis. Então vejamos e certifiquemos que nem todos momentos, digamos, claros não precisavam estar no filme, como a primeira cena de flash back entre Gandalf (Ian McKellen) e Thorin (Richard Armitage). Tal momento pode até ser interessante, principalmente para os fãs, mas não mostra nada que o espectador não sabia antes. Além disso, começar o longa com algo que aconteceu antes da história passada no primeiro filme acaba surgindo como um anticlímax, uma vez que o público quer logo saber como vai continuar a jornada de Bilbo (Martin Freeman). Voltemos um pouco para nos ambientarmos: em Uma Jornada Inesperada tínhamos orcs como principais inimigos, agora a coisa esquentou, temos pela frente o tal Smaug do título, um dragão imponente e ameaçador, que ganha ares aterrorizantes graças ao excelente trabalho de dublagem do ótimo Benedict Cumberbatch. Ao contrário do que fez em O Senhor dos Anéis, Jackson fez de O Hobbit uma trilogia em que os filmes são muito mais dependentes uns dos outros. Por mais que a jornada de Frodo começasse em A Sociedade do Anel e terminasse em O Retorno do Rei, os longas possuíam momentos claros de encerramento. Não é o que acontece em O Hobbit, que mais uma vez termina em um momento épico, deixando o espectador um pouco órfão do que está por vir. Tal opção do diretor por ser até falha em termos de narrativa, afinal não realiza obras com início, meio e fim, mas é inegável que ele mantém seu público na expectativa. A Desolação de Smaug não é um filme perfeito, estando atrás da trilogia O Senhor dos Anéis, mas sabe muito bem onde está pisando. E é difícil não ficar empolgado e nostálgico ao conferir elfos assassinando orcs de maneira ágil e intensa. Ainda mais com um desses elfos sendo Legolas (Orlando Bloom). O personagem, por sinal, demonstra um interesse especial na elfa Tauriel (Evangeline Lilly), que também chama a atenção do anão Kili (Aidan Turner). O triângulo está longe de empolgar, mas gera algumas sequências curiosas. Agora é esperar para ver O Hobbit: Lá e de Volta Outra Vez, que promete muito. Principalmente por causa dos momentos finais deste segundo filme e, quem sabe, por um fim antes que apodreça de vez!
Outro dia resolvi assistir esse “Os Seis Signos da Luz” imaginando ser um desses filminhos reservados para final de tardes na Globo ou, pior ainda, no SBT. Mas mesmo assim resolvi assistir e assistindo vi que não era o que imaginava. É claro que não é “o filme”, mas é um daqueles que, ao The Ende, descobre-se ter assistido um algo entre razoável e bom: efeitos visuais bem trabalhados, sonoros que ajuda a criar o clima, trilha sonora interessante, figurino impecável e cenário bem trabalhado que chegam a impressionar pela qualidade, mas deixa muito a desejar quanto ao desenvolvimento do enredo e o próprio enredo em si. O Enredo do filme é extremamente batido, já vi essa temática nos Harry Potter, O Senhor dos Anéis, Jumper e por aí vai ao ponto de fazer o filme totalmente previsível e, a bem da verdade, até que tentaram colocar algo de novo no enredo (o gêmeo, a família) sem que conseguissem afastar o fracasso além do que não se sabe (e não se descobre) o que a família do garoto tem haver com os signos, apenas informações vagas e insuficientes. Não é de minha lida querer interferir no interferível, mas lá no comecinho deveriam ter dado uma dica sobre a família e o que ela tem haver com todo o resto. No final se espera que todas essas dúvidas sejam esclarecidas, o que se vê é o garoto voltando pra casa com o irmão gêmeo e a família o reconhece de imediato, sem se preocupar com o por que, como e onde, foi colocado como algo natural, como se a família soubesse que o 7º filho deveria salvar o mundo, nem ao menos se sabe o que ocorre com os anciãos, cujo papel no filme não vi tanto fundamento, apenas um deles seria mais que suficiente. Para resumir e finalizar: filme poderoso em efeitos, cenário e figurino e um tremendo desastre no desenvolvimento do enredo, o final então nem se fala, eu precisaria de uma bola de cristal para responder várias das minhas perguntas. Se Você discorda de tudo isso, sua imaginação está mais aberta que a minha para filme desse gênero e consegue ver coisas que eu não vi depois de assistir (acredite) 3 vezes e entrego os pontos: é um filme para a seção da tarde do SBT!
Sei lá o que a turma de filmow vai dizer sobre esse filme que somente estreará (no circuito comercial) em maço/14, mas com certeza não terão como dizer que eu não assisti. E esse pessoal, aí de baixo, que dizem não ter gostado? Paciência, meu bom velhinho lá de riba que devem ter imaginado um Redford encantador de espécimens do sexo (dito erradamente) fraco sem, no entanto, olharem o espetáculo que esse setentão nos brinda em 104 minutos onde, aqui sim, deixa de ser o bonitão e gostosão das meninas para se mostrar ATOR com grafia em caixa alta em um viver nos limites de extrema bravura contra a bravura da natureza. Há tempos não assistia um filme tão bom como esse!
Frozen: Uma Aventura Congelante
3.9 3,0K Assista AgoraJamais poderia ser diferente afirmar que os desenhos da Disney são inesquecíveis e ao comprar a Pixar, em 2006, vale lembrar, a intenção era se manter assim por muito tempo. Juntas, as companhias continuam apresentando bons títulos para os baixinhos e altinhos, e o melhor de tudo, lançando alguns deles nas férias. Frozen - Uma Aventura Congelante chega neste verãozão para refrescar a cuca da família brasileira com muito encantamento. E ele já começa com um curta, exibido antes e feito em comemoração aos 85 anos da empresa. Hora de Viajar! (2013) combina o traço original de Mickey e seus amigos - em preto e branco - com as cores e a tecnologia do 3D, resultando numa viagem de grande impacto visual.
Inspirado no conto de fadas "A Rainha da Neve", do dinamarquês Hans Christian Andersen (1805–1875), o roteiro de Frozen foi escrito por Jennifer Lee (Detona Ralph), que estreia na direção ao lado Chris Buck, dos ótimos Tá Dando Onda e Tarzan. Sua trama é simples, tem os fantasiosos Trolls (pedras falantes), o impagável boneco de neve Olaf (que adora "abraços quentinhos") e também o divertido alce Sven. Mas os humanos também protagonizam belas sequências (vale o 3D!) em sintonia com a trilha de Christophe Beck, além das reveladoras e deliciosas canções, como "Quer brincar na neve?", "Vejo uma porta abrir", "Uma vez na eternidade" e "Livre estou" ("Let it go"). Está última, que diz "É hora de experimentar / Os meus limites vou testar / A liberdade veio, enfim, para mim", tem coreografia arrepiante e outras versões, como as cantadas por Idina Menzel (original), por Taryn Szpilman (dubladora de Elsa, no Brasil) e a tocada nos créditos finais, com a voz da cantora pop Demi Lovato.
Do "elenco", destaque para as excelentes dublagens e a participação de Fábio Porchat, ótimo como Olaf. Assim, com essa história de personagens cativantes, trapalhões e até mesmo dúbios, o que garante uma certa tensão, é quase impossível Frozen não tocar corações de crianças, jovens e adultos, porque fala de um sonho eterno e, muitas vezes, ilusório: a liberdade. Visualmente bonito e com espaço para uma boa virada na trama, existe ainda uma sutil substituição de uma clássica solução de problemas (o beijo) dos contos de fadas, para ressaltar um outro tipo de amor: o fraterno. Ah! Os créditos finais são bacanas e tem cena adicional lá no finzinho (mesmo) dessa diversão emocionante.
Assista dublado em meu blog.
Camelos Também Choram
4.1 36Antes de tudo é bom imaginar-se o quão sortudos foram esses bravos ao estarem no lugar e na hora certa e, cuidado: Você também chora.!
Para apreciar esse maravilhoso filme, você tem que se desprender de todas as coisas. Entre livre de pensamentos no cinema, e você vai se encantar com a natureza humana. E vai descobrir que vivemos não sei por que, e estamos em busca não sei de que.
