Todo diretor de renome, de grandes trabalhos, que possui muitas obras primas, que sempre contou grandes histórias, grandes fantasias, romances, fábulas, etc, etc, sempre vai ter algo intimo para compartilhar com o público. E por intimo, eu falo de seu passado, sua infância e/ou adolescência, ou então a história de sua família. Grandes diretores realizaram esse tipo de longa nos últimos anos como Alejandro Gonzàles Iñarritú, Kenneth Branagh, Pedro Almodovár, para citar alguns, e agora chegou a hora de Steven Spielberg (um dos maiores diretores de cinema deste planeta) compartilhar com o público, de uma maneira mesclada de fantasia e realidade, um pouco sobre como foi o começo de sua paixão pela sétima arte, e como seis pais influenciaram, direta e indiretamente em sua formação cinematográfica.
'The Fabelmans' é uma carta de amor ao cinema hollywoodiano, é também uma carta de amor à sua família, é uma carta de amor também para si mesmo, mas acima de tudo, 'The Fabelmas' é uma carta de amor aos seus fãs, uma carta de amor para cada trabalho já realizado por Spielberg desde o seu primeiro, até o seu último antes deste.
O "Rei" dos Efeitos Especiais, das grandes histórias com grandes heróis, Spielberg agora traz seu filme mais pessoal, deixando os efeitos de lado, e nos mostrando o porquê ele é um dos gênios vivos da sétima arte, trazendo um roteiro simples, humano, apaixonante e repleto de esperanças.
'The Fabelmans' ganha justamente na família de Spielberg, seus pais e suas irmãs, são pessoas muito carismáticas, mega amorosos, obviamente cheios de defeitos, mas cada qual com o seu defeito peculiar, algo que reflete em sua personalidade. Nomeados como 'Fabelmans', e dando o nome de seu personagem como Sammy, Spielberg nos brinda com uma infância fabulosa, regado á novidade do cinema, graças ao longa "The Greatest Show On Earth" (um marco da época), e na sequência, com uma adolescência comum dos americanos... preocupação com garotas, problemas no colégio com valentões, fase revoltada com os pais, e o tão adorado sonho, algo que você percorre para alcançar no futuro, mesmo com todo mundo lhe dizendo não.
O roteiro de 'The Fabelmans' é incrível, ele te prende em tela por 2h30 sem cansar, você mal vê a hora passar, dada a fluidez de acontecimentos que sucedem o longa. Tanto Spielberg quanto Tony Kushner, souberam dosar muito bem o protagonismo de Gabriel LaBelle como Sammy, como também deram aos demais personagens os seus momentos de mostrar seus personagens em tela, e nos elucidar com seus medos, inseguranças, virtudes e visão da vida em geral. Nós praticamente não temos um personagem no filme que seja desinteressante, ou que não faça certas passagens do filme andar. A família 'Fabelman' foi muito bem escrita pelos dois, e os atores escalados os deixaram muito mais amorosos e apaixonantes para os olhos do público.
Temos algumas cenas muito boas de destaque, como a de Sammy recriando o take do Trem se chocando à carro, tirado do filme 'The Greatest Show On Earth', também a cena onde Sammy descobre na gravação da família na floresta, que sua mãe Mitzy está tendo um caso com Benny Loewy... a cena de Mitzy praticamente jogando na cara de Burt que o trai com Benny e que não consegue ficar longe dele... as cenas de Sammy no colégio exibindo o filme de férias aos alunos e tudo que se sucedeu depois...e principalmente a cena dele com sua 'namorada' na casa dela, onde ela ora por Sammy, mas na verdade né, ela queria... hilário!
Ainda temos a trilha sonora de John Williams, já velho parceiro de Spielberg de filmes idos, e mesmo que aqui não chegue a ser um de seus melhores trabalhos, é óbvio que o que John Williams faz neste longa, é uma trilha magnífica, usando a orquestra e a linha de violinos ao extremo, indo no âmago da emoção das cenas. Bárbaro par o que o filme pediu, e um encantamento que nos faz realmente experimentar o que eram aqueles tempos dourados e 'inocentes' da Hollywood antiga.
A fotografia também merece crédito, pois conta bem não só a história como um todo, mas evidencia o intímo mostrado em cena de cada familiar dos 'Fabelmans', desde Burt o chefe da casa, até às irmãs de Sammy que são exigidas pontualmente.
Acho que Gabriel LaBelle foi uma grata surpresa e segurou como nenhum outro ator conseguiria o protagonismo do filme. Sua interpretação como o jovem Sammy foi ótima, cresceu bastante nas cenas no colégio onde apanhava dos valentões, foi grande demais quando teve sua discussão com Michelle Williams por mais de uma vez, também foi muito bem quando contracenou com Paul Dano, e temos uma cena particular dele com sua irmã assistindo ao filme das férias do colégio, logo após Mitzy informar que vai abandonar a casa para viver com Benny.
Paul Dano e Michelle Williams estiveram tremendamente fenomenais como os pais 'Fabelmans', principalmente Michelle, que foi intensa demais em toda sua atuação no filme... o que foi aquela dança a noite com aquela camisola/vestido transparente? Que cena e que performance. Paul Dano foi bem, mas nada que o destacasse demais, acho que pelo que se exigia do personagem dele, Dano foi até mais do que esperavam e ele entregou o que sabe de melhor. Ainda tivemos Seth Rogen (de Pam & Tommy, ótima minissérie) como Benny Loewy, e Seth esteve bem, uma atuação mais padrão, sem muitas aberturas para improvisos, pelo menos da maneira como eu vejo.
No mais, eu acredito que 'The Fabelmans' é um filme que joga mais na segurança, não ousa demais, não se aventura em terras estranhas, tem um roteiro bem redondinho, nada fora do lugar, não traz nada de novo e/ou diferente do que Spielberg está acostumado a dirigir. Aqui temos uma junção de tudo o que ele fez em seus grandes filme, e ele mescla em um roteiro e uma ideia que praticamente é um afago à toda sua carreira, e um sonoro 'eu te amo' à sua família. Aqui temos inspirações de E.T O Extraterrestre, um pouco de Jurassic Park, Raiders Of The Lost Ark e algumas tomadas de câmera e ângulo vindas de 'Tubarão'. Ou seja, é uma mescla tão grande, do que ele já apresentou em sua carreira, que na minha visão o longa não traz nada de original ou novo, ou ousado, como 'West Side Story' foi, e humildemente acho muito, mas muito mais filme que 'The Fabelmans'. 'The Fabelmans' bebe muito da fonte de vários 'filmes biografia' que existem por aí afora, sejam de diretores que contam suas histórias, seja de diretores que contam a história de algum artista... o formato é o mesmo, o enredo é o mesmo, não há muito como fugir desse formato de longa biográfico.
No Globo de Ouro deste ano, o longa foi indicado a Roteiro, Atriz Drama para Michelle Williams, Trilha Sonora para John Williams e Roteiro. Levou dois prêmios, Diretor para Spielberg e Melhor Filme Drama.
No Critics Choice Awards, o longa foi indicado a Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Ator Coadjuvante para Paul Dano, Trilha Sonora, Roteiro Original, Melhor Elenco, Melhor Diretor, Melhor Direção de Arte e Melhor Fotografia. Levou apenas Melhor Jovem Ator/Atriz para Gabriel LaBelle.
No Satelitte Awards está indicado a Trilha Sonora, Atriz Drama (Michelle Williams), Ator Drama para Gabriel LaBelle, Ator Coadjuvante (Paul Dano), Direção de Arte, Roteiro Original, Edição, Diretor e Melhor Filme Drama.
No BAFTA foi lembrado apenas para Roteiro Original; No Sag's Awards levou duas indicações, Paul Dano em Ator Coadjuvante e Elenco em Filme, o principal prêmio da premiação.
Em minha opinião, não acho 'The Fabelmans' um longa para levar Melhor Filme no Oscar, ou em qualquer outra premiação, acho que a indicação é válida, mas no fim das contas, é um filme convencional, que você enxerga em tantas outras produções biográficas por aí afora. Nem mesmo Michelle Williams e Paul Dano, dois atores que gosto muito e sou fã, são favoritos para suas categorias, ou até mesmo John Williams... é um filme que está aí nas premiações, mais para se vender, e ir bem nas bilheterias, coisa que na América não foi muito bem assim. Porém acho que o roteiro foi muito bem escrito e idealizado e acho que briga em pé de igualdade com o roteiro de 'Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo' dos 'Daniel'.
No mais, assistam essa pérola emocionante do Spielberg nos cinemas, como ele mesmo agradece na introdução do longa antes de começar na sala de cinema, com um pequeno vídeo introdutório dele. É uma experiência única acompanhar essa película deliciosa do gênio, em uma sala cheia (ou quase) na tela grande, e ver a reação das demais pessoas, e a emoção que lhes causa.
"Aftersun" é o primeiro longa dirigido por Charlotte Wells, mais conhecida por fazer curtas, e já em sua primeira investida na tela grande, Charlotte trouxe um dos filmes mais intimistas, delicado e sentimental do ano. O roteiro é da própria Charlotte, e ela traz essa história de um pai, Calum, e sua filha, Sophie, que passam as férias hospedados em hotel na Turquia, e o filme trata desse relacionamento entre os dois. Sophie não mora com Calum, seus pais são separados, mas tem uma ótima relação, mas o que aparenta no filme, e isso não fica tão claro, é que Calum e Sophie não passam assim tanto tempo juntos, é uma coisa mais esporádica, e durante o filme, quando estão aproveitando o hotel, as férias, Calum e Sophie naturalmente são eles mesmos, sem estranhamento, sem medo de ser bobo na frente dos outros, eles são muito amigos, e ao mesmo tempo respeitam muito o espaço do outro.
O texto de Charlotte dá esse olhar romântico para uma situação do passado, pois vemos alguns flashes de Sophie adulta assistindo o filme que ela e Calum fizeram dessas férias, relembrando essa época inocente da vida dela, e mais uma vez o filme não deixa claro qual a posição de Calum no futuro de Sophie, já adulta com filho, casada... esse olhar romântico que Charlotte trouxe para o longa, para o texto, nos faz pensar e remeter ás nossas próprias lembranças do passado, da infância ou adolescência, nossa relação com nossos pais, e em que pé está essa relação no presente.
Sophie está apenas no seu 11º ano, com a puberdade aflorando, já se interessando pelos garotos, mais atenta aos detalhes do sexo, aos poucos se interessando em ser mais vaidosa, enquanto seu pai Calum, que está ajustando para abrir um novo projeto com um de seus colegas onde mora, tendo uma pequena crise de quase meia idade, pois não acredita que já está nos 30, e nem acha que vai chegar nos 40 (???), por mais que aproveite e curta seu tempo com Sophie nas férias, e isto é nítido, possui algo dentro dele, mas não se sabe... uma angústia, uma tristeza, uma culpa, um remorso? Emocionalmente ele não aparenta estar bem, e o fato de ser seu aniversário também, não o ajuda muito neste momento.
O filme tem menos de duas horas, e é intimista e delicado, Charlotte brinca muito com os closes, com expressões estáticas, muita fotografia, uma linguagem bem densa, os momentos onde Sophie e Calum estão juntos é onde o filme mais ganha, é muito gostoso vê-los brincando, gargalhando, se relacionando... mas as partes dramáticas do filme também se sobressaem, sendo muito ricas, pesadas, muita carga emocional, muita entrega dos dois protagonistas. E o filme realmente prende sua atenção, fazendo que você fique imerso naquele espaço de tempo que os dois estão compartilhando, e quando um filme faz isso, significa que tanto seu diretor, quanto seu roteirista acertaram em cheio na concepção da história e na transação para a tela. Como Charlotte fez os dois, essa mulher merece todos os créditos possíveis.
Paul Mescal é o protagonista Calum, e ele não está incrível no filme... Mescal está soberbamente perfeito como o pai de Sophie, não exagera no drama nas cenas mais comuns, não se mostra perturbado quando interpreta, tem uma química ótima com Frankie Corio, está engraçado, está desenvolto... Mas quando chega as cenas mais dramáticas de Calum... Deus, Mescal fica gigante, que interpretação deste homem... só a cena onde depois de ser surpreendido onde Cleópatra viveu e eles foram visitar, e no topo das pedras, Sophie e todos os visitantes cantam feliz aniversário para ele, e logo depois sutilmente a cena vai cortando para ele nu, sentado na cama, chorando copiosamente, desesperadamente, isso já era o suficiente para Mescal ser indicado em todas as premiações possíveis e imagináveis, porque essa é uma atuação que não se vê todo ano. E essa é só uma das cenas onde ele está acima da média.
Frankie Corio faz Sophie, e essa menina é um tesouro, que atriz sensacional, uma das ótimas revelações do ano que passou, traz uma naturalidade e uma personalidade para Sophie, sem igual, ela não só trouxe carisma para sua Sophie, como moldou à seu próprio modo, trazendo cores a mais para personagem. Com certeza, no texto, Sophie poderia ser mais simples, ou menos pomposa do que foi na frente da câmera, e isso é mérito total de Frankie que esteve relaxada, desenvolta e conseguiu uma química ótima com Paul Mescal e tanto as gravações como os personagens fluíram automaticamente.
Falando de Mescal, há ainda uma cena onde ele também nu, a noite, anda diretamente para o mar, que está bem turbulento, se perdendo no meio dele, dando até a impressão de que pode estar indo cometer suicídio... pode parecer uma cena nada demais, mas é uma cena fortíssima, de um personagem que carrega um drama pessoal não especificado no filme inteiro, e que engrandece ainda mais a interpretação de Paul no longa.
A trilha sonora do filme é um mimo a parte para quem cresceu na MTV dos anos 90 como eu, os mais novos, ou quem não curte rock alternativo, não vão achar nada demais e nem achar especial, mas quem for mais velho como eu, vai se deliciar com as faixas escolhidas para preencher o filme; Temos Blur com 'Tender' (a melhor faixa da banda na minha opinião), R.E.M e seu maior sucesso 'Losing My Religion', os "One Hit Wonder" do Chumbawamba com 'Tumbthumping' (o que essa música tocou nas rádios nos anos 90), All Saints com 'Never Ever' (sucesso na MTV no ano de 2000), Queen & David Bowie com 'Under Pressure' e ainda os "Barbie Girls" do Aqua com 'My Oh My'. Trilha PERFEITA.
A fotografia do filme é a coisa mais linda e densa de todo o longa, um trabalho espetacular de Gregory Oke, tanto nas cenas iniciais como no decorrer do longa, o trabalho de Oke só engrandece as cenas, os momentos e as interpretações do filme. Merece ser lembrado em premiações.
Produzido por Adele Romasnki (de trabalhos como 'Nunca, Raramente, Ás Vezes, Sempre', 'The Underground Railroad' e 'Se A Rua Beale Falasse') e Barry Jenkins (diretor destes três filme citados além do vencedor do Oscar 'Moonlight), 'Aftersun' foi aclamado por crítica e público e considerado por muitos dentro da indústria cinematográfica e público geral como o filme de 2022. Eu particularmente achei o filme sensacional, fiquei hipnotizado, mal vi a hora passar, e foi uma das experiências mais gostosas nessa temporada de premiações.
Está indicado no Spirit Awards de filmes independentes para Atriz Revelação para Frankie Corio, Melhor Performance Principal para Paul Mescal, Melhor Fotografia e Melhor Filme de estreia para Charlotte Wells; No Directo's Guild Awards Charlotte também levou a indicação para Filme de estreia; No Critics Awards (que acontece hoje a noite) levou indicação para Paul Mescal em Melhor Ator, Melhor Jovem Ator/Atriz para Frankie Corio e Roteiro Original para Charrlotte Wells.
Já no British Film Independent, 'Aftersun' foi o grande vitorioso levando os princpais prêmios: - Melhor Filme Britânico Independente; - Melhor Filme de Estreia, Melhor Diretor e Melhor Roteiro para Charlotte Wells; - Melhor Fotografia para Gregory Oke; - Melhor Edição; - Melhor Supervisão Musical;
Como sempre falo, se puderem, confiram o filme no cinema, uma experiência única e completa, muitas pessoas se emocionam com o filme e bacana ver as reações. Na sala que conferi, uma das moças chorou muito ao fim do filme, e acredito eu que o filme a tocou muito, talvez pelo fato de ter tido algo em sua vida pessoal relacionado ao seu pai ou aos seus pais. Isso são coisas que só uma sala de cinema pode proporcionar, esse compartilhamento de reações, sentimentos, experiências.
Mais uma Obra de Arte produzida pelo meu estúdio de cinema favorito...A24!
Primeiro eu preciso falar do Brett Morgen, o cara por trás de dois documentários que até hoje eu cometo o pecado de não ter conferido, 'Montage of Heck' sobre Kurt Cobain (ficou anos na Netflix e nada eu chegar perto) e Crossfire Hurricane dos Rolling 'fucking' Stones. Morgen é um diretor que tem inúmeros documentários no currículo, todos sobre músicos, e por mais que não tenha visto seus trabalhos anteriores, acho que este aqui pode ser o seu melhor trabalho da carreira em termos de documentário.
'Moonage Daydream' é um documentário à altura que o David Bowie foi em sua toda carreira... excêntrico, sagaz, lisérgico (como falaram aqui embaixo), teatral, psicodélico, grandioso, celéstico, faltam adjetivos para elogiar a forma como Morgen idealizou e visualizou este documentário.
Bem distinto dos documentários convencionais, aqui não tem aquele roteiro básico e universal, pegando o começo da carreira, a primeira assinatura de contrato, o estrelato e depois a queda e/ou a fase atual. Ao contrário, Brett Morgen montou seu documentário sem uma linha do tempo, sem depoimentos de outras pessoas e/ou celebridades, sem focar demais em um determinado momento da carreira, ou em alguma turnê por tempo demais, e sem destrinchar as construções das músicas. Na verdade Morgen pegou inúmeras entrevistas de Bowie durante a carreira, junto a imagens pessoais e profissionais de Bowie, e outras cenas originais, e montou um filme com uma narrativa fantasiosa, sobre um homem que pode ter vindo do espaço e despejou toda sua arte moderna em forma de música, pinturas, roteiros, mídia visual e por aí vai. É mais do que um documentário, é uma experiência surreal, de visual, sons, luzes, formas, música e arte como jamais vimos em filmes documentais como este.
E é aquilo, quem conhece o Bowie, já está familiarizado com seu trabalho, vai ter uma experiência com o filme muito prazerosa, um filme em rico em conteúdo e detalhes, nos mostrando toda a persona camaleonística de Bowie. Mas para quem não está familiarizado com a carreira do Bowie, as canções, o trabalho, a história, só o conhece por nome, melhor nem tentar ver. É uma viagem tão eclética e única de Morgen sobre o trabalho de Bowie, um filme tão único e diferente, que dificilmente alguém que não conhece o Bowie vai acabar gostando ou terminando de ver o documentário.
Conheci o Bowie com a MTV, lá em 97, e a cada mês e ano que passava eu conhecia cada vez mais sobre a carreira e o trabalho de Bowie no cinema, e cada vez mais conhecendo seus discos, músicas e clipes a fundo. Bowie é um dos músicos/artistas que mais gosto, mais respeito, mais me espelho, mais me inspiro e mais admiro. Acredito que os dois discos de Bowie que mais gosto são "The Rise and Fall of Ziggy..." que é atemporal, e 'Let's Dance' de 1983, que é um disco que gosto de cabo a rabo, com um Bowie mais dançante, uma fase que gosto bastante. São tantas faixas matadoras que tenho como preferidas de Bowie, que fica difícil citar todas... gosto demais de 'The Man Who Sold The World' (e também aquela versão Fodedora do Kurt no Acústico do Nirvana), 'Lazarus', 'Ziggy Stardust', 'Heores', 'Starman', 'China Girl', 'Modern Love'... Mas as três que estão no topo pra mim são: 'Ashes To Ashes', 'Let's Dance' e 'Rebel Rebel' (a última também conta uma versão sensacional do Johny Hooker nos estúdios do Canal Bis).
Pra mim, David Bowie foi um dos gênios da música contemporânea, junto com John Lennon, Little Richard,Louis Armstrong, Frank Sinatra, Pavarotti, Sex Pistols, Ian Curtis, entre outros. Assim como também o considero um dos maiores nomes da Arte contemporânea, ao lado de Mozart, Michelangelo, Da Vinci, Hitchcock, Spielberg, Bjork e por aí vai.
'Moonage Daydream' nesta temporada de premiações foi indicado a Melhor Documentário no Satelitte Awards e no Robert Award para Filme em Língua Inglesa.(Britânico).
Conferida obrigatória para fãs do Bowie, fãs de Música, fãs de Rock 'n Roll, e de arte em geral.
Na adolescência eu assisti "Romeo + Juliet" e achei o filme sensacional, aquele olhar moderno para uma novela Shakespeareana que todo o mundo conhece, com um visual eclético, uma trilha musical atual, enfim... adorei. Alguns poucos anos depois, conferi "Moulin Rouge" que não preciso falar nada, simplesmente uma obra prima moderna do gênero musical, surreal, lindo, apaixonante, incrível, e ali eu descobri que o diretor era o Baz Luhrmann, de "Romeo + Juliet" e eu simplesmente me tornei fã de um dos meus diretores favoritos, que tem esse olhar excêntrico nos filmes que faz, um olhar virtuoso, um olhar quase lírico.
Depois de tantas obras, ele retorna com mais um longa que desta vez é uma biografia em forma de fábula moderna... 'Elvis' é praticamente um espetáculo visual em termos de cenografia, figurino, caracterização, interpretação e carregado de dramaem suas mais de 2h30 de duração.
Percorrendo por toda a carreira de Elvis, desde o começo quando foi 'descoberto' vamos colocar assim, pelo coronel Tom Parker, até o fatídico dia de sua morte, o que Luhrmann foca em nos mostrar é em como Elvis de uma certa maneira era um rapaz mais tímido, apaixonado pela música, sonhador, e devotado à sua família, mas também ao mesmo tempo era um típico jovem rebelde, que enxergava em seu rock 'n roll, uma forma de se expressar, ao mesmo que era a grande paixão de sua vida.
'Elvis' começa um pouco confuso, uma mistura de fábula exagerada com a infância de Elvis, Coronel Tom Parker envelhecido parece mais um mestre de cerimônias em um parque de diversões alá Asilo Arkham... vai levar alguns minutos para o espectador se assentar no que está sendo apresentado e se contextualizar no que se quer contar da vida de Elvis. Porém logo o filme se encaixa, e daí para frente minha amiga(o), prensa sua respiração que você será hipnotizado pelo o que estar por vir. O longa segue um ritmo bem balanceado, entre muito drama e situações mais leves, ataques de fãs descontroladas e/ou excitadas (de tesão mesmo), à cenas intimistas e tenras de Elvis com sua mão e algumas como o Coronel Parker.
Luhrmann dá uma boa pincelada na vida de Elvis, e é claro que nem tudo está lá, há coisas que são deixadas de lado e outras que citadas e/ou mostradas bem rasamente, mas você terá uma boa ideia de como foi a carreira de Presley e como a América lidou com esse astro jovem em ascenção que dominou as paradas durante toda uma década.
Porém, Luhrmann foca mesmo na relação entre Coronel Tom Parker (Tom Hanks) e Elvis, e essa relação, essa 'parceria' digamos assim entre os dois é que permeia todo o filme, é a visão de Tom Parker sobre como ele gerenciou e 'cuidou' de Elvis, que é o carro chefe e fio condutor do roteiro do longa. Ele que foi condenado e responsabilizado por explorar Elvis fisicamente, mentalmente e, principalmente financeiramente, é quem nos narra a grande maioria das ações do filme, e nos dá um contexto geral do que Elvis pensava ou achava e do que estava acontecido naquele determinado evento de tempo..
Porém, o grande assunto do longa, o que faz ele ser grandioso, estrondoso e espetacular, é a GRANDÍSSIMA atuação de Austin Butler como o Rei do Rock. Austin no começo do filme está igual a Elvis na adolescência conhecendo o mundo da música, tímido... mas conforme o filme passa, ele entra mais e mais no personagem, ele vai adquirindo várias das facetas conhecidas de Elvis. Os trejeitos estão lá, milimetricamente performados, o olhar, a postura, e principalmente a voz.... COMO CANTA BEM Austin Butler, como a voz dele cantando é proximamente idêntica à de Elvis, o trabalho vocal dele para o filme, para o personagem, a forma como ele se entregou para performar Elvis... é surreal, uma atuação primorosa.
E o que não falta é cena para elogiar... a cena onde ele se apresenta em um estacionamento(?) onde a polícia acaba-o prendendo, onde o Coronel pede para que ele atue como o novo Elvis, sem requebrar a pélvis, e ele faz exatamente o oposto, e entrega para as(os) fãs o que eles realmente querem, e ele canta 'Trouble' da uma forma enfurecida, tomada por uma entidade que invadiu seu corpo, uma verocidade, e a câmera o capta no chão, entregando tudo, expelindo todo seu sentimento para com as coisas que estavam acontecendo na sua carreira naquele momento... que atuação. Outra, quando faz sua primeira apresentação no International Hotel em Vegas, e faz um show primoroso, Austin canta tudo naquela sequência, performa Elvis com uma perfeição sem igual, com todos os trejeitos conhecidos ali presentes, uma verocidade, uma entrega, praticamente igual ao que Elvis entregava em cada uma de suas apresentações, e um final de show apoteótico com Austin exausto, suado, não como aquilo ser maquiado ou arranjado, ali é nítido, pura atuação. Magnífico. Austin é alma do filme, é quem o leva nas costas, claro, ele funciona mais na fase Elvis jovem da década de 50, rebelde, Pelveador (acabei de inventar este termo), requebrador... do que nas fases mais maduras, como quando engatou a carreira de ator de cinema, e depois quando fez hospedagem no International Hotel de cinco anos, mesmo com maquiagem, penteado, talvez uns quilos a mais ali(???), você percebia que ele estava ainda muito jovial pra uma idade que já beirava os 40. Mesmo assim, Austin "Elvis" Butler irá te arrebatar com sua atuação digna de indicação ao Oscar, e me desculpe Rami Malek, que adoro de paixão, tem que cantar queridão... aqui ele mostrou que é assim que se faz um filme biográfico, você leva o talento do personagem e o seu ao extremo!
Tom Hanks está carregado de maquiagem no filme para dar vida ao Coronel Parker, e aqui ele está com uma atuação mais canastrão, mais debochado, obviamente o personagem pede isso, e Tom entrega o que já esperamos devido ao seu talento nato, um dos gênios da atuação dramática. Mas devo confessar que o que vemos aqui, é uma caricatura que já vimos e enxergamos em outros personagens de sua carreira, como Carl Hanratty, Mr. White, Viktor Navorski, Walt Disney e até Forrest Gump, um amálgama de todos praticamente, a traços bem detalhados nesta caricatura de Tom Parker... não achei algo muuuuito original, então considero que ele esteve razoavelmente bem no filme, fez o que lhe foi exigido e entregou com competência e com algo a mais.
O filme ainda conta no elenco com Olivia Dejonge como Priscilla Presley, Está muuuitíssima bem no filme Olivia, além de ser lindíssima, teve ótimas cenas dramáticas com Austin. Richard Roxburgh e Helen Thomson, como Vernon e Gladys Presley, os pais de Elvis. Alton mason e Kelvin Harrison, como Little Richard e B B King, respectivamente. Kodi Smit McPhee (Globo de Ouro por Ataque dos Cães) como Jimmy Rodgers. Dacre Montgomery (Stranger Things) como Steve Binder. Além dos músicos Gary Clark Jr e Yola.
Um outro destaque do filme, lá em seu final, quando Elvis (e não Austin) já bem acima do peso, abatido, exausto, mal se podendo ficar em pé, em sua última apresentação antes de falecer, canta 'Oh My Love' ao piano, suado, em uma apresentação sublime, poderosa, uma força da natureza, chega emociona, um verdadeiro Rei do Rock... isso era Elvis Presley, não entregava nada menos do que aquilo... nada menos, mesmo debilitado.
Da fotografia, à cenografia, aos figurinos, maquiagem e cabelo principalmente, som, mixagem, edição, o filme está competente em todos os quesitos, um trabalho caprichado, profissional e amoroso. Tirando algumas decisões de Luhrmann em como contar a história, algumas cenas mais estendidas e um foco moderado em algumas passagens no longa da carreira de Elvis, de resto o filme está impecável, alto nível, um entretenimento completo no nível que Elvis entregava em suas apresentações.
A trilha sonora é ótima, e confesso que no começo, quando li a notícia que Baz Luhrmann iria mesclar o som do Hip Hop atual, com as músicas de Elvis, e colocar algumas músicas originais no longa, eu fquei meio cético, achei que não seria uma boa ideia, e era um viagem meio desnecessária da cabeça de Luhrmann. Mas, como vivo errando na vida, subestimei a visão contemporânea de Baz Luhrmann, de como ele estava a frente de todos, enxergando essa coesão entre Hip Hop e a atitude rebelde de Elvis, seu jeito afrontoso de apresentar seu Rock 'N Roll, e em como algumas de suas canções se mesclavam bem com as batidas do Hip Hop, e em como isso casou perfeitamente com o que Luhrmann estava propondo com o filme. Só alguém visionário como ele para enxergar essa coesão e nos brindar com algo funcional... para calar a minha boca e nunca mais duvidar de sua genialidade e sagacidade, de um homem que jamais errou (Nunca deixem ele ouvir eu criticando 'Australia')
Neste momento em que escrevo, Austin Butler acaba de levar, merecidamente, o Globo de Ouro de Ator em Filme Drama, Fora isso o filme foi indicado no Globo a Filme Drama, Diretor para Baz Luhrmann. No Critics Choice Awards para Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Diretor, Maquiagem, Figurino, Edição, Direção de Arte Já no Satellite Awards para Melhor Ator, Filme Comédia/Musical, Diretor, Som, Edição, Direção de Arte, Figurino e Fotografia. E com certeza ainda levará mais indicações no BAFTA e nos prêmios da Academia.
Um filmaço, só isso... nível Baz Luhrmann que já esperamos dado seus outros longas de sucesso como os dois citados acima e 'O Grande Gatsby'. 'Elvis' entra no Top 3 de filmes do diretor fácil, mas não me atrevo hoje a montar esse pódio, isso leva meses a fio de profunda reflexão (risos).
E si, Austin já vira meu favorito para essa temporada de premiações, quero ver se Brendan Fraser o consegue bater em minha preferência. Para Filme, acho que 'Elvis' não terá força para brigar por nada, nem para Diretor, existem outros filmes na praça que devem vir com favoritismo maior para estes prêmios. Mas nas categorias técnicas, vem com força.
Em 2017 houve um movimento nos EUA chamado #MeToo, que dominou o Twitter, onde inúmeras mulheres pelo mundo se juntaram e tomaram coragem para expor os abusos emocionais e sexuais que sofreram por homens poderosos em vários âmbitos do sistema trabalhístico. Esse movimento explodiu e ao mesmo teve seu início logo após inúmeras atrizes conhecidas exporem que foram abusadas sexualmente por Harvey Weinstein, poderosos produtor de Hollywood que era dono da The Weinstein Company, e dado o seu poder e seu status em Hollywood, usava disto para assediar e até (veja só) estuprar algumas atrizes, modelos ou funcionárias de sua produtora. Dentre as atrizes que o denunciaram, estão nomes conhecidos que adoramos como: Gwyneth Paltrow, Léa Seydoux, Ashley Judd, Rose McGowan, Mira Sorvino, Angelina Jolie, Cara Delevigne, entre outras...
Esse movimento, o #MeToo, veio à tona graças ao artigo levantado pelas duas jornalistas do The New York Times (que dispensa comentários) chamadas Jodi Kantor e Megan Towhey, que reuniram inúmeras provas e vítimas de Weinstein, e expôs alguns dos abusos cometidos pelo Produtor no jornal, junto de alguns relatos citados oficialmente pela atriz Ashley Judd e por uma funcionária, Laura Madden, que, após a publicação e repercussão, deu coragem para inúmeras outras vitimas do produtor exporem também os abusos que sofreram.
É sobre todo o trabalho que foi feito para se levantar esse artigo, as provas, a procurar pelas vitimas, os testemunhos e as quebras de silêncio por parte de alguns funcionários da produtora, que o filme trata... encabeçados pela dupla protagonista Carey Mulligan (que eu amo) como Megan Towhey e Zoe Kazan (ótima) como Jodi Kantor.
Há de se exaltar o trabalho das duas jornalistas e da equipe do 'The New York Times' por levantar todas as questões e testemunhos das vitimas, contra Weinstein, fora toda a pressão que as duas jornalistas sofreram para concluir o artigo, sem mencionar algumas das vitimas que também foram pressionadas e abusadas emocionalmente, quando resolveram ajudar Megan e Jodi no caso. Se não fosse esse trabalho esplêndido, competente, e corajoso de Megan e Jodi, muita coisa nas leis trabalhísticas envolvendo assédios contra mulheres não teriam mudado, não só na América, mas como nu mundo inteiro (mesmo que no resto do mundo, de uma forma bem parcial).
Já tratando sobre o filme, ele é bom, é decente, é honesto, foi muito bem dirigido por Maria Schrader (de O Homem Ideal) e conta bem como foi todo este processo para montar o artigo e todos os caminhos percorridos pelas jornalistas. Porém, o filme peca em duas coisas, e uma delas é o roteiro... Rebecca Lienkiewicz (de Colette) foi quem escreveu o roteiro do filme, e aqui ela tentou duas coisas, mesclar os problemas pessoais que as protagonistas passavam, com o andamento e a pressão que as mesmas sofriam do artigo que elas estavam investigando sobre Weinstein. Ela dá uma pincelada que Megan está com um quadro de Depressão pós-parto após ter seu primeiro filho, e também em Jodi Kantor que não tem tempo disponível o suficiente para suas filhas e seu marido. Mas fica só no campo da pincelada mesmo, isso se perde logo após a primeira meia hora de filme, focando mesmo em toda a construção do artigo... isso poderia atrapalhar o espectador a criar uma ligação com as protagonistas pela falta de aprofundamento em suas relações pessoais e emocionais, porém, toda a coragem das mesmas em ir a fundo nas investigações dos abusos nos ganham durante todo o filme.
O segundo ponto que o filme peca, é em sua edição, não é aquela coisa "Nossa, como é mal editado", mas deixa bastante a desejar. Há cenas que o corte é tão abrupto e/ou tão mal executado, que dá até aflição de acompanhar algumas cenas, chegando a parecer aqueles cortes que a Globo fazia nas 'Sessões da Tarde' da vida, para fazer o filme caber dentro do horário definido na grade da emissora. Não chega a atrapalhar a experiência do filme, mas é nítido em tela que foi mal conduzido a edição de algumas das cenas do filme, que realmente não fica uma coisa bacana no produto final, ou corte final do longa.
Carey Mulligan está muito bem no filme, eu que sou fã de carteirinha dela desde "Não me Abandone Jamais", é sempre um colírio vê-la em cena, interpretando ainda uma personagem tão forte como Megan Towhey, que estava lidando com um quadro de Depressão Pós-Parto, e ao mesmo tempo mergulhando fundo nas investigações e montagem do artigo que derrubaria um dos maiores nomes de Hollywood dos últimos anos. Mulligan está indicada no Globo de Ouro deste ano por Atriz Coadjuvante, e até vale a lembrança. Acho que é um trabalho competente de Mulligan, algo que está em seu nível, que ela entrega com muita profundidade e dedicação, o que se espera de uma atriz do estirpe dela. Não é, obviamente, nada á altura de sua atuação em "Promissing Young Woman" (onde ela merecia mais prêmios), mas pelo menos no Globo vale a lembrança.
Já Zoe Kazan está incrível como Jodi Cantor, como acompanhe quase nada da atriz até hoje, não posso vir afirmar que é seu melhor papel, mas afirmo que ela foi uma protagonista de mão cheia no filme. Sua atuação foi ótima, ela deu força a sua personagem, presença, personalidade, sentimento, foi realmente de encher os olhos. Zoe Kazan virou mais uma na minha lista de atrizes favoritas, e deveria ter sido lembrada em algumas premiações pelo menos como Melhor Atriz, mas nessa hora uma atriz que não tem nome fica difícil angariar uma lembrança, afinal, tudo é um jogo de tapa nas costas em Hollywood. (Uma curiosidade é que Carey Mulligan é casada como vocalista da banda Mumford & Sons, e Zoe Kazan desde 2007 é casada com ninguém menos que Paul Dano, um dos meus atores favoritos...)
O filme ainda conta com o figurinha carimbada em séries Andre Braugher, a já premiada e consagrada Patrica Clarkson (de Six Feet Under e Vicky Cristina Barcelona), ambos como editores chefes do jornal 'The New York Times'. Jennifer Ehle como Laura Madden, a primeira a confirmar seu testemunho contra Weinstein como oficial para o artigo do jornal. Ela esteve ótima no papel. Samantha Morton (a Alpha de The Walking Dead) fez Zelda Perkins, uma das funcionárias da Miramax que sofreu abuso de Weinstein. Ainda temos Tom Pelphrey, da série da Netflix 'Punho De Ferro' como o marido de Megan. A atriz Ashley Judd, que sofreu abuso sexual de Weinstein, está no filme como ela mesma, e Gwyneth Paltrow apesar de não aparecer no filme liberou sua voz para compor os momentos em que ela foi procurada pelas jornalistas.
Produzido por Bard Pitt e Dede Gardner, o filme ainda tem por enquanto, mais duas indicações para Roteiro Adaptado no Critics Choice Awards e no Satellite Awards. Como já mencionei, não considero o roteiro tão bem elaborado assim, ele conta bem a história, de fato, mas pecou em se aprofundar mais nas questões pessoais das protagonistas e como elas lidavam com isso ao mesmo tempo que investigavam as vitimas de Weinstein para montar o artigo que viria a ser publicado. Acredito que essas indicações que vieram e podem vir mais, em Roteiro Adaptado, seja mais para exaltar um filme baseado em um momento tão importante da visibilidade da importância das questões feministas e a ascenção da representatividade na sociedade moderna em todos os âmbitos. Porque para mim, é um roteiro bem comum.
Vou chutar aqui, indo pelo gosto coletivo, que uma das coisas mais difíceis no cinema, é entregar um filme sobre política, lotado de longas e longas falas, que seja bom, incrível, soberbo, que prenda a atenção do espectador que você mal pisca... chute meu. Como eu já gosto de cinema como um todo, e tenho afeição por diversos assuntos que são transformados em filme, assim como política, esse filme me pegou de uma maneira mais que o convencional.
'Argentina, 1985' consegue essa proeza de manter a atenção do espectador presa á tela, por ter um roteiro muito bem escrito, redondo, sem idas e vindas, sem cansar o espectador (depende, é claro) e de ter a competência de possuir um elenco afiadíssimo e talentoso, que nos entrega uma película que honra um dos momentos mais importantes da democracia dos hermanos Argentinos.
O filme dirigido por Santiago Mitre aborda o histórico julgamento dos promotores acusadores Julio César Strassera e Luis Moreno Ocampo, contra os militares Argentinos que durante a ditadura no país, assassinaram mais de 1000 pessoas, torturaram, sequestraram e humilharam pessoas contrárias ao atual governo e até então estavam impunes, sendo considerados heróis de guerra por parte da população comunista Argentina. Essa história real que aconteceu naquele ano, fez com que em um ato inédito na história do país, militares de guerra fossem julgados por crimes cometidos contra a pátria, e Strassera e Ocampo, foram os promotores responsáveis por juntar provas, trazer testemunhas e vítimas dessa atrocidade convencer, elucidar e provar os jurados e a bancada regedora, de que aqueles militares eram nada mais nada menos que assassinos frios, que agiram contra a pátria, e que merecem pagar pelas atrocidades cometidas em nome do poder.
O filme é ótimo, matador, traça muito bem, sem fazer o espectador se perder durante suas 2h20 de duração, todo caminho que Strassera e Ocampo tiveram que percorrer para acusar os militares. O grupo de jovens que reuniram para fazer parte deste julgamento e correr atrás das provas e ir em buscas das pessoas que foram vítimas durante a época da ditadura. Com ótimos cortes entre as cenas, boas explicações sobre o cenário atual político e social argentino, atuações mais que competentes tanto do elenco principal, como dos coadjuvantes que engrandeceram o longa, além da incrível direção de Santiago Mitre que traçou uma coesão notável entre texto e ritmo, soube dividir bem os momentos do filme e em todo o momento do longa nos mantêm presos no desenrolar dos fatos e atualizados cobre o que está acontecendo e as explicações palatáveis do que está sendo dito e explicado pelos personagens do filme.
A ditadura Argentina foi algo hediondo, desumano, nojento, pessoas arrancadas de suas casas, sequestradas, torturadas, obrigadas a entregar parentes e amigos que sofreram a mesma agressão, e pior, desapareceram e há anos e seguiam sem ser encontradas, ou seja, potencialmente haviam sido mortas. Mulheres foram humilhadas e estupradas, crianças ficaram órfãs, muitos homens que foram sequestrados foram torturados apenas por diversão, apenas para serem obrigados a falarem palavrões, ofender a própria mãe e denegrir sua sexualidade, para satisfazer a comédia dos membros do exército argentino ignorante.
Um dos mais impactantes e emocionantes testemunhos neste julgamento, veio da mulher que foi sequestrada ainda grávida, de seis meses, e levada pelos militares da ditadura, onde ela era torturada neste estado enquanto encarcerada. Quando chegou o momento de seu parto, ela na parte de trás de um dos camburões da polícia militar argentina, algemada com os braços para trás, teve que dar á luz sem ajuda de nenhum militar que estava ao seu lado, sendo ameaçada, assim como seu pequeno infante. Depois de dar à luz nestas condições, teve a placenta amarrada, não foi permitida segurar sua filha recém nascida nos braços, e ainda foi levada para uma das bases militares, onde teve que limpar o chão, nua, com esponja e balde d'água, e só então, lhe foi permitida segurar sua filha...conseguem imaginar? A dimensão e o tamanho que é um cenário de Ditadura, sem liberdade de expressão, de ir e vir, de pensar, de escolher, de decidir, de viver... de parir!!! Um absurdo sem tamanho, qualquer político no mundo, apoiar e exaltar uma situação ou condição destas!
Tanto Ricardo Darín como Peter Lanzano estão impecavelmente sovervos como Strassera e Ocampo, respectivamente... atuações pontuais, certeiras, vorazes, principalmente Darín, que esteve um monstro em cena, uma concentração e uma entrega absurda para fazer a melhor versão de Strassera que fosse possível. Todos os atores que fizeram os personagens que davam seu testemunho no julgamento, foram imensamente ótimos, cada um se entregou ao máximo para expor os sentimentos de seus personagens. Tanto Antonia Bengoechea e Santiago Armas, que fizeram os filhos de Strassera, estiveram muito bem em cena, e dou um destaque especial ao Santiago Armas por todas suas cenas junto a Darín como Strassera, ajudando o pai no caso e dando também apoio moral... garoto incrível em cena.
'Argentina, 1985' possui uma trilha sonora ótima, com canções argentinas consagradas, um tema final que casa com o tom de vitória do julgamento enquanto rola os créditos finais... A música é de Pedro Osuna, mas teve supervisão e auxílio de nada mais, nada menos que Michael Giacchino, que dispensa apresentações. O longa também é rico em direção de arte e cenografia... de longe a melhor que vi nos últimos tempos, retratando fielmente os cenários e objetos da década de 80 na Argentina. Dos locais reais onde se passaram os acontecimentos na época, ao objetos oitentistas como o telefone de círculo, os orelhões, abajures, as máquinas de escrever, os jornais, a televisão tubo e seus controles quadradões... incluindo ainda o figurino do filme que está idêntico ao que os personagens usavam naqueles acontecimentos reais em 1985. Trabalho soberbo nestes quesitos, riquíssimo, de dar orgulho ao cinéfilo e encher os olhos de quem assiste.
O filme teve o diretor e roteirista Santiago Mitre como produtor junto a Ricardo Darín e Victoria Alonso, Victoria é produtora executiva de todos os filmes da Marvel Studios, desde Homem de Ferro como Co-Produtora, e Executiva desde Vingadores 1. Victoria também é Argentina de Buenos Aires. Ela é figurinha carimbada em todos os tapetes vermelhos das pré-estreias dos filmes do MCU presentes no Youtube.
'Argentina, 1985' esteve na seleção oficial do Festival de Veneza, e ganhou o prêmio dos críticos de filme Internacional. Além disso o longa está indicado a Filme Estrangeiro no Critics Awards, Globo de Ouro e Satellite Awards... com grandes chances de também levar essa indicação no BAFTA e no Oscar. Para mim pessoalmente, é um dos grandíssimos favorito para levar este prêmio nas 3 premiações citadas onde está indicado, faltando eu conferir os demais indicados ainda, já vejo o longa de Santiago Mitre saindo na frente... É um filme que tem alma, personalidade, é emocionante e tem uma das melhores cenas vinda de um filme do ano passado, que é a leitura da acusação de Strassera contra os militares, que dura ali uns 7, 8 minutos da leitura da acusação, onde ele termina de uma forma emocionante, heroica e histórica, dizendo: "Senhores juízes, Nunca Mais"... toca na alma com força!!!! Por enquanto já é meu favorito! Vai ser difícil algum outro filme estrangeiro roubar este posto, talvez 'EO' que preciso conferir pra ontem.
