Um dos favoritos para vencer a Palma de Ouro, acabou levando o prêmio honorário em Cannes. Foi muito bem falado pelos críticos especializados no Twitter... mais um que vou conferir.
Vencedor do prêmio do Júri, vi que esse filme de pouquinho mais de duas horas tem como protagonista um burro e quase ou praticamente, zero de falas. Provavelmente um filme que eu irei me emocionar, pois sou amante demais dos animais. Em breve também.
Stars at Noon ganhou o grande prêmio do júri em Cannes, mas foi tão criticado pelos críticos em suas páginas oficiais no Twitter... não vi um elogio sequer ao filme. Falaram mal do roteiro da direção...enfim.
Obviamente eu vou conferir, temos também Marquaret Qualley de 'Maid' e 'Once Upon A Time in Hollywood' no elenco. Aí então tirarei minhas conclusões.
Falar o que do Cronenberg né, ansiosíssimo para conferir este trabalho tão badalado no Festival de Cannes. O tapete do longa em Cannes foi absurdo... Léa Seydoux e Kristen Stewart reinaram e brilharam e foram o assunto da semana. Na verdade, Kristen foi a personalidade do mês porque o que foi falado dela, em Cannes, fotografada, tietada, capas de inúmeras revistas...é o ano dela praticamente. Ansioso para estrear logo aqui nos cinemas.
Uma pergunta que sempre vai estar na minha cabeça: Como seria este filme com Scott Derrikson na direção?
Derrikson saiu por "diferenças criativas", que é a desculpa oficial da Marvel Studios quando um profissional deixa o cargo de diretor de algum filme. Patty Jenkins e Edgar Wright que o digam.
Não dá pra saber a quantas estava o roteiro do filme quando Scott Derrikson ainda era o diretor, e o quanto esse roteiro mudou quando Kevn Feige chamou Sam Raimi pra assumir o posto. Um chute meu, de bem longe, é que Derrikson queria contar uma história diferente da que Kevin Feige idealzou depois dos eventos de Vingadores Ultimato. Não á toa, Doutor Estranho levou 6 anos para ganhar uma continuação (contando os atrasos por conta da pandemia e as regravações de final de ano). Nesses anos todos, a visão que Feige tinha para o segundo filme, pavimentando um caminho para o futuro do MCU, começou a divergir do que Derrikson queria adotar para seu filme.
E o quão acertado foi trazer Sam Raimi para o longa... ele não só colocou sua identidade para o filme, como manteve uma das premissas que compõe essa fase 4 do MCU, que são produções completamente diferentes do que foi os filmes da 'Saga do Infinto'. Já tivemos ode ás séries de TV americanas, viagens multidimensionais, cultura egípcia, assinatura da oscarizada Chloe Zhao, cultura asiática... e agora um filme com elementos de terror e horror (mias horror do que terror).
Pra quem é fã de Raimi como eu, vai enxergar nitidamente os traços de suas grandes obras no longa, como não poderia deixar de ser, afinal eles está no MCU, hoje a grande audiência do mundo cinematográfico (para desespero dos haters), uma grande vitrine, e ele teve a chance de mostrar elementos de filmes que o consagraram para angariar uma nova geração de fãs, que não está familiarizado com filmes antigos, mostrar sua assinatura e fazer uma ode a sua carreira cinematográfica. Está tudo ali, claro que principalmente, sua maior obra, "Evil Dead", praticamente todos os elementos do longa está lá... o suspense, o horror 100%, o terror um pouco mais comedido, é claro que teríamos um zumbi na forma do "Defensor Strange" que recebeu a possessão onírica de Strange, a Wanda da terra 838, possuída oníricamente pela Feiticeira Escarlate, e naquela sequência da perseguição do túnel que o Estranho enche de água, ela lembra demais uma zumbi também. E, fora isso, ele também traz pequenos elementos de "Darkman - Vingança sem Rosto", um de seus primeiros trabalhos, e clássico absoluto dos anos 80 que vivia passando na 'Tela Quente'... vemos pequenas homenagens a filmes como "Carrie - A Estranha", "A Noite dos Mortos Vivos", com aquela clássica cena do "Defensor Strange" possuído por Strange colocando a mão pra fora de seu túmulo (clássico demais, impossível não sorrir nessa cena)... além de termos aquele efeito sonoro do terceiro olho, em forma de acorde de guitarra, fazendo uma ode ao personagem Ash que possuía som semelhante nas continuações de "Evil Dead".
Falando em Ash, como já é praxe em todos os filmes de Sam Raimi, coisa que também aconteceu na trilogia de Homem-Aranha, Bruce Campbell faz uma pequena ponta no filme, uma piadinha bem sacada que termina somente na última cena pós créditos.
Dois pontos para se destacar neste filme de forma muito positiva: a primeira é Danny Elfman, compositor que já fez inúmeras trilhas de filmes, já trabalhou com Sam Raimi na trilogia "Homem-Aranha" e "Oz: Mágico e Poderoso", e eterno vocalista da banda Oingo Boingo (quem nunca ouviu Stay e Just Another Day?). Elfman é mestre demais na arte da composição cinematográfica, e seu trabalho aqui é de altíssimo nível, todas suas composições casam perfeitamente com as cenas propostas, elevando o nível de ação, suspense e horror do filme, só mesmo Danny e seu olhar certeiro para casar som e imagem de forma tão perfeita e contundente. O segundo ponto é para mim, a melhor cena do longa inteiro> 'A Batalha musical'... Stephen Strange vs Stephen Strange de outro multiverso, no fim dos tempos, entram em uma batalha de magos regadas a notas musicais de uma partitura de piano e acordes de instrumentos musicais com uma harpa , onde cada magia, cada movimento hostil, era recebido como um golpe de ondas sonoras, eles tomavam posse magicamente das notas musicais e fizeram uma batalha orquestral, rica também visualmente com bons efeitos visuais... um trabalho primoroso de Danny, Raimi e da equipe de pós-produção.
Em termos de roteiro, devo confessar que ele é bem simples, pouco trabalhado e pouco desenvolvido, o roteiro apenas determina o herói, a vilã, o personagem a ser salvo, a trama, e não há muito espaço para crescimento de texto, evolução de argumento, entre outras coisas. Você sai do ponto A, para o ponto C, e no meio do filme se aventura no ponto B, premissa máxima da grande maioria dos filmes que possuem roteiros simplistas e focam no visual, ou nas cenas de ação. Pode ser culpa de terem demitido o antigo diretor, trazer um novo, e não ter tempo suficiente para reescrever um roteiro que poderia ser melhor trabalhado.
Em questão de Multiverso, que muita gente anda criticando pelo filme não ter adentrado muito a isso, é perda de tempo falar, quando nos tempos de hoje qualquer coisa feita é criticada gratuitamente, quando uma obra não sai ao gosto do espectador, que só quer assistir coisas boas, e quando vê algo que não cumpre suas expectativas, a internet é o meio de ele 'meter o pau'. Até eu achava que teríamos mais multiversos apresentados no filme, com diferentes versões de personagens já apresentados. mas acabaram deixando isso em "What If?" e brincaram pouco com isso em "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura". E convenhamos, em um filme de duas horas, você enche-lo com multiversos, com um roteiro já simplista, iria ficar um resultado final aquém do esperado.
A surpresa mesmo ficou por conta dos heróis da terra 838: Os Iluminatti, que nos quadrinhos possui outra formação, aqui tem a liberdade criativa de ser uma equipe de outro universo inspirada nas contrapartes de personagens mostrados em "What If?", "Capitã Marvel", no próprio filme do Estranho, em filmes de outros estúdios (quem diria), de séries esquecidas pelo próprio estúdio (alô Anson Mount, foi ótimo te rever no personagem) e o mais surpreendente de todos, nas conversas de fóruns de internet (Twitter especificamente) que defendiam que aquele ator, deveria ser aquele personagem... e aqui foi...(quem diria 2). Não vou citá-los para não estragar a surpresa, mas vocês sabem quem sou todos eles que citei.
Outro ponto negativo, foi a personagem Christine, de Rachel McAdams, muito mal finalizada neste filme. Uma sacada genial foi fazer Christine ser totalmente relevante à história no universo 838 que Estranho e America Chavez visitam. Realmente souberam como usar a personagem ali, e ficou muito mais interessante acompanha-la lá, passa longe de ser só um interesse amoroso, e uma mulher que precisa ser salva, para ser parte importante no roteiro com seus próprios méritos. Mas e a 'nossa Christine'? Ficou sem conclusão, sem fechamento, depois do começo do filme onde ela se casa e avista o Stephen lutando contra Gargantos (ou seria Shuma Gorath?) ela simplesmente some e não é mais vista... faltou uma atenção melhor nesse quesito para com a personagem. Desperdiçam ela 'aqui', e a valorizam 'lá', querendo ou não, é um pequeno erro de visão e de ideias.
Xochitl Gomez, que efz America Chavez foi a surpresa do filme, ótima atriz, caiu como uma luva na personagem... não conheço nada da America, estou atrasado nos quadrinhos e estou bem longe de quando ela aparece na Marvel, portanto não li nada dela e fui virgem para acompanha-la nas telonas. Aceito o que me foi apresentado, e por ora, me baseio apenas na interpretação de Xochitl... para ela, nota 9. Já o restante do elenco é chover no molhado, Benedict Wong, Shiela Atim, Chiwetel Eijofor, todos estiveram muito bem no filme e em seus personagens. Michael Stulbergh volta para uma pequena ponta no começo do filme. Os atores que deram vida aos personagens do grupo Iluminatti, caramba, PERFEITOS, já citei o Anson Mount, mas os demais... e aquela musiquinha em forma de violino que toca quando 'ELE' aparece, da abertura da série clássica dos anos 90? Só não gritei porque eu seria o único passando vergonha no cinema (mas por dentro eu gritei).
Já Elizabeth Olsen... que atriz não é senhoras e senhores... acho não, foi a melhor interpretação dela de Wanda Maximoff/Feiticeira Escarlate no MCU, só aquela cena acima de Kamar-Taj, com ela citando todo aquele discurso que termina dizendo, 'essa sou eu sendo razoável', aquilo ali é aula de interpretação, de amor ao personagem, de amor aos fãs... de indicação pra qualquer uma premiação, mesmo que seja da MTV. (Mas fiquei com um ódio da Wanda, mas um ódio, mas um ódio...maior do que tive por ela nos quadrinhos durante a saga 'Dinastia M").
"Doutor Estranho no Multiverso da Loucura" é um bom filme, é muito bem feito, infelizmente mal roteirizado, mas no que se propõe, mais acerta do que erra... quem se frustar com o filme porque esperava isso e entregaram aquilo, azar, aí o problema é com suas expectativas e seu gosto e não com a produção feita. Em comparação com o primeiro filme, peca em termos de roteiro e no visual, pois no primeiro temos simplesmente o mundo espelhado. Mas é sim um bom filme, com outra proposta, muito bem idealizada pelo mestre do gênero horro Sam Raimi. Ah, e temos Charlize Theron no final, só isso... que venha a Clea (personagem também que não conheço quase nada nas HQ's, nem o básico... só conheço de nome e visual, ou seja, assim como Wong, mais um personagem do quinto ou sexto escalão da Marvel, exclusivamente do núcleo do Estranho que ganhará uma enorme notoriedade no MCU).
Assistido em 04/05/2022 Cine Marquise) Reassistido em 25/05/2022 Vibra Open Air)
'Free Guy' é aquele típico filme leve, bolachão, sem compromisso, para divertir quem vai no cinema num fim de semana única e exclusivamente para ter um bom entretenimento.
Os roteiristas Zak Penn (do MCU) e Matt Lieberman acertaram a mão em cheio neste quesito entretenimento, pois 'Free Guy' diverte desde o momento que começa, até a começar a subir os créditos finais. Dirigido por Shawn Levy (de O Projeto Adam e do vindouro Deadpool 3) e protagonizado por Ryan Reynolds (os dois trabalharão juntos nos dois filmes citados), 'Free Guy' não se preocupa em ter um ar linear e uma preocupação com a provável realidade, parte-se de uma ideia onde um personagem de jogo de videogame vence sua programação e ganha consciência, e precisa fazer de tudo para que seu mundo e sua existência não acabem, ou seja, vai ter que fazer com que os demais personagens vençam suas programações e comecem a ter ideias próprias para 'salvar o mundo' (deles!).
É divertido, é engraçado, tem alguns fans services para gamemaníacos, e cenas ótimas de ação e efeitos visuais... cenas ótimas mesmo, os efeitos do filme são de tirar o chapéu e deixa qualquer espectador animado com cada sequência que é apresentada em tela.
Jodie Comer (Killing Eve) faz a heroína/interesse amoroso/justiceira/vítima Molotov Girl, a garota por quem Guy é apaixonado, e a mesma entra no jogo apenas para poder descobrir como derrubar a empresa que produziu o jogo, que roubou sua ideia original. Comer está ótima no filme, além da conta, está super divertida e faz um papel no mundo real, uma garota determinada mas com muitas incertezas e pontos fracos, e dentro do jogo, ela como Molotov Girl é simplesmente fodona/BadAss. Gostei demais dela, entrega exatamente o que o filme pede, o que Shawn Levy pede.
Molotov Girl tem a ajuda de seu ex-parceiro de criação do jogo original que foi roubado, Keys (Joe Kerry de Stranger Things), ele trabalha na produtora do jogo e assim que percebe que eles plagiaram o seu jogo, usando a mesma 'engine', resolve se unir a Molotov Girl para derrubar a empresa. E Joe Kerry está bem, no mesmo nível que ele entrega na série original da Netflix.
O dono da produtora do jogo é nada mais nada menos que o gênio moderno Taika Waititi (diretor de Thor Ragnarok e Jojo Rabbit), que faz o papel de Antoine, excêntrico, sarcástico, afrontoso, louco, maníaco, tudo o que de ruim e engraçado pode se ter em um vilão de filme descompromissado... ruim no bom sentido tá gente! Taika dá um show, na minha opinião, e seu personagem é odiável, você bronca dele muito fácil, mas reconhece que ele é uma figura engraçada... mas odiosa.
No filme ainda temos Chaning Tatum (o ex-Gambit) fazendo um Avatar dentro do jogo, Chris Evans em uma pequena ponta no longa, Hugh Jackman fazendo a voz de um personagem dentro do jogo, uma mascarado no beco que ameaça a Molotov Girl, Tina Fey (de Saturday Night Live) fazendo também a voz de uma personagem, assim como John Krasinski (Um Lugar Silencioso)... Dwayne 'The Rock' Johnson dá voz a um personagem ladrão de banco também.
A trilha sonora é ótima, muito bem composta e interpretada, casando com momentos do longa de ação ou de quase suspense, sem falar no tom aventuresco característico de filmes desse estilo. Ela foi composta por Christopher Beck que já fez trilhas para os dois filmes do 'Homem-Formiga' e 'No Limite do Amanhã', ou seja, ele tem experiência com blockbusters de ação.
A direção de Shaw Levy é maravilhosa, ele faz um filme de aventura gostoso de se assistir, criando personagens mais do que carismáticos, um vilão 'vilão' mesmo, com muitas pontas amarradas e piadas certeiras e cenas de encher os olhos e bem sacadas. Levy sabe o que faz com o roteiros em mãos e sabe como postar seu protagonista no longa, ele e Reynolds tiveram uma ótima química que com certeza será recompensada em elogios nos dois filmes vindouros onde os dois trabalharão juntos, uma vez que 'Free Guy' foi sucesso de crítica e público e seu adiado lançamento por conta da pandemia.
O longa teve 1 indicação ao Oscar e BAFTA na categoria de Efeitos Visuais perdendo para 'Duna', indicação justa pois os efeitos, como já disse acima, estão bem acima da média, foram bem generosos com o orçamento nesse ponto. Também foi indicado ao Critics Choice Awards para Melhor Comédia, perdendo para 'Licorice Pizza'... como disse Glória Pires, 'Não tenho como opinar', a categoria foi bem fraca neste ano. O longa venceu apenas o People's Choice Awards na categoria Melhor Comédia.
Só posso dar elogios para 'Free Guy', um ótimo filme de ação/aventura, não tanto inovador, mas que entretém e é muito bem feito e produzido. Nota-se que o trabalho é redondo e feito por pessoas competentes por todos os lados, não só na frente das câmeras.
O Homem-Aranha eu conheço de cabo a rabo, e por ser uma origem muito similar á dos quadrinhos, boa parte do público também conhece bem o Homem-Aranha, seja dos filmes, seja dos desenhos animados. Mas... confesso que o Homem-Aranha eu não conheço (rsrsrs) Miles Morales foi o Homem-Aranha criado por Brian Michael Bendis (o Gênio por reinventar o Demolidor, Vingadores e criar a Jessica Jones e Eco) e Sara Pichelli na revista americana 'Ultimate Spider-Man', em um universo alternativo da Marvel criado para contar histórias sem as amarras de continuidade que prendiam as revistas periódicas. Neste universo 'Ultimate' Peter Parker foi o Homem-Aranha por boa parte de sua adolescência, trabalhou como Web-Designer, namorou a Mary Jane e a Kitty Pride (dos X-Men), e revelou sua identidade para a Tia May. Acabou morrendo nas mãos do Duende Verde, e após este acontecimento, Miles Morales acabou ganhando poderes aracnídeos de forma quase semelhante á Peter, e se tornou o novo Homem-Aranha daquele universo. O sucesso de Miles foi tanto, que após o fim da linha Ultimate, ele foi incorporado ao universo tradicional da Marvel na saga 'Guerras Secretas'.
Infelizmente, até hoje não li esse arco do Miles Morales, nem no Ultimate e nem no Principal, sou xarope e gosto de ler tudo na ordem, e estou 13 anos atrasado nas histórias e não cheguei ainda nesta parte. Portanto conheço pouquíssimo do Miles.
O que posso dizer é que Bendis e Pichelli criaram um personagem muito carismático e que conquistou o público de imediato, tem origem latina, é negro, e Bendis presta uma homenagem a Stan Lee, dando a ele nome e sobrenome com a mesma letra (como Reed Richards, Scott Summers, Bruce Banner, Peter Parker, etc)
Sobre o filme animação... que trabalho estupendo. Um traço completamente diferente do que estamos acostumados a ver hoje em dia nos filmes de animação, uma construção de ambiente magnífica, detalhada, colorizada, quase como se fosse uma mistura de giz de cera e guache. Roteiro absurdo, tudo bem redondinho, bem criado, todo mundo muito bem apresentado, bem escrito, bem construído, gostoso de acompanhar, respeitando muito o trabalho original, seja de Miles, seja de Peter.
O mais bacana foi ver como tiveram um carinho especial e tempo de tela para apresentar Miles para as pessoas que não o conhecem, respeitando bem sua origem nas HQ's (pelo pouquíssimo que sei) e também os coadjuvantes que o cercam, como seu pai Jefferson Davies (dublado por Brian Tyree Henry de Eternos), sua mãe Rio Morales (dublada por Luna Lauren Velez) e seu tio Aaron Davis (dublado por Mahershala Ali de Moonlight).
Uma boa história de origem para um Aranha novo para a grande maioria do público e depois de tudo apresentado, começa o foco nos eventos que levam ao Aranhaverso, sendo que primeiramente é apresentado o Homem-Aranha do universo de Miles. Este Peter Parker já é bem ovacionado pelo público e bem sucedido, praticamente um rockstar, amado pelos nova-iorquinos, uma origem quase semelhante a de Tobey Maguire com um Duende um pouco diferente, mas os demais vilões mais parecidos com o que conhecemos. Este Aranha é dublado por Chris Pine (de Mulher-Maravilha) e sua esposa Mary Jane é dublada por Zoe Kravitz (X-Men Primeira Classe) e a Tia May por Lily Tomlin, vencedora de seis Emmys.
