Eu teria gostado de ler este romance. Eu acredito que teria adorado mais e provavelmente não teria razões para não dar 5 estrelas por conta de alguns fios soltos, e uma parte que fala sobre o pai do detetive que no livro é interessante, mas no filme não achei que ajudou não. O filme não se limita ao traço clássico, falando apenas dos protagonistas suspeitos de trazer, talvez a descoberta do assassino ou assassina. A história também fala de relações entre diferentes classes sociais explorando a dinâmica de uma família rica em torno da década de 1950 (o romance foi realizado em 1947) onde a sociedade estava prestes a mudar, houve o nascimento de Rock and Roll, estabelecendo algumas cenas em Swinging Soho, com os Teddy Boys, destacando um confronto político claro, e isso sem dúvida completa a história, mas também ajuda na imersão, acredito que os apaixonados por Agatha Christie não se decepcionaram.
O filme não é ruim, só se perde um pouco no final, tem até uma ideia bem legal, as atuações são boas, o roteiro que desviou com um assunto muito pesado no final e tirou o foco do que vinha sendo apresentado.
4 estrelas???? Não, não mesmo. Meu 100or, perdi dinheiro com 3D e ainda acabaram com as minhas expectativas, esse retorno do superman (snif snif), era melhor seguir o edit do filme da mulher maravilha, frustante. Esse excesso de cgi, parece que eu to no ps4, não cola, eu fico inconformado porque não tem mortos no chão e o vilão não é vilão.
O melhor filme de Pattinson e o melhor dos diretores, sem sombra de dúvidas. Mas a fixação com a personificação de um anti-herói aliada com o final previsível acaba afetando toda a experiência positiva das cenas passadas. A condução do filme é feita de forma precisa, abrindo e fechando arcos narrativos com incrível sensibilidade, tem uma complexa cadeia de eventos que acabam criando consequências de grande impacto na narrativa moldada em bons diálogos com merecido destaque para o protagonista. A fotografia é muito boa, construída com uma linguagem visual que mostra a rua através dos olhos de Nikas, com um ótimo destaque para o contraste da violência e da calmaria antes de uma perseguição, por exemplo.
Eu acabei de assistir, e eu to no chão. Que sensibilidade incrível para retratar cada detalhe, esse formato de tela que vai deixando a gente com um senso de claustrofobia, mas cativa desde a primeira cena e provoca uma sessão explosiva ao atrelar isso ao estado de espírito dos personagens. Quando por duas vezes a tela se abre com o intuito de arregaçar as emoções que aliviam o drama ao máximo, a partir da ideia central de "liberdade" (nunca pensei que ele pudesse representar algo triste). Afinal, este é um filme de impactos, colisões e contrastes. E tudo o que é encadeado pela edição de timing certeiro, desde as músicas que conectam até as ações que inspiram, consegue dialogar com a luz e sombra de cada personagem, com cores que aquecem a paleta e dão uma concepção de profundidade à narrativa.
Pra quem é de São Paulo, no 25ª edição do Festival Mix Brasil, no próximo dia 15 de novembro, corre pra verificar a disponibilidade com a organização, pois por todos os festivais foi bem procurado e desta vez não será diferente.
com a sensualidade. O trabalho artístico em torno do filme é espetacular, sem sombra de dúvida um dos melhores dos últimos anos. Tanto a maquiagem quanto as vestimentas resgatam a essência da década de 80, comprovada ainda pelas bicicletas características do período ou pelos populares carros italianos que faziam sucesso naquela época. A narrativa do filme ganha vida com a perfeita fotografia, que faz da exuberante paisagem uma aliada vital para criar a atmosfera desejada pelo diretor, o filme constrói com perfeição o romance, com um continuidade extremamente sólida e com atuações maravilhosas.
Call Me by Your Name, por fim, torna a arte como objeto de discussão para criar sua própria arte. História, literatura e música são temas centrais que rondam o filme e que não deixam o romance de Oliver e Elio ficar monótono. Produção Impecável.
1922 oferece uma uma boa experiência. É óbvio que os fãs de King vão fazer comparações entre o texto e o filme. Neste caso, minha sugestão é tentar deixar isso de lado, já que a visão extremamente peculiar de interpretação de Hilditch deve irritar os mais puristas.
Faltou aproveitar o ritmo acelerado proposto por King. O grande trunfo do livro era explorar a maldade do homem a partir de um elegante drama psicológico que conseguia amarrar sua existência no suspense de cada troca de página. O que temos no filme é um teste de paciência, já que o personagem de Jane tem uma construção apressada, deixando o tempo restante do filme para discutir a série de eventos negativos que tomam conta de sua vida, esquecendo de fazer a essencial ponte para olhar para si mesmo e para sua vida. Hilditch até tenta propor uma discussão rápida deste tópico na conclusão, mas muito aquém do potencial do livro.
No geral a produção é interessante. Obviamente estamos falando de um filme com orçamento baixo, o que explica a opção por explorar majoritariamente a vastidão da fazenda ao invés de captar com mais precisão o estilo de vida da década de 1920. Ainda assim, a interessante parceria musical com Mike Patton e a fotografia competente de Ben Richardson, que aos poucos ganha espaço em Hollywood, são dois pontos altos que merecem destaque.
Sem dúvida é o novo clássico. Blade Runner 2049 é o tipo de filme que deve ser visto na maior tela possível. Trabalho impecável que me deixa a vontade para afirmar com tranquilidade que este filme é tão bom quanto seu antecessor. O tempo dirá, no entanto, se a obra prima de Villeneuve se firmará como melhor do que a de Scott.
O roteiro tem um desenvolvimento extremamente sólido, deixando espaço para a abordagem da relação de K com sua ‘namorada’ holograma, Joi e com uma vasta contextualização que abre as portas para o retorno de Rick Deckard. É impressionante ver como Villeneuve conseguiu manter a mesma pegada cyberpunk e neo-noir proposta por Scott e, ao mesmo tempo, teve competência o suficiente para colocar seu toque autoral e criar uma identidade visual própria. O trabalho com o diretor de fotografia Roger Deakins é espetacular, e será na sua décima quarta nomeação ao Oscar que o veterano finalmente levará o prêmio da Academia. Roger trabalha com o neon com uma enorme facilidade e faz a transição para o deserto de uma forma espetacular, mostrando a perfeita dimensão da obra.