Um Filmaço, pessoas, com F maiúsculo, vou torcer muito para concorrer e quiçá, vencer no Oscar e BAFTA, se você gosta de política e/ou se interessa por fatos históricos, por favor, assista, é um colírio aos olhos. Se política e fatos históricos não for seu lance e seu interesse, o filme lhe será cansativo.
PS: Ricardo Darín bem que podia ser indicado a Melhor Ator em alguma premiação, que surpresa agradável seria e se ganhasse uma histórica indicação ao Oscar, ou uma nomeação no BAFTA. Ele precisava ser lembrado nessa época de premiações para ficar registrado sua magnífica performance como Julio Cesar Strassera, herói Argentino na época.
Uma coisa que eu admiro bastante nos diretores é a forma como o seu novo filme é completamente diferente do seu filme anterior, não só em termos de tom, seja comédia, terror, drama ou ficção científica, mas em termos de filmagem, de ponto de vista, de texto, o tipo de história que está sendo contada, como está sendo contada e de que forma ela será montada para o espectador poder conferir. Depois de "Marriage Story", que também é um original Netflix, Noah Baumbach apresenta "Ruído Branco", uma espécie de Humor Negro Dramático, adaptado da obra prima de Don DeLilo.
É claro que não bastou olhar muito por aí a fora para constatar que o filme não agradou boa parte do público, pegando melhor aos críticos, mas não todos... e confesso que o filme realmente não é para qualquer um, o texto é ácido e perspicaz, tem que olhar a fundo nas entrelinhas, comprar a ideia, mergulhar de cabeça na loucura que é a caminhada da família Gladney. O foco no filme é absorver o texto, e se aprofundar na crise existencial e mortal que Jack e Babette se encontram, e não se preocupar no sentido do filme ou no final que ele possa entregar. É nesse ponto que muita gente vai acabar não gostando do filme... o filme não é de entendimento e sim de debates e ideias das questões levantadas no longa, e muita gente não vai se afeiçoar ao que não está entendendo. Ele também não entrega um final condizente, um ponto final, uma resolução para o que se acompanhou em mais de duas horas... o que fará muita gente torcer o nariz para algo que não lhe trouxe conclusão.
Eu particularmente adoro os filmes onde o roteiro nos traz uma bagunça existencial, e como o filme é calcado no humor negro, tem esse lance que gosto de um texto ácido, comportamentos fora do padrão, e eles estão alinhados a um texto riquíssimos em detalhes e ensinos sobre assuntos do mundo, das pesquisas, você pode aprender bastante coisa com os filhos de Jack e Babette.
Divido em três partes, o longa de Noah Baumbach traz a família Gladney, funcionalmente desfuncional, que moram numa pequena cidadezinha americana que acaba sendo acometida por um acidente químico letal entre um caminhão e um trem. Jack, que é professor e tem todo um estudo baseado no Hitler, e Babette que sofre de um medo notório da morte, assim como Jack, têm quatro filhos, o menor é deles, os outros três é de outro casamento dos dois. A primeira parte do filme é sobre esse estudo do casal, onde conhecemos o medo que cada um tem de morrer primeiro que o outro, do vício dos dois, da rotina da família, de como os filhos são sagazes e inteligentes, principalmente Heinrich, o cabeça da família... e como cada um na casa tem uma ideia de como funcionam as coisas internamente, externamente e como lidam uns com os outros. A segunda parte é focado no acidente e como ele se espalhou pela cidadezinha, e como os Galdney lidam com este incidente, ao mesmo tempo que fogem de carro buscando abrigo nas estradas engarrafadas. Não tem nada de muito sobrenatural no incidente, nem na chuva negra, nem nas nuvens roxas, e todo essa parte lembra muito o isolamento causado pela Covid 19, a falta de informação, o governo e suas poucas explicações, a proteção facial, e por aí vai... a parte que mais me atraiu no filme. A terceira e última parte, já foge do incidente, aparentemente controlado, e foca exatamente no discurso principal do longa... o medo de morrer, da não existência, do fim de todas as 'cousas'. É sobre isso que o filme é, é disso que ele trata, é o que move Jack e Babette durante todo o filme, é o cerne de suas ações, de seus pensamentos, de seus segredos... Todo mundo tem medo da morte, e cada pessoa lida com isso da forma que acha mais honesta... todos se questionam se será o fim da existência, se há uma continuação no além, no pós vida, como será, como que é, teremos forma, não teremos. O quão isto pode deixar uma pessoa paranóica, a ponto de distorcer toda sua realidade para afugentar esse pavor, esse medo ou angústia de que o fim estará próximo e não se quer passar pela experiência, ou ter o mesmo pavor em perder alguém que se ama tanto.
Quando se tem um olhar mais clínico sobre o assunto, sobre o que está sendo abordado, q em como isso retratado em forma de película dentro de uma história com textos fortemente existenciais e que abordam os mais diversos pontos científicos e naturísticos da existência humana, o filme será mais que interessante para o espectador, será um prato cheio, um deleite para ficar se indagando por dias ou horas sobre o que o filme se propôs a debater, a mostrar... é um assunto riquíssimo e que gera horas de conversa. Porém, quando se olha para o longa apenas como um filme, comum, que deve entreter, deve entregar conteúdo, sentido, ser direto, ter coesão, ter conclusão, aí muitas pessoas estranharão, se cansarão, reclamarão, vão achar o filme meio sem pé nem cabeça... afinal, e isto é verdade, o filme é mais para quem é cinéfilo mesmo... gosta do debate, das mais diversas formas de se fazer um longa, de se contar uma história, de se adaptar um texto. Quem achar o filme chato, ruim, nada a ver, não está errado, o filme não é pra todo mundo, e por seu um original Netflix, que atingirá MUITA gente, até os que não são tão apreciadores de filmes no geral, querem só se entreter, ele irá causar uma estranheza e um afastamento que é até entendível.
Com Adam Driver como protagonista, repetindo a parceria de "Marriage Story" com Baumbach, que faz uma atuação bem teatral e no nível que se espera de Adam; e Greta Gerwig (diretora de Adoráveis Mulheres e do vindouro filme da Barbie, que também tem colaboração de Noah Baumbach) que traz uma atuação segura, durante boa parte do filme, intercalando entre drama e comédia... são os dois que seguram mais o longa, junto de seus filhos interpretados pelas crianças Sam e May Nivola, Heinrich e Steffie respectivamente... além de Raffey Cassidy, que faz Denise e está ótima quando está em cena com Adam. O longa ainda tem Don Cheadle no elenco, que entrega aquela atuação chique, um cômico requintado, num nível de atuação que Don sempre entregou na série 'House of Lies'. Além de ter André Benjamin, o Andre3000 da extinta dupla 'Outkast' (sim, aquela do Hey Ya!). Eu destaco além deles, Barbara Sukowa, que fez a Irmã Hermann Marie no finalzinho do filme, achei aquela atuação soberba, magnífica, digna de indicação ao atriz coadjuvante se fosse o caso... belíssima atuação dessa ótima atriz.
O filme de Noah Baumbach, talvez por ser assim tão difícil de digerir, não foi muito lembrado nessa temporada de premiações... participando do Leão de Ouro e do Festival de Veneza, o filme foi indicado ao Globo de Ouro na categoria de Ator Comédia/Musical para Adam Driver e no Critics Awards em Canção Original para "New Body Rhumba" do músico LCD Soundsystem (mais alguém gosta?).
Aliás, essa sequência final do filme, com os créditos na tela, dentro do supermercado, com todo o elenco do filme, ao som de LCD Soundsystem foi genial...pra mim, isto é cinema da melhor categoria, arte pura e riquíssima, ótima sacada e muito bem filmado, a música é ótima e encerrou bem o longa.
Tem um ritmo que pode não agradar? Tem. É bem difícil pro público abrangente? É. É um filme ruim? Depende de quem assiste. É um filme bom? Depende de quem assiste. É um bom trabalho de Noah Baumbach? Depende de quem assite. Você gostou? Depende de quem pergunta. É cinema? É...moderno.
Em 2019, Rian Johnson havia lançado nos cinemas seu mais novo filme 'Knives Out', onde o maior e mais famoso detetive do mundo, Benoit Blanc, conhecido por resolver casos e mistérios, dos mais complicados aos mais sórdidos, havia sido contratado para desvendar o mistério de quem assassinou Harlam Thrombey. Ao lançar este filme, escrito e dirigido pelo mesmo, Rian pegou o mundo de surpresa e agradou crítica e público com um filme de mistérios e num ritmo ótimo, boa dose de humor e um elenco estreladíssimo, onde todo mundo teve seu tempo de tela de forma honesta. Tendo ganhado o Satellite Awards de Melhor Elenco, Rian ganhou aval para produzir a continuação de um dos melhores filmes daquela época de premiações. E Essa continuação, desta vez, veio sob a tutela da gigante Netflix, que comprou os direitos de distribuição do longa de Rian Johnson. E posso dizer que este é o único defeito que 'Glass Onion' tem... fazer com que o público o aprecie na sala de casa, ao invés de uma sala de cinema com todos rindo e aproveitando de um ótimo roteiro e uma continuação infinitamente melhor que o primeiro filme.
'Glass Onion' traz Benoit Blanc resolvendo um novo caso, um gênio bilionário que possui um círculo de amigos influentes auto denominados 'Os Disruptores', que se encontram anualmente sob a tutela de Miles Bron, o gênio bilionário', que propõe um joguinho em sua ilha particular na grécia... seus amigos precisam descobrir quem é seu assassino, durante os três dias que ficarão lá de férias. Mas é só uma brincadeira, é claro, coisa de rico... porém, um assassinato realmente é cometido neste dia, com todos na sala, e a partir daí, Benoit Blanc, que não sabe porque foi convidado para esta colônia de férias extravagante, precisa descobrir o que se passa e quem é o assassino entre eles.
Assim como no primeiro, está NA CARA quem é o responsável pelo crime, o texto entrega, as conversas entre os personagens entrega, eu mesmo já estava a um passo de admitir quem era na cena da piscina, mas assim como no primeiro filme, eu deixei passar, entretido com a história, e fui burro novamente em não descobrir na primeira meia hora de filme quem era o assassino, o responsável por aquilo, antes mesmo do crime ser cometido. Aprendi minha lição com o primeiro filme e vim preparado para prestar atenção nos detalhes e no texto para pegar o quanto antes... e falhei miseravelmente. Mas que gostoso foi a experiência de conferir mais um mistério para ser resolvido por Blanc.
A continuação é ótima, perfeita, humor na medida certa, bem cômico que seu antecessor, 'Glass Onion' abraça a comédia e os textos ácidos e os personagens espirram conotações da cultura pop atual a torto e a direito. E aí neste caso, o espectador precisa estar antenado a tudo que acontece no mundo, de música de todos os estilos, aos filmes famosos e mais cults, das obras de artes, às celebridades do momento e do passado, para pegar todas as referências a cultura pop atual e passada que os personagens comentam, e é gostoso demais reconhecer cada uma delas... pra mim é muito gratificante, já que tenho vasto conhecimento da cultura pop, humildemente falando, é claro.
De ótimas esculturas de gelo, a uma ilha paradisíaca na grécia, da Glass Onion no topo da mansão de Miles ao piano transparente, do mega automóvel no terraço, à Mona lisa que na verdade é uma cópia, mas no filme é a verdadeira... 'Glass Onion' traz outra conjuctura visual que diverge totalmente do filme anterior e traz um novo tom para este longa, mais solto, mais cômico, onde ao mesmo tempo que não se leva a sério, nos contextualiza no mundo real. Grande foi a sacada de Rian Johnson em fazer com que o filme se passasse no meio da pandemia, com máscaras e sprays substituindo as vacinas e tudo mais.
Já o elenco, novamente, somente os pesos pesados para abrilhantar o longa: - Edward Norton (Clube da Luta) é Miles Bron, o Gênio metido a besta, que convida todos seus amigos para a olha paradisíaca na Grécia. Está ótimo, bem charlatão. - Dave Bautista (Guardiões da Galáxia) é Duke Cody, famoso Streaming da Twitch. Atuação nível Dave. - Janelle Monaé (cantora), ela faz Andi Brand, e está sensacional no filme, matou a pau, uma atuação sem igual, estava inspiradíssima, trouxe uma dramaticidade que nem era tão exigida assim no roteiro. Perfeita. - Kathryn Hahn (WandaVision) é Claire Debella, tem aquela atuação base que só ela consegue entregar, de uma mulher desesperada a ponto de ter um colapso, morrendo de medo, ótima, sensacional...amo a Kathryn de paixão, sou fanzaço dessa mulher. - Leslie Odom Jr. (Hamilton), ele é Lionel Touissant, Leslie é o dono da Pirwy@ toda, o cara escreve, dirige, compõe, canta, atua, dança... aqui ele é mais humilde e faz só o papel dele e pronto, já está de ótimo tamanho, e ainda assim deixa sua marca. - Kate 'Fucking' Hudson é Birdie Jay, ex musa do ramo da moda, não tenho nada a acrescentar de Kate, a mulher que fez nada mais nada menos que 'Quase Famosos', filme cult atemporal de rock... ela ARREBENTA neste filme, pra mim, digno de indicações a coadjuvante. - Jessica Henwick (Punho de Ferro da Netflix) é Peg, assistente de Birdie Jay, gosto demais da Jessica atuando. - E, é claro, Daniel 'Bond' Craig, como Benoit Blanc, muito melhor que no primeiro filme, mais solto, mais cômico, mais astuto, um Tony Stark ás avessas.
Fora todo esse elenco, ainda temos Madelyn Cline e participações bem especiais de Hugh Grant, Ethan Hawke, Angela Lunsbury, Stephen Sondheim, Noah Segan e Jackie Hoffman (de Only Murders in The Building), além de uma rápida aparição de Serena Williams, bem sem graça, e a voz que faz o barulho DONG que fiz as horas na mansão é de Joseph Gordon Levitt, que dispensa apresentações.
Uma trilha sonora ótima, um pouco repetitiva, mas ótima, canções incríveis como The Beatles (com a canção Glass Onion que eu não conhecia, vivendo e aprendendo hein) David Bowie, e com direito a Edward Norton tocando Blackbird e Chili Peppers no violão.
Como disse, o pecado do filme mesmo está em não estar sendo exibido na sala de cinema assim como foi o primeiro. É um filme tão divertido com situações tão cômicas e curiosas, um mistério a ser resolvido e uma diversão tão garantida, que não acompanhá-lo em uma sala cheia ouvindo a reação de inúmeros estranhos, junto a sua, é de um desperdício de experiência cinematográfica que chega dói. Esse é o único mal que a Netflix traz, quando acerta em, produzir um filme ótimo como esse, ele se limita a ser assistido na sala de casa. Pinocchio de Guillermo Del Toro se encontra em pouquíssimas e limitadas salas de cinema, assim como 'Ruído Brando' de Noah Baumbach também está em uma ou duas salas de cinema, sendo que estreia na Netflix neste dia 30 ainda. Mas infelizmente, "Glass Onion", pelo menos aqui no Brasil, está exclusivamente no catálogo do streaming, sem passar pelas salas de cinema.
Por enquanto, 'Glass Onion' está indicado no Critics Awards por Elenco, Comédia, Roteiro Adaptado, Figurino, Filme Comédia/Musical e Atriz Coadjuvante para Jonalle Monaé. No Globo de Ouro por Filem Comédia/Musical e Ator Comédia/Musical para Daniel Craig. Além de concorrer no Satellite Awards por Roteiro Adaptado, Filme Comédia/Musical, Ator para Daniel Craig e Atriz para Janelle Monaé.
Só assistam, porque Benoit Blanc veio pra ficar. Parabéns Rian Johnson, mais um ótimo filme entregue no final do ano.
Existe um ofício em Hollywood, e no resto do mundo, no ramo cinematográfico que pouca gente dá atenção e acredito que uns 98% do público sequer se preocupa em dar uma olhadinha... o montador de elenco. Esse profissional é crucial para você poder abocanhar os principais nomes em termos de atuação para o seu projeto, ou então conseguir a pessoa que eles consideram perfeita para o papel, estrela ou não, e convencê-lo(a) a acreditar no projeto e mergulhar no papel oferecido. Muitos estúdios são feras em trazer os principais e melhores nomes para trabalhar com eles, como Universal, Sony e a poderosa dos últimos 10, 12 anos, a Disney/Marvel Studios. Vide o trabalho excepcional que Victoria Alonso faz por lá.
Em "The Good Nurse", filme original Netflix, podemos ver que o trabalho foi mais do que bem feito, foi perfeitamente bem conduzido, afinal, conseguiram a proeza de trazer nada mais nada menos que dois atores oscarizados... Jessica Chastain (Deusa na terra) e Eddie Redmayne (ator com A maiúsculo). E o que me intriga foi, como conseguiram convencer dois atores mais que competentes, que entregam nada mais do que 100% da competência nos longas que filmam, a participar de um filme com um roteiro tão pobre como este.
Porque o salva mesmo neste filme, é apenas a interpretação de Jessica e Eddie, eles entregam uma atuação que sequer é exigida no roteiro, uma atuação mais que acima da média, estão comprometidos demais com os personagens, que tem pouco a mostrar na história tecida, devido ao roteiro sem vida e sem alma.
O roteiro do filme não tem nada... porque nada acontece no filme: Chastain faz Amy, que é uma enfermeira com uma doença no coração, e que sem plano de saúda precisa trabalhar até conseguir ter um plano, e é enfermeira noturna e faz muito bem sua profissão. Já Redmayne faz Charlie Cullen, enfermeiro que já passou por inúmeros hospitais e sempre mata seus pacientes usando insulina e outros medicamentos em pouca dosagem na bolsa de soro dos pacientes. É uma história real, e Charlie, que cumpre mais de 20 prisões perpétuas, pode ter matado mais de 300 pessoas em hospitais dessa maneira, apesar de ter assumido a culpa em cartório de apenas 29 delas.
Nada acontece no filme, não tem suspense, tem um pouco de nada de drama, nenhuma cena de impacto, ou que te prenda, nenhum acontecimento mais tenso é construído. Apenas vemos Amy e Charlie fazendo amizade, então ela descobre o que ele fez nos outros hospitais, ele é preso, não quer confessar, ela consegue arrancar a confissão, ele é condenado e fim. Resumi o filme. Eu nunca assisti um filme tão pobre de roteiro.
Ktystyn Wilson-Cairns é a roteirista do filme, baseado no livro homônimo, e ela realmente de duas uma: ou fez um trabalho fraquíssimo, ou não tinha muito o que fazer para transplantar aquela história básica de um certa maneira, para um filme de duas horas.
Ele funcionaria melhor se tivesse sido concebido como um documentário, ali sim poderia ser muito mais interessante acompanhar o desenrolar dos fatos, conhece a história, ver o depoimento das pessoas envolvidas, familiares e por aí vai... e o curioso é que junto com o lançamento do filme, a Netflix também disponibilizou um documentário sobre este caso, ou seja, já fizeram o que eu citei que poderia funcionar melhor, junto com um filme que ficou fraquíssimo em sua concepção.
E Jessica e Eddie realmente fizeram milagre com o roteiro entregue a eles, porque falta drama neste filme, falta suspense neste filme, falta vida, alma, falta tudo. Acompanhamos mesmo pela dupla oscarizada que sempre é um colírio vê-los em cena em qualquer filme. Mas uma pessoa comum, que vai na Netflix apenas buscar um filme para se entreter, e não ligado muito a diretores, atores e afins, vai achar o filme chato e sem graça com razão.
Eddie Redmayne está indicado ao Satellite Awards e ao Globo de Ouro por Ator Coadjuvante, assim como Jessica Chastain foi indicada ao Satellite Awards para Atriz em filme de Drama. Eddie merece mesmo uma indicação, só por aquela cena onde está algemado e é pressionado pelos detetives a confessar os crimes e ele seguidamente diz que não pode. Ali Eddie mostrou o ator com A maiúsculo que ele é. E Jessica foi indicada no Satellite como atriz principal, sua atuação é riquíssima, ela traz drama para uma personagem que no roteiro não tem toda essa exigência, um trabalho que só alguém do calibre de Jessica consegue entregar, mas no fim das contas é algo competente, dado o calibre dela, mas nada tãããão fora da curva para ser indica, quanto mais ganhar um prêmio, na minha mais modesta opinião, e olha que eu amo essa mulher.
Ainda temos no elenco dois atores que gosto muito e engrandeceram os coadjuvantes do filme... Noah Emmerich (O Show de Truman) que está ótimo como o detetive Tim Braum... e Kim Dickens (a Madison de Fear The Walking Dead, e Cassidy do saudoso Lost) que faz Linda Garran, gerente do hospital do filme. Destaco também Nnmandi Asomugha como o detetive Baldwin, ele fez também um ótimo trabalho no filme.
No mais, "The Good Nurse" é um filme fraquíssimo que pouco tem a mostrar, e se segura mesmo pela dupla de protagonistas Redmayne e Chastain, que aceitaram estes papéis que não são ruins, mas que receberam um roteiro fraquíssimo em mãos, e o mérito é todo dos profissionais que montaram este elenco e convenceram os dois a participar do filme, que carece de muuuita coisa para se tornar interessante. Acredito que o documentário, que ainda não assisti, mas pretendo, deva ser muito mais interessante que o filme em si.
Onde foi que Taika Waititi errou? Loki fez muita falta no roteiro do filme? Não ter mais Asgard tirou o contexto da trajetória de Thor? A vibe Trapalhões do filme era a melhor saída? São tantas perguntas para tentar entender o porquê do filme não ter dado tão certo, e as respostas acabam sendo uma só... pelo menos por enquanto: Piadas não combinam com um roteiro dramático!!!!
Uma verdade que tem que ser dita aqui, é que Thor: Love & Thunder tem um roteiro dramático. Aí muita gente irá dizer que "não, o filme é uma pastelaria só, não se leva a a sério, Thor zueiro, bodes gritantes e etc e etc"... mas é só assistir o filme atentamente, o roteiro é dramático.
O vilão, Gorr o Carniceiro dos Deuses, tem seu prólogo dramático, ele tem suas perdas, suas cicatrizes, sua caminhada é dolorida, sofrida. O mesmo tem que ser dito de Jane Foster, com Câncer, estágio 4, pouco tempo de vida, infelizmente, tentou tudo que a ciência poderia oferecer, até seu amigo Eric Selvig (Stellan Skarsgaard) não pôde ajudá-la, e transtornada em não conseguir se salvar com aquilo que ela domina e acreditou a vida inteira, tece que apelar para a magia.
E o que dizer de Thor, perdeu a mãe, o irmão, o pai, o melhor amigo, seu lar Asgard, falhou em salvar metade do universo porque não mirou na cabeça... não tem mais nada a perder, e em crise de existência, se aventurou no infinito espaço sideral com os Guardiões da Galáxia, buscando entender seu lugar no universo agora que não mais lar.
Tudo isso é dramático e teria um puta de um filme rico em interpretações, reviravoltas, batalhas e perdas e novos recomeços, se ele tivesse sido levado a sério, levado em consideração, sem ter medo de fazer realmente um filme do Thor, digno do nome, digno do que foi já mostrado nas HQ's... o alívio cômico estaria lá, as piadas também, mas a grandiosidade e a honestidade que o roteiro pedia deveria ser levado em consideração, e assim, talvez, e só talvez, o filme ou teria funcionado, ou teria sido melhor recebido.
Acho que Taika pesou a mão, descartou MUITA coisa gravada e deixou o básico do básico no corte final. Não estava errado em repetir o que deu certo em Thor Ragnarok (um dos melhores filmes do MCU e o melhor do Thor até aqui) mas deveria ter entendido o que lhe tinha em mãos, ao invés de querer entregar uma espécie de Ragnarok 2. Tudo muito apressado, muita piada encima de piada pronta, personagens que não se levam a sério, um clima de palhaçada encima de uma ameaça ás bases do universo com a possível extinção de todos os Deuses... qual é, o universo não é tão cor de rosa assim pra ser piadista 24 hr por dia aonde quer que você vá e quem quer que você encontre. Tudo bem, entendemos onde Thor deu certo, é uma visão hoje mais despretensiosa, um filme mais família, sem se precisar levar a sério, vide o sucesso de Ragnarok... mas faltou, e não digo visão, mas coerência e honestidade com a história que iria ser contada. É como se Kevin Feige e Taika Waititi decidissem que o filme seria assim, independente do roteiro escrito ou o rumo tomado, só aí já começa erradíssimo.
Chris Hemsworth tem muita veia cômica e seu Thor é muito bom, isso eu não nego, e digo que ele não está mal no filme nem nada, nem está batido ou já deu o que tinha que dar... simplesmente não funcionou aqui, não deu certo, ponto.
Já Natalie Portman, essa sim foi um GRANDE desperdício no filme, Taika errou feio em trazê-la de volta, num posto gigante como a Poderosa Thor, com um arco tão rico e significativo como o dela, dizendo que queria fazer com Jane Foster o que não conseguiram fazer nos outros dois filmes, lhe dar o protagonismo que a personagem merece... para fazer ela se tornar uma Thor só porque Odinson sussurra a Mjolnir que sempre cuide dela? Então ela não era digna? Só conseguiu porque o martelo quis agradar Odinson? Qual é Taika? Sério? Sem falar que ela passa o filme, metade sofrendo porque não quer morrer e metade querendo se declarar pro Odinson, e toda sua jornada no filme foi apenas para que Odinson encontre seu momento de paz e dignifique sua posição como herói no universo. Francamente, mais uma personagem feminina que está posicionada no filme para resignificar a jornada do herói masculino. Mulher Maravilha foi isso purinho e tem gente que não enxerga até hoje.
Christian Bale esteve ótimo como Gorr, se divertiu e levou a sério ao mesmo tempo, entregou uma atuação e personagem decentes, fez mais do que o roteiro lhe exigiu. Engrandeceu um filme que pouco teve a mostrar.
Tessa Thompson e Russel Crowe estiveram ok no filme, o roteiro sequer os favoreceu... Esperava mais da Valquíria de Tessa nesse filme, ela está lá só para falar o óbvio e sua personagem não cresce... ora quer morrer em batalha, ora não quer mais... é a 'Rei' de Nova Asgard, mas parece estar entediada com tudo, e nem de longe lembra a Valquíria porreta e F&¨%$#@ do Thor Ragnarok. Uma pena. O mesmo posso falar de Zeus, um olhar muito caricato para alguém tão onipotente, é muito bacana ver Russell Crowe em uma atuação mais cômica, um Zeus mais fanfarrão, tem personalidade ali de fato, nesse ponto eu até elogio, mas é tudo tão além do limite neste filme, que poderiam ter segurado a mão um pouquinho com o Zeus dele.
Os Guardiões da Galáxia, uma das melhores equipes do MCU, dois filmes incríveis, participação nos dois derradeiros filmes dos Vingadores certeira, uma equipe e personagens riquíssimos para se trabalhar, e temos o que deles neste filme... uns cinco minutos de tela? Seis, possivelmente Sete? Tirando o Quill, e um pouquinho o Rocky, o resto mal fala no filme, mal eles tem presença... o quanto eles iriam elevar o nível deste longa se tivéssemos ali um pequenino arco, ou uma participação maior de uns 25 minutos de tela em filme... mas menos de 7 minutos ao todo para Chris Pratt, Karen Gillian, Pom Klementiff, Dave Baustista, Sean Gunn, Bradley Cooper e Vin Diesel. Olha esse elenco desperdiçado, olha esse grupo chutado para escanteio. E só registrar aqui as participações de Luke Hemsworth, Sam Neill, Melissa McCarthy e Matt Damon novamente no teatro de Nova Asgard, sempre hilário... e Gary também, dos curtas que antecederam Thor Ragnarok.
A trilha é de Michael Giacchino (Homem-Aranha sem Volta Para Casa para citar um de seus trabalhos recentes) e é muito boa, muito bem orquestrada e composta, bem regida pelo compositor, e que casa bem com o clima do filme e engrandece muitas das cenas, é um ótimo trabalho de Giacchino sim... Mas e aquele excesso de Guns 'n Roses no filme hein? Totalmente desnecessário... cabe com a proposta do longa, das cenas inseridas? Cabe sim, mas é um excesso que não consigo entender. O mesmo erro com 'Immigrant Song' do Led Zeppelin, usado duas vezes no Ragnarok que, pelo menos para mim, tirou o peso do música na parte final do filme. Já em Love & Thunder, o excesso de Guns fez o filme ficar caricato, uma paródia.
São tantas coisas que poderiam ter sido feito com bom senso no longa que pega até mal ficar só batendo, batendo e batendo, e não reconhecer algumas virtudes...mas se parar pra pensar, mal virtudes tem.
Eu não nego, ri demais no cinema, me diverti muito vendo o filme, não o acho ruim nem de longe, e quando vi a segunda vez, os erros ficaram bem mais evidentes e saltando os olhos, que fez as piadas serem menos engraçadas do que foram e ver o quão o potencial do filme foi perdido a não reconhecerem a dramaticidade que deveriam ter tratado o roteiro ao invés de beber do mais do mesmo e para se obter o sucesso do filme anterior e entregar algo que não ficou lá satisfatório, mas agradou o grande público.
Acho que foi a bola fora de Taika cinematograficamente falando, o roteiro não é tão ruim assim, precisava de uns pequenos ajustes apenas, o que falhou foi em fazer o estilo de filme que ele faz, mais satírico, para um roteiro mais dramático, e a palavra de Kevin Feige ao querer que Taika traga mais do mesmo e terem receio em trazer algo mais grandioso para o longa, mais bebido dos quadrinhos, algo na linha do que foi o Thor em Vingadores guerra Infinita, ali sim ele esteve perfeito.
Mas ok, todo mundo pode errar na vida, faz parte da caminhada. Então sim, eu o considero um filme mais fraco... mas diverte se você não o levar a sério.
(Assistido em 08/07/2022 - Uci Jardim Sul) (24/12/2022)
Depois do estrondoso sucesso que 'Homem De Ferro', a Marvel Studios buscava abocanhar as bilheterias dos cinemas com seu segundo filme, 'O Incrível Hulk'. Uma nova interpretação do gigante esmeralda, desta vez interpretado por Edward Norton (de Clube da Luta), e contextualizado dentro do agora criado universo compartilhado do estúdio... visando o vindouro filme/evento 'Os Vingadores'.
O filme, no entanto, arrecadou apenas 264,8 milhões de dólares, contra os pouco mais de 580 milhões de 'Homem De Ferro'. Na época, pegaram pesado com o filme, com críticas à direção, às escolhas tomadas para se lidar com a psique do Hulk, nesse embate eterno pelo controle entre Banner e Hulk... a falta de profundidade na dualidade dos dois personagens e seu protagonista, o roteiro fraco, e uma descaracterização do Abominável, que no filme também, acabou servindo apenas para ser o vilão que sai na porrada com o Hulk no fim do filme.
Confesso que na época senti que algo faltava no filme, não foi a mesma experiência que assistir ao Homem de Ferro, não sei se faltou aprofundar mais na relação Hulk/Banner e trazer um conflito mais interessante no filme, ou ter tentado ser um pouco mais original... o filme tem um saldo positivo no fim das contas.
Claramente se vê que o diretor, Louis Leterrier (do já aclamado 'Cão de Briga') se inspirou e homenageou a série de TV dos anos 70 de Bill Bixby e Lou Ferrigno. É completamente nítido como o Banner de Edward Norton é uma contraparte do Banner de Bill Bixby, nos rejeitos, na forma de falar, de andar, de ficar irritado, em como se parecem quando estão frustrados. Isso também fica muito nítido no roteiro escrito por Zak Penn, Louis Leterrier e Edward Norton... totalmente calcado no estilo fuga de problemas e situações banais que o deixam irritado a ponto de se tornar o Hulk, exatamente como acontecia na série dos anos 70. Até a música tema dá as caras no filme. com aquele seu piano clássico.
Hoje, já com outros olhos, não vejo esse alarde todo negativo que o pessoal faz com filme... é um bom filme no fim das contas, fica no óbvio do que se esperar de um filme do Hulk, mas há ótimas passagens nele e boas ideias. A CGI do Hulk é bem feita, dentro de suas proporções, sem falar que a direção de Leterrier não compromete. Claro que não é algo fora da curva e é bem básico, porém, ele ganha crédito não só na batalha final no Brooklin entre Hulk e Abominável, mas também nas cenas em que Edward Norton traz um certo peso para os ombros de Banner, e ali Leterrier acerta em transpor isto para o espectador, e tira o melhor de Edward para contextualizar Banner e também mostrar do que o ator é capaz com sua veia dramática.
Claro que há alguns pontos negativos, como pouco desenvolvimento para o General Ross, do falecido William Hurt, pois limitá-lo a apenas caçar o Hulk, estar sempre mau humorado e deixar o personagem preso no ponto de partida o filme inteiro, é um desperdício completo do talento de William. Fora as bizarras cenas no Brasil com os atores gringos falando em português. Sério, vergonha alheia, ali erraram a mão FEIO. Toda a sequência que se passa na favela da Rocinha, onde Banner trabalha numa máquina de refrigerantes, e onde é diariamente provocado e insultado por um trio de rapazes que no filme são brasileiros, mas são interpretados por Norte-americanos. Quando eles abrem a boca para falar em português, é muito genérico, mau falado, com um sotaque nitidamente norte-americano. Uma vergonha... seria melhor escalar atores brasileiros. Sem falar que temos uma atriz brasileira no filme, a belíssima Débora Nascimento (de Êta Mundo Bom!, excelente novela das 6), que inexplicavelmente, não tem uma fala no filme... e se teve, passou batido pra mim. Gringos sendo Gringos.
Com um bom ritmo, o filme entrete, cumpre seu papel e só, chega a ser o mais esquecível filme do MCU, mas na minha opinião, não por ser ruim, e sim por ser básico e não ter v ida própria, fica muito preso em clichês roteiristicos que o fazem não sair do lugar e não explora devidamente toda a importância que esses personagens têm para demonstrar.
O elenco por exemplo é ótimo... da linda e talentosa Liv Tyler (como Betty Ross) e sua cena de alívio cômico ao ficar irritada quando esbarram nela em NY, e Bruce se oferece para lhe ensinar Yoga. A ÚNICA cena de alívio cômica do filme. (Tá bom, teve a do Lou Ferrigno com o Edward Norton também) - William Hurt, que dispensa comentários (que Deus o tenha) - Tim Roth, que traz uma interpretação bem sombria e doentia de Emil Blonsky, o Abominável. - Ty Burrell e Tim Blake Nelson, que tiveram personagens importantes, mas que foram apenas secundários na trama. - E Peter Mensah, que mais tarde faria uma participação em Marvel's Agents Of Shield, a série de TV,
Por mais que seja o menos atrativo do MCU, eu sou mais inclinado a achar que o filme é sim bem feito, bem dirigido, com alguns pontos negativos bem visíveis, mas que não estragam o produto final. E podia vir coisa melhorada e arrumada em futuras continuações do filme do Gigante Esmeralda... mas como os direitos de distribuição e arrecadação pertencem à Universal Pictures, este é o único (por enquanto) filme do Golias Verde dentro da Marvel Studios.
(Assistido 14/06/2008 - UCI Jardim Sul) (Reassistido na Netflix em OUT/22)
O que mais posso dizer para elogiar 'O Mestre'? O que mais posso acrescentar para poder vangloriar suas mais belas obras? Eu só posso dizer que Del Toro não faz filmes, faz obras eternas no ramo da literatura e da fantasia.
'Pinocchio' é seu mais recente filme e sua mais recente Obra, uma pérola para os amantes do bom e velho cinema, para os amantes da boa e velha magia, para os amantes dos mais belos e singelos contos. Todo mundo conhece o conto de Pinóquio, muito também pela animação da Walt Disney dos anos 40, mas aqui, Del Toro traz uma versão muito mais sombria, como todos estão dizendo, uma mistura de pé no chão com fantasia livre.
Neste longa, o conto se ambienta na época da primeira guerra mundial, numa Itália liderada pelo fascista Benito Mussollini, no auge da guerra, e em como a guerra ditava o cotidiano dos cidadãos e suas decisões.
Este filme de Del Toro, obviamente é uma animação, e é um dos vários pontos positivos que o filme tem, pois é uma animação riquíssima não só em seu visual, mas em detalhes, em linguagem corporal, na sua arte em representar a pequena cidade italiana onde o filme se passa, tal como a sutil diferença do ato animado dos humanos do filme, bebendo da caricatura, sem perder seu traço real, para o de Pinóquio, um boneco de madeira, que se move, e possui um estilo único que se destoa de todas as pessoas do filme, fazendo-nos aceitar visualmente que sim, ali é um boneco de madeira real, e não um boneco de madeira animado. Existem inúmeras e imensas animações do século XXI que são incrivelmente bem feitas com traços únicos e uma leitura contemporânea em sua forma de animar... mas este trabalho de Del Toro (que tem parceria com os estúdios de Jim Henson, o falecido criador dos 'Muppets') é soberbo, de cair o queixo, de uma vida que sai da tela e toma conta dos seus olhos por duas horas... que carinho Del Toro e sua equipe teve em fazer um filme-animação tão perfeito como esse, tão rico em detalhes, tão cheio de vida... artisticamente, seu plano de fundo é perfeito, é como se somente os personagens e alguns objetos fossem animados, e o plano de fundo fossem locais reais.
Com relação ao roteiro, com certeza um dos melhores que Del Toro já escreveu... uma história comovente do inicio ao fim, com reviravoltas já óbvias, pelo fato de conhecermos a história do boneco de madeira, e com um final mais que comovente, de levar as lágrimas o amante do antigo cinema. Toda a construção dos personagens são muito bem elaboradas por Del Toro, partindo da apresentação de Gepeto e seu filho Carlo, passando pela criação de Pinóquio e a apresentação dos coadjuvantes, o Grilo Sebastian, o Conde Volpe e seu macaco Spazzatura, entre outros, e a grande lição de moral e amor que o filme nos dá. A relação entre Pinóquio e Gepeto é das mais velas vista na história do cinema neste longa... começamos (não sei se vocês também) estranhando Pinóquio, pois ele nasce muito arrogante, cheio de si, mas ao mesmo tempo cheio de vida e de amor por eu pai Gepeto, que no contraponto, começa-o negando e projetando seu falecido filho nas atitudes e personalidade de Pinóquio. Começamos amando Gepeto pelo seu amor a Carlo e torcendo o nariz a Pinóquio, muito arrogante e malcriado, para amarmos Pinóquio no decorrer do filme por estar nos conquistando com seu verdadeiro eu e suas principais virtudes, dentro de sua simplicidade, e ao mesmo tempo, ficarmos na bronca com Gepeto por não enxergar as virtudes do garoto de madeira e o quanto ele o ama. Esse desencontro de demonstração de amor entre os dois durante o filme, nos leva a um final emocionante demais, uma cena catártica, que nos leva para dentro de nossas próprias relações familiares (sejam humanos ou animais) onde nos encontramos no mesmo lugar de Gepeto e Pinóquio, e percebemos o quão grandioso é o amor puto entre pais e filhos, o quanto o tempo que temos é precioso para darmos importância a quem amamos e o quanto nossa existência é especial e única. Obrigado Del Toro, só você e sua singela humanidade e genialidade para nos proporcionar essa gama de sentimentos.
O enredo deste longa é riquíssimo e só tem peso pesado na dublagem: - Ewan McGregor faz o grilo Sebastian, narrador do conto do começo ao fim do filme, e o coadjuvante central do longa, assim como seu alívio cômico muito bem pautado no roteiro... além do mais, Ewan canta no filme, e todo filme que tem Ewan McGregor cantando, só pode ser bom. - O pequeno ator Gregory Mann (de Cats...uuurgh) dá a voz de uma forma mais do que perfeita a Pinóquio, canta muito bem, super afinado, está perfeito, o garoto é soberbo, é o que tenho a dizer, devia ter uma categoria de melhor dublagem, para vencer de lavada. - David Bradley (de Game Of Thrones) dá voz a Gepeto, e é outro que se destaca pela entrega ao personagem e colocar tanta dramaticidade em sua voz nas cenas em que lhe foi exigido. - Tilda Swinton (amo essa mulher, de Michael Clayton), faz dois personagens, o ser que dá vida a Pinóquio e concede o desejo a Sebastian o Grilo, e a Morte, que recebe Pinóquio quando o mesmo parte 'dessa para melhor'. - O monstruoso Christoph Waltz (de Big Eyes) dá voz ao Conde Volph, está ótimo na dublagem aqui, bem imponente deixando sua marca registrada dos filmes que conhecemos dele sendo vilão. - Spazzatura, o macaco de estimação de Volph, tem voz da magnífica, imponente, grandiosa, deusa e onipresente Cate Blanchett, que dispensa apresentações, sendo que o mais curioso é que ela não fala, pois Spazzatura apenas faz "uh uh uh uh uh", que é o que os macacos falam, e mesmo fazendo 'uh uh uh uh uh' de macaco, Cate faz com maestria... pode ser besteira eu citando, mas quando assistirem o filme, vão entender que até no básico dos básicos, essa mulher é fenomenal. Fora o resto do grande elenco com Finn Wolfhard (de Stranger Things) como Candlewick, filho de Podesta, o principal soldado da infantaria italiana na guerra dublado por Ron Perlman (de Hellboy de Del Toro). John Turturro (de Severance) como Dottore e Tim Blake Nelson, como os coelhos negros (de O Incrível Hulk).
A música...aaah a música do filme, nada mais nada menos composta pelo gênio moderno da composição e meu arranjador e compositor favorito, Alexandre Desplat. Fica difícil dizer qual o melhor trabalho do francês, mas com certeza este se encontrará no top 3 de sua carreira... emocionante demais o que ele fez com a trilha deste longa, como ele conduziu a orquestra e arranjou cada nota para compor as músicas que permeiam este filme. Todas as cenas dramáticas ganham um peso a mais quando a música deste homem entra, principalmente nas cenas finais, onde Gepeto está na praia com Pinóquio em seus braços, e no prólogo quando soa anos se passam e Pinóquio não envelhece, mas os demais sim... que trilha senhores, que trilha.
As canções do longa foram todas escritas por Del Toro e Roeban Katz, e arranjadas por Desplat, e são cantadas em sua maioria por Gregory Mann e David Bradley, Pinóquio e Gepeto respectivamente. Outras são cantadas por McGregor, Cristoph Waltz, Danielle Darra e Tim Blake Nelson. Todas as canções são ótimas e grudam na cabeça, com destaque para "My Son", "Everithing Is New To Me" e "Ciao Papa". O ponto negativo fica apara a ridícula tradução na legenda, que pegou as letras do filme da Disney da década de 40, que nada encaixam nas canções originais de Del Toro para com o longa, algo muito semelhante que fizeram com a tradução das canções de 'West Side Story' de Spielberg.
Só posso terminar dizendo que 'Pinocchio' é uma Obra de Arte da animação, uma linda e tocante fábula reescrita por Del Toro, colocando seu ponto pessoal em uma história que ganhou muito mais peso dramático aqui. Emocionante, tocante, e muito, mas muito humano, este filme é para toda família, e para fazermo-nos parar um pouco e aproveitar mais as pessoas que nos cercam, a família que temos, e os aceitarmos como são, enxergarmos suas virtudes e aproveitar o breve momento que temos com elas em vida, que e um presente gigantesco de Deus.
Ainda com todos esses belíssimos dotes e recursos, considero 'O Labirinto do Faúno' ainda o melhor trabalho de Del Toro na sétima arte, e permanece insuperável, tamanha originalidade que ele entregou para aquela fábula... mas com certeza, 'Pinocchio' ocupa o segundo lugar no meu pódio de melhores filmes de Del Toro em sua carreira monstruosa.
O filme foi indicado nesta temporada de premiações em Melhor Filme de Animação no Satellite Awards, Globo de Ouro e Critics Choice Awards, por enquanto. Além de ser indicado a Trilha Sonora Original no Globo e Critics Choice. A Canção 'Ciao Papa' também ganhou indicação no Globo de Ouro.
Já é meu favorito para levar os prêmios, mesmo eu ainda não tendo assistido os demais concorrentes na categoria, e também indicaria, se fosse membro votante da Academia, sem medo algum à Melhor Filme no Oscar do ano que vem.
Na minha crítica de Doutor Estranho No Multiverso da Loucura, eu havia questionado como seria se o filme tivesse sido dirigido por Scott Derrikson, se o filme teria o mesmo tom de terror que Sam Raimi deu ao filme. Dirigindo alguns longas do gênero, como 'A Entidade', 'Livrai-nos do Mal' e ' Hellraiser V', recentemente foi divulgado que o esboço original que Scott Derrikson idealizou para Doutor Estranho era realmente um filme de horror, onde teríamos o 'Gargantos' (Shuma Gorath pros mais íntimos) seria o vilão original. Como já de costume, Kevin Feige mudou a premissa inicial do segundo filme do Mago Supremo, querendo dar uma nova direção ao longa, e acredito que foi aí que Derrikson e Feige acabaram discordando dos rumos do roteiro e, como também foi divulgado recentemente, Derrikson meio que deu um ultimato ao Kevin Feige, algo como tipo: -"Eu tenho esse roteiro deste filme que quero fazer, muito promissor, então, se você não quer que eu faça o filme deste jeito, eu meio que vou me dedicar ao meu filme então..."