Logo depois um outro Homem-Aranha de outro universo cai na cidade de Miles, e ele ´já é um Aranha mais experiente, 8 anos nas costas de vigilantismo, casou e se separou da MJ, enterrou sua Tia May, está fudido e mau pago. Ele é dublado por Jake Johnson (New Girl). A partir daí surgem os demais Aranhas, o Noir, que vem diretamente dos quadrinhos, dublado pelo monstro Nicolas Cage; a Peni Parker, futurista dublada pela Kimiko Glenn (Orange is the New Black), Spider-Ham, o Porco-Aranha bem cartunesco dublado pelo John Maluney (de Tico e Teco) e mais famosa de todos, a Spider-Gwen, dublada pela Hailee Steinfeld (de Gavião Arqueiro). A Spider-Gwen vem de um universo onde ela é picada por uma Aranha radioativa no lugar de Peter, e após não conseguir salvar seu melhor amigo, ela decide usar seus poderes para salvar outras pessoas se tornando a heroína aracnídea. Vinda diretamente também dos quadrinhos onde ela fez um MEGA sucesso, é outra personagem que ainda não cheguei em seu arco.
Dos dubladores ainda temos Liev Schreiber (Ray Donovan) como Rei do Crime (perfeito no filme), Kathryn Hahn ( a Agnes de WandaVision) como a Dra. Octopus (outro acerto do filme), Lake Bell (a Viúva Negra de 'What If?') como Vanessa Fisk, Marvin Krondon Jones (de Raio Negro) como Lápide e Donald Glover como Troy Barnes, sendo que Glover faz o tio de Miles no Homem-Aranha De Volta ao Lar. Como vozes aleatórias temos Oscar Isaac, além de Stan Lee interpretando a si mesmo, sendo sua última aparição em um projeto Marvel em vida.
Não nego que e alguns pouquíssimos momentos, o filme se perde em algumas explicações e em alguns contratempos vividos tanto por Miles, quanto por Peter. Não chega a atrapalhar a experiência, mas fica bem notável que o roteiro começa a se perder, a sair das mãos de Phil Lord, Brian Bendis e Sara Pichelli, mas logo no arco final, as coisas voltam aos eixos e temos um encerramento bacana e bem quadrinhesco. Este outro ponto a ser ovacionado no filme, toda sua temática em tela é quadrinística, com balões de pensamento, quadrados que nos situam onde se passa tal ato e outros pontos.
Uma animação feita com muito zelo, amor, carinho, atenção, nos mostrando o melhor que o Homem-Aranha tem, tudo o que o faz ser especial, os motivos que o fazem vestir o traje, de fazer o que faz, do porque é respeitado e o porque é tão amado pelo público e pelas pessoas que o cercam, sua família e amigos. Não uso a palavra 'essência', porque detesto esse termo.
'Homem-Aranha no Aranhaverso' foi um arrasaquarteirão (parafraseando uma das histórias de Bendis no universo Ultimate) nas premiações de 2019, levando o Annie Awards (o Oscar das animações), o Prêmio do Sindicato de Melhor Animação, O BAFTA, o Globo de Ouro e o Critics Awards de Melhor Animação, além é claro de levar o cobiçado Oscar de Melhor Animação. Ou seja, levou tudo, e levou merecidamente. Nunca uma animação mereceu tanto.
Depois de conferir o filme, eu ainda considero Homem-Aranha 2 o melhor filme do Aracnídeo, mas coloco facilmente o Aranhaverso em segundo lugar empatado com Homem-Aranha 1. Uma obra para deixar qualquer fã do Amigão da Vizinhança orgulhoso.
Dirigido e roteirizado por Joaquim Trier, com assistência de Eskil Vogt, 'A Pior Pessoa do Mundo' fez muito barulho no Festival de Cannes, e também na Palma de Ouro ano passado, e começava a trilhar um caminho que visava levá-lo as premiações Hollywoodianas, e também o BAFTA, o principal prêmio do cinema britânico, que engloba também produções do resto da Europa de destaque.
Filme que representou a Noruega no Oscar de Filme Internacional, 'A Pior Pessoa do Mundo' com certeza está na lista dos 10 melhores filmes do ano passado, e justamente recebeu muitas indicações na temporada de premiações, muito graças ao roteiro de Joaquim Trier e da interpretação da belíssima e talentosa Renate Reinsve.
Dividido em 12 capítulos e 1 prólogo e 1 epílogo (parece muito, mas coube no filme), Julie busca se encontrar na vida, busca se encontrar, e no meio de tudo isso se perde várias vezes. Ela é aquela tipo de mulher adorável que é impossível, você como homem, não se apaixonar, muito meiga, feminina, pra ela tudo é muito intenso, sabe flertar, conquista nos pequenos detalhes, no charme imperceptível... mas tem aquele famoso grande defeito, quando enjoa, enjoa... um dia vai acordar e se perguntar o que está fazendo da vida, que quer mais, que quer menos, que não sabe o que quer, e quem paga o pato, é o parceiro, pois ela vai picar a mula e ele vai ficar sem entender.
O ponto principal é que Julie busca tanto um sentido pra viver, ou fazer as coisas que faz, ou tentar ser algo maior do que ela pode ser, que apenas no final percebe que o que importa é estar lá, presente, fazendo, vivendo, sem preocupações, aspirações, questionamentos, metas... ela precisa apenas ser quem ela é, Julie, ser único, com acertos e defeitos. Impossível uma pessoa não se conectar com uma personagem assim, ou com uma história assim, tão corriqueira, tão normal para os padrões atuais. Acho que é um dos melhores roteiros de Joaquim Trier, algo tão humano, com alma, engloba todos os tipos de pessoas, raças, gêneros... de uma personagem que ele criou tão perfeita, mas perfeita em termos de construção de personagem, é um personagem que parece que existe na vida real, de tão igual que ela é com inúmeras pessoas ao redor do mundo. Assim como seus coadjuvantes... ou seja, um filmaço, um roteiro magnífico, personagens mais do que carismáticos, adoráveis.
Renate Reinsve é a coroa do longa, pois não sei se posso chamá-la de revelação... talvez, quem sabe. Ela tem uma atuação poderosa, colocou muita alma na personagem, colocou personalidade, sensualidade, charme, carisma, você olha pra Julie e dá vontade de ser amigo dela na hora, e vai acabar se apaixonando por ela em um piscar de olhos (pro seu azar, é claro). No filme, eu acredito que ela teve mais química com Herbert Nordrum, que faz Elvind, do que com Anders Danielsen Lie, que fez Aksel. Mas isso em termos amorosos, de relacionamento, pois a parte final do filme com Aksel e Julie, conversando sobre o passado, a vida, os erros e acertos de seu relacionamento, é um dos pontos altos do filme. Ali os dois interpretaram demais e prende a atenção do espectador na tela. Já a química entre Renate e Herbert foi instantânea, desde a primeira vez que se encontraram quando ela entrou de penetra na festa e o encontrou. Aquela sequência toda é muito gostosa, engraçada, divertida, você a assiste com um sorriso no rosto o tempo inteiro... acerto muito grande de Joaquim ao escrevê-la e filmá-la, e dos dois atores em trazer uma simplicidade para os dois personagens agirem naquela sequência... mais um dos pontos altos do filme.
E a direção de Joaquim, nem preciso dizer muito, foi ótima, foi singular, foi abrangente, soube sempre enquadrar Julie como a protagonista das situações, das cenas, dos textos. Se sobressaiu tanto nas cenas mais íntimas, que não agridem, mas expõe mais em tela os fragmentos da personalidade dos personagens naquele momento, quanto nas cenas mais dramáticas, onde temos discussões, e na cena onde Julie termina com Aksel, que é ótima. Assim como também destaco a incrível cena onde Julie corre como todo o cenário ao redor dela estático, onde ela se encontra com Elvind na cafeteria, e é como se o mundo parasse para eles descobrirem o quanto estão apaixonados um pelo outro. Cena ótima, grande sacada de Joaquim, fez essa licença poética que dá mais charme não só pro filme, mas também para Julie.
Fotografia belíssima, sério, trabalho perfeito, cada cena, cada tomada pela cidade e no campo, de cair o queixo e deixar o filme belíssimo em vários momentos. Trilha sonora ótima também, muito bem composta e inserida detalhadamente no filme... sem falar também da cenografia, riquíssima em detalhes, seja nos restaurantes, na residência de Aksel, na casa do pai de Julie, ou na casa onde Julie e Aksel viajam da família de Aksel. Tudo perfeitamente montado e escolhido a dedo. Texto afiadíssimo, principalmente para Julie, mas de todo o elenco, não tem como não ficar estático e de ouvidos em pé quando os personagens estão conversando sobre assuntos aleatórios ou filosóficos, discutindo, ou se enamorando. Joaquim Trier é mestre na arte do texto, isso devo dizer.
Contudo, a única parte que acho que 'A Pior Pessoa do Mundo' pecou foi em sua conclusão. Á partir do momento que Julie e Aksel se separam, e logo depois quando Julie descobre algo e resolve esconder de Elvind, o longa corre para mostrar sua conclusão. Temos sequências boas, como as conversas de Aksel e Julie no hospital, mas é tudo tão mais corrido que destoa bastante de todo o resto do filme. Certos desdobramentos são deixados mais de lado, e alguns mal têm uma resolução, apenas acompanhamos Julie lidar com cada acontecimento que lhe aparece. Alguns têm uma resolução, mesmo que seje apressada, outras nem tanto, e vemos muitos recortes de cenas com pouco destaque em como Julie lida com determinados acontecimentos. Dá a impressão que os capítulos 11 e 12 (principalmente o 12), já são Epílogos, e o Epílogo em si poderia até ter ficado de fora do corte final, ou ser retrabalhado. Foi a forma de Joaquim terminar seu filme, mas que não me agradou tanto pessoalmente.
O Longa foi bastante lembrado nas premiações deste ano: Indicado a Melhor Filme Estrangeiro no OSCAR, BAFTA, Gotham Awards, Critics Awards, César Awards e Sattelite Awards. Indicação a Roteiro Original no Festival de Cannes e no OSCAR. Indicação para Renate Reinsve de Atriz no Festival de Cannes, BAFTA e Sattelite Awards. O filme levou os prêmios de Atriz para Renate Reinsve em Cannes e de Filme Estrangeiro no New Yorl Film Circle Awards. Pouco, mas com um concorrente de peso como 'Drive My Car' que fez a rapa em quase todas as premiações, realmente ia ser difícil o longa ser mais premiado. Só achei que o prêmio de atriz no Sattelite Awads deveria ir para Renate Reinsve, ao invés de Alana Haim de 'Licorice Pizza'.
No mais, Joaquim Trier nos entregou uma pérola, um longa sensacional, emotivo e humano, com várias nuances. Acertou em cheio e representou bem a Noruega nesta temporada de premiações.
Indicado pela primeira vez na história ao Oscar de Filme Estrangeiro, o país de Butão, e seu diretor Pawo Choyning Dorji, que também é o roteirista, nos entrega um dos filmes mais puro e singelo desta temporada de premiações: Lunana, A Yak In The Clasroom (A Felicidade das Pequenas Coisas, título brega brasileiro).
Choyning Dorji conta a história de uma jovem rapaz, Ugyen Dorji (Sherbi Dorji) que mora com sua avó no centro de Butão. Ele que é professor, sonha em tirar seu visto e ir fazer vida na Austrália como cantor. Já sua avó acha que ele tem um emprego respeitável pelo governo em Butão e não precisa de mais nada. Seu sonho de ir Austrália, ao mesmo tempo que se concretiza com o ok de seu visto, é adiado, pois o governo, cansado das pisadas na bola de Ugyen no dia dia, decide mandá-lo a Lunana, um pequeno vilarejo remoto que se localiza nas montanhas mais distantes de toda Butão, para Ugyen terminar seu último ano letivo como professor. Ele relutantemente aceita, pois não quer ser professor, não aguenta mais lecionar, e não está satisfeito em ir para um lugar que não eletricidade, sinal de wifi, banheiro, comida da cidade, enfim... ele não gosta do campo e da vida de "caipira".
Muitos vão dizer que o grande acerto do filme de Choyning Dorji, é o fato de o povo de Lunana e principalmente as crianças, aos poucos, irem amolecendo e conquistando o coração de Ugyen, que abandona sua personalidade metida de jovem da cidade, acostumado com uma vida mimada e com tudo que há de bom e do melhor, e se entrega a uma vida e um olhar mais simples do campo, dando valor a pequenas coisas que realmente valem a pena, têm um significado, e que faz você ser uma pessoa decente, respeitando as criações de Deus e obviamente se tornando uma pessoa mais humilde.
Tenho essa visão também, mas pra mim o grande mérito do filme de Choyning Dorji está no elenco do filme e principalmente em nos mostrar a realidade e os costumes de Lunana, O filme foi gravado na época da pandemia, e é inteiramente gravado com energia solar, zero carbonos... além de que todo o núcleo de Lunana, (tirando Singye, Saldon e Michen,que são interpretados por atores) são residentes locais. Ou seja, boa parte do elenco adulto de Lunana, e todas as crianças de lá, moram mesmo em Lunana, não são atores, e contracenam no filme com seus nomes reais... como a pequena Pem Zam, que está em um dos cartazes principais do longa, garota muito esperta que atua maravilhosamente bem, de uma ternura e um carisma incríveis.
As crianças são a melhor coisa do filme, elas ao mesmo tempo que brincam de atuar, não estão atuando, estão realmente aprendendo o básico escolar ensinado por Ugyen no filme. Brincam de verdade com coisas que acredito que nunca viram no vilarejo, e expressam mesmo sentimento de tristeza ao saber que Ugyen partirá no inverno, uma vez que o trajeto ficará inviabilizado pela neve, já que para chegar em Lunana, você leva OITO DIAS de travessia a pé (OITO DIAS senhores e senhoras...A PÉ!!!!!!!!!!)
Aí é que está a beleza do filme, que Choyning Dorji nos presenteou em nos mostrar como é a vida, os costumes, as crenças em um vilarejo mais do que afastado, escondido em regiões montanhosas na longínqua e pouco falada Butão, onde não há eletricidade, canal de esgoto, padaria, farmácia, ninguém sabe o que é carro, de animais, só existe uma espécie de búfalo (me corrijam se eu estiver errado, o animal se chama YAK), usado para o próprio alimento deles, e possui uma canção/prece local que vangloria esses animais, pois eles são o alimento deste pequeno povo, que os trata com o maior respeito e carinho do mundo (obviamente, não concordo, mas respeito os costumes e crenças, assim é o mundo).
Uma coisa linda esse filme, fotografia soberba e perfeita, de um lugar tão inacessível que é lindo por natureza, e fornece cenas magistrais que são fotografadas pelo filme de uma forma tão poética. Tshering Dorji, que faz Syngie no filme, é o Designer de Produção e foi responsável por trazer coisas da cidade para Lunana e retransformar a sala de aula local do vilarejo. Ainda no elenco temos Kelden Lhamo (como Saldon), linda e ótima atriz, gostei demais dela no filme.Ugyen Norbu Lhendup, fez Michen, muito bom ator, que foi cômico quando precisou e nos ensinou também bastante no filme sobre as crenças e costumes locais. O casal que vemos no meio da travessia para Lunana, que têm um menino que usa galochas, são pessoas reais, e realmente moram naquela pequena cabana... que história não.
Se não fosse 'Drive My Car', na minha mais modesta opinião, "Lunana: A Yak In The Classroom" deveria levar este Oscar de Filme Estrangeiro, é uma história linda, de uma cultura tão diferente, com pessoas tão calorosas e cheias de vida, com crenças tão bonitas... um dos melhores filmes do ano. Com certeza é uma Obra-Prima para o povo de Butão, um filme para jamais ser esquecido por quem participou, até pelo fato de ter sido feito 100% com energia solar, sem emissões de carbono, e por mostrar ao mundo a beleza e simplicidade de Butão e seu povo remoto de Lunana.
Dirigido e roteirizado por Destin Daniel Creton, junto a Andrew Lamhan, dupla que já trabalhou juntos em 'O Castelo de Vidro' e 'Luta Por Justiça', sendo o segundo longa metragem e o sexto projeto da fase 4 do MCU, 'Shang Chi e a Lenda dos Déz Anéis' visualmente pode ser considerado um dos melhores trabalhos do diretor americano até então.
Pra começar, Shang Chi é um personagem que foi totalmente baseado em Bruce Lee pelo seu criador Stan Lee, naqueles tempos áureos de Bruce com seus filmes icônicos como 'Operação Dragão', 'O Vôo da Morte' e o que eu considero o melhor dele 'Jogo da Morte', daí vem o nome da revista 'Master of Kung Fu', que é na verdade apenas o codinome de Shang na Marvel, afinal todos os heróis tinham um codinome.
Um personagem que sempre foi do quinto escalão da Marvel, sua revista nunca foi unanimidade, e ele nunca foi o queridinho dos leitores, apesar da ideia ser muito original, Shang-Chi sempre foi mais conhecido, pelo menos pra mim quando comecei a ler hq's, por participar de histórias do Homem-Aranha ou dos Heróis de Aluguel... e somente na década de 2000 ele voltou a notoriedade dentro da editora, com mais uma série solo dentro do selo adulto 'Marvel Kinghts' e brevemente fazendo parte dos Vingadores Secretos de Steve Rogers.
Dito isto, ele entra na minha lista de personagens que eu nunca veria um filme na vida, por ser menos conhecido do público, e seu filme tem uma história de origem completamente diferente dos quadrinhos.
Aqui, Shang é filho de Wenwu, que também foi conhecido por vários nomes, entre eles, Mandarim, sim, o vilão do Homem de Ferro, que apareceu no terceiro filme do ferroso, que na verdade não era ele e sim um ator. Nos quadrinhos, Mandarim nunca foi pai de Shang Chi, sendo na verdade Fu Manchu. Ou seja, mexeram também na origem de Mandarim, mas nos filmes da Marvel Studios, essas coisas hoje não vêm mais ao caso.
O filme tem dois pontos distintos, um positivo e um negativo, que se anulam, deixando o filme com uma visão muito promissora e original e ao mesmo tempo, muito simplista. O ponto positivo se dá pelo visual, efeitos especiais e coreografia e luta do filme... de primeira linha sem sombra de dúvidas. O trabalho é esplêndido, soberbo, beira a perfeição. O visual é lindíssimo, e misturado aos efeitos visuais, temos luzes brilhantes e cores exuberantes, e efeitos que saltam aos olhos. Os Dragões do final do filme são incrivelmente bem construídos pela equipe de feitos visuais, assim como as lutas entre Shang e Wenwu, e a sequência na China no ataque ao local de lutas de Xialing. E o que falar das coreografias e lutas do filme...? Desde a cena inicial com Shang enfrentando o Punho de Lâmina no ônibus, à luta de Wenwu e Ying Li, passando pela luta final de Shang e Wenwu dividida em dois momentos, fora toda a batalha entre o povo de Ta Lo e o exército dos Déz Anéis. Trabalho estupendo de Andy Cheng, o coreógrafo do filme, e de Peng Zhang, o Coordenador de Dublês, que nitidamente fizeram um trabalho sensacional.
O ponto negativo, fica mais pelo roteiro mesmo, a história é bem mais do mesmo, típica de filme de origem, uma trama que você verá em qualquer filme do gênero, um casal que se apaixona e tem filhos, que vão se tornar o legado deles, e uma gangue assassina a mãe, no caso aqui, e o pai jura vingança e o filho no meio desse embate moral precisa se encontrar e honrar a mãe e enfrentar o pai... enfim... nada muito original, nem que chame a atenção. Isso até já salta aos olhos do espectador que saca o enredo todo e também o seu desfecho, deixando apenas a diversão ser o carro chefe em se acompanhar o filme, assim como as lutas e efeitos que são mesmo os protagonistas do filme e que o fazem ganhar o público. Não me decepcionei com o filme, pelo contrário, eu o acho um filmaço, não um dos melhores do MCU, mas o acho bem acima da média, porém, mais pelas lutas e efeitos e o visual surreal do filme, toda a ideia de construir Ta Lo e transplantar tudo para a tela, do que do enredo do filme em si.
O elenco é em peso asiático, não poderia ser diferente e mescla os novos nomes em ascenção do cinema asiático, com a velha guarda que já é consagrada.
Simu Liu, que já era bem preparado para o papel, e não o ganhou pelo tuíte famoso, mas não tem como ignorar esse fato. Gosto muito dele, faz um ótimo trabalho no filme, de verdade, mas não me convenceu como Shang-Chi, mais pelo fato de eu não ver semelhanças entre ele e sua versão dos quadrinhos em termos de personalidade. Mas o trabalho dele é sem igual, isso eu não nego. Sua entrega é admirável ee inspiradora.