Nossa cultura ocidental passa a ser compreendida com um sentimento vazio, sem valores. Pobres de nós que não conseguimos enxergar que a vida e sentimentos independe da condição humana. Daí, nós também choramos.
O Documentário está em Cine Rialto. Acesse e assista!
O Inventor da Mocidade
3.7 71 Assista AgoraQue o bom velhinho lá de riba perdoe os tradutores de títulos de filmes aqui da banda de baixo, em terras tupiniquins, que de Inventor da Mocidade só nos miolos símicos desses aloprados da terra descoberta por Cabral e, por falar em nosso gajo descobridor, bem poderiam espiar as traduções de lá, muito mais próximas de como o filme foi parido.
Mas deixemos de lado essas 'coizitas' sem importância que foi interessante assistir a esse O Inventor da Mocidade (ufa!) no mesmo dia em que eu também assisti a Este Mundo é um Hospício, de Frank Capra, porque tratam-se de duas screwball comedies (sabem o que é isso?) protagonizadas pelo Cary Grant, então já se reservam aí semelhanças suficientes para se estabelecer essa comparação. Muito embora a densidade temática de Este Mundo é um Hospício parece sugerir que talvez Capra não fosse o diretor mais adequado para a produção (o filme fala sobre duas velhinhas simpáticas que assassinam piedosamente velhos solitários), os vícios de um certo moralismo encontram-se na tangente da história: apesar do sexismo exagerado, e da morbidez do humor, Capra torna seus principais personagens simpáticos ao público, afim de anestesiar a experiência do carnaval de assassinos, torturadores e loucos do filme. Hawks, por outro lado, é praticamente um mágico, e cria a empatia através da ambiguidade, dos defeitos, do espetáculo. Em nenhuma de suas comédias o diretor move uma pena para atiçar a identificação entre personagem e público, mas concentra todas as suas forças em deixar que a história possa fluir com seus acontecimentos e diálogos. Essa estética é responsável por duas das maiores comédias da história: Jejum de Amor, de 1940, e Levada da Breca, de 1938.
E também O Inventor da Mocidade, já em 1952, meio fora de forma, com diálogos menos loucos e personagens que já sentem nas costas o peso da velhice. Por isso, Hawks aqui deixa os personagens ficarem em silêncio – um contraste que torna mais evidente as metamorfoses da história. Cary Grant interpreta Barnaby Fulton, um pesquisador que acredita ter achado a formula da juventude. Na verdade, quem descobriu a fórmula foi seu macaco, que despejou os compostos da fórmula no bebedouro, desencadeando uma série de reações que perpetuam durante o filme.
A questão da desencadeação como narrativa é extremamente importante na obra de Hawks, especialmente no período pós 1950, quando o cineasta está mais comprometido e articulado nos seus objetivos. Uma das citações que lhe é atribuída diz que “filmes são imagens em movimento, mas que não se mexem sozinhas”, testemunhando que, a função do diretor enquanto contador de histórias, é movimentá-las.
Em O Inventor da Mocidade, a figura mítica de Monroe (ainda coadjuvante) paira sobre o casamento dos Fulton, mas qualquer espectador sabe que existe uma história e existe um sentimento entre os dois, existe uma força que os atraí e que, mesmo nas crises, coloca-os juntos em intimidade. Essa força é o diretor, o contador de histórias, tão ignorado em muitos filmes, e tão bem utilizados em alguns. A mesma energia que comanda os personagens de O Inventor da Mocidade, também está presente em Lua de Papel (de Peter Bogdanovich, 1971) e Pulp Fiction (de Quentin Tarantino, 1994), raros casos em que os diretores não se esqueceram de prestar tributo a um dos maiores artífices do cinema americano.
Por isso, mesmo que O Inventor da Mocidade não seja tão engraçado quanto as típicas comédias de Hawks, é uma história bem articulada e orquestrada, as cenas se desenrolam com rapidez e objetividade e ninguém provavelmente verá um casal tão bem em tela quanto Cary Grant e Ginger Rogers. Além do mais, assistir a um filme do Hawks é como entrar num tipo de hipnose espiritual: você simplesmente não consegue desviar os olhos e a atenção das telas.
É aí que eu volto com a comparação entre Capra e Hawks: o filme de Capra considero um engodo, um incômodo (Grant considerava a sua atuação nesse filme uma das piores de sua carreira, e muitas vezes chamou este de o menos favorito de seus filmes). Viciosamente o diretor insistia em me distrair do que mais me interessava (a comédia, o personagem de Grant, a rapidez nos diálogos), e me afastava cada vez mais da experiência do cinema, e também da experiência da comédia, que se afastava de mim na mesma proporção. Com o filme de Hawks, no entanto, as risadas foram consistentemente mais escassas durante todo o filme, mas um prédio poderia desabar ao lado da minha casa, e eu não ligaria. Essa é, ao meu parco conhecer e se tratando de um filme de hollywood (pois nem toda a experiência cinematográfica é baseada nos mesmos princípios), a diferença entre um bom e um mau filme: a relação intrínseca entre a história sendo contada e o controle que o diretor de cinema, e somente ele, possui ao arranjá-la.
Ois é, meu bom velhinho lá de riba, ainda bem que nesse Inventor estava a estonteante loiraça do bolo de Kennedy (Monroe, em um aniversário de J.F. Kennedy, então presidente dos EUA, lhe foi presenteado dentro de um bolo gigante) e que Grant tenha se saído bem...
Sim! Os dois filmes estão em meu blog. Corra, vá lá e assista!
Ela
4.2 5,8K Assista AgoraEspera, espera! O que há de tão estranho ou diferente nesse drama da história curiosa de um homem que se apaixona por uma máquina? Pode até ser que esse mote tenha sido amplamente discutido, defendido por alguns e ridicularizado por outros mas, que me perdoem os adeptos, não é justamente isso o que vem acontecendo com os/as apaixonados/as por esses celularizinhos eternamente conectados na internet?
Felizmente o filme não se esgota nesta ideia criativa. Ele retrata as novas configurações do amor de maneira geral, e consegue transformar o relacionamento entre o escritor Theodore (Joaquin Phoenix) e o sistema operacional Samantha (Scarlett Johansson) quiçá em um dos mais belos romances que o cinema construiu no século XXI.
'Ela' funciona como uma ficção científica, usando os fantasmas humanos sobre a tecnologia para questionar o presente. O “futuro” desta produção é bastante curioso, já que as cores e os figurinos evocam os anos 1960/1970, enquanto os espaços fazem o possível para não remeter a cidade alguma: os cenários misturam uma quantidade enorme de pessoas asiáticas a caucasianas, com arranha-céus que poderiam pertencer a qualquer lugar nesse mundo sem fronteiras já que esse futuro do pretérito é um mundo anônimo, despersonalizado, fruto da globalização que deixa todas as pessoas e lugares com uma aparência semelhante.
Poder-se-ia implorar por fetichismos de carros que voam ou conquistas interestelares. Porém o futuro imaginado por Jonze é triste, individualista, melancólico, onde a tecnologia fornece apenas meios de encontrar o amor pela Internet, fazer sexo virtual, pagar para terceiros escreverem cartas pessoais, divertir-se sozinho com videogames realistas. O diretor não aposta no tradicional conflito entre humanos e máquinas e sim numa fusão tão completa entre esses dois instantes que não se consegue mais imaginar uma interação humana sem a intermediação de um sistema virtual. E assim o nosso 'Theodore' bem pode enamorar um sistema operacional enquanto sua vizinha, Amy (Amy Adams), vive às turras com outro sistema operacional e seu chefe, Paul (Chris Pratt), bem pode estar feliz com a namorada, mesmo sonhando em ser amado como nas palavras inventadas por Theodore. Para os personagens, o virtual é visto como um ideal a alcançar, um modelo de perfeição para o real.
Por fim, quando o espectador tem certeza de que esta será apenas uma linda história de amor que celebra as paixões virtuais e defende a inclusão cada vez maior de máquinas em nossas vidas (impressão que pode surgir após a melancólica canção The Moon Song, interpretada em dueto pelos protagonistas), Spike Jonze reserva um final surpreendente, amargo e extremamente inteligente.