E foi aí que Scott Derrikson começou a produzir e a dirigir o seu filme 'O Telefone Preto', junto a C. Robert Cargill, baseado em um pequeno conto de Joe Hill, publicado em seu livro 20th Century Ghosts.
E realmente, que trabalho incrível fez Derrikson com este filme, pois com tantos filmes de 'Terror/JumpScares hoje em dia, onde o mais importante é tentar fazer o público comum pular da poltrona do cinema, Derrikson faz um filme onde ele te prende do início ao fim não pelo lado horror do longa, mas pelo lado psicológico de seus personagens tão ricos em construção, e tão amáveis em carisma.
O protagonista Finney Shaw (Mason Thames, da série 'For All Mankind da Apple TV) tê uma ótima construção desde seu início até sua conclusão, onde ele é o típico adolescente de escola que todos zoam e batem, têm poucos amigos, e sofre um pouco com a baixa auto-estima. Quando ele é sequestrado pelo 'The Graber', ele entra em estado psicológico onde sabe que não conseguirá sair daquele local, mesmo tendo a ajuda ao telefone das vozes das crianças que foram raptadas e assassinadas antes pelo 'The Graber'. Isso acaba se manifestando em seu choro quando não consegue ultrapassar a porta do freezer, onde há o buraco na parede, e ali nós temos o completo desespero batendo no garoto que por mais que tente ser forte em uma situação de vida e morte como aquela, no fim é só uma criança com problemas domésticos e colegiais, que quer desesperadamente voltar para sua casa e sua irmã, e não mais ter que lutar contras as coisas que a vida joga em seu caminho. A atuação de Mason é ótima, fez um trabalho incrível, cai um pouco em minha mais modesta opinião, quando está preso no porão, mas quando é exigido dramaticamente, ele segura bem o rojão e mais convence do que não convence... apenas ficou ofuscado pela irmã, Gwen.
Gwen, que foi interpretada por Madeleine McGraw, atriz que apesar de ter 13 anos já é bem requisitada nas produções hollywoodianas, dando voz a Bonnie de 'Toy Story 4', a jovem Katie de 'A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas' e também sendo a pequena Hope Van Dyne em 'Homem-Formiga e a Vespa' do MCU. Gwen é uma das melhores personagens do longa, muito bem escrita e melhor ainda interpretada por Madeleine, que ofusca Mason com sua interpretação quando os dois estão em tela, e tem cenas de alto destaque no longa, quando começa seu monólogo com: "Jesus... What the Fuck...", também na cena onde apanha de seu pai Mr. Shaw, uma força ao interpretar indo do drama choroso á raiva ncontrolada em uma fração de segundos, além da cena onde ela defende Finn quando apanha dos garotos na grama, e bate nos mesmos, até com uma pedra grande, onde também apanha com murro e chute na cabeça... essa menina é uma força da natureza em termos de interpretação, olho nela que pode crescer muito em termos de atuação se for bem agenciada em sua carreira, tem tudo para ser uma ótima revelação nos anos que estão por vir, e ainda indicaria a mesma para aquela categoria do Critics Awards de Ator/Atriz Jovem com muita facilidade. Sua personagem por mais que roube a cena no filme, perde brilho da metade pro final, muito por conta do roteiro que não a favorece mais e acaba tirando seu coadjuvantismo, para limitá-la a ser apenas a personagem que aponta onde Finn está preso, limitando sua atuação e sua aparição. Uma pena.
No filme ainda temos a participação de Jeremy Davies, o eterno Daniel Faraday de Lost e o Baldur do Remake de God of War. Ele é o pai de Finn e Gwen, e por ser um personagem que sofre com alcoolismo por perder a esposa, ele dá um show de atuação quando está sob efeito da bebida, nas cena onde bate em Gwen, e quando conversa com a mesma na sala depois de Finn ser sequestrado.
Ainda temos o grandíssimo Ethan Hawke (Sociedade dos Poetas Mortos e Caninos Brancos) em uma atuação impecável como 'O Sequestrador - The Graber'. Um personagem enigmático, nunca revelado no filme, que sua diversas máscaras para desnortear suas dúbeis personalidades, em uma interpretação totalmente teatral e sádica/cômica no início do filme, de encher os olhos de quem assiste, que tira o melhor que Ethan pode interpretar em um personagem rico como 'The Graber' é. Porém, contudo, todavia... infelizmente, o roteiro de Derrikson e Cia., acabou por limitá-lo na parte final do filme, a ser apenas o vilãozão do filme, o malfeitor a ser derrotado e abatido, tendo suas famosas frases de efeito e seu pavio curto ao atacar o mocinho do filme sem pensar nas consequências de seus atos, justamente por estarmos no clímax do roteiro e um desfecho precisa ser desenhado. Hawke deixa de ter aquela atuação mais teatral, onde ele brincava bastante com o personagem e teve liberdade criativa em sua atuação, para ficar contido ao o que o roteiro pedia da conclusão do conto e do personagem, onde ele tinha pouca margem para dar ao personagem e nada brilhou ao tentar bater Finnley, e também em suas falas pouco inspiradoras.
Ainda gostaria de citar, em minha humilde opinião, o melhor personagem do longa, Robin, interpretado por Miguel Cazarez Mora, acho que o mais bem escrito do conto, esperto, forte, decidido, auto-estima, carismático, e incrivelmente interpretado por Miguel, um ator que entendeu o que o personagem era e o que o roteiro pedia, e quando esteve em cena roubou a cena. Uma pena que dos espíritos dos meninos mortos pelo 'The Graber', Robin foi o que teve menos destaque... eu fiquei com muita expectativa de que quando ele aparecesse, que certamente iria ser o final, sua aparição seria convincente, épica, que respeitasse a trajetória do personagem no longa. Mas infelizmente ela foi limitada apenas a levantar a moral de Finnley, colocá-lo pra cma e ensinar uma sequencia de golpes. Outras crianças, que sequer tiveram aparições no longa, tiveram mais destaque em suas aparições no Telefone Preto, do que Robin teve, já que ele foi minimamente desenvolvido no longa antes de ser pego pelo 'The Graber'. Erro dos roteiristas que precisam enxergar o potencial de seus personagens antes ou durante as filmagens, para não tornar-los um desperdício no longa.
A trilha sonora do filme é ótima com muitas músicas de bandas como The Edgar Winter Group, Sweet e a ótima Free Run do Pink Floyd, uma das melhores bandas de rock que existem.
'O Telefone Preto' é um dos filmes que entra para a seleta lista de melhores filmes de 2022, junto a 'Everything, Everywhere, All At Once', 'Lunana', 'O Acontecimento', 'Drive My Car' entre outros. Scott Derrikson fez bem em deixar a produção do segundo longa de Doutor Estranho, para focar em seu projeto de um pequeno conto do filho de Stephen King, e entregar o que sabe fazer de melhor em termos de filme de horror/terror, um filme que prende sua atenção do início ao fim e é um ótimo entretenimento. Claro, o filme possui alguns defeitos em termos de condução do clímax da história, que desvirtua de todo o tom criado para o filme desde o seu início, a descontinuação do coadjuvantismo de personagens excelentes que roubam a cena, como Gwen e Robin, e a limitação de 'The Graber', que o limita a ser um vilão basicão em seu clímax, tirando a a liberdade artística de Ethan Hawke, que vinha fazendo uma ótima interpretação do personagem, que brilhava mais em seu antagonismo com Finnley, o protagonista do longa, faceta muito mais interessante do que ser transformado em um mero vilão de filme de terror em seus momentos finais.
Só passando aqui pra dizer, que desde a sua estreia no Brasil, 'Lunana' está a 7 MESES em cartaz nos cinemas de SP ininterruptos. Quem for de SP, vá ao cinema.
Primeiro vamos contextualizar: - Nos final dos anos 90 a Marvel Comics estava a beira da falência e correndo sério risco de parar suas rotativas, a solução encontrada foi vender os direitos de seus principais e mais populares personagens para estúdios de cinema, por preços que fariam ela voltar a andar com as próprias pernas. Então, personagens como X-Men, Homem-Aranha, Demolidor, Hulk, Justiceiro, Quarteto Fantástico, Motoqueiro Fantasma foram adquiridos por estúdios como Fox, Sony e Universal. Já em meados da década de 2000, a Marvel já estava recuperada e muitos de seus quadrinhos voltavam a vender muito bem, como os Novos X-Men de Grant Morrison, o Homem-Aranha do Straczynski, o Demolidor de Brian Bendis, o Ultimate Homem-Aranha de Bendis, os Supremos de Mark Millar e Bryan Hitch, a fase Extremis do Homem de Ferro, os Novos Vingadores reformulados por Brian Bendis, Jessica Jones de novo dele e por aí vai... Estando faturando e com as ações em dia, a editora resolveu focar no cinema, uma vez que seus personagens faziam sucesso em outros estúdios mas não lhe rendiam o dinheiro, o faturamento. Subiram Kevin Feige de cargo e patamar para ser o homem que zelaria da "Marvel Studios" recém criada, um estúdio independente... e usariam apenas os personagens que tinham em mãos, os quais ela não vendeu os direitos para se salvar, aqueles do terceiro escalão que pouco vendiam revistas e não tinham o devido destaque dentro da editora.
Eis que em 2008, estreia nos cinemas mundiais 'Homem De Ferro' primeiro projeto do Marvel Studios, dirigido pelo ator Jon Favreau (que fez Foggy Nelson no filme horrendo do Demolidor), e possui Robert Downey JR, ator problemático que sofria de vicío em drogas e bebidas, há anos afastado de bons papéis em Hollywood, como Tony Stark. Trazendo também a oscarizada Gwyneth Paltrow como Pepper Potts, Terrence Howard como James Rhodes, Jeff Bridges como Obadiah Stane, Clark Gregg como Agente Coulson, Leslie Bibb como Christine Everhart e Shaun Toub como Yinsen.
Como primeiro filme, a Marvel Studios acertou em cheio, 'Homem de Ferro' é um dos melhores filmes do estúdio e da década de 2000, e Jon Favreau acertou em cheio em sua direção e visão do longa. Teve um roteiro decente em mãos que atualizou a origem do personagem, e o baseou tanto em sua versão original dos quadrinhos que conhecemos, como na versão Ultima apresentada na revista 'Supremos', onde Tony Stark lá é muito mais sarcástico e não se leva a sério, realmente um playboy de primeira linha. Afirmo sem medo que 'Homem de Ferro' e 'The Mandalorian' são os melhores trabalhos na carreira de Jon Favreau, que abraçou de vez o trabalho como diretor, depois deste longa, tendo atuado exclusivamente mesmo como Happy Hogan, segurança pessoal de Tony Stark nos filmes vindouros da Marvel Studios, e inclusive neste.
O filme arrecadou 585,8 milhões mundialmente, e mesmo o estúdio tendo que repartir a fatia com a Paramount Pictures, que distribuía os primeiros filmes da Marvel Studios, foi considerado um arrasa-quarteirão, sucesso absoluto, principalmente para um filme independente, que custou cerca de 140 milhões para ser feito.
As melhores coisas do filme são o texto rápido, inteligente, sagaz e direto, principalmente de Tony stark, e a desconstrução de um homem que é um gênio da tecnologia e do armamento, playboy, filantropo e arrogante, narcisista, que só olha para seu próprio umbigo... para uma pessoa que começa a se preocupar, não só com quem está a sua volta (Pepper, Rhodes) mas também com a segurança das pessoas em geral, do povo que ele deveria defender com sua tecnologia, e que o faz desenvolver a personalidade e caráter necessários para se tornar o Homem De Ferro, mesmo que ainda mantenha alguns traços peculiares de sua personalidade arrogante.
Jon Favreau também teve muita sorte em contar com um elenco competente e profissional, já alçado ao estrelato e alguns seriam muito mais conhecidos após este filme: - Gwyneth Paltrow já tinha nome, por vencer um Oscar, trouxe muita personalidade pra sua Pepper, e delicadeza também. - Terrence Howard, na época amigo pessoal de Robert, hoje já não é mais, alguns diz que me diz de bastidores, fez até um bom trabalho como James Rhodes, ele entendeu o que foi pedido, e o que o filme exigia do papel e do tom do personagem. - Jeff Bridges, vulgo 'The Dude', ou 'O Grande Lebowski', quem não gostaria de contar contar com este monstro da atuação, consagrado, fazendo o vilão de seu filme?! Claro que, infelizmente, é aquele vilão caricato da Marvel, sem desenvolvimento, sem pompa, sem peso roteiristico, mas ainda assim, trouxe sua elegância performática para o papel de Obadiah Stane, que só cai na batalha final quando fica tudo mais... como posso dizer... brega. Aquelas falas de efeito bem mal escritas, que dá vergonha alheia (rsrsrs). - Clark Gregg apareceu mesmo aqui, foi galgado a uma importância na fase 1 do MCu que nem ele esperava, e depois foi pra uma das séries de TV mais amadas e subestimadas dos últimos anos. - Fora a Leslie Bibb, atriz bem desconhecida, mas que foi muito bem no filme, adoro ela, e voltou no MCU em participações pontuais, como em uma cena promocional de Homem-Formiga para a internet, e recentemente na animação 'What If?'.
Pra finalizar, a cena pós créditos, a primeira do MCU, pós créditos mesmo, não é pós arte de elenco não, traz nada mais nada menos que Samuel L Jackson, como o diretor da SHIELD, Nick Fury, e Jackson não foi escolhido para fazer este papel à toa não... na revista 'The Ultimates', 'Os Supremos' aqui no Brasil, Nick Fury era negro e tinha o rosto de Samuel L Jackson, uma homenagem do desenhista Bryan Hitch... e daí sua escalação pro papel. Estava dado o pontapé inicial ao filme/evento 'Os Vingadores'.
Vi este filme no cinema, não sei se foi no fim de semana de estreia, não me recordo agora, mas saí satisfeito demais com o que tinha visto na telona, algo que já esperava uma vez que acompanhava as notícias do filme, gravações e fotos de bastidores, nas revistas especializadas da época, Set e Sci-Fi News. E obviamente, estava muito animado por ver que os filmes que viriam nos próximos anos, estariam interligados e que culminariam finalmente em um filme dos Vingadores no cinema, que era um sonho meu.
Grande filme, de um grande diretor, com um grande protagonista (Downey Jr), de um ótimo estúdio, em uma ótima década. E que final de filme, com Tony em todo seu egocentrismo clamando na coletiva de imprensa: "I'm Iron Man"
(17/07/2022) (no cinema Shopping Jardim Sul - 2008)
Parafraseando Jennifer Walters: "AI. MEU. DEUS. Que filme foi esse, Brasil...que experiência foi essa, que roteiro foi esse, que ideia foi essa, que direção foi essa...
O meu hype para este filme estava lá encima, altíssimo, desde que foi anunciado que o mesmo iria estrear no Festival SXSW, em fevereiro, e desde que Guillermo Del Toro rasgou elogios para o filme dos Daniel, quando o assistiu pela primeira vez. Obviamente que a sinopse do filme por si só já me chamou muito a atenção, e as primeiras impressões eram tão altas que eu queria conferir logo esta obra.
O filme é dirigido pelos Daniel, Daniel Kwan e Daniel Scheinert (Um Cadáver Para Sobreviver), e foi produzido pela A24, meu novo estúdio de filmes favorito, e que DIFICILMENTE erra quando coloca a algo em tela (errando apenas com On The Rocks).
Kwan e Scheinert recusaram uma oferta da Marvel Studios, para dirigirem a série da Disney Plus, "Loki", e expandir o conceito de Multiverso do estúdio da 'Casa das Idéias', para dirigirem seu próprio filme, onde eles assinam o roteiro, e fazem parte também da produção junto de nada mais nada menos que os Irmãos Russo, diretores de Vingadores e Capitão América do MCU.
Em seu lançamento nos States, abriram com incríveis 97% de aprovação no Rotten Tomatoes, e de cada 10 criticas, 11 são elogios, ou seja, eu precisava conferir essa película, para comprovar o alto nível que o filme tem, se era isso tudo mesmo, e logo após ver o trailer, eu estava certo de que ia ser um grande filme;
E é... 'Everithing Everywhere All At Once' é o filme do ano, fácil!
A sinopse, bom, tem aqui no Filmow, tem no Google... mas basicamente é um filme que os Daniel mexeram com a questão do Multiverso, e todas as versões existentes de Evelyn (Michelle Yeoh de Crouching Tiger Hidden Dragon) em diversos universos espalhados elo Multiverso. Este filme é tudo o que o Multiverso é em seu esplendor, tudo o que, não só a Marvel, mas todas as outras editoras e produtoras deveriam aprender para inserir em suas obras tendo o Multiverso como conceito. Existem infinitas Evelyns, da atriz, à lutadora, da cozinheira à plaqueira, e o conceito de Multiverso é tão expandido neste filme, que qualquer ideia absurda que você pensar, existe no mais vasto Multiverso, como um universo onde as pessoas tem salsichas no lugar das mãos, ou uma onde os humanos não se desenvolveram, e todos são... pedras!!!
O acerto do filme dos Daniels está na inovação, na direção, no conceito criado de Multiverso, na questão visual estética e de efeitos do filme, e principalmente no roteiro, com questões profundas humanas e familiares, que definem e evidenciam sua protagonista e seus coadjuvantes, sua filha Joy (Stephanie Hsu) e seu marido Waymond (Ke Huy Quan).
Evelyn é uma mulher que está saturada na sua vida pessoal, se arrepende de ter casado, tem uma relação vazia com o marido, não consegue dialogar e se aproximar da filha, e está presa à rotina de uma lavanderia que administra junto com o o marido, e ainda por cima precisa cuidar do pai enfermo Gong Gong (James Hong, ótimo) que permitiu que a filha saísse de casa com Waymond para se casarem. Joy, sua filha, tem uma namorada que não é aceita pela mãe, mas é aceita pelo pai, e parece não se encontrar no mundo, está claramente perdida na vida, por achar que nada importa, e isso reflete no relacionamento com a mãe. Waymond está tentando tomar coragem para mostrar a Evelyn uma papelada com um pedido de divórcio, pois também precisa de um frescor novo na vida, mas ao mesmo tempo, demonstra sinais claros de que está tentando desesperadamente uma forma de salvar o casamento.
Tudo isso acima, explode no Multiverso afora, pois cada coisa que Evelyn não foi, deixou de ser, ou não conseguiu ser, ela foi em outro universo, em outra existência e em outra vida, e são as experiências dessas Evelyns, bem sucedidas, que a Evelyn 616 (parafraseando a Marvel) vai acessar e usar para deter o ser que ameaça a existência de todo o Multiverso: Jobu Tupaki.
O filme dos Daniel não tem aquele orçamento todo que um blockbuster geralmente tem, afinal é um filme da A24, um estúdio independente, porém possui efeitos visuais mais que competentes, que engrandecem a experiência de quem assiste e contextualiza bem as nuances do multiverso apresentado no filme, nos convencendo do que estamos presenciando em tela. É um ponto mais que positivo, levando em conta a experiência dois diretores em outros trabalhos, principalmente Daniel Kwan, que dirigiu um episódio da perfeita série 'Legion', que abusava dos efeitos visuais em um episódio ou outro e tratava de um tema, esquizofrenia, em um cenário bem semelhante ao filme criado pelos Daniel.
O roteiro é a cereja do bolo do filme, uma vez que todo o cerne do longa é Muliverso, as diversas Evelyns e Waymonds e Joys e Gongs Gongs que existem no multiverso afora, e como isso é apresentado em tela para os espectadores... o roteiro foca inteiramente no relacionamento familiar/humano e Evelyn para com seus entes queridos. O roteiro trata muito de solidão, de achar seu lugar no mundo, de tentar ser a melhor versão de você mesmo sem arrependimentos, trata principalmente de depressão e como isso pode te afetar, e afetar os que estão ao seu redor... é a cereja do bolo de um filme que se transveste de Multiverso, de efeitos, de bizarrice, de inspirações de outros filmes, mas que no cerne de seu roteiro, trata dos temas citados acima de uma forma tão profunda, que você vai se identificar com os personagens e com a história de uma maneira que você sequer iria esperar. Como eles conseguiram fazer com que nós nos enxergássemos na Evelyn, como ela nos representa... ou na Joy, muitos se enxergarão nela, ou até mesmo em Waymond. Que roteiro é esse!!!
Pra quem já assistiu o filme, a verdade é que o roteiro é tão rico, e o filme tão bem construído e tão divertido, que ao final, você, o espectador, terá sua própria definição do que acabou de presenciar no cinema... Evelyn no final acabou se tornando o que Joy se de outro Multiverso se tornou, uma espécie de Jobu Tupaki, uma vez que ela escuta várias e várias vozes de Multiversos afora, não aprendeu a se desligar das outras vidas, e pode acabar futuramente tendo o mesmo fim que Joy/Jobu Tupaki teve. Ou toda essa loucura do filme, foi apenas uma metáfora para os problemas sérios que Evelyn e Joy enfrentavam, como depressão mais pelo lado de Joy, e solidão e abandono pelo lado de Evelyn, somado ao fato de se achar um fracasso por não ter realizado nada que desejava na sua vida. É como se toda a trama central do filme fosse a realidade mesmo, que Evelyn surtou e quebrou a lavanderia com o taco de beisebol e teve uma aproximação com Deidre (Jamie Lee Curtis), e finalmente enfrentou seu pai, e se acertou com sua filha de uma vez por todas, se acertou com seu marido, e as vozes que escuta ao final do filme são os devaneios de sua cabeça que inventou toda essa história maluca, como uma forma de escapar da realidade cruel e fria em que vivia, e nessa ficção encontrou as palavras e o caminho para colocar sua vida e de seus familiares no eixo novamente. Para mim, esta segunda percepção é a que mais faz sentido dentro da minha cabeça, é a que eu mais compro, e cada um terá sua percepção e visão com o filme... que é a beleza certeira que ele entrega, a percepção que cada espectador terá do filme ao seu final, o que mais conversou internamente consigo mesmo.
Todo o elenco está perfeito, não uma única atuação ruim no filme ou que deixe a desejar, com destaque estrondoso para Michelle Yeoh, artista poderosa demais, que tem em seu currículo só: 'Memórias de Uma Gueixa', 'Tomorrow Never Dies', 'Podres de Rico' entre outras obras incríveis. Michelle domina o filme todo com seu talento e desenvoltura, seu carisma e sua Evelyn tão bem criada em suas mais diversas versões no multiverso afora. Jamie Lee Curtis, que já e uma veterana mais que talentosa com o currículo invejável, carta carimbada em Hollywood, tem uma das melhores interpretações no filme com sua Deidre, agente fiscal. Jamie dá um show, sem mais, direto e reto. Pode chover indicações coadjuvantes para ela que é mais que merecido. E temos também, Stephanie Hsu, que faz Joy, ela que já havia contracenado com Michelle Yeoh em 'Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis', já vem com uma certa experiência com filmes mais fantasiosos, e entregou uma atuação estupenda, com várias vertentes, várias nuances de Joy, muitas facetas... essa menina de 31 anos é talentosa demais, que também merece ser lembrada nas premiações com alguma indicação para coroar seu imenso trabalho no filme.
'Everithing Everywhere All at Once' já é a maior bilheteria doméstica da A24 nos EUA, e soma mais de 80 milhões de bilheteria mundialmente, se tornando o filme mais bem sucedido da A24, marca que pertencia a 'Hereditário' e que acaba de ser superado.
A A24, hoje, é o melhor estúdio nos Estados Unidos, com total liberdade a seus roteiristas e diretores, para contar as histórias que criaram, e realizar filmes com identidade visual ou de roteiro da forma mais pessoal e única possível. Isso se comprova nos grandes sucessos do estúdio, como 'Midsommar', 'A Bruxa', 'A Despedida', 'Projeto Flórida', 'Lady Bird', 'C'Mon C'Mon', 'A Tragédia de Macbeth', 'Minari', 'Artista do Desastre'... e os que são considerados as melhores obras do estúdio até então: 'O Farol', 'Hereditário', 'Jóias Brutas' e 'Moonlight'.
O filme merece demais ser lembrado nas premiações para ano que vem, e as que mais tem chances de ser lembrado, são o (irrelevante) Globo de Ouro, Critics Awards, SAG's Awards, Spirit Awards (depende do orçamento), Satellite Awards, Gotham Awards... já o BAFTA e o Oscar, fica a incógnita, depende se o filme terá fôlego até lá, afinal, as premiações são simplesmente um afago nos mais chegados da indústria... aquele tapinha nas costas maroto... e os Daniel não estão tão envolvidos assim na indústria de Hollywood para receber esse afago... e a própria A24 já declarou que está na pista para realizar ótimos filmes para o público, e não se preocupar com Oscar e afins.
É o filme do ano senhores, uma perfeição sem igual, um roteiro riquíssimo, personagens super cativantes, uma história que te prende, situações cômicas e bizarras que vão fazer você ficar de queixo caído, e uma dramaticidade que te pega quando você menos espera. Um poço de ideias e inovação trazida até nós por Daniel Kwan e Daniel Scheinert, e uma atuação de um elenco que estava inspirado... tudo conspirou para sair uma pérola em forma de película, uma obra de arte que pode definir esta ainda jovem década de 20.
"Como é imensa a felicidade da virgem sem culpa. Esquecendo o mundo, e pelo mundo sendo esquecida. Brilho eterno de uma mente sem lembranças! Cada prece é aceita, e cada desejo realizado"
Este é um trecho do poema de Alexander Pope que deu nome ao filme dirigido pelo mestre Michel Gondry, lançado em 2004, e que marcou aquela década como um dos melhores filmes lançados, e que virou ícone cult e da cultura pop com o passar dos anos. Posso dizer que já perdi a conta de quantas vezes vi essa obra de arte, tanto na TV dubladão na época, como legendado (como deve ser) em DVD nos anos posteriores.
Mas a ideia na verdade veio de Pierre Bismuth, creditado como roteirista do longa, que foi escrito por Michel Gondry e Charlie Kaufman, que sugeriu ao francês a ideia de um filme em que o personagem recebeum cartão em sua caixa de correio com a mensagem: "Alguém que você conhece te apagou da memória".
"Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças" (Eternal Sunchine of the Spotless Mind, no original) conta essa história, onde Joel Barish, depois de uma briga com sua namorada Clementine, antes do Valentine´s Day, descobre que a mesma apagou ele de sua memória, e querendo dar o troco e apagá-la também, percebe no meio do processo que algumas lembranças são tão singelas, que ele não quer esquecê-las, até decidir não querer mais dar continuidade ao processo.
"Brilho Eterno" é um dos filmes mais gostosos não só da década de 2000, como de toda a história do cinema, e fica difícil achar o mérito: Está na direção de Michel Gondry que fez, ao meu ver, o seu melhor filme até hoje? Está no roteiro que é tão certeiro, e tem um texto tão bem escrito, que é redondo e se completa do começo ao fim, fazendo nos apaixonar pela história desde o começo? Ou seria a interpretação do elenco, e da dupla de protagonistas, que é o carro chefe do longa?
Michel Gondry é um diretor que conheço de longa data da MTV, pois ele dirigiu diversos clipes que já assisti à exaustão nas épocas em que eram exibidos, sendo o primeiro que vi dele 'Everlong' um dos maiores hits do Foo Fighters (saudoso Taylor Hawkings, pra mim ainda não engoli), e logo depois 'Army Of Me' da Bjork, artista com A maiúsculo, pirava nos clipes dela. Além do mega hit 'Fell In Love With A Girl' dá então novata banda/dupla The White Stripes, em um clipe matador feito de lego... e outro clipe que adorava de uma cover dos Stones do Bob Dylan 'Like A Rollin Stone', a música era ao vivo e eu era viciado nela, e o clipe é ótimo com imagens pausadas que passam como se fossem reflexos, ou seja, Michel Gondry só dirigia pérolas que passavam nas MTV mundo afora. E ver o que ele fez em 'Brilho Eterno' é de aplaudir de pé, porque a direção dele é perfeita, não só com os atores, e ele tinha um elenco de peso pesado nas mãos, super talentosos e muito animados com o roteiro, mas por suas jogadas de câmera, a forma como sai de um local para parar em um cômodo de um local a milhas de distância, como se fosse um corte teatral numa peça. A escolha por uma paleta de cor mais fria, até pelo filme se passar no inverno e ter uma tema dramático, triste... contrastando com as cores vivas dos cabelos pintados de Clementine, o vestuário de Mary, a decoração das instalações do Dr. Howard Mierzwiak, e por aí vai. Fora que com a ajuda do editor Valdis Oskarsdottir, montou o filme de uma forma que não fica confuso para quem assiste, se estiver ligado na história mesmo, e bacana de ver como tudo se encaixa a medida que o longa vai avançando. O que posso dizer mais de Michel Gondry...? Gênio contemporâneo, nasceu para dirigir, para montar, para contar uma história visualmente, é artista no sentido mais puro da palavra.
A história em si é soberba... vai dizer que nunca deu vontade de você apagar uma pessoa das suas memórias (da vida amorosa ou não), em nenhum momento de sua vida? E a forma como desenrolaram essa trama, para ter idas e voltas, faz várias curvas e é doido você imaginar como isso é possível.
No final, fica claro que não tem como você realmente apagar a pessoa da sua memória, pois sempre terá um gatilho que irá despertar a confusão na sua cabeça e isso pode vir a tona, mesmo que demore, e a pessoa volta a lembrar. Pode ser um objeto, uma frase, uma palavra, uma música, uma roupa...enfim. Joel, Mary, Clem, todos eles teve aquele lapso que vem á tona, e a confusão se instaura, e você volta para o ponto onde começou... o caminho de volta para a pessoa amada.
O elenco... só ator/atriz que eu amor e sou fã incondicional. O meu Quinteto Fantástico de monstros da sétima arte:
-Jim Carrey, como Joel Barish... novamente em um papel sério, dramático, deixando um pouco a comédia de lado, o mais sérios dos personagens... mais dramáticoo que Truman Burbank, que Andy Kaufman, mais até que Luke Trimble. Ele está um arraso no filme, e sempre vai ser esse espinho no pé dele a não indicação ao Oscar pelos papéis que ele merecia...se ganharia ou não, tanto faz, mas a lembrança, o reconhecimento ao trabalho feito... é uma vergonha a Academia nunca ter reconhecido o talento dramático de Jim Carrey. O BAFTA, o Golden Globes, souberam reconhecer... isso é que eu chamo de falta de prestígio.
-Kate Winslet, a eterna Clementine, muitos sempre vão lembrar dela como Rose DeWitt Butaker, mas eu sempre lembro e vou lembrar dela como Clementine, a garota problema mais amorosa do planeta que qualquer homem na terra gostaria de namorar/casar. Descolada, estilosa, personalidade ofuscante, carinhosa, impulsiva, ciumenta, problemática, complicada... são tantos adjetivos que vou até parar por aqui. Não vejo nenhuma outra atriz na época que fosse capaz de dar vida a Clementine, de uma forma tão apaixonante e certeira, que só Kate conseguiria e conseguiu fazer. Talvez Jenny Lawrence conseguiria, ela tem o perfil, mas era muito criança na época. Kate esteve inspiradíssima no papel, amou o roteiro, e deve ter gostado muito da visão de Gondry para o longa e como ele queria conduzir a personagem de Winslet... Clem é apaixonante demais, um anjo na tela com chifres e rabo pontudo (kkkkkkkkkkk)... pra mim, é o melhor papel de Kate Winslet da carreira dela, Kate nasceu pra interpretar Clementine, e tinha que ter um boneco action figure de Clementine pra gente colecionar em casa.
-Mark Ruffalo, ainda novinho, galgando seus passos em Hollywood, colhendo ainda os sucessos de '13 Going on 30', que estrelou ao lado de Jennifer Garner. Deixou sua marca pessoal de interpretação em Stan, o nerd que trabalhava pra agência do Dr. Mierzwiack e tinha um 'crush' pela Mary. Aquela dancinha dele e da Mary a base de maconha, de cueca é muito hilária.
-Kirsten Dunst, a Mary, recepcionista do consultório de Mierzwiack, que tinha um 'crush' nele, que tinha um casinho com Stan, que supostamente não gostava de Patrick, que é linda de morrer, graças a beleza de Dunst. Gosto muito de vê-la atuando, ainda mais solta como foi aqui... claramente dava pra perceber que Michel Gondry deixou-a à vontade para brincar com Mary, criar sua própria visão e trejeitos da personagem. Não vou negar que tem muita coisa da Mary Jane ali, mas até aí ela gravou os dois filmes no mesmo ano então, dá pra dar um desconto.
-Tom Wilkinson, o Dr. Howard Mierzwiack, foi aqui que eu o conheci e virei fã desse monstro de ator... nem tenho muito o que falar, quem assistiu ou ir assistir o filme é só observar, a grandeza da interpretação, os olhares, a forma como coloca suas falas, como se posiciona no cenário e para a câmera, como entende a cena, o que ela pede dele em termos de reposta corporal. Wilkinson é demais, eu não dou conta dele, é um atorzaço, me falta adjetivos... quando ele chega para ajudar Stan com a máquina e vê que Maty está lá, toda a sequência da cena, é aula de interpretação e postura.
Fora eles, ainda temos o Frodo em pessoa, Elijah Wood, a vontade demais no papel, se divertindo muito, leve também, um pequenino alívio cômico. Roubou as calcinhas da Clem, roubou a própria Clem de Joel... é muito bom ver Elijah em um papel mais fora da curva, mais inter-pessoal.
O longa foi indicado ao Oscar somente nas categorias de Roteiro e Atriz para Kate Winslet (sua quarta indicação até então), levando o prêmio de roteiro para Michel Gondry e Charlie Kaufman. Já no Globo de Ouro foi indicado nas principais categorias como Melhor Filme Comédia/Musical (deveria ser Drama, errou veio Golden Globes), Melhor Ator para Jim Carrey, Atriz para Winslet. No BAFTA, além das indicações acima, Michel Gondry foi justamente indicado a Direção, e o longa levou dois prêmios, Roteiro e Edição (este muito merecido).
Pra mim está no top 5 de filmes que definiram a década de 2000, junto com Amélie Poulain, The Matrix, Homem-Aranha 2... uma pérola apaixonante e inigualável feita por um dos cineastas mais inteligente e visionário dos tempos modernos, que aperfeiçoou sua arte de direção com videoclipes por anos a fio, até pôr a prova sua capacidade com longas-metragens, e acertando a mão com "Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças", que possui os personagens mais carismáticos da década de 2000.
ATENÇÃO: ESTA RESENHA CONTÉM PALAVRAS DE BAIXÍSSIMO CALÃO!!!!
O grande vencedor do Urso de Ouro de Berlim em 2021, chegou somente este mês ao Brasil, obviamente com uma estreia muito tímida, justamente pelo fato de ser um filme estrangeiro, uma co-produção entre Romênia, República Tcheca, Croácia e Luxemburgo.
Produzido por Ada Solomon e dirigido por Radu Jude, "Má Sorte no Sexo ou Pornô Acidental", pode, já no seu título, confundir o espectador e acabar achando que o filme é totalmente pornográfico ou de baixo calão. Então você não está errado (mas também não está certo), pois o filme de Jude tem em seus primeiros 4, 5 minutos uma cena de sexo totalmente explícito, sem pudor, no melhor estilo XVídeos... só que para por aí (ou não...)
Ao ler a sinopse, ler uma crítica na internet, e ver o curto trailer de 1 minuto no Youtube, eu imaginei algo diferente do filme. Já esperava uma sátira a sociedade atual, não muito diferente em qualquer país que se imagine, e imaginava que iria lidar com estes temas polêmicos, como pandemia, pornografia, julgamento do próximo, politicamente correto, com ironia, comédia, mesclado com uma serena seriedade ou o famoso bom senso. Não foi exatamente isto que Radu Jude fez com seu novo filme.
Para começar, Jude dividiu o seu filme em três distintos atos...e bota distinto nisso; O primeiro ato começa do jeito que descrevi acima, já começa chocando o espectador (não a mim, não tenho problema com o assunto sexo), mas na sala dava para ver algumas pessoas "meio assim", você percebe uma diferença nos trejeitos de quem está sentado na poltrona, quando uma cena "pega" a pessoa. Eu já sabia que o filme começaria assim, com uma bela de uma trepada, mas e quem não sabia? Deu pra perceber isso ao ver as reações. Depois deste ato libidinoso, temos quase meia hora de Emilia (Katia Pascariu) andando pela cidade romena, para cima e para baixo, ela que é a protagonista da sex tape vazada em sites adultos, junto de seu companheiro de sexo. Ela fala esporadicamente ao celular com seu marido que tenta sem sucesso fazer com que o vídeo desapareça da internet, sem sucesso. Ao andar pela cidade, Radu Jude nos dá muitos takes de fachadas de prédios e construções, pessoas andando na rua, frases em cartazes públicos, e frases em propagandas de produtos diversos espalhados pela cidade... todos sempre com uma conotação sexual, ou remetendo a algo que de uma certa maneira denigre a imagem feminina. E como eu disse, essas cenas levam cerca de meia hora no filme, onde quase nada acontece... muita gente irá questionar: "O que tá acontecendo neste filme?". O que temos de básico é uma discussão ali e acolá acerca da política romena e de como as pessoas na Romênia são muito (mas muuuuito) mal educadas e bocas sujas.
O segundo ato destoa completamente do filme, pois saímos da "ficção", para Jude nos mostrar cenas de arquivo e de Youtube sobre o cotidiano social romeno, a história romena antiga, contemporal e passado recente, algumas piadas leves, e um pouco de pornografia gratuita, com nudez frontal feminina e masculina e uma cena de boquete... como ele mesmo mostra no filme, 'Boquete' é a palavra mais procurada no dicionário online... a segunda é 'Empatia'. Este ato, para mim pessoalmente, é o mais interessante, ali aprendi muito sobre o regime romeno, como foi socialmente as guerras que aconteceram por lá, o papel da igreja, a visão dos militares, como tudo isso respingou no povo, como os judeus e os ciganos são vistos e tratados no país, e como eles foram macetados na história romena, e como a sociedade romena consegue rivalizar com a brasileira em termos de nojeira, falta de bom senso e má educação. Sem querer julgar, mas já julgando! Além disso, uma cena ou outra de nudez gratuita para dar uma aliviada.
O terceiro e último ato, o mais elogiado pela crítica, e um dos mais interessantes do filme, se concentra em Emilia comparecendo ao colégio onde dá aulas para crianças, ela é professora e depois que seu vídeo vazou em sites adultos, os pais exigem uma reunião excepcional imediata, no meio da pandemia, onde deveria se manter a distância social, para definirem se ela merece mesmo continuar na escola lecionando para as crianças, uma vez que ela está na internet obscura em um vídeo pornográfico, fazendo tudo e mais um pouco.
No começo da reunião, uma das mães, a mais fervorosa, já saca seu IPad, e mostra novamente o vídeo que vimos no início para todas as mães e pais presentes, imagine o constrangimento de Emilia, com um senhor, bem sem noção, querendo ver até o fim para conferir o 'final feliz' para os bons entendedores. Há muita controvérsia no debate que se segue entre Emilia, os pais e a diretora da escola que ali está intermediando, com presença até de um oficial militar defensor do fascismo. Ali tem muitos certos e errados, de ambas as partes, dos pais, de Emilia e da diretora, mas o nível de insensibilidade e de burrice mesmo dos pais, de falta total de informação e de coerência é absurda, e fica nítido que é um traço da sociedade romena inserida no filme por Radu Jude, e também um pouco de ironia para tratar do assunto.
Todas as mães e pais a julgam pelo vídeo vazado e os atos que ela comete na sex tape... mas o que ela faz ou deixa de fazer entre quatro paredes é problema dela, e até parece que aquelas mulheres e homens nunca fizeram ou não fazem aquilo em seus momentos de intimidade. O cinismo é tão grande que a julgam por fazer um boquete no companheiro dela, a julgam por dar de quatro pro cara, de falar palavras baixas... e o que essas mães e pais mais falam são palavrões do nível: "Vai se Foder e Chupa meu Pau", "sua Puta boqueteira", "Você é uma atriz Pornô?", como se fazer esses atos fosse algum crime imperdoável da humanidade. Aqui mesmo no Brasil se uma mulher estiver em uma roda informal de amigos, e ela disser que gosta de fazer um boquete, ou que gosta de ser comida por trás, ou gosta que ejaculem na boca dela, na hora pode até não ouvir nada recriminador, mas por trás, quando essas pessoas estiverem entre si, sem a presença dela, o que essa mulher será achincalhada, massacrada, mal falada, até pelas próprias 'colegas'... é tipo, "eu posso fazer e tá tudo certo porque eu sou danada, mas você não pode porque é coisa de puta"... e acreditem, eu observo e acontece muito isso...mas muito mesmo... nada diferente mostrado no terceiro ato do filme romeno. É muita hipocrisia! A mulher tem direito de fazer o que quiser, quando bem entender, porque todo mundo faz, mas só a pessoa que abre a boca é julgada, ou quando o vídeo vaza no caso do filme.
'Má Sorte no Sexo Ou Pornô Acidental', é um bom filme, muito satírico que não se leva nada a sério, apesar de tocar em temas polêmicos bem certeiros. O abuso satírico do filme me incomodou um pouco, pensei que haveria todo um diálogo por trás, mas o filme é muito mais uma tiração de sarro, que no final vai fazer você debater ali e acolá, mas nada demais para se levar a sério. Os três atos se destoam bastante e vai confundir o espectador, vai cansar também, o primeiro ato pode fazer muita gente desistir do filme, e o segundo, pra quem não gosta de saber das coisas, vai afugentar muita gente que chamará o filme de ruim... não vou culpar essas pessoas, pois Radu Jude realmente esteve inspirado ao montar este filme... muita coisa dispersa que vai exigir sua atenção e paciência na frente da tela. O filme ganha mesmo no terceiro ato final, ali ele se mostra apto, grandioso, astuto, ácido e voraz... um texto bem inteligente e boas atuações de todos os atores envolvidos no debate em questão.
O filme possui três finais propostos pelo diretor, e não vou citá-los não pelo de poupar spoilers, mas pelo fato de serem irrelevantes pelo discurso que o filme propõe, o importante é percebemos a podridão que a sociedade é em qualquer regime segmentado do planeta... os diferentes povos espalhados pelo planeta, são muito mais parecidos do que pensam. Mas, para quem já viu o filme, fico com o final 3... faz mais sentido para mim, um final digno para um filme muito satírico que não se leva a sério.
(Assistido em 18/06/2022 - Cine Petra Belas Artes)
Não lembro em que momento lendo os quadrinhos da Marvel, há muitos anos, eu ouvi falar dos Eternos, mas pouco sabia deles, não conhecia nada. Até eu chegar no momento em que os Vingadores mudaram de formação e a Viúva Negra passou a ser líder, e todos os integrantes usava uma jaqueta marrom com o logo A, de Avengers no ombro, e essa formação contava com Sersi, que na época eu sequer sabia que era uma Eterna, somente quando li a minissérie dos Eternos que eu liguei um ponto ao outro. Quando eu conheci mesmo os Eternos, foi na minissérie homônima escrita por Neil Gaiman (o mestre escritor), lançado aqui se não me engane em 2006, por aí... fiquei maravilhado, que história, que visão de Gaiman para os Eternos, que roteiro, que texto, que reviravolta...uma obra-prima praticamente.
Dito isto, qual foi minha surpresa ao saber que Kevin Feige iria fazer um longa cinematográfico dos Eternos. No mesmo momento, remeti a minissérie de Neil Gaiman e pensei: "Vai ser o melhor filme da Marvel, certeza". Estava expectativas muito altas, lá encima, hypado demais, e depois de ver o elenco ser anunciado um por um... os 'Game Of Thrones' Kit Harrington e Ricard Madden, Barry Keoghan, Lauren Ridloff e Angelina Jolie. Fora a diretora anunciada, Chloe Zhao, na época elogiadíssima pelo seu filme 'Nomadland' que ainda não havia conferido, era lançamento em Cannes.
Criados por Jack Kirby (Capitão América, Vingadores, Quarteto Fantástico) em 1976 para a Marvel, os Eternos são seres criados pelo Celestiais, Deuses que criaram o universo e galáxias e planetas, e gerou os Eternos para evoluir as raças dos mais vastos planetas, e os Deviantes, inimigos dos Eternos, para acelerar essa evolução.
O longa visualmente e tecnicamente é soberbo... mas tem muitos problemas em seu roteiro e na condução de seus personagens.
O longa começa com a clássica música 'Time' do Pink Floyd (mais alguém aqui gosta?) já nos créditos iniciais do Marvel Studios, nos apresentando os Eternos e como eles vieram parar na terra. Artisticamente o filme é uma beleza sem igual, que trabalho, a nave 'Domo' que chega a Terra, os efeitos dos poderes de cada um dos Eternos, todo o universo e as galáxias criadas para o filme foram muito bem desenhadas e criadas digitalmente. Penso que o ponto alto mesmo, foi a introdução dos Celestiais, foram desenhados de uma forma colossal, representados em tela como se fossem divindades supremas, um tamanho inimaginável, e nos coloca em tela, no caso do Esternos, como formigas quando estão na palma da mão de Arishem, um dos Celestiais que aparecem no filme e encarregam os eternos de sua missão na Terra. É incrível, é soberbo, é majestoso vê-los em plena galáxia em sua máxima prepotência, completamente gigantes colossais. Mais incrível ainda é a cena criada digitalmente que mostra o despertar do Celestial Tiamut, que praticamente destrói o planeta Terra e o mostra em todo sua forma colossal... que cena magistral, um primor de efeito visual... nesse ponto a equipe de efeitos do filme está de parabéns.
