Curto o trabalho subjetivo da câmera e os planos kubrickianos no espaço. O que me cansa é Chazelle achando que tudo em seu filme tem que ser foda, quase não há uma cena "normal"... Para ele parece não haver diferença entre uma conversa e uma set piece.
A subjetividade inerente ao argumento do filme é muito bem traduzida pela câmera, que cria uma onipresença do horror que remete aos melhores filmes oitentistas do gênero. Muito de "Halloween" aqui.
Com visão de mundo meio "keatoniana" (o acaso é vital nos resultados das ações humanas), Edwards explorava situações cada vez mais nonsense conforme a franquia avançava. OK, mas o carinho com a trama policial diminuía demais em relação aos dois primeiros.
Todo o drama do filme é construído pela coreografia da ação e da ambientação, tratadas de maneira subjetiva pela câmera e objetiva pelo roteiro. A masculinidade abordada, que nada tem a ver com sexismo, pode ensinar muito em tempos de mimimi.
Para Rivette, a contingência é musa. O acaso não é somente o ponto de partida da aventura (tema tão recorrente em um Hitchcock, por exemplo), é também indissociável da narrativa e, com o decorrer do tempo, tende ao surrealismo.
A agressividade do discurso, a começar pela sua intencionalidade, reflete-se na montagem, num filme que alinha estética e narrativamente ação, drama, comédia e crítica. Mostra muito, diz muito.
Drama/comédia/romance altamente politizado, mas que parece mais preocupado com o discurso do que com o gênero. De qualquer forma, no fundo, não faz bem nenhum dos dois. Valeu pela champanhe na abertura do Festival Varilux de Cinema Francês 2018.
Filme que tenta tanto dar significâncias ao horror, mas que no fundo não passa de uma grande vergonha alheia. Começa com um drama familiar péssimo, passa para um terror meia-boca e acaba com uma liçãozinha de moral.
Curioso notar alguns elementos de filme noir aqui (apesar disso nem existir ainda nesta época), como o roteiro muito intrincado e o uso do chiaroscuro (expressionista, sim) na parte que se passa dentro da casa.
Bom filme? Sim. Mas é muito mais um ícone pop do que um grande De Palma. Pode dar a mão e sair andando com “Clube da Luta” (Fincher) e “O Sexto Sentido” (Shyamalan).
Falta noção de tempo narrativo, o que gera muitos momentos efêmeros. Mas, visualmente é bem interessante, a mise-en-scène de Shyamalan se encantou pelo cinema digital, pela ação digital, pela coreografia digital e pelas cores digitalmente vibrantes.
Se à primeira vista pode parecer imaturidade na transição entre o mudo e o sonoro, revela-se um consciente adeus ao cinema de antes: através da bela abertura sem falas, e da qualidade no trato do som a partir de então. O som fez bem a Hitchcock.
Um Hitchcock nada Hitchcock: erroneamente hipervalorizado no Reino Unido em seu tempo. Enraizado em uma teatralidade que impede o filme de ser cinema. Decerto, os críticos da época analisaram muito mais num âmbito literário do que num cinematográfico.
Um dos poucos whodunits de Hitchcock é calculadinho demais. A boa abertura, a metalinguagem e o subtexto sobre homossexualidade são ofuscados pelo enfadonho segundo ato e pela explicação descarada do assassinato no final.
Hitchcock considerava “Champagne” seu pior filme, talvez pela estrutura narrativa completamente frágil. No entanto, tem algumas gags e sacadas visuais bem interessantes. Para mim, os piores do cineasta são "Easy Virtue" e "Juno and the Paycock".
Há um plano que sintetiza bem o cinema de Kurosawa: sob trilha sonora sublime, em campo temos o protagonista investigando o que já é conhecido por cenas anteriores, eis que a câmera corta para o desconhecido, para o sobrenatural no contracampo. Manja muito transmitir medo através da mudança de perspectiva...
Conceitualmente, fica entre a estaticidade de Marker, o sonho de Tarkovsky, a pós-modernidade da pós-produção de um Oliver Stone e a sobreposição de layers de um belo filme em 3D. Mas a realização é única, imagens com textura jamais vistas. Questiono-me aonde Scott Barley foi para capturar as imagens, mas acredito que o maior tour de force tenha sido na pós-produção.