Não, este filme não é uma ingênua celebração da tecnologia, e sim uma reflexão profunda sobre todos os aspectos que ligam os homens à máquina, e à projeção que fazemos dos nossos amores na invisibilidade do meio virtual.
Diferente de hoje? Duvido!
Sim, o filme está em Cine Rialto.
Solaris
4.2 368 Assista AgoraHá filmes que não me envergonho de tirar o chapéu e declarar, em alto e bom tom, que não sei dizer se esse ou aquele é um filme melhor. Na verdade não consigo ver esse filme como "Uma resposta a 2001", que resposta? Resposta de um filme complexo para outro tão complexo?
Pode ser que no filme de Kubrick careça de "ser humano", mas não é o que muitos classificam como "apenas máquinas dançando Danúbio azul no espaço", é muito mais, muito mesmo!
Solaris é uma grande obra, assim como a de Kubrick e se Tarkovsky o quis fazer como uma resposta ao diretor inglês julgando seu filme 2001 "vazio" eu não sei, cada um com cada um.
Mas, deixando de lado essa babaquice de "guerra fria" (pois bala de canhão é quente pra chuchu) e como espectadores alheios aos disse-me-disse exacerbado desse ou daquele diretor puxando sardinha para sua farinha, temos mesmo é que apreciar essas duas obras, e não ficar queimando neurônios para julgar qual a melhor. Até por que, as duas obras são complexas demais e merecem ser analisadas muitas vezes.
E, para por uma pedra em cima dessa questão besta, assista aos dois em Cine Rialto.
Pronto, tenho dito!
Além Do Lago Ness
1.8 40Convenhamos, Paul Ziller não conseguiu realmente emplacar como diretor de cinema e esse seu "Além Do Lago Ness" é de doer!
Será que ele quis fazer brincadeira com quem se dispôs assistir ao filme pelo chamativo cartaz? Sei não, só sei que por causa de Cine Rialto (meu blog de filmes online gratuito) me obrigo a assistir ao que pretendo lá fixar e, pasmem, eu assisti!!!
Mas já deu para perceber o grau de insatisfação. Não atiro pedras em quem assistiu e gostou mas, me expliquem 'pelamordedeus', gostou de que? Nos idos dos anos 30 (1930) já haviam feito melhor com melhores esfeitos e com o dito monstro mais monstro e menos lagarto desengonçado como essa, alardeada, "criatura horripilante" impressa ali em riba (sinopse aqui em filmow) e em todo canto onde o filme está - também em Cine Rialto onde, na tentativa de gerar medo, tive que vasculhar a internet em busca de um cartaz que, pelo menos, não mostre a cara quase bonitinha do tal monstro.
Pois é, eu assisti e se você quer também, dê um pulinho em Cine Rialto!
A Aventura
4.1 112 Assista AgoraEntre tudo o que já ouvi falar não há verdade maior que a afirmação que 'cinéfilos nunca concordam em nada', mas quando a questão é decidir qual o melhor filme de Michelangelo Antonioni, os admiradores do diretor italiano costumam dividir-se em dois grupos. O primeiro deles prefere um de seus filmes em inglês, ou seja, sua obra-prima seria ou Profissão: Repórter, com Jack Nickholson (sobretudo por conta do virtuosístico plano-seqüência do final), ou Depois Daquele Beijo, com Vanessa Redgrave (nesse caso, os brasileiros sofreram muito, pois somente em 2005 foi lançada a versão original, com a metragem e as cores imaginadas pelo cineasta; antes só havia disponível uma cópia da Warner editada e esmaecida à disposição).
O segundo grupo prefere como auge da carreira de Antonioni um dos três filmes da chamada Trilogia da Incomunicabilidade. Neste caso, os cinéfilos brigam entre três filmes: A Aventura (os americanos são os que mais gostam), A Noite (a maioria dos cinéfilos, é seu filme mais conhecido) ou o desfecho, O Eclipse (considerado o mais radical de seus filmes). Para os brasileiros, essa escolha foi praticamente impossível, pois a Trilogia nunca fora antes lançada em vídeo (VHS ou DVD). Exceto A Noite, sempre presente em mostras pelo país, os outros dois filmes eram raridades em Pindorama.
A Aventura venceu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 1960 e catapultou a carreira internacional de Antonioni. Entre as cenas que poderíamos chamar de chocantes são os atos mesquinhos cometidos pelos endinheirados sem explicação, apenas por tédio. Um deles deixa cair um vaso histórico e valioso. Sandro derruba a tinta de um pintor só para iniciar uma briga. Nenhum deles deixa de frequentar a festa à noite, mesmo sabendo que a amiga poderia estar morta naquele momento ou precisando da ajuda deles.
Antonioni faria na seqüência A Noite com Marcello Mastroianni e Jeanne Moreau vivendo um casal entediado que vê o casamento acabar por falta de estímulos. Passado numa única noite, Mastroianni encontrará numa festa chique uma igualmente entediada Mônica Vitti e com ela tentará dar um sentido nas relações amorosas.
Atriz e diretor fariam ainda a parte final da trilogia, O Eclipse, com o galã francês Alain Delon, e o primeiro filme em cores do diretor, Deserto Vermelho. Era a época da industrialização da Itália e Antonioni filmou as transformações físicas e sociais em curso. Delon interpreta um ambicioso negociador da Bolsa de Valores obcecado em ganhar dinheiro. Em Deserto Rosso, a musa Vitti é a depressiva burguesa que vaga sem rumo portos italianos recém-construídos a procura de algo – não precisamente nada.
Depois da Trilogia e Deserto Vermelho, Antonioni faria seus próximos filmes para grandes estúdios americanos e ingleses com o produtor Carlo Ponti, marido de Sophia Loren, dando início a uma segunda fase em sua carreira sempre tão discutida, amada e detestada com fúria, mas felizmente não mais ignorada (afinal, os DVDs foram lançados).
Mas é bom que saiba que na première do filme no Festival de Cannes em 1959, o filme foi tão vaiado que Michelangelo Antonioni e Monica Vitti tiveram que fugir do cinema. Entretanto, depois da segunda apresentação as opiniões já foram diferentes. O filme deu a volta por cima e conquistou um prêmio do Júri Especial, e se tornou um marco no cinema europeu e que depois de ser motivo de chacota, 35 críticos publicaram uma defesa do filme que ajudou a melhorar a sua reputação.
Pois é, e o melhor é que o filme está em meu blo!
Yojimbo, o Guarda-Costas
4.3 127Me perdoe, não sou nenhum pouco perspicaz e muito menos eximo observador das pequenas nuances que tipificam, e dão identidade própria, dos filmes que assisto. A bem da verdade sou apenas mais um apreciador da sétima arte e um curioso que escreve o que vê e não posso deixar de escrever sobre esse que rapidamente adquiriu status de arrasa-quarteirão, tornando-se o filme mais bem sucedido de Akira Kurosawa em termos financeiros. Obviamente, a produtora Toho não poderia passar a oportunidade e encomendou uma continuação. Kurosawa, que, mesmo antes de Yojimbo, já havia transformado em roteiro – mas não filmado – a obra de Shugoro Yamato intitulada Nichinichi hei-an, sobre um espadachim não tão bom assim com a espada, aproveitou seu trabalho e alterou-o de forma a substituir o herói pelo bem sucedido personagem Sanjuro, protagonista de Yojimbo.
Assim, o diretor acabou criando uma continuação que, na verdade, é outro filme com o mesmo personagem icônico e inesquecível vivido por Toshiro Mifune, seu parceiro em dezesseis filmes e o antepenúltimo antes da briga que acabaria separando-os. As diferenças são sensíveis. Para começar, enquanto Yojimbo é mais um western passado em um Japão no fim de seu sistema feudal, Sanjuro parece até um prelúdio, pois se fia fortemente na existência dos clãs e de uma sociedade organizada em castas definidas e protegida por samurais. A visão da sociedade japonesa é muito mais idealizada e singela do que o pessimismo evidente e quase nihilista do ambiente que vemos em Yojimbo.
E aqui mais uma percepção desse "assistidor" de filmes: Yojimbo é, a grosso modo, um filme japonês feito para japonês tomar conhecimento de coisas de fora do Japão como tantos que surgem em terras tupiniquins versando sobre culturas outras e adaptadas ao viver (ou ao vivido) na terra onde é (foi) feito.