Chloe também usa de seus dons de filmagens que conhecemos de 'Nomadland', pois temos muitas cenas em campo aberto, muitas tomadas do alvorecer, entardecer, paisagens sórdidas de cenários que ela escolheu filmar, como nas Ilhas Canário em Portugal. Há também mu8itas cenas onde só o olhar e os gestos são mais exaltados que o texto em si, outro ponto que é a assinatura de Chole. Em questão de direção ela fez um trabalho ótimo, muito melhor que o esperado, soube conduzir bem os atores, implantou bem sua marca no longa, soube filmar batalhas em vários momentos do longa, muito bem captadas e coreografadas, com pontos altos nas cenas na galáxia onde nos mostram os Celestiais, nas cenas onde temos Ikaris em ação, e na luta entre Makkari e Ikaris, com a super velocidade de Makkari. Cena muito bem conduzida.
Já falando do roteiro, o trio Patrick Burleigh, Kaz Firpo e Ryan Firpo, não foram muito bem, acabaram errando mais que acertando. Muita gente fala do tom do filme, mas isso não tem nada a ver, o roteiro mesmo é que carece de inspiração, chega a ser bem genérico, beirando a novela mexicana... e fazer isso em um filme grandioso como o dos Eternos, é pedir para ser execrado e escorregar feio no tomate. O principal problema é o não desenvolvimento de metade dos Eternos, como vemos no filme que os Eternos que tiveram mais tempo de tela e foram os mais desenvolvidos em cena foram Ikaris, Sersi, Sprite e Druig (ele já um pouco menos que os outros três). Os demais Eternos, quase nada de desenvolvimento, temos uns vislumbres com Phastos e seu marido e filho, e Kingo e sua carreira de gerações em Bollywood... porém, Thena, Gilgamesh, Makkari, Ajak, zero de desenvolvimento, nada, parece que estão no filme apenas para preencher espaço, e olha que o filme tem margem para fazer isso acontecer, afinal ele tem mais de 2h30 de duração.
Realmente o roteiro mal escrito e pouco aprofundado nos personagens fez com que o filme não conseguisse se ligar com o público. É difícil o público se conectar com eles, não temos desenvolvimento, não temos foco nas relações dos personagens, é difícil comprar o amor que alguns deles sentem pela raça humana, Sersi, Kingo e Phastos são os que mais demonstram, mas ao mesmo tempo parecem que estão desconectados das pessoas. Druig é um caso problemático, pois parece se importar com os humanos, mas os trata como marionetes em seu pequeno teatrinho. Já Sprite, está mais interessada em sentir alguma coisa, do que se conectar realmente com os seres humanos, uma vez que ela é a mais diferente dos Eternos. Não que você não acabe torcendo por eles, mas conforme o filme passa, a distância entre público e personagens é tão grande, que no seu ápice, tanto faz se alguém vai morrer, se vão ter êxito, e moralmente, se estão certos ou errados em salvar a raça humana ou deixar o Celestial Tiamut despertar e destruir o planeta. Tanto faz, você não se apegará tanto a missão deles, ao que eles sentem ou deixem de sentir. Eles parecem querer ter defeitos e erros como o ser humano tem, mas ao mesmo tempo agem como se a vontade deles prevalecesse ao nosso livre arbítrio. Durante o filme todo, Ajak, a líder dos Eternos, e alguns deles, como Sersi e Kingo, têm um amor profundo pelo ser humano, nos vêem como uma raça diferente, belos, bonitos, esperançosos, somos dignos de algo que nem sabemos que somos. O que faltou no roteiro dos Firpo para este filme? Responder esta pergunta, evidenciá-la em tela: 'O que torna o ser humano, uma raça tão diferente de outras galáxia afora, que faz com que Deuses abram mão de sua missão para nos deixar viver?', 'O que nós temos de especial que outras raças não tem?' Se você não responde essas perguntas, como vamos aceitar que esses Eternos são aptos a afirmar que somos a melhor raça que existe no vasto espaço-contínuo. Porque Ajak cumpriu tão fielmente a missão de Arishem em tantas galáxias, mas e nós enxergou algo que não nos é respondido?
Os Eternos tiveram algumas licenças criativas no longa, não entrar em detalhes de todas, afinal são bem complexas, mas vou citar as bem nítidas;
No elenco temos a incrível Salma Hayek como Ajak, a líder dos Eternos... na HQ's, Ajak é um homem, e Salma aparece pouco no filme, não tem desenvolvimento, e mal nos apegamos a ela; Gemma Chan (Capitã Marvel) faz Sersi, que aqui difere muito da Sersi da HQ's. Há muito drama e questões internas em Sersi que deixaram a personagem meio perdida no filme, você não sabe muito para onde ela vai, e a mesma também não sabe como agir, ou seja, falha de roteiro; Richard Madden faz Ikaris, nas HQ's ele é o mais popular dos Eternos, quase uma espécie de líder. Não nego que aqui, o personagem deixou muito a desejar. Bem mal escrito, com nuances do Ikaris da HQ que foram mal adaptados; Angelina Jolie é Thena, de longe a mais mal escrita do filme. Incrível como não souberam usar uma atriz do calibre de Angie para fazê-la brilhar no filme, com uma personagem que poderia ser muito melhor apresentada e mais Badass do que aparentou. A personagem parecia despirocada, como se vivesse a base de Rivotril. Um desperdício completo que chega a dar pena. Barry Keoghan (The Batman) fez Druig, e foi interessante em pontos chave do filme; Kumail Nanjiani fez Kingo, nas HQ's ele é um Samurai e ator, aqui ele é interpretado por um ator indiano que faz sucesso em Bollywood por gerações como ele mesmo sendo bisavô, avô, pai e filho. Tinha potencial,usaram como alívio cômico; Brian Tyree Henry (Se a Rua Beele Falasse) é Phastos, bem diferente das HQ's, mas um dos poucos personagens bem escritos do longa, mas pouco desenvolvido. ou seja, erro de roteiro de novo; Ma Dong-seok fez Gilgamesh, ao mesmo tempo que é diferente da versão das HQ's, tem suas semelhanças, e no longa ele está muito bem no personagem e seu Gilgamesh é um dos que convence... pena que foi mal aproveitado. Muito clichê sua jornada.
De todos, a mais desperdiçada no filme foi Lauren Ridloff, que fez Makkari. Nas HQ's, Makkari é Homem. Lauren, que conheço da série The Walking Dead, é uma atriz surdo-muda, coisa que nas HQ's Makkari não é. Porém, Makkari é apresentada no começo do filme nos flashbacks que se passam anos antes do nascimento de Cristo, e nos anos depois de Cristo, mas no presente, ela só aparece no fim do filme, pouco interage com os demais Eternos, diferente do resto deles, ela não demonstra nenhum senso de por que e por quem está lutando, não sabemos se ela partilha do amor para com os seres humanos que boa parte dos Eternos demonstra, e praticamente nada agrega ao longa... a única coisa que fizeram foi fazê-la ficar de graça com Druig. Que desperdício de talento de Lauren que é uma ótima atriz, e foi escanteada no filme, a personalidade dela no filme é inferior a do Flash do desenho da Liga da Justiça, para efeito de comparação dado a similaridade dos super poderes. Não gostei, bola fora dos roteiristas. Ainda temos Lia Mchugh como Sprite, que nas HQ's é um garoto e aqui é uma garota; Kit Harington como Dane Withman, alter ego nas HQ's do Cavaleiro Negro, que já foi membro dos Vingadores. Além de Harish Patel, mais um alívio cômico no filme e o cantor Hatty Styles como Eros, irmão do Thanos, o Starfox das HQ's. Bill Skarsgard, dá a voz a Kro, o Deviante que fala, e Patton Oswalt (de Two and A Half Men e Agents of Shield) dá a voz a Pip.
Uma coisa que eu acho que acho, é que depois do cancelamento do filme dos Iumanos, o filme dos Eternos veio para preencher essa lacuna que Kevin Feige idealizou para o futuro da Marvel, afinal os Inumanos descendem dos Kress e dos Celestiais, de muits e muitos anos antes daos seres humanos povoarem o planeta Terra. Fico me perguntando se o filme dos Eternos veria a luz do dia se o projeto dos Iumanos não tivesse sido cancelado.
Um dos projetos mais ambiociosos do Marvel Studios, 'Eternos' acertou demais em seu visual, acertou na parte tecnica e foi um primor para os olhos. Falhou muito em seu roteiro, em não se aprofundar mais em seus personagens, e não conseguir fazer com que nos liguemos a eles, como nos ligamos aos demais que já nos foram apresentados, como Pantera Negra, Doutor Estranho, os demais Vingadores, e até o Homem-Formiga e a Vespa. Vejam o exemplo da Nebula, dos Guardiões da Galáxia, personagem do sexto escalão da Marvel, ninguém liga pra ela, eu mesmo nem acho ela tão relevante, pouco li dela, pouco foi escrito dela... mas no MCU, sua personagem só cresceu filme após filme, construíram ela muito bem, desenvolveram seu arco muito bem, e ela se tornou personagem central no filme mais importante dos Vingadores... quem diria, eu nunca imaginaria isto. Ou seja, méritos para James Gunn, roteirista dos Guardiões, e Christopher Markus e Stephen McFeely, roteiristas de Ultimato.
Tinha altas expectativas com o longa, que me decepcionou por um lado, mas me deixou boqiaberto por outro. É um filme que fica no meio termo, ele não ganha e nem perde...vai pros pênaltis e quem decide a cobrança decisiva é o público.
(Assisido em 04-11-2021 Kinoplex Vila Olímpia) (Reassistido em 12-06-2022)
Os anos 80 com certeza foram um dos auges do gênero Terror/Horror no cinema, com títulos que são cultuados até hoje, e são tantos: A Hora do Pesadelo, Evil Dead, Sexta Feira 13, Helloween, Hellraiser, O Ataque dos Vermes Malditos, A Coisa, Massacre da Serra Elétrica, A Mosca, Cemitério Maldito, enfim... Junto com todos eles surgiu mais um longa que conquistou o público mundo afora, e entrou neste seleto grupo de filmes icônicos que influenciaram uma grande leva de filmes que vieram décadas depois.
Dirigido por Tom Holland, diretor de outro sucesso dos oitenta, 'A Hora do Espanto', e escrito, idealizado e produzido pelo pai do Chucky, Don Mancini, 'Brinquedo Assassino' (Child's Play) foi o pontapé inicial na história do boneco Good Guy mais famoso do planeta, que por mais que seja um assassino em série impiedoso, conquistou inúmeros fãs com o passar das décadas com sua franquia de filmes.
A história é básica, um assassino em série chamado Charles Lee Ray (nome baseado nos assassinos em série reais, Charles Mason, Lee Harvey Oswald e James Earl Ray) é encurralado e morto por um policial próximo a uma loja de brinquedos. Com ensinamentos de magia negra, Charles transfere sua alma de seu corpo que está morrendo para o corpo de um boneco da linha Good Guy, um famoso desenho da época. Dentro deste corpo, Charles acaba indo parar na casa de Andy Barclay, que ganhara o boneco de presente de aniversário de sua mãe, Karen. Querendo se vingar de seu comparsa que o abandonou na cena do crime, Charles, que tem o apelido de Chucky, inicia uma série de matanças, e ao ser baleado no braço, estranha quando seu corpo de boneco sangra e o ferimento dói. Agora, Chucky precisa transferir seu alma para o corpo do pequeno Andy, a quem ele contou seu segredo pela primeira vez, ou ficará preso no corpo do boneco para sempre.
Orçado em Nove Milhões de dólares, fez na época 44 Milhões de dólares nos cinemas gerando um ótimo retorno para o estúdio produtor.
O filme é ótimo, foi um dos primeiros filmes (se não o primeiro) que aluguei na locadora em VHS no longínquo ano de 1990, sendo a minha porta de entrada para filmes internacionais, junto com 48 Horas, Um Tira da Pesada e Loucademia de Polícia. Para a época, Brinquedo Assassino era assustador, bem feito, convincente, engraçado e principalmente um bom filme de terror para ver perto da meia noite. Eu amei assim que botei os meus olhos nas capa do VHS, e o filme em si apenas corroborou isto. Se tornou minha franquia favorita, principalmente de terror por anos e obviamente, foram várias conferidas no filme em suas diversas exibições na TV Globo e no SBT.
Já perdi as contas de quantas vezes eu assisti o longa e suas continuações, mas revendo novamente para fazer essa resenha, algumas coisas me chamaram a atenção:
-Os efeitos visuais que hoje parecem meio pobres e mal envelhecidos, eram ótimos para a época, e ainda funcionam por incrível que pareça; -A forma como Chucky se movimenta, como fizeram ele se movimentar a pé, sentado, dando a impressão que não tem ninguém escondido em cena fazendo o boneco se movimentar, é impressionante... realmente um trabalho de alta qualidade, para acreditarmos que Chucky realmente existe e se mexe e pode aparecer na nossa sala ou quarto enquanto assistimos o filme; -A direção de Tom Holland é ótima, sempre pega o Chucky em quadros que o favorece e o deixa verossímil em cena como se realmente existisse... sem falar que ele usa aquela famosa jogada de câmera em terceira pessoa, onde somos os olhos de Chucky quando persegue sua vítima pelo cômodo para surpreendê-lo(a)e proferir seu golpe fatal.
Uma coisa que não comprei, no final do filme, que nunca tinha me incomodado, mas agora com outros olhos críticos, enxergo como um erro, e uma ideia mal executada e implantada... foi o fato de como mataram o Chucky. Quiseram usar de requintes de crueldade para derrotar o boneco, e deixar algo bem macabro e assustador, mas acaba saindo muito dos padrões apresentados no filme que nos convence de que Chucky pode mesmo existir, e que é um ser vivo como nós somos. A sequência de sua morte, é meio medonha e foge da realidade... o boneco é queimado e continua vivo, até aí ok e eu compro. Mas logo depois ele é mutilado com tiros certeiros e tem sua cabeça separada do corpo que está sem um braço e sem uma perna... ainda assim e continua vivo, e sua cabeça ainda funcional, determina ordens para seu corpo mutilado que ainda tenta matar o parceiro do policial Mike Norris... tudo isso muito surreal, fugindo muito do que o filme propôs e construiu para Chucky...e hoje eu considero uma bola fora de Don Mancini, apesar de entender que naquela época eram outros tempos... e lá pode até ter funcionado.
O elenco é mais que competente, com destaque para o quarteto protagonista: - Catherine Hicks (virou animadora, trabalhando em Monstros vs. Alienígenas), que fez a mãe de Andy, e é uma ótima atriz. - Alex Vincent, que fez o pequeno Andy, e esse menino na época deu um show como ator mirim em um filme de terror. Que atuação do menino, esperto, inteligente, sabe mostrar bem as nuances dos sentimentos de Andy... ator completo já, tão novinho. - Chris Sarandon (de A Hora do Espanto e O Estranho Mundo de Jack) que fez o policial Mike Norris, um personagem mais comum, que faz o policial básico dos filmes de terror norte-americano, mas que ainda assim atua muito bem. - Brad Dourif (da trilogia O Senhor dos Anéis e A Cor da Noite) que faz Charles Lee Ray, e depois a voz de Chucky, até hoje), ele é praticamente o Chucky, difícil imaginar o boneco sem a sua voz, atuou bem nas cenas iniciais como Charles Lee Ray, e eternizou sua voz e sua risada como o boneco Chucky.
Uma franquia que faz sucesso até hoje, eternizado pela dupla Don Mancini e Brad Dourif, 'Brinquedo Assassino' é uma pérola dos anos 80, um arrasa-quarteirão daquela época, e um filme que ainda não envelheceu tanto assim... por mais que não dê mais aqueles sustos, e nem mexa mais com o imaginário do público, tão saturado por filmes de terror/horror de gosto duvidoso, 'Brinquedo Assassino' ainda entretém, mesmo sem impressionar.
Uma das poucas vezes que a Sony realmente fez dinheiro com um projeto da Marvel, foi com os filmes do Aracnídeo dirigido por Sam Raimi, a trilogia do diretor arrecadou muitos milhões para a Sony e chegou a incríveis 890 milhões só com Homem-Aranha 3, e são cultuados até hoje. Depois disso, o estúdio fracassou totalmente com os dois filmes de Marc Webb que rebootaram a origem do Aranha nos cinemas, e praticamente decretou o quase fim da franquia a curto prazo, mesmo tendo um projeto concreto de um filme para o Sexteto Sinistro que nunca se concretizou (Graças a Deus).
Com a surpreendente parceria com o Marvel Studios, o Aracnídeo foi tratado como merecia, e ganhou longas que arrecadaram muito mais do que era esperado e fez a Sony dar o pontapé inicial no que seria o Aracnoverso deles, com filmes de vilões e antagonistas do cabeça de teia, uma vez que o estúdio possui os direitos da Aranha no cinema. Mas com total certeza, 'Homem-Aranha Sem Volta Para Casa' foi o maior sucesso dessa parceira, que acabou faturando incríveis 1,89 bilhões no mundo todo, e se torna o filme mais bem sucedido da Sony de todos os tempos. Sem Volta Para Casa possui outro titulo de importância, foi o filme que salvou os cinemas na volta após a pandemia. Todos sabem que as salas ao redor do mundo não lotavam como antes, tinham capacidades reduzidas, e mesmo grandes produções que fizeram muito sucesso e levaram milhões as salas, como Sonic O Filme, Viúva Negra e Venom 2, não foram suficientes para salvar algumas salas da extinção. Mas com 'Sem Volta Para Casa', o cinema foi salvo, salas completamente lotadas, sessões de pré estreia concorridíssimas, juntando o fato de não haver mais restrições de pessoas em salas de cinema, e hoje a situação é completamente outra, com muitas salas suspirando aliviadas.
Ou seja, 'Sem Volta Para Casa' foi um arrasa quarteirão da Sony no fim de 2021, e é um grande filme de aventura nos moldes da Marvel Studios. Mas tendo bom senso suficiente para avaliar o longa, ele fez muito sucesso mesmo, graças ao seu elenco estrelado de produções passadas; Temos a volta de Jamie Foxx e Rhys Ifans dos filmes de Marc Webb, e Thomas Hayden Church, Willem 'Monstro' Dafoe e Alfred 'Mestre' Molina da trilogia de Raimi. E é claro, o grande motivo dos 1,89 bilhões em bilheteria, Andrew Garfield e Tobey Maguire, reprisando seus papéis aracnídeos em uma das maiores jogadas de marketing da história do cinema moderno. Foi difícil esconder a presença dos dois no filme, e era incrível como ainda havia dúvidas deles no longa na semana de estreia, mesmo com fotos vazadas na infame internet (leia-se Twitter). Todos queriam ver os dois novamente com o traje de Homem-Aranha enfrentando seus antigos vilões novamente, e é certeiro dizer que o interesse do grande público não estava muito em Tom Holland, dado os dois filmes anteriores, que são de gosto duvidoso para muita gente. Independente de a pessoa gostar ou não do Aranha de Holland, sua trama neste longa era só a cobertura de um bolo que seria degustado com os Aranhas antigos e seus vilões.
A verdade é que o público se surpreendeu, pois este foi a melhor interpretação de Holland como Peter, realmente o roteiro lhe exigiu bastante e Jon Watts, novamente o diretor do filme, tirou todo o talento de Tom a partir do ataque do Duende contra ele e sua Tia May, onde o filme deu uma virada total, e nos mostrou do que realmente um Homem-Aranha é feito, e estava faltando muito disto no Peter do MCU. Foi a melhor interpretação de Holland no MCU como Homem-Aranha e de certa forma chega a ser o melhor filme do Aranha-Holland na Sony, se compararmos aos dois anteriores.
Porém, verdade seja dita, temos um roteiro bem fraco em termos de desenvolvimento, não de história, pois o longa pouco caminha, tem um tom inicial apressado, muito clipado (uma cena atrás da outra sem resoluções), pouco foca nos personagens... tanto que de Longe de Casa para cá, MJ em nada evoluiu, deixou de ser a espertona emburrada do primeiro longa, para ser a apaixonada que precisa estar em perigo para Peter sempre salvar, ela tem umas nuances neste filme, mas é pouco comparado ao tamanho de Zendaya na indústria cinematográfica hoje em dia. Ned também está bem estacionado, Jacob Batalon é bom ator humorístico, e dava sim para brincar mais com seu personagem, ao invés de ser apenas o alívio cômico do filme. May foi outra que em nada evoluiu, permaneceu a tia modernona, que fala a linguagem dos jovens, e que tem uma cena apenas de destaque, quando ela profere as famosas palavras ditas por Ben Parker nos quadrinhos. Peter eu nem vou citar... é o Peter do MCU, não tem o que ficar falando.
Acho o Jon Watts um bom diretor, e também acho que ele fez um ótimo trabalho não só nos dois primeiros longas, como neste terceiro, onde seu trabalho está competente, isso eu não nego... dirigiu bem as cenas de ação do Aranha contra Octopus e o Duende, assim como a luta contra Electro nos matos, e o mundo espelhado de Strange na luta contra Peter, diretamente do filme de Scott Derrikson. Mas eu acho que cabia mais, as cenas de batalha finais são boas, bem dirigidas, temos uma imersão decente, mas eram três Homems-Aranha contra quatro vilões, podia ser mais grandiosa, poderia ter uma sequência longa de socos, chutes, raios, teias, abóboras-bomba, e por aí vai, com cada Aranha lutando contra um ou dois deles em cenas de tirar o fôlego, nível Vingadores 1, ou da cena inicial de Vingadores Era de Ultron. Uma pena Jon Watts não ter inovado mais ali, e ter feito algo que englobasse bonitinho o roteiro entregue.
'Homem-Aranha Sem Volta Para Casa' é um grande filme porque juntou os três universos de Homem-Aranha cinematográficos, e isso foi um sonho inalcançável realizado para os fãs, em termos de construção, finalização, coesão, o filme deixa bem a desejar, com um roteiro ora funcional, ora quebrado e batido, além de efeitos visuais bem falhos, como na cena inicial com Flash Thompson (Tony Revolori), entre outros efeitos nas batalhas que poderiam ser melhores finalizados. Mais uma vez Jon Watts opta por termos uma batalha conclusiva á noite, com cenas escuras que tiram a boa visualização do embate, ainda mais com tantos personagens lutando, bem diferente da batalha contra Mysterio, que à luz do dia, ficou linda de se ver e enalteceu sua direção e os efeitos do filme anterior... uma pena!
'Sem Volta Para Casa' não é um filme ruim, de forma alguma, só não é o melhor do Aracnídeo por contar com os três Aranhas do cinema até hoje. Tem muitos problemas de escolha de direção, efeitos e personagens estacionados... mas faz um ótimo fan service para os afeccionados e para o público que acompanha o Aranha no cinema.
Uma coisa que sempre falei ao longo dos anos com as pessoas, foi que Tobey foi o melhor Peter do cinema, seu Peter era muito próximo ao dos quadrinhos, e ele foi muito feliz ao dar todas as nuances ao seu Peter, do que como Homem-Aranha, onde Raimi focava mais na ação, e menos na personalidade que Peter criou para seu alter-ego. Peter era piadista demais como Aranha nas batalhas contra seus inimigos, para não demonstrar seu nervosismo ao enfrentá-los, isso os irritava e os distraía, para que Peter os pegasse de surpresa. Tobey como Homem-Aranha era mais caladão, fechadão, uma piada ali e acolá no segundo filme, e no terceiro ficou mais sem noção quando usou o traje simbionte. Mas ele brilhou mesmo como Peter Parker.
Já Andrew Garfield foi bem mesmo como Aranha, muito piadista, tirava seus inimigos do sério, sabia soltar a piada na hora certa, seus movimentos eram muito similares ao Aranha, não só dos quadrinhos, mas aos do desenho também. Garfield disse que se inspirou muito no Pernalonga para compor seu Aranha para o segundo filme, e isto é bem nitído, e lembra bastante o Aranha dos anos 70 que era assim, descolado e piadista. Já, seu Peter Parker, deixava a desejar, era depressivo demais, fechado demais, além de ser skatista, não tem nada a ver com Parker, pouco desajeitado, parecia um garoto revoltado que não gostava do afeto dos tios... não foi um bom Peter Parker, mas arrebentou como Homem-Aranha.
E isto ficou nítido neste filme, só reparar... Garfield é apresentado com o uniforme de Aranha, já se mostra como herói, com seus trejeitos e tem aquele senso moral do Aranha mesmo, de vigilante. Tobey já nos é apresentado, como Ned diz, como um cara aleatório qualquer, roupas civis, como Peter, o ferrado, o maltratado pela vida, sem sorte, tudo contra ele, com uma personalidade mais serena, sem tanta moralidade vigilantista, uma experiência maior da vida, das coisas, uma bagagem que o faz ser um Homem-Aranha melhor. Os dois atores foram apresentados da melhor forma que os destacaram em cada franquia trabalhada, e foi um dos acertos de Jon Watts na direção dos dois atores durante o filme, nisso eu tiro o chapéu para Watts.
Ainda temos as participações especiais de Benedict Wong como o Mago Supremo Wong, e Benedict Cumberbatch como Doutor Estranho, em uma atuação mais solta como o Mago Supremo, menos tensa, ou super-heroística dos outros filmes... ele pôde se soltar mais aqui e ter um aspecto mais sério nas cenas finais do longa.
Não sabemos de Tom Holland continuará sendo o Aranha no futuro, se foi seu último filme, assim como Zendaya, Jacob e o resto do elenco aracnídeo... mas seu final, sozinho, ferrado, sem família, sem amigos, sem fundos, sem ninguém, sem perspectiva da vida, tendo que se virar sozinho, essa é premissa que fez o Homem-Aranha ser o herói favorito de muitos garotos que não eram tão bem vistos na escola, e quem enxergavam no Peter o herói que eles também poderiam ser. Aquele final com Peter costurando seu próprio traje, completamente IGUAL ao traje dos quadrinhos sem nenhuma linha diferente, nem traço diferente... é de encher os olhos de qualquer fã do aracnídeo, era o que a gente queria ver também no Aranha de Tom Holland, e pode ser daí que poderíamos ter grandes filmes no futuro do Aranha mais independente, lutando sua s próprias batalhas, no quintal de sua casa, contra inimigos menos badalados, como Camaleão ou Escorpião, ou até a volta do Abutre de Michael Keaton.
PS: Um ponto completamente negativo e sem necessidade alguma, aquela cena pós crédito com Tom Hardy e seu Venom... que ideia ridícula foi essa, daonde Venom ou Brock conhecem Parker? Qual a necessidade de estar ali? Só pra deixar o simbionte naquele universo? Só porque os filmes foram um sucesso de bilheteria? Não engoli e nem engulo... não gosto deste Venom e praticamente nem reconheço que esta cena existiu... obiviamente, exigência da Sony, o que só constata...Sony NÃO É de confiança.
(Assistido em 15/12/2021 UCI Jardim Sul) (Reassistido 04/06/2022 Vibra Open Air)
Se existe uma franquia que tem mais chances de ter acertos que erros, essa franquia é Missão Impossível. Mesmo assim, o segundo filme é um longa que deixa muito a desejar com relação a franquia, talvez muito por querer tratá-lo com longa metragem mesmo, filmão de ação nível Stallone, Terminator, coisa grande. Ficou muito claro com o longa de estreia e com esta terceira parte, que tratá-lo com ares de episódio de uma série recorrente é a ideia mais acertada. Mas mesmo assim, Missão Impossível 3 conseguir errar onde não precisava.
Pra começar, o filme é ótimo, ação na medida certa, dirigido com competência e faz o que um bom filme de ação deve fazer, entreter. Na minha opinião, não supera o primeiro que começa a crescer comigo de nível, já ganhando ares de filme cult... mas mesmo não superando, o resultado final do terceiro longa é satisfatório, conseguiram dar aquele ar de ação/espionagem, mesmo que a espionagem mal apareça no filme.
Na direção, temos um dos grandes cineastas dos tempos modernos, J J Abrams, mente criativa por trás da série 'Alias' estrelada por Jennifer Garner (Eterna Elektra). Abrams é mestre quando o assunto é ação e protagonistas que fazem o "impossível" (sim, trocadilho), e aqui soube tirar exatamente o que a série precisava para ter um longa que fizesse jus á série clássica, trazer elementos, temáticas e narrativas que fizeram a série ter tanto sucesso na década de prata da TV. Neste ponto J J Abrams acertou, sua direção é ótima, voraz, e as cenas de ação são desenfreadas, a da ponte é surreal de tensa e bem filmada, com Tom Cruise sendo lançado no carro pelo impacto de um míssil. Abrams também fez uma cena homenageando a já clássica cena do primeiro filme na invasão da CIA, dessa com Ethan descendo pelo cabo depois de interceptar uma das câmeras do Vaticano. Abrams filmou bem as cenas de luta, e tirou o melhor de cada ator que teve em mãos, foi bem gostoso acompanhar o filme, pois ele também deu aquela cara de série de TV para o longa. Ele já nos ganhou naquela cena inicial, onde Tom sofre a contagem de dez segundos de Seymour Hoffman, uma cena tensa para caramba, o filme começou e você já está se segurando na cadeira, roendo as unhas, arregalando os olhos, xingando o finado Phillip... que cena de abertura pessoas...paguei um pau... como eu falei, J J Abrams.
Agora, o roteiro... o que posso dizer... tá meio a meio, mas é mais fraco,mais clichê, as vezes preguiçoso, as vezes atrevido, atentado... Escrito por Roberto Orci e Alex Kurtzman (dupla responsável por Espetacular Homem Aranha 2, que já é fraco), criaram uma trama com muitos clichês...tudo bem que é Missão Impossível e nada será assim tão mirabolante...mas sério? Pé de Coelho? Arma do fim do mundo segundo Benjie Dunn (Simon Pegg)? Mais uma pessoa pro queria pro Ethan se vingar? Uma esposa que serve apenas pro vilão atiçar o mocinho? Muito clichê pro meu gosto. Acho que o único ponto do roteiro positivo mesmo, foi a reviravolta com o traidor...tava na cara que o filme iria ter o famoso traidor dentro da agência governamental (24 Horas que o diga), que aqui é a IMF, e o roteiro nos enganou direitinho pra acharmos que era o Lawrence 'Morpheus' Fishburne, quando na verdade sofremos uma reviravolta inesperada e descobrimos que era o falso amigo de Ethan, John Musgrave (sim, o Dr. Manhatthan em pessoa Billy Crudup). Nisto eu fiquei surpreso!
Agora, uma coisa que Hollywood sempre pecou muito, e aqui pecaram doído, mas doído mesmo, lá no âmago, foi a conclusão do vilão Owen Davian (Phillip Seymour Hoffman), o melhor vilão da franquia, e um dos melhores vilões com frases de efeito já escritos. Toda a ameaça que ele faz à Ethan, antes de saber qual é o nome dele é de fazer qualquer macho escroto trancar o furico. E depois que ele descobre o nome de Ethan, bate aquele desespero que dá vontade de você se jogar aos pés dele e beijar as frieiras implorando por perdão, porque o cara vai caçar sua esposa até o fim do mundo e fazer você pagar feio. Owen Davian foi muito bem escrito, muito bem criado, deram uma pseudo personalidade a ele que só alguém genial, magistral, talentoso, que nasceu para interpretar conseguiria dar vida e presença de cena à altura que o personagem merecia: Phillip Seymour 'freaking' Hoffman.
Ele é tudo no filme, você tem ódio dele já na primeira cena, mas quando ele se mostra ameaçador pela primeira vez ao ser capturado por Ethan e sua equipe, você não sabe se ama ou odeia mais ainda, porque ele impressiona, preenche a cena, atuação magnífica, sua atenção fica presa... é soberbo. É um vilão muito, mas muito bem criado. E o que os 'jênios' dos roteiristas fizeram? O mataram da forma mais BESTA possível. Um puta cara foda desses, que dominou Ethan com aquela bomba implantada na cabeça, e do nada, o Ethan consegue lidar com a dor, e dá dois socos no cara, mais um no queixo e num intervalo de cinco segundos, Ethan começa a tomar a decisão de empurrá-lo contra o vidro pra irem direto pra rua. Nesse intervalo de segundos, já dava pro Davian se recompor e voltar a briga com ele, se defender, contra atacar...enfim... E pra fechar, eles rolam no chão, vem um carro, Ethan vira ele pra cima, e só o Davian é atropelado... um cara ameaçador daquele ter uma conclusão CHULA que nem essa é vergonhoso...é o famoso mal de vilão de Hollywood.
Bom... de elenco, todos muito competentes, de Lawrence Fishburne com sua atuação de gala de sempre, Jonathan Rhys-Meyers e Maggie Q, os braços direitos de Ethan, com um destaque ali e outro acolá, o roteiro não foi muito generoso com eles. Keri Russell, tinha potencial para mais, e criaram uma personagem tão interessante e legal, com potencial para mais na franquia... mas resolveram matá-la logo na apresentação... que desperdício de personagem e atriz. Ving Rhames voltando com a mesma pegada de sempre,e para os mais atentos tivemos uma ponta de Aaron 'Jesse Pickman' Paul... novinho, magrinho, cabeludo.
O desperdício ficou por conta de Michele Monaghan, atriz que é muito boa, muito competente, de uma dramaticidade e entrega surreais... foi apenas a esposinha que é sequestrada pelo vilão e que é enganada pelo protagonista. Personagem vazia, para dar motivação ao protagonista que nada acrescenta à trama...põe na conta dos roteiristas e produtores (isso, você também Thomas).
Falando nele, vou me redimir aqui de criticas anteriores que fiz a ele... erroneamente eu já disse que Tom é um ator fraco, ou mediano, ou que não tinha nada demais... claramente, eu não sei P@#$% nenhuma de interpretação, nem de cinema, não tenho visão nenhuma da sétima arte, não sei o que falo, vivo defecando pela boca, e nunca sequer na vida chegaria na sujeira da frieira do dedo mindinho do Tom em termos de atuação, e olha que nem frieira ele tem, eu que tenho. Tom é um ATOR com A maiúsculo, nunca foi reconhecido pela Academia ou qualquer outra premiação que for, talvez só por Cannes...ninguém consegue fazer o que ele faz, cenas perigosíssimas de ação sem usar dublê, na raça, seja o que for, só procurar na internet bastidores da gravação desta franquia. Tem uma visão incrível para construção de filme e história... e o principal, atua muito bem, sabe ser galã, sabe ser enigmático, sabe emocionar, tem veia dramática de sobra... o que é aquela cena com ele quase implorando para Davian não matar Julia, o horror no rosto dele, o desespero, a impotência, a noção de que vai perder o amor de sua vida, o drama, a lágrima, a reação...Tom humilha muitos atorzinhos por aí.
Portanto... Perdão Tom, você é um PUTA ator e eu tenho que nascer dez vezes pra ter uma noção de como avaliar um artista.
A trilha é boa, a edição é nem aqui nem ali, a fotografia dá pro gasto e a cenografia é rica demais em muitos detalhes e aspectos.
Missão Impossível 3 é um bom filme, melhor que o segundo, muito bem dirigido, e mal roteirizado. Teve problemas em seus cinco anos de produção com muita gente deixando o projeto como Scarlett Johanson, Carrie Anne Moss, Thandie Newton (que iria retornar), Kenneth Brannagh, David Fincher (que iria dirigir), foram tantos contra tempos que acho que bagunçou demais o roteiro com tantas revisões e tirou um pouco do coesão que o filme poderia ter.
Também ficou bacana o fato de Tom Cruise não ser creditado no longa, nem nos créditos inicias, nem nos créditos finais... é bem óbvio que ele é 'a' cara da franquia e a opção de J J Abrams de não creditá-lo ficou bem inusitada e até acertada.
Se existe um filme que definiu (e muito!) as tendências da década de 2000, este filme foi "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain". Principalmente para as meninas, o filme definiu moda, cortes de cabelo, personalidade, looks diversos, música, atenção pela arte, por música clássica, inúmeras que ficaria enumerando em linhas e linhas. E isso foi muito nítido e repercute até hoje.
Lembro bem do furor que foi do lançamento de "Amélie Poulain" ali em 2001, foram muitas resenhas e críticas nos jornais impressos, nas revistas especializadas 'Set' e Sci-Fi News', matérias especiais em programas da MTV, no Jornal da Globo, no Metrópolis da TV Cultura, enfim... uma certeza absoluta da crítica especializada de que seria um sucesso, uma vez que foi ovacionada no Festival de Cannes. Logo depois se tornou um clássico Cult, uma obra obrigatória para todas as pessoas jovens e descoladas da época que curtiam filmes fora do circuito comum que dominava a época, que eram as comédias românticas, os blockbusters nível Independence Day, Batman & Robin e A Múmia, e as comédias românticas que dominavam as bilheterias, junto com as comédias de Jim Carrey e Adam Sandler.
Acho que 1 ano depois, um pouco tarde devo dizer, assisti o filme na TV Bandeirantes á noite, e me apaixonei de cara, apesar de já ter visto inúmeras cenas do longa, dada a sua exposição com o público jovem, faltava eu conferir a película e quando eu pude assistir, de cara virou meu filme de cabeceira. Mais tarde comprei o DVD e reassistir não sei quantas vezes.
"Amélie Poulain" é facilmente uma Obra Prima e de Arte do cinema francês e da cultura francesa, mostra o que a França tem de melhor em sua arte moderna e contemporânea, mostrada no longa, a forma como os filmes criam o seu tom mais pastel, mais romântico, mais sonhador, com o drama não sendo peça permanente do roteiro (O Escafandro e a Borboleta que o diga), mostra muito a moda moderna da época no país e por fim o quanto eles possuem artistas de talento... como foi a grande revelação Audrey Tautou que conquistou o mundo com sua atuação.
Com uma cenografia rica e artisticamente inspirada, uma fotografia que brinca muito com as cores inspiradas no artista brasileiro Juarez Machado, e um roteiro absurdamente bem escrito, "Amélie Poulain" é uma delícia de película que deveria ter sido bem mais premiado na época e que até hoje é cultuado por grande parte dos cinéfilos mundo afora.
Dirigido e roteirizado por Jean Pierre-Jeaunet, é raríssimo você ver um filme onde o roteiro é perfeitamente transplantado para as telas, e foi exatamente isso que Jeaunet fez. Muito desse mérito vem do fato dele escrever o roteiro do filme que iria rodar... tenho muito apreço por cineastas que escrevem os roteiros de seus filmes, pois Jeaunet soube colocar em tela exatamente cada detalhe apaixonante que engrandeceu seu filme. Exatamente cada diálogo, cada cena, cada paisagem, cada detalhe pequeno que ele visualizou quando redigia seu roteiro, ele transplantou belamente e competentemente para as telas, deixando o filme rico e prazeroso em experiência audiovisual e um entretenimento certeiro para os espectadores.
O Longa não seria essa beleza toda se não fosse a trilha composta pelo francês Yann Tiersen, que fez uma verdadeira obra de arte com a trilha do filme. Que coisa mais bela, mais gostosa de ouvir, uma composição que nasceu praticamente pronta... quase como se Tiersen tivesse nascido unicamente para fazer a trilha deste filme. Por pouco conhecer o restante de seus trabalhos, fico com minha visão de que este é sua melhor e mais completa e perfeita obra... dá a impressão que ela nasceu enquanto o roteiro era escrito, dá a impressão que Tiersen só de ler já imaginava todas as nuances do longa e a personalidade de Amélie... não sei se ele fez a trilha antes ou depois do longa, mas realmente é estupendo e merecia mais reconhecimento também na época de premiações do longa.
O elenco do filme é magnífico, todos os profissionais estão maravilhosamente bem e atuam com leveza absurda, sequer fazem esforço para atuar, o que acho que é mérito total de Jeaunet na direção e condução do seu elenco. Posso destacar Mathieu Kassovitz que foi muito bem, a dupla Isabelle Nanty e Dominique Pinon que deram um show em cena, e foi gostoso demais vê-los com suas caras e bocas, além de Maurice Bénichou e Jamel Debbouze que também se destacaram com seus personagens. É raro um longa ter personagens tão cativantes e apaixonantes, todos com seus defeitos e acertos, que conquistam o público com a primeira fala, mérito total de Jeaunet em criar personagens tão amáveis, e obviamente de seus respectivos atores, caiu como uma luva cada personagem que cada ator/atriz pegou.
Mas o destaque mesmo do longa não pode ser outra se não a minha mais amada atriz Audrey Tautou... mulher que virou meu mundo do avesso quando eu a vi neste filme e virou uma obsessão ter uma namorada exatamente daquela forma, diferentona que ama artes e música que ninguém do meu convívio curtia ou conhecia. Audrey despontou para o planeta com este filme e conquistou o público do mundo inteiro, encantou os festivais de cinema europeu e principalmente arrebatou Hollywood, que tratou de tê-la em cada longa que seria lançado no futuro em uma guerra entre os estúdios, sendo que nenhum chegou a ter o sucesso estrondoso que "Amélie Poulain" teve. Audrey foi perfeita, cativante, apaixonante, certeira, leve, profissional, ela foi tudo, entendeu Amélie de uma forma que nenhuma outra atriz (nem Emily Watson, que era a cotada pro papel) entenderia. Mostrou pro mundo sua capacidade e seu potencial artístico, e definiu parte da cultura pop da década de 2000 com o estilo de Amélie de se vestir, de gostos e da leveza pra com a vida. Sem falar que todo o filme também definiu muito um certo tipo de tom nos longas estrangeiros e até alguns americanos vindouros, de tão influente que foi.
Tá na cara que o filme influenciou demais uma outra rainha minha, Phoebe Waller Bridge, criadora e mãe de "Fleabag", série arrasa quarteirão que levou tudo no Globo, no Emmy, no Critics Awards, enfim... Phoebe com certeza tem muito da influência deste filme na forma como o dirigiu, no tom que a série recebeu, na construção de sua personagem título e obviamente no uso da quebra da quarta parede, que com Fleabag foi mais na cara, dita muito o ritmo da série, e em "Amélie Poulain" é mais introspectivo, é como se Amélie ao mesmo tempo tivesse narrando a sua história pra gente, e tivesse escrevendo seu diário.
Pra mim, já me faltam argumentos para enaltecer essa obra-prima de Jean-Pierre Jeunet, do cinema francês, da década de 2000. Obra obrigatória para qualquer cinéfilo que se preze, que goste de ver filmes por prazer sem barreiras.
"O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" recebeu inúmeras indicações em diversas premiações nos anos de 2001 e de 2002. Foi indicada para Filme Estrangeiro, Diretor, Direção de Arte, Fotografia, Roteiro Original, Som, Cenografia, Atriz para Audrey Tautou, Trilha Sonora, Edição, Cenografia, Figurino em muitas premiações... Oscar, Globo de Ouro, Satellite Awards, Critics Awards, BAFTA, Cesar, Prêmio do Cinema Europeu, Spirit Awards, Goya Awards... ou seja, muito lembrado e enaltecido.
De prêmios, levou Melhor Filme no César Awards, Goya awards e Prêmio do Cinema Europeu onde também levou o prêmio do Público. Para Jeaunet como melhor Diretor no Prêmio do Cinema Europeu e no César Awards. No BAFTA levou Roteiro Original para Jeaunet e Cenografia. Como Melhor Filme Estrangeiro no Critics Awards, no Spirit Awards e no Czech Lion Awards. Além de ter levado prêmios do César Awards de Direção de Arte e Música Original para Yann Tiersen.
Obrigado Jeunet por essa pérola que é esse longa, e obrigado Audrey por ser essa atriz talentosíssima e adorável e por ter dado vida tão brilhantemente para uma das melhores personagens da sétima arte... Amélie Poulain.
(Assistido inúmeras vezes na vida) (Reassistido em 26/05/2022 no Vibra Open Air)
Os Fabelmans
4.0 389Todo diretor de renome, de grandes trabalhos, que possui muitas obras primas, que sempre contou grandes histórias, grandes fantasias, romances, fábulas, etc, etc, sempre vai ter algo intimo para compartilhar com o público. E por intimo, eu falo de seu passado, sua infância e/ou adolescência, ou então a história de sua família.
Grandes diretores realizaram esse tipo de longa nos últimos anos como Alejandro Gonzàles Iñarritú, Kenneth Branagh, Pedro Almodovár, para citar alguns, e agora chegou a hora de Steven Spielberg (um dos maiores diretores de cinema deste planeta) compartilhar com o público, de uma maneira mesclada de fantasia e realidade, um pouco sobre como foi o começo de sua paixão pela sétima arte, e como seis pais influenciaram, direta e indiretamente em sua formação cinematográfica.
'The Fabelmans' é uma carta de amor ao cinema hollywoodiano, é também uma carta de amor à sua família, é uma carta de amor também para si mesmo, mas acima de tudo, 'The Fabelmas' é uma carta de amor aos seus fãs, uma carta de amor para cada trabalho já realizado por Spielberg desde o seu primeiro, até o seu último antes deste.
O "Rei" dos Efeitos Especiais, das grandes histórias com grandes heróis, Spielberg agora traz seu filme mais pessoal, deixando os efeitos de lado, e nos mostrando o porquê ele é um dos gênios vivos da sétima arte, trazendo um roteiro simples, humano, apaixonante e repleto de esperanças.