Outro fator essencial para o sucesso desta produção está no impecável trabalho sonoro de Hans Zimmer, que segue os tons eletrônicos com a mesma competência que explora grandes hits do passado, como Elvis e Sinatra. A parte técnica também é primorosa, especialmente na mixagem de som.
A assinatura de Denis Villeneuve, a mente mais brilhante desta geração de diretores (na minha visão) e o competente trabalho da Columbia e da Warner criaram um trabalho excepcional, que será lembrado pelas futuras gerações.
A Netflix encontrou o seu caminho e em filmes como este prova que adaptação com roteiro bem escrito e com muita criatividade faz sucesso. O filme faz você experimentar diferentes níveis de dor, oferecendo uma perspectiva única sobre a quantidade de abusos que podem ser tolerados por uma mulher ao longo de sua vida. Contado através de uma perspectiva masculina, tanto a de King quanto a de Flanagan, o filme se desenrola como uma espécie de narrativa de auto-reflexão, ainda que imerso em uma atmosfera que flerta o tempo todo com o sadismo implícito na situação.
Vale ressaltar o excelente trabalho da bela Carla Gugino, atriz que infelizmente nunca chegou ao primeiro time de Hollywood, apesar de ter beleza para isso. Aqui, Gugino carrega o filme praticamente sozinha, construindo uma personagem ímpar, em uma interpretação que equilibra com maestria a coragem e a vulnerabilidade de sua sofrida Jessie.
A experiência de Mother é incrível! Definitivamente não é para todos, dica veja duas vezes e de preferencia na primeira não procure saber nada. É interessante ver um típico filme de estúdio abrindo espaço para discussões amplas que tornam-se possíveis a partir do final aberto,
se volte para a análise da conjuntura religiosa sendo que Javier é Deus e em seguida entenderá tudo sobre ele, nada a mais ele mostrará que o mundo e o que estamos fazendo com ele.
O trabalho do diretor de fotografia é o que mais se destaca. É interessante como ele usa o foco e trabalha bem com filtros e cores para mostrar as fases da relação do casal, desde a ensolarada manhã sem nuvens da introdução até os tons mais negros que crescem ao desenrolar da narrativa. E na metade final do filme o brilho excessivo é utilizado em duas ocasiões diferentes para trazer ao público justamente as memórias do cotidiano do casal durante os primeiros minutos do filme.
As atuações de Bardem e Lawrence são pontos altos do filme. Os dois transformam um relacionamento entre homem e mulher em um diálogo sobre idolatria, obsessão e devoção. Neste sentido, aliás, a interpretação do conteúdo de Mother! é extremamente subjetiva, e acredito que isso interfira totalmente na opinião final do público. Para quem busca uma história sequencial, este é o tipo de filme que causa profunda irritação, já que este não é o objetivo do diretor. Sua própria adaptação da história de Jesus ou mesmo a visão de um cineasta sobre o processo de construção de um filme a partir de uma crítica social e cultural mostram o tipo de abertura dada por Darren Aronofsky.
É altamente recomendável para qualquer um que goste de cinema, é o filme mais polêmico de 2017.
Gosta de filme lento? Parado, monótono? É uma produção profundamente triste e melancólica. É um filme sobre o quanto menos você souber sobre ele, melhor ele será. Não por causa de plot twists ou reviravoltas porque vai por mim não há, mas sim porque trata-se de uma produção incomum e de natureza inesperada. Confesso que ao final de longos 90 minutos, eu não consegui nem mesmo discernir se gostei ou não do filme, mas definitivamente eu respeitei o que Lowery estava tentando alcançar com sua narrativa minimalista.
Não é um filme fácil. É devagar, metódico, consistentemente moroso e melancólico. No entanto, sua ambição é impressionante, mesmo sendo uma produção indie de baixo orçamento. A Ghost Story é necessariamente um filme do qual as pessoas irão “gostar” (não sei), com certeza é uma produção digna de tomar o tempo do espectador, desde que este goste de cinema que desafia as convenções e o faça pensar. Trata-se de um filme inventivo, trágico, emocionante, e contado com um toque hábil, que com certeza irá assombrá-lo.
Infelizmente o experimento não foi bem sucedido, e Anne Hathaway parece longe de seu potencial em um papel fraquíssimo, é um fracasso monumental. Essa tentativa de combinar elementos de ficção com o humor negro que é típico de sua proposta narrativa, Vigalondo faz de seu novo filme uma história sem qualquer nexo, contradizendo seu próprio histórico pessoal, que engajava propostas de histórias com forte tensão e pensamento por parte do público.
Seria extremamente válido tornar a ligação de Gloria com o monstro em uma forma de trabalhar de forma secundária os inúmeros desafios impostos a partir do momento em a moça busca curar seu vício. O monstro, portanto, seria o demônio dentro de seu corpo que pede por mais um gole de cerveja. O problema é que nem o diretor sabe como trabalhar com o que tem em mãos, já que a participação de Sudeikis desestabiliza o plano narrativo ao invés de atuar como forma positiva no contexto geral da história.
Foda! muito foda! Por muito tempo esperei por um filme de suspense/ terror desse estilo. Ele é revolucionário na medida em que consegue criar um ar de tensão real,mas ainda assim consegue mesclar uma porção interessantíssima de humor ácido que é responsável pelo gran finale.
O desenrolar da narrativa de Get Out explora vários tópicos, que passam desde o privilégio e poder da “sociedade branca” até o impacto de questões de racismo na sociedade contemporânea, tratada como tabu por algumas famílias. O diretor torna muito confortável lidar com esses assuntos na medida em que eles estão enraizados no roteiro e acompanham o protagonista desde o primeiro minuto.
É claro que o filme presta homenagem indireta a alguns clássicos do gênero. A suspeita do público de que algo está errado, por exemplo, lembra muito o rítimo de The Wicker Man. Mas a originalidade sempre se sobrepõe com destaque total para a entrega de Daniel Kaluuya e da atriz Alison Williams, que revela um potencial incrível. Get Out é mais um belo exemplo de um filme de baixo orçamento que aposta apenas em um poderoso e criativo roteiro.
É um projeto bem legal e fica longe de ser ruim, além de possuir uma temática bastante atraente para os fãs de rock. Não é nenhuma obra-prima, mas é bastante divertido.
A trilha sonora é boa é só com as melhores, há The Kinks, The Who, The Beach Boys, The Rolling Stones, entre outros. Só achei curioso que eles não tocaram Beatles, é um dos grupos mais populares do período, mas como tocaram Beach Boys, que é melhor, não me incomodou tanto assim.
