É satisfatório quando um criador sabe a hora de parar, entregando um material conciso e de alta qualidade, mas dói um pouco saber que não teremos mais Atlanta. A última temporada da série, apesar de um momento na primeira metade da temporada em que o nível dos episódios diminui um pouco (ainda mais depois do estrondoso e fascinante opening season, facilmente top 5 episódios de toda a série), traz, em sua segunda parte, tudo de melhor que Atlanta já havia oferecido e um pouco mais, com uma series finale que coroa tudo que a produção representa: crítica, sátira, comédia de costumes, tensões raciais e capitalistas, surrealismo pesado e confusão. É para mim o melhor episódio de toda a série. Cada EP nesse ano trouxe uma sensação de conclusão, e o inconclusivo final conclusivo mostra o quanto todos os personagens que amamos acompanhar durante os últimos anos evoluíram em relação a quando os conhecemos e ainda coloca uma sementinha safada na mente do espectador: será tudo uma grande ilusão? Donald Glover, Hiro Murai, Brian Tyree Henry, Zazie Beetz e Lakeith Stanfield entraram pra história das séries aqui, coisa de gênio. Sentirei muita falta de Atlanta, mas é hora de partir para novos desafios.
Um tanto agridoce por não saber dosar os tempos de tela, dispensar muito tempo em diálogos expositivos, mudar personalidades de personagens ao bel-prazer do roteiro e não desenvolver nem um pouco as grandes viradas da trama, fazendo com que a temporada pareça encaixar momentos mais chocantes só para remeter a Game of Thrones, já que esses momentos são pouco trabalhados. O episódio 8 é facilmente o melhor da temporada, e tudo graças à atuação grandiosa de Paddy Considine. De resto, a troca de elenco não faz bem à série, visto que a nova Rhaenyra não entregou o mesmo nível de atuação que a da primeira versão, além de que o CGI falhou várias vezes a ponto de ser incômodo e a fotografia demasiadamente escura atrapalhou por várias vezes a visão das cenas. Além do mais, repetir a mesma música na abertura da série, com uma arte também seguindo os mesmos moldes, mostra o quanto a série quer ser como GoT, mas o melhor caminho seria se desvencilhar e seguir um padrão próprio. Tem seus momentos, mas oscila demais e acabei a temporada sem me importar com ninguém.
Amanda Seyfried comanda com total tranquilidade a minissérie e encarna muito bem a figura ambígua que é a Elizabeth Holmes real e um tanto ridícula que é a CEO da Theranos. Difícil acreditar que tudo isso aconteceu, mas serviu para escancarar como funciona de verdade o capitalismo americano, os investimentos do capital financeiro e o apoio mútuo entre os famintos por lucro que passa por cima de qualquer ética. O clima de sátira e de comédia sarcástica que paira em meio à tensão constante e a momentos de pressão e controle é o que tornam a série algo mais, fazendo com que a experiência de assisti-la seja ao mesmo tempo revoltante, divertida e prazerosa. Hulu acertou muito.
A melhora dos efeitos, o crescimento de alguns personagens e o apelo da série se perdem numa temporada que não responde a nada, só fazendo mais perguntas e deixando tudo sem resposta. Personagens interessantes somem e deixam espaço pra o plot da insuportável Laura Moon, que poderia só ter ido de base logo no começo, mas os caras querem porque querem insistir nela. O plot de Lakeside também foi moroso e inserido só pra comer tempo, enquanto Bilquis e Technical Boy, que iam por caminhos promissores, findaram a temporada numa incógnita. Os orixás fizeram só uma ou outra ponta mesmo, outra frustração. E não tem jeito, Ricky Whittle não tem carisma pra ser protagonista.
