As grande-angulares com foco ultrarraso de McDowell metaforizam o espaço, decerto, mas o diretor não consegue fugir de um didatismo débil, tanto na explicação científica da coisa quanto na trama em si. Claramente inspirado em “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”, porém não consegue chegar nem aos pés.
Deixa a desejar da metade para frente, quando se percebe a vulnerabilidade dos diferentes gêneros e subtextos, que, apesar de começarem maravilhosamente bem, não atingem a potência prometida. Mesmo assim, é um bom Assayas.
Com diversos começos e fins, Ridley Scott bola a bagunça generalizada do ano. Sem citar o falatório chato. Com esforço, até é possível pescar uma ou outra cena boa, o que não muda a ruindade do conjunto.
Curto como Jarmusch filma o cotidiano, conceitualmente próximo a Ozu: espaços intermediários com o mundo a olhar o filme. Mas as sequências com as poesias se acham maiores que o filme, e essa afetação, no fim das contas, estraga o resultado.
Os momentos de maior liberdade estética da filmagem de uma comédia stand-up talvez sejam o antes e o depois da apresentação. Louis C.K. aproveita isso: nós entramos no palco junto dele e ele termina seu filme aberto a mais piadas. Gosto de quero mais.
Poderia ter indo mais fundo no lado artístico de Laerte, as tirinhas como entreatos não conseguem isso. Começa poderoso, mas acaba caindo em um processo reiterativo. É curioso que até ela em certo ponto se questiona se está repetindo coisas.
Bebe da fonte do cinema direto, como “Primárias” sobre a campanha de Kennedy, com a câmera na mão e sem muita firula. Mas, ao se revelar por completo, o filme tem modos afetados com a montagem, a trilha sonora e o discurso didático. Quase engana.
Ao lado de “Manchester à Beira-Mar”, os filmes que mais poderiam dar certo no ano. Em diversos momentos, parece que “Loving” vai decolar, mas permanece numa calmaria... O que não necessariamente é ruim, mas aqui parece que ficou devendo.
Dificílimo descrever a paixão existente em cada plano de “Les Demoiselles de Rochefort”. Está além da razão, é como o amor ideal. Vi no cinema, que prazer.
O seu forte não está na crítica social; aliás, parece-me não ser a maior preocupação de Joon-ho Bong. O forte está na ação, na comédia e no drama; esses sim são o foco narrativo.
Começa com o maior travelling da história do cinema: a câmera sai de dois gatos brincando à beira da água e chega em um avião em movimento. Estética esterilizada horrenda. A pegada infantil por vezes funciona, já a contemporaneidade não.
Há momentos de vergonha alheia e no fundo parece que não tem muito a dizer, mas a comédia vence na maior parte do tempo. A ponto de deitar no chão de dar risada.
Faz referências a Psicose e a Halloween, e emula a direção de James Wan. No futuro David F. Sandberg pode se tornar um bom imitador. “Who care’s? Run!”.
Espertinho do começo ao fim. Não cansa de ter um caráter pseudo-crítico e pseudo-intelectual, jogando na tela ideias contemporâneas sem nenhum esmero. Não dá pra levar a sério nada, nem os momentos de introspecção da protagonista.
Com algum esforço, vê-se um bom filme. Mas não sai da minha cabeça que a trilha sonora como tentativa de tornar etéreas as situações cansa e que tem muita cena ruim aí no meio.
Shyamalan faz seu filme pulsar com os grandes closes à Welles e a tensão à Hitchcock. E acerta no controle do tempo narrativo (prolongamento e encurtamento), alcançando o objetivo puramente cinematográfico de criar um grande exemplar de gênero (à Hawks).
Dentro dos padrões Marvel, algo aceitável: de vez em quando acerta no humor, o controle de ritmo não é um desastre total e a estética em CGI e 3D, com algumas cenas maneiras em câmera lenta, é razoável. Dos defeitos, nem é preciso falar, já são sabidos.
Tem sua importância vanguardista de trazer o videogame ao cinema. Mas, Paul W.S. Anderson ainda narrativa (apesar da estrutura de fases típica de jogos) e imageticamente (não nos enquadramentos, mas, principalmente, no uso das cores) imaturo. A coreografia da ação é pobre, o humor é anticlimático e a própria noção do tempo narrativo é ruim (no tratamento de clímax e anticlímax).
A Descoberta
3.3 387 Assista AgoraAs grande-angulares com foco ultrarraso de McDowell metaforizam o espaço, decerto, mas o diretor não consegue fugir de um didatismo débil, tanto na explicação científica da coisa quanto na trama em si. Claramente inspirado em “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”, porém não consegue chegar nem aos pés.
Personal Shopper
3.1 384 Assista AgoraDeixa a desejar da metade para frente, quando se percebe a vulnerabilidade dos diferentes gêneros e subtextos, que, apesar de começarem maravilhosamente bem, não atingem a potência prometida. Mesmo assim, é um bom Assayas.
Alien: Covenant
3.0 1,2K Assista AgoraCom diversos começos e fins, Ridley Scott bola a bagunça generalizada do ano. Sem citar o falatório chato. Com esforço, até é possível pescar uma ou outra cena boa, o que não muda a ruindade do conjunto.