Meng'er Zhang, lindíssima e talentosissíma, na pele de Xialing, irmã de Shang-Chi, dona do Clube das Adagas Douradas, onde acontecem lutas clandestinas, e lá vemos dois embates interessantes; Um entre uma Viúva Negra (a atriz Jade Xu) que apareceu no filme da Scarlett Johansson, contra um rapaz aprimorado pelo Extremis, soro que aparece no filme Homem de Ferro 3. O outro é entre Wong (Benedict Wong) e o Abominável, personagem que apareceu no filme 'O Incrível Hulk', embate super curioso que já tinha aparecido no trailer, e deixou todo mundo instigado. Foi creditado o Abominável como o ator Tim Roth, que provavelmente deu a voz a ele, já que é seu intérprete original do filme de 2008.
Temos ainda a lenda do cinema asiático Tony Chiu Wai Leung, de 'Desejo e Perigo', obra prima do mestre Ang Lee, 'Herói' e 'Flores de Xangai'. Tony faz Wenwu, pai de Shang, em seu primeiro filme em língua inglesa. A grandissísima Michelle Yeoh, dos clássicos 'Tomorrow Never Dies', 'O Tigre e o Dragão', 'Memórias de Uma Gueixa', 'A Múmia 3', 'Podres de Rico', que currículo dessa mulher... e ela tem sua cena de luta com Simu Liu. Que atriz!
Ainda temos Awkwafina, atriz comediante asiática, de 'A Despedida', 'Podres de Rico', 'Raya e o Último Dragão', que é na verdade o alívio cômico do filme com sua Katy, personagem acredito eu original do filme. Gosto dela como atriz, mas sua personagem é bem forçada no filme, para ser a dupla com Shang, o alivio cômico, o centro das piadas, algo já batido nos roteiros da Marvel, que quando não dá para inseri-las por meio convencional com seu elenco protagonista, então colocamos alguém humano, com uma amizade forte com o protagonista e... voilà, o alívio cômico do filme que nada acrescenta para a trama e seus personagens. Jeito Marvel de se fazer filme e roteiros, pessoal gosta, dá certo. Também tivemos ele, o Mandarim original, Trevor Slattery, 'Sir' Ben Kingsley, direto de Homem de Ferro 3... e assim como Awkwafina, ele simplesmente é um alívio cômico do filme, entrega menos do que ela no filme, não está ali para nada, apenas para ser o mediador do animal sem rosto que abre o atalho para Ta Lo. Claro, a culpa não é dele, afinal 'Sir' Ben Kingsley, ator oscarizado, talentosissímo, mas o roteiro, que eu critíco muito, ridicularizou o personagem de Ben e o fez ter essa aparição bem farofa. Por fim, Florian Munteanu faz Razor Fist, Punho de Lâmina, vilão do quinto escalão da Marvel.
Destin Daniel Creston dirigiu muito bem, apesar do roteiro ser bem caricato e simples, teve uma ótima equipe de dublês e coreógrafos que deixaram o filme com cara mesmo de Kung Fu e todos os outros estilos de luta corporal. De encher os olhos. Também teve uma equipe competente que entregou efeitos visuais incríveis, e acho que isso ajudou muito Destin a entregar um filme muito bom, bem feito, com um elenco muito competente, que peca somente no roteiro.
'Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis' foi indicado ao Oscar e ao Critics Awards de Efeitos Visuais perdendo ambos para 'Duna', sendo que ainda está indicado ao Satellite Awards. Venceu o Peopel's Choice Awards de Filme de Ação Favorito, e perdeu na categoria Filme Favorito para 'Viúva Negra'. Ainda foi indicado ao SAG's por Elenco de Dublês, perdendo para 'No Time To Die'.
No final, ainda temos uma cena pós créditos, onde aparecem Bruce Banner (Mark Rufallo) e Carol Danvers (Brie Larson), junto a Wong. Fato curioso é que Brie Larson fez parte do elenco dos dois filmes anteriores de Destin Daniel Creton, 'Luta Por Justiça' e 'O Castelo de Vidro'.
(Assistido em 15/09/21 - Kinoplex Vila Olímpia) (Revisto 24/03/22 - Disney Plus)
'É Stata la Mano di Do' (A Mão de Deus), filme que foi produzido, dirigido e escrito por Paolo Sorrentino, e distribuído pela Netflix e O2 Play, é o concorrente italiano ao Oscar deste ano de Filme Estrangeiro, e até então o filme mais pessoal do diretor italiano, até porque é praticamente um filme autobiográfico.
Se passando na Nápoles dos anos 80, Fabietto Schisa, é um garoto que vive com seus pais e irmãos, porém não tem amigos na escola, nem no bairro onde mora, não tem namorada, e seus pais apesar de estarem felizes, sempre entram em crise por conta de uma amante que seu pai Saverio possui. Fã do Nápoli, Fabietto sonha com que seu ídolo no futebol, Diego Armando Maradona, tenha êxito na transferência para o seu time, assim como seu pai, seu irmão Marchino e seu tio Alfredo. Seu irmão sonha em ser ator, e a família de Fabietto é bem caricata, como muitos tipos e suas singularidades, desde um parente que só fala palavrões, até a esposa de um de seus parentes, Patrizia, que é uma moça bem 'dada', por quem ele tem um desejo sexual muito grande.
'A Mão de Deus' é um filme lindíssimo de Sorrentino que retrata sua adolescência, a maneira como cresceu, as perdas que teve, as experiências pela qual passou, as amizades que fez, e o amadurecimento que lhe brotou.
Sorrentino fez um roteiro que é bem calcado no texto, brilhantemente escrito, sendo que é bem difícil não se sentir entretido pelas conversas jogadas fora, prosas e pegadinhas que a família de Schisa proporcionava, mérito claro tanto de Sorrentino, que escreveu personagens baseado na sua família, tão engraçados e caricatos, quanto dos próprios personagens, que nem coadjuvantes podem ser chamados, já que eles carregam o filme junto com Fabietto e são a alma e coração do roteiro. Nem um pouco arrastado, posso dizer que sim, em alguns momentos do longa, dá-se uma desacelerada...
principalmente depois da morte dos pais de Fabietto.
Alguns momentos de luto um pouco mais exagerados, e algumas passagens que na minha visão não tiveram êxito no texto, como toda a conversa com o diretor de cinema da qual Fabietto idolatrava, ou a segunda ida de Fabietto para visitar Patrizia, que fazer o ritmo dar uma pequena caída. Mas no final das contas, não é nada demais.
Pela sinopse, esperasse um pouco mais de evidência em Maradona e sua estadia no time de Nápoles, um protagonismo maior nessa história secundária no texto, e sua relação na vida pessoal de Fabietto, porém ela fica em terceiro plano (nem em segundo plano fica), algumas poucas (e boas) passagens de Maradona treinando no CT do clube, ou com Fabietto indo ao estádio, ou o Nápoli ganhando o Scudetto. E também, um passagem dramática e ao mesmo tempo engraçada, justamente quando a Itália enfrentava a Inglaterra na Copa do Mundo de 86, onde aconteceu o eternizado lance de Diego fazendo o gol com a mão, no momento da prisão de seu tio Aldo, além uma bela fala de um fato histórico proferido por Alfredo... e logo depois, quando a Baronezza Foccale repreende sua família, por culpá-los pela recente prisão de seu filho Aldo, a mesma leva uma coça da família, exatamente no momento que Diego arranca do meio de campo, driblando meio time inglês, para fazer um de seus gols mais bonitos da carreira e levar a Argentina a final da Copa. Sequência essa toda muito bem escrita e dirigida por Sorrentino.
A Trilha sonora é incrível, bem gostosa, casando bem com o ritmo do filme e criando um sentimento próprio. O mesmo deve-se dizer da fotografia, bem evidente nas cenas que expõe toda a cidade de Nápoles e sua beleza, assim como nas cenas mais afastadas no sítio da família de Fabietto.
O elenco é afiadíssimo e muito competente, como não conhece a fundo o cinema italiano, gostei demais de todos no filme, com destaque pessoal para Luisa Ranieri que fez Patrizia, além de ser lindíssima, que atriz sensacional ela é e como arrasou em todas as cenas em que apareceu no filme. Também destaco Renato Carpentieri que fez Alfredo, ator com faro artístico; Betti Pedrazzi que fez Baronezza Foccale, uma figura; Marlon Joubert que fez o irmão Marchinno, atorzaço sem mais, só faltou mais espaço para ele no filme... e Toni Servillo que fez Saverio, pai de Fabietto, outro que deu show.
Concorreu a Melhor Filme Estrangeiro no Globo de Ouro, Critics Choice Awards, BAFTA, perdendo todos para 'Drive My Car'. Ainda concorreu a Melhor Elenco no BAFTA, perdendo para 'West Side Story'. Faturou o Prêmio Especial do Júri no Festival de Veneza de Melhor Filme, batendo longas como 'Spencer', 'O Acontecimento', 'Ataque dos Cães', 'Madres Paralelas' entre outros. Ainda concorre a Melhor Filme Estrangeiro no Oscar e no Satellite Awards, mas dificilmente irá bater o filme japonês.
'A Mão de Deus' é um filme lindo, tocante, engraçado, inspirador e cheio de vida, com um elenco competente e que entrega tudo em cena, e um protagonista (Filippo Scotti) que cresce em cena em cenas em que estreita sua amizade com o amigo traficante, e óbvio,
'Drive My Car', na minha mais modesta opinião, é uma Obra-Prima do cinema japonês e do cinema moderno.
Baseado em um conto de Haruki Murakami, presente na coletânea 'Men Without Women', Ryusuke Hamaguchi dirigiu e escreveu essa pérola de 2h57 de duração, sobre Yusuke Kafuku, um homem que subitamente perde sua esposa, com quem escreve roteiros e alguns viram peças teatrais pelas mãos de Kafuku. Depois de dois anos da morte da esposa, ainda em luto, ele apresenta uma das peças escritas por ela, "Tio Vânia", em Hiroshima, e os seus contratantes exigem que uma motorista chauffeur o acompanhe durante sua estadia, mesmo contra sua vontade Kafuku aceita. Enquanto monta sua peça, aos poucos, Kafuku estreita laços com Misaki Watari, a Chauffeur que possui um passado que conversa com o passado de Kafuku.
Fazer um filme de quase 3 horas de duração não é uma tarefa fácil, você precisa manter o espectador preso a tela, não pode cansá-lo, não pode embarrigar o meio do filme, não pode deixar o ritmo cair, o texto precisa estar sempre afiado e conversando com o espectador 100% do tempo. Caso contrário, o filme será um provável fracasso, será muito mal falado, desinteressante, e algumas pessoas vão se desconectar da história no meio do filme, ou largá-lo de vez no meio da sessão. Não é o caso de 'Drive My Car'.
Um trabalho estupendo de Ryusuke com o texto, é incrível, pois mantém você antenado em várias vertentes, pois além do enredo em si que envolve Kafuku e sua esposa Oto, temos as entrelinhas das falas da peça "Tio Vânia", que vemos encenada por Kafuku, depois ensaiada pelo elenco montado em Hiroshima, e também falada no carro de Kafuku, com sua mulher em um fita cassete encenando falas, e Kafuku repassando as dele. O trunfo do texto de Ryusuke, é não deixar nada disso confuso, tudo se intercala, e a peça "Tio Vânia" você vai entendo o contexto a medida que ela é mostrada, falada, encenada durante o filme. A peça conversa diretamente com a história recente de Kafuku e Oto, o que deixa muitas coisas explicadas nas entrelinhas da peça.
Outro ponto máximo do filme, os atos... na minha visão, dividido em 3 atos durante o filme: * O primeiro, e mais envolvente que amei de paixão, é Kafuku com sua esposa Oto, e todo o contexto de seu casamento, sua s relações, a maneira como os dois se enxergam, e seu dia-a-dia, até chegar o fatídico dia que Oto se vai, como entrega a sinopse. * O segundo ato, que começa com os créditos iniciais depois de 1 hora de filme, tem Kafuku indo para Hiroshima e montando seu elenco para apresentar a peça "Tio Vânia" na cidade, e como ele lida com elenco e a montagem e leitura da peça. Este é um ato mais instigante, que nos entrega como Kafuku não superou ainda a morte da esposa, e como isso afeta sua relação com o elenco montado para a presentação de sua peça. * O terceiro e último ato, grandioso para mim, se dá na relação estreita entre Kafuku e Misaki, sua Chauffeur, e ali vemos que ambos possuem muitas dores em comum, muitas questões familiares não resolvidas, uma conexão fortíssima pelo que ambos viveram, e observar essa relação chegar em seu ápice, nos escombros da antiga casa de Misaki na neve, é uma das coisas mais lindas da história do cinema, e de um texto lindíssimo e tocante, de um aprendizado magnífico tanto dos dois protagonistas, quanto do público para com o texto apresentado.
Juntando tudo isso, temos a direção impecável e magistral de Ryusuke Hamaguchi durante todo o filme, pegando takes e momentos distintos, tomadas de câmera adequadas e bem posicionadas para nos dar completa imersão das cenas e sentimentos. Temos a peça "Tio Vânia" sendo encenada, e os atores que já interpretam personagens, precisam interpretar outros personagens dentro dos seus já existentes, e Ryusuke consegue montar com maestria esta peça, que nos faz acompanhar atentamente o desenrolar da trama, nos instiga a montar os quebra cabeças do enredo e motivações dos personagens desta peça, que é tão íntima. Das cenas de destaque, para mim, além da cena final nos escombros da casa antiga de Misaki, e a própria cena final do filme com Misaki, cito a cena no carro entre Kafuku e Takatsuki, amante de Oto, enquanto Misaki dirige, e Takatsuki termina o conto da garota que entrava furtivamente na casa de seu namorado de colégio. Outra cena muito íntima e que destrincha o relacionamento de Oto e Kafuku. A cena também, onde Misaki e Kafuku vão jantar na casa de Lee Yoon-a e seu marido, ela que é muda, e temos uma troca bastante interessante entre ela e Kafuku, em uma cena onde a atriz Park Yoon-rim dá um show de interpretação de sinais, ganhando a cena por incontáveis minutos, assim como ela dá show durante todo o filme, principalmente na cena no jardim onde ela tem uma troca com Janice (Sonia Yaun), e mais a frente no fim da peça "Tio Vânia", onde ela interpreta sua personagem na peça, e declama sua fala final, na linguagem de sinais, e também dá outro show.
Mas com certeza minha cena favorita, é a cena de sexo entre Oto e Kafuku, onde ela ao chegar no orgasmo, dá andamento ao seu roteiro que estava em construção e estava empacado, aquele da garota que entrava furtivamente no quarto de seu namorado colegial, e sempre levava algo dele, e deixava um souvenir dela. Essa cena é magistral, incrivelmente bem dirigida e bem interpretada, Ryusuke fez uma de suas melhores cenas nos mostrando uma cena de sexo entre o casal onde primeiro Kafuku tenta recriar a posição sexual que Oto fez com seu amante presenciado por Kafuku, prazer pra ele, nenhum sentimento pra ela. Logo depois, na cama, ela monta em Kafuku e por cima, começa a se movimentar no ato sexual com Kafuku, e ao prosseguir com seu roteiro que começava a caminhar na cabeça dela, movida pela sensação que só ela sente prazer, Oto começa a acelerar seus movimentos sexuais e entrar no orgasmo, e prosseguir com sua história, sem Kafuku sentir nada, nenhuma alegria, nem excitação, nem vontade, apenas um acessório usado por Oto atingir seu ápice. E Ryusuke usa takes que nos fazem entrar naquele coito, com câmeras por cima do casal, ou frontal ao pegar as expressões tanto de Oto quanto de Kafuku, que não atingem o prazer, a satisfação e a troca quando são "usados".
E na cena acima descrita, destaco a GIGANTE atuação de Reika Kirishima, a Oto, a melhor do filme para mim, que realizou uma cena de coito absurdamente incrível e verossímil, uma atriz nata e talentosíssima. Gostei demais dela.
Todo o elenco está ótimo, tanto Hidetoshi Hishijima, como Toko Miura e sua atuação quase inexpressiva de Misaki, inexpressividade que a define enquanto personagem baseado em seu passado e história de vida. Outro ator de destaque foi Masaki Okada, que fez Takatsuki, esteve ótimo em cena em grande parte do filme em que apareceu.
"Drive My Car" possui uma fotografia lindíssima, que nos mostra bem as cidas onde o filme se passa, e nos entrega alguns takes íntimistas belíssimos, e cenas deslumbrantes, nas mais variadas paisagens do filme, seja em cenas internas, como na residência de Oto e Kafuku, como nas cenas na Neve, ou na cena no parque onde eles vão encenar "Tio Vânia". O file também é muito bem editado.
O Arrasa quarteirão desta temporada, levou todos os prêmios de Filme Estrangeiro nas premiações: Globo de Ouro, BAFTA, Spirit Awards, Critics Awards, Cesar Awards, Japan Academy Prize, Gotham de Filmes Independentes. Concorre também no Satellite Awards e acho muito difícil não levar. No OSCAR está indicado em 4 categorias, além de Filme Estrangeiro, Melhor Direção para Ryusuke, Roteiro Adaptado (se ganhar, será merecido), e Melhor Filme. Ainda recebeu indicação no BAFTA para Melhor Direção e Melhor Roteiro Adaptado, perdendo ambos
O último dos Dez filmes indicados ao Oscar de Melhor Filme deste ano, que eu conferi, e já tinha minha torcida e meu prêmio para 'CODA'... que ainda terá minha torcida, mas na minha opinião, e da forma como vi os dez filmes, 'Drive My Car' é o filme para qual eu daria o prêmio de Melhor Filme, e em quem eu votaria no primeiro balote se eu fosse votante da Academia. Ao sair os indicados, eu sempre mencionei que 'Drive My Car' não havia sido indicado á toa, que havia uma razão para ser indicado, e que se está lá, tem grandes chances de vencer. Claro, sabemos que o barulho está encima de 'CODA' e 'The Power of The Dog', mas 'Drive My Car' teria o meu voto, e acho sim que este filme deve e merece ser o Melhor Filme deste ano. Uma obra-prima do cinema japonês sem sombra de dúvidas.
Tinha uma pequena bronca com Encanto, desde que ganhou o Globo de Ouro de Melhor Animação, pelo fato de ser uma animação Disney, ser musical, me remeteu muito a Coco - A Vida é Uma Festa, que levou muitos prêmios, e achava que já era carta marcada nesta temporada de premiações, sem chance para os outros filmes.
Eu o conferi depois de 'Luca', 'Raya e o Último Dragão' e 'The Michells vs. The Machines', e fui achando que não iria me afeiçoar tanto com ele, ainda vendo logo depois do mesmo ter ganho o BAFTA de Melhor Animação. Mas novamente eu quebrei a cara, e mordi minha língua. E isso é para eu aprender a nunca mais ficar com pé atrás com os filmes, e muito menos duvidar da caácidade do (gênio) Lin Manuel Miranda.
Encanto é maravilhoso, e ele ganha muito em dois pontos distintos que se conectam: a simplicidade do roteiro, que te imerge na história com muita facilidade; A qualidade absurda da animação, rica em detalhes, e cores, e na criação de uma vila mágica escondida na montanhas colombianas.
Produção original da Walt Disney Pictures, Encanto embarca em uma história mágica, de um povo que encontra na dança e na música, as principais motivações para tornar a região onde moram em um lugar pacífico, onde todos têm sua contribuição e prosperam igualmente. Todos na família Madrigal têm um dom, um poder que vem da vela que mantém o local protegido, dado acontecimentos passados. Meninos e Meninas passam pela porta onde lhes serão concedidos estes dons, como se fossem mutantes, e então, passam a servir o vilarejo. Porém, Maribel é a única que não recebeu dons, mas quando o local está ameaçado, e a vela pode se apagar, Maribel pode ser a única salvação do povo. Bom, não só ela, mas o seu tio Bruno, também será parte da questão.