Para os mais habituados a gore, violência gráfica e coisas do tipo do universo do horror, a série não chega a ser chocante visualmente, mas pelo fato dela ter acontecido na vida real. Porém, acima de tudo, é uma série revoltante e de causar muita indignação por todos os elementos alheios ao próprio Dahmer que fizeram ele dizimar tantas vítimas e cometer tantos crimes sofrendo consequências pífias. A forma como a série ressalta o papel ativo da polícia, da justiça e da família de Dahmer em seus atos, através de negligência, racismo, impunidade, homofobia, xenofobia e passabilidade por ser um homem branco e bonito - ou seja, alguém acima de qualquer suspeita para a sociedade americana -, mostram que um serial killer não existe sozinho, mas faz parte de todo um sistema que permite que ele surja, aja e continue cometendo suas atrocidades. A produção está um show e o elenco está especial; Evan Peters se transforma no próprio Jeffrey Dahmer, conseguindo passar a aura de perigo e de inocência que o personagem real transmitia e que tanto facilitava suas ações, assim como Niecy Nash está excelente como a persistente e heroica Glenda Cleveland. Destaco também Richard Jenkins como Lionel Dahmer, pois é impossível não sentir um misto de repulsa e pena de seu pobre mea culpa após descobrir as atrocidades cometidas pelo filho. O foco nas vítimas e suas famílias é um grande acerto, que faz com que a série não seja uma simples vitrine dos "feitos" de um canibal assassino, mas há alguns deslizes na forma como essas relações são retratadas, em especial o que ocorre no episódio 6, que poderia ser uma obra de arte sobre a vida interrompida de um jovem com grandes sonhos, mas acaba dando foco demais ao Dahmer em meio a essa narrativa particular. Um resultado potente e impactante, que não glamouriza o assassino nem exime de culpa os agentes que foram cúmplices dessa monstruosidade.
Visualmente impecável, visto o vultoso investimento, que infelizmente se traduz majoritariamente nesse espetáculo visual, pois faltou o mesmo esmero nos roteiros e na direção. Os dois primeiros episódios e o sexto são muito bons, mas os outros são oscilantes, anticlimáticos ou frustrantes, quebrando sempre com uma expectativa de crescimento da narrativa ou resolução de conflito. Ainda assim, a season finale conseguiu fechar alguns pontos e a série divertiu bastante, mesmo com seus deslizes e o abismo de diferença de nível se comparado ao material literário. Espero que fique melhor na próxima temporada.
Voltou a ser divertida como antes, tanto que engatei os 10 episódios de uma vez. Tem um final emocional e que traz as melhores coisas da série. Gostei do epílogo alto astral, não manteve o tom melancólico de despedida e respeita o clima geral que a série sempre teve. Dá aquela dorzinha de ser uma comfort series que se encerra, mas escolheram o momento certo pra encerrar, ainda mais depois de tudo que aconteceu em 2021. Jake, Amy, Rosa, Charles, Terry, Holt, Gina e até Hitchcock e Scully farão falta.
Talvez eu seja suspeito para avaliar a série da banda que, mesmo que não seja minha preferida, nem geral, nem do gênero, é para mim com facilidade a mais importante da história do punk. É só ler o mínimo sobre o movimento para saber que a "boy band de boutique" foi o pontapé do punk como algo organizado, como um verdadeiro movimento contracultural com ações em várias frentes culturais, sociais e políticas. Para o bem e para o mal, os Pistols representam tudo isso e Danny Boyle usou seu melhor para pôr isso em tela. Se falta mais subversão estética e narrativa para a história dos elementares do punk, as mudanças nas histórias reais e o jeito meio documental, meio de época de contar a história captou bem a jovialidade inconsequente, amoral e quase ingênua de um grupo de filhos mais ou menos desprivilegiados da classe trabalhadora. Mesmo quando as aparências diferiam bastante dos personagens reais, todas as atuações foram certeiras, até porque os figurinos, penteados, maquiagens, design de produção, fotografia e reconstrução de época estão impecáveis. A trilha sonora é o fino do fino: Bowie endeusado, Beatles relegado à posição de caretas (o que eu particularmente apoio) e, claro, muito punk, tanto dos Pistols quanto de seus associados. Por falar em associados, um evento crucial que a série não mostrou foi o show que mudou a história da música britânica e, consequentemente, mundial, mas com algumas decisões duvidosas e para fins narrativos mais amenos, o mais importante está aqui, principalmente aquela última cena que para mim traduz perfeitamente o que foram os Sex Pistols (os músicos, não o desgraçado do Malcolm) e o punk em si. Gostei bastante dos episódios Bodies, Nancy and Sid (humanizaram bem a groupie sem deixar de fazê-la detestável como sempre) e o episódio final, que de forma concisa trouxe o devastador fim da banda e do Sid sem cair na tentação das teorias do que realmente aconteceu naquele quarto do Hotel Chelsea. Por mais ressalvas que eu tenha quanto ao papel de Chrissie e Vivienne, além de mudanças na participação do Glen na história, acho que captou muito bem quem foram os caras sujos que fizeram o Reino Unido tremer com uma música terrivelmente alta e caótica. Bom também conhecer o lado sensível do Steve Jones. No fim das contas, Boyle conseguiu.