'The Fabelmans' ganha justamente na família de Spielberg, seus pais e suas irmãs, são pessoas muito carismáticas, mega amorosos, obviamente cheios de defeitos, mas cada qual com o seu defeito peculiar, algo que reflete em sua personalidade.
Nomeados como 'Fabelmans', e dando o nome de seu personagem como Sammy, Spielberg nos brinda com uma infância fabulosa, regado á novidade do cinema, graças ao longa "The Greatest Show On Earth" (um marco da época), e na sequência, com uma adolescência comum dos americanos... preocupação com garotas, problemas no colégio com valentões, fase revoltada com os pais, e o tão adorado sonho, algo que você percorre para alcançar no futuro, mesmo com todo mundo lhe dizendo não.
O roteiro de 'The Fabelmans' é incrível, ele te prende em tela por 2h30 sem cansar, você mal vê a hora passar, dada a fluidez de acontecimentos que sucedem o longa. Tanto Spielberg quanto Tony Kushner, souberam dosar muito bem o protagonismo de Gabriel LaBelle como Sammy, como também deram aos demais personagens os seus momentos de mostrar seus personagens em tela, e nos elucidar com seus medos, inseguranças, virtudes e visão da vida em geral. Nós praticamente não temos um personagem no filme que seja desinteressante, ou que não faça certas passagens do filme andar. A família 'Fabelman' foi muito bem escrita pelos dois, e os atores escalados os deixaram muito mais amorosos e apaixonantes para os olhos do público.
Temos algumas cenas muito boas de destaque, como a de Sammy recriando o take do Trem se chocando à carro, tirado do filme 'The Greatest Show On Earth', também a cena onde Sammy descobre na gravação da família na floresta, que sua mãe Mitzy está tendo um caso com Benny Loewy... a cena de Mitzy praticamente jogando na cara de Burt que o trai com Benny e que não consegue ficar longe dele... as cenas de Sammy no colégio exibindo o filme de férias aos alunos e tudo que se sucedeu depois...e principalmente a cena dele com sua 'namorada' na casa dela, onde ela ora por Sammy, mas na verdade né, ela queria... hilário!
Ainda temos a trilha sonora de John Williams, já velho parceiro de Spielberg de filmes idos, e mesmo que aqui não chegue a ser um de seus melhores trabalhos, é óbvio que o que John Williams faz neste longa, é uma trilha magnífica, usando a orquestra e a linha de violinos ao extremo, indo no âmago da emoção das cenas. Bárbaro par o que o filme pediu, e um encantamento que nos faz realmente experimentar o que eram aqueles tempos dourados e 'inocentes' da Hollywood antiga.
A fotografia também merece crédito, pois conta bem não só a história como um todo, mas evidencia o intímo mostrado em cena de cada familiar dos 'Fabelmans', desde Burt o chefe da casa, até às irmãs de Sammy que são exigidas pontualmente.
Acho que Gabriel LaBelle foi uma grata surpresa e segurou como nenhum outro ator conseguiria o protagonismo do filme. Sua interpretação como o jovem Sammy foi ótima, cresceu bastante nas cenas no colégio onde apanhava dos valentões, foi grande demais quando teve sua discussão com Michelle Williams por mais de uma vez, também foi muito bem quando contracenou com Paul Dano, e temos uma cena particular dele com sua irmã assistindo ao filme das férias do colégio, logo após Mitzy informar que vai abandonar a casa para viver com Benny.
Paul Dano e Michelle Williams estiveram tremendamente fenomenais como os pais 'Fabelmans', principalmente Michelle, que foi intensa demais em toda sua atuação no filme... o que foi aquela dança a noite com aquela camisola/vestido transparente? Que cena e que performance.
Paul Dano foi bem, mas nada que o destacasse demais, acho que pelo que se exigia do personagem dele, Dano foi até mais do que esperavam e ele entregou o que sabe de melhor.
Ainda tivemos Seth Rogen (de Pam & Tommy, ótima minissérie) como Benny Loewy, e Seth esteve bem, uma atuação mais padrão, sem muitas aberturas para improvisos, pelo menos da maneira como eu vejo.
No mais, eu acredito que 'The Fabelmans' é um filme que joga mais na segurança, não ousa demais, não se aventura em terras estranhas, tem um roteiro bem redondinho, nada fora do lugar, não traz nada de novo e/ou diferente do que Spielberg está acostumado a dirigir.
Aqui temos uma junção de tudo o que ele fez em seus grandes filme, e ele mescla em um roteiro e uma ideia que praticamente é um afago à toda sua carreira, e um sonoro 'eu te amo' à sua família. Aqui temos inspirações de E.T O Extraterrestre, um pouco de Jurassic Park, Raiders Of The Lost Ark e algumas tomadas de câmera e ângulo vindas de 'Tubarão'.
Ou seja, é uma mescla tão grande, do que ele já apresentou em sua carreira, que na minha visão o longa não traz nada de original ou novo, ou ousado, como 'West Side Story' foi, e humildemente acho muito, mas muito mais filme que 'The Fabelmans'.
'The Fabelmans' bebe muito da fonte de vários 'filmes biografia' que existem por aí afora, sejam de diretores que contam suas histórias, seja de diretores que contam a história de algum artista... o formato é o mesmo, o enredo é o mesmo, não há muito como fugir desse formato de longa biográfico.
No Globo de Ouro deste ano, o longa foi indicado a Roteiro, Atriz Drama para Michelle Williams, Trilha Sonora para John Williams e Roteiro. Levou dois prêmios, Diretor para Spielberg e Melhor Filme Drama.
No Critics Choice Awards, o longa foi indicado a Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Ator Coadjuvante para Paul Dano, Trilha Sonora, Roteiro Original, Melhor Elenco, Melhor Diretor, Melhor Direção de Arte e Melhor Fotografia. Levou apenas Melhor Jovem Ator/Atriz para Gabriel LaBelle.
No Satelitte Awards está indicado a Trilha Sonora, Atriz Drama (Michelle Williams), Ator Drama para Gabriel LaBelle, Ator Coadjuvante (Paul Dano), Direção de Arte, Roteiro Original, Edição, Diretor e Melhor Filme Drama.
No BAFTA foi lembrado apenas para Roteiro Original;
No Sag's Awards levou duas indicações, Paul Dano em Ator Coadjuvante e Elenco em Filme, o principal prêmio da premiação.
Em minha opinião, não acho 'The Fabelmans' um longa para levar Melhor Filme no Oscar, ou em qualquer outra premiação, acho que a indicação é válida, mas no fim das contas, é um filme convencional, que você enxerga em tantas outras produções biográficas por aí afora.
Nem mesmo Michelle Williams e Paul Dano, dois atores que gosto muito e sou fã, são favoritos para suas categorias, ou até mesmo John Williams... é um filme que está aí nas premiações, mais para se vender, e ir bem nas bilheterias, coisa que na América não foi muito bem assim.
Porém acho que o roteiro foi muito bem escrito e idealizado e acho que briga em pé de igualdade com o roteiro de 'Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo' dos 'Daniel'.
No mais, assistam essa pérola emocionante do Spielberg nos cinemas, como ele mesmo agradece na introdução do longa antes de começar na sala de cinema, com um pequeno vídeo introdutório dele. É uma experiência única acompanhar essa película deliciosa do gênio, em uma sala cheia (ou quase) na tela grande, e ver a reação das demais pessoas, e a emoção que lhes causa.
(Assistido em 13/01/23 - Cine Marquise)
Aftersun
4.1 707"Aftersun" é o primeiro longa dirigido por Charlotte Wells, mais conhecida por fazer curtas, e já em sua primeira investida na tela grande, Charlotte trouxe um dos filmes mais intimistas, delicado e sentimental do ano.
O roteiro é da própria Charlotte, e ela traz essa história de um pai, Calum, e sua filha, Sophie, que passam as férias hospedados em hotel na Turquia, e o filme trata desse relacionamento entre os dois. Sophie não mora com Calum, seus pais são separados, mas tem uma ótima relação, mas o que aparenta no filme, e isso não fica tão claro, é que Calum e Sophie não passam assim tanto tempo juntos, é uma coisa mais esporádica, e durante o filme, quando estão aproveitando o hotel, as férias, Calum e Sophie naturalmente são eles mesmos, sem estranhamento, sem medo de ser bobo na frente dos outros, eles são muito amigos, e ao mesmo tempo respeitam muito o espaço do outro.
O texto de Charlotte dá esse olhar romântico para uma situação do passado, pois vemos alguns flashes de Sophie adulta assistindo o filme que ela e Calum fizeram dessas férias, relembrando essa época inocente da vida dela, e mais uma vez o filme não deixa claro qual a posição de Calum no futuro de Sophie, já adulta com filho, casada... esse olhar romântico que Charlotte trouxe para o longa, para o texto, nos faz pensar e remeter ás nossas próprias lembranças do passado, da infância ou adolescência, nossa relação com nossos pais, e em que pé está essa relação no presente.
Sophie está apenas no seu 11º ano, com a puberdade aflorando, já se interessando pelos garotos, mais atenta aos detalhes do sexo, aos poucos se interessando em ser mais vaidosa, enquanto seu pai Calum, que está ajustando para abrir um novo projeto com um de seus colegas onde mora, tendo uma pequena crise de quase meia idade, pois não acredita que já está nos 30, e nem acha que vai chegar nos 40 (???), por mais que aproveite e curta seu tempo com Sophie nas férias, e isto é nítido, possui algo dentro dele, mas não se sabe... uma angústia, uma tristeza, uma culpa, um remorso? Emocionalmente ele não aparenta estar bem, e o fato de ser seu aniversário também, não o ajuda muito neste momento.
O filme tem menos de duas horas, e é intimista e delicado, Charlotte brinca muito com os closes, com expressões estáticas, muita fotografia, uma linguagem bem densa, os momentos onde Sophie e Calum estão juntos é onde o filme mais ganha, é muito gostoso vê-los brincando, gargalhando, se relacionando... mas as partes dramáticas do filme também se sobressaem, sendo muito ricas, pesadas, muita carga emocional, muita entrega dos dois protagonistas. E o filme realmente prende sua atenção, fazendo que você fique imerso naquele espaço de tempo que os dois estão compartilhando, e quando um filme faz isso, significa que tanto seu diretor, quanto seu roteirista acertaram em cheio na concepção da história e na transação para a tela. Como Charlotte fez os dois, essa mulher merece todos os créditos possíveis.
Paul Mescal é o protagonista Calum, e ele não está incrível no filme... Mescal está soberbamente perfeito como o pai de Sophie, não exagera no drama nas cenas mais comuns, não se mostra perturbado quando interpreta, tem uma química ótima com Frankie Corio, está engraçado, está desenvolto...
Mas quando chega as cenas mais dramáticas de Calum... Deus, Mescal fica gigante, que interpretação deste homem... só a cena onde depois de ser surpreendido onde Cleópatra viveu e eles foram visitar, e no topo das pedras, Sophie e todos os visitantes cantam feliz aniversário para ele, e logo depois sutilmente a cena vai cortando para ele nu, sentado na cama, chorando copiosamente, desesperadamente, isso já era o suficiente para Mescal ser indicado em todas as premiações possíveis e imagináveis, porque essa é uma atuação que não se vê todo ano. E essa é só uma das cenas onde ele está acima da média.
Frankie Corio faz Sophie, e essa menina é um tesouro, que atriz sensacional, uma das ótimas revelações do ano que passou, traz uma naturalidade e uma personalidade para Sophie, sem igual, ela não só trouxe carisma para sua Sophie, como moldou à seu próprio modo, trazendo cores a mais para personagem. Com certeza, no texto, Sophie poderia ser mais simples, ou menos pomposa do que foi na frente da câmera, e isso é mérito total de Frankie que esteve relaxada, desenvolta e conseguiu uma química ótima com Paul Mescal e tanto as gravações como os personagens fluíram automaticamente.
Falando de Mescal, há ainda uma cena onde ele também nu, a noite, anda diretamente para o mar, que está bem turbulento, se perdendo no meio dele, dando até a impressão de que pode estar indo cometer suicídio... pode parecer uma cena nada demais, mas é uma cena fortíssima, de um personagem que carrega um drama pessoal não especificado no filme inteiro, e que engrandece ainda mais a interpretação de Paul no longa.
A trilha sonora do filme é um mimo a parte para quem cresceu na MTV dos anos 90 como eu, os mais novos, ou quem não curte rock alternativo, não vão achar nada demais e nem achar especial, mas quem for mais velho como eu, vai se deliciar com as faixas escolhidas para preencher o filme;
Temos Blur com 'Tender' (a melhor faixa da banda na minha opinião), R.E.M e seu maior sucesso 'Losing My Religion', os "One Hit Wonder" do Chumbawamba com 'Tumbthumping' (o que essa música tocou nas rádios nos anos 90), All Saints com 'Never Ever' (sucesso na MTV no ano de 2000), Queen & David Bowie com 'Under Pressure' e ainda os "Barbie Girls" do Aqua com 'My Oh My'. Trilha PERFEITA.
A fotografia do filme é a coisa mais linda e densa de todo o longa, um trabalho espetacular de Gregory Oke, tanto nas cenas iniciais como no decorrer do longa, o trabalho de Oke só engrandece as cenas, os momentos e as interpretações do filme. Merece ser lembrado em premiações.
Produzido por Adele Romasnki (de trabalhos como 'Nunca, Raramente, Ás Vezes, Sempre', 'The Underground Railroad' e 'Se A Rua Beale Falasse') e Barry Jenkins (diretor destes três filme citados além do vencedor do Oscar 'Moonlight), 'Aftersun' foi aclamado por crítica e público e considerado por muitos dentro da indústria cinematográfica e público geral como o filme de 2022.
Eu particularmente achei o filme sensacional, fiquei hipnotizado, mal vi a hora passar, e foi uma das experiências mais gostosas nessa temporada de premiações.
Está indicado no Spirit Awards de filmes independentes para Atriz Revelação para Frankie Corio, Melhor Performance Principal para Paul Mescal, Melhor Fotografia e Melhor Filme de estreia para Charlotte Wells;
No Directo's Guild Awards Charlotte também levou a indicação para Filme de estreia;
No Critics Awards (que acontece hoje a noite) levou indicação para Paul Mescal em Melhor Ator, Melhor Jovem Ator/Atriz para Frankie Corio e Roteiro Original para Charrlotte Wells.
Já no British Film Independent, 'Aftersun' foi o grande vitorioso levando os princpais prêmios:
- Melhor Filme Britânico Independente;
- Melhor Filme de Estreia, Melhor Diretor e Melhor Roteiro para Charlotte Wells;
- Melhor Fotografia para Gregory Oke;
- Melhor Edição;
- Melhor Supervisão Musical;
Como sempre falo, se puderem, confiram o filme no cinema, uma experiência única e completa, muitas pessoas se emocionam com o filme e bacana ver as reações. Na sala que conferi, uma das moças chorou muito ao fim do filme, e acredito eu que o filme a tocou muito, talvez pelo fato de ter tido algo em sua vida pessoal relacionado ao seu pai ou aos seus pais. Isso são coisas que só uma sala de cinema pode proporcionar, esse compartilhamento de reações, sentimentos, experiências.
Mais uma Obra de Arte produzida pelo meu estúdio de cinema favorito...A24!
(Assistido 09/01/2023 - Cine Sala)
Moonage Daydream
4.2 69 Assista AgoraPrimeiro eu preciso falar do Brett Morgen, o cara por trás de dois documentários que até hoje eu cometo o pecado de não ter conferido, 'Montage of Heck' sobre Kurt Cobain (ficou anos na Netflix e nada eu chegar perto) e Crossfire Hurricane dos Rolling 'fucking' Stones.
Morgen é um diretor que tem inúmeros documentários no currículo, todos sobre músicos, e por mais que não tenha visto seus trabalhos anteriores, acho que este aqui pode ser o seu melhor trabalho da carreira em termos de documentário.
'Moonage Daydream' é um documentário à altura que o David Bowie foi em sua toda carreira... excêntrico, sagaz, lisérgico (como falaram aqui embaixo), teatral, psicodélico, grandioso, celéstico, faltam adjetivos para elogiar a forma como Morgen idealizou e visualizou este documentário.
Bem distinto dos documentários convencionais, aqui não tem aquele roteiro básico e universal, pegando o começo da carreira, a primeira assinatura de contrato, o estrelato e depois a queda e/ou a fase atual. Ao contrário, Brett Morgen montou seu documentário sem uma linha do tempo, sem depoimentos de outras pessoas e/ou celebridades, sem focar demais em um determinado momento da carreira, ou em alguma turnê por tempo demais, e sem destrinchar as construções das músicas.
Na verdade Morgen pegou inúmeras entrevistas de Bowie durante a carreira, junto a imagens pessoais e profissionais de Bowie, e outras cenas originais, e montou um filme com uma narrativa fantasiosa, sobre um homem que pode ter vindo do espaço e despejou toda sua arte moderna em forma de música, pinturas, roteiros, mídia visual e por aí vai.
É mais do que um documentário, é uma experiência surreal, de visual, sons, luzes, formas, música e arte como jamais vimos em filmes documentais como este.
E é aquilo, quem conhece o Bowie, já está familiarizado com seu trabalho, vai ter uma experiência com o filme muito prazerosa, um filme em rico em conteúdo e detalhes, nos mostrando toda a persona camaleonística de Bowie.
Mas para quem não está familiarizado com a carreira do Bowie, as canções, o trabalho, a história, só o conhece por nome, melhor nem tentar ver. É uma viagem tão eclética e única de Morgen sobre o trabalho de Bowie, um filme tão único e diferente, que dificilmente alguém que não conhece o Bowie vai acabar gostando ou terminando de ver o documentário.
Conheci o Bowie com a MTV, lá em 97, e a cada mês e ano que passava eu conhecia cada vez mais sobre a carreira e o trabalho de Bowie no cinema, e cada vez mais conhecendo seus discos, músicas e clipes a fundo.
Bowie é um dos músicos/artistas que mais gosto, mais respeito, mais me espelho, mais me inspiro e mais admiro.
Acredito que os dois discos de Bowie que mais gosto são "The Rise and Fall of Ziggy..." que é atemporal, e 'Let's Dance' de 1983, que é um disco que gosto de cabo a rabo, com um Bowie mais dançante, uma fase que gosto bastante.
São tantas faixas matadoras que tenho como preferidas de Bowie, que fica difícil citar todas... gosto demais de 'The Man Who Sold The World' (e também aquela versão Fodedora do Kurt no Acústico do Nirvana), 'Lazarus', 'Ziggy Stardust', 'Heores', 'Starman', 'China Girl', 'Modern Love'...
Mas as três que estão no topo pra mim são: 'Ashes To Ashes', 'Let's Dance' e 'Rebel Rebel' (a última também conta uma versão sensacional do Johny Hooker nos estúdios do Canal Bis).
Pra mim, David Bowie foi um dos gênios da música contemporânea, junto com John Lennon, Little Richard,Louis Armstrong, Frank Sinatra, Pavarotti, Sex Pistols, Ian Curtis, entre outros.
Assim como também o considero um dos maiores nomes da Arte contemporânea, ao lado de Mozart, Michelangelo, Da Vinci, Hitchcock, Spielberg, Bjork e por aí vai.
'Moonage Daydream' nesta temporada de premiações foi indicado a Melhor Documentário no Satelitte Awards e no Robert Award para Filme em Língua Inglesa.(Britânico).
Conferida obrigatória para fãs do Bowie, fãs de Música, fãs de Rock 'n Roll, e de arte em geral.
(07/01/2023 - Cine Petra Belas Artes)
A Felicidade das Pequenas Coisas
4.0 96 Assista Agora1 ano em cartaz aqui em SP, sessões agora só sábado e domingo.
1 ano em cartaz...só passei aqui pra dizer isso Brasil.
Elvis
3.8 759Na adolescência eu assisti "Romeo + Juliet" e achei o filme sensacional, aquele olhar moderno para uma novela Shakespeareana que todo o mundo conhece, com um visual eclético, uma trilha musical atual, enfim... adorei.
Alguns poucos anos depois, conferi "Moulin Rouge" que não preciso falar nada, simplesmente uma obra prima moderna do gênero musical, surreal, lindo, apaixonante, incrível, e ali eu descobri que o diretor era o Baz Luhrmann, de "Romeo + Juliet" e eu simplesmente me tornei fã de um dos meus diretores favoritos, que tem esse olhar excêntrico nos filmes que faz, um olhar virtuoso, um olhar quase lírico.
Depois de tantas obras, ele retorna com mais um longa que desta vez é uma biografia em forma de fábula moderna... 'Elvis' é praticamente um espetáculo visual em termos de cenografia, figurino, caracterização, interpretação e carregado de dramaem suas mais de 2h30 de duração.
Percorrendo por toda a carreira de Elvis, desde o começo quando foi 'descoberto' vamos colocar assim, pelo coronel Tom Parker, até o fatídico dia de sua morte, o que Luhrmann foca em nos mostrar é em como Elvis de uma certa maneira era um rapaz mais tímido, apaixonado pela música, sonhador, e devotado à sua família, mas também ao mesmo tempo era um típico jovem rebelde, que enxergava em seu rock 'n roll, uma forma de se expressar, ao mesmo que era a grande paixão de sua vida.
'Elvis' começa um pouco confuso, uma mistura de fábula exagerada com a infância de Elvis, Coronel Tom Parker envelhecido parece mais um mestre de cerimônias em um parque de diversões alá Asilo Arkham... vai levar alguns minutos para o espectador se assentar no que está sendo apresentado e se contextualizar no que se quer contar da vida de Elvis.
Porém logo o filme se encaixa, e daí para frente minha amiga(o), prensa sua respiração que você será hipnotizado pelo o que estar por vir. O longa segue um ritmo bem balanceado, entre muito drama e situações mais leves, ataques de fãs descontroladas e/ou excitadas (de tesão mesmo), à cenas intimistas e tenras de Elvis com sua mão e algumas como o Coronel Parker.
Luhrmann dá uma boa pincelada na vida de Elvis, e é claro que nem tudo está lá, há coisas que são deixadas de lado e outras que citadas e/ou mostradas bem rasamente, mas você terá uma boa ideia de como foi a carreira de Presley e como a América lidou com esse astro jovem em ascenção que dominou as paradas durante toda uma década.
Porém, Luhrmann foca mesmo na relação entre Coronel Tom Parker (Tom Hanks) e Elvis, e essa relação, essa 'parceria' digamos assim entre os dois é que permeia todo o filme, é a visão de Tom Parker sobre como ele gerenciou e 'cuidou' de Elvis, que é o carro chefe e fio condutor do roteiro do longa. Ele que foi condenado e responsabilizado por explorar Elvis fisicamente, mentalmente e, principalmente financeiramente, é quem nos narra a grande maioria das ações do filme, e nos dá um contexto geral do que Elvis pensava ou achava e do que estava acontecido naquele determinado evento de tempo..
Porém, o grande assunto do longa, o que faz ele ser grandioso, estrondoso e espetacular, é a GRANDÍSSIMA atuação de Austin Butler como o Rei do Rock.
Austin no começo do filme está igual a Elvis na adolescência conhecendo o mundo da música, tímido... mas conforme o filme passa, ele entra mais e mais no personagem, ele vai adquirindo várias das facetas conhecidas de Elvis. Os trejeitos estão lá, milimetricamente performados, o olhar, a postura, e principalmente a voz.... COMO CANTA BEM Austin Butler, como a voz dele cantando é proximamente idêntica à de Elvis, o trabalho vocal dele para o filme, para o personagem, a forma como ele se entregou para performar Elvis... é surreal, uma atuação primorosa.
E o que não falta é cena para elogiar... a cena onde ele se apresenta em um estacionamento(?) onde a polícia acaba-o prendendo, onde o Coronel pede para que ele atue como o novo Elvis, sem requebrar a pélvis, e ele faz exatamente o oposto, e entrega para as(os) fãs o que eles realmente querem, e ele canta 'Trouble' da uma forma enfurecida, tomada por uma entidade que invadiu seu corpo, uma verocidade, e a câmera o capta no chão, entregando tudo, expelindo todo seu sentimento para com as coisas que estavam acontecendo na sua carreira naquele momento... que atuação.
Outra, quando faz sua primeira apresentação no International Hotel em Vegas, e faz um show primoroso, Austin canta tudo naquela sequência, performa Elvis com uma perfeição sem igual, com todos os trejeitos conhecidos ali presentes, uma verocidade, uma entrega, praticamente igual ao que Elvis entregava em cada uma de suas apresentações, e um final de show apoteótico com Austin exausto, suado, não como aquilo ser maquiado ou arranjado, ali é nítido, pura atuação. Magnífico.
Austin é alma do filme, é quem o leva nas costas, claro, ele funciona mais na fase Elvis jovem da década de 50, rebelde, Pelveador (acabei de inventar este termo), requebrador... do que nas fases mais maduras, como quando engatou a carreira de ator de cinema, e depois quando fez hospedagem no International Hotel de cinco anos, mesmo com maquiagem, penteado, talvez uns quilos a mais ali(???), você percebia que ele estava ainda muito jovial pra uma idade que já beirava os 40. Mesmo assim, Austin "Elvis" Butler irá te arrebatar com sua atuação digna de indicação ao Oscar, e me desculpe Rami Malek, que adoro de paixão, tem que cantar queridão... aqui ele mostrou que é assim que se faz um filme biográfico, você leva o talento do personagem e o seu ao extremo!
Tom Hanks está carregado de maquiagem no filme para dar vida ao Coronel Parker, e aqui ele está com uma atuação mais canastrão, mais debochado, obviamente o personagem pede isso, e Tom entrega o que já esperamos devido ao seu talento nato, um dos gênios da atuação dramática. Mas devo confessar que o que vemos aqui, é uma caricatura que já vimos e enxergamos em outros personagens de sua carreira, como Carl Hanratty, Mr. White, Viktor Navorski, Walt Disney e até Forrest Gump, um amálgama de todos praticamente, a traços bem detalhados nesta caricatura de Tom Parker... não achei algo muuuuito original, então considero que ele esteve razoavelmente bem no filme, fez o que lhe foi exigido e entregou com competência e com algo a mais.
O filme ainda conta no elenco com Olivia Dejonge como Priscilla Presley, Está muuuitíssima bem no filme Olivia, além de ser lindíssima, teve ótimas cenas dramáticas com Austin.
Richard Roxburgh e Helen Thomson, como Vernon e Gladys Presley, os pais de Elvis.
Alton mason e Kelvin Harrison, como Little Richard e B B King, respectivamente.
Kodi Smit McPhee (Globo de Ouro por Ataque dos Cães) como Jimmy Rodgers.
Dacre Montgomery (Stranger Things) como Steve Binder.
Além dos músicos Gary Clark Jr e Yola.
Um outro destaque do filme, lá em seu final, quando Elvis (e não Austin) já bem acima do peso, abatido, exausto, mal se podendo ficar em pé, em sua última apresentação antes de falecer, canta 'Oh My Love' ao piano, suado, em uma apresentação sublime, poderosa, uma força da natureza, chega emociona, um verdadeiro Rei do Rock... isso era Elvis Presley, não entregava nada menos do que aquilo... nada menos, mesmo debilitado.
Da fotografia, à cenografia, aos figurinos, maquiagem e cabelo principalmente, som, mixagem, edição, o filme está competente em todos os quesitos, um trabalho caprichado, profissional e amoroso.
Tirando algumas decisões de Luhrmann em como contar a história, algumas cenas mais estendidas e um foco moderado em algumas passagens no longa da carreira de Elvis, de resto o filme está impecável, alto nível, um entretenimento completo no nível que Elvis entregava em suas apresentações.
A trilha sonora é ótima, e confesso que no começo, quando li a notícia que Baz Luhrmann iria mesclar o som do Hip Hop atual, com as músicas de Elvis, e colocar algumas músicas originais no longa, eu fquei meio cético, achei que não seria uma boa ideia, e era um viagem meio desnecessária da cabeça de Luhrmann.
Mas, como vivo errando na vida, subestimei a visão contemporânea de Baz Luhrmann, de como ele estava a frente de todos, enxergando essa coesão entre Hip Hop e a atitude rebelde de Elvis, seu jeito afrontoso de apresentar seu Rock 'N Roll, e em como algumas de suas canções se mesclavam bem com as batidas do Hip Hop, e em como isso casou perfeitamente com o que Luhrmann estava propondo com o filme.
Só alguém visionário como ele para enxergar essa coesão e nos brindar com algo funcional... para calar a minha boca e nunca mais duvidar de sua genialidade e sagacidade, de um homem que jamais errou (Nunca deixem ele ouvir eu criticando 'Australia')
Neste momento em que escrevo, Austin Butler acaba de levar, merecidamente, o Globo de Ouro de Ator em Filme Drama,
Fora isso o filme foi indicado no Globo a Filme Drama, Diretor para Baz Luhrmann.
No Critics Choice Awards para Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Diretor, Maquiagem, Figurino, Edição, Direção de Arte
Já no Satellite Awards para Melhor Ator, Filme Comédia/Musical, Diretor, Som, Edição, Direção de Arte, Figurino e Fotografia.
E com certeza ainda levará mais indicações no BAFTA e nos prêmios da Academia.
Um filmaço, só isso... nível Baz Luhrmann que já esperamos dado seus outros longas de sucesso como os dois citados acima e 'O Grande Gatsby'.
'Elvis' entra no Top 3 de filmes do diretor fácil, mas não me atrevo hoje a montar esse pódio, isso leva meses a fio de profunda reflexão (risos).
E si, Austin já vira meu favorito para essa temporada de premiações, quero ver se Brendan Fraser o consegue bater em minha preferência.
Para Filme, acho que 'Elvis' não terá força para brigar por nada, nem para Diretor, existem outros filmes na praça que devem vir com favoritismo maior para estes prêmios. Mas nas categorias técnicas, vem com força.
(08/01/2023 - Youtube Filmes)
Ela Disse
3.7 62Em 2017 houve um movimento nos EUA chamado #MeToo, que dominou o Twitter, onde inúmeras mulheres pelo mundo se juntaram e tomaram coragem para expor os abusos emocionais e sexuais que sofreram por homens poderosos em vários âmbitos do sistema trabalhístico.
Esse movimento explodiu e ao mesmo teve seu início logo após inúmeras atrizes conhecidas exporem que foram abusadas sexualmente por Harvey Weinstein, poderosos produtor de Hollywood que era dono da The Weinstein Company, e dado o seu poder e seu status em Hollywood, usava disto para assediar e até (veja só) estuprar algumas atrizes, modelos ou funcionárias de sua produtora.
Dentre as atrizes que o denunciaram, estão nomes conhecidos que adoramos como: Gwyneth Paltrow, Léa Seydoux, Ashley Judd, Rose McGowan, Mira Sorvino, Angelina Jolie, Cara Delevigne, entre outras...
Esse movimento, o #MeToo, veio à tona graças ao artigo levantado pelas duas jornalistas do The New York Times (que dispensa comentários) chamadas Jodi Kantor e Megan Towhey, que reuniram inúmeras provas e vítimas de Weinstein, e expôs alguns dos abusos cometidos pelo Produtor no jornal, junto de alguns relatos citados oficialmente pela atriz Ashley Judd e por uma funcionária, Laura Madden, que, após a publicação e repercussão, deu coragem para inúmeras outras vitimas do produtor exporem também os abusos que sofreram.
É sobre todo o trabalho que foi feito para se levantar esse artigo, as provas, a procurar pelas vitimas, os testemunhos e as quebras de silêncio por parte de alguns funcionários da produtora, que o filme trata... encabeçados pela dupla protagonista Carey Mulligan (que eu amo) como Megan Towhey e Zoe Kazan (ótima) como Jodi Kantor.
Há de se exaltar o trabalho das duas jornalistas e da equipe do 'The New York Times' por levantar todas as questões e testemunhos das vitimas, contra Weinstein, fora toda a pressão que as duas jornalistas sofreram para concluir o artigo, sem mencionar algumas das vitimas que também foram pressionadas e abusadas emocionalmente, quando resolveram ajudar Megan e Jodi no caso.
Se não fosse esse trabalho esplêndido, competente, e corajoso de Megan e Jodi, muita coisa nas leis trabalhísticas envolvendo assédios contra mulheres não teriam mudado, não só na América, mas como nu mundo inteiro (mesmo que no resto do mundo, de uma forma bem parcial).
Já tratando sobre o filme, ele é bom, é decente, é honesto, foi muito bem dirigido por Maria Schrader (de O Homem Ideal) e conta bem como foi todo este processo para montar o artigo e todos os caminhos percorridos pelas jornalistas.
Porém, o filme peca em duas coisas, e uma delas é o roteiro... Rebecca Lienkiewicz (de Colette) foi quem escreveu o roteiro do filme, e aqui ela tentou duas coisas, mesclar os problemas pessoais que as protagonistas passavam, com o andamento e a pressão que as mesmas sofriam do artigo que elas estavam investigando sobre Weinstein.
Ela dá uma pincelada que Megan está com um quadro de Depressão pós-parto após ter seu primeiro filho, e também em Jodi Kantor que não tem tempo disponível o suficiente para suas filhas e seu marido. Mas fica só no campo da pincelada mesmo, isso se perde logo após a primeira meia hora de filme, focando mesmo em toda a construção do artigo... isso poderia atrapalhar o espectador a criar uma ligação com as protagonistas pela falta de aprofundamento em suas relações pessoais e emocionais, porém, toda a coragem das mesmas em ir a fundo nas investigações dos abusos nos ganham durante todo o filme.
O segundo ponto que o filme peca, é em sua edição, não é aquela coisa "Nossa, como é mal editado", mas deixa bastante a desejar. Há cenas que o corte é tão abrupto e/ou tão mal executado, que dá até aflição de acompanhar algumas cenas, chegando a parecer aqueles cortes que a Globo fazia nas 'Sessões da Tarde' da vida, para fazer o filme caber dentro do horário definido na grade da emissora. Não chega a atrapalhar a experiência do filme, mas é nítido em tela que foi mal conduzido a edição de algumas das cenas do filme, que realmente não fica uma coisa bacana no produto final, ou corte final do longa.
Carey Mulligan está muito bem no filme, eu que sou fã de carteirinha dela desde "Não me Abandone Jamais", é sempre um colírio vê-la em cena, interpretando ainda uma personagem tão forte como Megan Towhey, que estava lidando com um quadro de Depressão Pós-Parto, e ao mesmo tempo mergulhando fundo nas investigações e montagem do artigo que derrubaria um dos maiores nomes de Hollywood dos últimos anos. Mulligan está indicada no Globo de Ouro deste ano por Atriz Coadjuvante, e até vale a lembrança. Acho que é um trabalho competente de Mulligan, algo que está em seu nível, que ela entrega com muita profundidade e dedicação, o que se espera de uma atriz do estirpe dela. Não é, obviamente, nada á altura de sua atuação em "Promissing Young Woman" (onde ela merecia mais prêmios), mas pelo menos no Globo vale a lembrança.
Já Zoe Kazan está incrível como Jodi Cantor, como acompanhe quase nada da atriz até hoje, não posso vir afirmar que é seu melhor papel, mas afirmo que ela foi uma protagonista de mão cheia no filme. Sua atuação foi ótima, ela deu força a sua personagem, presença, personalidade, sentimento, foi realmente de encher os olhos. Zoe Kazan virou mais uma na minha lista de atrizes favoritas, e deveria ter sido lembrada em algumas premiações pelo menos como Melhor Atriz, mas nessa hora uma atriz que não tem nome fica difícil angariar uma lembrança, afinal, tudo é um jogo de tapa nas costas em Hollywood.
(Uma curiosidade é que Carey Mulligan é casada como vocalista da banda Mumford & Sons, e Zoe Kazan desde 2007 é casada com ninguém menos que Paul Dano, um dos meus atores favoritos...)
O filme ainda conta com o figurinha carimbada em séries Andre Braugher, a já premiada e consagrada Patrica Clarkson (de Six Feet Under e Vicky Cristina Barcelona), ambos como editores chefes do jornal 'The New York Times'.
Jennifer Ehle como Laura Madden, a primeira a confirmar seu testemunho contra Weinstein como oficial para o artigo do jornal. Ela esteve ótima no papel.
Samantha Morton (a Alpha de The Walking Dead) fez Zelda Perkins, uma das funcionárias da Miramax que sofreu abuso de Weinstein.
Ainda temos Tom Pelphrey, da série da Netflix 'Punho De Ferro' como o marido de Megan.
A atriz Ashley Judd, que sofreu abuso sexual de Weinstein, está no filme como ela mesma, e Gwyneth Paltrow apesar de não aparecer no filme liberou sua voz para compor os momentos em que ela foi procurada pelas jornalistas.
Produzido por Bard Pitt e Dede Gardner, o filme ainda tem por enquanto, mais duas indicações para Roteiro Adaptado no Critics Choice Awards e no Satellite Awards.
Como já mencionei, não considero o roteiro tão bem elaborado assim, ele conta bem a história, de fato, mas pecou em se aprofundar mais nas questões pessoais das protagonistas e como elas lidavam com isso ao mesmo tempo que investigavam as vitimas de Weinstein para montar o artigo que viria a ser publicado.
Acredito que essas indicações que vieram e podem vir mais, em Roteiro Adaptado, seja mais para exaltar um filme baseado em um momento tão importante da visibilidade da importância das questões feministas e a ascenção da representatividade na sociedade moderna em todos os âmbitos. Porque para mim, é um roteiro bem comum.
(07/01/2023 - Cine Marquise)
Argentina, 1985
4.3 334Vou chutar aqui, indo pelo gosto coletivo, que uma das coisas mais difíceis no cinema, é entregar um filme sobre política, lotado de longas e longas falas, que seja bom, incrível, soberbo, que prenda a atenção do espectador que você mal pisca... chute meu.
Como eu já gosto de cinema como um todo, e tenho afeição por diversos assuntos que são transformados em filme, assim como política, esse filme me pegou de uma maneira mais que o convencional.
'Argentina, 1985' consegue essa proeza de manter a atenção do espectador presa á tela, por ter um roteiro muito bem escrito, redondo, sem idas e vindas, sem cansar o espectador (depende, é claro) e de ter a competência de possuir um elenco afiadíssimo e talentoso, que nos entrega uma película que honra um dos momentos mais importantes da democracia dos hermanos Argentinos.
O filme dirigido por Santiago Mitre aborda o histórico julgamento dos promotores acusadores Julio César Strassera e Luis Moreno Ocampo, contra os militares Argentinos que durante a ditadura no país, assassinaram mais de 1000 pessoas, torturaram, sequestraram e humilharam pessoas contrárias ao atual governo e até então estavam impunes, sendo considerados heróis de guerra por parte da população comunista Argentina.
Essa história real que aconteceu naquele ano, fez com que em um ato inédito na história do país, militares de guerra fossem julgados por crimes cometidos contra a pátria, e Strassera e Ocampo, foram os promotores responsáveis por juntar provas, trazer testemunhas e vítimas dessa atrocidade convencer, elucidar e provar os jurados e a bancada regedora, de que aqueles militares eram nada mais nada menos que assassinos frios, que agiram contra a pátria, e que merecem pagar pelas atrocidades cometidas em nome do poder.
O filme é ótimo, matador, traça muito bem, sem fazer o espectador se perder durante suas 2h20 de duração, todo caminho que Strassera e Ocampo tiveram que percorrer para acusar os militares. O grupo de jovens que reuniram para fazer parte deste julgamento e correr atrás das provas e ir em buscas das pessoas que foram vítimas durante a época da ditadura.
Com ótimos cortes entre as cenas, boas explicações sobre o cenário atual político e social argentino, atuações mais que competentes tanto do elenco principal, como dos coadjuvantes que engrandeceram o longa, além da incrível direção de Santiago Mitre que traçou uma coesão notável entre texto e ritmo, soube dividir bem os momentos do filme e em todo o momento do longa nos mantêm presos no desenrolar dos fatos e atualizados cobre o que está acontecendo e as explicações palatáveis do que está sendo dito e explicado pelos personagens do filme.
A ditadura Argentina foi algo hediondo, desumano, nojento, pessoas arrancadas de suas casas, sequestradas, torturadas, obrigadas a entregar parentes e amigos que sofreram a mesma agressão, e pior, desapareceram e há anos e seguiam sem ser encontradas, ou seja, potencialmente haviam sido mortas.
Mulheres foram humilhadas e estupradas, crianças ficaram órfãs, muitos homens que foram sequestrados foram torturados apenas por diversão, apenas para serem obrigados a falarem palavrões, ofender a própria mãe e denegrir sua sexualidade, para satisfazer a comédia dos membros do exército argentino ignorante.
Um dos mais impactantes e emocionantes testemunhos neste julgamento, veio da mulher que foi sequestrada ainda grávida, de seis meses, e levada pelos militares da ditadura, onde ela era torturada neste estado enquanto encarcerada. Quando chegou o momento de seu parto, ela na parte de trás de um dos camburões da polícia militar argentina, algemada com os braços para trás, teve que dar á luz sem ajuda de nenhum militar que estava ao seu lado, sendo ameaçada, assim como seu pequeno infante. Depois de dar à luz nestas condições, teve a placenta amarrada, não foi permitida segurar sua filha recém nascida nos braços, e ainda foi levada para uma das bases militares, onde teve que limpar o chão, nua, com esponja e balde d'água, e só então, lhe foi permitida segurar sua filha...conseguem imaginar? A dimensão e o tamanho que é um cenário de Ditadura, sem liberdade de expressão, de ir e vir, de pensar, de escolher, de decidir, de viver... de parir!!!
Um absurdo sem tamanho, qualquer político no mundo, apoiar e exaltar uma situação ou condição destas!
Tanto Ricardo Darín como Peter Lanzano estão impecavelmente sovervos como Strassera e Ocampo, respectivamente... atuações pontuais, certeiras, vorazes, principalmente Darín, que esteve um monstro em cena, uma concentração e uma entrega absurda para fazer a melhor versão de Strassera que fosse possível.
Todos os atores que fizeram os personagens que davam seu testemunho no julgamento, foram imensamente ótimos, cada um se entregou ao máximo para expor os sentimentos de seus personagens.
Tanto Antonia Bengoechea e Santiago Armas, que fizeram os filhos de Strassera, estiveram muito bem em cena, e dou um destaque especial ao Santiago Armas por todas suas cenas junto a Darín como Strassera, ajudando o pai no caso e dando também apoio moral... garoto incrível em cena.
'Argentina, 1985' possui uma trilha sonora ótima, com canções argentinas consagradas, um tema final que casa com o tom de vitória do julgamento enquanto rola os créditos finais... A música é de Pedro Osuna, mas teve supervisão e auxílio de nada mais, nada menos que Michael Giacchino, que dispensa apresentações.
O longa também é rico em direção de arte e cenografia... de longe a melhor que vi nos últimos tempos, retratando fielmente os cenários e objetos da década de 80 na Argentina. Dos locais reais onde se passaram os acontecimentos na época, ao objetos oitentistas como o telefone de círculo, os orelhões, abajures, as máquinas de escrever, os jornais, a televisão tubo e seus controles quadradões... incluindo ainda o figurino do filme que está idêntico ao que os personagens usavam naqueles acontecimentos reais em 1985. Trabalho soberbo nestes quesitos, riquíssimo, de dar orgulho ao cinéfilo e encher os olhos de quem assiste.
O filme teve o diretor e roteirista Santiago Mitre como produtor junto a Ricardo Darín e Victoria Alonso, Victoria é produtora executiva de todos os filmes da Marvel Studios, desde Homem de Ferro como Co-Produtora, e Executiva desde Vingadores 1. Victoria também é Argentina de Buenos Aires. Ela é figurinha carimbada em todos os tapetes vermelhos das pré-estreias dos filmes do MCU presentes no Youtube.
'Argentina, 1985' esteve na seleção oficial do Festival de Veneza, e ganhou o prêmio dos críticos de filme Internacional.
Além disso o longa está indicado a Filme Estrangeiro no Critics Awards, Globo de Ouro e Satellite Awards... com grandes chances de também levar essa indicação no BAFTA e no Oscar.
Para mim pessoalmente, é um dos grandíssimos favorito para levar este prêmio nas 3 premiações citadas onde está indicado, faltando eu conferir os demais indicados ainda, já vejo o longa de Santiago Mitre saindo na frente... É um filme que tem alma, personalidade, é emocionante e tem uma das melhores cenas vinda de um filme do ano passado, que é a leitura da acusação de Strassera contra os militares, que dura ali uns 7, 8 minutos da leitura da acusação, onde ele termina de uma forma emocionante, heroica e histórica, dizendo: "Senhores juízes, Nunca Mais"... toca na alma com força!!!!
Por enquanto já é meu favorito! Vai ser difícil algum outro filme estrangeiro roubar este posto, talvez 'EO' que preciso conferir pra ontem.
Um Filmaço, pessoas, com F maiúsculo, vou torcer muito para concorrer e quiçá, vencer no Oscar e BAFTA, se você gosta de política e/ou se interessa por fatos históricos, por favor, assista, é um colírio aos olhos. Se política e fatos históricos não for seu lance e seu interesse, o filme lhe será cansativo.
PS: Ricardo Darín bem que podia ser indicado a Melhor Ator em alguma premiação, que surpresa agradável seria e se ganhasse uma histórica indicação ao Oscar, ou uma nomeação no BAFTA. Ele precisava ser lembrado nessa época de premiações para ficar registrado sua magnífica performance como Julio Cesar Strassera, herói Argentino na época.