Espere, não atire pedras e nem direcione verborragia chula à minha pobre pessoa que não estou minimizando a importância tanto da obra, quanto do autor. Só não tenho como não saber (e perceber) que Yojimbo bem poderia ser plágio de outros feitos e gerados fora do oriente, como na maioria dos filmes de Kurosawa, travestido à cultura e jeito japonês...
Em tempo: o filme está em meu blog!
Bonequinha de Luxo
4.1 1,7K Assista AgoraBem que já havia falado aos meus poucos botões e, menos ainda, alvos cabelos que não iria escrever sobre esse filme. Muitos (milhares) já fizeram e de tudo já se sabe, mas poucos prestaram devida atenção ao título que, como sempre em terras tupiniquins, nada tem a ver ao original. Onde está 'Bonequinha de Luxo' em 'Café da Manhã na Tiffany's'?
Está bem, está bem, não vou me ater ou delongar sobre isso que disso (e por ou pra isso) Audrey Hepbur pouco se lixava principalmente após um ano e meio afastada das câmeras devido sua licença maternidade e, salvas à maternidade que a fez retornar justamente em 1961 sem jamais imaginar que estava prestes a estrelar aquele que se tornaria seu mais famoso filme; Bonequinha de Luxo (que seja, mesmo sendo 'Café da Manhã na Tiffany's' que, a bem da verdade, não é tão chamativamente comercial como Bonequinha).
Quando os estúdios Paramount Pictures adquiriram no inicio dos anos 60 os direitos sobre o livro Breakfast At Tiffany´s de Truman Capote (1924-1984) que sugeriu Marilyn Monroe (1926-1962) vivendo Holly Goligtly porém os céus tramaram a favor de Audrey fazendo Monroe, que naquela altura estava sob os cuidados de seu professor Lee Strasberg (1901-1982) no Actor´s Studio´s, recusar por intermédio dele o convite, alegando que não seria interessante para sua imagem atual interpretar uma “acompanhante de luxo”.
Ao invés disso, Marilyn Monroe é emprestada a MGM onde atua sob a direção do renomado diretor John Huston (1906-1987) no pesado Os Desajustados (1962), que seria o último filme da atriz loira.
Audrey Hepburn por sua vez, via em Holly Goligtly um desafio para sua carreira. Ela que vinha de diversos filmes sempre sob o estereótipo da boa moça (A Princesa e o Plebeu, Sabrina, Cinderela em Paris, Guerra e Paz, Uma Cruz a Beira do Abismo...) tinha com Bonequinha de Luxo (perdão, af!) plenas condições de provar ainda mais seu grande talento. E assim aconteceu, mesmo sem a aprovação de Capote, a estrela da Paramount é contratada para estrelar o filme sob a direção do “quase desconhecido” Blake Edwards (1922-2010). O roteiro, ficou a cargo do exímio George Axelrod (1922-2003), que anos antes havia sido responsável pelos ótimos scripts de O Pecado Mora ao Lado (1955) e Nunca Fui Santa (1956). Axerold, que já era experiente em adaptar para o cinema famosas peças e livros com conteúdos considerados impróprios, ao aceitar o desafio de trabalhar em Breakfast At Tiffany´s, completou a equipe da mais bem sucedida comédia romântica da história do cinema.
Um dos grandes méritos de Edwards foi conseguir fazer um romance urbano de maneira tão clássica e bela. Por vários momentos, dada a construção do luxo imaginário da personagem, temos uma linda direção de arte que se confunde com a fumaça da realidade de Nova York, fotografando de forma diferente a cidade. Mas não espere ver uma história grandiosa, cheia de cifras; tudo em Bonequinha de Luxo é muito real o suficiente para convencer não como uma fábula, mas sim como um drama verdadeiro de uma pessoa que apenas quer vencer na vida. Só que, graças à delicadeza como tudo é contado, temos um resultado final extremamente interessante e contrastante.
É óbvio que Holly é uma garota de programa, mas pelo olhar ingênuo que Hepburn concede à personagem ela torna-se extremamente dócil e sonhadora. Nunca vemos com maldade o que ela quer fazer, pelo contrário, simpatizamo-nos imediatamente com seu jeitinho e com seus sonhos. Ela está deslumbrante e simplesmente apaixonante no filme, mesmo que raramente apareça muito produzida – Hepburn é simplesmente fantástica por natureza e consegue carregar nas costas o fardo de um papel mais pesado como esses de maneira extremamente graciosa (claro que deram uma amaciada na personagem, afinal, estamos falando de Trumam Capote; por exemplo, a bissexualidade de Holly foi deixada de lado).
Há defeitos, claro: o chado oriental reclamão vizinho de Holly (interpretado pelo excepcional Mickey Rooney) é desnecessário o suficiente para aparecer tantas vezes em tela (serve apenas para impulsionar uma ação que move o final do filme, nada mais), dando um tom cômico desnecessário à trama (e nem tão engraçado assim). Mas quando cenas como a canção na janela, a despedida do Doc e o final na chuva ficam martelando em nossa cabeça, temos a certeza de que fomos presenteados com momentos fortes o suficiente para tornar a obra inesquecível.
Assim como grandes filmes dos anos 60 / 70, Bonequinha de Luxo mostra a luta de pessoas comuns que querem vencer na vida de qualquer maneira. Só que somando uma encantadora Audrey Hepburn com uma forma charmosa diferente de filmar um drama urbano do gênero, o resultado torna-se bastante curioso. Vale uma conferida, sendo fã dos grandes romances do cinema ou apenas um estudioso de plantão. Tem classe, charme e beleza suficientes para agradar a qualquer um.
Mas, cá para nos (e que não falem a ninguém) o título real é 'Café da Manhã na Tiffany's'!
Dom Quixote
4.0 7Curiosidades e Informações extras:
● Don Kikhot é considerado por muitos críticos como uma das melhores adaptações do clássico de Cervantes, sendo esta opinião bastante devedora da atuação memorável de Nikolai Cherkasov, um dos atores preferidos de Eisenstein, tendo inclusive estrelado dois de seus filmes mais conhecidos (Ivan, o Terrível e Alexander Nevsky). Para quem desejar conhecer mais a respeito deste importante ator russo, tem este site (em inglês) Link: http://anonym.to/?http://www.filmreference.com/Actors-and-Actresses-Ca-Co/Cherkassov-Nikolai.html
● Don Kikhot tem como realizador o diretor russo Grigori Kozintsev, também diretor de verdadeiras preciosidades como Gamlet e Korol Lir. Embora considerado um realizador de relevo para o povo russo, sua obra é pouco conhecida fora do cenário soviético.
● Para a realização do filme, Kozintsev contou com o assessoramento estético do escultor espanhol Alberto Sánchez, que estava então exilado na URSS.
● Embora filmado em 1957, em virtude das tensões do período da Guerra Fria, o filme permaneceu sob censura durante 4 anos, só vindo a estrear no Estados Unidos em 1961.
Prêmios e Indicações:
● Festival de Cannes (1957)
O ator Nikolai Cherkasov foi indicado à Palma de Ouro.
A Mulher do Dia
3.7 23O roteiro – que hoje pode até parecer ingênuo – foi um tanto ousado na época em que foi feito (1942), tanto que ganhou o Oscar de melhor roteiro original. Com o mundo passando pela Segunda Guerra Mundial, A mulher do dia foi um dos primeiros filmes a abordar a história de uma mulher independente e trabalhadora. Os toques de comédia aparecem no filme apenas para amenizar a tensão que permeia a história.
Uma informação curiosa para os jornalistas é a de que a personagem de Katherine Hepburn foi inspirada na jornalista americana Dorothy Thompson, que em 1939, foi eleita pela revista Time como uma das americanas mais influentes de sua época, atrás apenas de Eleanor Roosevelt.
Além disso, é interessante observar as reflexões sobre jornalismo presentes no filme, como na cena do jogo de beisebol. Quando Tess vê que a Crônica de Nova Iorque manda dois repórteres para cobrir o jogo, ela reclama: “E nós ainda temos só um jornalista em Vichy [cidade francesa invadida pela Alemanha durante a guerra]“.