Que sintonia. Que direção, e eu nem sabia quem era Guomundur Amar Guomudsson, colocou no primeiro longa muita maturidade, vertida num aparente naturalismo e com direção sem falhas, no domínio difícil dos "coming of age", que tem lista de grandes obras como de Jean Vigo a Truffaut, sem esquecer o recentíssimo Moonlight de Barry Jenkins.
Esta temática do amor impossível e as problemáticas interligadas, nomeadamente, o bullying não é propriamente original, no entanto, o diretor consegue inovar, ao demarcar-se dos clichés, tal como também resiste à tentação da militância, com uma sensibilidade com que coloca a intimidade consegue transmitir uma intensa carga emocional, os pequenos atores são na inocência perfeitos, quer pelo recurso as metáforas e atenção ao(s) significado(s) dos mais pequenos detalhes, é pura poesia - tragédia e a beleza surgem sempre de "mãos dadas".
Há uma metáfora sobre o peixe-pedra, cuja estranheza leva a que as crianças o rejeitem. Mas o olhar é franco, sensível e Gudmunsson filma à altura deles. Uma agradável surpresa. Elenco jovem notável, que interpretam personagens reais, sobre a amizade, o preconceito e o amor frio e violento no interior da Islândia, sempre com uma fotografia encantadora da paisagem natural islandesa. São muitos os filmes sobre o coming of age, mas poucos tem a força e a frieza de “Corações de Pedra”.
Sim, The Last Face é algo indescritível, é impossível se comover com o romance entre Theron e Bardem, com monólogos existencialistas ao estilo Malick onde ela, a diretora de uma ONG, que se apaixona por um médico num cenário de guerra, diz coisas como: "Antes de conhecer o Miguel, eu era apenas uma ideia", o cinema volta a mostrar que pouco sabe de África para além dos estabelecidos lugares-comuns da eterna consciência branca. Sean Penn, defraudado com o seu "high moral ground", convencido que as boas intenções pagam a passagem ao barqueiro. Este não é o Penn que conhecemos, o realizador de Into the Wild, é antes um orador de um discurso ativista com mais chance de irritar do que propriamente "mudar o mundo".
A mensagem que tenta passar aos espectadores não é suficiente para salvar o filme, uma vez que o filme tenta comparar a brutalidade de uma guerra civil com a brutalidade do amor impossível entre Wren e Miguel. Na minha opinião é o pior filme de Sean Penn até agora, deixando muito a desejar.
Esperava muito de It. Afinal, considero o melhor livro de Stephen King pelo fato de explorar com extrema competência traumas de infância e conflitos de memória a partir de um texto polido, agradável e coeso. Ao sair do cinema, no entanto, fiquei um pouco frustrado com o resultado da tão comentada adaptação dirigida por Andy Muschietti. Dois são os problemas: o livro e a comparação com a mini-série para a TV de 1990.
Sem dúvida alguma temos que levar em conta os acertos, a ambientação muito bem feita da década de 1980, e a quantidade de pequenos detalhes demonstra o cuidado para levar essa imersão ao expectador, seja pelo penteados típicos da época ou pelos vestuários. Também considero que a maquiagem foi muito bem feita nas crianças, deixando traços naturais. Outro ponto positivo foi o ritmo geral do filme, que passa a percepção de crianças reais fazendo piadas e brincadeiras de crianças, sem a preocupação com o politicamente correto.
Por outro lado, o excesso de efeitos especiais, a forma do rosto e o vestuário do personagem de Bill não favoreceram a construção final da Coisa. É obvio que It não tem como protagonista Pennywise. No livro existe a divisão de tempo entre The Losers’ Club e The Bowers Gang, com passagens ocasionais do palhaço. Muschietti até que mantém essa coerência, mas deixa de fora de seu filme um punhado de passagens aproveitadas em 1990 e que poderiam auxiliar na percepção demoníaca do personagem. Outro ponto que me deixou decepcionado foi perceber que as crianças passam mais tempo sendo assustadas (em cenas repetitivas e cansativas que poderiam facilmente entrar como extras na versão final para home video) do que conversando e desenvolvendo sua amizade, um eixo de extrema importância do livro.
Como é de praxe no cinema atual, a experiência final de It é incompleta, deixando todo campo livre para a conclusão da história, já que o livro foi dividido ao meio, com uma importante adaptação temporal. Se por um lado é interessante ver Pennywise, por outro sinto que o principal vilão dos livros de King perdeu grande parte de seu status por conta da sequência final apresentada neste filme, que tira o tom macabro e assustador do palhaço para firmá-lo em uma liga de vilões comuns. Ainda assim, não tenho a mínima dúvida de que estamos falando de um longa que vai fazer muito sucesso no mundo inteiro, inclusive com possibilidade de quebra de recordes de bilheteria em seu gênero.
Se você não sabe nada sobre o "desenho" Death Note, onde o longa se baseou para fazer a sua história, vai encarar numa boa, ressaltado que Death Note da Netflix não é uma produção para fãs, mas sim uma obra que tenta apresentar essa narrativa para novos olhares, como se pegasse seu material original e remontasse para um novo público.
Nessas condições, notasse uma concisão narrativa, um filme bem direto, não pretende criar algo muito maior que seu próprio fio narrativo. Por outro lado, o longa parte do principio que aquele universo é novo, mas também cheio de regras, o que acarreta numa obra que a todo momento está se auto explicando, num didatismo constante, que ora lê as regras daquele livro, ora faz com que haja no filme flashbacks de informações que acabaram de ser transmitidas. Este, com certeza, é o aspecto mais incômodo do longa, que parece nunca acreditar no potencial do público de entender sua trama, fazendo com que muitas vezes o projeto pareça acreditar ser muito mais complexo do que realmente é.
Por outro lado, a concisão narrativa do longa é seu ponto alto. Esse formato enxuto que Death Note contém faz com que os realizadores tomem o material para si, construindo um mundo próprio, um Death Note que só existe nessa produção da Netflix. O filme pode incomodar os fãs, mas o cineasta Adam Wingard refuta todas as referências orientais e faz de Death Note um filme de terror tipicamente americano, fazendo alusão aos cânones dessa tradição fílmica. Se isso também pode ser considerado um whitewashing, há uma espécie apropriação, no bom sentido, daquele material. De forma ousada os realizadores fazem de Death Note um material deles, sujeito a uma espécie autoria em cima de uma obra bastante conhecida.