Arrasta-se por uma hora com apenas uma ou outra boa cena, mas no final Hitchcock tem um surto criativo de começo de carreira e compõe 20 minutos belíssimos de sonhos e de uma realidade distorcida.
Hitchcock estranhamente pouco visual. Possivelmente o filme mudo com mais letreiros que já vi, grande parte do tempo é personagem falando merda um pro outro. A melhor sequência (talvez a única realmente boa) é, sem dúvida, a da telefonista.
Às vezes um videogame de tiro em primeira pessoa, às vezes um filme de terror, às vezes um melodrama barato. E, de fato, o diretor de fotografia Dion Beebe fez bem ao cinema de Michael Bay.
Se conseguíssemos isolar o 1º ato (quando há, inclusive, um falso plano-sequência bem maneiro), teríamos um filme medíocre como o seu antecessor. Mas, o falatório e a enrolação chatos do 2º ato e a farofice do desfecho o afunda. Nem a inclusão de dois atores fodas salva.
Este sim é punk sem frescura. O registro é eternizado ao transcender os limites da cinebiografia e atingir a música, o uso de drogas (onírico), a comédia e o romance. Esqueçamos “Trainspotting” de Boyle, lembremo-nos de “Sid and Nancy” de Cox. Viva!
Filme de closes e de espaços apertados, em que cada mínimo movimento do rosto de Léaud importa. E mesmo com tanto enclausuramento, Albert Serra consegue encaixar humor.
O Primeiro Homem
3.6 649 Assista AgoraCurto o trabalho subjetivo da câmera e os planos kubrickianos no espaço. O que me cansa é Chazelle achando que tudo em seu filme tem que ser foda, quase não há uma cena "normal"... Para ele parece não haver diferença entre uma conversa e uma set piece.
Corrente do Mal
3.2 1,8K Assista AgoraA subjetividade inerente ao argumento do filme é muito bem traduzida pela câmera, que cria uma onipresença do horror que remete aos melhores filmes oitentistas do gênero. Muito de "Halloween" aqui.
A Vingança da Pantera Cor de Rosa
3.6 17 Assista AgoraCom visão de mundo meio "keatoniana" (o acaso é vital nos resultados das ações humanas), Edwards explorava situações cada vez mais nonsense conforme a franquia avançava. OK, mas o carinho com a trama policial diminuía demais em relação aos dois primeiros.
O Predador
3.8 818 Assista AgoraTodo o drama do filme é construído pela coreografia da ação e da ambientação, tratadas de maneira subjetiva pela câmera e objetiva pelo roteiro. A masculinidade abordada, que nada tem a ver com sexismo, pode ensinar muito em tempos de mimimi.
A Ponte do Norte/ Um Passeio Por Paris
3.7 10Para Rivette, a contingência é musa. O acaso não é somente o ponto de partida da aventura (tema tão recorrente em um Hitchcock, por exemplo), é também indissociável da narrativa e, com o decorrer do tempo, tende ao surrealismo.
Z
4.4 122A agressividade do discurso, a começar pela sua intencionalidade, reflete-se na montagem, num filme que alinha estética e narrativamente ação, drama, comédia e crítica. Mostra muito, diz muito.
O Orgulho
3.4 43 Assista AgoraDrama/comédia/romance altamente politizado, mas que parece mais preocupado com o discurso do que com o gênero. De qualquer forma, no fundo, não faz bem nenhum dos dois. Valeu pela champanhe na abertura do Festival Varilux de Cinema Francês 2018.
O Babadook
3.5 2,0KFilme que tenta tanto dar significâncias ao horror, mas que no fundo não passa de uma grande vergonha alheia. Começa com um drama familiar péssimo, passa para um terror meia-boca e acaba com uma liçãozinha de moral.
O Mistério Do Número 17
2.9 25Curioso notar alguns elementos de filme noir aqui (apesar disso nem existir ainda nesta época), como o roteiro muito intrincado e o uso do chiaroscuro (expressionista, sim) na parte que se passa dentro da casa.
Scarface
4.4 1,8K Assista AgoraBom filme? Sim. Mas é muito mais um ícone pop do que um grande De Palma. Pode dar a mão e sair andando com “Clube da Luta” (Fincher) e “O Sexto Sentido” (Shyamalan).