Quanto aos aspectos técnicos, o filme apresenta problemas. Os diálogos parecem forçados e a sensação de tempo não flui bem no decorrer da história . Sam e Tess parecem se casar dois dias depois de se conhecerem, por exemplo.
Apesar de tudo é um bom filme e que marcou decididamente uma época em que jamais (apesar de Dorothy) imaginava-se uma mulher com tamanha influência e destaque.
A Lenda dos Beijos Perdidos
3.6 10Curiosidades e Informações extras:
● Brigadoon é na verdade uma adaptação de um conto alemão de Friedrich Gerstacker, e o nome do lugar fictício seria Germelshausen.
● Há, ainda, na Austrália, um lugar chamado Brigadoon, subúrbio de Perth. Neste país há, também, o pouco conhecido The Brigadoon Festival, uma celebração da cultura e tradição escocesa e céltica, em Bundanoon, New South Wales.
● Em 1947 ainda estavam muito frescas as recordações da II Guerra Mundial, para que um musical da Broadway apresentasse uma história alemã. Assim Lerner recriou a história, ambientando-a na Escócia, com seus homens de saiotes, chapéus de pano, gaitas de fole, e outras características das Highlanders (Terras Altas).
Segundo Cyd Charisse, esse era seu filme favorito, dos que realizou.
● Howard Keel e Jane Powell estavam previstos para estrelar o filme, mas tiveram que desistir devido a outros compromissos.
● Minnelli e Gene Kelly queriam fazer locações na Escócia, mas os estúdios MGM não autorizaram.
Prêmios e Indicações:
● Oscar 1955 (EUA)
ü Indicado nas categorias de melhor direção de arte colorida, melhor figurino colorido e melhor som.
● Globo de Ouro 1955 (EUA)
ü Venceu na categoria de melhor fotografia colorida.
A Tortura do Silêncio
3.9 141 Assista AgoraE poderia ser diferente?
Baseado numa peça de Paul Anthelme, "A Tortura do Silêncio" é mais um grande filme do mestre do suspense, Alfred Hitchcock. Como em vários filmes de sua carreira como diretor, Hitchcock tem, em sua trama, um homem falsamente acusado de ter cometido um crime.
Além do ótimo trabalho de direção, conta com um excelente roteiro e com ótimas atuações por parte de Anne Baxter, Karl Malden e Montgomery Clift, nos papéis principais. Com o fotógrafo Robert Burks, consegue fazer um excelente uso dos cenários de Quebec.
O clima de suspense consegue prender a atenção do espectador até o fim, principalmente por colocar em jogo o inviolável 'segredo de confissão'.
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O filme está em meu blog (Cine Rialto, Suspense, Página 6)
Salão Kitty
3.3 26Ei! Ei! Antes quero lhe alertar: Esse não é um filme para todos.
Feito três anos antes de Calígula, o filme mais famoso do diretor Tinto Brass, Salon Kitty rompeu as barreiras entre o nazi-exploitation e o cinema mainstream de uma forma que nunca encontrou paralelos. Mostrou, acima de tudo, que um nazi-exploitation não precisa ser barato e relegado ao ridículo: pode ser elegante, pomposo e bem polido, sem precisar abrir mão da violência e erotismo que o caracterizam. Tanto que muitos exitam em aceitá-lo no gênero, preferindo encaixá-lo ao lado de filmes maiores como Os Deuses Malditos e O Porteiro da Noite, mais reconhecidos como dramas "sérios". Como os três estão entre meus filmes favoritos, eu gosto desta classificação. Mas para mim, Salon Kitty tem mais haver com obras como Ilsa e Fräuleins in Uniforms, além das dezenas de outros que vieram após.
Em uma palavra: imperdível. Mesmo se não for fã do gênero, vale a pena dar uma chance a Salon Kitty, que funciona tanto como "arte" como para quem procura um bom nazi-exploitation.
Ponto alto: a produção, o elenco, o roteiro, a direção...
Ponto baixo: não chega a comprometer, mas para o filme ser perfeito só faltou ser falado em alemão.
Sim, em tempo: O filme está em meu blog!
Farrapo Humano
4.2 225 Assista AgoraAntes preciso deixar claro que provavelmente esse é o melhor filme sobre alcoolismo de toda a história do cinema.
É incrivelmente notável a fluência que possuem os filmes de Billy Wilder, independente de qual o caminho temático predefinido pelo roteirista e diretor austríaco, que possui em sua filmografia algumas das maiores obras dramáticas do cinema, bem como comédias inesquecíveis e extremamente irônicas, sua obra é marcada por um ritmo praticamente ininterrupto, movimentado por situações extremistas e de forte composição moral. Seus textos normalmente são sarcásticos, até mesmo extremamente mordazes (conseqüência talvez de sua amargura com o mundo), e tão ricos em detalhes quanto a realeza inglesa em ouro.
Mas também preciso dizer que, na verdade, esta nem é a característica mais marcante da filmografia de Wilder porém, se analisarmos separadamente cada um de seus filmes pode-se afirmar o contrário. O que realmente fixa nossas atenções, quando analisamos de uma forma geral o legado imensurável deixado pelo mestre, é o gigantesco paradoxo existente em suas qualidades como realizador e, aqui também preciso deixar claro, ao mesmo tempo em que Wilder (no melhor de sua forma) consegue transformar seus dramas em verdadeiros contos de horror, devido, principalmente, à grandiosa carga dramática empregada por ele às situações-chave do filme e à extrema habilidade com que compõe visualmente essas cenas, também apresenta uma capacidade extraordinária de dirigir filmes cômicos insuperáveis - pelas quais possui fama até os dias de hoje.
Farrapo Humano, filme que lhe rendeu os primeiros Oscar's (ganhou melhor filme, diretor, roteiro e ator), se encaixa perfeitamente - e exclusivamente - na primeira opção. Ao narrar as complicações sofridas por um escritor alcoólatra em busca de bebida, ao longo de um fim-de-semana marcado por sua degradação física e moral perante à sociedade e sua própria saúde, Wilder permite que sintamos sensações poucas vezes associadas aos dramas da clássica Hollywood: medo, pavor, angústia e, principalmente, dor e sofrimento. Esse, ao menos, fora o estado em que me encontrei após o término de minha “sessão de cinema” pessoal com a obra, e que, mesmo que possa ter sido uma reação exclusiva de minha pessoa, demonstra um pouco da carga dramática fortíssima empregada pelo diretor ao longo dos quase 101 minutos de sua duração.
Impressionantes detalhes como estes revelam a grande ousadia que fora a produção desta fita, justamente em uma época onde o cinema procurava, junto com a política, reanimar e reconstruir a sociedade após a terrível crise do capitalismo, estourada em 1929 (a qual adquirira contextos ainda mais dramáticos com o estopim da Segunda Grande Guerra, que, por ventura, ainda estava em andamento, angariando inestimáveis e drásticas conseqüências). A crueza com que Wilder expõe a dura realidade sobrevivencial de um indivíduo viciado em bebida alcoólica é algo estonteantemente impressionante mesmo sem levar em conta o ano de produção da obra, algo que estimula nossa imaginação a respeito de qual teria sido a reação do público em sua primeira experiência com a obra.
A demonstração de maestria de Wilder inicia já na primeira seqüência da obra. Após o rolar dos créditos iniciais, uma grandiosa panorâmica vai mostrando as formas e contrastes da cidade, enquanto a câmera movimenta-se horizontalmente, indo de encontro a um edifício. A câmera começa a se aproximar de uma janela, e podemos notar que existe uma garrafa presa através de uma corda em seu parapeito, antes de ela adentrar as dependências de um cômodo. Uma conversa entre dois homens começa a se desenrolar e, a partir de um comentário de um dos indivíduos, já podemos captar toda a situação: o outro é alcoólatra, e a garrafa presa no parapeito é a arma do crime. A apresentação da cena é fria como o gelo, mas sua clareza é tão grande ou até maior do que a de um lago de água pura e cristalina.