O filme nunca deixa de ser ousado, ainda que isso passe num nível quase inconsciente, mas Wingard muitas vezes utiliza sua trilha musical, embalada por um pop melódico antigo, de forma antagônica a sua imagem. Em momentos dramáticos ou de terror, começa a tocar músicas apaixonadas, dançantes, fazendo com que a cena ganhe um tom irônico e crítico, evidenciando que talvez, todo mundo, goste das mortes que estejam vendo na tela.
De fato Death Note possui seus altos e baixos, passando pela dificuldade de seu elenco – principalmente pela performance pouco inspirada do protagonista Nat Wolf -, mas com opções bastante arrojadas, tão ousadas que podem muito bem desagradar, Death Note ganha um caráter diferente dos grandes filmes que se vê. A recepção até pode ser ruim, mas há qualidades no filme que distanciam o longa de um projeto que sempre pareceu equivocado.
O único filme de guerra que eu já vi que os soldados estão todos plenos na praia esperando pelo pós vida numa boa, e como são educados e organizados, por mais que sejam soldados e tenham disciplina, por favor né, jamais ficariam daquela forma. Mas o filme tem seus pontos fortes.
O roteiro extremamente de Nolan não busca dar a falsa impressão de superioridade aliada. Em 1940, a máquina de guerra nazista dominava e assustava a Europa, e é exatamente esse sentimento de incredulidade que é transmitido a cada ataque aéreo alemão. Com a espetacular trilha sonora de Hans Zimmer, os diálogos ficam em segundo plano. O filme tem uma estrutura geral de tanta qualidade que consegue aproveitar ao máximo o silêncio e os barulhos de fundo para ilustrar com propriedade o horror da Segunda Guerra Mundial.
Nolan vai ser endeuzado pela mídia porém não vi tudo isso no filme, pretendo ver novamente, por fim o brilhante trabalho do diretor de fotografia apresenta um tom acinzentado, deixando claro que não existe beleza em meio a morte.
Perfeito como filme, sensacional ao ser homônimo da história de Christopher McCandless em um longa com uma fotografia impecável, diálogos que envolvem profundos questionamentos e uma direção digna de aplausos. Na Natureza Selvagem termina com uma indagação: será que tudo o que Chris passou teve um propósito? Valeu a pena? Cabe a cada um de nós refletir essa proposta voltando a atenção ao próprio interior. A resposta pode estar dentro de nós mesmos.
Na filosofia, a busca pela verdade é importante objeto de estudo e reflexão. Aristóteles afirmava que “negar aquilo que é e afirmar aquilo que não é, é falso, enquanto afirmar o que é e negar o que não é, é verdade”, já Platão acreditava que “verdadeiro é o discurso que diz como as coisas são, e falso é o que diz como elas não são”. No filme, somos apresentados a um personagem incerto do que é verdade, mas disposto a enfrentar as mais intensas perversidades e truculências que a natureza pode oferecer para descobrir e sentir na pele o que é real.
Carlos Drummond de Andrade, na obra que marca seu amadurecimento literário, reflete o amor. Poeticamente, ele afirma que toda pessoa nasce para amar, e quem não o faz está indo contra a natureza humana, trata-se de um sentimento que exige calma e paciência, e que, assim, como uma “ave de rapina”, pode levar uma parte de si quando se vai.
É um filme para todos, sútil, mas nem todos vão gostar, deixando-se perceber mais abertamente em favor do adensamento dos problemas postos na mesa. A trilha sonora é um componente de destaque na construção da atmosfera do longa, na qual sobressai a oscilação entre a esperança e a dor. Quando as linhas temporais se cruzam, ou seja, a partir do ponto em que os testemunhos devidamente esclarecem o ocorrido, o filme atinge o ápice no que tange à sua vocação trágica. Não chega a ser uma surpresa o desfecho, de amores e ternuras que insistem em desabrochar em terrenos nem sempre propícios. Isso, todavia, não tira o impacto do filme de contornos melancólicos, que atribui responsabilidades aos cenários doméstico e social. Diante do conjunto, não é estranha a consternação pela morte do ídolo, do porta-voz dessa juventude desorientada, pois ela significa justamente a perda de um referencial.
As metáforas que esse filme traz, nos proporcionam momentos de reflexão interessantíssimos, pois tratam justamente da humanização dos animais, e da animalidade dos humanos.
É para aplaudir de pé a qualidade tecnológica absurda desse filme aliado a interpretação memorável de Andy Serkis. Cada reação no rosto de Caesar é carregada de sentimento, especialmente de dor, seja ela física ou emocional, mostrando não só o talento de Serkis como ator, mas a evolução da tecnologia.
A Guerra encerra com chave de ouro essa trilogia dos macacos que revitalizou a franquia, tem menos “guerra” do que nos outros filmes, mas substitui a falta de conflito armado por questões importantíssimas, metáforas corajosas e crítica fortíssima à sociedade atual. Para quem é fã da franquia, vai sem dúvida nenhuma gostar bastante desse longa. Recomendo fortemente assistir ao filme no cinema, sua experiência será memorável.
Esse filme é foda. O primeiro ato é memorável (talvez entre as melhores desta década neste gênero) e o desfecho é interessante, te surpreende. No entanto, isso não pode esconder as falhas que existem no roteiro, agrupadas em torno do personagem de Jon Hamm, que está mais para um vilão de vídeo game. Apesar de se afastar da vida real a cada minuto passado, a experiência geral é muito boa. Mas personagens bem contextualizados e com uma narrativa forte, que abraça o espectador.
A relação da música com o filme é espetacular. Pequenos detalhes, como o zumbido do baby, o ritmo de determinada música ou mesmo um riff tornam-se gigantes quando transportados para a realidade pessoal de Baby. As perseguições são espetaculares (com ótima contribuição do excelente diretor de fotografia acho que é o Bill Pope) e om de humor, graças ao excelente personagem de Foxx.
Os cinéfilos ficam loucos com algumas homenagens. O grande diferencial deste projeto é a sutileza com que o protagonista é apresentado, sem forçar aquele tradicional carisma, com uma história de fundo bastante prudente que revela seus desejos e objetivos.
