Uma boa homenagem de Varda à comédia do cinema mudo, com participação mais que especial de Anna Karina e Jean-Luc Godard, mas que não funciona tão bem isoladamente como o foi no contexto de Cléo de 5 a 7.
Um contribuição ímpar à história do cinema, trazendo ás telas um dos maiores clássicos da literatura mundial num formato narrativo que serviria de base para todas as obras cinematográficas vindouras acerca do monstro de Frankenstein. Chama a atenção a eficácia em transmitir a história e as sensações em tão pouco tempo, além dos efeitos visuais de nascimento da criação. A visão estética do monstro também chama bastante atenção. Um exemplar e tanto do cinema mudo.
Excelência técnica, incômodo, experimentalismo e visceralidade pura. Muito distinto da obra de 2014, sendo basicamente duas obras de ambientação e atmosfera semelhantes, mas com abordagens bastante distintas. De qualquer forma, uma obra de arte pura, só conclui de uma forma um tanto menos impactante para o teor do restante do curta.
Produção excelente, atmosfera sombria pesada, uma boa caracterização do ser misterioso e um protagonista muito do burro. A conclusão é clichê, mas é um curta muito bem feito.
Que coisa linda, que coisa perfeita! Periferia paraense no holofote, festa de aparelhagem no talo e tecnobrega no volume máximo. Como não se apaixonar pela Stephanny? Bom demais!
Destaca-se pela técnica, com uma direção muito boa e o uso excelente da fotografia, mas as atuações são muito fracas e a história em si, apesar de culminar numa mensagem final bonita, é um tanto nada a ver,
já que não faz sentido nenhum se divorciar da pessoa que você ama sob o pretexto de não querer machucá-la com a sua própria morte. É doloroso e impede o outro de viver os últimos momentos do lado da pessoa que ama. Um tanto egoísta e injusto, mas cada um com seu cada qual.
Vale pelo peso emocional do curta, dedicado a entes queridos dos criadores.
Abstração e surrealismo como uma forma de retratar o mundo ao redor, o caos vigente, o encontro entre as confusões interna e externa. Talvez o genius loci do título se refira a esse espírito, essa atmosfera do mundo moderno, da urbanização, da vida em sociedade atual que é sempre desesperadora, assustadora, ameaçadora. Ser o estereótipo "errado" no lugar errado torna o caos intensamente interno, e tudo no curta parece mostrar esse estado caótico em que Reine se encontra, talvez alguém neuroatípica, mas há tantas leituras que se pode fazer... A variação de técnicas de desenho utilizadas e a forma como elas interagem entre si, com as cores e com o som é pura arte emocional, e o fato da história não se deixar óbvia foi ainda mais enriquecedora. No fim, temos sempre portos seguros, mesmo que o caos nos rodeie. Esse é o verdadeiro espírito do lugar.
Pura arte-resistência, um grito de indignação, desespero, cansaço, raiva, tristeza, socorro. Uma obra curtinha sobre racismo e violência policial, mas de uma força descomunal. O uso das animações é simplesmente magnífico.
Cada vítima do racismo é uma morte para cada negro. Quantas vezes já não se morre todos os dias? Como é acordar e saber que você tem um alvo impresso nas suas costas - ou melhor, em sua pele? Como aceitar que o cara branco com uma arma do outro lado da rua só precisa de um motivo banal para te matar? O curta de Martin Desmond Roe produzido pela Netflix usa da ideia do loop temporal para construir uma narrativa que, se por um lado, usa de uma fotografia viva e que passa uma atmosfera otimista, por outro é extremamente doloroso e angustiante, quebrando com expectativas de forma que o gênero referenciado não se sobreponha à realidade crítica ali feita. É como contar, em 30 minutos, um resumo da história dos negros nos Estados Unidos e suas formas de agir contra o genocídio de seu povo e a violência policial.
Até o diálogo amistoso, que foi o mote do ativismo de Martin Luther King Jr., é utilizado, mas resulta, de qualquer forma, em tiros pelas costas. Não é falta de conhecimento ou convivência quando o algoz só te vê como vítima e nada mais, mas escolha. Apesar disso, o protagonista não usa de violência contra violência, o que mostra uma maturidade e segurança da obra em manter sua crítica forte sem descambar para a vingança artística.
As referências no curta são ótimas, como as músicas da trilha sonora,
as formas como o personagem morre (rememorando os assassinatos de Eric Garner, George Floyd, Breonna Taylor, Michael Brown, entre outros), os nomes que surgem na cena em que o policial está levando-o para casa e a belíssima cena da última morte, em que o sangue, quase negro, espalha-se no formato do continente africano.