Não consigo ranquear para dizer se foi uma temporada melhor ou pior que as anteriores, mas senti que aqui a série abraça mais do que nunca a breguice e a pegada datada, usando isso como um elemento positivo. Muita coisa faz menos sentido aqui, mas esse universo é tão carismático e divertido de acompanhar que você nem se importa se dois caras que penaram pra ganhar de um só conseguem bater em sete caras melhores que eles, ou se os planos não fazem sentido, porque a gente só espera trocação sincera entre adolescentes e (quase) sexagenários (ou mais). Gostaria de mais presença do Miguel e do próprio Johnny Lawrence na temporada, sendo que ele é fácil a melhor coisa - que momento na season finale. A trama evolui bem com Daniel, Tory e até a Sam, ainda que ela continue insuportável, e Robby parece meio largado, sem enredo, mas o ator até que ficou menos ruim. Eli e Demetri continuam os melhores dos adolescentes e o retorno do Arraia foi melhor que o esperado. No lado dos vilões, Silver continuou dominando tudo, com Kreese demorando a aparecer, mas fazendo jus; já os novos senseis são totalmente nada a ver e tô 100% nem aí. Mike Barnes merecia mais foco também. Agora é ver o que mais eles trarão pela frente. Se continuarem na pegada de trazer personagens dos filmes, vão ter que ir pro 4 e pro remake. Será que Hillary ou Jaden vêm por aí?
Se os dois últimos episódios da temporada não fossem muito bons e o sexto bem legal, a nota seria menor, porque o que na temporada anterior era compreensível e aceitável, que seria a história demorando a andar para apresentar um rico universo e uma infinidade de personagens, aqui já não se encaixa mais, o que resulta em tramas que ficam rodando em círculos um tempão e muitos personagens mal utilizados. O plot de Mad Sweeney só melhora no final e Laura Moon ficou insuportável de acompanhar. Mr World é um falastrão que não condiz com o nível de poder e ameaça que deveria ter, a New Media não é tão boa, mas cumpriu bem o papel e Technical Boy é um ator limitado para as novas necessidades do papel. Escorrega bastante e foi um tanto cansativa, mas ainda tem um saldo mais positivo.