A animação é ótima, qualidade absurda, e muito bem feita. De cair o queixo mesmo. O roteiro é simples, sem dar muitas voltas e a história também é direta, traz acontecimentos do passado com a avó e o avô de Mirabel, e segue no presente com Mirabel e os habitantes de Encanto.
Como é um musical, temos muita cenas com música e canto dos personagens, sendo assim, todo mundo tem sua vez no filme de cantar alguma coisa, e todas as músicas são ótimas. Temos a cena de abertura com Mirabel nos apresentando todos os habitantes de Encanto, e talvez esta seja a única cena do filme que pode ser meio enfadonha para alguns, ou chata para outros, ou que não chame tanto a atenção. Mas logo depois o filme segue um ritmo gostoso e logo estamos imersos na história, que pode ser muito simples, mas é muito bem contada.
Dos Orguitas é uma das músicas do filme, letra lindíssima e melodia mais encantadora ainda (o começo me lembrou muito É Preciso Saber Viver do Rei), interpretada por Sebastián Yadra, uma canção que contextualiza o romance dos Avós de Maribel, foi indicada a Canção Original no Oscar, e é um dos pontos altos do filme. Outras canções de destaque são o dueto de Maribel e Isabella Madrigal, com muitas cores na tela, muita coreografia e acrobacias das duas... outro ponto para se citar também, as coreografias deste filme, todos muito bem elaborados e muito bem criados na animação.
Mas com toda a certeza do mundo, o grande destaque do filme é a música "We Don't Talk About Bruno", música genial, gostosa, divertida, chicletona, que vai agradar todo mundo, até o fã mais fervoroso do Cannibal Corpse, ou do Iron Maiden. Essa ficou na minha cabeça o dia inteiro depois de assistir o filme, e qual minha surpresa que a favorita da maioria das crianças que assistem, como Jude Hill, estrela de Belfast, e de outros atores do mundo de Hollywood. Não por acaso, será performada no Oscar deste ano, tal qual destaque ela teve em quem assistiu o filme, e apesar de eu achar legal conferir ela sendo apresentada na premiação, é uma escolha bem controversa, até mesmo porque a mesma se quer está indicada. Bem que poderia ser apresentada no começo da premiação, acertariam no contexto, mas se alguma canção indicada não for apresentada no dia, aí será uma bola fora tremenda dos produtores da Academia.
Todas as canções são méritos do (Gênio) Lin Manuel Miranda, o rei dos musicais, que aqui acertou o corpo, nem foi a mão. Trabalho estupendo de Miranda, com canção indicada ao Oscar, e que engrandeceu demais a qualidade do filme. A Trilha Sonora, que também é ótima e traduz demais os sentimentos do filme, é de Germaine Franco (de Dope: Um Deslize Perigoso), e que está indicado Oscar de Trilha Sonora.Original.
Mirabel é a protagonista e ela é ótima, carismática, engraçada, têm charme, e é a primeira princesa da Disney a usar óculos e não entrar nos padrões de beleza exigidos pela sociedade e a indústria em geral. Mas para mim o personagem mais bacana mesmo é Bruno, dublado pelo veterano John Leguizamo (de Para Wong Foo, Obrigada Por Tudo! Julie Newmar), além de ser bem dublado, Bruno é desengoçado, engraçado na medida certa, tem muito carisma, e aposto que é o tio que muitas crianças gostariam de ter.
Minha única ressalva com o filme é o seu final, muito apressado e sem muitas resoluções, poderiam mostrar o que acontecia depois, dar uma contextualizada e encerrar a história. Ficou tudo muito vago, e um final não condizente com tudo o que foi criado.
Encanto foi indicado no Oscar para Animação, Canção Original e Trilha Original. Concorreu no Globo de Ouro perdendo Trilha e Canção Original. Perdeu o Critics Awards e o Annie Awards (o Oscar das animações) para 'The Mitchells vs The Machines'. Encanto venceu o BAFTA, Globo de Ouro e o Producers Awards de Melhor Animação, e ainda está indicado no Satellite Awards.
É meu favorito junto com Luca nesta temporada de premiações, e mesmo tendo gostado muito de Luca, acho que é justíssimo 'Encanto' levar o Oscar, pois afinal de contas é um trabalho riquíssimo em qualidade e música.
A diretora El-salvadorenha Tatiana Huezo nos trouxe um documentário-ficcional, ou seja, um filme que retrata a realidade das regiões montanhosas mexicanas, dentro de um texto ficcional. Algo que no final comove o espectador, por ser um um roteiro bem criado e transplantado para tela, mas que acontece com certeira frequência sem uma resolução definitiva do governo local.
Noche de Fuego (Prayers For The Stolen nos EUA, A Noite do Fogo no Brasil), se encontra na Netflix, e Tatiana traz um retrato mais singelo e tocante das atrocidades que acontecem em regiões mais remotas do México, onde o Cartel de drogas reina.
Dentro deste 'reinado', os donos, ou traficantes, usam rapazes locais, que são seduzidos pelo (pouco) dinheiro, um certo tipo de poder, e 'presentes' como motos, para serem seus olhos na região, e para traficarem seus produtos em locais específicos. Assim como usa os meninos mais jovens, crianças, para ajudar na contagem e inventário das drogas adquiridas, tendo como pagamento, como mostrado no filme, Coca-Cola grátis.
Fora isto, temos o mais grave e o discurso central do filme, o tráfico de garotas pré adolescentes para o tráfico sexual. No filme (e acredito, óbvio, na realidade), as meninas são levadas a força pelos homens que controlam as drogas da região, para serem usadas no trabalho sexual méxico a fora, e muito provavelmente, não duvido nada, para satisfazerem até sua vontade sexual, uma vez, como é retratado no filme, que ao levar as meninas embora, tendo (ou não) relutância da família em entregar a menina, estes homens assassinam os pais a sangue frio, e no caso das mães, acabam sendo agredidas E estupradas. Como visto no começo do filme, e também mais a frente quando estes homens chegam para levar Ana, e sua mãe Luz a esconde, e um dos capangas quando não a acha em casa, questiona seu comparsa se vão estuprar Luz.
Dentro desta realidade existente, Tatiana cria um texto onde três garotas que são amigas, crescem nesta realidade, e são criadas de um forma totalmente diferente de garotas comuns, se vestindo de uma forma nada feminina, com blusas e calças largas, e algumas delas, como Ana e sua amiga, tendo seus cabelos cortados, como se fossem meninos, tudo isto para evitar que os homens do cartel venham e as levem para seu tráfico sexual. Praticamente uma forma de proteção por parte das mães.
O nosso ponto de vista sobre o que acontece, como acontece, e o que está se sucedendo no local, é o mesmo ponto das três meninas, que vagamente tem conhecimento do que acontece, ou do porque precisam cavar a própria cova para se esconderem, ou o porque de andar de cabelos curtos, ou o porque de se vestir igual os meninos. Elas suspeitam que há algo errado, que nada está certo, mas como são crianças acabam tendo aquela olhar mais ingênuo, afinal elas só querem brincar, se divertir, viver... mas sabem que o perigo sempre as rondam, todos os dias.
O elenco é ótimo, principalmente o elenco mirim focado nas três garotas do filme, suas atuações são gigantescas e nos passam a inocência, o medo, a vontade de viver, a descoberta da puberdade e tudo mais. As três merecem destaque, mas a protagonista Ana, interpretada por Ana Cristina Ordóñez é espetacular. Todas suas cenas são ótimas e regradas de muita naturalidade e uma dramaticidade sem igual. Ela se iguala em drama á atriz Norma Pablo, que faz sua mãe Luz, onde as duas entregam o mesmo nível de drama e força, com sentimentos opostos amalgámados com muito amor.. Umas das cenas de Ana que destaco, é óbvio, a cena onde ela tem seus cabelos cortados e encurtados, onde o choro vem gradualmente e de uma forma real, um sentimento que brota e aflora dela, de dentro pra fora, ao ver um de seus bens mais preciosos, ser tirado de si de uma forma tão violenta, que vem na forma de um corte de tesoura... sentimento este partilhado por sua amiga, que é a próxima a passar por ato tão maligno. Se os homens soubessem o quanto o cabelo é importante pra uma mulher... e na inocência e na interpretação de Ana, da Ana, eu consegui perceber e entender essa importância.
Logo depois o elenco mirim dá lugar ao elenco adolescente, onde as três amigas já se encontram na puberdade, e as atrizes mudam. Elas mudam, mas o nível de atuação não cai, ele permanece, cresce, evolui, sem falar que as atrizes adolescentes têm um nível de semelhança com as mirins absurdo, e a impressão que fica, é que são as mesmas atrizes, parecendo que o filme esperou elas crescerem para terminar de ser filmado. Aqui nós temos a descoberta delas da menstruação, desejos amorosos, conversas sobre beijos e meninos, um olhar mais desejoso, porém ainda inocente, em seus professores, e um entendimento melhor sobre as coisas que acontecem na região, por conta do controle do tráfico de drogas, e o sequestro das meninas que são levadas para fins sexuais.
O longa de Tatiana é lindo, é delicado, trata mais do olhar das meninas do que nos explicar o porque e como acontece o tráfico na região, e sim, como lidam as meninas e adolescentes que convivem diariamente com o medo de serem levadas de uma forma tão brutal e retiradas de suas famílias. O final é impactante e contextualiza tudo o que vimos em quase 2 horas de filme, deixando mais perguntas que respostas e situações em aberto, que é exatamente o que acontece a vida real.
Tecnicamente é muito bem feito, possui uma fotografia modesta, mas muita bem captada e inserida no filme, principalmente as fotografias mais intimas da natureza, que pega os insetos em seu habitat natural, com seus afazeres natural. Além do filme ser muito bem editado, sem sombra de dúvidas.
'Noche de Fuego' concorre a Melhor Filme Estrangeiro no Satellite Awards, e concorreu na mesma categoria no Spirit Awards de Filmes Independentes, perdendo para 'Drive My Car'. Já Tatiana Huezo foi indicada ao prêmio Melhor Estréia em Direção de Filme no Sindicato dos Diretores, o Directors Guild Awards, perdendo para Maggie Gylenhaal e seu 'A Filha Perdida'.
'Noche de Fuego' é um ótimo filme, tocante, necessário, singelo, forte, com uma direção impecável. Para mim, peca apenas em não contextualizar mais a questão do Cartel do tráfico na região, nos contextualizando mais sobre a tomada de poder, e servindo como uma espécie de denúncia, ao invés de ser apenas um retrato da realidade. Poderia ser um texto mais ofensivo, mas entendo muito bem o tipo de filme que Tatiana queria mostrar ao público.
Jon M. Chu, americano de ascendência asiática, foi o diretor do longa 'Podres de Ricos' (Crazy Rich Asians), filme sensação nos EUA em 2019 e que concorreu ao Globo de Ouro de Filme Comédia/Musical na época. Muitos atores e atrizes, asiáticos, do filme foram exaltados e alavancados para grandes produções, como Gemma Chan e Awkwafina. Claro que Jon foi muito elogiado á época pela forma como montou este filme, e o sucesso que se sucedeu, abrindo caminho para o próprio conseguir trabalhos importantes em Hollywood para dirigir.
Eu citei tudo isso, porque Jon M. Chu, na minha opinião, é uma das poucas coisas boas de 'In The Heights' (Em Um Bairro de Nova York, no Brasil), e talvez Jon tenha até se superado perante 'Podres de Rico' com este filme em termos de direção.
'In The Heights' foi a primeira obra do queridinho do momento em Hollywood, da Broadway e da Disney, Lin Manuel Miranda (Gênio), a ver a luz do dia na Broadway, e levou mais de uma década para chegar em forma de longa metragem aos cinemas. Lin Manuel produz, roteiriza, escreve as músicas e é compositor da Trilha sonora do filme, e ainda faz uma pequena ponta. Foi o seu primeiro musical de sucesso, e obviamente tinha que chegar em formato de longa metragem, pois tem muito potencial... porém, na minha visão, o filme deixa muito a desejar, menos tecnicamente.
O Musical de Lin Manuel Miranda, trata dos Heights, um bairro de Nova York que é predominantemente habitado por latinos, desde cubanos, a porto-riquenhos, a dominicanos e por aí vai... todos eles batalham nas ruas e em seus empregos todos os dias neste bairro que sempre faz mais de 30 graus por dia, e sua grande maioria de residentes têm sonhos que um dia deseja realizar. Um deles é Usnavi (Anthony Ramos) protagonista do filme, e assim todos seus coadjuvantes, como Vanessa (Melissa Barrera, do mais recente Pânico), Nina (Leslie Grace, cantora e futura Batgirl) e Benny (Corey Hawkings de A Tragédia de MacBeth), entre outros.
Conforme eles vão sendo apresentados, assim como o bairro, vamos descobrindo mais de seus sonhos para o futuro, e algumas de suas inseguranças e fracassos, tudo isso, óbvio, regado a muita música. O problema para mim é fato de o filme ser demasiadamente arrastado, muitas canções originais do filme, não soaram bem, algumas se tornam chatas, outras muito caricatas, outras são sem alma, beirando ali o piegas. Muitas das cenas que entram uma música cantada por algum ator/atriz, são desnecessárias, servem apenas para poluir o roteiro, para encher linguiça sem sentido. O que faz o filme se arrastar muito e cansar bastante quem for assistir.
Além de algumas das músicas do filme serem um pouco chatas ou sonolentas, o pior é o elenco feminino cantando no filme, centrado nas duas principais, Melissa Barrera e Leslie Grace. As músicas chatas demais na voz delas, muito sem alma, sem emoção, sem brilho... a impressão que se passa, é que elas estão mais preocupadas em cantar bem, afinadas, atingindo notas altas, mas esqueceram de passar emoção, cantar com o coração, afinal ela gravam em estúdio para dublar, o que querendo ou não deixa tudo mais plástico. Isto vindo de Leslie Grace, que é cantora, é mais gritante ainda.
As atuações também não são nada demais, tanto de Anthony, como de Corey Hawkings, e principalmente de Leslie e Melissa. Leslie não está tão mal assim no filme, mas quando dubla e canta suas músicas, cai demais de produção pra mim, e nas demais cenas até que faz um trabalho bacana, decente, principalmente contracenando com Corey Hawkings. Já Melissa Barrera, que faz Vanessa, de longe foi a mais CHATA do filme... sua personagem é xarope demais, não sabe o que quer da vida, quando descobre não sabe como ir atrás, se emburrece com tudo, principalmente quando não tem ninguém para se divertir com ela nos clubes, e nenhum homem para dançar. Gosta de Usnavi, mas dificulta demais as coisas pra ele por nada, esnoba os outros caras (até que com razão), mas se fecha no seu mundinho, onde se considera azarada, nada dá certo, estou perdida, não arranjo um namorado legal, e quem gosta de mim não vou facilitar para me fazer de díficil. Sem falar que dubla muito mau suas canções no filme, e canta sem emoção nenhuma... atuação muito abaixo para o par romântico do protagonista. Atuações boas que destaco no filme mesmo são, Olga Merediz, como a abuela Cláudia... e Daphne Rubin-Vega, como Daniela, dona do salão de beleza. Atuam muito bem, são experientes, e cantam bem suas canções.
O que posso elogiar muito do filme é sua direção, pois Jon M. Chu fez um milagre com este filme. Sua direção é perfeita, com destaque para as de dança coreografadas do início do filme, e da piscina, além da cena na boate onde acontece o apagão, e principalmente a cena onde Corey Hawkings e Leslie Grace andam, cantam e dançam na parede do apartamento onde moram, e Jon filma como se eles estivessem no chão, a gravidade muda e é um truque de câmera diferente e original para um filme musical...muito bom mesmo. Sua direção é ótima e realmente é o que se salva muito, mas muito o filme.
A fotografia também é muito boa, assim como a cenografia do filme, os figurinos, tudo muito bem construído, com os melhores profissionais. Chris Shriver foi o Diretor de Arte, que trabalhou em 'John Wick 1' e 'O Lobo de Wall Street'. Já Alice Brooks que acertou demais na fotografia, trabalho em 'tick, tick... Boom!', e repetiu o bom trabalho do longa anterior. Nelson Coates, que foi o cenografista, que salta aos olhos neste filme, trabalho competente demais, trabalhou na trilogia de 'Cinquenta Tons de Cinza', além de já ter trabalho com Jon M. Chu em 'Podres de Rico'. Se cercou bem de profissionais Jon, e por isso que tecnicamente o filme é muito bom, salta aos olhos e salva a gente quando ele se arrasta e se arrasta com músicas sem sal, e atuações sem brilho.
Não acho este um musical ruim de Lin Manuel Miranda, muito pelo contrário, ao assistir o filme você irá perceber que a história tem potencial, ela é agradável e atraente, predomina seus personagens latinos em um bairro norte americano. O quão incrível é isto. Mas eu acredito que ele deva funcionar mais mesmo no palco, é um musical para ser exibido em forma teatral, aos meus olhos, na minha 'visão de cinema', não casou bem com o formato de longa metragem... acho que faltou uma revisada a mais no roteiro, dosar algumas cenas, cortar algumas falas, arrumar um pouco mais o texto... 2h22 de um filme musical que se arrasta em canções cantadas por um elenco que se esforça, mas é difícil se emocionar, é pesado demais para o espectador, poderia ser um pouco mais curto, sem chegar as duas horas de duração e ser mais direto em algumas relações do roteiro. Acho que pode saltar mais aos olhos dos americanos que amam um musical... por aqui nestas bandas, vou chutar que, se não emocionar e se acabar se arrastando demais em canções de diversas e não andar com o roteiro, as pessoas não vão gostar e vão chiar.
Foi indicado ao People's Choice Awards em Filme Drama, perdendo para 'Cruella'; Anthony Ramos foi indicado para o Globo de Ouro em Ator Comédia/Musical, perdendo para Andrew Garfield. E no Satellite Awards, foi indicado a Melhor Filme Comédia/Musical, além de uma indicação para Anthony Ramos para Ator em Comédia/Musical e para Atriz em Comédia/Musical para Melissa Barrera.
Na minha opinião, as indicações no Satellite Awards de Filme e Ator, até deixo passar, vale a lembrança e nada mais. Mas a indiação da Melissa Barrera a Melhor Atriz, é de um mau gosto, de uma má vontade, de uma falta de caráter por parte do corpo votante, que grita de ridículo. A menina foi sem sal demais no filme, atuação apagada, mimada, sem brilho, sem presença...nossa, sofrível. Um papelão esta indicação. Poderiam ter um senso mais crítico e ter indicado Daphne Rubin-Vega para Atriz Coadjuvante, e principalmente, deveria ter colhões para indicar Jon M. Chu para Melhor Diretor, essa lembrança sim seria muito mais condizente com a premiação e com o trabalho feito em um filme tão chocho.
Sofri para terminar o filme, depois de 40 minutos estava muito querendo largar, e o filme deu uma pequena melhorada logo após o blecaute acontecer, com uma virada de roteiro bem batida, tão comum, que no fim das contas, foi acertado e fez o filme andar um pouco, para chegar em sua meia hora final e se arrastar e arrastar em canções sem muito conteúdo e um final beeeem piegas. Ainda acho que funciona melhor no palco... Jon M. Chu merece todo o crédito por inovar na direção deste filme, que Diretor!!!
Tori e Lokita
3.8 8Um dos favoritos para vencer a Palma de Ouro, acabou levando o prêmio honorário em Cannes. Foi muito bem falado pelos críticos especializados no Twitter... mais um que vou conferir.
Joyland
4.0 17Outro filme muito bem falado em Cannes
Era Uma Vez um Gênio
3.5 159 Assista AgoraAnsioso
Os Irmãos de Leila
4.2 12Com certeza vou conferir
Armageddon Time
3.3 46 Assista AgoraQue elenco 2
Holy Spider
4.0 120 Assista AgoraOutro filme vencedor em Cannes que promete muito.
Decisão de Partir
3.6 143Quero ver logo no cinema.
Eo
3.3 96 Assista AgoraVencedor do prêmio do Júri, vi que esse filme de pouquinho mais de duas horas tem como protagonista um burro e quase ou praticamente, zero de falas.
Provavelmente um filme que eu irei me emocionar, pois sou amante demais dos animais.
Em breve também.
