Exposição sem frescura da adolescência: brincadeiras pueris, filmes, cigarros e, principalmente, relacionamentos sexuais. Tão pessoal, experiência tão sensorial que se aproxima a ficar sentado à tarde em um café acompanhando de perto o mundo passar.
Durante a estaticidade dos longos planos de composição quase minimalista, nem as horas dos relógios, um dos poucos elementos em cena, passam, mas, como um todo, o policialesco entre a ciência e o misticismo ruma à mente do personagem.
O primeiro plano é metáfora para o sonho de Sabrina em busca de seu amor e, consequentemente, para o rompimento dos ditames da sociedade: a lua ao longe sobre uma esticada perspectiva do suntuoso jardim. E o figurino evolui conforme sua personagem.
A crueza estética (não como defeito), atingida pela sutileza da câmera e da montagem e pela fotografia monocromática e com iluminação natural de Néstor Almendros, contrabalança-se com o calor interpessoal. Rohmer conhecia a vida como poucos cineastas.
É no quarto verde, altar para sua falecida esposa, que ele realmente vive, ama. Quando velas começam a simbolizar cada morto que passou por sua vida, uma nova possibilidade amorosa floresce, mas para ele não há outra resposta a isso, senão a morte.
Não que visualmente seja ruim (por exemplo, a eficácia da mise-en-scène dos primeiros minutos que apresentam o aeroporto é típica de Spielberg), mas a mistura entre drama e comédia é das mais fáceis possíveis e, no fundo, é tudo muito sem graça.
A subjetividade da câmera de Verhoeven, juntamente dos efeitos especiais, da maquiagem, da fotografia e da direção de arte, constroem um futuro ora horroroso, ora mecânico, ou ainda, ora semiabstrato. Abordagem impressionantemente atual.
O tempo é esticado nos melancólicos momentos derradeiros de um cinema para perpetuá-los, como o último cigarro a queimar ou o último rolo a rebobinar. Mesmo que em meio a fantasmas, quem ama a arte nunca deixará de se emocionar.
Relacionamento amoroso simultaneamente carnal e etéreo, visto nos campos da espiritualidade e da modernidade. Em tons de fábula, o homem confronta seu lado primal em uma trajetória que finda com uma canção de alegria, trançando o viés animal ao humano.
A partir do momento que Chazelle, encantado com a razão de aspecto de seu filme, abre a tela, um gênero é revivido. O ritmo que em “Whiplash” estava na decupagem calculada com o jazz, agora está na fluidez da câmera como um elemento coreográfico.
Bem-humorado e elegante, Blake Edwards dá a espacialidade cênica aprendida com a profundidade de campo nos anos anteriores do cinema para Audrey Hepburn, com uma atuação, marcar uma carreira.
Thriller enaltecidamente contemporâneo - belos cenários de cinema digital, ritmo acelerado e decupagem precisa (que, apesar da longa duração, dá espaço apenas ao que realmente interessa, um conceito hitchcockiano) - com personagens que pulsam na projeção.
Como na pintura de Rothko, Cronenberg narra uma história que parece haver certa lógica, mas com tons hesitantes que certificam a assimetria da vida. Busca, também compartilhada pelos dois artistas, aos recônditos da espiritualidade do homem moderno.
Mastroianni, antes humilde, enriquece como pretensamente intelectual antiquário na sociedade das aparências. A tormenta causada pela investigação policial fá-lo refletir e chega a humanizá-lo. Mas, mesmo no final, seu lado mulherengo continua.
Importante registro, mas exagera na importância cinematográfica de “A Volta ao Mundo em 80 Dias” (que decerto lucrou muito, mas não é um grande filme) e não segue em nada o chamado cinema de autor, ao privilegiar tanto o papel do produtor.
As grande-angulares do sistema Todd-AO (elaborado a partir de incentivos do produtor Michael Todd), fazem a grandiloquência da narrativa se refletir na super produção e proporcionam maravilhosos phantom rides, mas não tiram o filme da mediocridade.
Bette Davis tornando-se cada vez mais desgastada pela maquiagem, ao passo que sua atuação cresce. John Cromwell esporadicamente coloca, diferenciando-se em relação ao sistema de estúdio hollywoodiano da época, o olhar dos atores diretamente para a câmera.
Os planos abertos da localização desértica dão o ar de western, nesta nova revisitação de Carpenter ao cinema de outrora. Exercício fílmico experiente, com completa noção de seu alcance e importância, bem como de timing em todos os sentidos narrativos.
Meus Pequenos Amores
3.8 7Exposição sem frescura da adolescência: brincadeiras pueris, filmes, cigarros e, principalmente, relacionamentos sexuais. Tão pessoal, experiência tão sensorial que se aproxima a ficar sentado à tarde em um café acompanhando de perto o mundo passar.
A Cura
3.9 79Durante a estaticidade dos longos planos de composição quase minimalista, nem as horas dos relógios, um dos poucos elementos em cena, passam, mas, como um todo, o policialesco entre a ciência e o misticismo ruma à mente do personagem.
Sabrina
4.1 332 Assista AgoraO primeiro plano é metáfora para o sonho de Sabrina em busca de seu amor e, consequentemente, para o rompimento dos ditames da sociedade: a lua ao longe sobre uma esticada perspectiva do suntuoso jardim. E o figurino evolui conforme sua personagem.
Era uma Vez em Tóquio
4.4 187 Assista AgoraO classicismo cinematográfico.