(04/01/2023 - Amazon Prime)
Ruído Branco
2.7 204Uma coisa que eu admiro bastante nos diretores é a forma como o seu novo filme é completamente diferente do seu filme anterior, não só em termos de tom, seja comédia, terror, drama ou ficção científica, mas em termos de filmagem, de ponto de vista, de texto, o tipo de história que está sendo contada, como está sendo contada e de que forma ela será montada para o espectador poder conferir.
Depois de "Marriage Story", que também é um original Netflix, Noah Baumbach apresenta "Ruído Branco", uma espécie de Humor Negro Dramático, adaptado da obra prima de Don DeLilo.
É claro que não bastou olhar muito por aí a fora para constatar que o filme não agradou boa parte do público, pegando melhor aos críticos, mas não todos... e confesso que o filme realmente não é para qualquer um, o texto é ácido e perspicaz, tem que olhar a fundo nas entrelinhas, comprar a ideia, mergulhar de cabeça na loucura que é a caminhada da família Gladney. O foco no filme é absorver o texto, e se aprofundar na crise existencial e mortal que Jack e Babette se encontram, e não se preocupar no sentido do filme ou no final que ele possa entregar.
É nesse ponto que muita gente vai acabar não gostando do filme... o filme não é de entendimento e sim de debates e ideias das questões levantadas no longa, e muita gente não vai se afeiçoar ao que não está entendendo. Ele também não entrega um final condizente, um ponto final, uma resolução para o que se acompanhou em mais de duas horas... o que fará muita gente torcer o nariz para algo que não lhe trouxe conclusão.
Eu particularmente adoro os filmes onde o roteiro nos traz uma bagunça existencial, e como o filme é calcado no humor negro, tem esse lance que gosto de um texto ácido, comportamentos fora do padrão, e eles estão alinhados a um texto riquíssimos em detalhes e ensinos sobre assuntos do mundo, das pesquisas, você pode aprender bastante coisa com os filhos de Jack e Babette.
Divido em três partes, o longa de Noah Baumbach traz a família Gladney, funcionalmente desfuncional, que moram numa pequena cidadezinha americana que acaba sendo acometida por um acidente químico letal entre um caminhão e um trem. Jack, que é professor e tem todo um estudo baseado no Hitler, e Babette que sofre de um medo notório da morte, assim como Jack, têm quatro filhos, o menor é deles, os outros três é de outro casamento dos dois.
A primeira parte do filme é sobre esse estudo do casal, onde conhecemos o medo que cada um tem de morrer primeiro que o outro, do vício dos dois, da rotina da família, de como os filhos são sagazes e inteligentes, principalmente Heinrich, o cabeça da família... e como cada um na casa tem uma ideia de como funcionam as coisas internamente, externamente e como lidam uns com os outros.
A segunda parte é focado no acidente e como ele se espalhou pela cidadezinha, e como os Galdney lidam com este incidente, ao mesmo tempo que fogem de carro buscando abrigo nas estradas engarrafadas. Não tem nada de muito sobrenatural no incidente, nem na chuva negra, nem nas nuvens roxas, e todo essa parte lembra muito o isolamento causado pela Covid 19, a falta de informação, o governo e suas poucas explicações, a proteção facial, e por aí vai... a parte que mais me atraiu no filme.
A terceira e última parte, já foge do incidente, aparentemente controlado, e foca exatamente no discurso principal do longa... o medo de morrer, da não existência, do fim de todas as 'cousas'. É sobre isso que o filme é, é disso que ele trata, é o que move Jack e Babette durante todo o filme, é o cerne de suas ações, de seus pensamentos, de seus segredos...
Todo mundo tem medo da morte, e cada pessoa lida com isso da forma que acha mais honesta... todos se questionam se será o fim da existência, se há uma continuação no além, no pós vida, como será, como que é, teremos forma, não teremos. O quão isto pode deixar uma pessoa paranóica, a ponto de distorcer toda sua realidade para afugentar esse pavor, esse medo ou angústia de que o fim estará próximo e não se quer passar pela experiência, ou ter o mesmo pavor em perder alguém que se ama tanto.
Quando se tem um olhar mais clínico sobre o assunto, sobre o que está sendo abordado, q em como isso retratado em forma de película dentro de uma história com textos fortemente existenciais e que abordam os mais diversos pontos científicos e naturísticos da existência humana, o filme será mais que interessante para o espectador, será um prato cheio, um deleite para ficar se indagando por dias ou horas sobre o que o filme se propôs a debater, a mostrar... é um assunto riquíssimo e que gera horas de conversa.
Porém, quando se olha para o longa apenas como um filme, comum, que deve entreter, deve entregar conteúdo, sentido, ser direto, ter coesão, ter conclusão, aí muitas pessoas estranharão, se cansarão, reclamarão, vão achar o filme meio sem pé nem cabeça... afinal, e isto é verdade, o filme é mais para quem é cinéfilo mesmo... gosta do debate, das mais diversas formas de se fazer um longa, de se contar uma história, de se adaptar um texto.
Quem achar o filme chato, ruim, nada a ver, não está errado, o filme não é pra todo mundo, e por seu um original Netflix, que atingirá MUITA gente, até os que não são tão apreciadores de filmes no geral, querem só se entreter, ele irá causar uma estranheza e um afastamento que é até entendível.
Com Adam Driver como protagonista, repetindo a parceria de "Marriage Story" com Baumbach, que faz uma atuação bem teatral e no nível que se espera de Adam; e Greta Gerwig (diretora de Adoráveis Mulheres e do vindouro filme da Barbie, que também tem colaboração de Noah Baumbach) que traz uma atuação segura, durante boa parte do filme, intercalando entre drama e comédia... são os dois que seguram mais o longa, junto de seus filhos interpretados pelas crianças Sam e May Nivola, Heinrich e Steffie respectivamente... além de Raffey Cassidy, que faz Denise e está ótima quando está em cena com Adam.
O longa ainda tem Don Cheadle no elenco, que entrega aquela atuação chique, um cômico requintado, num nível de atuação que Don sempre entregou na série 'House of Lies'. Além de ter André Benjamin, o Andre3000 da extinta dupla 'Outkast' (sim, aquela do Hey Ya!).
Eu destaco além deles, Barbara Sukowa, que fez a Irmã Hermann Marie no finalzinho do filme, achei aquela atuação soberba, magnífica, digna de indicação ao atriz coadjuvante se fosse o caso... belíssima atuação dessa ótima atriz.
O filme de Noah Baumbach, talvez por ser assim tão difícil de digerir, não foi muito lembrado nessa temporada de premiações... participando do Leão de Ouro e do Festival de Veneza, o filme foi indicado ao Globo de Ouro na categoria de Ator Comédia/Musical para Adam Driver e no Critics Awards em Canção Original para "New Body Rhumba" do músico LCD Soundsystem (mais alguém gosta?).
Aliás, essa sequência final do filme, com os créditos na tela, dentro do supermercado, com todo o elenco do filme, ao som de LCD Soundsystem foi genial...pra mim, isto é cinema da melhor categoria, arte pura e riquíssima, ótima sacada e muito bem filmado, a música é ótima e encerrou bem o longa.
Tem um ritmo que pode não agradar? Tem. É bem difícil pro público abrangente? É.
É um filme ruim? Depende de quem assiste.
É um filme bom? Depende de quem assiste.
É um bom trabalho de Noah Baumbach? Depende de quem assite.
Você gostou? Depende de quem pergunta.
É cinema? É...moderno.
(31/12/2022 - Netflix)
Glass Onion: Um Mistério Knives Out
3.5 651 Assista AgoraEm 2019, Rian Johnson havia lançado nos cinemas seu mais novo filme 'Knives Out', onde o maior e mais famoso detetive do mundo, Benoit Blanc, conhecido por resolver casos e mistérios, dos mais complicados aos mais sórdidos, havia sido contratado para desvendar o mistério de quem assassinou Harlam Thrombey.
Ao lançar este filme, escrito e dirigido pelo mesmo, Rian pegou o mundo de surpresa e agradou crítica e público com um filme de mistérios e num ritmo ótimo, boa dose de humor e um elenco estreladíssimo, onde todo mundo teve seu tempo de tela de forma honesta.
Tendo ganhado o Satellite Awards de Melhor Elenco, Rian ganhou aval para produzir a continuação de um dos melhores filmes daquela época de premiações. E Essa continuação, desta vez, veio sob a tutela da gigante Netflix, que comprou os direitos de distribuição do longa de Rian Johnson.
E posso dizer que este é o único defeito que 'Glass Onion' tem... fazer com que o público o aprecie na sala de casa, ao invés de uma sala de cinema com todos rindo e aproveitando de um ótimo roteiro e uma continuação infinitamente melhor que o primeiro filme.
'Glass Onion' traz Benoit Blanc resolvendo um novo caso, um gênio bilionário que possui um círculo de amigos influentes auto denominados 'Os Disruptores', que se encontram anualmente sob a tutela de Miles Bron, o gênio bilionário', que propõe um joguinho em sua ilha particular na grécia... seus amigos precisam descobrir quem é seu assassino, durante os três dias que ficarão lá de férias. Mas é só uma brincadeira, é claro, coisa de rico... porém, um assassinato realmente é cometido neste dia, com todos na sala, e a partir daí, Benoit Blanc, que não sabe porque foi convidado para esta colônia de férias extravagante, precisa descobrir o que se passa e quem é o assassino entre eles.
Assim como no primeiro, está NA CARA quem é o responsável pelo crime, o texto entrega, as conversas entre os personagens entrega, eu mesmo já estava a um passo de admitir quem era na cena da piscina, mas assim como no primeiro filme, eu deixei passar, entretido com a história, e fui burro novamente em não descobrir na primeira meia hora de filme quem era o assassino, o responsável por aquilo, antes mesmo do crime ser cometido. Aprendi minha lição com o primeiro filme e vim preparado para prestar atenção nos detalhes e no texto para pegar o quanto antes... e falhei miseravelmente. Mas que gostoso foi a experiência de conferir mais um mistério para ser resolvido por Blanc.
A continuação é ótima, perfeita, humor na medida certa, bem cômico que seu antecessor, 'Glass Onion' abraça a comédia e os textos ácidos e os personagens espirram conotações da cultura pop atual a torto e a direito. E aí neste caso, o espectador precisa estar antenado a tudo que acontece no mundo, de música de todos os estilos, aos filmes famosos e mais cults, das obras de artes, às celebridades do momento e do passado, para pegar todas as referências a cultura pop atual e passada que os personagens comentam, e é gostoso demais reconhecer cada uma delas... pra mim é muito gratificante, já que tenho vasto conhecimento da cultura pop, humildemente falando, é claro.
De ótimas esculturas de gelo, a uma ilha paradisíaca na grécia, da Glass Onion no topo da mansão de Miles ao piano transparente, do mega automóvel no terraço, à Mona lisa que na verdade é uma cópia, mas no filme é a verdadeira... 'Glass Onion' traz outra conjuctura visual que diverge totalmente do filme anterior e traz um novo tom para este longa, mais solto, mais cômico, onde ao mesmo tempo que não se leva a sério, nos contextualiza no mundo real. Grande foi a sacada de Rian Johnson em fazer com que o filme se passasse no meio da pandemia, com máscaras e sprays substituindo as vacinas e tudo mais.
Já o elenco, novamente, somente os pesos pesados para abrilhantar o longa:
- Edward Norton (Clube da Luta) é Miles Bron, o Gênio metido a besta, que convida todos seus amigos para a olha paradisíaca na Grécia. Está ótimo, bem charlatão.
- Dave Bautista (Guardiões da Galáxia) é Duke Cody, famoso Streaming da Twitch. Atuação nível Dave.
- Janelle Monaé (cantora), ela faz Andi Brand, e está sensacional no filme, matou a pau, uma atuação sem igual, estava inspiradíssima, trouxe uma dramaticidade que nem era tão exigida assim no roteiro. Perfeita.
- Kathryn Hahn (WandaVision) é Claire Debella, tem aquela atuação base que só ela consegue entregar, de uma mulher desesperada a ponto de ter um colapso, morrendo de medo, ótima, sensacional...amo a Kathryn de paixão, sou fanzaço dessa mulher.
- Leslie Odom Jr. (Hamilton), ele é Lionel Touissant, Leslie é o dono da Pirwy@ toda, o cara escreve, dirige, compõe, canta, atua, dança... aqui ele é mais humilde e faz só o papel dele e pronto, já está de ótimo tamanho, e ainda assim deixa sua marca.
- Kate 'Fucking' Hudson é Birdie Jay, ex musa do ramo da moda, não tenho nada a acrescentar de Kate, a mulher que fez nada mais nada menos que 'Quase Famosos', filme cult atemporal de rock... ela ARREBENTA neste filme, pra mim, digno de indicações a coadjuvante.
- Jessica Henwick (Punho de Ferro da Netflix) é Peg, assistente de Birdie Jay, gosto demais da Jessica atuando.
- E, é claro, Daniel 'Bond' Craig, como Benoit Blanc, muito melhor que no primeiro filme, mais solto, mais cômico, mais astuto, um Tony Stark ás avessas.
Fora todo esse elenco, ainda temos Madelyn Cline e participações bem especiais de Hugh Grant, Ethan Hawke, Angela Lunsbury, Stephen Sondheim, Noah Segan e Jackie Hoffman (de Only Murders in The Building), além de uma rápida aparição de Serena Williams, bem sem graça, e a voz que faz o barulho DONG que fiz as horas na mansão é de Joseph Gordon Levitt, que dispensa apresentações.
Uma trilha sonora ótima, um pouco repetitiva, mas ótima, canções incríveis como The Beatles (com a canção Glass Onion que eu não conhecia, vivendo e aprendendo hein) David Bowie, e com direito a Edward Norton tocando Blackbird e Chili Peppers no violão.
Como disse, o pecado do filme mesmo está em não estar sendo exibido na sala de cinema assim como foi o primeiro. É um filme tão divertido com situações tão cômicas e curiosas, um mistério a ser resolvido e uma diversão tão garantida, que não acompanhá-lo em uma sala cheia ouvindo a reação de inúmeros estranhos, junto a sua, é de um desperdício de experiência cinematográfica que chega dói.
Esse é o único mal que a Netflix traz, quando acerta em, produzir um filme ótimo como esse, ele se limita a ser assistido na sala de casa. Pinocchio de Guillermo Del Toro se encontra em pouquíssimas e limitadas salas de cinema, assim como 'Ruído Brando' de Noah Baumbach também está em uma ou duas salas de cinema, sendo que estreia na Netflix neste dia 30 ainda. Mas infelizmente, "Glass Onion", pelo menos aqui no Brasil, está exclusivamente no catálogo do streaming, sem passar pelas salas de cinema.
Por enquanto, 'Glass Onion' está indicado no Critics Awards por Elenco, Comédia, Roteiro Adaptado, Figurino, Filme Comédia/Musical e Atriz Coadjuvante para Jonalle Monaé.
No Globo de Ouro por Filem Comédia/Musical e Ator Comédia/Musical para Daniel Craig. Além de concorrer no Satellite Awards por Roteiro Adaptado, Filme Comédia/Musical, Ator para Daniel Craig e Atriz para Janelle Monaé.
Só assistam, porque Benoit Blanc veio pra ficar.
Parabéns Rian Johnson, mais um ótimo filme entregue no final do ano.
25/12/2022 - Netflix
O Enfermeiro da Noite
3.4 401 Assista AgoraExiste um ofício em Hollywood, e no resto do mundo, no ramo cinematográfico que pouca gente dá atenção e acredito que uns 98% do público sequer se preocupa em dar uma olhadinha... o montador de elenco.
Esse profissional é crucial para você poder abocanhar os principais nomes em termos de atuação para o seu projeto, ou então conseguir a pessoa que eles consideram perfeita para o papel, estrela ou não, e convencê-lo(a) a acreditar no projeto e mergulhar no papel oferecido.
Muitos estúdios são feras em trazer os principais e melhores nomes para trabalhar com eles, como Universal, Sony e a poderosa dos últimos 10, 12 anos, a Disney/Marvel Studios. Vide o trabalho excepcional que Victoria Alonso faz por lá.
Em "The Good Nurse", filme original Netflix, podemos ver que o trabalho foi mais do que bem feito, foi perfeitamente bem conduzido, afinal, conseguiram a proeza de trazer nada mais nada menos que dois atores oscarizados... Jessica Chastain (Deusa na terra) e Eddie Redmayne (ator com A maiúsculo).
E o que me intriga foi, como conseguiram convencer dois atores mais que competentes, que entregam nada mais do que 100% da competência nos longas que filmam, a participar de um filme com um roteiro tão pobre como este.
Porque o salva mesmo neste filme, é apenas a interpretação de Jessica e Eddie, eles entregam uma atuação que sequer é exigida no roteiro, uma atuação mais que acima da média, estão comprometidos demais com os personagens, que tem pouco a mostrar na história tecida, devido ao roteiro sem vida e sem alma.
O roteiro do filme não tem nada... porque nada acontece no filme:
Chastain faz Amy, que é uma enfermeira com uma doença no coração, e que sem plano de saúda precisa trabalhar até conseguir ter um plano, e é enfermeira noturna e faz muito bem sua profissão. Já Redmayne faz Charlie Cullen, enfermeiro que já passou por inúmeros hospitais e sempre mata seus pacientes usando insulina e outros medicamentos em pouca dosagem na bolsa de soro dos pacientes. É uma história real, e Charlie, que cumpre mais de 20 prisões perpétuas, pode ter matado mais de 300 pessoas em hospitais dessa maneira, apesar de ter assumido a culpa em cartório de apenas 29 delas.
Nada acontece no filme, não tem suspense, tem um pouco de nada de drama, nenhuma cena de impacto, ou que te prenda, nenhum acontecimento mais tenso é construído. Apenas vemos Amy e Charlie fazendo amizade, então ela descobre o que ele fez nos outros hospitais, ele é preso, não quer confessar, ela consegue arrancar a confissão, ele é condenado e fim. Resumi o filme. Eu nunca assisti um filme tão pobre de roteiro.
Ktystyn Wilson-Cairns é a roteirista do filme, baseado no livro homônimo, e ela realmente de duas uma: ou fez um trabalho fraquíssimo, ou não tinha muito o que fazer para transplantar aquela história básica de um certa maneira, para um filme de duas horas.
Ele funcionaria melhor se tivesse sido concebido como um documentário, ali sim poderia ser muito mais interessante acompanhar o desenrolar dos fatos, conhece a história, ver o depoimento das pessoas envolvidas, familiares e por aí vai... e o curioso é que junto com o lançamento do filme, a Netflix também disponibilizou um documentário sobre este caso, ou seja, já fizeram o que eu citei que poderia funcionar melhor, junto com um filme que ficou fraquíssimo em sua concepção.
E Jessica e Eddie realmente fizeram milagre com o roteiro entregue a eles, porque falta drama neste filme, falta suspense neste filme, falta vida, alma, falta tudo. Acompanhamos mesmo pela dupla oscarizada que sempre é um colírio vê-los em cena em qualquer filme. Mas uma pessoa comum, que vai na Netflix apenas buscar um filme para se entreter, e não ligado muito a diretores, atores e afins, vai achar o filme chato e sem graça com razão.
Eddie Redmayne está indicado ao Satellite Awards e ao Globo de Ouro por Ator Coadjuvante, assim como Jessica Chastain foi indicada ao Satellite Awards para Atriz em filme de Drama.
Eddie merece mesmo uma indicação, só por aquela cena onde está algemado e é pressionado pelos detetives a confessar os crimes e ele seguidamente diz que não pode. Ali Eddie mostrou o ator com A maiúsculo que ele é.
E Jessica foi indicada no Satellite como atriz principal, sua atuação é riquíssima, ela traz drama para uma personagem que no roteiro não tem toda essa exigência, um trabalho que só alguém do calibre de Jessica consegue entregar, mas no fim das contas é algo competente, dado o calibre dela, mas nada tãããão fora da curva para ser indica, quanto mais ganhar um prêmio, na minha mais modesta opinião, e olha que eu amo essa mulher.
Ainda temos no elenco dois atores que gosto muito e engrandeceram os coadjuvantes do filme... Noah Emmerich (O Show de Truman) que está ótimo como o detetive Tim Braum... e Kim Dickens (a Madison de Fear The Walking Dead, e Cassidy do saudoso Lost) que faz Linda Garran, gerente do hospital do filme.
Destaco também Nnmandi Asomugha como o detetive Baldwin, ele fez também um ótimo trabalho no filme.
No mais, "The Good Nurse" é um filme fraquíssimo que pouco tem a mostrar, e se segura mesmo pela dupla de protagonistas Redmayne e Chastain, que aceitaram estes papéis que não são ruins, mas que receberam um roteiro fraquíssimo em mãos, e o mérito é todo dos profissionais que montaram este elenco e convenceram os dois a participar do filme, que carece de muuuita coisa para se tornar interessante.
Acredito que o documentário, que ainda não assisti, mas pretendo, deva ser muito mais interessante que o filme em si.
(24/12/2022-Netflix)
Thor: Amor e Trovão
2.9 973 Assista AgoraOnde foi que Taika Waititi errou?
Loki fez muita falta no roteiro do filme?
Não ter mais Asgard tirou o contexto da trajetória de Thor?
A vibe Trapalhões do filme era a melhor saída?
São tantas perguntas para tentar entender o porquê do filme não ter dado tão certo, e as respostas acabam sendo uma só... pelo menos por enquanto:
Piadas não combinam com um roteiro dramático!!!!
Uma verdade que tem que ser dita aqui, é que Thor: Love & Thunder tem um roteiro dramático. Aí muita gente irá dizer que "não, o filme é uma pastelaria só, não se leva a a sério, Thor zueiro, bodes gritantes e etc e etc"... mas é só assistir o filme atentamente, o roteiro é dramático.
O vilão, Gorr o Carniceiro dos Deuses, tem seu prólogo dramático, ele tem suas perdas, suas cicatrizes, sua caminhada é dolorida, sofrida.
O mesmo tem que ser dito de Jane Foster, com Câncer, estágio 4, pouco tempo de vida, infelizmente, tentou tudo que a ciência poderia oferecer, até seu amigo Eric Selvig (Stellan Skarsgaard) não pôde ajudá-la, e transtornada em não conseguir se salvar com aquilo que ela domina e acreditou a vida inteira, tece que apelar para a magia.
E o que dizer de Thor, perdeu a mãe, o irmão, o pai, o melhor amigo, seu lar Asgard, falhou em salvar metade do universo porque não mirou na cabeça... não tem mais nada a perder, e em crise de existência, se aventurou no infinito espaço sideral com os Guardiões da Galáxia, buscando entender seu lugar no universo agora que não mais lar.
Tudo isso é dramático e teria um puta de um filme rico em interpretações, reviravoltas, batalhas e perdas e novos recomeços, se ele tivesse sido levado a sério, levado em consideração, sem ter medo de fazer realmente um filme do Thor, digno do nome, digno do que foi já mostrado nas HQ's... o alívio cômico estaria lá, as piadas também, mas a grandiosidade e a honestidade que o roteiro pedia deveria ser levado em consideração, e assim, talvez, e só talvez, o filme ou teria funcionado, ou teria sido melhor recebido.
Acho que Taika pesou a mão, descartou MUITA coisa gravada e deixou o básico do básico no corte final. Não estava errado em repetir o que deu certo em Thor Ragnarok (um dos melhores filmes do MCU e o melhor do Thor até aqui) mas deveria ter entendido o que lhe tinha em mãos, ao invés de querer entregar uma espécie de Ragnarok 2.
Tudo muito apressado, muita piada encima de piada pronta, personagens que não se levam a sério, um clima de palhaçada encima de uma ameaça ás bases do universo com a possível extinção de todos os Deuses... qual é, o universo não é tão cor de rosa assim pra ser piadista 24 hr por dia aonde quer que você vá e quem quer que você encontre.
Tudo bem, entendemos onde Thor deu certo, é uma visão hoje mais despretensiosa, um filme mais família, sem se precisar levar a sério, vide o sucesso de Ragnarok... mas faltou, e não digo visão, mas coerência e honestidade com a história que iria ser contada. É como se Kevin Feige e Taika Waititi decidissem que o filme seria assim, independente do roteiro escrito ou o rumo tomado, só aí já começa erradíssimo.
Chris Hemsworth tem muita veia cômica e seu Thor é muito bom, isso eu não nego, e digo que ele não está mal no filme nem nada, nem está batido ou já deu o que tinha que dar... simplesmente não funcionou aqui, não deu certo, ponto.
Já Natalie Portman, essa sim foi um GRANDE desperdício no filme, Taika errou feio em trazê-la de volta, num posto gigante como a Poderosa Thor, com um arco tão rico e significativo como o dela, dizendo que queria fazer com Jane Foster o que não conseguiram fazer nos outros dois filmes, lhe dar o protagonismo que a personagem merece... para fazer ela se tornar uma Thor só porque Odinson sussurra a Mjolnir que sempre cuide dela? Então ela não era digna? Só conseguiu porque o martelo quis agradar Odinson? Qual é Taika? Sério?
Sem falar que ela passa o filme, metade sofrendo porque não quer morrer e metade querendo se declarar pro Odinson, e toda sua jornada no filme foi apenas para que Odinson encontre seu momento de paz e dignifique sua posição como herói no universo. Francamente, mais uma personagem feminina que está posicionada no filme para resignificar a jornada do herói masculino. Mulher Maravilha foi isso purinho e tem gente que não enxerga até hoje.
Christian Bale esteve ótimo como Gorr, se divertiu e levou a sério ao mesmo tempo, entregou uma atuação e personagem decentes, fez mais do que o roteiro lhe exigiu. Engrandeceu um filme que pouco teve a mostrar.
Tessa Thompson e Russel Crowe estiveram ok no filme, o roteiro sequer os favoreceu... Esperava mais da Valquíria de Tessa nesse filme, ela está lá só para falar o óbvio e sua personagem não cresce... ora quer morrer em batalha, ora não quer mais... é a 'Rei' de Nova Asgard, mas parece estar entediada com tudo, e nem de longe lembra a Valquíria porreta e F&¨%$#@ do Thor Ragnarok. Uma pena.
O mesmo posso falar de Zeus, um olhar muito caricato para alguém tão onipotente, é muito bacana ver Russell Crowe em uma atuação mais cômica, um Zeus mais fanfarrão, tem personalidade ali de fato, nesse ponto eu até elogio, mas é tudo tão além do limite neste filme, que poderiam ter segurado a mão um pouquinho com o Zeus dele.
Os Guardiões da Galáxia, uma das melhores equipes do MCU, dois filmes incríveis, participação nos dois derradeiros filmes dos Vingadores certeira, uma equipe e personagens riquíssimos para se trabalhar, e temos o que deles neste filme... uns cinco minutos de tela? Seis, possivelmente Sete? Tirando o Quill, e um pouquinho o Rocky, o resto mal fala no filme, mal eles tem presença... o quanto eles iriam elevar o nível deste longa se tivéssemos ali um pequenino arco, ou uma participação maior de uns 25 minutos de tela em filme... mas menos de 7 minutos ao todo para Chris Pratt, Karen Gillian, Pom Klementiff, Dave Baustista, Sean Gunn, Bradley Cooper e Vin Diesel. Olha esse elenco desperdiçado, olha esse grupo chutado para escanteio.
E só registrar aqui as participações de Luke Hemsworth, Sam Neill, Melissa McCarthy e Matt Damon novamente no teatro de Nova Asgard, sempre hilário... e Gary também, dos curtas que antecederam Thor Ragnarok.
A trilha é de Michael Giacchino (Homem-Aranha sem Volta Para Casa para citar um de seus trabalhos recentes) e é muito boa, muito bem orquestrada e composta, bem regida pelo compositor, e que casa bem com o clima do filme e engrandece muitas das cenas, é um ótimo trabalho de Giacchino sim...
Mas e aquele excesso de Guns 'n Roses no filme hein? Totalmente desnecessário... cabe com a proposta do longa, das cenas inseridas? Cabe sim, mas é um excesso que não consigo entender. O mesmo erro com 'Immigrant Song' do Led Zeppelin, usado duas vezes no Ragnarok que, pelo menos para mim, tirou o peso do música na parte final do filme. Já em Love & Thunder, o excesso de Guns fez o filme ficar caricato, uma paródia.
São tantas coisas que poderiam ter sido feito com bom senso no longa que pega até mal ficar só batendo, batendo e batendo, e não reconhecer algumas virtudes...mas se parar pra pensar, mal virtudes tem.
Eu não nego, ri demais no cinema, me diverti muito vendo o filme, não o acho ruim nem de longe, e quando vi a segunda vez, os erros ficaram bem mais evidentes e saltando os olhos, que fez as piadas serem menos engraçadas do que foram e ver o quão o potencial do filme foi perdido a não reconhecerem a dramaticidade que deveriam ter tratado o roteiro ao invés de beber do mais do mesmo e para se obter o sucesso do filme anterior e entregar algo que não ficou lá satisfatório, mas agradou o grande público.
Acho que foi a bola fora de Taika cinematograficamente falando, o roteiro não é tão ruim assim, precisava de uns pequenos ajustes apenas, o que falhou foi em fazer o estilo de filme que ele faz, mais satírico, para um roteiro mais dramático, e a palavra de Kevin Feige ao querer que Taika traga mais do mesmo e terem receio em trazer algo mais grandioso para o longa, mais bebido dos quadrinhos, algo na linha do que foi o Thor em Vingadores guerra Infinita, ali sim ele esteve perfeito.
Mas ok, todo mundo pode errar na vida, faz parte da caminhada.
Então sim, eu o considero um filme mais fraco... mas diverte se você não o levar a sério.
(Assistido em 08/07/2022 - Uci Jardim Sul)
(24/12/2022)
O Incrível Hulk
3.1 881 Assista AgoraDepois do estrondoso sucesso que 'Homem De Ferro', a Marvel Studios buscava abocanhar as bilheterias dos cinemas com seu segundo filme, 'O Incrível Hulk'. Uma nova interpretação do gigante esmeralda, desta vez interpretado por Edward Norton (de Clube da Luta), e contextualizado dentro do agora criado universo compartilhado do estúdio... visando o vindouro filme/evento 'Os Vingadores'.
O filme, no entanto, arrecadou apenas 264,8 milhões de dólares, contra os pouco mais de 580 milhões de 'Homem De Ferro'. Na época, pegaram pesado com o filme, com críticas à direção, às escolhas tomadas para se lidar com a psique do Hulk, nesse embate eterno pelo controle entre Banner e Hulk... a falta de profundidade na dualidade dos dois personagens e seu protagonista, o roteiro fraco, e uma descaracterização do Abominável, que no filme também, acabou servindo apenas para ser o vilão que sai na porrada com o Hulk no fim do filme.
Confesso que na época senti que algo faltava no filme, não foi a mesma experiência que assistir ao Homem de Ferro, não sei se faltou aprofundar mais na relação Hulk/Banner e trazer um conflito mais interessante no filme, ou ter tentado ser um pouco mais original... o filme tem um saldo positivo no fim das contas.
Claramente se vê que o diretor, Louis Leterrier (do já aclamado 'Cão de Briga') se inspirou e homenageou a série de TV dos anos 70 de Bill Bixby e Lou Ferrigno. É completamente nítido como o Banner de Edward Norton é uma contraparte do Banner de Bill Bixby, nos rejeitos, na forma de falar, de andar, de ficar irritado, em como se parecem quando estão frustrados. Isso também fica muito nítido no roteiro escrito por Zak Penn, Louis Leterrier e Edward Norton... totalmente calcado no estilo fuga de problemas e situações banais que o deixam irritado a ponto de se tornar o Hulk, exatamente como acontecia na série dos anos 70. Até a música tema dá as caras no filme. com aquele seu piano clássico.
Hoje, já com outros olhos, não vejo esse alarde todo negativo que o pessoal faz com filme... é um bom filme no fim das contas, fica no óbvio do que se esperar de um filme do Hulk, mas há ótimas passagens nele e boas ideias.
A CGI do Hulk é bem feita, dentro de suas proporções, sem falar que a direção de Leterrier não compromete. Claro que não é algo fora da curva e é bem básico, porém, ele ganha crédito não só na batalha final no Brooklin entre Hulk e Abominável, mas também nas cenas em que Edward Norton traz um certo peso para os ombros de Banner, e ali Leterrier acerta em transpor isto para o espectador, e tira o melhor de Edward para contextualizar Banner e também mostrar do que o ator é capaz com sua veia dramática.
Claro que há alguns pontos negativos, como pouco desenvolvimento para o General Ross, do falecido William Hurt, pois limitá-lo a apenas caçar o Hulk, estar sempre mau humorado e deixar o personagem preso no ponto de partida o filme inteiro, é um desperdício completo do talento de William.
Fora as bizarras cenas no Brasil com os atores gringos falando em português. Sério, vergonha alheia, ali erraram a mão FEIO.
Toda a sequência que se passa na favela da Rocinha, onde Banner trabalha numa máquina de refrigerantes, e onde é diariamente provocado e insultado por um trio de rapazes que no filme são brasileiros, mas são interpretados por Norte-americanos. Quando eles abrem a boca para falar em português, é muito genérico, mau falado, com um sotaque nitidamente norte-americano. Uma vergonha... seria melhor escalar atores brasileiros.
Sem falar que temos uma atriz brasileira no filme, a belíssima Débora Nascimento (de Êta Mundo Bom!, excelente novela das 6), que inexplicavelmente, não tem uma fala no filme... e se teve, passou batido pra mim. Gringos sendo Gringos.
Com um bom ritmo, o filme entrete, cumpre seu papel e só, chega a ser o mais esquecível filme do MCU, mas na minha opinião, não por ser ruim, e sim por ser básico e não ter v ida própria, fica muito preso em clichês roteiristicos que o fazem não sair do lugar e não explora devidamente toda a importância que esses personagens têm para demonstrar.
O elenco por exemplo é ótimo... da linda e talentosa Liv Tyler (como Betty Ross) e sua cena de alívio cômico ao ficar irritada quando esbarram nela em NY, e Bruce se oferece para lhe ensinar Yoga. A ÚNICA cena de alívio cômica do filme.
(Tá bom, teve a do Lou Ferrigno com o Edward Norton também)
- William Hurt, que dispensa comentários (que Deus o tenha)
- Tim Roth, que traz uma interpretação bem sombria e doentia de Emil Blonsky, o Abominável.
- Ty Burrell e Tim Blake Nelson, que tiveram personagens importantes, mas que foram apenas secundários na trama.
- E Peter Mensah, que mais tarde faria uma participação em Marvel's Agents Of Shield, a série de TV,
Por mais que seja o menos atrativo do MCU, eu sou mais inclinado a achar que o filme é sim bem feito, bem dirigido, com alguns pontos negativos bem visíveis, mas que não estragam o produto final. E podia vir coisa melhorada e arrumada em futuras continuações do filme do Gigante Esmeralda... mas como os direitos de distribuição e arrecadação pertencem à Universal Pictures, este é o único (por enquanto) filme do Golias Verde dentro da Marvel Studios.
(Assistido 14/06/2008 - UCI Jardim Sul)
(Reassistido na Netflix em OUT/22)
Pinóquio
4.2 542 Assista AgoraO que mais posso dizer para elogiar 'O Mestre'?
O que mais posso acrescentar para poder vangloriar suas mais belas obras?
Eu só posso dizer que Del Toro não faz filmes, faz obras eternas no ramo da literatura e da fantasia.
'Pinocchio' é seu mais recente filme e sua mais recente Obra, uma pérola para os amantes do bom e velho cinema, para os amantes da boa e velha magia, para os amantes dos mais belos e singelos contos.
Todo mundo conhece o conto de Pinóquio, muito também pela animação da Walt Disney dos anos 40, mas aqui, Del Toro traz uma versão muito mais sombria, como todos estão dizendo, uma mistura de pé no chão com fantasia livre.
Neste longa, o conto se ambienta na época da primeira guerra mundial, numa Itália liderada pelo fascista Benito Mussollini, no auge da guerra, e em como a guerra ditava o cotidiano dos cidadãos e suas decisões.
Este filme de Del Toro, obviamente é uma animação, e é um dos vários pontos positivos que o filme tem, pois é uma animação riquíssima não só em seu visual, mas em detalhes, em linguagem corporal, na sua arte em representar a pequena cidade italiana onde o filme se passa, tal como a sutil diferença do ato animado dos humanos do filme, bebendo da caricatura, sem perder seu traço real, para o de Pinóquio, um boneco de madeira, que se move, e possui um estilo único que se destoa de todas as pessoas do filme, fazendo-nos aceitar visualmente que sim, ali é um boneco de madeira real, e não um boneco de madeira animado.
Existem inúmeras e imensas animações do século XXI que são incrivelmente bem feitas com traços únicos e uma leitura contemporânea em sua forma de animar... mas este trabalho de Del Toro (que tem parceria com os estúdios de Jim Henson, o falecido criador dos 'Muppets') é soberbo, de cair o queixo, de uma vida que sai da tela e toma conta dos seus olhos por duas horas... que carinho Del Toro e sua equipe teve em fazer um filme-animação tão perfeito como esse, tão rico em detalhes, tão cheio de vida... artisticamente, seu plano de fundo é perfeito, é como se somente os personagens e alguns objetos fossem animados, e o plano de fundo fossem locais reais.
Com relação ao roteiro, com certeza um dos melhores que Del Toro já escreveu... uma história comovente do inicio ao fim, com reviravoltas já óbvias, pelo fato de conhecermos a história do boneco de madeira, e com um final mais que comovente, de levar as lágrimas o amante do antigo cinema.
Toda a construção dos personagens são muito bem elaboradas por Del Toro, partindo da apresentação de Gepeto e seu filho Carlo, passando pela criação de Pinóquio e a apresentação dos coadjuvantes, o Grilo Sebastian, o Conde Volpe e seu macaco Spazzatura, entre outros, e a grande lição de moral e amor que o filme nos dá.
A relação entre Pinóquio e Gepeto é das mais velas vista na história do cinema neste longa... começamos (não sei se vocês também) estranhando Pinóquio, pois ele nasce muito arrogante, cheio de si, mas ao mesmo tempo cheio de vida e de amor por eu pai Gepeto, que no contraponto, começa-o negando e projetando seu falecido filho nas atitudes e personalidade de Pinóquio. Começamos amando Gepeto pelo seu amor a Carlo e torcendo o nariz a Pinóquio, muito arrogante e malcriado, para amarmos Pinóquio no decorrer do filme por estar nos conquistando com seu verdadeiro eu e suas principais virtudes, dentro de sua simplicidade, e ao mesmo tempo, ficarmos na bronca com Gepeto por não enxergar as virtudes do garoto de madeira e o quanto ele o ama.
Esse desencontro de demonstração de amor entre os dois durante o filme, nos leva a um final emocionante demais, uma cena catártica, que nos leva para dentro de nossas próprias relações familiares (sejam humanos ou animais) onde nos encontramos no mesmo lugar de Gepeto e Pinóquio, e percebemos o quão grandioso é o amor puto entre pais e filhos, o quanto o tempo que temos é precioso para darmos importância a quem amamos e o quanto nossa existência é especial e única.
Obrigado Del Toro, só você e sua singela humanidade e genialidade para nos proporcionar essa gama de sentimentos.
O enredo deste longa é riquíssimo e só tem peso pesado na dublagem:
- Ewan McGregor faz o grilo Sebastian, narrador do conto do começo ao fim do filme, e o coadjuvante central do longa, assim como seu alívio cômico muito bem pautado no roteiro... além do mais, Ewan canta no filme, e todo filme que tem Ewan McGregor cantando, só pode ser bom.
- O pequeno ator Gregory Mann (de Cats...uuurgh) dá a voz de uma forma mais do que perfeita a Pinóquio, canta muito bem, super afinado, está perfeito, o garoto é soberbo, é o que tenho a dizer, devia ter uma categoria de melhor dublagem, para vencer de lavada.
- David Bradley (de Game Of Thrones) dá voz a Gepeto, e é outro que se destaca pela entrega ao personagem e colocar tanta dramaticidade em sua voz nas cenas em que lhe foi exigido.
- Tilda Swinton (amo essa mulher, de Michael Clayton), faz dois personagens, o ser que dá vida a Pinóquio e concede o desejo a Sebastian o Grilo, e a Morte, que recebe Pinóquio quando o mesmo parte 'dessa para melhor'.
- O monstruoso Christoph Waltz (de Big Eyes) dá voz ao Conde Volph, está ótimo na dublagem aqui, bem imponente deixando sua marca registrada dos filmes que conhecemos dele sendo vilão.
- Spazzatura, o macaco de estimação de Volph, tem voz da magnífica, imponente, grandiosa, deusa e onipresente Cate Blanchett, que dispensa apresentações, sendo que o mais curioso é que ela não fala, pois Spazzatura apenas faz "uh uh uh uh uh", que é o que os macacos falam, e mesmo fazendo 'uh uh uh uh uh' de macaco, Cate faz com maestria... pode ser besteira eu citando, mas quando assistirem o filme, vão entender que até no básico dos básicos, essa mulher é fenomenal.
Fora o resto do grande elenco com Finn Wolfhard (de Stranger Things) como Candlewick, filho de Podesta, o principal soldado da infantaria italiana na guerra dublado por Ron Perlman (de Hellboy de Del Toro). John Turturro (de Severance) como Dottore e Tim Blake Nelson, como os coelhos negros (de O Incrível Hulk).
A música...aaah a música do filme, nada mais nada menos composta pelo gênio moderno da composição e meu arranjador e compositor favorito, Alexandre Desplat.
Fica difícil dizer qual o melhor trabalho do francês, mas com certeza este se encontrará no top 3 de sua carreira... emocionante demais o que ele fez com a trilha deste longa, como ele conduziu a orquestra e arranjou cada nota para compor as músicas que permeiam este filme. Todas as cenas dramáticas ganham um peso a mais quando a música deste homem entra, principalmente nas cenas finais, onde Gepeto está na praia com Pinóquio em seus braços, e no prólogo quando soa anos se passam e Pinóquio não envelhece, mas os demais sim... que trilha senhores, que trilha.
As canções do longa foram todas escritas por Del Toro e Roeban Katz, e arranjadas por Desplat, e são cantadas em sua maioria por Gregory Mann e David Bradley, Pinóquio e Gepeto respectivamente.
Outras são cantadas por McGregor, Cristoph Waltz, Danielle Darra e Tim Blake Nelson.
Todas as canções são ótimas e grudam na cabeça, com destaque para "My Son", "Everithing Is New To Me" e "Ciao Papa".
O ponto negativo fica apara a ridícula tradução na legenda, que pegou as letras do filme da Disney da década de 40, que nada encaixam nas canções originais de Del Toro para com o longa, algo muito semelhante que fizeram com a tradução das canções de 'West Side Story' de Spielberg.
Só posso terminar dizendo que 'Pinocchio' é uma Obra de Arte da animação, uma linda e tocante fábula reescrita por Del Toro, colocando seu ponto pessoal em uma história que ganhou muito mais peso dramático aqui. Emocionante, tocante, e muito, mas muito humano, este filme é para toda família, e para fazermo-nos parar um pouco e aproveitar mais as pessoas que nos cercam, a família que temos, e os aceitarmos como são, enxergarmos suas virtudes e aproveitar o breve momento que temos com elas em vida, que e um presente gigantesco de Deus.
Ainda com todos esses belíssimos dotes e recursos, considero 'O Labirinto do Faúno' ainda o melhor trabalho de Del Toro na sétima arte, e permanece insuperável, tamanha originalidade que ele entregou para aquela fábula... mas com certeza, 'Pinocchio' ocupa o segundo lugar no meu pódio de melhores filmes de Del Toro em sua carreira monstruosa.
O filme foi indicado nesta temporada de premiações em Melhor Filme de Animação no Satellite Awards, Globo de Ouro e Critics Choice Awards, por enquanto.
Além de ser indicado a Trilha Sonora Original no Globo e Critics Choice.
A Canção 'Ciao Papa' também ganhou indicação no Globo de Ouro.
Já é meu favorito para levar os prêmios, mesmo eu ainda não tendo assistido os demais concorrentes na categoria, e também indicaria, se fosse membro votante da Academia, sem medo algum à Melhor Filme no Oscar do ano que vem.
Animação também é Filme!!!
(Assistido 18/12/2022 - Netflix)
(Vamos Argentina)
O Telefone Preto
3.5 1,0K Assista AgoraNa minha crítica de Doutor Estranho No Multiverso da Loucura, eu havia questionado como seria se o filme tivesse sido dirigido por Scott Derrikson, se o filme teria o mesmo tom de terror que Sam Raimi deu ao filme. Dirigindo alguns longas do gênero, como 'A Entidade', 'Livrai-nos do Mal' e ' Hellraiser V', recentemente foi divulgado que o esboço original que Scott Derrikson idealizou para Doutor Estranho era realmente um filme de horror, onde teríamos o 'Gargantos' (Shuma Gorath pros mais íntimos) seria o vilão original.
Como já de costume, Kevin Feige mudou a premissa inicial do segundo filme do Mago Supremo, querendo dar uma nova direção ao longa, e acredito que foi aí que Derrikson e Feige acabaram discordando dos rumos do roteiro e, como também foi divulgado recentemente, Derrikson meio que deu um ultimato ao Kevin Feige, algo como tipo:
-"Eu tenho esse roteiro deste filme que quero fazer, muito promissor, então, se você não quer que eu faça o filme deste jeito, eu meio que vou me dedicar ao meu filme então..."