Paterson
3.9 353 Assista AgoraCurto como Jarmusch filma o cotidiano, conceitualmente próximo a Ozu: espaços intermediários com o mundo a olhar o filme. Mas as sequências com as poesias se acham maiores que o filme, e essa afetação, no fim das contas, estraga o resultado.
Louis C.K. 2017
4.0 25Os momentos de maior liberdade estética da filmagem de uma comédia stand-up talvez sejam o antes e o depois da apresentação. Louis C.K. aproveita isso: nós entramos no palco junto dele e ele termina seu filme aberto a mais piadas. Gosto de quero mais.
Tracy Morgan: Staying Alive
3.1 2 Assista AgoraAbertura horrível e o stand-up não é nada de mais. Dar risada chega a ser custoso. Só o clima de retorno é envolvente.
Laerte-se
4.0 184Poderia ter indo mais fundo no lado artístico de Laerte, as tirinhas como entreatos não conseguem isso. Começa poderoso, mas acaba caindo em um processo reiterativo. É curioso que até ela em certo ponto se questiona se está repetindo coisas.
Emmanuel Macron: Nos Bastidores da Vitória
3.5 3Bebe da fonte do cinema direto, como “Primárias” sobre a campanha de Kennedy, com a câmera na mão e sem muita firula. Mas, ao se revelar por completo, o filme tem modos afetados com a montagem, a trilha sonora e o discurso didático. Quase engana.
Bottom of the World
2.7 66Pegada meio Lynch, mas lá pelas tantas cai em um didatismo que o começo misterioso não tinha. Poderia ter ido por outro caminho...
Loving: Uma História de Amor
3.7 292 Assista AgoraAo lado de “Manchester à Beira-Mar”, os filmes que mais poderiam dar certo no ano. Em diversos momentos, parece que “Loving” vai decolar, mas permanece numa calmaria... O que não necessariamente é ruim, mas aqui parece que ficou devendo.
Duas Garotas Românticas
4.1 65 Assista AgoraDificílimo descrever a paixão existente em cada plano de “Les Demoiselles de Rochefort”. Está além da razão, é como o amor ideal. Vi no cinema, que prazer.
Okja
4.0 1,3K Assista AgoraO seu forte não está na crítica social; aliás, parece-me não ser a maior preocupação de Joon-ho Bong. O forte está na ação, na comédia e no drama; esses sim são o foco narrativo.
Virei um Gato
2.8 203 Assista AgoraComeça com o maior travelling da história do cinema: a câmera sai de dois gatos brincando à beira da água e chega em um avião em movimento. Estética esterilizada horrenda. A pegada infantil por vezes funciona, já a contemporaneidade não.
Marco Luque: Tamo Junto
2.3 50 Assista AgoraHá momentos de vergonha alheia e no fundo parece que não tem muito a dizer, mas a comédia vence na maior parte do tempo. A ponto de deitar no chão de dar risada.
No Silêncio da Noite
4.1 79 Assista AgoraCom este “In a Lonely Place” e com “On Dangerous Ground”, Nicholas Ray se mostra como um dos cineastas que mais entende do homem moderno.
Annabelle 2: A Criação do Mal
3.3 1,1K Assista AgoraFaz referências a Psicose e a Halloween, e emula a direção de James Wan. No futuro David F. Sandberg pode se tornar um bom imitador. “Who care’s? Run!”.
Crimes Obscuros
3.3 20Não vive o presente, fica entre o passado e o futuro, entre as demolições e as construções.
Para o Outro Lado
3.4 22 Assista AgoraUm dos poucos filmes que me lembro em que todos os toques entre as pessoas são impactantes.
O Círculo
2.6 587 Assista AgoraEspertinho do começo ao fim. Não cansa de ter um caráter pseudo-crítico e pseudo-intelectual, jogando na tela ideias contemporâneas sem nenhum esmero. Não dá pra levar a sério nada, nem os momentos de introspecção da protagonista.
Memórias de um Assassino
4.2 366 Assista AgoraEsta miscelânea de comédia, drama e o gênero, efetivamente, do filme, que Joon-ho Bong faz, é uma delícia. E dá-lhe voadora!
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraCom algum esforço, vê-se um bom filme. Mas não sai da minha cabeça que a trilha sonora como tentativa de tornar etéreas as situações cansa e que tem muita cena ruim aí no meio.
Fragmentado
3.9 3,0K Assista AgoraShyamalan faz seu filme pulsar com os grandes closes à Welles e a tensão à Hitchcock. E acerta no controle do tempo narrativo (prolongamento e encurtamento), alcançando o objetivo puramente cinematográfico de criar um grande exemplar de gênero (à Hawks).
Guardiões da Galáxia
4.1 3,8K Assista AgoraDentro dos padrões Marvel, algo aceitável: de vez em quando acerta no humor, o controle de ritmo não é um desastre total e a estética em CGI e 3D, com algumas cenas maneiras em câmera lenta, é razoável. Dos defeitos, nem é preciso falar, já são sabidos.
Mortal Kombat
3.0 598 Assista AgoraTem sua importância vanguardista de trazer o videogame ao cinema. Mas, Paul W.S. Anderson ainda narrativa (apesar da estrutura de fases típica de jogos) e imageticamente (não nos enquadramentos, mas, principalmente, no uso das cores) imaturo. A coreografia da ação é pobre, o humor é anticlimático e a própria noção do tempo narrativo é ruim (no tratamento de clímax e anticlímax).