A quarta temporada de Westworld mistura um pouco da complexidade narrativa e filosófica das duas primeiras temporadas com a ação e os embates do mundo real da terceira, conseguindo superar os resultados aquém da temporada anterior. É um retorno às origens, com uma trama bem montada, com bons pontos de reviravolta e episódios surpreendentes. O final de temporada trouxe um ar de conclusão definitivo à série, mas também há algo em aberto que dá espaço a uma nova temporada. Provavelmente os criadores pensaram na possibilidade da HBO não renovar a série, então pensaram num final que fosse satisfatório à temporada e, se preciso, à série em si. Tudo sempre precisa retornar às suas origens e aqui não foi diferente. O elenco continua afiadíssimo, mas Ed Harris é o dono absoluto da temporada; já Tessa Thompson apresentou a atuação mais fraca, pois seus exagerados trejeitos de vilania acabavam sendo caricatos até demais no contexto da série e de sua personagem. Thandiwe Newton e Aaron Paul, assim como Jeffrey Wright e Luke Hemsworth, têm uma química muito prazerosa de se acompanhar. A produção e os efeitos, sem comentários, sempre impecáveis, e ainda tivemos uma seleção de músicas para a trilha sonora perfeita - o que dizer dos finais dos dois últimos episódios? Inclusive, o fim do episódio 7 é um dos melhores que vi esse ano. Se algo mais vier pela frente, não sei o que esperar, devido às várias prováveis saídas de personagens que acontecerão, mas se isso não acontecer, Westworld poderia estar sendo encerrada aqui não da melhor forma, mas muitíssimo digna e com a alta qualidade que merecia.
A ideia de fazer curtas animados despretensiosos no universo da série, com liberdade criativa e muita violência, rendeu um resultado bastante divertido. A maioria dos episódios se destaca pelo humor negro e excesso de violência, uns mais, outros menos. O último episódio dá uma bela enriquecida ao background da série original. O episódio da Awkwafina é tão ruim que é bom.
Ainda não passei do número 1 de Sandman, mas a série fez um bom trabalho em dar esse impulso. Tem a cara de Gaiman, pro bem e pro mal - afinal, alguns excessos de conveniência e ludicidade que funcionam mais na estrutura dos quadrinhos do que em séries televisivas são bem percebidos aqui, mas nada que incomode. Esteticamente, é um acerto completo. Mesmo com efeitos visuais limitados, eles não deixam a desejar. Certeza que na mão da HBO, seria uma série muito mais impressionante. O mais prazeroso é que Gaiman não é um Moore da vida, um purista que acha seu trabalho irretocável e não permite mudanças; ele não se apega aos visuais, ou mesmo a personalidades e eventos, desde que a essência e a inteligibilidade se mantenham. A série parece ser menos sombria do que poderia, mas isso se justifica por mirar um público-alvo mais amplo sem perder a qualidade, e foi um acerto. Gostei do elenco, Morte é linda e apaixonante, Lucienne e Matthew são carisma puro, Coríntio tem um magnetismo ameaçador com Boyd Holbrook e Lucifer está em boas mãos com Gwendoline Christie (afinal, Tilda Swinton já não é mais tão jovem para encarnar o anjo caído com a cara do David Bowie, o que é uma pena). Tom Sturridge faz um bom Sonho, mas é mais emotivo do que necessário às vezes. Gostaria de mais presença do sempre excelente David Thewlis. Acho que o que acabou sendo um ponto fraco foi a junção dos arcos numa só temporada, pois os quatro últimos episódios perdem muito fôlego em comparação aos ótimos seis primeiros, ainda mais depois de capítulos tão incríveis quanto o cinco e o seis. Poderiam ter adaptado cada arco em temporadas menores ou usar a velha tática de dividir a temporada em duas partes - mas depois de fazer isso sem necessidade alguma com Stranger Things, seria arriscado apostar nisso. De qualquer modo, Sandman é uma ótima adaptação de quadrinhos, que tem muito a trazer e que com certeza levará muita gente a consumir a obra original.
Tem menos ação que nas outras temporadas, mas o retorno de Silver deu uma bela incrementada no enredo, pois temos aqui o melhor vilão da série até o momento. Sua atuação também melhorou muito em comparação ao terceiro Karatê Kid. De resto, a série tem os mesmos problemas de atuações ruins, muito drama adolescente e roteiro que muitas vezes anda em círculo, mas continua sendo um dos melhores entretenimentos da Netflix.
Uma pérola escondida da HBO e uma ótima animação para adultos. A estranheza da animação de baixo orçamento é muito bem driblada pelo texto sagaz e metafórico, que através de animais desequilibrados, expõe os vícios e a realidade dos tipos urbanos humanos. A história paralela do prefeito animalia os supostos seres racionais numa dicotomia muito bem realizada. A nota só não é ainda maior porque a temporada perde fôlego nos episódios dos esquilos, mas os episódios dos gatos, das moscas e dos cães são ótimos. Vale demais ser assistida.