Stars at Noon
3.0 8 Assista AgoraStars at Noon ganhou o grande prêmio do júri em Cannes, mas foi tão criticado pelos críticos em suas páginas oficiais no Twitter... não vi um elogio sequer ao filme. Falaram mal do roteiro da direção...enfim.
Obviamente eu vou conferir, temos também Marquaret Qualley de 'Maid' e 'Once Upon A Time in Hollywood' no elenco. Aí então tirarei minhas conclusões.
Close
4.2 490 Assista AgoraVencedor do Grande Prêmio no Festival de Cannes
Crimes do Futuro
3.2 263 Assista AgoraFalar o que do Cronenberg né, ansiosíssimo para conferir este trabalho tão badalado no Festival de Cannes.
O tapete do longa em Cannes foi absurdo... Léa Seydoux e Kristen Stewart reinaram e brilharam e foram o assunto da semana. Na verdade, Kristen foi a personalidade do mês porque o que foi falado dela, em Cannes, fotografada, tietada, capas de inúmeras revistas...é o ano dela praticamente.
Ansioso para estrear logo aqui nos cinemas.
Triângulo da Tristeza
3.6 730 Assista AgoraO grande vencedor da Palma de Ouro de Cannes... vou conferir com certeza
Broker - Uma Nova Chance
3.6 29Um dos filmes mais comentados neste festival de Cannes...á conferir.
Doutor Estranho no Multiverso da Loucura
3.5 1,2K Assista AgoraUma pergunta que sempre vai estar na minha cabeça: Como seria este filme com Scott Derrikson na direção?
Derrikson saiu por "diferenças criativas", que é a desculpa oficial da Marvel Studios quando um profissional deixa o cargo de diretor de algum filme. Patty Jenkins e Edgar Wright que o digam.
Não dá pra saber a quantas estava o roteiro do filme quando Scott Derrikson ainda era o diretor, e o quanto esse roteiro mudou quando Kevn Feige chamou Sam Raimi pra assumir o posto. Um chute meu, de bem longe, é que Derrikson queria contar uma história diferente da que Kevin Feige idealzou depois dos eventos de Vingadores Ultimato. Não á toa, Doutor Estranho levou 6 anos para ganhar uma continuação (contando os atrasos por conta da pandemia e as regravações de final de ano). Nesses anos todos, a visão que Feige tinha para o segundo filme, pavimentando um caminho para o futuro do MCU, começou a divergir do que Derrikson queria adotar para seu filme.
E o quão acertado foi trazer Sam Raimi para o longa... ele não só colocou sua identidade para o filme, como manteve uma das premissas que compõe essa fase 4 do MCU, que são produções completamente diferentes do que foi os filmes da 'Saga do Infinto'.
Já tivemos ode ás séries de TV americanas, viagens multidimensionais, cultura egípcia, assinatura da oscarizada Chloe Zhao, cultura asiática... e agora um filme com elementos de terror e horror (mias horror do que terror).
Pra quem é fã de Raimi como eu, vai enxergar nitidamente os traços de suas grandes obras no longa, como não poderia deixar de ser, afinal eles está no MCU, hoje a grande audiência do mundo cinematográfico (para desespero dos haters), uma grande vitrine, e ele teve a chance de mostrar elementos de filmes que o consagraram para angariar uma nova geração de fãs, que não está familiarizado com filmes antigos, mostrar sua assinatura e fazer uma ode a sua carreira cinematográfica.
Está tudo ali, claro que principalmente, sua maior obra, "Evil Dead", praticamente todos os elementos do longa está lá... o suspense, o horror 100%, o terror um pouco mais comedido, é claro que teríamos um zumbi na forma do "Defensor Strange" que recebeu a possessão onírica de Strange, a Wanda da terra 838, possuída oníricamente pela Feiticeira Escarlate, e naquela sequência da perseguição do túnel que o Estranho enche de água, ela lembra demais uma zumbi também.
E, fora isso, ele também traz pequenos elementos de "Darkman - Vingança sem Rosto", um de seus primeiros trabalhos, e clássico absoluto dos anos 80 que vivia passando na 'Tela Quente'... vemos pequenas homenagens a filmes como "Carrie - A Estranha", "A Noite dos Mortos Vivos", com aquela clássica cena do "Defensor Strange" possuído por Strange colocando a mão pra fora de seu túmulo (clássico demais, impossível não sorrir nessa cena)... além de termos aquele efeito sonoro do terceiro olho, em forma de acorde de guitarra, fazendo uma ode ao personagem Ash que possuía som semelhante nas continuações de "Evil Dead".
Falando em Ash, como já é praxe em todos os filmes de Sam Raimi, coisa que também aconteceu na trilogia de Homem-Aranha, Bruce Campbell faz uma pequena ponta no filme, uma piadinha bem sacada que termina somente na última cena pós créditos.
Dois pontos para se destacar neste filme de forma muito positiva: a primeira é Danny Elfman, compositor que já fez inúmeras trilhas de filmes, já trabalhou com Sam Raimi na trilogia "Homem-Aranha" e "Oz: Mágico e Poderoso", e eterno vocalista da banda Oingo Boingo (quem nunca ouviu Stay e Just Another Day?). Elfman é mestre demais na arte da composição cinematográfica, e seu trabalho aqui é de altíssimo nível, todas suas composições casam perfeitamente com as cenas propostas, elevando o nível de ação, suspense e horror do filme, só mesmo Danny e seu olhar certeiro para casar som e imagem de forma tão perfeita e contundente.
O segundo ponto é para mim, a melhor cena do longa inteiro> 'A Batalha musical'... Stephen Strange vs Stephen Strange de outro multiverso, no fim dos tempos, entram em uma batalha de magos regadas a notas musicais de uma partitura de piano e acordes de instrumentos musicais com uma harpa , onde cada magia, cada movimento hostil, era recebido como um golpe de ondas sonoras, eles tomavam posse magicamente das notas musicais e fizeram uma batalha orquestral, rica também visualmente com bons efeitos visuais... um trabalho primoroso de Danny, Raimi e da equipe de pós-produção.
Em termos de roteiro, devo confessar que ele é bem simples, pouco trabalhado e pouco desenvolvido, o roteiro apenas determina o herói, a vilã, o personagem a ser salvo, a trama, e não há muito espaço para crescimento de texto, evolução de argumento, entre outras coisas. Você sai do ponto A, para o ponto C, e no meio do filme se aventura no ponto B, premissa máxima da grande maioria dos filmes que possuem roteiros simplistas e focam no visual, ou nas cenas de ação. Pode ser culpa de terem demitido o antigo diretor, trazer um novo, e não ter tempo suficiente para reescrever um roteiro que poderia ser melhor trabalhado.
Em questão de Multiverso, que muita gente anda criticando pelo filme não ter adentrado muito a isso, é perda de tempo falar, quando nos tempos de hoje qualquer coisa feita é criticada gratuitamente, quando uma obra não sai ao gosto do espectador, que só quer assistir coisas boas, e quando vê algo que não cumpre suas expectativas, a internet é o meio de ele 'meter o pau'.
Até eu achava que teríamos mais multiversos apresentados no filme, com diferentes versões de personagens já apresentados. mas acabaram deixando isso em "What If?" e brincaram pouco com isso em "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura". E convenhamos, em um filme de duas horas, você enche-lo com multiversos, com um roteiro já simplista, iria ficar um resultado final aquém do esperado.
A surpresa mesmo ficou por conta dos heróis da terra 838:
Os Iluminatti, que nos quadrinhos possui outra formação, aqui tem a liberdade criativa de ser uma equipe de outro universo inspirada nas contrapartes de personagens mostrados em "What If?", "Capitã Marvel", no próprio filme do Estranho, em filmes de outros estúdios (quem diria), de séries esquecidas pelo próprio estúdio (alô Anson Mount, foi ótimo te rever no personagem) e o mais surpreendente de todos, nas conversas de fóruns de internet (Twitter especificamente) que defendiam que aquele ator, deveria ser aquele personagem... e aqui foi...(quem diria 2). Não vou citá-los para não estragar a surpresa, mas vocês sabem quem sou todos eles que citei.
Outro ponto negativo, foi a personagem Christine, de Rachel McAdams, muito mal finalizada neste filme. Uma sacada genial foi fazer Christine ser totalmente relevante à história no universo 838 que Estranho e America Chavez visitam. Realmente souberam como usar a personagem ali, e ficou muito mais interessante acompanha-la lá, passa longe de ser só um interesse amoroso, e uma mulher que precisa ser salva, para ser parte importante no roteiro com seus próprios méritos.
Mas e a 'nossa Christine'? Ficou sem conclusão, sem fechamento, depois do começo do filme onde ela se casa e avista o Stephen lutando contra Gargantos (ou seria Shuma Gorath?) ela simplesmente some e não é mais vista... faltou uma atenção melhor nesse quesito para com a personagem. Desperdiçam ela 'aqui', e a valorizam 'lá', querendo ou não, é um pequeno erro de visão e de ideias.
Xochitl Gomez, que efz America Chavez foi a surpresa do filme, ótima atriz, caiu como uma luva na personagem... não conheço nada da America, estou atrasado nos quadrinhos e estou bem longe de quando ela aparece na Marvel, portanto não li nada dela e fui virgem para acompanha-la nas telonas. Aceito o que me foi apresentado, e por ora, me baseio apenas na interpretação de Xochitl... para ela, nota 9.
Já o restante do elenco é chover no molhado, Benedict Wong, Shiela Atim, Chiwetel Eijofor, todos estiveram muito bem no filme e em seus personagens.
Michael Stulbergh volta para uma pequena ponta no começo do filme. Os atores que deram vida aos personagens do grupo Iluminatti, caramba, PERFEITOS, já citei o Anson Mount, mas os demais... e aquela musiquinha em forma de violino que toca quando 'ELE' aparece, da abertura da série clássica dos anos 90? Só não gritei porque eu seria o único passando vergonha no cinema (mas por dentro eu gritei).
Já Elizabeth Olsen... que atriz não é senhoras e senhores... acho não, foi a melhor interpretação dela de Wanda Maximoff/Feiticeira Escarlate no MCU, só aquela cena acima de Kamar-Taj, com ela citando todo aquele discurso que termina dizendo, 'essa sou eu sendo razoável', aquilo ali é aula de interpretação, de amor ao personagem, de amor aos fãs... de indicação pra qualquer uma premiação, mesmo que seja da MTV.
(Mas fiquei com um ódio da Wanda, mas um ódio, mas um ódio...maior do que tive por ela nos quadrinhos durante a saga 'Dinastia M").
"Doutor Estranho no Multiverso da Loucura" é um bom filme, é muito bem feito, infelizmente mal roteirizado, mas no que se propõe, mais acerta do que erra... quem se frustar com o filme porque esperava isso e entregaram aquilo, azar, aí o problema é com suas expectativas e seu gosto e não com a produção feita. Em comparação com o primeiro filme, peca em termos de roteiro e no visual, pois no primeiro temos simplesmente o mundo espelhado. Mas é sim um bom filme, com outra proposta, muito bem idealizada pelo mestre do gênero horro Sam Raimi.
Ah, e temos Charlize Theron no final, só isso... que venha a Clea (personagem também que não conheço quase nada nas HQ's, nem o básico... só conheço de nome e visual, ou seja, assim como Wong, mais um personagem do quinto ou sexto escalão da Marvel, exclusivamente do núcleo do Estranho que ganhará uma enorme notoriedade no MCU).
Assistido em 04/05/2022 Cine Marquise)
Reassistido em 25/05/2022 Vibra Open Air)
Free Guy - Assumindo o Controle
3.5 579 Assista Agora'Free Guy' é aquele típico filme leve, bolachão, sem compromisso, para divertir quem vai no cinema num fim de semana única e exclusivamente para ter um bom entretenimento.
Os roteiristas Zak Penn (do MCU) e Matt Lieberman acertaram a mão em cheio neste quesito entretenimento, pois 'Free Guy' diverte desde o momento que começa, até a começar a subir os créditos finais.
Dirigido por Shawn Levy (de O Projeto Adam e do vindouro Deadpool 3) e protagonizado por Ryan Reynolds (os dois trabalharão juntos nos dois filmes citados), 'Free Guy' não se preocupa em ter um ar linear e uma preocupação com a provável realidade, parte-se de uma ideia onde um personagem de jogo de videogame vence sua programação e ganha consciência, e precisa fazer de tudo para que seu mundo e sua existência não acabem, ou seja, vai ter que fazer com que os demais personagens vençam suas programações e comecem a ter ideias próprias para 'salvar o mundo' (deles!).
É divertido, é engraçado, tem alguns fans services para gamemaníacos, e cenas ótimas de ação e efeitos visuais... cenas ótimas mesmo, os efeitos do filme são de tirar o chapéu e deixa qualquer espectador animado com cada sequência que é apresentada em tela.
Jodie Comer (Killing Eve) faz a heroína/interesse amoroso/justiceira/vítima Molotov Girl, a garota por quem Guy é apaixonado, e a mesma entra no jogo apenas para poder descobrir como derrubar a empresa que produziu o jogo, que roubou sua ideia original.
Comer está ótima no filme, além da conta, está super divertida e faz um papel no mundo real, uma garota determinada mas com muitas incertezas e pontos fracos, e dentro do jogo, ela como Molotov Girl é simplesmente fodona/BadAss. Gostei demais dela, entrega exatamente o que o filme pede, o que Shawn Levy pede.
Molotov Girl tem a ajuda de seu ex-parceiro de criação do jogo original que foi roubado, Keys (Joe Kerry de Stranger Things), ele trabalha na produtora do jogo e assim que percebe que eles plagiaram o seu jogo, usando a mesma 'engine', resolve se unir a Molotov Girl para derrubar a empresa. E Joe Kerry está bem, no mesmo nível que ele entrega na série original da Netflix.
O dono da produtora do jogo é nada mais nada menos que o gênio moderno Taika Waititi (diretor de Thor Ragnarok e Jojo Rabbit), que faz o papel de Antoine, excêntrico, sarcástico, afrontoso, louco, maníaco, tudo o que de ruim e engraçado pode se ter em um vilão de filme descompromissado... ruim no bom sentido tá gente!
Taika dá um show, na minha opinião, e seu personagem é odiável, você bronca dele muito fácil, mas reconhece que ele é uma figura engraçada... mas odiosa.
No filme ainda temos Chaning Tatum (o ex-Gambit) fazendo um Avatar dentro do jogo, Chris Evans em uma pequena ponta no longa, Hugh Jackman fazendo a voz de um personagem dentro do jogo, uma mascarado no beco que ameaça a Molotov Girl, Tina Fey (de Saturday Night Live) fazendo também a voz de uma personagem, assim como John Krasinski (Um Lugar Silencioso)... Dwayne 'The Rock' Johnson dá voz a um personagem ladrão de banco também.
A trilha sonora é ótima, muito bem composta e interpretada, casando com momentos do longa de ação ou de quase suspense, sem falar no tom aventuresco característico de filmes desse estilo. Ela foi composta por Christopher Beck que já fez trilhas para os dois filmes do 'Homem-Formiga' e 'No Limite do Amanhã', ou seja, ele tem experiência com blockbusters de ação.
A direção de Shaw Levy é maravilhosa, ele faz um filme de aventura gostoso de se assistir, criando personagens mais do que carismáticos, um vilão 'vilão' mesmo, com muitas pontas amarradas e piadas certeiras e cenas de encher os olhos e bem sacadas.
Levy sabe o que faz com o roteiros em mãos e sabe como postar seu protagonista no longa, ele e Reynolds tiveram uma ótima química que com certeza será recompensada em elogios nos dois filmes vindouros onde os dois trabalharão juntos, uma vez que 'Free Guy' foi sucesso de crítica e público e seu adiado lançamento por conta da pandemia.
O longa teve 1 indicação ao Oscar e BAFTA na categoria de Efeitos Visuais perdendo para 'Duna', indicação justa pois os efeitos, como já disse acima, estão bem acima da média, foram bem generosos com o orçamento nesse ponto.
Também foi indicado ao Critics Choice Awards para Melhor Comédia, perdendo para 'Licorice Pizza'... como disse Glória Pires, 'Não tenho como opinar', a categoria foi bem fraca neste ano. O longa venceu apenas o People's Choice Awards na categoria Melhor Comédia.
Só posso dar elogios para 'Free Guy', um ótimo filme de ação/aventura, não tanto inovador, mas que entretém e é muito bem feito e produzido. Nota-se que o trabalho é redondo e feito por pessoas competentes por todos os lados, não só na frente das câmeras.
(Maio/2022)
Homem-Aranha: No Aranhaverso
4.4 1,5K Assista AgoraO Homem-Aranha eu conheço de cabo a rabo, e por ser uma origem muito similar á dos quadrinhos, boa parte do público também conhece bem o Homem-Aranha, seja dos filmes, seja dos desenhos animados. Mas... confesso que o Homem-Aranha eu não conheço (rsrsrs)
Miles Morales foi o Homem-Aranha criado por Brian Michael Bendis (o Gênio por reinventar o Demolidor, Vingadores e criar a Jessica Jones e Eco) e Sara Pichelli na revista americana 'Ultimate Spider-Man', em um universo alternativo da Marvel criado para contar histórias sem as amarras de continuidade que prendiam as revistas periódicas. Neste universo 'Ultimate' Peter Parker foi o Homem-Aranha por boa parte de sua adolescência, trabalhou como Web-Designer, namorou a Mary Jane e a Kitty Pride (dos X-Men), e revelou sua identidade para a Tia May. Acabou morrendo nas mãos do Duende Verde, e após este acontecimento, Miles Morales acabou ganhando poderes aracnídeos de forma quase semelhante á Peter, e se tornou o novo Homem-Aranha daquele universo. O sucesso de Miles foi tanto, que após o fim da linha Ultimate, ele foi incorporado ao universo tradicional da Marvel na saga 'Guerras Secretas'.
Infelizmente, até hoje não li esse arco do Miles Morales, nem no Ultimate e nem no Principal, sou xarope e gosto de ler tudo na ordem, e estou 13 anos atrasado nas histórias e não cheguei ainda nesta parte. Portanto conheço pouquíssimo do Miles.
O que posso dizer é que Bendis e Pichelli criaram um personagem muito carismático e que conquistou o público de imediato, tem origem latina, é negro, e Bendis presta uma homenagem a Stan Lee, dando a ele nome e sobrenome com a mesma letra (como Reed Richards, Scott Summers, Bruce Banner, Peter Parker, etc)
Sobre o filme animação... que trabalho estupendo. Um traço completamente diferente do que estamos acostumados a ver hoje em dia nos filmes de animação, uma construção de ambiente magnífica, detalhada, colorizada, quase como se fosse uma mistura de giz de cera e guache.
Roteiro absurdo, tudo bem redondinho, bem criado, todo mundo muito bem apresentado, bem escrito, bem construído, gostoso de acompanhar, respeitando muito o trabalho original, seja de Miles, seja de Peter.
O mais bacana foi ver como tiveram um carinho especial e tempo de tela para apresentar Miles para as pessoas que não o conhecem, respeitando bem sua origem nas HQ's (pelo pouquíssimo que sei) e também os coadjuvantes que o cercam, como seu pai Jefferson Davies (dublado por Brian Tyree Henry de Eternos), sua mãe Rio Morales (dublada por Luna Lauren Velez) e seu tio Aaron Davis (dublado por Mahershala Ali de Moonlight).
Uma boa história de origem para um Aranha novo para a grande maioria do público e depois de tudo apresentado, começa o foco nos eventos que levam ao Aranhaverso, sendo que primeiramente é apresentado o Homem-Aranha do universo de Miles. Este Peter Parker já é bem ovacionado pelo público e bem sucedido, praticamente um rockstar, amado pelos nova-iorquinos, uma origem quase semelhante a de Tobey Maguire com um Duende um pouco diferente, mas os demais vilões mais parecidos com o que conhecemos. Este Aranha é dublado por Chris Pine (de Mulher-Maravilha) e sua esposa Mary Jane é dublada por Zoe Kravitz (X-Men Primeira Classe) e a Tia May por Lily Tomlin, vencedora de seis Emmys.