A Casa Torta
3.3 70 Assista AgoraEu teria gostado de ler este romance. Eu acredito que teria adorado mais e provavelmente não teria razões para não dar 5 estrelas por conta de alguns fios soltos, e uma parte que fala sobre o pai do detetive que no livro é interessante, mas no filme não achei que ajudou não. O filme não se limita ao traço clássico, falando apenas dos protagonistas suspeitos de trazer, talvez a descoberta do assassino ou assassina. A história também fala de relações entre diferentes classes sociais explorando a dinâmica de uma família rica em torno da década de 1950 (o romance foi realizado em 1947) onde a sociedade estava prestes a mudar, houve o nascimento de Rock and Roll, estabelecendo algumas cenas em Swinging Soho, com os Teddy Boys, destacando um confronto político claro, e isso sem dúvida completa a história, mas também ajuda na imersão, acredito que os apaixonados por Agatha Christie não se decepcionaram.
Zona Mortal
3.1 89 Assista AgoraO filme não é ruim, só se perde um pouco no final, tem até uma ideia bem legal, as atuações são boas, o roteiro que desviou com um assunto muito pesado no final e tirou o foco do que vinha sendo apresentado.
Liga da Justiça
3.3 2,5K Assista Agora4 estrelas???? Não, não mesmo. Meu 100or, perdi dinheiro com 3D e ainda acabaram com as minhas expectativas, esse retorno do superman (snif snif), era melhor seguir o edit do filme da mulher maravilha, frustante. Esse excesso de cgi, parece que eu to no ps4, não cola, eu fico inconformado porque não tem mortos no chão e o vilão não é vilão.
Bom Comportamento
3.8 392O melhor filme de Pattinson e o melhor dos diretores, sem sombra de dúvidas. Mas a fixação com a personificação de um anti-herói aliada com o final previsível acaba afetando toda a experiência positiva das cenas passadas. A condução do filme é feita de forma precisa, abrindo e fechando arcos narrativos com incrível sensibilidade, tem uma complexa cadeia de eventos que acabam criando consequências de grande impacto na narrativa moldada em bons diálogos com merecido destaque para o protagonista. A fotografia é muito boa, construída com uma linguagem visual que mostra a rua através dos olhos de Nikas, com um ótimo destaque para o contraste da violência e da calmaria antes de uma perseguição, por exemplo.
Mommy
4.3 1,2K Assista AgoraEu acabei de assistir, e eu to no chão. Que sensibilidade incrível para retratar cada detalhe, esse formato de tela que vai deixando a gente com um senso de claustrofobia, mas cativa desde a primeira cena e provoca uma sessão explosiva ao atrelar isso ao estado de espírito dos personagens. Quando por duas vezes a tela se abre com o intuito de arregaçar as emoções que aliviam o drama ao máximo, a partir da ideia central de "liberdade" (nunca pensei que ele pudesse representar algo triste). Afinal, este é um filme de impactos, colisões e contrastes. E tudo o que é encadeado pela edição de timing certeiro, desde as músicas que conectam até as ações que inspiram, consegue dialogar com a luz e sombra de cada personagem, com cores que aquecem a paleta e dão uma concepção de profundidade à narrativa.
Vale muita a pena,
apesar de frustrar um pouco, principalmente por nos deixar para baixo com seu final.
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista AgoraPra quem é de São Paulo, no 25ª edição do Festival Mix Brasil, no próximo dia 15 de novembro, corre pra verificar a disponibilidade com a organização, pois por todos os festivais foi bem procurado e desta vez não será diferente.
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista AgoraÉ muito mais do que um “filme gay”. É uma experiência de amor que prende a atenção e ganha força a partir da exploração do proibido
(reconhecido pelos próprios protagonistas)
Call Me by Your Name, por fim, torna a arte como objeto de discussão para criar sua própria arte. História, literatura e música são temas centrais que rondam o filme e que não deixam o romance de Oliver e Elio ficar monótono. Produção Impecável.
1922
3.2 797 Assista Agora1922 oferece uma uma boa experiência. É óbvio que os fãs de King vão fazer comparações entre o texto e o filme. Neste caso, minha sugestão é tentar deixar isso de lado, já que a visão extremamente peculiar de interpretação de Hilditch deve irritar os mais puristas.
Faltou aproveitar o ritmo acelerado proposto por King. O grande trunfo do livro era explorar a maldade do homem a partir de um elegante drama psicológico que conseguia amarrar sua existência no suspense de cada troca de página. O que temos no filme é um teste de paciência, já que o personagem de Jane tem uma construção apressada, deixando o tempo restante do filme para discutir a série de eventos negativos que tomam conta de sua vida, esquecendo de fazer a essencial ponte para olhar para si mesmo e para sua vida. Hilditch até tenta propor uma discussão rápida deste tópico na conclusão, mas muito aquém do potencial do livro.
No geral a produção é interessante. Obviamente estamos falando de um filme com orçamento baixo, o que explica a opção por explorar majoritariamente a vastidão da fazenda ao invés de captar com mais precisão o estilo de vida da década de 1920. Ainda assim, a interessante parceria musical com Mike Patton e a fotografia competente de Ben Richardson, que aos poucos ganha espaço em Hollywood, são dois pontos altos que merecem destaque.
Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista AgoraSem dúvida é o novo clássico. Blade Runner 2049 é o tipo de filme que deve ser visto na maior tela possível. Trabalho impecável que me deixa a vontade para afirmar com tranquilidade que este filme é tão bom quanto seu antecessor. O tempo dirá, no entanto, se a obra prima de Villeneuve se firmará como melhor do que a de Scott.
O roteiro tem um desenvolvimento extremamente sólido, deixando espaço para a abordagem da relação de K com sua ‘namorada’ holograma, Joi e com uma vasta contextualização que abre as portas para o retorno de Rick Deckard. É impressionante ver como Villeneuve conseguiu manter a mesma pegada cyberpunk e neo-noir proposta por Scott e, ao mesmo tempo, teve competência o suficiente para colocar seu toque autoral e criar uma identidade visual própria. O trabalho com o diretor de fotografia Roger Deakins é espetacular, e será na sua décima quarta nomeação ao Oscar que o veterano finalmente levará o prêmio da Academia. Roger trabalha com o neon com uma enorme facilidade e faz a transição para o deserto de uma forma espetacular, mostrando a perfeita dimensão da obra.
Outro fator essencial para o sucesso desta produção está no impecável trabalho sonoro de Hans Zimmer, que segue os tons eletrônicos com a mesma competência que explora grandes hits do passado, como Elvis e Sinatra. A parte técnica também é primorosa, especialmente na mixagem de som.
A assinatura de Denis Villeneuve, a mente mais brilhante desta geração de diretores (na minha visão) e o competente trabalho da Columbia e da Warner criaram um trabalho excepcional, que será lembrado pelas futuras gerações.