É aquele tipo de temporada que realmente não precisava, tanto que rodou os sete episódios para findar no ponto mais óbvio. As tramas se enrolam demais, os novos personagens são insuportáveis e somente o último episódio realmente traz uma qualidade semelhante à vista na primeira temporada, apesar do fim fraco que quis deixar uma possibilidade de continuação. Nicole Kidman dominou fácil a temporada e senti falta de mais da Laura Dern, que ainda assim, mesmo com menos chances de brilhar, ofusca todo mundo quanto tem a oportunidade, tendo algumas das cenas e falas mais icônicas da temporada. Pena que a série não conseguiu manter o alto nível que entregou antes.
Depois de 30 anos do caso, parecia não ter muito sentido retomar essa história num documentário seriado, mas a importância de contar os fatos justifica porque essa produção existe. Ver as imagens de Daniella em vida, os depoimentos de Raúl e Glória e a forma como a mãe lutou por justiça e pela memória de sua filha brutalmente assassinada, que ainda sofreria ataques à sua dignidade após sua morte, mostram o quanto todo o processo e a repercussão desse crime foi destruidor, injusto, cruel. Os episódios que focam na luta de Glória e nas personalidades dos assassinos diz muito sobre não só o crime e as pessoas envolvidas nele, mas sobre como o Brasil funciona em relação a seres tão bizarramente cruéis, que nunca se arrependeram e continuam pairando como uma mácula à memória de sua vítima e à limitada paz da família afetada. Série de grande importância, pois acaba trazendo vários retratos sobre a moral e a justiça no Brasil.
Se na série original, após a saída de Escobar, a terceira temporada manteve o nível com o excelente núcleo de Cali, o mesmo não ocorre na terceira parte do segmento México com a ausência de Diego Luna, que foi muito sentida. Dividindo-se entre três cartéis, a DEA e dois plots paralelos encabeçados por atores limitados e pouco carismáticos - sem falar que o plot do policial, apesar de atentar a um fato importante, quase não tem a ver com a trama da temporada ou da série -, o típico jogo de gato e rato que era tão bom de se acompanhar torna-se mais cansativo e repetitivo que nunca, resultando numa temporada oscilante, maçante e meio bagunçada. A qualidade técnica se mantém excelente, com destaque às direções de Wagner Moura, que entrega as melhores cenas de ação da temporada com facilidade, assim como as boas atuações do elenco veterano, mas os novos atores não correspondem a esse nível. Os momentos de confronto e tiroteio, além das conexões com o contexto geopolítico e os desdobramentos dos acontecimentos na Colômbia é que tornam a série ainda interessante de acompanhar, e nesses momentos torna-se prazerosa e resgata o que fez Narcos se tornar tão querida pelo público. Uma pena que seu ato final tenha sido um pouco decepcionante e o ponto mais baixo da série.
Mantém o nível das temporadas anteriores e acabou perdendo o potencial de ser muito acima das outras pela barriga nos episódios do meio (a velha mania de esticar e andar em círculos no plot principal só para durar os 8 episódios) e por muitas das decisões tomadas na season finale, principalmente depois de ter um encerramento tão bombástico quanto o da temporada passada.