Logo depois um outro Homem-Aranha de outro universo cai na cidade de Miles, e ele ´já é um Aranha mais experiente, 8 anos nas costas de vigilantismo, casou e se separou da MJ, enterrou sua Tia May, está fudido e mau pago. Ele é dublado por Jake Johnson (New Girl). A partir daí surgem os demais Aranhas, o Noir, que vem diretamente dos quadrinhos, dublado pelo monstro Nicolas Cage; a Peni Parker, futurista dublada pela Kimiko Glenn (Orange is the New Black), Spider-Ham, o Porco-Aranha bem cartunesco dublado pelo John Maluney (de Tico e Teco) e mais famosa de todos, a Spider-Gwen, dublada pela Hailee Steinfeld (de Gavião Arqueiro).
A Spider-Gwen vem de um universo onde ela é picada por uma Aranha radioativa no lugar de Peter, e após não conseguir salvar seu melhor amigo, ela decide usar seus poderes para salvar outras pessoas se tornando a heroína aracnídea. Vinda diretamente também dos quadrinhos onde ela fez um MEGA sucesso, é outra personagem que ainda não cheguei em seu arco.
Dos dubladores ainda temos Liev Schreiber (Ray Donovan) como Rei do Crime (perfeito no filme), Kathryn Hahn ( a Agnes de WandaVision) como a Dra. Octopus (outro acerto do filme), Lake Bell (a Viúva Negra de 'What If?') como Vanessa Fisk, Marvin Krondon Jones (de Raio Negro) como Lápide e Donald Glover como Troy Barnes, sendo que Glover faz o tio de Miles no Homem-Aranha De Volta ao Lar.
Como vozes aleatórias temos Oscar Isaac, além de Stan Lee interpretando a si mesmo, sendo sua última aparição em um projeto Marvel em vida.
Não nego que e alguns pouquíssimos momentos, o filme se perde em algumas explicações e em alguns contratempos vividos tanto por Miles, quanto por Peter. Não chega a atrapalhar a experiência, mas fica bem notável que o roteiro começa a se perder, a sair das mãos de Phil Lord, Brian Bendis e Sara Pichelli, mas logo no arco final, as coisas voltam aos eixos e temos um encerramento bacana e bem quadrinhesco. Este outro ponto a ser ovacionado no filme, toda sua temática em tela é quadrinística, com balões de pensamento, quadrados que nos situam onde se passa tal ato e outros pontos.
Uma animação feita com muito zelo, amor, carinho, atenção, nos mostrando o melhor que o Homem-Aranha tem, tudo o que o faz ser especial, os motivos que o fazem vestir o traje, de fazer o que faz, do porque é respeitado e o porque é tão amado pelo público e pelas pessoas que o cercam, sua família e amigos. Não uso a palavra 'essência', porque detesto esse termo.
'Homem-Aranha no Aranhaverso' foi um arrasaquarteirão (parafraseando uma das histórias de Bendis no universo Ultimate) nas premiações de 2019, levando o Annie Awards (o Oscar das animações), o Prêmio do Sindicato de Melhor Animação, O BAFTA, o Globo de Ouro e o Critics Awards de Melhor Animação, além é claro de levar o cobiçado Oscar de Melhor Animação. Ou seja, levou tudo, e levou merecidamente. Nunca uma animação mereceu tanto.
Depois de conferir o filme, eu ainda considero Homem-Aranha 2 o melhor filme do Aracnídeo, mas coloco facilmente o Aranhaverso em segundo lugar empatado com Homem-Aranha 1.
Uma obra para deixar qualquer fã do Amigão da Vizinhança orgulhoso.
(Maio 2022)
A Pior Pessoa do Mundo
4.0 602 Assista AgoraDirigido e roteirizado por Joaquim Trier, com assistência de Eskil Vogt, 'A Pior Pessoa do Mundo' fez muito barulho no Festival de Cannes, e também na Palma de Ouro ano passado, e começava a trilhar um caminho que visava levá-lo as premiações Hollywoodianas, e também o BAFTA, o principal prêmio do cinema britânico, que engloba também produções do resto da Europa de destaque.
Filme que representou a Noruega no Oscar de Filme Internacional, 'A Pior Pessoa do Mundo' com certeza está na lista dos 10 melhores filmes do ano passado, e justamente recebeu muitas indicações na temporada de premiações, muito graças ao roteiro de Joaquim Trier e da interpretação da belíssima e talentosa Renate Reinsve.
Dividido em 12 capítulos e 1 prólogo e 1 epílogo (parece muito, mas coube no filme), Julie busca se encontrar na vida, busca se encontrar, e no meio de tudo isso se perde várias vezes. Ela é aquela tipo de mulher adorável que é impossível, você como homem, não se apaixonar, muito meiga, feminina, pra ela tudo é muito intenso, sabe flertar, conquista nos pequenos detalhes, no charme imperceptível... mas tem aquele famoso grande defeito, quando enjoa, enjoa... um dia vai acordar e se perguntar o que está fazendo da vida, que quer mais, que quer menos, que não sabe o que quer, e quem paga o pato, é o parceiro, pois ela vai picar a mula e ele vai ficar sem entender.
O ponto principal é que Julie busca tanto um sentido pra viver, ou fazer as coisas que faz, ou tentar ser algo maior do que ela pode ser, que apenas no final percebe que o que importa é estar lá, presente, fazendo, vivendo, sem preocupações, aspirações, questionamentos, metas... ela precisa apenas ser quem ela é, Julie, ser único, com acertos e defeitos. Impossível uma pessoa não se conectar com uma personagem assim, ou com uma história assim, tão corriqueira, tão normal para os padrões atuais.
Acho que é um dos melhores roteiros de Joaquim Trier, algo tão humano, com alma, engloba todos os tipos de pessoas, raças, gêneros... de uma personagem que ele criou tão perfeita, mas perfeita em termos de construção de personagem, é um personagem que parece que existe na vida real, de tão igual que ela é com inúmeras pessoas ao redor do mundo. Assim como seus coadjuvantes... ou seja, um filmaço, um roteiro magnífico, personagens mais do que carismáticos, adoráveis.
Renate Reinsve é a coroa do longa, pois não sei se posso chamá-la de revelação... talvez, quem sabe. Ela tem uma atuação poderosa, colocou muita alma na personagem, colocou personalidade, sensualidade, charme, carisma, você olha pra Julie e dá vontade de ser amigo dela na hora, e vai acabar se apaixonando por ela em um piscar de olhos (pro seu azar, é claro).
No filme, eu acredito que ela teve mais química com Herbert Nordrum, que faz Elvind, do que com Anders Danielsen Lie, que fez Aksel. Mas isso em termos amorosos, de relacionamento, pois a parte final do filme com Aksel e Julie, conversando sobre o passado, a vida, os erros e acertos de seu relacionamento, é um dos pontos altos do filme. Ali os dois interpretaram demais e prende a atenção do espectador na tela.
Já a química entre Renate e Herbert foi instantânea, desde a primeira vez que se encontraram quando ela entrou de penetra na festa e o encontrou. Aquela sequência toda é muito gostosa, engraçada, divertida, você a assiste com um sorriso no rosto o tempo inteiro... acerto muito grande de Joaquim ao escrevê-la e filmá-la, e dos dois atores em trazer uma simplicidade para os dois personagens agirem naquela sequência... mais um dos pontos altos do filme.
E a direção de Joaquim, nem preciso dizer muito, foi ótima, foi singular, foi abrangente, soube sempre enquadrar Julie como a protagonista das situações, das cenas, dos textos. Se sobressaiu tanto nas cenas mais íntimas, que não agridem, mas expõe mais em tela os fragmentos da personalidade dos personagens naquele momento, quanto nas cenas mais dramáticas, onde temos discussões, e na cena onde Julie termina com Aksel, que é ótima.
Assim como também destaco a incrível cena onde Julie corre como todo o cenário ao redor dela estático, onde ela se encontra com Elvind na cafeteria, e é como se o mundo parasse para eles descobrirem o quanto estão apaixonados um pelo outro. Cena ótima, grande sacada de Joaquim, fez essa licença poética que dá mais charme não só pro filme, mas também para Julie.
Fotografia belíssima, sério, trabalho perfeito, cada cena, cada tomada pela cidade e no campo, de cair o queixo e deixar o filme belíssimo em vários momentos.
Trilha sonora ótima também, muito bem composta e inserida detalhadamente no filme... sem falar também da cenografia, riquíssima em detalhes, seja nos restaurantes, na residência de Aksel, na casa do pai de Julie, ou na casa onde Julie e Aksel viajam da família de Aksel. Tudo perfeitamente montado e escolhido a dedo.
Texto afiadíssimo, principalmente para Julie, mas de todo o elenco, não tem como não ficar estático e de ouvidos em pé quando os personagens estão conversando sobre assuntos aleatórios ou filosóficos, discutindo, ou se enamorando. Joaquim Trier é mestre na arte do texto, isso devo dizer.
Contudo, a única parte que acho que 'A Pior Pessoa do Mundo' pecou foi em sua conclusão. Á partir do momento que Julie e Aksel se separam, e logo depois quando Julie descobre algo e resolve esconder de Elvind, o longa corre para mostrar sua conclusão.
Temos sequências boas, como as conversas de Aksel e Julie no hospital, mas é tudo tão mais corrido que destoa bastante de todo o resto do filme. Certos desdobramentos são deixados mais de lado, e alguns mal têm uma resolução, apenas acompanhamos Julie lidar com cada acontecimento que lhe aparece. Alguns têm uma resolução, mesmo que seje apressada, outras nem tanto, e vemos muitos recortes de cenas com pouco destaque em como Julie lida com determinados acontecimentos. Dá a impressão que os capítulos 11 e 12 (principalmente o 12), já são Epílogos, e o Epílogo em si poderia até ter ficado de fora do corte final, ou ser retrabalhado.
Foi a forma de Joaquim terminar seu filme, mas que não me agradou tanto pessoalmente.
O Longa foi bastante lembrado nas premiações deste ano:
Indicado a Melhor Filme Estrangeiro no OSCAR, BAFTA, Gotham Awards, Critics Awards, César Awards e Sattelite Awards.
Indicação a Roteiro Original no Festival de Cannes e no OSCAR.
Indicação para Renate Reinsve de Atriz no Festival de Cannes, BAFTA e Sattelite Awards.
O filme levou os prêmios de Atriz para Renate Reinsve em Cannes e de Filme Estrangeiro no New Yorl Film Circle Awards.
Pouco, mas com um concorrente de peso como 'Drive My Car' que fez a rapa em quase todas as premiações, realmente ia ser difícil o longa ser mais premiado. Só achei que o prêmio de atriz no Sattelite Awads deveria ir para Renate Reinsve, ao invés de Alana Haim de 'Licorice Pizza'.
No mais, Joaquim Trier nos entregou uma pérola, um longa sensacional, emotivo e humano, com várias nuances. Acertou em cheio e representou bem a Noruega nesta temporada de premiações.
(Assistido em 26/03/22 - Cine Sala)
A Felicidade das Pequenas Coisas
4.0 96 Assista AgoraIndicado pela primeira vez na história ao Oscar de Filme Estrangeiro, o país de Butão, e seu diretor Pawo Choyning Dorji, que também é o roteirista, nos entrega um dos filmes mais puro e singelo desta temporada de premiações: Lunana, A Yak In The Clasroom (A Felicidade das Pequenas Coisas, título brega brasileiro).
Choyning Dorji conta a história de uma jovem rapaz, Ugyen Dorji (Sherbi Dorji) que mora com sua avó no centro de Butão. Ele que é professor, sonha em tirar seu visto e ir fazer vida na Austrália como cantor. Já sua avó acha que ele tem um emprego respeitável pelo governo em Butão e não precisa de mais nada. Seu sonho de ir Austrália, ao mesmo tempo que se concretiza com o ok de seu visto, é adiado, pois o governo, cansado das pisadas na bola de Ugyen no dia dia, decide mandá-lo a Lunana, um pequeno vilarejo remoto que se localiza nas montanhas mais distantes de toda Butão, para Ugyen terminar seu último ano letivo como professor. Ele relutantemente aceita, pois não quer ser professor, não aguenta mais lecionar, e não está satisfeito em ir para um lugar que não eletricidade, sinal de wifi, banheiro, comida da cidade, enfim... ele não gosta do campo e da vida de "caipira".
Muitos vão dizer que o grande acerto do filme de Choyning Dorji, é o fato de o povo de Lunana e principalmente as crianças, aos poucos, irem amolecendo e conquistando o coração de Ugyen, que abandona sua personalidade metida de jovem da cidade, acostumado com uma vida mimada e com tudo que há de bom e do melhor, e se entrega a uma vida e um olhar mais simples do campo, dando valor a pequenas coisas que realmente valem a pena, têm um significado, e que faz você ser uma pessoa decente, respeitando as criações de Deus e obviamente se tornando uma pessoa mais humilde.
Tenho essa visão também, mas pra mim o grande mérito do filme de Choyning Dorji está no elenco do filme e principalmente em nos mostrar a realidade e os costumes de Lunana,
O filme foi gravado na época da pandemia, e é inteiramente gravado com energia solar, zero carbonos... além de que todo o núcleo de Lunana, (tirando Singye, Saldon e Michen,que são interpretados por atores) são residentes locais.
Ou seja, boa parte do elenco adulto de Lunana, e todas as crianças de lá, moram mesmo em Lunana, não são atores, e contracenam no filme com seus nomes reais... como a pequena Pem Zam, que está em um dos cartazes principais do longa, garota muito esperta que atua maravilhosamente bem, de uma ternura e um carisma incríveis.
As crianças são a melhor coisa do filme, elas ao mesmo tempo que brincam de atuar, não estão atuando, estão realmente aprendendo o básico escolar ensinado por Ugyen no filme. Brincam de verdade com coisas que acredito que nunca viram no vilarejo, e expressam mesmo sentimento de tristeza ao saber que Ugyen partirá no inverno, uma vez que o trajeto ficará inviabilizado pela neve, já que para chegar em Lunana, você leva OITO DIAS de travessia a pé (OITO DIAS senhores e senhoras...A PÉ!!!!!!!!!!)
Aí é que está a beleza do filme, que Choyning Dorji nos presenteou em nos mostrar como é a vida, os costumes, as crenças em um vilarejo mais do que afastado, escondido em regiões montanhosas na longínqua e pouco falada Butão, onde não há eletricidade, canal de esgoto, padaria, farmácia, ninguém sabe o que é carro, de animais, só existe uma espécie de búfalo (me corrijam se eu estiver errado, o animal se chama YAK), usado para o próprio alimento deles, e possui uma canção/prece local que vangloria esses animais, pois eles são o alimento deste pequeno povo, que os trata com o maior respeito e carinho do mundo (obviamente, não concordo, mas respeito os costumes e crenças, assim é o mundo).
Uma coisa linda esse filme, fotografia soberba e perfeita, de um lugar tão inacessível que é lindo por natureza, e fornece cenas magistrais que são fotografadas pelo filme de uma forma tão poética.
Tshering Dorji, que faz Syngie no filme, é o Designer de Produção e foi responsável por trazer coisas da cidade para Lunana e retransformar a sala de aula local do vilarejo.
Ainda no elenco temos Kelden Lhamo (como Saldon), linda e ótima atriz, gostei demais dela no filme.Ugyen Norbu Lhendup, fez Michen, muito bom ator, que foi cômico quando precisou e nos ensinou também bastante no filme sobre as crenças e costumes locais.
O casal que vemos no meio da travessia para Lunana, que têm um menino que usa galochas, são pessoas reais, e realmente moram naquela pequena cabana... que história não.
Se não fosse 'Drive My Car', na minha mais modesta opinião, "Lunana: A Yak In The Classroom" deveria levar este Oscar de Filme Estrangeiro, é uma história linda, de uma cultura tão diferente, com pessoas tão calorosas e cheias de vida, com crenças tão bonitas... um dos melhores filmes do ano.
Com certeza é uma Obra-Prima para o povo de Butão, um filme para jamais ser esquecido por quem participou, até pelo fato de ter sido feito 100% com energia solar, sem emissões de carbono, e por mostrar ao mundo a beleza e simplicidade de Butão e seu povo remoto de Lunana.
(Assistido 26/03/22 - Petra Belas Artes)
Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis
3.8 895 Assista AgoraCONTÉM SPOILERS:
Dirigido e roteirizado por Destin Daniel Creton, junto a Andrew Lamhan, dupla que já trabalhou juntos em 'O Castelo de Vidro' e 'Luta Por Justiça', sendo o segundo longa metragem e o sexto projeto da fase 4 do MCU, 'Shang Chi e a Lenda dos Déz Anéis' visualmente pode ser considerado um dos melhores trabalhos do diretor americano até então.
Pra começar, Shang Chi é um personagem que foi totalmente baseado em Bruce Lee pelo seu criador Stan Lee, naqueles tempos áureos de Bruce com seus filmes icônicos como 'Operação Dragão', 'O Vôo da Morte' e o que eu considero o melhor dele 'Jogo da Morte', daí vem o nome da revista 'Master of Kung Fu', que é na verdade apenas o codinome de Shang na Marvel, afinal todos os heróis tinham um codinome.
Um personagem que sempre foi do quinto escalão da Marvel, sua revista nunca foi unanimidade, e ele nunca foi o queridinho dos leitores, apesar da ideia ser muito original, Shang-Chi sempre foi mais conhecido, pelo menos pra mim quando comecei a ler hq's, por participar de histórias do Homem-Aranha ou dos Heróis de Aluguel... e somente na década de 2000 ele voltou a notoriedade dentro da editora, com mais uma série solo dentro do selo adulto 'Marvel Kinghts' e brevemente fazendo parte dos Vingadores Secretos de Steve Rogers.
Dito isto, ele entra na minha lista de personagens que eu nunca veria um filme na vida, por ser menos conhecido do público, e seu filme tem uma história de origem completamente diferente dos quadrinhos.
Aqui, Shang é filho de Wenwu, que também foi conhecido por vários nomes, entre eles, Mandarim, sim, o vilão do Homem de Ferro, que apareceu no terceiro filme do ferroso, que na verdade não era ele e sim um ator. Nos quadrinhos, Mandarim nunca foi pai de Shang Chi, sendo na verdade Fu Manchu. Ou seja, mexeram também na origem de Mandarim, mas nos filmes da Marvel Studios, essas coisas hoje não vêm mais ao caso.
O filme tem dois pontos distintos, um positivo e um negativo, que se anulam, deixando o filme com uma visão muito promissora e original e ao mesmo tempo, muito simplista.
O ponto positivo se dá pelo visual, efeitos especiais e coreografia e luta do filme... de primeira linha sem sombra de dúvidas. O trabalho é esplêndido, soberbo, beira a perfeição. O visual é lindíssimo, e misturado aos efeitos visuais, temos luzes brilhantes e cores exuberantes, e efeitos que saltam aos olhos. Os Dragões do final do filme são incrivelmente bem construídos pela equipe de feitos visuais, assim como as lutas entre Shang e Wenwu, e a sequência na China no ataque ao local de lutas de Xialing.
E o que falar das coreografias e lutas do filme...? Desde a cena inicial com Shang enfrentando o Punho de Lâmina no ônibus, à luta de Wenwu e Ying Li, passando pela luta final de Shang e Wenwu dividida em dois momentos, fora toda a batalha entre o povo de Ta Lo e o exército dos Déz Anéis. Trabalho estupendo de Andy Cheng, o coreógrafo do filme, e de Peng Zhang, o Coordenador de Dublês, que nitidamente fizeram um trabalho sensacional.
O ponto negativo, fica mais pelo roteiro mesmo, a história é bem mais do mesmo, típica de filme de origem, uma trama que você verá em qualquer filme do gênero, um casal que se apaixona e tem filhos, que vão se tornar o legado deles, e uma gangue assassina a mãe, no caso aqui, e o pai jura vingança e o filho no meio desse embate moral precisa se encontrar e honrar a mãe e enfrentar o pai... enfim... nada muito original, nem que chame a atenção. Isso até já salta aos olhos do espectador que saca o enredo todo e também o seu desfecho, deixando apenas a diversão ser o carro chefe em se acompanhar o filme, assim como as lutas e efeitos que são mesmo os protagonistas do filme e que o fazem ganhar o público.