O Último Mestre do Ar
2.7 2,1K Assista AgoraFalta noção de tempo narrativo, o que gera muitos momentos efêmeros. Mas, visualmente é bem interessante, a mise-en-scène de Shyamalan se encantou pelo cinema digital, pela ação digital, pela coreografia digital e pelas cores digitalmente vibrantes.
Chantagem e Confissão
3.7 59 Assista AgoraSe à primeira vista pode parecer imaturidade na transição entre o mudo e o sonoro, revela-se um consciente adeus ao cinema de antes: através da bela abertura sem falas, e da qualidade no trato do som a partir de então. O som fez bem a Hitchcock.
Juno e o Pavão
2.6 15Um Hitchcock nada Hitchcock: erroneamente hipervalorizado no Reino Unido em seu tempo. Enraizado em uma teatralidade que impede o filme de ser cinema. Decerto, os críticos da época analisaram muito mais num âmbito literário do que num cinematográfico.
Assassinato
3.4 34 Assista AgoraUm dos poucos whodunits de Hitchcock é calculadinho demais. A boa abertura, a metalinguagem e o subtexto sobre homossexualidade são ofuscados pelo enfadonho segundo ato e pela explicação descarada do assassinato no final.
Champagne
2.9 20Hitchcock considerava “Champagne” seu pior filme, talvez pela estrutura narrativa completamente frágil. No entanto, tem algumas gags e sacadas visuais bem interessantes. Para mim, os piores do cineasta são "Easy Virtue" e "Juno and the Paycock".
Kairo
3.4 165Há um plano que sintetiza bem o cinema de Kurosawa: sob trilha sonora sublime, em campo temos o protagonista investigando o que já é conhecido por cenas anteriores, eis que a câmera corta para o desconhecido, para o sobrenatural no contracampo. Manja muito transmitir medo através da mudança de perspectiva...
Sleep Has Her House
3.6 12Conceitualmente, fica entre a estaticidade de Marker, o sonho de Tarkovsky, a pós-modernidade da pós-produção de um Oliver Stone e a sobreposição de layers de um belo filme em 3D. Mas a realização é única, imagens com textura jamais vistas. Questiono-me aonde Scott Barley foi para capturar as imagens, mas acredito que o maior tour de force tenha sido na pós-produção.
Decadência
3.1 24 Assista AgoraArrasta-se por uma hora com apenas uma ou outra boa cena, mas no final Hitchcock tem um surto criativo de começo de carreira e compõe 20 minutos belíssimos de sonhos e de uma realidade distorcida.
Mulher Pública
3.2 23Hitchcock estranhamente pouco visual. Possivelmente o filme mudo com mais letreiros que já vi, grande parte do tempo é personagem falando merda um pro outro. A melhor sequência (talvez a única realmente boa) é, sem dúvida, a da telefonista.
13 Horas - Os Soldados Secretos de Benghazi
3.5 310Às vezes um videogame de tiro em primeira pessoa, às vezes um filme de terror, às vezes um melodrama barato. E, de fato, o diretor de fotografia Dion Beebe fez bem ao cinema de Michael Bay.
Guardiões da Galáxia Vol. 2
4.0 1,7K Assista AgoraSe conseguíssemos isolar o 1º ato (quando há, inclusive, um falso plano-sequência bem maneiro), teríamos um filme medíocre como o seu antecessor. Mas, o falatório e a enrolação chatos do 2º ato e a farofice do desfecho o afunda. Nem a inclusão de dois atores fodas salva.
Sid & Nancy: O Amor Mata
3.7 371 Assista AgoraEste sim é punk sem frescura. O registro é eternizado ao transcender os limites da cinebiografia e atingir a música, o uso de drogas (onírico), a comédia e o romance. Esqueçamos “Trainspotting” de Boyle, lembremo-nos de “Sid and Nancy” de Cox. Viva!
A Morte de Luís XIV
3.5 17 Assista AgoraFilme de closes e de espaços apertados, em que cada mínimo movimento do rosto de Léaud importa. E mesmo com tanto enclausuramento, Albert Serra consegue encaixar humor.
As Duas Faces de um Crime
4.1 1,0K Assista AgoraAh este roteiro nas mãos do Fincher...