Mas esse não é o único, existem outros grandes momentos dentro do desenvolvimento estético de Farrapo Humano. Billy Wilder, em sua essência, sempre fora um diretor que dera atenção extremamente especial para seus roteiros, praticamente se abstendo de qualquer composição visual ousada ou movimento de câmera que quebrasse a invisibilidade do trabalho do diretor. Mesmo assim, constrói grandes momentos de apelo exclusivamente visual, como durante o primeiro flashback, na cena da “dança dos casacos”, onde Don visualiza apenas os sobretudos das personagens de uma peça de teatro dançando sozinhos, com uma garrafa de bebida no bolso - situação em que se encontrava seu próprio casaco, na recepção das dependências do teatro (porém, estava estático, é claro).
E não posso deixar de exaltar a interpretação de Ray Milland que encarna com perfeição absurda a situação dramática da personagem, vivendo com intensidade e extrema qualidade um papel de difícil interpretação. Note (se já assistiu ou não deixe de notar, se ainda não assistiu) a procura desesperadamente por bebida, com seu olhar arregalado, mãos trêmulas e cabelos despenteados quando, ao vivermos esse momento sem ingual, sentimos na pele uma claustrofóbica sensação de estarmos presos em meio à angústia do protagonista, algo admirável, mesmo sendo tão desesperador. Com essa interpretação, Milland viria a ser premiado com o Oscar, realmente uma grande justiça a um trabalho de composição meticuloso e bastante dificultado pela ousadia da produção e bem poderia citar outros, como a cena em que Don está sofrendo de Dellirium Tremens, alucinação provocada pela abstinência de álcool no corpo de um viciado logo após ter fugido da ala de alcoólicos do hospital, sentado em uma poltrona de sua casa, à noite. Além de extremamente assustadora (a seqüência inclui um morcego mastigando um rato que invade a sala por um buraco cavado no alto de uma parede), as expressões do rosto do ator, no auge de seu desespero, são impressionantemente avassaladoras. Esta, inclusive, talvez seja a cena mais impactante da obra, devido à junção deste com diversos outros elementos.
Com tudo isso não me amedronta afirmar que este seja o trabalho mais completo sobre alcoolismo no cinema. Não me recordo, no momento, de uma abordagem mais interessante e até mesmo complexa do que esta feita por Billy Wilder em 1945. É um filme que consegue, de forma sutil e bastante realista, englobar todas as questões que envolvem o vício, incluindo causas e também conseqüências sofridas por quem adquire essa “doença”. Embora contenha um final feliz (ou melhor, feliz se levarmos em conta o que poderia ter acontecido, já que as últimas linhas do texto não são nem um pouco agradáveis), é uma fita séria, por vezes deprimente, e pouco recomendada àqueles que procuram no cinema apenas diversão e escapismo. Apesar disso, é um filme brilhante, essencial aos verdadeiros apreciadores da arte. Mais uma obra-prima de um dos maiores diretores e roteiristas da história do cinema.
Ufa!
Carrie, a Estranha
2.8 3,5K Assista AgoraNão poderia ser diferente, é muito difícil assistir à nova versão de Carrie – A Estranha sem ter em mente o ótimo filme original, dirigido por Brian De Palma e, no frigir dos ovos, minha desconfiança não é tão descabida, afinal, a diretora Kimberly Peirce basicamente oferece um produto novo a um consumidor que está muito satisfeito com o original. Como ninguém pedia por uma nova versão, a cineasta corre o risco de sofrer acusações típicas do cinema industrial: a de não ter criatividade, de apenas explorar uma história famosa, de se julgar capaz de rivalizar com um dos maiores clássicos de gênero etc.
Mas convenhamos, todos os diretores que se arriscam a refilmar clássicos (como já havia acontecido com Gus Van Sant e Psicose) hão de saber que a responsabilidade em colocar um produto que sempre será comparado com aquele anterior que deu certo é um risco muito grande e que, mesmo nos tempos atuais, não poderia querer contar com a amnésia dos espectadores mais velhos, nem com o desconhecimento do filme original por parte dos jovens. É preciso levar em consideração o impacto que a primeira produção teve na história do cinema e também, neste caso, o destaque dado às mulheres em um gênero tradicionalmente misógino como o terror.
No entanto, Peirce tinha sim, todo o direito de refilmar o livro de Stephen King, sem obrigação de ser melhor, mais moderna ou mais relevante que primeiro filme. No melhor dos casos, sua versão poderia servir como uma boa parceira ao original, mostrando como evoluiu a tecnologia na narrativa (agora, os alunos da escola de Carrie possuem celulares com câmeras fotográficas) e na produção (efeitos especiais e sonoros). No pior dos casos, a nova versão pareceria irrelevante. É uma pena que, ao invés de completar, atualizar ou homenagear o filme original, o novo Carrie – A Estranha tenda para a irrelevância.
Não digo (e nem afirmo) que o filme não tenha qualidades: a cena de abertura é realmente forte, inovadora em relação a De Palma, e mostra que a diretora vai investir em um viés psicanalítico (a relação mãe-filha, a automutilação da mãe, a sexualidade dos jovens da escola) ao invés de propriamente sobrenatural. Enquanto Piper Laurie falava alto, com ares de louca, Julianne Moore prefere a atuação intimista, com os olhos avermelhados e palavreado baixo. Enquanto Sissy Spacek arregalava os olhos (novamente, remetendo à imagem da loucura), a Carrie de Chloë Moretz parece perfeitamente normal, bela e segura de si. A versão 2013 desta história tende a trocar o espetacular pelo realismo dramático.
O problema é que, na ânsia de filmar o terror como drama, Peirce perde a grande força do filme de De Palma, que mostrava quase unicamente o ponto de vista da protagonista. O espectador da história original descobria o mundo pelos olhos de sua heroína, vendo a mãe pelo prisma da filha culpada, e os adolescentes da escola pela perspectiva de uma garota oprimida. Era fácil se identificar com Carrie, sofrer junto dela, torcer pela vingança. Mas a versão contemporânea deixa o espectador ver o ponto de vista de todos, o tempo todo, mesmo quando Carrie não está lá: a cena de sexo de uma líder de torcida é oferecida apenas ao olhar do público, a briga entre as meninas do colégio também. O espectador onipresente sabe quem de fato quer ajudar a protagonista e quem quer prejudicá-la, conhecendo os planos malvados dos jovens e antecipando como eles vão se desenrolar.
Não há dúvidas ao afirmar que, por isso, Carrie – A Estranha é um filme sem identidade definida, sem tensão nem suspense. Para melhor ver a casa, a fotografia opta por tons superexpostos (você nunca viu um filme de terror ou de suspense tão claro quanto este, mesmo nas cenas noturnas); para compreender que Carrie tranca a mãe em casa com seus poderes telecinéticos, a garota inesperadamente solda a fechadura com a força da mente, mantendo sua mãe à distância. Neste momento – adivinha? – o enquadramento se aproxima da imagem da fechadura, da solda incandescente. Peirce, como uma professora dedicada, parece perguntar aos espectadores-alunos, após cada cena: “Entendeu bem?”. Quando a mãe machuca as próprias pernas, a câmera vai para debaixo das saias acompanhar as feridas, quando Carrie escolhe um vestido para o baile de formatura, todas as jovens da cidade estão convenientemente esperando na vitrine da loja, testemunhando a cena. Este filme tem a transparência de um melodrama, em um gênero que pede desesperadamente por um pouco mais de ambiguidade destoando esse daquele e fazendo-se impuro em sua mais intrínseca profundidade (se é que se pode ver profundidade após a cena da primeira menstruação em uma época em que, mesmo as mais imberbes garotas, conhecem o funcionar de seu corpo) e é por isso que é uma pena que a "tia Peirce", professora desta escola, opte pela montagem mais didática disponível: corte em cada pessoa sendo morta, câmera subindo para acompanhar corpos suspensos por cabos, câmera baixando quando os corpos caem no chão. “Entendeu bem? Conseguiu acompanhar tudo?”