Alta Fidelidade
3.8 691 Assista AgoraQueria entender de música como estes caras.
Philomena
4.0 925 Assista AgoraO pragmatismo está em todos os temas abordados pelo filme. E, talvez por isso, a personagem central não alcança a emoção ou o riso almejados.
Minha Noite com Ela
4.0 42 Assista AgoraA crueza estética (não como defeito), atingida pela sutileza da câmera e da montagem e pela fotografia monocromática e com iluminação natural de Néstor Almendros, contrabalança-se com o calor interpessoal. Rohmer conhecia a vida como poucos cineastas.
O Quarto Verde
3.6 30É no quarto verde, altar para sua falecida esposa, que ele realmente vive, ama. Quando velas começam a simbolizar cada morto que passou por sua vida, uma nova possibilidade amorosa floresce, mas para ele não há outra resposta a isso, senão a morte.
A Longa Viagem de Volta
3.7 10A união entre John Ford, Gregg Toland, John Wayne e Dudley Nichols, quatro dos melhores da época, só poderia resultar em uma obra-prima.
O Fantástico Sr. Raposo
4.2 933 Assista AgoraA mise-en-scène com bela composição dos enquadramentos e o argumento rico típicos de Wes Anderson transportados para o universo da animação.
O Terminal
3.8 1,3K Assista AgoraNão que visualmente seja ruim (por exemplo, a eficácia da mise-en-scène dos primeiros minutos que apresentam o aeroporto é típica de Spielberg), mas a mistura entre drama e comédia é das mais fáceis possíveis e, no fundo, é tudo muito sem graça.
RoboCop: O Policial do Futuro
3.6 683 Assista AgoraA subjetividade da câmera de Verhoeven, juntamente dos efeitos especiais, da maquiagem, da fotografia e da direção de arte, constroem um futuro ora horroroso, ora mecânico, ou ainda, ora semiabstrato. Abordagem impressionantemente atual.
Adeus, Dragon Inn
3.7 43O tempo é esticado nos melancólicos momentos derradeiros de um cinema para perpetuá-los, como o último cigarro a queimar ou o último rolo a rebobinar. Mesmo que em meio a fantasmas, quem ama a arte nunca deixará de se emocionar.
Mal dos Trópicos
4.0 85Relacionamento amoroso simultaneamente carnal e etéreo, visto nos campos da espiritualidade e da modernidade. Em tons de fábula, o homem confronta seu lado primal em uma trajetória que finda com uma canção de alegria, trançando o viés animal ao humano.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraA partir do momento que Chazelle, encantado com a razão de aspecto de seu filme, abre a tela, um gênero é revivido. O ritmo que em “Whiplash” estava na decupagem calculada com o jazz, agora está na fluidez da câmera como um elemento coreográfico.
Bonequinha de Luxo
4.1 1,7K Assista AgoraBem-humorado e elegante, Blake Edwards dá a espacialidade cênica aprendida com a profundidade de campo nos anos anteriores do cinema para Audrey Hepburn, com uma atuação, marcar uma carreira.
Zodíaco
3.7 1,3K Assista AgoraThriller enaltecidamente contemporâneo - belos cenários de cinema digital, ritmo acelerado e decupagem precisa (que, apesar da longa duração, dá espaço apenas ao que realmente interessa, um conceito hitchcockiano) - com personagens que pulsam na projeção.
Cosmópolis
2.7 1,0K Assista AgoraComo na pintura de Rothko, Cronenberg narra uma história que parece haver certa lógica, mas com tons hesitantes que certificam a assimetria da vida. Busca, também compartilhada pelos dois artistas, aos recônditos da espiritualidade do homem moderno.
Dr. Fantástico
4.2 665 Assista Agora"Dr. Fantástico" e a primeira parte de "Nascido para Matar" são as provas de que Kubrick também tinha talento para a comédia.
O Assassino
3.6 7Mastroianni, antes humilde, enriquece como pretensamente intelectual antiquário na sociedade das aparências. A tormenta causada pela investigação policial fá-lo refletir e chega a humanizá-lo. Mas, mesmo no final, seu lado mulherengo continua.
A Volta ao Mundo de Mike Todd
3.3 1Importante registro, mas exagera na importância cinematográfica de “A Volta ao Mundo em 80 Dias” (que decerto lucrou muito, mas não é um grande filme) e não segue em nada o chamado cinema de autor, ao privilegiar tanto o papel do produtor.
A Volta ao Mundo em 80 Dias
3.6 92 Assista AgoraAs grande-angulares do sistema Todd-AO (elaborado a partir de incentivos do produtor Michael Todd), fazem a grandiloquência da narrativa se refletir na super produção e proporcionam maravilhosos phantom rides, mas não tiram o filme da mediocridade.
Escravos do Desejo
3.7 56 Assista AgoraBette Davis tornando-se cada vez mais desgastada pela maquiagem, ao passo que sua atuação cresce. John Cromwell esporadicamente coloca, diferenciando-se em relação ao sistema de estúdio hollywoodiano da época, o olhar dos atores diretamente para a câmera.
Vampiros de John Carpenter
3.1 268 Assista AgoraOs planos abertos da localização desértica dão o ar de western, nesta nova revisitação de Carpenter ao cinema de outrora. Exercício fílmico experiente, com completa noção de seu alcance e importância, bem como de timing em todos os sentidos narrativos.