Não me decepcionei com o filme, pelo contrário, eu o acho um filmaço, não um dos melhores do MCU, mas o acho bem acima da média, porém, mais pelas lutas e efeitos e o visual surreal do filme, toda a ideia de construir Ta Lo e transplantar tudo para a tela, do que do enredo do filme em si.
O elenco é em peso asiático, não poderia ser diferente e mescla os novos nomes em ascenção do cinema asiático, com a velha guarda que já é consagrada.
Simu Liu, que já era bem preparado para o papel, e não o ganhou pelo tuíte famoso, mas não tem como ignorar esse fato. Gosto muito dele, faz um ótimo trabalho no filme, de verdade, mas não me convenceu como Shang-Chi, mais pelo fato de eu não ver semelhanças entre ele e sua versão dos quadrinhos em termos de personalidade. Mas o trabalho dele é sem igual, isso eu não nego. Sua entrega é admirável ee inspiradora.
Meng'er Zhang, lindíssima e talentosissíma, na pele de Xialing, irmã de Shang-Chi, dona do Clube das Adagas Douradas, onde acontecem lutas clandestinas, e lá vemos dois embates interessantes; Um entre uma Viúva Negra (a atriz Jade Xu) que apareceu no filme da Scarlett Johansson, contra um rapaz aprimorado pelo Extremis, soro que aparece no filme Homem de Ferro 3.
O outro é entre Wong (Benedict Wong) e o Abominável, personagem que apareceu no filme 'O Incrível Hulk', embate super curioso que já tinha aparecido no trailer, e deixou todo mundo instigado. Foi creditado o Abominável como o ator Tim Roth, que provavelmente deu a voz a ele, já que é seu intérprete original do filme de 2008.
Temos ainda a lenda do cinema asiático Tony Chiu Wai Leung, de 'Desejo e Perigo', obra prima do mestre Ang Lee, 'Herói' e 'Flores de Xangai'. Tony faz Wenwu, pai de Shang, em seu primeiro filme em língua inglesa.
A grandissísima Michelle Yeoh, dos clássicos 'Tomorrow Never Dies', 'O Tigre e o Dragão', 'Memórias de Uma Gueixa', 'A Múmia 3', 'Podres de Rico', que currículo dessa mulher... e ela tem sua cena de luta com Simu Liu. Que atriz!
Ainda temos Awkwafina, atriz comediante asiática, de 'A Despedida', 'Podres de Rico', 'Raya e o Último Dragão', que é na verdade o alívio cômico do filme com sua Katy, personagem acredito eu original do filme. Gosto dela como atriz, mas sua personagem é bem forçada no filme, para ser a dupla com Shang, o alivio cômico, o centro das piadas, algo já batido nos roteiros da Marvel, que quando não dá para inseri-las por meio convencional com seu elenco protagonista, então colocamos alguém humano, com uma amizade forte com o protagonista e... voilà, o alívio cômico do filme que nada acrescenta para a trama e seus personagens. Jeito Marvel de se fazer filme e roteiros, pessoal gosta, dá certo.
Também tivemos ele, o Mandarim original, Trevor Slattery, 'Sir' Ben Kingsley, direto de Homem de Ferro 3... e assim como Awkwafina, ele simplesmente é um alívio cômico do filme, entrega menos do que ela no filme, não está ali para nada, apenas para ser o mediador do animal sem rosto que abre o atalho para Ta Lo. Claro, a culpa não é dele, afinal 'Sir' Ben Kingsley, ator oscarizado, talentosissímo, mas o roteiro, que eu critíco muito, ridicularizou o personagem de Ben e o fez ter essa aparição bem farofa.
Por fim, Florian Munteanu faz Razor Fist, Punho de Lâmina, vilão do quinto escalão da Marvel.
Destin Daniel Creston dirigiu muito bem, apesar do roteiro ser bem caricato e simples, teve uma ótima equipe de dublês e coreógrafos que deixaram o filme com cara mesmo de Kung Fu e todos os outros estilos de luta corporal. De encher os olhos.
Também teve uma equipe competente que entregou efeitos visuais incríveis, e acho que isso ajudou muito Destin a entregar um filme muito bom, bem feito, com um elenco muito competente, que peca somente no roteiro.
'Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis' foi indicado ao Oscar e ao Critics Awards de Efeitos Visuais perdendo ambos para 'Duna', sendo que ainda está indicado ao Satellite Awards.
Venceu o Peopel's Choice Awards de Filme de Ação Favorito, e perdeu na categoria Filme Favorito para 'Viúva Negra'.
Ainda foi indicado ao SAG's por Elenco de Dublês, perdendo para 'No Time To Die'.
No final, ainda temos uma cena pós créditos, onde aparecem Bruce Banner (Mark Rufallo) e Carol Danvers (Brie Larson), junto a Wong.
Fato curioso é que Brie Larson fez parte do elenco dos dois filmes anteriores de Destin Daniel Creton, 'Luta Por Justiça' e 'O Castelo de Vidro'.
(Assistido em 15/09/21 - Kinoplex Vila Olímpia)
(Revisto 24/03/22 - Disney Plus)
A Mão de Deus
3.6 189'É Stata la Mano di Do' (A Mão de Deus), filme que foi produzido, dirigido e escrito por Paolo Sorrentino, e distribuído pela Netflix e O2 Play, é o concorrente italiano ao Oscar deste ano de Filme Estrangeiro, e até então o filme mais pessoal do diretor italiano, até porque é praticamente um filme autobiográfico.
Se passando na Nápoles dos anos 80, Fabietto Schisa, é um garoto que vive com seus pais e irmãos, porém não tem amigos na escola, nem no bairro onde mora, não tem namorada, e seus pais apesar de estarem felizes, sempre entram em crise por conta de uma amante que seu pai Saverio possui. Fã do Nápoli, Fabietto sonha com que seu ídolo no futebol, Diego Armando Maradona, tenha êxito na transferência para o seu time, assim como seu pai, seu irmão Marchino e seu tio Alfredo. Seu irmão sonha em ser ator, e a família de Fabietto é bem caricata, como muitos tipos e suas singularidades, desde um parente que só fala palavrões, até a esposa de um de seus parentes, Patrizia, que é uma moça bem 'dada', por quem ele tem um desejo sexual muito grande.
'A Mão de Deus' é um filme lindíssimo de Sorrentino que retrata sua adolescência, a maneira como cresceu, as perdas que teve, as experiências pela qual passou, as amizades que fez, e o amadurecimento que lhe brotou.
Sorrentino fez um roteiro que é bem calcado no texto, brilhantemente escrito, sendo que é bem difícil não se sentir entretido pelas conversas jogadas fora, prosas e pegadinhas que a família de Schisa proporcionava, mérito claro tanto de Sorrentino, que escreveu personagens baseado na sua família, tão engraçados e caricatos, quanto dos próprios personagens, que nem coadjuvantes podem ser chamados, já que eles carregam o filme junto com Fabietto e são a alma e coração do roteiro.
Nem um pouco arrastado, posso dizer que sim, em alguns momentos do longa, dá-se uma desacelerada...
principalmente depois da morte dos pais de Fabietto.
Pela sinopse, esperasse um pouco mais de evidência em Maradona e sua estadia no time de Nápoles, um protagonismo maior nessa história secundária no texto, e sua relação na vida pessoal de Fabietto, porém ela fica em terceiro plano (nem em segundo plano fica), algumas poucas (e boas) passagens de Maradona treinando no CT do clube, ou com Fabietto indo ao estádio, ou o Nápoli ganhando o Scudetto. E também, um passagem dramática e ao mesmo tempo engraçada, justamente quando a Itália enfrentava a Inglaterra na Copa do Mundo de 86, onde aconteceu o eternizado lance de Diego fazendo o gol com a mão, no momento da prisão de seu tio Aldo, além uma bela fala de um fato histórico proferido por Alfredo... e logo depois, quando a Baronezza Foccale repreende sua família, por culpá-los pela recente prisão de seu filho Aldo, a mesma leva uma coça da família, exatamente no momento que Diego arranca do meio de campo, driblando meio time inglês, para fazer um de seus gols mais bonitos da carreira e levar a Argentina a final da Copa. Sequência essa toda muito bem escrita e dirigida por Sorrentino.
A Trilha sonora é incrível, bem gostosa, casando bem com o ritmo do filme e criando um sentimento próprio. O mesmo deve-se dizer da fotografia, bem evidente nas cenas que expõe toda a cidade de Nápoles e sua beleza, assim como nas cenas mais afastadas no sítio da família de Fabietto.
O elenco é afiadíssimo e muito competente, como não conhece a fundo o cinema italiano, gostei demais de todos no filme, com destaque pessoal para Luisa Ranieri que fez Patrizia, além de ser lindíssima, que atriz sensacional ela é e como arrasou em todas as cenas em que apareceu no filme.
Também destaco Renato Carpentieri que fez Alfredo, ator com faro artístico; Betti Pedrazzi que fez Baronezza Foccale, uma figura; Marlon Joubert que fez o irmão Marchinno, atorzaço sem mais, só faltou mais espaço para ele no filme... e Toni Servillo que fez Saverio, pai de Fabietto, outro que deu show.
Concorreu a Melhor Filme Estrangeiro no Globo de Ouro, Critics Choice Awards, BAFTA, perdendo todos para 'Drive My Car'.
Ainda concorreu a Melhor Elenco no BAFTA, perdendo para 'West Side Story'.
Faturou o Prêmio Especial do Júri no Festival de Veneza de Melhor Filme, batendo longas como 'Spencer', 'O Acontecimento', 'Ataque dos Cães', 'Madres Paralelas' entre outros.
Ainda concorre a Melhor Filme Estrangeiro no Oscar e no Satellite Awards, mas dificilmente irá bater o filme japonês.
'A Mão de Deus' é um filme lindo, tocante, engraçado, inspirador e cheio de vida, com um elenco competente e que entrega tudo em cena, e um protagonista (Filippo Scotti) que cresce em cena em cenas em que estreita sua amizade com o amigo traficante, e óbvio,
na cena onde descobre que seus pais morreram.
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(23/03/2022 - Netflix)
Drive My Car
3.8 384 Assista Agora'Drive My Car', na minha mais modesta opinião, é uma Obra-Prima do cinema japonês e do cinema moderno.
Baseado em um conto de Haruki Murakami, presente na coletânea 'Men Without Women', Ryusuke Hamaguchi dirigiu e escreveu essa pérola de 2h57 de duração, sobre Yusuke Kafuku, um homem que subitamente perde sua esposa, com quem escreve roteiros e alguns viram peças teatrais pelas mãos de Kafuku. Depois de dois anos da morte da esposa, ainda em luto, ele apresenta uma das peças escritas por ela, "Tio Vânia", em Hiroshima, e os seus contratantes exigem que uma motorista chauffeur o acompanhe durante sua estadia, mesmo contra sua vontade Kafuku aceita. Enquanto monta sua peça, aos poucos, Kafuku estreita laços com Misaki Watari, a Chauffeur que possui um passado que conversa com o passado de Kafuku.
Fazer um filme de quase 3 horas de duração não é uma tarefa fácil, você precisa manter o espectador preso a tela, não pode cansá-lo, não pode embarrigar o meio do filme, não pode deixar o ritmo cair, o texto precisa estar sempre afiado e conversando com o espectador 100% do tempo. Caso contrário, o filme será um provável fracasso, será muito mal falado, desinteressante, e algumas pessoas vão se desconectar da história no meio do filme, ou largá-lo de vez no meio da sessão.
Não é o caso de 'Drive My Car'.
Um trabalho estupendo de Ryusuke com o texto, é incrível, pois mantém você antenado em várias vertentes, pois além do enredo em si que envolve Kafuku e sua esposa Oto, temos as entrelinhas das falas da peça "Tio Vânia", que vemos encenada por Kafuku, depois ensaiada pelo elenco montado em Hiroshima, e também falada no carro de Kafuku, com sua mulher em um fita cassete encenando falas, e Kafuku repassando as dele.
O trunfo do texto de Ryusuke, é não deixar nada disso confuso, tudo se intercala, e a peça "Tio Vânia" você vai entendo o contexto a medida que ela é mostrada, falada, encenada durante o filme. A peça conversa diretamente com a história recente de Kafuku e Oto, o que deixa muitas coisas explicadas nas entrelinhas da peça.
Outro ponto máximo do filme, os atos... na minha visão, dividido em 3 atos durante o filme:
* O primeiro, e mais envolvente que amei de paixão, é Kafuku com sua esposa Oto, e todo o contexto de seu casamento, sua s relações, a maneira como os dois se enxergam, e seu dia-a-dia, até chegar o fatídico dia que Oto se vai, como entrega a sinopse.
* O segundo ato, que começa com os créditos iniciais depois de 1 hora de filme, tem Kafuku indo para Hiroshima e montando seu elenco para apresentar a peça "Tio Vânia" na cidade, e como ele lida com elenco e a montagem e leitura da peça. Este é um ato mais instigante, que nos entrega como Kafuku não superou ainda a morte da esposa, e como isso afeta sua relação com o elenco montado para a presentação de sua peça.
* O terceiro e último ato, grandioso para mim, se dá na relação estreita entre Kafuku e Misaki, sua Chauffeur, e ali vemos que ambos possuem muitas dores em comum, muitas questões familiares não resolvidas, uma conexão fortíssima pelo que ambos viveram, e observar essa relação chegar em seu ápice, nos escombros da antiga casa de Misaki na neve, é uma das coisas mais lindas da história do cinema, e de um texto lindíssimo e tocante, de um aprendizado magnífico tanto dos dois protagonistas, quanto do público para com o texto apresentado.
Juntando tudo isso, temos a direção impecável e magistral de Ryusuke Hamaguchi durante todo o filme, pegando takes e momentos distintos, tomadas de câmera adequadas e bem posicionadas para nos dar completa imersão das cenas e sentimentos. Temos a peça "Tio Vânia" sendo encenada, e os atores que já interpretam personagens, precisam interpretar outros personagens dentro dos seus já existentes, e Ryusuke consegue montar com maestria esta peça, que nos faz acompanhar atentamente o desenrolar da trama, nos instiga a montar os quebra cabeças do enredo e motivações dos personagens desta peça, que é tão íntima.
Das cenas de destaque, para mim, além da cena final nos escombros da casa antiga de Misaki, e a própria cena final do filme com Misaki, cito a cena no carro entre Kafuku e Takatsuki, amante de Oto, enquanto Misaki dirige, e Takatsuki termina o conto da garota que entrava furtivamente na casa de seu namorado de colégio. Outra cena muito íntima e que destrincha o relacionamento de Oto e Kafuku.
A cena também, onde Misaki e Kafuku vão jantar na casa de Lee Yoon-a e seu marido, ela que é muda, e temos uma troca bastante interessante entre ela e Kafuku, em uma cena onde a atriz Park Yoon-rim dá um show de interpretação de sinais, ganhando a cena por incontáveis minutos, assim como ela dá show durante todo o filme, principalmente na cena no jardim onde ela tem uma troca com Janice (Sonia Yaun), e mais a frente no fim da peça "Tio Vânia", onde ela interpreta sua personagem na peça, e declama sua fala final, na linguagem de sinais, e também dá outro show.
Mas com certeza minha cena favorita, é a cena de sexo entre Oto e Kafuku, onde ela ao chegar no orgasmo, dá andamento ao seu roteiro que estava em construção e estava empacado, aquele da garota que entrava furtivamente no quarto de seu namorado colegial, e sempre levava algo dele, e deixava um souvenir dela.
Essa cena é magistral, incrivelmente bem dirigida e bem interpretada, Ryusuke fez uma de suas melhores cenas nos mostrando uma cena de sexo entre o casal onde primeiro Kafuku tenta recriar a posição sexual que Oto fez com seu amante presenciado por Kafuku, prazer pra ele, nenhum sentimento pra ela.
Logo depois, na cama, ela monta em Kafuku e por cima, começa a se movimentar no ato sexual com Kafuku, e ao prosseguir com seu roteiro que começava a caminhar na cabeça dela, movida pela sensação que só ela sente prazer, Oto começa a acelerar seus movimentos sexuais e entrar no orgasmo, e prosseguir com sua história, sem Kafuku sentir nada, nenhuma alegria, nem excitação, nem vontade, apenas um acessório usado por Oto atingir seu ápice. E Ryusuke usa takes que nos fazem entrar naquele coito, com câmeras por cima do casal, ou frontal ao pegar as expressões tanto de Oto quanto de Kafuku, que não atingem o prazer, a satisfação e a troca quando são "usados".
E na cena acima descrita, destaco a GIGANTE atuação de Reika Kirishima, a Oto, a melhor do filme para mim, que realizou uma cena de coito absurdamente incrível e verossímil, uma atriz nata e talentosíssima. Gostei demais dela.
Todo o elenco está ótimo, tanto Hidetoshi Hishijima, como Toko Miura e sua atuação quase inexpressiva de Misaki, inexpressividade que a define enquanto personagem baseado em seu passado e história de vida.
Outro ator de destaque foi Masaki Okada, que fez Takatsuki, esteve ótimo em cena em grande parte do filme em que apareceu.
"Drive My Car" possui uma fotografia lindíssima, que nos mostra bem as cidas onde o filme se passa, e nos entrega alguns takes íntimistas belíssimos, e cenas deslumbrantes, nas mais variadas paisagens do filme, seja em cenas internas, como na residência de Oto e Kafuku, como nas cenas na Neve, ou na cena no parque onde eles vão encenar "Tio Vânia". O file também é muito bem editado.
O Arrasa quarteirão desta temporada, levou todos os prêmios de Filme Estrangeiro nas premiações: Globo de Ouro, BAFTA, Spirit Awards, Critics Awards, Cesar Awards, Japan Academy Prize, Gotham de Filmes Independentes. Concorre também no Satellite Awards e acho muito difícil não levar.
No OSCAR está indicado em 4 categorias, além de Filme Estrangeiro, Melhor Direção para Ryusuke, Roteiro Adaptado (se ganhar, será merecido), e Melhor Filme.
Ainda recebeu indicação no BAFTA para Melhor Direção e Melhor Roteiro Adaptado, perdendo ambos
O último dos Dez filmes indicados ao Oscar de Melhor Filme deste ano, que eu conferi, e já tinha minha torcida e meu prêmio para 'CODA'... que ainda terá minha torcida, mas na minha opinião, e da forma como vi os dez filmes, 'Drive My Car' é o filme para qual eu daria o prêmio de Melhor Filme, e em quem eu votaria no primeiro balote se eu fosse votante da Academia.
Ao sair os indicados, eu sempre mencionei que 'Drive My Car' não havia sido indicado á toa, que havia uma razão para ser indicado, e que se está lá, tem grandes chances de vencer. Claro, sabemos que o barulho está encima de 'CODA' e 'The Power of The Dog', mas 'Drive My Car' teria o meu voto, e acho sim que este filme deve e merece ser o Melhor Filme deste ano. Uma obra-prima do cinema japonês sem sombra de dúvidas.
(21/03/2022 - Cine Sala)
Encanto
3.8 805Tinha uma pequena bronca com Encanto, desde que ganhou o Globo de Ouro de Melhor Animação, pelo fato de ser uma animação Disney, ser musical, me remeteu muito a Coco - A Vida é Uma Festa, que levou muitos prêmios, e achava que já era carta marcada nesta temporada de premiações, sem chance para os outros filmes.
Eu o conferi depois de 'Luca', 'Raya e o Último Dragão' e 'The Michells vs. The Machines', e fui achando que não iria me afeiçoar tanto com ele, ainda vendo logo depois do mesmo ter ganho o BAFTA de Melhor Animação.
Mas novamente eu quebrei a cara, e mordi minha língua. E isso é para eu aprender a nunca mais ficar com pé atrás com os filmes, e muito menos duvidar da caácidade do (gênio) Lin Manuel Miranda.
Encanto é maravilhoso, e ele ganha muito em dois pontos distintos que se conectam: a simplicidade do roteiro, que te imerge na história com muita facilidade; A qualidade absurda da animação, rica em detalhes, e cores, e na criação de uma vila mágica escondida na montanhas colombianas.