Jogo Perigoso
3.5 1,1K Assista AgoraA Netflix encontrou o seu caminho e em filmes como este prova que adaptação com roteiro bem escrito e com muita criatividade faz sucesso. O filme faz você experimentar diferentes níveis de dor, oferecendo uma perspectiva única sobre a quantidade de abusos que podem ser tolerados por uma mulher ao longo de sua vida. Contado através de uma perspectiva masculina, tanto a de King quanto a de Flanagan, o filme se desenrola como uma espécie de narrativa de auto-reflexão, ainda que imerso em uma atmosfera que flerta o tempo todo com o sadismo implícito na situação.
Vale ressaltar o excelente trabalho da bela Carla Gugino, atriz que infelizmente nunca chegou ao primeiro time de Hollywood, apesar de ter beleza para isso. Aqui, Gugino carrega o filme praticamente sozinha, construindo uma personagem ímpar, em uma interpretação que equilibra com maestria a coragem e a vulnerabilidade de sua sofrida Jessie.
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraA experiência de Mother é incrível! Definitivamente não é para todos, dica veja duas vezes e de preferencia na primeira não procure saber nada. É interessante ver um típico filme de estúdio abrindo espaço para discussões amplas que tornam-se possíveis a partir do final aberto,
se volte para a análise da conjuntura religiosa sendo que Javier é Deus e em seguida entenderá tudo sobre ele, nada a mais ele mostrará que o mundo e o que estamos fazendo com ele.
O trabalho do diretor de fotografia é o que mais se destaca. É interessante como ele usa o foco e trabalha bem com filtros e cores para mostrar as fases da relação do casal, desde a ensolarada manhã sem nuvens da introdução até os tons mais negros que crescem ao desenrolar da narrativa. E na metade final do filme o brilho excessivo é utilizado em duas ocasiões diferentes para trazer ao público justamente as memórias do cotidiano do casal durante os primeiros minutos do filme.
As atuações de Bardem e Lawrence são pontos altos do filme. Os dois transformam um relacionamento entre homem e mulher em um diálogo sobre idolatria, obsessão e devoção. Neste sentido, aliás, a interpretação do conteúdo de Mother! é extremamente subjetiva, e acredito que isso interfira totalmente na opinião final do público. Para quem busca uma história sequencial, este é o tipo de filme que causa profunda irritação, já que este não é o objetivo do diretor. Sua própria adaptação da história de Jesus ou mesmo a visão de um cineasta sobre o processo de construção de um filme a partir de uma crítica social e cultural mostram o tipo de abertura dada por Darren Aronofsky.
É altamente recomendável para qualquer um que goste de cinema, é o filme mais polêmico de 2017.
Sombras da Vida
3.8 1,3K Assista AgoraGosta de filme lento? Parado, monótono? É uma produção profundamente triste e melancólica. É um filme sobre o quanto menos você souber sobre ele, melhor ele será. Não por causa de plot twists ou reviravoltas porque vai por mim não há, mas sim porque trata-se de uma produção incomum e de natureza inesperada. Confesso que ao final de longos 90 minutos, eu não consegui nem mesmo discernir se gostei ou não do filme, mas definitivamente eu respeitei o que Lowery estava tentando alcançar com sua narrativa minimalista.
Não é um filme fácil. É devagar, metódico, consistentemente moroso e melancólico. No entanto, sua ambição é impressionante, mesmo sendo uma produção indie de baixo orçamento. A Ghost Story é necessariamente um filme do qual as pessoas irão “gostar” (não sei), com certeza é uma produção digna de tomar o tempo do espectador, desde que este goste de cinema que desafia as convenções e o faça pensar. Trata-se de um filme inventivo, trágico, emocionante, e contado com um toque hábil, que com certeza irá assombrá-lo.
Colossal
3.1 339 Assista AgoraInfelizmente o experimento não foi bem sucedido, e Anne Hathaway parece longe de seu potencial em um papel fraquíssimo, é um fracasso monumental. Essa tentativa de combinar elementos de ficção com o humor negro que é típico de sua proposta narrativa, Vigalondo faz de seu novo filme uma história sem qualquer nexo, contradizendo seu próprio histórico pessoal, que engajava propostas de histórias com forte tensão e pensamento por parte do público.
Seria extremamente válido tornar a ligação de Gloria com o monstro em uma forma de trabalhar de forma secundária os inúmeros desafios impostos a partir do momento em a moça busca curar seu vício. O monstro, portanto, seria o demônio dentro de seu corpo que pede por mais um gole de cerveja. O problema é que nem o diretor sabe como trabalhar com o que tem em mãos, já que a participação de Sudeikis desestabiliza o plano narrativo ao invés de atuar como forma positiva no contexto geral da história.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraFoda! muito foda! Por muito tempo esperei por um filme de suspense/ terror desse estilo. Ele é revolucionário na medida em que consegue criar um ar de tensão real,mas ainda assim consegue mesclar uma porção interessantíssima de humor ácido que é responsável pelo gran finale.
O desenrolar da narrativa de Get Out explora vários tópicos, que passam desde o privilégio e poder da “sociedade branca” até o impacto de questões de racismo na sociedade contemporânea, tratada como tabu por algumas famílias. O diretor torna muito confortável lidar com esses assuntos na medida em que eles estão enraizados no roteiro e acompanham o protagonista desde o primeiro minuto.
É claro que o filme presta homenagem indireta a alguns clássicos do gênero. A suspeita do público de que algo está errado, por exemplo, lembra muito o rítimo de The Wicker Man. Mas a originalidade sempre se sobrepõe com destaque total para a entrega de Daniel Kaluuya e da atriz Alison Williams, que revela um potencial incrível. Get Out é mais um belo exemplo de um filme de baixo orçamento que aposta apenas em um poderoso e criativo roteiro.
Os Piratas do Rock
4.0 614 Assista AgoraÉ um projeto bem legal e fica longe de ser ruim, além de possuir uma temática bastante atraente para os fãs de rock. Não é nenhuma obra-prima, mas é bastante divertido.
A trilha sonora é boa é só com as melhores, há The Kinks, The Who, The Beach Boys, The Rolling Stones, entre outros. Só achei curioso que eles não tocaram Beatles, é um dos grupos mais populares do período, mas como tocaram Beach Boys, que é melhor, não me incomodou tanto assim.