E foi aí que Scott Derrikson começou a produzir e a dirigir o seu filme 'O Telefone Preto', junto a C. Robert Cargill, baseado em um pequeno conto de Joe Hill, publicado em seu livro 20th Century Ghosts.
E realmente, que trabalho incrível fez Derrikson com este filme, pois com tantos filmes de 'Terror/JumpScares hoje em dia, onde o mais importante é tentar fazer o público comum pular da poltrona do cinema, Derrikson faz um filme onde ele te prende do início ao fim não pelo lado horror do longa, mas pelo lado psicológico de seus personagens tão ricos em construção, e tão amáveis em carisma.
O protagonista Finney Shaw (Mason Thames, da série 'For All Mankind da Apple TV) tê uma ótima construção desde seu início até sua conclusão, onde ele é o típico adolescente de escola que todos zoam e batem, têm poucos amigos, e sofre um pouco com a baixa auto-estima. Quando ele é sequestrado pelo 'The Graber', ele entra em estado psicológico onde sabe que não conseguirá sair daquele local, mesmo tendo a ajuda ao telefone das vozes das crianças que foram raptadas e assassinadas antes pelo 'The Graber'. Isso acaba se manifestando em seu choro quando não consegue ultrapassar a porta do freezer, onde há o buraco na parede, e ali nós temos o completo desespero batendo no garoto que por mais que tente ser forte em uma situação de vida e morte como aquela, no fim é só uma criança com problemas domésticos e colegiais, que quer desesperadamente voltar para sua casa e sua irmã, e não mais ter que lutar contras as coisas que a vida joga em seu caminho.
A atuação de Mason é ótima, fez um trabalho incrível, cai um pouco em minha mais modesta opinião, quando está preso no porão, mas quando é exigido dramaticamente, ele segura bem o rojão e mais convence do que não convence... apenas ficou ofuscado pela irmã, Gwen.
Gwen, que foi interpretada por Madeleine McGraw, atriz que apesar de ter 13 anos já é bem requisitada nas produções hollywoodianas, dando voz a Bonnie de 'Toy Story 4', a jovem Katie de 'A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas' e também sendo a pequena Hope Van Dyne em 'Homem-Formiga e a Vespa' do MCU.
Gwen é uma das melhores personagens do longa, muito bem escrita e melhor ainda interpretada por Madeleine, que ofusca Mason com sua interpretação quando os dois estão em tela, e tem cenas de alto destaque no longa, quando começa seu monólogo com: "Jesus... What the Fuck...", também na cena onde apanha de seu pai Mr. Shaw, uma força ao interpretar indo do drama choroso á raiva ncontrolada em uma fração de segundos, além da cena onde ela defende Finn quando apanha dos garotos na grama, e bate nos mesmos, até com uma pedra grande, onde também apanha com murro e chute na cabeça... essa menina é uma força da natureza em termos de interpretação, olho nela que pode crescer muito em termos de atuação se for bem agenciada em sua carreira, tem tudo para ser uma ótima revelação nos anos que estão por vir, e ainda indicaria a mesma para aquela categoria do Critics Awards de Ator/Atriz Jovem com muita facilidade.
Sua personagem por mais que roube a cena no filme, perde brilho da metade pro final, muito por conta do roteiro que não a favorece mais e acaba tirando seu coadjuvantismo, para limitá-la a ser apenas a personagem que aponta onde Finn está preso, limitando sua atuação e sua aparição. Uma pena.
No filme ainda temos a participação de Jeremy Davies, o eterno Daniel Faraday de Lost e o Baldur do Remake de God of War. Ele é o pai de Finn e Gwen, e por ser um personagem que sofre com alcoolismo por perder a esposa, ele dá um show de atuação quando está sob efeito da bebida, nas cena onde bate em Gwen, e quando conversa com a mesma na sala depois de Finn ser sequestrado.
Ainda temos o grandíssimo Ethan Hawke (Sociedade dos Poetas Mortos e Caninos Brancos) em uma atuação impecável como 'O Sequestrador - The Graber'. Um personagem enigmático, nunca revelado no filme, que sua diversas máscaras para desnortear suas dúbeis personalidades, em uma interpretação totalmente teatral e sádica/cômica no início do filme, de encher os olhos de quem assiste, que tira o melhor que Ethan pode interpretar em um personagem rico como 'The Graber' é.
Porém, contudo, todavia... infelizmente, o roteiro de Derrikson e Cia., acabou por limitá-lo na parte final do filme, a ser apenas o vilãozão do filme, o malfeitor a ser derrotado e abatido, tendo suas famosas frases de efeito e seu pavio curto ao atacar o mocinho do filme sem pensar nas consequências de seus atos, justamente por estarmos no clímax do roteiro e um desfecho precisa ser desenhado. Hawke deixa de ter aquela atuação mais teatral, onde ele brincava bastante com o personagem e teve liberdade criativa em sua atuação, para ficar contido ao o que o roteiro pedia da conclusão do conto e do personagem, onde ele tinha pouca margem para dar ao personagem e nada brilhou ao tentar bater Finnley, e também em suas falas pouco inspiradoras.
Ainda gostaria de citar, em minha humilde opinião, o melhor personagem do longa, Robin, interpretado por Miguel Cazarez Mora, acho que o mais bem escrito do conto, esperto, forte, decidido, auto-estima, carismático, e incrivelmente interpretado por Miguel, um ator que entendeu o que o personagem era e o que o roteiro pedia, e quando esteve em cena roubou a cena. Uma pena que dos espíritos dos meninos mortos pelo 'The Graber', Robin foi o que teve menos destaque... eu fiquei com muita expectativa de que quando ele aparecesse, que certamente iria ser o final, sua aparição seria convincente, épica, que respeitasse a trajetória do personagem no longa. Mas infelizmente ela foi limitada apenas a levantar a moral de Finnley, colocá-lo pra cma e ensinar uma sequencia de golpes. Outras crianças, que sequer tiveram aparições no longa, tiveram mais destaque em suas aparições no Telefone Preto, do que Robin teve, já que ele foi minimamente desenvolvido no longa antes de ser pego pelo 'The Graber'. Erro dos roteiristas que precisam enxergar o potencial de seus personagens antes ou durante as filmagens, para não tornar-los um desperdício no longa.
A trilha sonora do filme é ótima com muitas músicas de bandas como The Edgar Winter Group, Sweet e a ótima Free Run do Pink Floyd, uma das melhores bandas de rock que existem.
'O Telefone Preto' é um dos filmes que entra para a seleta lista de melhores filmes de 2022, junto a 'Everything, Everywhere, All At Once', 'Lunana', 'O Acontecimento', 'Drive My Car' entre outros.
Scott Derrikson fez bem em deixar a produção do segundo longa de Doutor Estranho, para focar em seu projeto de um pequeno conto do filho de Stephen King, e entregar o que sabe fazer de melhor em termos de filme de horror/terror, um filme que prende sua atenção do início ao fim e é um ótimo entretenimento.
Claro, o filme possui alguns defeitos em termos de condução do clímax da história, que desvirtua de todo o tom criado para o filme desde o seu início, a descontinuação do coadjuvantismo de personagens excelentes que roubam a cena, como Gwen e Robin, e a limitação de 'The Graber', que o limita a ser um vilão basicão em seu clímax, tirando a a liberdade artística de Ethan Hawke, que vinha fazendo uma ótima interpretação do personagem, que brilhava mais em seu antagonismo com Finnley, o protagonista do longa, faceta muito mais interessante do que ser transformado em um mero vilão de filme de terror em seus momentos finais.
(Assistido em 12/08/22 - Shopping Cidade SP)
A Felicidade das Pequenas Coisas
4.0 96 Assista AgoraSó passando aqui pra dizer, que desde a sua estreia no Brasil, 'Lunana' está a 7 MESES em cartaz nos cinemas de SP ininterruptos. Quem for de SP, vá ao cinema.
Homem de Ferro
3.9 1,5K Assista AgoraPrimeiro vamos contextualizar:
- Nos final dos anos 90 a Marvel Comics estava a beira da falência e correndo sério risco de parar suas rotativas, a solução encontrada foi vender os direitos de seus principais e mais populares personagens para estúdios de cinema, por preços que fariam ela voltar a andar com as próprias pernas. Então, personagens como X-Men, Homem-Aranha, Demolidor, Hulk, Justiceiro, Quarteto Fantástico, Motoqueiro Fantasma foram adquiridos por estúdios como Fox, Sony e Universal.
Já em meados da década de 2000, a Marvel já estava recuperada e muitos de seus quadrinhos voltavam a vender muito bem, como os Novos X-Men de Grant Morrison, o Homem-Aranha do Straczynski, o Demolidor de Brian Bendis, o Ultimate Homem-Aranha de Bendis, os Supremos de Mark Millar e Bryan Hitch, a fase Extremis do Homem de Ferro, os Novos Vingadores reformulados por Brian Bendis, Jessica Jones de novo dele e por aí vai...
Estando faturando e com as ações em dia, a editora resolveu focar no cinema, uma vez que seus personagens faziam sucesso em outros estúdios mas não lhe rendiam o dinheiro, o faturamento.
Subiram Kevin Feige de cargo e patamar para ser o homem que zelaria da "Marvel Studios" recém criada, um estúdio independente... e usariam apenas os personagens que tinham em mãos, os quais ela não vendeu os direitos para se salvar, aqueles do terceiro escalão que pouco vendiam revistas e não tinham o devido destaque dentro da editora.
Eis que em 2008, estreia nos cinemas mundiais 'Homem De Ferro' primeiro projeto do Marvel Studios, dirigido pelo ator Jon Favreau (que fez Foggy Nelson no filme horrendo do Demolidor), e possui Robert Downey JR, ator problemático que sofria de vicío em drogas e bebidas, há anos afastado de bons papéis em Hollywood, como Tony Stark. Trazendo também a oscarizada Gwyneth Paltrow como Pepper Potts, Terrence Howard como James Rhodes, Jeff Bridges como Obadiah Stane, Clark Gregg como Agente Coulson, Leslie Bibb como Christine Everhart e Shaun Toub como Yinsen.
Como primeiro filme, a Marvel Studios acertou em cheio, 'Homem de Ferro' é um dos melhores filmes do estúdio e da década de 2000, e Jon Favreau acertou em cheio em sua direção e visão do longa. Teve um roteiro decente em mãos que atualizou a origem do personagem, e o baseou tanto em sua versão original dos quadrinhos que conhecemos, como na versão Ultima apresentada na revista 'Supremos', onde Tony Stark lá é muito mais sarcástico e não se leva a sério, realmente um playboy de primeira linha.
Afirmo sem medo que 'Homem de Ferro' e 'The Mandalorian' são os melhores trabalhos na carreira de Jon Favreau, que abraçou de vez o trabalho como diretor, depois deste longa, tendo atuado exclusivamente mesmo como Happy Hogan, segurança pessoal de Tony Stark nos filmes vindouros da Marvel Studios, e inclusive neste.
O filme arrecadou 585,8 milhões mundialmente, e mesmo o estúdio tendo que repartir a fatia com a Paramount Pictures, que distribuía os primeiros filmes da Marvel Studios, foi considerado um arrasa-quarteirão, sucesso absoluto, principalmente para um filme independente, que custou cerca de 140 milhões para ser feito.
As melhores coisas do filme são o texto rápido, inteligente, sagaz e direto, principalmente de Tony stark, e a desconstrução de um homem que é um gênio da tecnologia e do armamento, playboy, filantropo e arrogante, narcisista, que só olha para seu próprio umbigo... para uma pessoa que começa a se preocupar, não só com quem está a sua volta (Pepper, Rhodes) mas também com a segurança das pessoas em geral, do povo que ele deveria defender com sua tecnologia, e que o faz desenvolver a personalidade e caráter necessários para se tornar o Homem De Ferro, mesmo que ainda mantenha alguns traços peculiares de sua personalidade arrogante.
Jon Favreau também teve muita sorte em contar com um elenco competente e profissional, já alçado ao estrelato e alguns seriam muito mais conhecidos após este filme:
- Gwyneth Paltrow já tinha nome, por vencer um Oscar, trouxe muita personalidade pra sua Pepper, e delicadeza também.
- Terrence Howard, na época amigo pessoal de Robert, hoje já não é mais, alguns diz que me diz de bastidores, fez até um bom trabalho como James Rhodes, ele entendeu o que foi pedido, e o que o filme exigia do papel e do tom do personagem.
- Jeff Bridges, vulgo 'The Dude', ou 'O Grande Lebowski', quem não gostaria de contar contar com este monstro da atuação, consagrado, fazendo o vilão de seu filme?! Claro que, infelizmente, é aquele vilão caricato da Marvel, sem desenvolvimento, sem pompa, sem peso roteiristico, mas ainda assim, trouxe sua elegância performática para o papel de Obadiah Stane, que só cai na batalha final quando fica tudo mais... como posso dizer... brega. Aquelas falas de efeito bem mal escritas, que dá vergonha alheia (rsrsrs).
- Clark Gregg apareceu mesmo aqui, foi galgado a uma importância na fase 1 do MCu que nem ele esperava, e depois foi pra uma das séries de TV mais amadas e subestimadas dos últimos anos.
- Fora a Leslie Bibb, atriz bem desconhecida, mas que foi muito bem no filme, adoro ela, e voltou no MCU em participações pontuais, como em uma cena promocional de Homem-Formiga para a internet, e recentemente na animação 'What If?'.
Pra finalizar, a cena pós créditos, a primeira do MCU, pós créditos mesmo, não é pós arte de elenco não, traz nada mais nada menos que Samuel L Jackson, como o diretor da SHIELD, Nick Fury, e Jackson não foi escolhido para fazer este papel à toa não... na revista 'The Ultimates', 'Os Supremos' aqui no Brasil, Nick Fury era negro e tinha o rosto de Samuel L Jackson, uma homenagem do desenhista Bryan Hitch... e daí sua escalação pro papel. Estava dado o pontapé inicial ao filme/evento 'Os Vingadores'.
Vi este filme no cinema, não sei se foi no fim de semana de estreia, não me recordo agora, mas saí satisfeito demais com o que tinha visto na telona, algo que já esperava uma vez que acompanhava as notícias do filme, gravações e fotos de bastidores, nas revistas especializadas da época, Set e Sci-Fi News.
E obviamente, estava muito animado por ver que os filmes que viriam nos próximos anos, estariam interligados e que culminariam finalmente em um filme dos Vingadores no cinema, que era um sonho meu.
Grande filme, de um grande diretor, com um grande protagonista (Downey Jr), de um ótimo estúdio, em uma ótima década. E que final de filme, com Tony em todo seu egocentrismo clamando na coletiva de imprensa:
"I'm Iron Man"
(17/07/2022)
(no cinema Shopping Jardim Sul - 2008)
Tudo em Todo O Lugar ao Mesmo Tempo
4.0 2,1K Assista AgoraParafraseando Jennifer Walters: "AI. MEU. DEUS.
Que filme foi esse, Brasil...que experiência foi essa, que roteiro foi esse, que ideia foi essa, que direção foi essa...
O meu hype para este filme estava lá encima, altíssimo, desde que foi anunciado que o mesmo iria estrear no Festival SXSW, em fevereiro, e desde que Guillermo Del Toro rasgou elogios para o filme dos Daniel, quando o assistiu pela primeira vez. Obviamente que a sinopse do filme por si só já me chamou muito a atenção, e as primeiras impressões eram tão altas que eu queria conferir logo esta obra.
O filme é dirigido pelos Daniel, Daniel Kwan e Daniel Scheinert (Um Cadáver Para Sobreviver), e foi produzido pela A24, meu novo estúdio de filmes favorito, e que DIFICILMENTE erra quando coloca a algo em tela (errando apenas com On The Rocks).
Kwan e Scheinert recusaram uma oferta da Marvel Studios, para dirigirem a série da Disney Plus, "Loki", e expandir o conceito de Multiverso do estúdio da 'Casa das Idéias', para dirigirem seu próprio filme, onde eles assinam o roteiro, e fazem parte também da produção junto de nada mais nada menos que os Irmãos Russo, diretores de Vingadores e Capitão América do MCU.
Em seu lançamento nos States, abriram com incríveis 97% de aprovação no Rotten Tomatoes, e de cada 10 criticas, 11 são elogios, ou seja, eu precisava conferir essa película, para comprovar o alto nível que o filme tem, se era isso tudo mesmo, e logo após ver o trailer, eu estava certo de que ia ser um grande filme;
E é... 'Everithing Everywhere All At Once' é o filme do ano, fácil!
A sinopse, bom, tem aqui no Filmow, tem no Google... mas basicamente é um filme que os Daniel mexeram com a questão do Multiverso, e todas as versões existentes de Evelyn (Michelle Yeoh de Crouching Tiger Hidden Dragon) em diversos universos espalhados elo Multiverso. Este filme é tudo o que o Multiverso é em seu esplendor, tudo o que, não só a Marvel, mas todas as outras editoras e produtoras deveriam aprender para inserir em suas obras tendo o Multiverso como conceito.
Existem infinitas Evelyns, da atriz, à lutadora, da cozinheira à plaqueira, e o conceito de Multiverso é tão expandido neste filme, que qualquer ideia absurda que você pensar, existe no mais vasto Multiverso, como um universo onde as pessoas tem salsichas no lugar das mãos, ou uma onde os humanos não se desenvolveram, e todos são... pedras!!!
O acerto do filme dos Daniels está na inovação, na direção, no conceito criado de Multiverso, na questão visual estética e de efeitos do filme, e principalmente no roteiro, com questões profundas humanas e familiares, que definem e evidenciam sua protagonista e seus coadjuvantes, sua filha Joy (Stephanie Hsu) e seu marido Waymond (Ke Huy Quan).
Evelyn é uma mulher que está saturada na sua vida pessoal, se arrepende de ter casado, tem uma relação vazia com o marido, não consegue dialogar e se aproximar da filha, e está presa à rotina de uma lavanderia que administra junto com o o marido, e ainda por cima precisa cuidar do pai enfermo Gong Gong (James Hong, ótimo) que permitiu que a filha saísse de casa com Waymond para se casarem.
Joy, sua filha, tem uma namorada que não é aceita pela mãe, mas é aceita pelo pai, e parece não se encontrar no mundo, está claramente perdida na vida, por achar que nada importa, e isso reflete no relacionamento com a mãe.
Waymond está tentando tomar coragem para mostrar a Evelyn uma papelada com um pedido de divórcio, pois também precisa de um frescor novo na vida, mas ao mesmo tempo, demonstra sinais claros de que está tentando desesperadamente uma forma de salvar o casamento.
Tudo isso acima, explode no Multiverso afora, pois cada coisa que Evelyn não foi, deixou de ser, ou não conseguiu ser, ela foi em outro universo, em outra existência e em outra vida, e são as experiências dessas Evelyns, bem sucedidas, que a Evelyn 616 (parafraseando a Marvel) vai acessar e usar para deter o ser que ameaça a existência de todo o Multiverso: Jobu Tupaki.
O filme dos Daniel não tem aquele orçamento todo que um blockbuster geralmente tem, afinal é um filme da A24, um estúdio independente, porém possui efeitos visuais mais que competentes, que engrandecem a experiência de quem assiste e contextualiza bem as nuances do multiverso apresentado no filme, nos convencendo do que estamos presenciando em tela. É um ponto mais que positivo, levando em conta a experiência dois diretores em outros trabalhos, principalmente Daniel Kwan, que dirigiu um episódio da perfeita série 'Legion', que abusava dos efeitos visuais em um episódio ou outro e tratava de um tema, esquizofrenia, em um cenário bem semelhante ao filme criado pelos Daniel.
O roteiro é a cereja do bolo do filme, uma vez que todo o cerne do longa é Muliverso, as diversas Evelyns e Waymonds e Joys e Gongs Gongs que existem no multiverso afora, e como isso é apresentado em tela para os espectadores... o roteiro foca inteiramente no relacionamento familiar/humano e Evelyn para com seus entes queridos.
O roteiro trata muito de solidão, de achar seu lugar no mundo, de tentar ser a melhor versão de você mesmo sem arrependimentos, trata principalmente de depressão e como isso pode te afetar, e afetar os que estão ao seu redor... é a cereja do bolo de um filme que se transveste de Multiverso, de efeitos, de bizarrice, de inspirações de outros filmes, mas que no cerne de seu roteiro, trata dos temas citados acima de uma forma tão profunda, que você vai se identificar com os personagens e com a história de uma maneira que você sequer iria esperar. Como eles conseguiram fazer com que nós nos enxergássemos na Evelyn, como ela nos representa... ou na Joy, muitos se enxergarão nela, ou até mesmo em Waymond. Que roteiro é esse!!!
Pra quem já assistiu o filme, a verdade é que o roteiro é tão rico, e o filme tão bem construído e tão divertido, que ao final, você, o espectador, terá sua própria definição do que acabou de presenciar no cinema... Evelyn no final acabou se tornando o que Joy se de outro Multiverso se tornou, uma espécie de Jobu Tupaki, uma vez que ela escuta várias e várias vozes de Multiversos afora, não aprendeu a se desligar das outras vidas, e pode acabar futuramente tendo o mesmo fim que Joy/Jobu Tupaki teve.
Ou toda essa loucura do filme, foi apenas uma metáfora para os problemas sérios que Evelyn e Joy enfrentavam, como depressão mais pelo lado de Joy, e solidão e abandono pelo lado de Evelyn, somado ao fato de se achar um fracasso por não ter realizado nada que desejava na sua vida. É como se toda a trama central do filme fosse a realidade mesmo, que Evelyn surtou e quebrou a lavanderia com o taco de beisebol e teve uma aproximação com Deidre (Jamie Lee Curtis), e finalmente enfrentou seu pai, e se acertou com sua filha de uma vez por todas, se acertou com seu marido, e as vozes que escuta ao final do filme são os devaneios de sua cabeça que inventou toda essa história maluca, como uma forma de escapar da realidade cruel e fria em que vivia, e nessa ficção encontrou as palavras e o caminho para colocar sua vida e de seus familiares no eixo novamente.
Para mim, esta segunda percepção é a que mais faz sentido dentro da minha cabeça, é a que eu mais compro, e cada um terá sua percepção e visão com o filme... que é a beleza certeira que ele entrega, a percepção que cada espectador terá do filme ao seu final, o que mais conversou internamente consigo mesmo.
Todo o elenco está perfeito, não uma única atuação ruim no filme ou que deixe a desejar, com destaque estrondoso para Michelle Yeoh, artista poderosa demais, que tem em seu currículo só: 'Memórias de Uma Gueixa', 'Tomorrow Never Dies', 'Podres de Rico' entre outras obras incríveis. Michelle domina o filme todo com seu talento e desenvoltura, seu carisma e sua Evelyn tão bem criada em suas mais diversas versões no multiverso afora.
Jamie Lee Curtis, que já e uma veterana mais que talentosa com o currículo invejável, carta carimbada em Hollywood, tem uma das melhores interpretações no filme com sua Deidre, agente fiscal. Jamie dá um show, sem mais, direto e reto. Pode chover indicações coadjuvantes para ela que é mais que merecido.
E temos também, Stephanie Hsu, que faz Joy, ela que já havia contracenado com Michelle Yeoh em 'Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis', já vem com uma certa experiência com filmes mais fantasiosos, e entregou uma atuação estupenda, com várias vertentes, várias nuances de Joy, muitas facetas... essa menina de 31 anos é talentosa demais, que também merece ser lembrada nas premiações com alguma indicação para coroar seu imenso trabalho no filme.
'Everithing Everywhere All at Once' já é a maior bilheteria doméstica da A24 nos EUA, e soma mais de 80 milhões de bilheteria mundialmente, se tornando o filme mais bem sucedido da A24, marca que pertencia a 'Hereditário' e que acaba de ser superado.
A A24, hoje, é o melhor estúdio nos Estados Unidos, com total liberdade a seus roteiristas e diretores, para contar as histórias que criaram, e realizar filmes com identidade visual ou de roteiro da forma mais pessoal e única possível.
Isso se comprova nos grandes sucessos do estúdio, como 'Midsommar', 'A Bruxa', 'A Despedida', 'Projeto Flórida', 'Lady Bird', 'C'Mon C'Mon', 'A Tragédia de Macbeth', 'Minari', 'Artista do Desastre'... e os que são considerados as melhores obras do estúdio até então: 'O Farol', 'Hereditário', 'Jóias Brutas' e 'Moonlight'.
O filme merece demais ser lembrado nas premiações para ano que vem, e as que mais tem chances de ser lembrado, são o (irrelevante) Globo de Ouro, Critics Awards, SAG's Awards, Spirit Awards (depende do orçamento), Satellite Awards, Gotham Awards... já o BAFTA e o Oscar, fica a incógnita, depende se o filme terá fôlego até lá, afinal, as premiações são simplesmente um afago nos mais chegados da indústria... aquele tapinha nas costas maroto... e os Daniel não estão tão envolvidos assim na indústria de Hollywood para receber esse afago... e a própria A24 já declarou que está na pista para realizar ótimos filmes para o público, e não se preocupar com Oscar e afins.
É o filme do ano senhores, uma perfeição sem igual, um roteiro riquíssimo, personagens super cativantes, uma história que te prende, situações cômicas e bizarras que vão fazer você ficar de queixo caído, e uma dramaticidade que te pega quando você menos espera.
Um poço de ideias e inovação trazida até nós por Daniel Kwan e Daniel Scheinert, e uma atuação de um elenco que estava inspirado... tudo conspirou para sair uma pérola em forma de película, uma obra de arte que pode definir esta ainda jovem década de 20.
Assistam... no cinema!!!
(23/06/2022 - Cine Marquise)
Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças
4.3 4,7K Assista Agora"Como é imensa a felicidade da virgem sem culpa. Esquecendo o mundo, e pelo mundo sendo esquecida.
Brilho eterno de uma mente sem lembranças!
Cada prece é aceita, e cada desejo realizado"
Este é um trecho do poema de Alexander Pope que deu nome ao filme dirigido pelo mestre Michel Gondry, lançado em 2004, e que marcou aquela década como um dos melhores filmes lançados, e que virou ícone cult e da cultura pop com o passar dos anos.
Posso dizer que já perdi a conta de quantas vezes vi essa obra de arte, tanto na TV dubladão na época, como legendado (como deve ser) em DVD nos anos posteriores.
Mas a ideia na verdade veio de Pierre Bismuth, creditado como roteirista do longa, que foi escrito por Michel Gondry e Charlie Kaufman, que sugeriu ao francês a ideia de um filme em que o personagem recebeum cartão em sua caixa de correio com a mensagem: "Alguém que você conhece te apagou da memória".
"Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças" (Eternal Sunchine of the Spotless Mind, no original) conta essa história, onde Joel Barish, depois de uma briga com sua namorada Clementine, antes do Valentine´s Day, descobre que a mesma apagou ele de sua memória, e querendo dar o troco e apagá-la também, percebe no meio do processo que algumas lembranças são tão singelas, que ele não quer esquecê-las, até decidir não querer mais dar continuidade ao processo.
"Brilho Eterno" é um dos filmes mais gostosos não só da década de 2000, como de toda a história do cinema, e fica difícil achar o mérito: Está na direção de Michel Gondry que fez, ao meu ver, o seu melhor filme até hoje? Está no roteiro que é tão certeiro, e tem um texto tão bem escrito, que é redondo e se completa do começo ao fim, fazendo nos apaixonar pela história desde o começo? Ou seria a interpretação do elenco, e da dupla de protagonistas, que é o carro chefe do longa?
Michel Gondry é um diretor que conheço de longa data da MTV, pois ele dirigiu diversos clipes que já assisti à exaustão nas épocas em que eram exibidos, sendo o primeiro que vi dele 'Everlong' um dos maiores hits do Foo Fighters (saudoso Taylor Hawkings, pra mim ainda não engoli), e logo depois 'Army Of Me' da Bjork, artista com A maiúsculo, pirava nos clipes dela. Além do mega hit 'Fell In Love With A Girl' dá então novata banda/dupla The White Stripes, em um clipe matador feito de lego... e outro clipe que adorava de uma cover dos Stones do Bob Dylan 'Like A Rollin Stone', a música era ao vivo e eu era viciado nela, e o clipe é ótimo com imagens pausadas que passam como se fossem reflexos, ou seja, Michel Gondry só dirigia pérolas que passavam nas MTV mundo afora.
E ver o que ele fez em 'Brilho Eterno' é de aplaudir de pé, porque a direção dele é perfeita, não só com os atores, e ele tinha um elenco de peso pesado nas mãos, super talentosos e muito animados com o roteiro, mas por suas jogadas de câmera, a forma como sai de um local para parar em um cômodo de um local a milhas de distância, como se fosse um corte teatral numa peça. A escolha por uma paleta de cor mais fria, até pelo filme se passar no inverno e ter uma tema dramático, triste... contrastando com as cores vivas dos cabelos pintados de Clementine, o vestuário de Mary, a decoração das instalações do Dr. Howard Mierzwiak, e por aí vai.
Fora que com a ajuda do editor Valdis Oskarsdottir, montou o filme de uma forma que não fica confuso para quem assiste, se estiver ligado na história mesmo, e bacana de ver como tudo se encaixa a medida que o longa vai avançando.
O que posso dizer mais de Michel Gondry...? Gênio contemporâneo, nasceu para dirigir, para montar, para contar uma história visualmente, é artista no sentido mais puro da palavra.
A história em si é soberba... vai dizer que nunca deu vontade de você apagar uma pessoa das suas memórias (da vida amorosa ou não), em nenhum momento de sua vida?
E a forma como desenrolaram essa trama, para ter idas e voltas, faz várias curvas e é doido você imaginar como isso é possível.
No final, fica claro que não tem como você realmente apagar a pessoa da sua memória, pois sempre terá um gatilho que irá despertar a confusão na sua cabeça e isso pode vir a tona, mesmo que demore, e a pessoa volta a lembrar. Pode ser um objeto, uma frase, uma palavra, uma música, uma roupa...enfim. Joel, Mary, Clem, todos eles teve aquele lapso que vem á tona, e a confusão se instaura, e você volta para o ponto onde começou... o caminho de volta para a pessoa amada.
O elenco... só ator/atriz que eu amor e sou fã incondicional. O meu Quinteto Fantástico de monstros da sétima arte:
-Jim Carrey, como Joel Barish... novamente em um papel sério, dramático, deixando um pouco a comédia de lado, o mais sérios dos personagens... mais dramáticoo que Truman Burbank, que Andy Kaufman, mais até que Luke Trimble. Ele está um arraso no filme, e sempre vai ser esse espinho no pé dele a não indicação ao Oscar pelos papéis que ele merecia...se ganharia ou não, tanto faz, mas a lembrança, o reconhecimento ao trabalho feito... é uma vergonha a Academia nunca ter reconhecido o talento dramático de Jim Carrey. O BAFTA, o Golden Globes, souberam reconhecer... isso é que eu chamo de falta de prestígio.
-Kate Winslet, a eterna Clementine, muitos sempre vão lembrar dela como Rose DeWitt Butaker, mas eu sempre lembro e vou lembrar dela como Clementine, a garota problema mais amorosa do planeta que qualquer homem na terra gostaria de namorar/casar. Descolada, estilosa, personalidade ofuscante, carinhosa, impulsiva, ciumenta, problemática, complicada... são tantos adjetivos que vou até parar por aqui.
Não vejo nenhuma outra atriz na época que fosse capaz de dar vida a Clementine, de uma forma tão apaixonante e certeira, que só Kate conseguiria e conseguiu fazer. Talvez Jenny Lawrence conseguiria, ela tem o perfil, mas era muito criança na época.
Kate esteve inspiradíssima no papel, amou o roteiro, e deve ter gostado muito da visão de Gondry para o longa e como ele queria conduzir a personagem de Winslet... Clem é apaixonante demais, um anjo na tela com chifres e rabo pontudo (kkkkkkkkkkk)... pra mim, é o melhor papel de Kate Winslet da carreira dela, Kate nasceu pra interpretar Clementine, e tinha que ter um boneco action figure de Clementine pra gente colecionar em casa.
-Mark Ruffalo, ainda novinho, galgando seus passos em Hollywood, colhendo ainda os sucessos de '13 Going on 30', que estrelou ao lado de Jennifer Garner. Deixou sua marca pessoal de interpretação em Stan, o nerd que trabalhava pra agência do Dr. Mierzwiack e tinha um 'crush' pela Mary. Aquela dancinha dele e da Mary a base de maconha, de cueca é muito hilária.
-Kirsten Dunst, a Mary, recepcionista do consultório de Mierzwiack, que tinha um 'crush' nele, que tinha um casinho com Stan, que supostamente não gostava de Patrick, que é linda de morrer, graças a beleza de Dunst. Gosto muito de vê-la atuando, ainda mais solta como foi aqui... claramente dava pra perceber que Michel Gondry deixou-a à vontade para brincar com Mary, criar sua própria visão e trejeitos da personagem. Não vou negar que tem muita coisa da Mary Jane ali, mas até aí ela gravou os dois filmes no mesmo ano então, dá pra dar um desconto.
-Tom Wilkinson, o Dr. Howard Mierzwiack, foi aqui que eu o conheci e virei fã desse monstro de ator... nem tenho muito o que falar, quem assistiu ou ir assistir o filme é só observar, a grandeza da interpretação, os olhares, a forma como coloca suas falas, como se posiciona no cenário e para a câmera, como entende a cena, o que ela pede dele em termos de reposta corporal. Wilkinson é demais, eu não dou conta dele, é um atorzaço, me falta adjetivos... quando ele chega para ajudar Stan com a máquina e vê que Maty está lá, toda a sequência da cena, é aula de interpretação e postura.
Fora eles, ainda temos o Frodo em pessoa, Elijah Wood, a vontade demais no papel, se divertindo muito, leve também, um pequenino alívio cômico. Roubou as calcinhas da Clem, roubou a própria Clem de Joel... é muito bom ver Elijah em um papel mais fora da curva, mais inter-pessoal.
O longa foi indicado ao Oscar somente nas categorias de Roteiro e Atriz para Kate Winslet (sua quarta indicação até então), levando o prêmio de roteiro para Michel Gondry e Charlie Kaufman.
Já no Globo de Ouro foi indicado nas principais categorias como Melhor Filme Comédia/Musical (deveria ser Drama, errou veio Golden Globes), Melhor Ator para Jim Carrey, Atriz para Winslet.
No BAFTA, além das indicações acima, Michel Gondry foi justamente indicado a Direção, e o longa levou dois prêmios, Roteiro e Edição (este muito merecido).
Pra mim está no top 5 de filmes que definiram a década de 2000, junto com Amélie Poulain, The Matrix, Homem-Aranha 2... uma pérola apaixonante e inigualável feita por um dos cineastas mais inteligente e visionário dos tempos modernos, que aperfeiçoou sua arte de direção com videoclipes por anos a fio, até pôr a prova sua capacidade com longas-metragens, e acertando a mão com "Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças", que possui os personagens mais carismáticos da década de 2000.
(19/06/2022 - GloboPlay)
Má Sorte no Sexo ou Pornô Acidental
3.6 60ATENÇÃO:
ESTA RESENHA CONTÉM PALAVRAS DE BAIXÍSSIMO CALÃO!!!!
O grande vencedor do Urso de Ouro de Berlim em 2021, chegou somente este mês ao Brasil, obviamente com uma estreia muito tímida, justamente pelo fato de ser um filme estrangeiro, uma co-produção entre Romênia, República Tcheca, Croácia e Luxemburgo.
Produzido por Ada Solomon e dirigido por Radu Jude, "Má Sorte no Sexo ou Pornô Acidental", pode, já no seu título, confundir o espectador e acabar achando que o filme é totalmente pornográfico ou de baixo calão.
Então você não está errado (mas também não está certo), pois o filme de Jude tem em seus primeiros 4, 5 minutos uma cena de sexo totalmente explícito, sem pudor, no melhor estilo XVídeos... só que para por aí (ou não...)
Ao ler a sinopse, ler uma crítica na internet, e ver o curto trailer de 1 minuto no Youtube, eu imaginei algo diferente do filme. Já esperava uma sátira a sociedade atual, não muito diferente em qualquer país que se imagine, e imaginava que iria lidar com estes temas polêmicos, como pandemia, pornografia, julgamento do próximo, politicamente correto, com ironia, comédia, mesclado com uma serena seriedade ou o famoso bom senso. Não foi exatamente isto que Radu Jude fez com seu novo filme.
Para começar, Jude dividiu o seu filme em três distintos atos...e bota distinto nisso;
O primeiro ato começa do jeito que descrevi acima, já começa chocando o espectador (não a mim, não tenho problema com o assunto sexo), mas na sala dava para ver algumas pessoas "meio assim", você percebe uma diferença nos trejeitos de quem está sentado na poltrona, quando uma cena "pega" a pessoa. Eu já sabia que o filme começaria assim, com uma bela de uma trepada, mas e quem não sabia? Deu pra perceber isso ao ver as reações.
Depois deste ato libidinoso, temos quase meia hora de Emilia (Katia Pascariu) andando pela cidade romena, para cima e para baixo, ela que é a protagonista da sex tape vazada em sites adultos, junto de seu companheiro de sexo. Ela fala esporadicamente ao celular com seu marido que tenta sem sucesso fazer com que o vídeo desapareça da internet, sem sucesso.
Ao andar pela cidade, Radu Jude nos dá muitos takes de fachadas de prédios e construções, pessoas andando na rua, frases em cartazes públicos, e frases em propagandas de produtos diversos espalhados pela cidade... todos sempre com uma conotação sexual, ou remetendo a algo que de uma certa maneira denigre a imagem feminina. E como eu disse, essas cenas levam cerca de meia hora no filme, onde quase nada acontece... muita gente irá questionar: "O que tá acontecendo neste filme?".
O que temos de básico é uma discussão ali e acolá acerca da política romena e de como as pessoas na Romênia são muito (mas muuuuito) mal educadas e bocas sujas.
O segundo ato destoa completamente do filme, pois saímos da "ficção", para Jude nos mostrar cenas de arquivo e de Youtube sobre o cotidiano social romeno, a história romena antiga, contemporal e passado recente, algumas piadas leves, e um pouco de pornografia gratuita, com nudez frontal feminina e masculina e uma cena de boquete... como ele mesmo mostra no filme, 'Boquete' é a palavra mais procurada no dicionário online... a segunda é 'Empatia'.
Este ato, para mim pessoalmente, é o mais interessante, ali aprendi muito sobre o regime romeno, como foi socialmente as guerras que aconteceram por lá, o papel da igreja, a visão dos militares, como tudo isso respingou no povo, como os judeus e os ciganos são vistos e tratados no país, e como eles foram macetados na história romena, e como a sociedade romena consegue rivalizar com a brasileira em termos de nojeira, falta de bom senso e má educação. Sem querer julgar, mas já julgando!
Além disso, uma cena ou outra de nudez gratuita para dar uma aliviada.
O terceiro e último ato, o mais elogiado pela crítica, e um dos mais interessantes do filme, se concentra em Emilia comparecendo ao colégio onde dá aulas para crianças, ela é professora e depois que seu vídeo vazou em sites adultos, os pais exigem uma reunião excepcional imediata, no meio da pandemia, onde deveria se manter a distância social, para definirem se ela merece mesmo continuar na escola lecionando para as crianças, uma vez que ela está na internet obscura em um vídeo pornográfico, fazendo tudo e mais um pouco.
No começo da reunião, uma das mães, a mais fervorosa, já saca seu IPad, e mostra novamente o vídeo que vimos no início para todas as mães e pais presentes, imagine o constrangimento de Emilia, com um senhor, bem sem noção, querendo ver até o fim para conferir o 'final feliz' para os bons entendedores.
Há muita controvérsia no debate que se segue entre Emilia, os pais e a diretora da escola que ali está intermediando, com presença até de um oficial militar defensor do fascismo. Ali tem muitos certos e errados, de ambas as partes, dos pais, de Emilia e da diretora, mas o nível de insensibilidade e de burrice mesmo dos pais, de falta total de informação e de coerência é absurda, e fica nítido que é um traço da sociedade romena inserida no filme por Radu Jude, e também um pouco de ironia para tratar do assunto.
Todas as mães e pais a julgam pelo vídeo vazado e os atos que ela comete na sex tape... mas o que ela faz ou deixa de fazer entre quatro paredes é problema dela, e até parece que aquelas mulheres e homens nunca fizeram ou não fazem aquilo em seus momentos de intimidade.
O cinismo é tão grande que a julgam por fazer um boquete no companheiro dela, a julgam por dar de quatro pro cara, de falar palavras baixas... e o que essas mães e pais mais falam são palavrões do nível: "Vai se Foder e Chupa meu Pau", "sua Puta boqueteira", "Você é uma atriz Pornô?", como se fazer esses atos fosse algum crime imperdoável da humanidade.
Aqui mesmo no Brasil se uma mulher estiver em uma roda informal de amigos, e ela disser que gosta de fazer um boquete, ou que gosta de ser comida por trás, ou gosta que ejaculem na boca dela, na hora pode até não ouvir nada recriminador, mas por trás, quando essas pessoas estiverem entre si, sem a presença dela, o que essa mulher será achincalhada, massacrada, mal falada, até pelas próprias 'colegas'... é tipo, "eu posso fazer e tá tudo certo porque eu sou danada, mas você não pode porque é coisa de puta"... e acreditem, eu observo e acontece muito isso...mas muito mesmo... nada diferente mostrado no terceiro ato do filme romeno.
É muita hipocrisia! A mulher tem direito de fazer o que quiser, quando bem entender, porque todo mundo faz, mas só a pessoa que abre a boca é julgada, ou quando o vídeo vaza no caso do filme.
'Má Sorte no Sexo Ou Pornô Acidental', é um bom filme, muito satírico que não se leva nada a sério, apesar de tocar em temas polêmicos bem certeiros.
O abuso satírico do filme me incomodou um pouco, pensei que haveria todo um diálogo por trás, mas o filme é muito mais uma tiração de sarro, que no final vai fazer você debater ali e acolá, mas nada demais para se levar a sério.
Os três atos se destoam bastante e vai confundir o espectador, vai cansar também, o primeiro ato pode fazer muita gente desistir do filme, e o segundo, pra quem não gosta de saber das coisas, vai afugentar muita gente que chamará o filme de ruim... não vou culpar essas pessoas, pois Radu Jude realmente esteve inspirado ao montar este filme... muita coisa dispersa que vai exigir sua atenção e paciência na frente da tela.
O filme ganha mesmo no terceiro ato final, ali ele se mostra apto, grandioso, astuto, ácido e voraz... um texto bem inteligente e boas atuações de todos os atores envolvidos no debate em questão.
O filme possui três finais propostos pelo diretor, e não vou citá-los não pelo de poupar spoilers, mas pelo fato de serem irrelevantes pelo discurso que o filme propõe, o importante é percebemos a podridão que a sociedade é em qualquer regime segmentado do planeta... os diferentes povos espalhados pelo planeta, são muito mais parecidos do que pensam.
Mas, para quem já viu o filme, fico com o final 3... faz mais sentido para mim, um final digno para um filme muito satírico que não se leva a sério.
(Assistido em 18/06/2022 - Cine Petra Belas Artes)
Eternos
3.4 1,1K Assista AgoraNão lembro em que momento lendo os quadrinhos da Marvel, há muitos anos, eu ouvi falar dos Eternos, mas pouco sabia deles, não conhecia nada. Até eu chegar no momento em que os Vingadores mudaram de formação e a Viúva Negra passou a ser líder, e todos os integrantes usava uma jaqueta marrom com o logo A, de Avengers no ombro, e essa formação contava com Sersi, que na época eu sequer sabia que era uma Eterna, somente quando li a minissérie dos Eternos que eu liguei um ponto ao outro.
Quando eu conheci mesmo os Eternos, foi na minissérie homônima escrita por Neil Gaiman (o mestre escritor), lançado aqui se não me engane em 2006, por aí... fiquei maravilhado, que história, que visão de Gaiman para os Eternos, que roteiro, que texto, que reviravolta...uma obra-prima praticamente.
Dito isto, qual foi minha surpresa ao saber que Kevin Feige iria fazer um longa cinematográfico dos Eternos. No mesmo momento, remeti a minissérie de Neil Gaiman e pensei: "Vai ser o melhor filme da Marvel, certeza". Estava expectativas muito altas, lá encima, hypado demais, e depois de ver o elenco ser anunciado um por um... os 'Game Of Thrones' Kit Harrington e Ricard Madden, Barry Keoghan, Lauren Ridloff e Angelina Jolie. Fora a diretora anunciada, Chloe Zhao, na época elogiadíssima pelo seu filme 'Nomadland' que ainda não havia conferido, era lançamento em Cannes.
Criados por Jack Kirby (Capitão América, Vingadores, Quarteto Fantástico) em 1976 para a Marvel, os Eternos são seres criados pelo Celestiais, Deuses que criaram o universo e galáxias e planetas, e gerou os Eternos para evoluir as raças dos mais vastos planetas, e os Deviantes, inimigos dos Eternos, para acelerar essa evolução.
O longa visualmente e tecnicamente é soberbo... mas tem muitos problemas em seu roteiro e na condução de seus personagens.