Produção original da Walt Disney Pictures, Encanto embarca em uma história mágica, de um povo que encontra na dança e na música, as principais motivações para tornar a região onde moram em um lugar pacífico, onde todos têm sua contribuição e prosperam igualmente.
Todos na família Madrigal têm um dom, um poder que vem da vela que mantém o local protegido, dado acontecimentos passados. Meninos e Meninas passam pela porta onde lhes serão concedidos estes dons, como se fossem mutantes, e então, passam a servir o vilarejo. Porém, Maribel é a única que não recebeu dons, mas quando o local está ameaçado, e a vela pode se apagar, Maribel pode ser a única salvação do povo. Bom, não só ela, mas o seu tio Bruno, também será parte da questão.
A animação é ótima, qualidade absurda, e muito bem feita. De cair o queixo mesmo.
O roteiro é simples, sem dar muitas voltas e a história também é direta, traz acontecimentos do passado com a avó e o avô de Mirabel, e segue no presente com Mirabel e os habitantes de Encanto.
Como é um musical, temos muita cenas com música e canto dos personagens, sendo assim, todo mundo tem sua vez no filme de cantar alguma coisa, e todas as músicas são ótimas.
Temos a cena de abertura com Mirabel nos apresentando todos os habitantes de Encanto, e talvez esta seja a única cena do filme que pode ser meio enfadonha para alguns, ou chata para outros, ou que não chame tanto a atenção. Mas logo depois o filme segue um ritmo gostoso e logo estamos imersos na história, que pode ser muito simples, mas é muito bem contada.
Dos Orguitas é uma das músicas do filme, letra lindíssima e melodia mais encantadora ainda (o começo me lembrou muito É Preciso Saber Viver do Rei), interpretada por Sebastián Yadra, uma canção que contextualiza o romance dos Avós de Maribel, foi indicada a Canção Original no Oscar, e é um dos pontos altos do filme.
Outras canções de destaque são o dueto de Maribel e Isabella Madrigal, com muitas cores na tela, muita coreografia e acrobacias das duas... outro ponto para se citar também, as coreografias deste filme, todos muito bem elaborados e muito bem criados na animação.
Mas com toda a certeza do mundo, o grande destaque do filme é a música "We Don't Talk About Bruno", música genial, gostosa, divertida, chicletona, que vai agradar todo mundo, até o fã mais fervoroso do Cannibal Corpse, ou do Iron Maiden. Essa ficou na minha cabeça o dia inteiro depois de assistir o filme, e qual minha surpresa que a favorita da maioria das crianças que assistem, como Jude Hill, estrela de Belfast, e de outros atores do mundo de Hollywood.
Não por acaso, será performada no Oscar deste ano, tal qual destaque ela teve em quem assistiu o filme, e apesar de eu achar legal conferir ela sendo apresentada na premiação, é uma escolha bem controversa, até mesmo porque a mesma se quer está indicada. Bem que poderia ser apresentada no começo da premiação, acertariam no contexto, mas se alguma canção indicada não for apresentada no dia, aí será uma bola fora tremenda dos produtores da Academia.
Todas as canções são méritos do (Gênio) Lin Manuel Miranda, o rei dos musicais, que aqui acertou o corpo, nem foi a mão. Trabalho estupendo de Miranda, com canção indicada ao Oscar, e que engrandeceu demais a qualidade do filme.
A Trilha Sonora, que também é ótima e traduz demais os sentimentos do filme, é de Germaine Franco (de Dope: Um Deslize Perigoso), e que está indicado Oscar de Trilha Sonora.Original.
Mirabel é a protagonista e ela é ótima, carismática, engraçada, têm charme, e é a primeira princesa da Disney a usar óculos e não entrar nos padrões de beleza exigidos pela sociedade e a indústria em geral.
Mas para mim o personagem mais bacana mesmo é Bruno, dublado pelo veterano John Leguizamo (de Para Wong Foo, Obrigada Por Tudo! Julie Newmar), além de ser bem dublado, Bruno é desengoçado, engraçado na medida certa, tem muito carisma, e aposto que é o tio que muitas crianças gostariam de ter.
Minha única ressalva com o filme é o seu final, muito apressado e sem muitas resoluções, poderiam mostrar o que acontecia depois, dar uma contextualizada e encerrar a história. Ficou tudo muito vago, e um final não condizente com tudo o que foi criado.
Encanto foi indicado no Oscar para Animação, Canção Original e Trilha Original.
Concorreu no Globo de Ouro perdendo Trilha e Canção Original.
Perdeu o Critics Awards e o Annie Awards (o Oscar das animações) para 'The Mitchells vs The Machines'.
Encanto venceu o BAFTA, Globo de Ouro e o Producers Awards de Melhor Animação, e ainda está indicado no Satellite Awards.
É meu favorito junto com Luca nesta temporada de premiações, e mesmo tendo gostado muito de Luca, acho que é justíssimo 'Encanto' levar o Oscar, pois afinal de contas é um trabalho riquíssimo em qualidade e música.
(Assistido em 16/03/2022 - Disney Plus)
A Noite do Fogo
3.8 34 Assista AgoraA diretora El-salvadorenha Tatiana Huezo nos trouxe um documentário-ficcional, ou seja, um filme que retrata a realidade das regiões montanhosas mexicanas, dentro de um texto ficcional. Algo que no final comove o espectador, por ser um um roteiro bem criado e transplantado para tela, mas que acontece com certeira frequência sem uma resolução definitiva do governo local.
Noche de Fuego (Prayers For The Stolen nos EUA, A Noite do Fogo no Brasil), se encontra na Netflix, e Tatiana traz um retrato mais singelo e tocante das atrocidades que acontecem em regiões mais remotas do México, onde o Cartel de drogas reina.
Dentro deste 'reinado', os donos, ou traficantes, usam rapazes locais, que são seduzidos pelo (pouco) dinheiro, um certo tipo de poder, e 'presentes' como motos, para serem seus olhos na região, e para traficarem seus produtos em locais específicos. Assim como usa os meninos mais jovens, crianças, para ajudar na contagem e inventário das drogas adquiridas, tendo como pagamento, como mostrado no filme, Coca-Cola grátis.
Fora isto, temos o mais grave e o discurso central do filme, o tráfico de garotas pré adolescentes para o tráfico sexual. No filme (e acredito, óbvio, na realidade), as meninas são levadas a força pelos homens que controlam as drogas da região, para serem usadas no trabalho sexual méxico a fora, e muito provavelmente, não duvido nada, para satisfazerem até sua vontade sexual, uma vez, como é retratado no filme, que ao levar as meninas embora, tendo (ou não) relutância da família em entregar a menina, estes homens assassinam os pais a sangue frio, e no caso das mães, acabam sendo agredidas E estupradas. Como visto no começo do filme, e também mais a frente quando estes homens chegam para levar Ana, e sua mãe Luz a esconde, e um dos capangas quando não a acha em casa, questiona seu comparsa se vão estuprar Luz.
Dentro desta realidade existente, Tatiana cria um texto onde três garotas que são amigas, crescem nesta realidade, e são criadas de um forma totalmente diferente de garotas comuns, se vestindo de uma forma nada feminina, com blusas e calças largas, e algumas delas, como Ana e sua amiga, tendo seus cabelos cortados, como se fossem meninos, tudo isto para evitar que os homens do cartel venham e as levem para seu tráfico sexual. Praticamente uma forma de proteção por parte das mães.
O nosso ponto de vista sobre o que acontece, como acontece, e o que está se sucedendo no local, é o mesmo ponto das três meninas, que vagamente tem conhecimento do que acontece, ou do porque precisam cavar a própria cova para se esconderem, ou o porque de andar de cabelos curtos, ou o porque de se vestir igual os meninos. Elas suspeitam que há algo errado, que nada está certo, mas como são crianças acabam tendo aquela olhar mais ingênuo, afinal elas só querem brincar, se divertir, viver... mas sabem que o perigo sempre as rondam, todos os dias.
O elenco é ótimo, principalmente o elenco mirim focado nas três garotas do filme, suas atuações são gigantescas e nos passam a inocência, o medo, a vontade de viver, a descoberta da puberdade e tudo mais.
As três merecem destaque, mas a protagonista Ana, interpretada por Ana Cristina Ordóñez é espetacular. Todas suas cenas são ótimas e regradas de muita naturalidade e uma dramaticidade sem igual. Ela se iguala em drama á atriz Norma Pablo, que faz sua mãe Luz, onde as duas entregam o mesmo nível de drama e força, com sentimentos opostos amalgámados com muito amor..
Umas das cenas de Ana que destaco, é óbvio, a cena onde ela tem seus cabelos cortados e encurtados, onde o choro vem gradualmente e de uma forma real, um sentimento que brota e aflora dela, de dentro pra fora, ao ver um de seus bens mais preciosos, ser tirado de si de uma forma tão violenta, que vem na forma de um corte de tesoura... sentimento este partilhado por sua amiga, que é a próxima a passar por ato tão maligno.
Se os homens soubessem o quanto o cabelo é importante pra uma mulher... e na inocência e na interpretação de Ana, da Ana, eu consegui perceber e entender essa importância.
Logo depois o elenco mirim dá lugar ao elenco adolescente, onde as três amigas já se encontram na puberdade, e as atrizes mudam. Elas mudam, mas o nível de atuação não cai, ele permanece, cresce, evolui, sem falar que as atrizes adolescentes têm um nível de semelhança com as mirins absurdo, e a impressão que fica, é que são as mesmas atrizes, parecendo que o filme esperou elas crescerem para terminar de ser filmado.
Aqui nós temos a descoberta delas da menstruação, desejos amorosos, conversas sobre beijos e meninos, um olhar mais desejoso, porém ainda inocente, em seus professores, e um entendimento melhor sobre as coisas que acontecem na região, por conta do controle do tráfico de drogas, e o sequestro das meninas que são levadas para fins sexuais.
O longa de Tatiana é lindo, é delicado, trata mais do olhar das meninas do que nos explicar o porque e como acontece o tráfico na região, e sim, como lidam as meninas e adolescentes que convivem diariamente com o medo de serem levadas de uma forma tão brutal e retiradas de suas famílias.
O final é impactante e contextualiza tudo o que vimos em quase 2 horas de filme, deixando mais perguntas que respostas e situações em aberto, que é exatamente o que acontece a vida real.
Tecnicamente é muito bem feito, possui uma fotografia modesta, mas muita bem captada e inserida no filme, principalmente as fotografias mais intimas da natureza, que pega os insetos em seu habitat natural, com seus afazeres natural. Além do filme ser muito bem editado, sem sombra de dúvidas.
'Noche de Fuego' concorre a Melhor Filme Estrangeiro no Satellite Awards, e concorreu na mesma categoria no Spirit Awards de Filmes Independentes, perdendo para 'Drive My Car'.
Já Tatiana Huezo foi indicada ao prêmio Melhor Estréia em Direção de Filme no Sindicato dos Diretores, o Directors Guild Awards, perdendo para Maggie Gylenhaal e seu 'A Filha Perdida'.
'Noche de Fuego' é um ótimo filme, tocante, necessário, singelo, forte, com uma direção impecável. Para mim, peca apenas em não contextualizar mais a questão do Cartel do tráfico na região, nos contextualizando mais sobre a tomada de poder, e servindo como uma espécie de denúncia, ao invés de ser apenas um retrato da realidade. Poderia ser um texto mais ofensivo, mas entendo muito bem o tipo de filme que Tatiana queria mostrar ao público.
(Assistido 15/03/2022 - Netflix)
Em um Bairro de Nova York
3.6 125 Assista AgoraJon M. Chu, americano de ascendência asiática, foi o diretor do longa 'Podres de Ricos' (Crazy Rich Asians), filme sensação nos EUA em 2019 e que concorreu ao Globo de Ouro de Filme Comédia/Musical na época. Muitos atores e atrizes, asiáticos, do filme foram exaltados e alavancados para grandes produções, como Gemma Chan e Awkwafina. Claro que Jon foi muito elogiado á época pela forma como montou este filme, e o sucesso que se sucedeu, abrindo caminho para o próprio conseguir trabalhos importantes em Hollywood para dirigir.
Eu citei tudo isso, porque Jon M. Chu, na minha opinião, é uma das poucas coisas boas de 'In The Heights' (Em Um Bairro de Nova York, no Brasil), e talvez Jon tenha até se superado perante 'Podres de Rico' com este filme em termos de direção.
'In The Heights' foi a primeira obra do queridinho do momento em Hollywood, da Broadway e da Disney, Lin Manuel Miranda (Gênio), a ver a luz do dia na Broadway, e levou mais de uma década para chegar em forma de longa metragem aos cinemas.
Lin Manuel produz, roteiriza, escreve as músicas e é compositor da Trilha sonora do filme, e ainda faz uma pequena ponta. Foi o seu primeiro musical de sucesso, e obviamente tinha que chegar em formato de longa metragem, pois tem muito potencial... porém, na minha visão, o filme deixa muito a desejar, menos tecnicamente.
O Musical de Lin Manuel Miranda, trata dos Heights, um bairro de Nova York que é predominantemente habitado por latinos, desde cubanos, a porto-riquenhos, a dominicanos e por aí vai... todos eles batalham nas ruas e em seus empregos todos os dias neste bairro que sempre faz mais de 30 graus por dia, e sua grande maioria de residentes têm sonhos que um dia deseja realizar. Um deles é Usnavi (Anthony Ramos) protagonista do filme, e assim todos seus coadjuvantes, como Vanessa (Melissa Barrera, do mais recente Pânico), Nina (Leslie Grace, cantora e futura Batgirl) e Benny (Corey Hawkings de A Tragédia de MacBeth), entre outros.
Conforme eles vão sendo apresentados, assim como o bairro, vamos descobrindo mais de seus sonhos para o futuro, e algumas de suas inseguranças e fracassos, tudo isso, óbvio, regado a muita música.
O problema para mim é fato de o filme ser demasiadamente arrastado, muitas canções originais do filme, não soaram bem, algumas se tornam chatas, outras muito caricatas, outras são sem alma, beirando ali o piegas. Muitas das cenas que entram uma música cantada por algum ator/atriz, são desnecessárias, servem apenas para poluir o roteiro, para encher linguiça sem sentido. O que faz o filme se arrastar muito e cansar bastante quem for assistir.
Além de algumas das músicas do filme serem um pouco chatas ou sonolentas, o pior é o elenco feminino cantando no filme, centrado nas duas principais, Melissa Barrera e Leslie Grace. As músicas chatas demais na voz delas, muito sem alma, sem emoção, sem brilho... a impressão que se passa, é que elas estão mais preocupadas em cantar bem, afinadas, atingindo notas altas, mas esqueceram de passar emoção, cantar com o coração, afinal ela gravam em estúdio para dublar, o que querendo ou não deixa tudo mais plástico. Isto vindo de Leslie Grace, que é cantora, é mais gritante ainda.
As atuações também não são nada demais, tanto de Anthony, como de Corey Hawkings, e principalmente de Leslie e Melissa. Leslie não está tão mal assim no filme, mas quando dubla e canta suas músicas, cai demais de produção pra mim, e nas demais cenas até que faz um trabalho bacana, decente, principalmente contracenando com Corey Hawkings.
Já Melissa Barrera, que faz Vanessa, de longe foi a mais CHATA do filme... sua personagem é xarope demais, não sabe o que quer da vida, quando descobre não sabe como ir atrás, se emburrece com tudo, principalmente quando não tem ninguém para se divertir com ela nos clubes, e nenhum homem para dançar. Gosta de Usnavi, mas dificulta demais as coisas pra ele por nada, esnoba os outros caras (até que com razão), mas se fecha no seu mundinho, onde se considera azarada, nada dá certo, estou perdida, não arranjo um namorado legal, e quem gosta de mim não vou facilitar para me fazer de díficil.
Sem falar que dubla muito mau suas canções no filme, e canta sem emoção nenhuma... atuação muito abaixo para o par romântico do protagonista.
Atuações boas que destaco no filme mesmo são, Olga Merediz, como a abuela Cláudia... e Daphne Rubin-Vega, como Daniela, dona do salão de beleza. Atuam muito bem, são experientes, e cantam bem suas canções.
O que posso elogiar muito do filme é sua direção, pois Jon M. Chu fez um milagre com este filme. Sua direção é perfeita, com destaque para as de dança coreografadas do início do filme, e da piscina, além da cena na boate onde acontece o apagão, e principalmente a cena onde Corey Hawkings e Leslie Grace andam, cantam e dançam na parede do apartamento onde moram, e Jon filma como se eles estivessem no chão, a gravidade muda e é um truque de câmera diferente e original para um filme musical...muito bom mesmo. Sua direção é ótima e realmente é o que se salva muito, mas muito o filme.
A fotografia também é muito boa, assim como a cenografia do filme, os figurinos, tudo muito bem construído, com os melhores profissionais. Chris Shriver foi o Diretor de Arte, que trabalhou em 'John Wick 1' e 'O Lobo de Wall Street'. Já Alice Brooks que acertou demais na fotografia, trabalho em 'tick, tick... Boom!', e repetiu o bom trabalho do longa anterior. Nelson Coates, que foi o cenografista, que salta aos olhos neste filme, trabalho competente demais, trabalhou na trilogia de 'Cinquenta Tons de Cinza', além de já ter trabalho com Jon M. Chu em 'Podres de Rico'.
Se cercou bem de profissionais Jon, e por isso que tecnicamente o filme é muito bom, salta aos olhos e salva a gente quando ele se arrasta e se arrasta com músicas sem sal, e atuações sem brilho.
Não acho este um musical ruim de Lin Manuel Miranda, muito pelo contrário, ao assistir o filme você irá perceber que a história tem potencial, ela é agradável e atraente, predomina seus personagens latinos em um bairro norte americano. O quão incrível é isto.
Mas eu acredito que ele deva funcionar mais mesmo no palco, é um musical para ser exibido em forma teatral, aos meus olhos, na minha 'visão de cinema', não casou bem com o formato de longa metragem... acho que faltou uma revisada a mais no roteiro, dosar algumas cenas, cortar algumas falas, arrumar um pouco mais o texto... 2h22 de um filme musical que se arrasta em canções cantadas por um elenco que se esforça, mas é difícil se emocionar, é pesado demais para o espectador, poderia ser um pouco mais curto, sem chegar as duas horas de duração e ser mais direto em algumas relações do roteiro.
Acho que pode saltar mais aos olhos dos americanos que amam um musical... por aqui nestas bandas, vou chutar que, se não emocionar e se acabar se arrastando demais em canções de diversas e não andar com o roteiro, as pessoas não vão gostar e vão chiar.
Foi indicado ao People's Choice Awards em Filme Drama, perdendo para 'Cruella';
Anthony Ramos foi indicado para o Globo de Ouro em Ator Comédia/Musical, perdendo para Andrew Garfield.
E no Satellite Awards, foi indicado a Melhor Filme Comédia/Musical, além de uma indicação para Anthony Ramos para Ator em Comédia/Musical e para Atriz em Comédia/Musical para Melissa Barrera.
Na minha opinião, as indicações no Satellite Awards de Filme e Ator, até deixo passar, vale a lembrança e nada mais. Mas a indiação da Melissa Barrera a Melhor Atriz, é de um mau gosto, de uma má vontade, de uma falta de caráter por parte do corpo votante, que grita de ridículo. A menina foi sem sal demais no filme, atuação apagada, mimada, sem brilho, sem presença...nossa, sofrível. Um papelão esta indicação.
Poderiam ter um senso mais crítico e ter indicado Daphne Rubin-Vega para Atriz Coadjuvante, e principalmente, deveria ter colhões para indicar Jon M. Chu para Melhor Diretor, essa lembrança sim seria muito mais condizente com a premiação e com o trabalho feito em um filme tão chocho.
Sofri para terminar o filme, depois de 40 minutos estava muito querendo largar, e o filme deu uma pequena melhorada logo após o blecaute acontecer, com uma virada de roteiro bem batida, tão comum, que no fim das contas, foi acertado e fez o filme andar um pouco, para chegar em sua meia hora final e se arrastar e arrastar em canções sem muito conteúdo e um final beeeem piegas.
Ainda acho que funciona melhor no palco... Jon M. Chu merece todo o crédito por inovar na direção deste filme, que Diretor!!!
(15/03/2022)