E, para finalizar, Carrie – A Estranha é um filme de terror que ignora os mecanismos fílmicos e cognitivos do terror. Este é uma produção clara demais, em todos os sentidos do termo, incapaz de instigar a imaginação do público. Enquanto De Palma optava por um massacre no baile de formatura mostrado apenas pela metade (a outra metade ficava na mente do público, diante da imagem de um galpão fechado, em chamas), Peirce acompanha cada morte, uma por uma, até o assassinato ridículo de duas gêmeas, com os cadáveres dispostos simetricamente. Será que a cineasta acredita que a nova geração de espectadores é incapaz de conceber metáforas e insinuações? Que só se satisfaz com mortes explícitas, tramas explicadinhas, ponto por ponto, à maneira dos seriados policiais de televisão? Esperamos que não. Vamos torcer para que Peirce esteja apenas refletindo sobre a crise do cinema comercial contemporâneo, fadado a se repetir, sem conseguir evoluir a partir dos clássicos.
Mesmo após toda esse minha percepção nem um pouco clarividente, resolvi colocar (o filme) em meu blog (Cine Rialto, Índice Suspense, página 6, 3ª linha, 4º filme) onde você pode assistir.
O Homem Que Não Dormia
2.6 57Caso você ainda não tenha assistido é bom saber que O Homem que não Dormia possui características que o fazem alvo garantido de duras críticas de quem o assiste, críticas quase unânimes entre o espectador cinéfilo e o médio. Mas antes de elucidar essas características tão marcantes da obra, vale falar um pouco do filme sem elas, para que seja possível vislumbrar um lado muito rico, que facilmente passa despercebido, ou melhor, que se esconde atrás de imagens negativamente chocantes.
O Homem que Não Dormia possui uma narrativa confusa, com um fio condutor cheio de arestas, e detalhes importantes mal explicados. Além disso, existe um excesso de loucura que cansa já no começo da história. Apesar de poder contar com personagens muito bem construídos e variados, a maioria deles recebe uma dose cavalar de esquizofrenia e há uma insistência quase doentia em mostrar os acessos de loucura desses personagens, em cenas que parecem intermináveis.
É difícil falar sobre um filme tão forte, e as opiniões sobre este trabalho de Edgard Navarro tendem a ser diversas. Para quem está mais inserido no universo da arte contemporânea, as imagens apresentadas em O Homem que não Dormia podem não ser tão chocantes assim, e até interessantes. Mas, definitivamente, não é um trabalho para o grande público.
E agora se quiser saber mais é só espiar no meu blog (Cine Rialto, Índice Drama, página 15, 2ª linha, 3º filme).
Apenas Sexo
3.0 93"– Pera'í seu moço que dona moça diz ter gostado!"
Há ocasiões em que nos deparamos com um filme que, em uma primeira espiada, parece até que gostamos e fica-se com esse primeiro gostar martelando os miolos até que resolve-se assistir novamente e pronto! Aquele gostar inicial - ao que chamo de falso gostar - vai para as cucúias pois então passado o maravilhamento inicial (e inercial) opta-se por assistir com aquele olhar mais crítico - diferente daquele inicial onde houve apenas o olhar de ver sem olhar - e descobre-se que o filme é ruim.
O tema é mal trabalhado e, às vezes, fica vulgarizado em uma comédia que não consegue ser realmente uma comédia. Até que o filme se esforça para ser engraçado, ainda recordando aquela primeira assistida, mas não consegue. As atuações dos atores também são fracas e sem graça. Entre os personagens, podemos caracterizá-los como a riquinha promíscua, a inexperiente curiosa, o bonitão burrinho e o marrento apaixonado.
Trocando a miúdos, esse é mais um filme que faz apologia ao sexo sem compromisso e antes do casamento alardeando burramente que o sexo pode levar ao amor, quando na verdade, deveria ser o contrário. E, atendendo aos anseios de minha amada mãezinha, dentro do casamento.
"– Mas não se apoquente, dona moça, que o cinema existe exatamente para isso: para mostrar sem dizer e dizer sem mostrar!"
Em tempo: o filme está em meu blog (Índice Comédia, página 4, terceira fila, terceiro filme).
O Vingador Invisível
3.6 67 Assista AgoraO mundo após a InterNet passou a ter uma cara diferente e, com essa nova e inestimável era, a possibilidade de poder assistir filmes que imaginava jamais conseguir.
É o caso desse clássico filme de suspense assinado por René Clair em seu período hollywoodiano, quando o cineasta fugiu da França por causa da presença dos nazistas no seu país. O Vingador Invisível é a primeira adaptação para o cinema da novela de mistério O Caso dos 10 Negrinhos, considerado pela crítica como a melhor adaptação cinematográfica de Agatha Christie.
Para dar cabo ao filme, René Clair contou com a presença de um elenco impecável, entre os atores estão Barry Fitzgerald (Como Era Verde o meu Vale, Cidade Nua), Walter Huston (O Tesouro de Sierra Madre, Fogo de Outono) e Louis Hayward (Maldição, Piratas de Capri). Esquecida das novas gerações, esta jóia finalmente é recuperada em DVD e, graças ao advento da santa internet, incorporada ao meu blog (Cine Rialto) onde você poderá assistir na íntegra legendado.
Com muita sensibilidade, e humor negro, Clair caracteriza as pessoas reunidas numa ilha deserta, que esperam em vão pelo seu anfitrião, e que são sucessivamente mortos por ele em uma sem fim idas e vindas carregado de tensão.
O argumento de Dudley Nichols está impregnado de momentos notáveis, e o elenco consegue criar diálogos espontâneos, apesar do espectador nunca se esquecer que se trata de um thriller, é de modo fluente e quase sem grandes esforços que a tensão atinge o seu ponto alto.
O operador de câmara Lucien Andriot oferece-nos uma façanha visual. O romance sofreu três novas versões: uma vez com o mesmo título (1974), e duas vezes como Ten Little Indians (1966 e 1989).
Não deixe de assistir!
Diário de um Pároco de Aldeia
4.1 48Escrito em 1936, “Diário de um pároco de aldeia” foi adaptado para o cinema em 1951, sob direção de Robert Bresson (“Sob o sol de Satã” só o seria em 1987, com participação do ator Gérard Depardieu). Ainda que em alguns aspectos o filme lembre bastante alguns títulos do neo-realismo italiano (o uso de atores amadores), todo o restante pouco se parece com outros filmes. Mantendo-se muito próximo do livro de Bernanos, é verdadeiramente um filme bastante incomum. O fato de quase todos os diálogos terem sido praticamente transferidos do livro para o filme faz com que cada cena e fração de minuto sejam muito significativas. Aspecto que se acentua ainda mais pelo incrível talento do diretor, ao dar forma e movimento ao livro.
E assim não é de modo algum um filme que se dispõe a, didaticamente, explicar ou julgar os problemas vividos por seus personagens. Pelo contrário; ao tomar consciência do lugar e das pessoas, o jovem padre luta para não se desesperar, tentando muitas vezes encontrar respostas onde já não havia mais nada a ser respondido.
Ao final do filme, não antes, compreende-se o porquê de para alguns ser considerado um dos maiores filmes de todos os tempos; avaliação que poderia ser tomada como exagerada em se tratando de um filme (atualmente e ainda) pouco conhecido. O grande talento do diretor Robert Bresson foi o de haver conseguido descrever em um filme, algumas das mais angustiantes dúvidas humanas; a existência de Deus, o sentido do sofrimento, a consciência do mal, o livre arbítrio. Problemas que poderiam ser considerados, em certo sentido, banais e óbvios. Mas isso apenas num primeiro instante. Ainda que no filme, tanto quanto na realidade, Deus não se apresente diante dos indivíduos nem se disponha a discutir com eles as condições de sua própria existência, as razões fundamentais de nossa existência podem ser intuídas por meio da sua existência, por aquilo que se chama de fé. O grande mérito do filme foi justamente o de captar esse abismo, à beira do qual costumamos colocar nossas mais preciosas certezas.
Assista legendado em Cine Rialto!