O longa começa com a clássica música 'Time' do Pink Floyd (mais alguém aqui gosta?) já nos créditos iniciais do Marvel Studios, nos apresentando os Eternos e como eles vieram parar na terra.
Artisticamente o filme é uma beleza sem igual, que trabalho, a nave 'Domo' que chega a Terra, os efeitos dos poderes de cada um dos Eternos, todo o universo e as galáxias criadas para o filme foram muito bem desenhadas e criadas digitalmente.
Penso que o ponto alto mesmo, foi a introdução dos Celestiais, foram desenhados de uma forma colossal, representados em tela como se fossem divindades supremas, um tamanho inimaginável, e nos coloca em tela, no caso do Esternos, como formigas quando estão na palma da mão de Arishem, um dos Celestiais que aparecem no filme e encarregam os eternos de sua missão na Terra. É incrível, é soberbo, é majestoso vê-los em plena galáxia em sua máxima prepotência, completamente gigantes colossais.
Mais incrível ainda é a cena criada digitalmente que mostra o despertar do Celestial Tiamut, que praticamente destrói o planeta Terra e o mostra em todo sua forma colossal... que cena magistral, um primor de efeito visual... nesse ponto a equipe de efeitos do filme está de parabéns.
Chloe também usa de seus dons de filmagens que conhecemos de 'Nomadland', pois temos muitas cenas em campo aberto, muitas tomadas do alvorecer, entardecer, paisagens sórdidas de cenários que ela escolheu filmar, como nas Ilhas Canário em Portugal. Há também mu8itas cenas onde só o olhar e os gestos são mais exaltados que o texto em si, outro ponto que é a assinatura de Chole.
Em questão de direção ela fez um trabalho ótimo, muito melhor que o esperado, soube conduzir bem os atores, implantou bem sua marca no longa, soube filmar batalhas em vários momentos do longa, muito bem captadas e coreografadas, com pontos altos nas cenas na galáxia onde nos mostram os Celestiais, nas cenas onde temos Ikaris em ação, e na luta entre Makkari e Ikaris, com a super velocidade de Makkari. Cena muito bem conduzida.
Já falando do roteiro, o trio Patrick Burleigh, Kaz Firpo e Ryan Firpo, não foram muito bem, acabaram errando mais que acertando. Muita gente fala do tom do filme, mas isso não tem nada a ver, o roteiro mesmo é que carece de inspiração, chega a ser bem genérico, beirando a novela mexicana... e fazer isso em um filme grandioso como o dos Eternos, é pedir para ser execrado e escorregar feio no tomate.
O principal problema é o não desenvolvimento de metade dos Eternos, como vemos no filme que os Eternos que tiveram mais tempo de tela e foram os mais desenvolvidos em cena foram Ikaris, Sersi, Sprite e Druig (ele já um pouco menos que os outros três).
Os demais Eternos, quase nada de desenvolvimento, temos uns vislumbres com Phastos e seu marido e filho, e Kingo e sua carreira de gerações em Bollywood... porém, Thena, Gilgamesh, Makkari, Ajak, zero de desenvolvimento, nada, parece que estão no filme apenas para preencher espaço, e olha que o filme tem margem para fazer isso acontecer, afinal ele tem mais de 2h30 de duração.
Realmente o roteiro mal escrito e pouco aprofundado nos personagens fez com que o filme não conseguisse se ligar com o público. É difícil o público se conectar com eles, não temos desenvolvimento, não temos foco nas relações dos personagens, é difícil comprar o amor que alguns deles sentem pela raça humana, Sersi, Kingo e Phastos são os que mais demonstram, mas ao mesmo tempo parecem que estão desconectados das pessoas.
Druig é um caso problemático, pois parece se importar com os humanos, mas os trata como marionetes em seu pequeno teatrinho. Já Sprite, está mais interessada em sentir alguma coisa, do que se conectar realmente com os seres humanos, uma vez que ela é a mais diferente dos Eternos.
Não que você não acabe torcendo por eles, mas conforme o filme passa, a distância entre público e personagens é tão grande, que no seu ápice, tanto faz se alguém vai morrer, se vão ter êxito, e moralmente, se estão certos ou errados em salvar a raça humana ou deixar o Celestial Tiamut despertar e destruir o planeta. Tanto faz, você não se apegará tanto a missão deles, ao que eles sentem ou deixem de sentir. Eles parecem querer ter defeitos e erros como o ser humano tem, mas ao mesmo tempo agem como se a vontade deles prevalecesse ao nosso livre arbítrio.
Durante o filme todo, Ajak, a líder dos Eternos, e alguns deles, como Sersi e Kingo, têm um amor profundo pelo ser humano, nos vêem como uma raça diferente, belos, bonitos, esperançosos, somos dignos de algo que nem sabemos que somos. O que faltou no roteiro dos Firpo para este filme? Responder esta pergunta, evidenciá-la em tela: 'O que torna o ser humano, uma raça tão diferente de outras galáxia afora, que faz com que Deuses abram mão de sua missão para nos deixar viver?', 'O que nós temos de especial que outras raças não tem?'
Se você não responde essas perguntas, como vamos aceitar que esses Eternos são aptos a afirmar que somos a melhor raça que existe no vasto espaço-contínuo. Porque Ajak cumpriu tão fielmente a missão de Arishem em tantas galáxias, mas e nós enxergou algo que não nos é respondido?
Os Eternos tiveram algumas licenças criativas no longa, não entrar em detalhes de todas, afinal são bem complexas, mas vou citar as bem nítidas;
No elenco temos a incrível Salma Hayek como Ajak, a líder dos Eternos... na HQ's, Ajak é um homem, e Salma aparece pouco no filme, não tem desenvolvimento, e mal nos apegamos a ela;
Gemma Chan (Capitã Marvel) faz Sersi, que aqui difere muito da Sersi da HQ's. Há muito drama e questões internas em Sersi que deixaram a personagem meio perdida no filme, você não sabe muito para onde ela vai, e a mesma também não sabe como agir, ou seja, falha de roteiro;
Richard Madden faz Ikaris, nas HQ's ele é o mais popular dos Eternos, quase uma espécie de líder. Não nego que aqui, o personagem deixou muito a desejar. Bem mal escrito, com nuances do Ikaris da HQ que foram mal adaptados;
Angelina Jolie é Thena, de longe a mais mal escrita do filme. Incrível como não souberam usar uma atriz do calibre de Angie para fazê-la brilhar no filme, com uma personagem que poderia ser muito melhor apresentada e mais Badass do que aparentou. A personagem parecia despirocada, como se vivesse a base de Rivotril. Um desperdício completo que chega a dar pena.
Barry Keoghan (The Batman) fez Druig, e foi interessante em pontos chave do filme;
Kumail Nanjiani fez Kingo, nas HQ's ele é um Samurai e ator, aqui ele é interpretado por um ator indiano que faz sucesso em Bollywood por gerações como ele mesmo sendo bisavô, avô, pai e filho. Tinha potencial,usaram como alívio cômico;
Brian Tyree Henry (Se a Rua Beele Falasse) é Phastos, bem diferente das HQ's, mas um dos poucos personagens bem escritos do longa, mas pouco desenvolvido. ou seja, erro de roteiro de novo;
Ma Dong-seok fez Gilgamesh, ao mesmo tempo que é diferente da versão das HQ's, tem suas semelhanças, e no longa ele está muito bem no personagem e seu Gilgamesh é um dos que convence... pena que foi mal aproveitado. Muito clichê sua jornada.
De todos, a mais desperdiçada no filme foi Lauren Ridloff, que fez Makkari. Nas HQ's, Makkari é Homem.
Lauren, que conheço da série The Walking Dead, é uma atriz surdo-muda, coisa que nas HQ's Makkari não é. Porém, Makkari é apresentada no começo do filme nos flashbacks que se passam anos antes do nascimento de Cristo, e nos anos depois de Cristo, mas no presente, ela só aparece no fim do filme, pouco interage com os demais Eternos, diferente do resto deles, ela não demonstra nenhum senso de por que e por quem está lutando, não sabemos se ela partilha do amor para com os seres humanos que boa parte dos Eternos demonstra, e praticamente nada agrega ao longa... a única coisa que fizeram foi fazê-la ficar de graça com Druig. Que desperdício de talento de Lauren que é uma ótima atriz, e foi escanteada no filme, a personalidade dela no filme é inferior a do Flash do desenho da Liga da Justiça, para efeito de comparação dado a similaridade dos super poderes. Não gostei, bola fora dos roteiristas.
Ainda temos Lia Mchugh como Sprite, que nas HQ's é um garoto e aqui é uma garota; Kit Harington como Dane Withman, alter ego nas HQ's do Cavaleiro Negro, que já foi membro dos Vingadores. Além de Harish Patel, mais um alívio cômico no filme e o cantor Hatty Styles como Eros, irmão do Thanos, o Starfox das HQ's.
Bill Skarsgard, dá a voz a Kro, o Deviante que fala, e Patton Oswalt (de Two and A Half Men e Agents of Shield) dá a voz a Pip.
Uma coisa que eu acho que acho, é que depois do cancelamento do filme dos Iumanos, o filme dos Eternos veio para preencher essa lacuna que Kevin Feige idealizou para o futuro da Marvel, afinal os Inumanos descendem dos Kress e dos Celestiais, de muits e muitos anos antes daos seres humanos povoarem o planeta Terra. Fico me perguntando se o filme dos Eternos veria a luz do dia se o projeto dos Iumanos não tivesse sido cancelado.
Um dos projetos mais ambiociosos do Marvel Studios, 'Eternos' acertou demais em seu visual, acertou na parte tecnica e foi um primor para os olhos.
Falhou muito em seu roteiro, em não se aprofundar mais em seus personagens, e não conseguir fazer com que nos liguemos a eles, como nos ligamos aos demais que já nos foram apresentados, como Pantera Negra, Doutor Estranho, os demais Vingadores, e até o Homem-Formiga e a Vespa.
Vejam o exemplo da Nebula, dos Guardiões da Galáxia, personagem do sexto escalão da Marvel, ninguém liga pra ela, eu mesmo nem acho ela tão relevante, pouco li dela, pouco foi escrito dela... mas no MCU, sua personagem só cresceu filme após filme, construíram ela muito bem, desenvolveram seu arco muito bem, e ela se tornou personagem central no filme mais importante dos Vingadores... quem diria, eu nunca imaginaria isto. Ou seja, méritos para James Gunn, roteirista dos Guardiões, e Christopher Markus e Stephen McFeely, roteiristas de Ultimato.
Tinha altas expectativas com o longa, que me decepcionou por um lado, mas me deixou boqiaberto por outro. É um filme que fica no meio termo, ele não ganha e nem perde...vai pros pênaltis e quem decide a cobrança decisiva é o público.
(Assisido em 04-11-2021 Kinoplex Vila Olímpia)
(Reassistido em 12-06-2022)
Brinquedo Assassino
3.3 1,0K Assista AgoraOs anos 80 com certeza foram um dos auges do gênero Terror/Horror no cinema, com títulos que são cultuados até hoje, e são tantos: A Hora do Pesadelo, Evil Dead, Sexta Feira 13, Helloween, Hellraiser, O Ataque dos Vermes Malditos, A Coisa, Massacre da Serra Elétrica, A Mosca, Cemitério Maldito, enfim...
Junto com todos eles surgiu mais um longa que conquistou o público mundo afora, e entrou neste seleto grupo de filmes icônicos que influenciaram uma grande leva de filmes que vieram décadas depois.
Dirigido por Tom Holland, diretor de outro sucesso dos oitenta, 'A Hora do Espanto', e escrito, idealizado e produzido pelo pai do Chucky, Don Mancini, 'Brinquedo Assassino' (Child's Play) foi o pontapé inicial na história do boneco Good Guy mais famoso do planeta, que por mais que seja um assassino em série impiedoso, conquistou inúmeros fãs com o passar das décadas com sua franquia de filmes.
A história é básica, um assassino em série chamado Charles Lee Ray (nome baseado nos assassinos em série reais, Charles Mason, Lee Harvey Oswald e James Earl Ray) é encurralado e morto por um policial próximo a uma loja de brinquedos. Com ensinamentos de magia negra, Charles transfere sua alma de seu corpo que está morrendo para o corpo de um boneco da linha Good Guy, um famoso desenho da época. Dentro deste corpo, Charles acaba indo parar na casa de Andy Barclay, que ganhara o boneco de presente de aniversário de sua mãe, Karen. Querendo se vingar de seu comparsa que o abandonou na cena do crime, Charles, que tem o apelido de Chucky, inicia uma série de matanças, e ao ser baleado no braço, estranha quando seu corpo de boneco sangra e o ferimento dói. Agora, Chucky precisa transferir seu alma para o corpo do pequeno Andy, a quem ele contou seu segredo pela primeira vez, ou ficará preso no corpo do boneco para sempre.
Orçado em Nove Milhões de dólares, fez na época 44 Milhões de dólares nos cinemas gerando um ótimo retorno para o estúdio produtor.
O filme é ótimo, foi um dos primeiros filmes (se não o primeiro) que aluguei na locadora em VHS no longínquo ano de 1990, sendo a minha porta de entrada para filmes internacionais, junto com 48 Horas, Um Tira da Pesada e Loucademia de Polícia.
Para a época, Brinquedo Assassino era assustador, bem feito, convincente, engraçado e principalmente um bom filme de terror para ver perto da meia noite. Eu amei assim que botei os meus olhos nas capa do VHS, e o filme em si apenas corroborou isto. Se tornou minha franquia favorita, principalmente de terror por anos e obviamente, foram várias conferidas no filme em suas diversas exibições na TV Globo e no SBT.
Já perdi as contas de quantas vezes eu assisti o longa e suas continuações, mas revendo novamente para fazer essa resenha, algumas coisas me chamaram a atenção:
-Os efeitos visuais que hoje parecem meio pobres e mal envelhecidos, eram ótimos para a época, e ainda funcionam por incrível que pareça;
-A forma como Chucky se movimenta, como fizeram ele se movimentar a pé, sentado, dando a impressão que não tem ninguém escondido em cena fazendo o boneco se movimentar, é impressionante... realmente um trabalho de alta qualidade, para acreditarmos que Chucky realmente existe e se mexe e pode aparecer na nossa sala ou quarto enquanto assistimos o filme;
-A direção de Tom Holland é ótima, sempre pega o Chucky em quadros que o favorece e o deixa verossímil em cena como se realmente existisse... sem falar que ele usa aquela famosa jogada de câmera em terceira pessoa, onde somos os olhos de Chucky quando persegue sua vítima pelo cômodo para surpreendê-lo(a)e proferir seu golpe fatal.
Uma coisa que não comprei, no final do filme, que nunca tinha me incomodado, mas agora com outros olhos críticos, enxergo como um erro, e uma ideia mal executada e implantada... foi o fato de como mataram o Chucky.
Quiseram usar de requintes de crueldade para derrotar o boneco, e deixar algo bem macabro e assustador, mas acaba saindo muito dos padrões apresentados no filme que nos convence de que Chucky pode mesmo existir, e que é um ser vivo como nós somos.
A sequência de sua morte, é meio medonha e foge da realidade... o boneco é queimado e continua vivo, até aí ok e eu compro.
Mas logo depois ele é mutilado com tiros certeiros e tem sua cabeça separada do corpo que está sem um braço e sem uma perna... ainda assim e continua vivo, e sua cabeça ainda funcional, determina ordens para seu corpo mutilado que ainda tenta matar o parceiro do policial Mike Norris... tudo isso muito surreal, fugindo muito do que o filme propôs e construiu para Chucky...e hoje eu considero uma bola fora de Don Mancini, apesar de entender que naquela época eram outros tempos... e lá pode até ter funcionado.
O elenco é mais que competente, com destaque para o quarteto protagonista:
- Catherine Hicks (virou animadora, trabalhando em Monstros vs. Alienígenas), que fez a mãe de Andy, e é uma ótima atriz.
- Alex Vincent, que fez o pequeno Andy, e esse menino na época deu um show como ator mirim em um filme de terror. Que atuação do menino, esperto, inteligente, sabe mostrar bem as nuances dos sentimentos de Andy... ator completo já, tão novinho.
- Chris Sarandon (de A Hora do Espanto e O Estranho Mundo de Jack) que fez o policial Mike Norris, um personagem mais comum, que faz o policial básico dos filmes de terror norte-americano, mas que ainda assim atua muito bem.
- Brad Dourif (da trilogia O Senhor dos Anéis e A Cor da Noite) que faz Charles Lee Ray, e depois a voz de Chucky, até hoje), ele é praticamente o Chucky, difícil imaginar o boneco sem a sua voz, atuou bem nas cenas iniciais como Charles Lee Ray, e eternizou sua voz e sua risada como o boneco Chucky.
Uma franquia que faz sucesso até hoje, eternizado pela dupla Don Mancini e Brad Dourif, 'Brinquedo Assassino' é uma pérola dos anos 80, um arrasa-quarteirão daquela época, e um filme que ainda não envelheceu tanto assim... por mais que não dê mais aqueles sustos, e nem mexa mais com o imaginário do público, tão saturado por filmes de terror/horror de gosto duvidoso, 'Brinquedo Assassino' ainda entretém, mesmo sem impressionar.
(12/06/2022)
Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa
4.2 1,8K Assista AgoraUma das poucas vezes que a Sony realmente fez dinheiro com um projeto da Marvel, foi com os filmes do Aracnídeo dirigido por Sam Raimi, a trilogia do diretor arrecadou muitos milhões para a Sony e chegou a incríveis 890 milhões só com Homem-Aranha 3, e são cultuados até hoje.
Depois disso, o estúdio fracassou totalmente com os dois filmes de Marc Webb que rebootaram a origem do Aranha nos cinemas, e praticamente decretou o quase fim da franquia a curto prazo, mesmo tendo um projeto concreto de um filme para o Sexteto Sinistro que nunca se concretizou (Graças a Deus).
Com a surpreendente parceria com o Marvel Studios, o Aracnídeo foi tratado como merecia, e ganhou longas que arrecadaram muito mais do que era esperado e fez a Sony dar o pontapé inicial no que seria o Aracnoverso deles, com filmes de vilões e antagonistas do cabeça de teia, uma vez que o estúdio possui os direitos da Aranha no cinema.
Mas com total certeza, 'Homem-Aranha Sem Volta Para Casa' foi o maior sucesso dessa parceira, que acabou faturando incríveis 1,89 bilhões no mundo todo, e se torna o filme mais bem sucedido da Sony de todos os tempos.
Sem Volta Para Casa possui outro titulo de importância, foi o filme que salvou os cinemas na volta após a pandemia. Todos sabem que as salas ao redor do mundo não lotavam como antes, tinham capacidades reduzidas, e mesmo grandes produções que fizeram muito sucesso e levaram milhões as salas, como Sonic O Filme, Viúva Negra e Venom 2, não foram suficientes para salvar algumas salas da extinção. Mas com 'Sem Volta Para Casa', o cinema foi salvo, salas completamente lotadas, sessões de pré estreia concorridíssimas, juntando o fato de não haver mais restrições de pessoas em salas de cinema, e hoje a situação é completamente outra, com muitas salas suspirando aliviadas.
Ou seja, 'Sem Volta Para Casa' foi um arrasa quarteirão da Sony no fim de 2021, e é um grande filme de aventura nos moldes da Marvel Studios. Mas tendo bom senso suficiente para avaliar o longa, ele fez muito sucesso mesmo, graças ao seu elenco estrelado de produções passadas; Temos a volta de Jamie Foxx e Rhys Ifans dos filmes de Marc Webb, e Thomas Hayden Church, Willem 'Monstro' Dafoe e Alfred 'Mestre' Molina da trilogia de Raimi.
E é claro, o grande motivo dos 1,89 bilhões em bilheteria, Andrew Garfield e Tobey Maguire, reprisando seus papéis aracnídeos em uma das maiores jogadas de marketing da história do cinema moderno.
Foi difícil esconder a presença dos dois no filme, e era incrível como ainda havia dúvidas deles no longa na semana de estreia, mesmo com fotos vazadas na infame internet (leia-se Twitter).
Todos queriam ver os dois novamente com o traje de Homem-Aranha enfrentando seus antigos vilões novamente, e é certeiro dizer que o interesse do grande público não estava muito em Tom Holland, dado os dois filmes anteriores, que são de gosto duvidoso para muita gente. Independente de a pessoa gostar ou não do Aranha de Holland, sua trama neste longa era só a cobertura de um bolo que seria degustado com os Aranhas antigos e seus vilões.
A verdade é que o público se surpreendeu, pois este foi a melhor interpretação de Holland como Peter, realmente o roteiro lhe exigiu bastante e Jon Watts, novamente o diretor do filme, tirou todo o talento de Tom a partir do ataque do Duende contra ele e sua Tia May, onde o filme deu uma virada total, e nos mostrou do que realmente um Homem-Aranha é feito, e estava faltando muito disto no Peter do MCU.
Foi a melhor interpretação de Holland no MCU como Homem-Aranha e de certa forma chega a ser o melhor filme do Aranha-Holland na Sony, se compararmos aos dois anteriores.
Porém, verdade seja dita, temos um roteiro bem fraco em termos de desenvolvimento, não de história, pois o longa pouco caminha, tem um tom inicial apressado, muito clipado (uma cena atrás da outra sem resoluções), pouco foca nos personagens... tanto que de Longe de Casa para cá, MJ em nada evoluiu, deixou de ser a espertona emburrada do primeiro longa, para ser a apaixonada que precisa estar em perigo para Peter sempre salvar, ela tem umas nuances neste filme, mas é pouco comparado ao tamanho de Zendaya na indústria cinematográfica hoje em dia.
Ned também está bem estacionado, Jacob Batalon é bom ator humorístico, e dava sim para brincar mais com seu personagem, ao invés de ser apenas o alívio cômico do filme.
May foi outra que em nada evoluiu, permaneceu a tia modernona, que fala a linguagem dos jovens, e que tem uma cena apenas de destaque, quando ela profere as famosas palavras ditas por Ben Parker nos quadrinhos.
Peter eu nem vou citar... é o Peter do MCU, não tem o que ficar falando.
Acho o Jon Watts um bom diretor, e também acho que ele fez um ótimo trabalho não só nos dois primeiros longas, como neste terceiro, onde seu trabalho está competente, isso eu não nego... dirigiu bem as cenas de ação do Aranha contra Octopus e o Duende, assim como a luta contra Electro nos matos, e o mundo espelhado de Strange na luta contra Peter, diretamente do filme de Scott Derrikson. Mas eu acho que cabia mais, as cenas de batalha finais são boas, bem dirigidas, temos uma imersão decente, mas eram três Homems-Aranha contra quatro vilões, podia ser mais grandiosa, poderia ter uma sequência longa de socos, chutes, raios, teias, abóboras-bomba, e por aí vai, com cada Aranha lutando contra um ou dois deles em cenas de tirar o fôlego, nível Vingadores 1, ou da cena inicial de Vingadores Era de Ultron. Uma pena Jon Watts não ter inovado mais ali, e ter feito algo que englobasse bonitinho o roteiro entregue.
'Homem-Aranha Sem Volta Para Casa' é um grande filme porque juntou os três universos de Homem-Aranha cinematográficos, e isso foi um sonho inalcançável realizado para os fãs, em termos de construção, finalização, coesão, o filme deixa bem a desejar, com um roteiro ora funcional, ora quebrado e batido, além de efeitos visuais bem falhos, como na cena inicial com Flash Thompson (Tony Revolori), entre outros efeitos nas batalhas que poderiam ser melhores finalizados. Mais uma vez Jon Watts opta por termos uma batalha conclusiva á noite, com cenas escuras que tiram a boa visualização do embate, ainda mais com tantos personagens lutando, bem diferente da batalha contra Mysterio, que à luz do dia, ficou linda de se ver e enalteceu sua direção e os efeitos do filme anterior... uma pena!
'Sem Volta Para Casa' não é um filme ruim, de forma alguma, só não é o melhor do Aracnídeo por contar com os três Aranhas do cinema até hoje. Tem muitos problemas de escolha de direção, efeitos e personagens estacionados... mas faz um ótimo fan service para os afeccionados e para o público que acompanha o Aranha no cinema.
Uma coisa que sempre falei ao longo dos anos com as pessoas, foi que Tobey foi o melhor Peter do cinema, seu Peter era muito próximo ao dos quadrinhos, e ele foi muito feliz ao dar todas as nuances ao seu Peter, do que como Homem-Aranha, onde Raimi focava mais na ação, e menos na personalidade que Peter criou para seu alter-ego. Peter era piadista demais como Aranha nas batalhas contra seus inimigos, para não demonstrar seu nervosismo ao enfrentá-los, isso os irritava e os distraía, para que Peter os pegasse de surpresa.
Tobey como Homem-Aranha era mais caladão, fechadão, uma piada ali e acolá no segundo filme, e no terceiro ficou mais sem noção quando usou o traje simbionte. Mas ele brilhou mesmo como Peter Parker.
Já Andrew Garfield foi bem mesmo como Aranha, muito piadista, tirava seus inimigos do sério, sabia soltar a piada na hora certa, seus movimentos eram muito similares ao Aranha, não só dos quadrinhos, mas aos do desenho também. Garfield disse que se inspirou muito no Pernalonga para compor seu Aranha para o segundo filme, e isto é bem nitído, e lembra bastante o Aranha dos anos 70 que era assim, descolado e piadista.
Já, seu Peter Parker, deixava a desejar, era depressivo demais, fechado demais, além de ser skatista, não tem nada a ver com Parker, pouco desajeitado, parecia um garoto revoltado que não gostava do afeto dos tios... não foi um bom Peter Parker, mas arrebentou como Homem-Aranha.
E isto ficou nítido neste filme, só reparar... Garfield é apresentado com o uniforme de Aranha, já se mostra como herói, com seus trejeitos e tem aquele senso moral do Aranha mesmo, de vigilante.
Tobey já nos é apresentado, como Ned diz, como um cara aleatório qualquer, roupas civis, como Peter, o ferrado, o maltratado pela vida, sem sorte, tudo contra ele, com uma personalidade mais serena, sem tanta moralidade vigilantista, uma experiência maior da vida, das coisas, uma bagagem que o faz ser um Homem-Aranha melhor.
Os dois atores foram apresentados da melhor forma que os destacaram em cada franquia trabalhada, e foi um dos acertos de Jon Watts na direção dos dois atores durante o filme, nisso eu tiro o chapéu para Watts.
Ainda temos as participações especiais de Benedict Wong como o Mago Supremo Wong, e Benedict Cumberbatch como Doutor Estranho, em uma atuação mais solta como o Mago Supremo, menos tensa, ou super-heroística dos outros filmes... ele pôde se soltar mais aqui e ter um aspecto mais sério nas cenas finais do longa.
Não sabemos de Tom Holland continuará sendo o Aranha no futuro, se foi seu último filme, assim como Zendaya, Jacob e o resto do elenco aracnídeo... mas seu final, sozinho, ferrado, sem família, sem amigos, sem fundos, sem ninguém, sem perspectiva da vida, tendo que se virar sozinho, essa é premissa que fez o Homem-Aranha ser o herói favorito de muitos garotos que não eram tão bem vistos na escola, e quem enxergavam no Peter o herói que eles também poderiam ser.
Aquele final com Peter costurando seu próprio traje, completamente IGUAL ao traje dos quadrinhos sem nenhuma linha diferente, nem traço diferente... é de encher os olhos de qualquer fã do aracnídeo, era o que a gente queria ver também no Aranha de Tom Holland, e pode ser daí que poderíamos ter grandes filmes no futuro do Aranha mais independente, lutando sua s próprias batalhas, no quintal de sua casa, contra inimigos menos badalados, como Camaleão ou Escorpião, ou até a volta do Abutre de Michael Keaton.
PS: Um ponto completamente negativo e sem necessidade alguma, aquela cena pós crédito com Tom Hardy e seu Venom... que ideia ridícula foi essa, daonde Venom ou Brock conhecem Parker? Qual a necessidade de estar ali? Só pra deixar o simbionte naquele universo? Só porque os filmes foram um sucesso de bilheteria? Não engoli e nem engulo... não gosto deste Venom e praticamente nem reconheço que esta cena existiu... obiviamente, exigência da Sony, o que só constata...Sony NÃO É de confiança.
(Assistido em 15/12/2021 UCI Jardim Sul)
(Reassistido 04/06/2022 Vibra Open Air)
Missão: Impossível 3
3.4 513 Assista AgoraSe existe uma franquia que tem mais chances de ter acertos que erros, essa franquia é Missão Impossível. Mesmo assim, o segundo filme é um longa que deixa muito a desejar com relação a franquia, talvez muito por querer tratá-lo com longa metragem mesmo, filmão de ação nível Stallone, Terminator, coisa grande. Ficou muito claro com o longa de estreia e com esta terceira parte, que tratá-lo com ares de episódio de uma série recorrente é a ideia mais acertada. Mas mesmo assim, Missão Impossível 3 conseguir errar onde não precisava.
Pra começar, o filme é ótimo, ação na medida certa, dirigido com competência e faz o que um bom filme de ação deve fazer, entreter. Na minha opinião, não supera o primeiro que começa a crescer comigo de nível, já ganhando ares de filme cult... mas mesmo não superando, o resultado final do terceiro longa é satisfatório, conseguiram dar aquele ar de ação/espionagem, mesmo que a espionagem mal apareça no filme.
Na direção, temos um dos grandes cineastas dos tempos modernos, J J Abrams, mente criativa por trás da série 'Alias' estrelada por Jennifer Garner (Eterna Elektra). Abrams é mestre quando o assunto é ação e protagonistas que fazem o "impossível" (sim, trocadilho), e aqui soube tirar exatamente o que a série precisava para ter um longa que fizesse jus á série clássica, trazer elementos, temáticas e narrativas que fizeram a série ter tanto sucesso na década de prata da TV.
Neste ponto J J Abrams acertou, sua direção é ótima, voraz, e as cenas de ação são desenfreadas, a da ponte é surreal de tensa e bem filmada, com Tom Cruise sendo lançado no carro pelo impacto de um míssil. Abrams também fez uma cena homenageando a já clássica cena do primeiro filme na invasão da CIA, dessa com Ethan descendo pelo cabo depois de interceptar uma das câmeras do Vaticano.
Abrams filmou bem as cenas de luta, e tirou o melhor de cada ator que teve em mãos, foi bem gostoso acompanhar o filme, pois ele também deu aquela cara de série de TV para o longa.
Ele já nos ganhou naquela cena inicial, onde Tom sofre a contagem de dez segundos de Seymour Hoffman, uma cena tensa para caramba, o filme começou e você já está se segurando na cadeira, roendo as unhas, arregalando os olhos, xingando o finado Phillip... que cena de abertura pessoas...paguei um pau... como eu falei, J J Abrams.
Agora, o roteiro... o que posso dizer... tá meio a meio, mas é mais fraco,mais clichê, as vezes preguiçoso, as vezes atrevido, atentado...
Escrito por Roberto Orci e Alex Kurtzman (dupla responsável por Espetacular Homem Aranha 2, que já é fraco), criaram uma trama com muitos clichês...tudo bem que é Missão Impossível e nada será assim tão mirabolante...mas sério? Pé de Coelho? Arma do fim do mundo segundo Benjie Dunn (Simon Pegg)? Mais uma pessoa pro queria pro Ethan se vingar? Uma esposa que serve apenas pro vilão atiçar o mocinho? Muito clichê pro meu gosto.
Acho que o único ponto do roteiro positivo mesmo, foi a reviravolta com o traidor...tava na cara que o filme iria ter o famoso traidor dentro da agência governamental (24 Horas que o diga), que aqui é a IMF, e o roteiro nos enganou direitinho pra acharmos que era o Lawrence 'Morpheus' Fishburne, quando na verdade sofremos uma reviravolta inesperada e descobrimos que era o falso amigo de Ethan, John Musgrave (sim, o Dr. Manhatthan em pessoa Billy Crudup). Nisto eu fiquei surpreso!
Agora, uma coisa que Hollywood sempre pecou muito, e aqui pecaram doído, mas doído mesmo, lá no âmago, foi a conclusão do vilão Owen Davian (Phillip Seymour Hoffman), o melhor vilão da franquia, e um dos melhores vilões com frases de efeito já escritos.
Toda a ameaça que ele faz à Ethan, antes de saber qual é o nome dele é de fazer qualquer macho escroto trancar o furico. E depois que ele descobre o nome de Ethan, bate aquele desespero que dá vontade de você se jogar aos pés dele e beijar as frieiras implorando por perdão, porque o cara vai caçar sua esposa até o fim do mundo e fazer você pagar feio.
Owen Davian foi muito bem escrito, muito bem criado, deram uma pseudo personalidade a ele que só alguém genial, magistral, talentoso, que nasceu para interpretar conseguiria dar vida e presença de cena à altura que o personagem merecia: Phillip Seymour 'freaking' Hoffman.
Ele é tudo no filme, você tem ódio dele já na primeira cena, mas quando ele se mostra ameaçador pela primeira vez ao ser capturado por Ethan e sua equipe, você não sabe se ama ou odeia mais ainda, porque ele impressiona, preenche a cena, atuação magnífica, sua atenção fica presa... é soberbo. É um vilão muito, mas muito bem criado.
E o que os 'jênios' dos roteiristas fizeram? O mataram da forma mais BESTA possível.
Um puta cara foda desses, que dominou Ethan com aquela bomba implantada na cabeça, e do nada, o Ethan consegue lidar com a dor, e dá dois socos no cara, mais um no queixo e num intervalo de cinco segundos, Ethan começa a tomar a decisão de empurrá-lo contra o vidro pra irem direto pra rua. Nesse intervalo de segundos, já dava pro Davian se recompor e voltar a briga com ele, se defender, contra atacar...enfim...
E pra fechar, eles rolam no chão, vem um carro, Ethan vira ele pra cima, e só o Davian é atropelado... um cara ameaçador daquele ter uma conclusão CHULA que nem essa é vergonhoso...é o famoso mal de vilão de Hollywood.
Bom... de elenco, todos muito competentes, de Lawrence Fishburne com sua atuação de gala de sempre, Jonathan Rhys-Meyers e Maggie Q, os braços direitos de Ethan, com um destaque ali e outro acolá, o roteiro não foi muito generoso com eles.
Keri Russell, tinha potencial para mais, e criaram uma personagem tão interessante e legal, com potencial para mais na franquia... mas resolveram matá-la logo na apresentação... que desperdício de personagem e atriz.
Ving Rhames voltando com a mesma pegada de sempre,e para os mais atentos tivemos uma ponta de Aaron 'Jesse Pickman' Paul... novinho, magrinho, cabeludo.
O desperdício ficou por conta de Michele Monaghan, atriz que é muito boa, muito competente, de uma dramaticidade e entrega surreais... foi apenas a esposinha que é sequestrada pelo vilão e que é enganada pelo protagonista. Personagem vazia, para dar motivação ao protagonista que nada acrescenta à trama...põe na conta dos roteiristas e produtores (isso, você também Thomas).
Falando nele, vou me redimir aqui de criticas anteriores que fiz a ele... erroneamente eu já disse que Tom é um ator fraco, ou mediano, ou que não tinha nada demais... claramente, eu não sei P@#$% nenhuma de interpretação, nem de cinema, não tenho visão nenhuma da sétima arte, não sei o que falo, vivo defecando pela boca, e nunca sequer na vida chegaria na sujeira da frieira do dedo mindinho do Tom em termos de atuação, e olha que nem frieira ele tem, eu que tenho.
Tom é um ATOR com A maiúsculo, nunca foi reconhecido pela Academia ou qualquer outra premiação que for, talvez só por Cannes...ninguém consegue fazer o que ele faz, cenas perigosíssimas de ação sem usar dublê, na raça, seja o que for, só procurar na internet bastidores da gravação desta franquia. Tem uma visão incrível para construção de filme e história... e o principal, atua muito bem, sabe ser galã, sabe ser enigmático, sabe emocionar, tem veia dramática de sobra... o que é aquela cena com ele quase implorando para Davian não matar Julia, o horror no rosto dele, o desespero, a impotência, a noção de que vai perder o amor de sua vida, o drama, a lágrima, a reação...Tom humilha muitos atorzinhos por aí.
Portanto... Perdão Tom, você é um PUTA ator e eu tenho que nascer dez vezes pra ter uma noção de como avaliar um artista.
A trilha é boa, a edição é nem aqui nem ali, a fotografia dá pro gasto e a cenografia é rica demais em muitos detalhes e aspectos.
Missão Impossível 3 é um bom filme, melhor que o segundo, muito bem dirigido, e mal roteirizado. Teve problemas em seus cinco anos de produção com muita gente deixando o projeto como Scarlett Johanson, Carrie Anne Moss, Thandie Newton (que iria retornar), Kenneth Brannagh, David Fincher (que iria dirigir), foram tantos contra tempos que acho que bagunçou demais o roteiro com tantas revisões e tirou um pouco do coesão que o filme poderia ter.
Também ficou bacana o fato de Tom Cruise não ser creditado no longa, nem nos créditos inicias, nem nos créditos finais... é bem óbvio que ele é 'a' cara da franquia e a opção de J J Abrams de não creditá-lo ficou bem inusitada e até acertada.
(28/05/2022 - Amazon prime)
O Fabuloso Destino de Amélie Poulain
4.3 5,0K Assista AgoraSe existe um filme que definiu (e muito!) as tendências da década de 2000, este filme foi "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain". Principalmente para as meninas, o filme definiu moda, cortes de cabelo, personalidade, looks diversos, música, atenção pela arte, por música clássica, inúmeras que ficaria enumerando em linhas e linhas. E isso foi muito nítido e repercute até hoje.
Lembro bem do furor que foi do lançamento de "Amélie Poulain" ali em 2001, foram muitas resenhas e críticas nos jornais impressos, nas revistas especializadas 'Set' e Sci-Fi News', matérias especiais em programas da MTV, no Jornal da Globo, no Metrópolis da TV Cultura, enfim... uma certeza absoluta da crítica especializada de que seria um sucesso, uma vez que foi ovacionada no Festival de Cannes.
Logo depois se tornou um clássico Cult, uma obra obrigatória para todas as pessoas jovens e descoladas da época que curtiam filmes fora do circuito comum que dominava a época, que eram as comédias românticas, os blockbusters nível Independence Day, Batman & Robin e A Múmia, e as comédias românticas que dominavam as bilheterias, junto com as comédias de Jim Carrey e Adam Sandler.
Acho que 1 ano depois, um pouco tarde devo dizer, assisti o filme na TV Bandeirantes á noite, e me apaixonei de cara, apesar de já ter visto inúmeras cenas do longa, dada a sua exposição com o público jovem, faltava eu conferir a película e quando eu pude assistir, de cara virou meu filme de cabeceira. Mais tarde comprei o DVD e reassistir não sei quantas vezes.
"Amélie Poulain" é facilmente uma Obra Prima e de Arte do cinema francês e da cultura francesa, mostra o que a França tem de melhor em sua arte moderna e contemporânea, mostrada no longa, a forma como os filmes criam o seu tom mais pastel, mais romântico, mais sonhador, com o drama não sendo peça permanente do roteiro (O Escafandro e a Borboleta que o diga), mostra muito a moda moderna da época no país e por fim o quanto eles possuem artistas de talento... como foi a grande revelação Audrey Tautou que conquistou o mundo com sua atuação.
Com uma cenografia rica e artisticamente inspirada, uma fotografia que brinca muito com as cores inspiradas no artista brasileiro Juarez Machado, e um roteiro absurdamente bem escrito, "Amélie Poulain" é uma delícia de película que deveria ter sido bem mais premiado na época e que até hoje é cultuado por grande parte dos cinéfilos mundo afora.
Dirigido e roteirizado por Jean Pierre-Jeaunet, é raríssimo você ver um filme onde o roteiro é perfeitamente transplantado para as telas, e foi exatamente isso que Jeaunet fez. Muito desse mérito vem do fato dele escrever o roteiro do filme que iria rodar... tenho muito apreço por cineastas que escrevem os roteiros de seus filmes, pois Jeaunet soube colocar em tela exatamente cada detalhe apaixonante que engrandeceu seu filme. Exatamente cada diálogo, cada cena, cada paisagem, cada detalhe pequeno que ele visualizou quando redigia seu roteiro, ele transplantou belamente e competentemente para as telas, deixando o filme rico e prazeroso em experiência audiovisual e um entretenimento certeiro para os espectadores.
O Longa não seria essa beleza toda se não fosse a trilha composta pelo francês Yann Tiersen, que fez uma verdadeira obra de arte com a trilha do filme. Que coisa mais bela, mais gostosa de ouvir, uma composição que nasceu praticamente pronta... quase como se Tiersen tivesse nascido unicamente para fazer a trilha deste filme. Por pouco conhecer o restante de seus trabalhos, fico com minha visão de que este é sua melhor e mais completa e perfeita obra... dá a impressão que ela nasceu enquanto o roteiro era escrito, dá a impressão que Tiersen só de ler já imaginava todas as nuances do longa e a personalidade de Amélie... não sei se ele fez a trilha antes ou depois do longa, mas realmente é estupendo e merecia mais reconhecimento também na época de premiações do longa.
O elenco do filme é magnífico, todos os profissionais estão maravilhosamente bem e atuam com leveza absurda, sequer fazem esforço para atuar, o que acho que é mérito total de Jeaunet na direção e condução do seu elenco. Posso destacar Mathieu Kassovitz que foi muito bem, a dupla Isabelle Nanty e Dominique Pinon que deram um show em cena, e foi gostoso demais vê-los com suas caras e bocas, além de Maurice Bénichou e Jamel Debbouze que também se destacaram com seus personagens.
É raro um longa ter personagens tão cativantes e apaixonantes, todos com seus defeitos e acertos, que conquistam o público com a primeira fala, mérito total de Jeaunet em criar personagens tão amáveis, e obviamente de seus respectivos atores, caiu como uma luva cada personagem que cada ator/atriz pegou.
Mas o destaque mesmo do longa não pode ser outra se não a minha mais amada atriz Audrey Tautou... mulher que virou meu mundo do avesso quando eu a vi neste filme e virou uma obsessão ter uma namorada exatamente daquela forma, diferentona que ama artes e música que ninguém do meu convívio curtia ou conhecia.
Audrey despontou para o planeta com este filme e conquistou o público do mundo inteiro, encantou os festivais de cinema europeu e principalmente arrebatou Hollywood, que tratou de tê-la em cada longa que seria lançado no futuro em uma guerra entre os estúdios, sendo que nenhum chegou a ter o sucesso estrondoso que "Amélie Poulain" teve.
Audrey foi perfeita, cativante, apaixonante, certeira, leve, profissional, ela foi tudo, entendeu Amélie de uma forma que nenhuma outra atriz (nem Emily Watson, que era a cotada pro papel) entenderia. Mostrou pro mundo sua capacidade e seu potencial artístico, e definiu parte da cultura pop da década de 2000 com o estilo de Amélie de se vestir, de gostos e da leveza pra com a vida. Sem falar que todo o filme também definiu muito um certo tipo de tom nos longas estrangeiros e até alguns americanos vindouros, de tão influente que foi.
Tá na cara que o filme influenciou demais uma outra rainha minha, Phoebe Waller Bridge, criadora e mãe de "Fleabag", série arrasa quarteirão que levou tudo no Globo, no Emmy, no Critics Awards, enfim... Phoebe com certeza tem muito da influência deste filme na forma como o dirigiu, no tom que a série recebeu, na construção de sua personagem título e obviamente no uso da quebra da quarta parede, que com Fleabag foi mais na cara, dita muito o ritmo da série, e em "Amélie Poulain" é mais introspectivo, é como se Amélie ao mesmo tempo tivesse narrando a sua história pra gente, e tivesse escrevendo seu diário.
Pra mim, já me faltam argumentos para enaltecer essa obra-prima de Jean-Pierre Jeunet, do cinema francês, da década de 2000. Obra obrigatória para qualquer cinéfilo que se preze, que goste de ver filmes por prazer sem barreiras.
"O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" recebeu inúmeras indicações em diversas premiações nos anos de 2001 e de 2002.
Foi indicada para Filme Estrangeiro, Diretor, Direção de Arte, Fotografia, Roteiro Original, Som, Cenografia, Atriz para Audrey Tautou, Trilha Sonora, Edição, Cenografia, Figurino em muitas premiações... Oscar, Globo de Ouro, Satellite Awards, Critics Awards, BAFTA, Cesar, Prêmio do Cinema Europeu, Spirit Awards, Goya Awards... ou seja, muito lembrado e enaltecido.
De prêmios, levou Melhor Filme no César Awards, Goya awards e Prêmio do Cinema Europeu onde também levou o prêmio do Público.
Para Jeaunet como melhor Diretor no Prêmio do Cinema Europeu e no César Awards.
No BAFTA levou Roteiro Original para Jeaunet e Cenografia.
Como Melhor Filme Estrangeiro no Critics Awards, no Spirit Awards e no Czech Lion Awards. Além de ter levado prêmios do César Awards de Direção de Arte e Música Original para Yann Tiersen.
Obrigado Jeunet por essa pérola que é esse longa, e obrigado Audrey por ser essa atriz talentosíssima e adorável e por ter dado vida tão brilhantemente para uma das melhores personagens da sétima arte... Amélie Poulain.
(Assistido inúmeras vezes na vida)
(Reassistido em 26/05/2022 no Vibra Open Air)