É um curta extremamente poderoso, que não à toa é um dos favoritos a levar o Oscar de Melhor Curta. A luta pela vida é diária e infindável. As coisas não mudaram ainda, mas não há desistência. E aquela lista no final, quem sabe um dia seja só uma memória horrível de um passado sombrio, e não mais um desesperador cotidiano que executa jovens negros inocentes por pura arbitrariedade.
Amor, memória, saudade e vida a dois traduzidos de uma forma muito bela nesse curta que transborda poesia nos traços de sua animação e na trilha sonora melancólica, mas aconchegante, que guia os minutos sem falas em que acompanhamos a pequena saga de luta contra o fluxo da vida do protagonista. Bastante sensível.
Hilário porque brinca com a verdade de um jeito que você até se pergunta se um caso exatamente assim não pode acontecer. Os EUA sofrem a duras penas com a "pós-verdade" há mais tempo que nós brasileiros, mas a gente abraçou e aperfeiçoou a coisa tão bem que estamos quase lá. A forma como as pessoas chamam a professora de qualquer coisa para depreciar (nazista, extremista, liberal), como a mídia cria "especialistas" inexistentes que discordam dos fatos, como há todo um circo espetaculoso que sobrevive dessas falácias, como o próprio sistema acusa o certo e a pressão para que a pessoa só ceda e esqueça seu senso crítico, é tudo muito bom. Rachei demais com o "Mathgate" (KKKKKKKKK) e com a jogada final da professora. Só não dou 5 estrelas porque a conta dela foi errada: se 2 + 2 = 22, então 2.000 + 2.000 = 20.002.000. No fim, ainda dá pra gente tirar sarro da própria pós-verdade e entrar na onda da idiotia pra fazer os culpados experimentarem do próprio veneno.
É muito surpreendente como um cineasta iniciante consegue entregar algo desse nível. Em três minutos você já está totalmente preso e à mercê das sensações que a história trará - e nenhuma delas será agradável. Aster tem um dom na forma como constrói o horror, como tudo consegue ser visual sem apelar ao explícito, ser incômodo sem ser escatológico, ser desesperador sem ser desmedido. A visão deturpada dos segredos sujos familiares num tipo de inversão de papéis é absurdamente assustadora, e funciona bem demais. Um trabalho de direção cuidadoso e lotado de referências e recursos que mais tarde seriam vistos nos longas, assim como a temática e a atmosfera. Realmente impressionante e muito, muito incômodo.
A ironia finíssima de KMF e sua equipe em seus momentos mais inspirados. Além de fazer uma leitura crítica, super ácida e muito além do simples futebol - até porque os problemas da Copa de 2014 no Brasil foram tantos que não dá pra deixar passar batido -, a montagem é fenomenal. Mostrou muito bem como a realidade ficou em suspenso para alguns e como os esforços para agradar a expectativa estrangeira não foram atingidos dentro e fora de campo. E pensar que o 7 a 1 foi só o comecinho de um verdadeiro ciclo de tragédias nacionais.
De uma urgência absurda, de uma verdade crua, de despertar sentimentos muito reais, muito incômodos, muito humanos. Você é jogado em meio ao conflito, se vê perdido entre os manifestantes, observa de perto os abusos policiais, se protege de gás, corre das balas de borracha. A indignação, o desespero, a falta de esperança, tudo isso é muito próximo, não só porque a direção é extremamente certeira em te inserir no caos, mas por reverberar de forma ensurdecedora com toda a sensação opressiva que se sente aqui. A força desse curta é tremenda, e isso explica por si só sua indicação ao Oscar. Mais que isso, é uma denúncia tão poderosa que é impossível dar as costas, esquecer ou passar batido. Se tecnicamente não chega a ser inovador e a montagem acaba sendo pouco esclarecedora, demorando um pouco para fazer o espectador se situar na questão, narrativamente é um desnudamento das relações políticas e sociais de um país no limiar da liberdade, que encara o Estado e seus cínicos e descerebrados defensores com coragem, juventude e poder do povo. A juventude será combativa, Hong Kong resistirá e lutará por democracia e liberdade. Que desperte raiva. Que acorde o incômodo. Que sirva de exemplo. E que não seja em vão.