Corações de Pedra
3.9 185Que sintonia. Que direção, e eu nem sabia quem era Guomundur Amar Guomudsson, colocou no primeiro longa muita maturidade, vertida num aparente naturalismo e com direção sem falhas, no domínio difícil dos "coming of age", que tem lista de grandes obras como de Jean Vigo a Truffaut, sem esquecer o recentíssimo Moonlight de Barry Jenkins.
Esta temática do amor impossível e as problemáticas interligadas, nomeadamente, o bullying não é propriamente original, no entanto, o diretor consegue inovar, ao demarcar-se dos clichés, tal como também resiste à tentação da militância, com uma sensibilidade com que coloca a intimidade consegue transmitir uma intensa carga emocional, os pequenos atores são na inocência perfeitos, quer pelo recurso as metáforas e atenção ao(s) significado(s) dos mais pequenos detalhes, é pura poesia - tragédia e a beleza surgem sempre de "mãos dadas".
Há uma metáfora sobre o peixe-pedra, cuja estranheza leva a que as crianças o rejeitem. Mas o olhar é franco, sensível e Gudmunsson filma à altura deles. Uma agradável surpresa. Elenco jovem notável, que interpretam personagens reais, sobre a amizade, o preconceito e o amor frio e violento no interior da Islândia, sempre com uma fotografia encantadora da paisagem natural islandesa. São muitos os filmes sobre o coming of age, mas poucos tem a força e a frieza de “Corações de Pedra”.
A Última Fronteira
3.1 53 Assista AgoraSim, The Last Face é algo indescritível, é impossível se comover com o romance entre Theron e Bardem, com monólogos existencialistas ao estilo Malick onde ela, a diretora de uma ONG, que se apaixona por um médico num cenário de guerra, diz coisas como: "Antes de conhecer o Miguel, eu era apenas uma ideia", o cinema volta a mostrar que pouco sabe de África para além dos estabelecidos lugares-comuns da eterna consciência branca. Sean Penn, defraudado com o seu "high moral ground", convencido que as boas intenções pagam a passagem ao barqueiro. Este não é o Penn que conhecemos, o realizador de Into the Wild, é antes um orador de um discurso ativista com mais chance de irritar do que propriamente "mudar o mundo".
A mensagem que tenta passar aos espectadores não é suficiente para salvar o filme, uma vez que o filme tenta comparar a brutalidade de uma guerra civil com a brutalidade do amor impossível entre Wren e Miguel. Na minha opinião é o pior filme de Sean Penn até agora, deixando muito a desejar.
It: A Coisa
3.9 3,0K Assista AgoraEsperava muito de It. Afinal, considero o melhor livro de Stephen King pelo fato de explorar com extrema competência traumas de infância e conflitos de memória a partir de um texto polido, agradável e coeso. Ao sair do cinema, no entanto, fiquei um pouco frustrado com o resultado da tão comentada adaptação dirigida por Andy Muschietti. Dois são os problemas: o livro e a comparação com a mini-série para a TV de 1990.
Sem dúvida alguma temos que levar em conta os acertos, a ambientação muito bem feita da década de 1980, e a quantidade de pequenos detalhes demonstra o cuidado para levar essa imersão ao expectador, seja pelo penteados típicos da época ou pelos vestuários. Também considero que a maquiagem foi muito bem feita nas crianças, deixando traços naturais. Outro ponto positivo foi o ritmo geral do filme, que passa a percepção de crianças reais fazendo piadas e brincadeiras de crianças, sem a preocupação com o politicamente correto.
Por outro lado, o excesso de efeitos especiais, a forma do rosto e o vestuário do personagem de Bill não favoreceram a construção final da Coisa. É obvio que It não tem como protagonista Pennywise. No livro existe a divisão de tempo entre The Losers’ Club e The Bowers Gang, com passagens ocasionais do palhaço. Muschietti até que mantém essa coerência, mas deixa de fora de seu filme um punhado de passagens aproveitadas em 1990 e que poderiam auxiliar na percepção demoníaca do personagem. Outro ponto que me deixou decepcionado foi perceber que as crianças passam mais tempo sendo assustadas (em cenas repetitivas e cansativas que poderiam facilmente entrar como extras na versão final para home video) do que conversando e desenvolvendo sua amizade, um eixo de extrema importância do livro.
Como é de praxe no cinema atual, a experiência final de It é incompleta, deixando todo campo livre para a conclusão da história, já que o livro foi dividido ao meio, com uma importante adaptação temporal. Se por um lado é interessante ver Pennywise, por outro sinto que o principal vilão dos livros de King perdeu grande parte de seu status por conta da sequência final apresentada neste filme, que tira o tom macabro e assustador do palhaço para firmá-lo em uma liga de vilões comuns. Ainda assim, não tenho a mínima dúvida de que estamos falando de um longa que vai fazer muito sucesso no mundo inteiro, inclusive com possibilidade de quebra de recordes de bilheteria em seu gênero.
Death Note
1.8 1,5K Assista AgoraSe você não sabe nada sobre o "desenho" Death Note, onde o longa se baseou para fazer a sua história, vai encarar numa boa, ressaltado que Death Note da Netflix não é uma produção para fãs, mas sim uma obra que tenta apresentar essa narrativa para novos olhares, como se pegasse seu material original e remontasse para um novo público.
Nessas condições, notasse uma concisão narrativa, um filme bem direto, não pretende criar algo muito maior que seu próprio fio narrativo. Por outro lado, o longa parte do principio que aquele universo é novo, mas também cheio de regras, o que acarreta numa obra que a todo momento está se auto explicando, num didatismo constante, que ora lê as regras daquele livro, ora faz com que haja no filme flashbacks de informações que acabaram de ser transmitidas. Este, com certeza, é o aspecto mais incômodo do longa, que parece nunca acreditar no potencial do público de entender sua trama, fazendo com que muitas vezes o projeto pareça acreditar ser muito mais complexo do que realmente é.
Por outro lado, a concisão narrativa do longa é seu ponto alto. Esse formato enxuto que Death Note contém faz com que os realizadores tomem o material para si, construindo um mundo próprio, um Death Note que só existe nessa produção da Netflix. O filme pode incomodar os fãs, mas o cineasta Adam Wingard refuta todas as referências orientais e faz de Death Note um filme de terror tipicamente americano, fazendo alusão aos cânones dessa tradição fílmica. Se isso também pode ser considerado um whitewashing, há uma espécie apropriação, no bom sentido, daquele material. De forma ousada os realizadores fazem de Death Note um material deles, sujeito a uma espécie autoria em cima de uma obra bastante conhecida.