Amor na Tarde
4.0 97 Assista AgoraAmor na Tarde" (1957), do cineasta Billy Wilder, é exatamente aquele tipo de filme que instantaneamente me chama a atenção. Primeiro, porque sou fascinado pelos filmes da chamada Era de Ouro de Hollywood - todo aquele glamour me encanta e, segundo, porque um dos meus maiores prazeres na vida é sentar e assistir a uma comédia romântica saboreando um bom pote de pipocas e empaturrando-me de açúcares por uma boa jesus (refrigerante aqui do Maranhão), e quando descobri que "Amor na Tarde" era estrelado pela adorável Audrey Hepburn, não pude demorar mais para assistir. Apesar de todos aclamarem "Bonequinha de Luxo" (1961), vou confessar que nenhum filme com Audrey me encantou mais que "Sabrina" (1954), também dirigido por Wilder. Logo, minha expectativa em relação à "Amor de Tarde" era alta. E não me decepcionei. Afinal, como poderia me decepcionar com Billy Wilder?
"Amor na Tarde" é uma comédia romântica bastante divertida, com diálogos cheios da ironia elegante de Billy Wilder e, apesar de abordar temas polêmicos - uma mocinha inocente e virgem se apaixona por um homem mais velho, no qual são despertados os mais intensos instintos sexuais - , se mostra bastante ingênuo. Acredito que isso tenha acontecido por conta da censura da época, bem mais rígida que a atual. Dessa forma, muito do que se passa em "Amor na Tarde" é apresentado em insinuações e o espectador é quem tem que ligar os pontos.
Com elenco exemplar, porém, com alguns desequilíbrios. Gary Cooper não é nem de longe aquilo que podemos chamar de Don Juan; é um excelente ator, mas convenhamos, ele não é nenhum Marlon Brando. A primeira opção de Billy Wilder para dar vida à Frank Flannagan era Cary Grant, porém sei lá porque o ator teve que recusar a proposta. No fim, nada disso importa porque quem rouba a cena é Audrey Hepburn. Mais uma vez, Audrey surpreende interpretando uma espécie de "Lolita Wilderiana", mas sempre mantendo aquele ar dócil, amável.
E para finalizar esse meu melhor exemplo de inconteste declaração de paixão aguda, apenas reforço que "Amor de Tarde" é uma excelente comédia romântica, no estilo clássico, que nos remete à uma época dourada. Vale a pena conferir!
O Hobbit: A Desolação de Smaug
4.0 2,5K Assista AgoraMãezinha do céu!!!!! É um poço sem fim, e novamente J.R.R. Tolkien volta aos cinemas mundiais com O Hobbit: A Desolação de Smaug, mais uma vez sob o comando de Peter Jackson. O diretor, por sinal, parece ter nascido para contar nas telas a história da Terra Média, sentindo-se confortável ao ponto de fazer uma rapidíssima participação como ator - tão rápida, que pode até passar batida por quem não estiver prestando atenção do filme desde o começo.
É claro que eles sabiam que a decisão de dividir a história de O Hobbit em três filmes bem poderia pareer exagerada como é inegável que sabiam muito bem como conduzir esta narrativa. O Hobbit: Uma Jornada Inesperada tinha como principal mérito o fato de fazer ligações precisas entra a nova trilogia e a de O Senhor dos Anéis, mas parecia um pouco arrastada - ao ponto de poucas pessoas ficarem realmente empolgadas com o lançamento de uma versão estendida, ao contrário do que aconteceu em O Senhor dos Anéis.
Então vejamos e certifiquemos que nem todos momentos, digamos, claros não precisavam estar no filme, como a primeira cena de flash back entre Gandalf (Ian McKellen) e Thorin (Richard Armitage). Tal momento pode até ser interessante, principalmente para os fãs, mas não mostra nada que o espectador não sabia antes. Além disso, começar o longa com algo que aconteceu antes da história passada no primeiro filme acaba surgindo como um anticlímax, uma vez que o público quer logo saber como vai continuar a jornada de Bilbo (Martin Freeman).
Voltemos um pouco para nos ambientarmos: em Uma Jornada Inesperada tínhamos orcs como principais inimigos, agora a coisa esquentou, temos pela frente o tal Smaug do título, um dragão imponente e ameaçador, que ganha ares aterrorizantes graças ao excelente trabalho de dublagem do ótimo Benedict Cumberbatch.
Ao contrário do que fez em O Senhor dos Anéis, Jackson fez de O Hobbit uma trilogia em que os filmes são muito mais dependentes uns dos outros. Por mais que a jornada de Frodo começasse em A Sociedade do Anel e terminasse em O Retorno do Rei, os longas possuíam momentos claros de encerramento. Não é o que acontece em O Hobbit, que mais uma vez termina em um momento épico, deixando o espectador um pouco órfão do que está por vir. Tal opção do diretor por ser até falha em termos de narrativa, afinal não realiza obras com início, meio e fim, mas é inegável que ele mantém seu público na expectativa.
A Desolação de Smaug não é um filme perfeito, estando atrás da trilogia O Senhor dos Anéis, mas sabe muito bem onde está pisando. E é difícil não ficar empolgado e nostálgico ao conferir elfos assassinando orcs de maneira ágil e intensa. Ainda mais com um desses elfos sendo Legolas (Orlando Bloom). O personagem, por sinal, demonstra um interesse especial na elfa Tauriel (Evangeline Lilly), que também chama a atenção do anão Kili (Aidan Turner). O triângulo está longe de empolgar, mas gera algumas sequências curiosas.
Agora é esperar para ver O Hobbit: Lá e de Volta Outra Vez, que promete muito. Principalmente por causa dos momentos finais deste segundo filme e, quem sabe, por um fim antes que apodreça de vez!
Os Seis Signos da Luz
2.6 227Outro dia resolvi assistir esse “Os Seis Signos da Luz” imaginando ser um desses filminhos reservados para final de tardes na Globo ou, pior ainda, no SBT. Mas mesmo assim resolvi assistir e assistindo vi que não era o que imaginava. É claro que não é “o filme”, mas é um daqueles que, ao The Ende, descobre-se ter assistido um algo entre razoável e bom: efeitos visuais bem trabalhados, sonoros que ajuda a criar o clima, trilha sonora interessante, figurino impecável e cenário bem trabalhado que chegam a impressionar pela qualidade, mas deixa muito a desejar quanto ao desenvolvimento do enredo e o próprio enredo em si.
O Enredo do filme é extremamente batido, já vi essa temática nos Harry Potter, O Senhor dos Anéis, Jumper e por aí vai ao ponto de fazer o filme totalmente previsível e, a bem da verdade, até que tentaram colocar algo de novo no enredo (o gêmeo, a família) sem que conseguissem afastar o fracasso além do que não se sabe (e não se descobre) o que a família do garoto tem haver com os signos, apenas informações vagas e insuficientes.
Não é de minha lida querer interferir no interferível, mas lá no comecinho deveriam ter dado uma dica sobre a família e o que ela tem haver com todo o resto. No final se espera que todas essas dúvidas sejam esclarecidas, o que se vê é o garoto voltando pra casa com o irmão gêmeo e a família o reconhece de imediato, sem se preocupar com o por que, como e onde, foi colocado como algo natural, como se a família soubesse que o 7º filho deveria salvar o mundo, nem ao menos se sabe o que ocorre com os anciãos, cujo papel no filme não vi tanto fundamento, apenas um deles seria mais que suficiente.
Para resumir e finalizar: filme poderoso em efeitos, cenário e figurino e um tremendo desastre no desenvolvimento do enredo, o final então nem se fala, eu precisaria de uma bola de cristal para responder várias das minhas perguntas. Se Você discorda de tudo isso, sua imaginação está mais aberta que a minha para filme desse gênero e consegue ver coisas que eu não vi depois de assistir (acredite) 3 vezes e entrego os pontos: é um filme para a seção da tarde do SBT!
Até o Fim
3.4 418 Assista AgoraSei lá o que a turma de filmow vai dizer sobre esse filme que somente estreará (no circuito comercial) em maço/14, mas com certeza não terão como dizer que eu não assisti.
E esse pessoal, aí de baixo, que dizem não ter gostado? Paciência, meu bom velhinho lá de riba que devem ter imaginado um Redford encantador de espécimens do sexo (dito erradamente) fraco sem, no entanto, olharem o espetáculo que esse setentão nos brinda em 104 minutos onde, aqui sim, deixa de ser o bonitão e gostosão das meninas para se mostrar ATOR com grafia em caixa alta em um viver nos limites de extrema bravura contra a bravura da natureza.
Há tempos não assistia um filme tão bom como esse!