Destaca-se demais pela animação de caráter mais artístico que o habitual, remetendo a algumas tirinhas europeias da década de 70. A trilha sonora também garante a boa condução do enredo, que não usa de qualquer diálogo para se construir. Bastante poético, representa a amor entre pai e filha e a saudade de uma forma bastante sensível, através de belas alegorias com viagens, caminhos e partidas. Bastante marcante.
De forma curta e direta, o curta traz uma pungente crítica à realidade do capitalismo e da forma como a mão-de-obra humana é coisificada a ponto de desumanizar o indivíduo. Entre instrumentos e produtos, o homem torna-se mais um objeto que um ser pensante, num ciclo interminável de exploração e subserviência. A falta de trilha sonora deixa o teor ainda mais poderoso, assim como a animação sabe passar, por meio de seus traços e suas cores "mortas" o caráter mecânico da sociedade ali mostrada. Grande curta.
Lembro que vi esse curta faz anos, tanto que sabia o que aconteceria a seguir quando ficou clara a condição do cachorrinho. Curta simples, rápido, mas muito bonito, que tem toda a sua dose de fofura garantida graças ao doguinho se divertindo plenamente. Bela mensagem sobre autoaceitação e aproveitar melhor a vida independente de qualquer impedimento.
"Agora aguenta, CoraCão Você não tem mais salvação Você apronta e esquece que você sou eu"
Bonitinho, ótima analogia do CoraCães e os "caminhos da paixão" (como um bom título de novela mexicana). A musiquinha é fofa, mas lembrou música de comercial de YouTube.
Os Noivos da Ponte Mac Donald
3.6 34Uma boa homenagem de Varda à comédia do cinema mudo, com participação mais que especial de Anna Karina e Jean-Luc Godard, mas que não funciona tão bem isoladamente como o foi no contexto de Cléo de 5 a 7.
Frankenstein
3.8 54 Assista AgoraUm contribuição ímpar à história do cinema, trazendo ás telas um dos maiores clássicos da literatura mundial num formato narrativo que serviria de base para todas as obras cinematográficas vindouras acerca do monstro de Frankenstein. Chama a atenção a eficácia em transmitir a história e as sensações em tão pouco tempo, além dos efeitos visuais de nascimento da criação. A visão estética do monstro também chama bastante atenção. Um exemplar e tanto do cinema mudo.
Superman 75
4.5 14Homenagem belíssima que faz um rápido apanhado dos 75 anos do maior dos supers dos quadrinhos, pena ser tão curtinho.
A História da Eternidade
3.9 33Excelência técnica, incômodo, experimentalismo e visceralidade pura. Muito distinto da obra de 2014, sendo basicamente duas obras de ambientação e atmosfera semelhantes, mas com abordagens bastante distintas. De qualquer forma, uma obra de arte pura, só conclui de uma forma um tanto menos impactante para o teor do restante do curta.
The Hidebehind
3.2 6Produção excelente, atmosfera sombria pesada, uma boa caracterização do ser misterioso e um protagonista muito do burro. A conclusão é clichê, mas é um curta muito bem feito.
The Chrysalis
3.2 1A edição é bem estranha, mas constrói bem a tensão e traz uma boa conclusão. Bem realizado e criativo.
Encantada do Brega
4.3 15Que coisa linda, que coisa perfeita! Periferia paraense no holofote, festa de aparelhagem no talo e tecnobrega no volume máximo. Como não se apaixonar pela Stephanny? Bom demais!
Salve o Ralph
4.4 62Nada a acrescentar mesmo. Só #SaveRalph.
Café
2.8 2Destaca-se pela técnica, com uma direção muito boa e o uso excelente da fotografia, mas as atuações são muito fracas e a história em si, apesar de culminar numa mensagem final bonita, é um tanto nada a ver,
já que não faz sentido nenhum se divorciar da pessoa que você ama sob o pretexto de não querer machucá-la com a sua própria morte. É doloroso e impede o outro de viver os últimos momentos do lado da pessoa que ama. Um tanto egoísta e injusto, mas cada um com seu cada qual.
Vale pelo peso emocional do curta, dedicado a entes queridos dos criadores.