O filme nunca deixa de ser ousado, ainda que isso passe num nível quase inconsciente, mas Wingard muitas vezes utiliza sua trilha musical, embalada por um pop melódico antigo, de forma antagônica a sua imagem. Em momentos dramáticos ou de terror, começa a tocar músicas apaixonadas, dançantes, fazendo com que a cena ganhe um tom irônico e crítico, evidenciando que talvez, todo mundo, goste das mortes que estejam vendo na tela.
De fato Death Note possui seus altos e baixos, passando pela dificuldade de seu elenco – principalmente pela performance pouco inspirada do protagonista Nat Wolf -, mas com opções bastante arrojadas, tão ousadas que podem muito bem desagradar, Death Note ganha um caráter diferente dos grandes filmes que se vê. A recepção até pode ser ruim, mas há qualidades no filme que distanciam o longa de um projeto que sempre pareceu equivocado.
Dunkirk
3.8 2,0K Assista AgoraO único filme de guerra que eu já vi que os soldados estão todos plenos na praia esperando pelo pós vida numa boa, e como são educados e organizados, por mais que sejam soldados e tenham disciplina, por favor né, jamais ficariam daquela forma. Mas o filme tem seus pontos fortes.
O roteiro extremamente de Nolan não busca dar a falsa impressão de superioridade aliada. Em 1940, a máquina de guerra nazista dominava e assustava a Europa, e é exatamente esse sentimento de incredulidade que é transmitido a cada ataque aéreo alemão. Com a espetacular trilha sonora de Hans Zimmer, os diálogos ficam em segundo plano. O filme tem uma estrutura geral de tanta qualidade que consegue aproveitar ao máximo o silêncio e os barulhos de fundo para ilustrar com propriedade o horror da Segunda Guerra Mundial.
Nolan vai ser endeuzado pela mídia porém não vi tudo isso no filme, pretendo ver novamente, por fim o brilhante trabalho do diretor de fotografia apresenta um tom acinzentado, deixando claro que não existe beleza em meio a morte.
Na Natureza Selvagem
4.3 4,5K Assista AgoraPerfeito como filme, sensacional ao ser homônimo da história de Christopher McCandless em um longa com uma fotografia impecável, diálogos que envolvem profundos questionamentos e uma direção digna de aplausos. Na Natureza Selvagem termina com uma indagação: será que tudo o que Chris passou teve um propósito? Valeu a pena? Cabe a cada um de nós refletir essa proposta voltando a atenção ao próprio interior. A resposta pode estar dentro de nós mesmos.
Na filosofia, a busca pela verdade é importante objeto de estudo e reflexão. Aristóteles afirmava que “negar aquilo que é e afirmar aquilo que não é, é falso, enquanto afirmar o que é e negar o que não é, é verdade”, já Platão acreditava que “verdadeiro é o discurso que diz como as coisas são, e falso é o que diz como elas não são”. No filme, somos apresentados a um personagem incerto do que é verdade, mas disposto a enfrentar as mais intensas perversidades e truculências que a natureza pode oferecer para descobrir e sentir na pele o que é real.
Carlos Drummond de Andrade, na obra que marca seu amadurecimento literário, reflete o amor. Poeticamente, ele afirma que toda pessoa nasce para amar, e quem não o faz está indo contra a natureza humana, trata-se de um sentimento que exige calma e paciência, e que, assim, como uma “ave de rapina”, pode levar uma parte de si quando se vai.
Como Você É
3.7 75 Assista AgoraÉ um filme para todos, sútil, mas nem todos vão gostar, deixando-se perceber mais abertamente em favor do adensamento dos problemas postos na mesa. A trilha sonora é um componente de destaque na construção da atmosfera do longa, na qual sobressai a oscilação entre a esperança e a dor. Quando as linhas temporais se cruzam, ou seja, a partir do ponto em que os testemunhos devidamente esclarecem o ocorrido, o filme atinge o ápice no que tange à sua vocação trágica. Não chega a ser uma surpresa o desfecho, de amores e ternuras que insistem em desabrochar em terrenos nem sempre propícios. Isso, todavia, não tira o impacto do filme de contornos melancólicos, que atribui responsabilidades aos cenários doméstico e social. Diante do conjunto, não é estranha a consternação pela morte do ídolo, do porta-voz dessa juventude desorientada, pois ela significa justamente a perda de um referencial.
Planeta dos Macacos: A Guerra
4.0 959 Assista AgoraAs metáforas que esse filme traz, nos proporcionam momentos de reflexão interessantíssimos, pois tratam justamente da humanização dos animais, e da animalidade dos humanos.
É para aplaudir de pé a qualidade tecnológica absurda desse filme aliado a interpretação memorável de Andy Serkis. Cada reação no rosto de Caesar é carregada de sentimento, especialmente de dor, seja ela física ou emocional, mostrando não só o talento de Serkis como ator, mas a evolução da tecnologia.
A Guerra encerra com chave de ouro essa trilogia dos macacos que revitalizou a franquia, tem menos “guerra” do que nos outros filmes, mas substitui a falta de conflito armado por questões importantíssimas, metáforas corajosas e crítica fortíssima à sociedade atual. Para quem é fã da franquia, vai sem dúvida nenhuma gostar bastante desse longa. Recomendo fortemente assistir ao filme no cinema, sua experiência será memorável.
Em Ritmo de Fuga
4.0 1,9K Assista AgoraEsse filme é foda. O primeiro ato é memorável (talvez entre as melhores desta década neste gênero) e o desfecho é interessante, te surpreende. No entanto, isso não pode esconder as falhas que existem no roteiro, agrupadas em torno do personagem de Jon Hamm, que está mais para um vilão de vídeo game. Apesar de se afastar da vida real a cada minuto passado, a experiência geral é muito boa. Mas personagens bem contextualizados e com uma narrativa forte, que abraça o espectador.
A relação da música com o filme é espetacular. Pequenos detalhes, como o zumbido do baby, o ritmo de determinada música ou mesmo um riff tornam-se gigantes quando transportados para a realidade pessoal de Baby. As perseguições são espetaculares (com ótima contribuição do excelente diretor de fotografia acho que é o Bill Pope) e om de humor, graças ao excelente personagem de Foxx.
Os cinéfilos ficam loucos com algumas homenagens. O grande diferencial deste projeto é a sutileza com que o protagonista é apresentado, sem forçar aquele tradicional carisma, com uma história de fundo bastante prudente que revela seus desejos e objetivos.