Genius Loci
3.1 55Abstração e surrealismo como uma forma de retratar o mundo ao redor, o caos vigente, o encontro entre as confusões interna e externa. Talvez o genius loci do título se refira a esse espírito, essa atmosfera do mundo moderno, da urbanização, da vida em sociedade atual que é sempre desesperadora, assustadora, ameaçadora. Ser o estereótipo "errado" no lugar errado torna o caos intensamente interno, e tudo no curta parece mostrar esse estado caótico em que Reine se encontra, talvez alguém neuroatípica, mas há tantas leituras que se pode fazer... A variação de técnicas de desenho utilizadas e a forma como elas interagem entre si, com as cores e com o som é pura arte emocional, e o fato da história não se deixar óbvia foi ainda mais enriquecedora. No fim, temos sempre portos seguros, mesmo que o caos nos rodeie. Esse é o verdadeiro espírito do lugar.
To: Gerard
3.8 6Se sobressai pela excelência técnica, de resto uma mensagem funcional e válida, mas bem comum em curtas do tipo.
Polícia e Ladrão
4.1 28 Assista AgoraPura arte-resistência, um grito de indignação, desespero, cansaço, raiva, tristeza, socorro. Uma obra curtinha sobre racismo e violência policial, mas de uma força descomunal. O uso das animações é simplesmente magnífico.
Dois Estranhos
4.2 291 Assista AgoraCada vítima do racismo é uma morte para cada negro. Quantas vezes já não se morre todos os dias? Como é acordar e saber que você tem um alvo impresso nas suas costas - ou melhor, em sua pele? Como aceitar que o cara branco com uma arma do outro lado da rua só precisa de um motivo banal para te matar? O curta de Martin Desmond Roe produzido pela Netflix usa da ideia do loop temporal para construir uma narrativa que, se por um lado, usa de uma fotografia viva e que passa uma atmosfera otimista, por outro é extremamente doloroso e angustiante, quebrando com expectativas de forma que o gênero referenciado não se sobreponha à realidade crítica ali feita. É como contar, em 30 minutos, um resumo da história dos negros nos Estados Unidos e suas formas de agir contra o genocídio de seu povo e a violência policial.
Até o diálogo amistoso, que foi o mote do ativismo de Martin Luther King Jr., é utilizado, mas resulta, de qualquer forma, em tiros pelas costas. Não é falta de conhecimento ou convivência quando o algoz só te vê como vítima e nada mais, mas escolha. Apesar disso, o protagonista não usa de violência contra violência, o que mostra uma maturidade e segurança da obra em manter sua crítica forte sem descambar para a vingança artística.
As referências no curta são ótimas, como as músicas da trilha sonora,
as formas como o personagem morre (rememorando os assassinatos de Eric Garner, George Floyd, Breonna Taylor, Michael Brown, entre outros), os nomes que surgem na cena em que o policial está levando-o para casa e a belíssima cena da última morte, em que o sangue, quase negro, espalha-se no formato do continente africano.
É um curta extremamente poderoso, que não à toa é um dos favoritos a levar o Oscar de Melhor Curta. A luta pela vida é diária e infindável. As coisas não mudaram ainda, mas não há desistência. E aquela lista no final, quem sabe um dia seja só uma memória horrível de um passado sombrio, e não mais um desesperador cotidiano que executa jovens negros inocentes por pura arbitrariedade.
A Casa de Pequenos Cubinhos
4.5 766Amor, memória, saudade e vida a dois traduzidos de uma forma muito bela nesse curta que transborda poesia nos traços de sua animação e na trilha sonora melancólica, mas aconchegante, que guia os minutos sem falas em que acompanhamos a pequena saga de luta contra o fluxo da vida do protagonista. Bastante sensível.
Matemática Alternativa
3.9 14Hilário porque brinca com a verdade de um jeito que você até se pergunta se um caso exatamente assim não pode acontecer. Os EUA sofrem a duras penas com a "pós-verdade" há mais tempo que nós brasileiros, mas a gente abraçou e aperfeiçoou a coisa tão bem que estamos quase lá. A forma como as pessoas chamam a professora de qualquer coisa para depreciar (nazista, extremista, liberal), como a mídia cria "especialistas" inexistentes que discordam dos fatos, como há todo um circo espetaculoso que sobrevive dessas falácias, como o próprio sistema acusa o certo e a pressão para que a pessoa só ceda e esqueça seu senso crítico, é tudo muito bom. Rachei demais com o "Mathgate" (KKKKKKKKK) e com a jogada final da professora. Só não dou 5 estrelas porque a conta dela foi errada: se 2 + 2 = 22, então 2.000 + 2.000 = 20.002.000. No fim, ainda dá pra gente tirar sarro da própria pós-verdade e entrar na onda da idiotia pra fazer os culpados experimentarem do próprio veneno.
Wallflower Tango
3.1 7Sorte do dia: Seu dia vai chegar, você só não encontrou o ladrão certo na hora certa.
The Strange Thing About the Johnsons
3.7 180É muito surpreendente como um cineasta iniciante consegue entregar algo desse nível. Em três minutos você já está totalmente preso e à mercê das sensações que a história trará - e nenhuma delas será agradável. Aster tem um dom na forma como constrói o horror, como tudo consegue ser visual sem apelar ao explícito, ser incômodo sem ser escatológico, ser desesperador sem ser desmedido. A visão deturpada dos segredos sujos familiares num tipo de inversão de papéis é absurdamente assustadora, e funciona bem demais. Um trabalho de direção cuidadoso e lotado de referências e recursos que mais tarde seriam vistos nos longas, assim como a temática e a atmosfera. Realmente impressionante e muito, muito incômodo.
A Copa do Mundo no Recife
4.1 5A ironia finíssima de KMF e sua equipe em seus momentos mais inspirados. Além de fazer uma leitura crítica, super ácida e muito além do simples futebol - até porque os problemas da Copa de 2014 no Brasil foram tantos que não dá pra deixar passar batido -, a montagem é fenomenal. Mostrou muito bem como a realidade ficou em suspenso para alguns e como os esforços para agradar a expectativa estrangeira não foram atingidos dentro e fora de campo. E pensar que o 7 a 1 foi só o comecinho de um verdadeiro ciclo de tragédias nacionais.
História Natural
1.6 3Não sei se eu que sou ranzinza já, mas até agora tô buscando a graça. A nota é pelo esforço.
Do Not Split
3.6 36De uma urgência absurda, de uma verdade crua, de despertar sentimentos muito reais, muito incômodos, muito humanos. Você é jogado em meio ao conflito, se vê perdido entre os manifestantes, observa de perto os abusos policiais, se protege de gás, corre das balas de borracha. A indignação, o desespero, a falta de esperança, tudo isso é muito próximo, não só porque a direção é extremamente certeira em te inserir no caos, mas por reverberar de forma ensurdecedora com toda a sensação opressiva que se sente aqui. A força desse curta é tremenda, e isso explica por si só sua indicação ao Oscar. Mais que isso, é uma denúncia tão poderosa que é impossível dar as costas, esquecer ou passar batido. Se tecnicamente não chega a ser inovador e a montagem acaba sendo pouco esclarecedora, demorando um pouco para fazer o espectador se situar na questão, narrativamente é um desnudamento das relações políticas e sociais de um país no limiar da liberdade, que encara o Estado e seus cínicos e descerebrados defensores com coragem, juventude e poder do povo. A juventude será combativa, Hong Kong resistirá e lutará por democracia e liberdade. Que desperte raiva. Que acorde o incômodo. Que sirva de exemplo. E que não seja em vão.
Pai e Filha
4.2 59Destaca-se demais pela animação de caráter mais artístico que o habitual, remetendo a algumas tirinhas europeias da década de 70. A trilha sonora também garante a boa condução do enredo, que não usa de qualquer diálogo para se construir. Bastante poético, representa a amor entre pai e filha e a saudade de uma forma bastante sensível, através de belas alegorias com viagens, caminhos e partidas. Bastante marcante.
O Emprego
4.5 355De forma curta e direta, o curta traz uma pungente crítica à realidade do capitalismo e da forma como a mão-de-obra humana é coisificada a ponto de desumanizar o indivíduo. Entre instrumentos e produtos, o homem torna-se mais um objeto que um ser pensante, num ciclo interminável de exploração e subserviência. A falta de trilha sonora deixa o teor ainda mais poderoso, assim como a animação sabe passar, por meio de seus traços e suas cores "mortas" o caráter mecânico da sociedade ali mostrada. Grande curta.
O Presente
4.4 72Lembro que vi esse curta faz anos, tanto que sabia o que aconteceria a seguir quando ficou clara a condição do cachorrinho. Curta simples, rápido, mas muito bonito, que tem toda a sua dose de fofura garantida graças ao doguinho se divertindo plenamente. Bela mensagem sobre autoaceitação e aproveitar melhor a vida independente de qualquer impedimento.
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3.8 2"Agora aguenta, CoraCão
Você não tem mais salvação
Você apronta e esquece que você sou eu"
Bonitinho, ótima analogia do CoraCães e os "caminhos da paixão" (como um bom título de novela mexicana). A musiquinha é fofa, mas lembrou música de comercial de YouTube.