Personagens ficaram largados na história, com tramas nada interessantes - Frenchie e a coisa da Nina, Kimiko virando do nada a noviça rebelde, Leitinho que uma hora tem trauma e em outra não tem - ou andando em círculos - Hughie fica forte, fica fraco e depois voltando a ser só suporte, Annie voltando a ser a chata que joga pelas regras depois de como finalizou a última temporada, Profundo sendo desnecessário e só um pau mandado. Trem-Bala e Capitão Pátria foram os pontos altos da temporada, e mesmo assim a construção psicológica desse último tem se arrastado demais. Os criadores não se decidem entre humanizá-lo ou fazê-lo virar um monstro de vez, mas a questão com o Ryan rendeu a ótima última cena do episódio, que promete muita coisa para o futuro da série. Soldier Boy, Maeve e Noir pareceram potenciais desperdiçados da temporada, ainda mais com o último morrendo numa facilidade e Maeve se salvando da morte sem haver possibilidade alguma para isso. Pareceu que, para tudo que a temporada prometía, andou pouco. Serviu mais como um ponte para a próxima temporada, que vem promissora com o Ryan despontando como um possível e perigoso risco.
As cenas de porradaria estão ainda melhores e alguns dos melhores episódios da série estão aqui, e isso faz valer muito a pena. As analogias com o momento político e social americano também foram ainda melhores, garantindo muitos dos melhores momentos da temporada. E Antony Starr está tenebroso como Capitão Pátria, cada vez mais trazendo camadas novas ao seu personagem. Mais uma temporada divertida, violenta e muito boa, mas que escorrega aqui e ali geralmente nos mesmos pontos que já eram mais frágeis anteriormente.
Tira o gosto extremamente amargo do último filme, que foi terrível. A série do Scrat vem do jeito certo, com diversão, trapalhada e uma dose de fofura. Essa série foi um acerto.
Mesmo com uma história recorrendo à velha ladainha de ameaça comunista típica dos anos 80, a temporada foi tão boa e divertido quando as anteriores, sendo até melhor de digerir como um todo e com um "fator maratona" que funcionou bem demais, com ótimos ganchos entre os episódios (era difícil parar para dormir). Os plots paralelos funcionam bem sozinhos e conseguem se conectar em um só com sucesso no final, e é talvez a season finale mais triste da série até o momento, com despedidas e recomeços - correu até umas lágrimas em certos momentos. Noah e Millie continuam dando um show nas atuações e David Harbour estava melhor do que nunca, funcionando muito bem na comédia também. Finn Wolfhard é que decepcionou, mostrando-se um ator um tanto limitado - e até seu personagem foi bem apagado. Os novos personagens, Robin e Suzie, foram ótimas adições e o aumento de importância de Erica surpreendeu e agradou bastante. Quando à estética, continuam nítidas as referências spielberguianas, a pesada nostalgia oitentista e a fotografia baseada nas sombras (nos momentos de terror) e na luz neon tão característica dos anos 80. As referências a filmes como De Volta Para o Futuro, O Enigma do Outro Mundo, A Bolha, Jurassic Park, Halloween II e Dia dos Mortos - não só sendo citados, mas também em cenas de construção semelhantes - enriquecem bastante a temporada. E até o merchan, mesmo que escancarado, foi divertido (a cena da New Coke foi ótima). No fim de tudo, mais uma ótima temporada, e quero muito ver como será a próxima temporada com essa mudança na dinâmica dos personagens.
Mesmo que os primeiros sete episódios já demonstrassem um desgaste, com duração desnecessária, cenas sem utilidade, tramas sem brilho, personagens perdidos na série e a introdução de alguém totalmente inútil como Argyle, o que decepcionou mais foi a divisão da série em duas partes e um marketing estrondoso prometendo um fim devastador que, sinceramente, não aconteceu. As decisões de roteiro da season finale pesaram bastante, e a temporada com o potencial mais destruidor de toda a série, que tinha capacidade de ser a melhor de todas fácil, apelou tanto a clichês, deus ex machinas e resoluções fáceis que tirou muito do brilho dos acertos da temporada, como o vilão central, a entrada de Eddie e a evolução de Steve, Max e Lucas. De qualquer forma, o fato da história da série se aproximar de um fim, o flerte com o terror e o carisma do elenco mantiveram a temporada divertida de assistir, conseguindo engatar cenas memoráveis e emocionantes. Infelizmente a mais fraca das temporadas, mas só porque o diabo está nos detalhes
Essa temporada foi mais fácil de devorar que as anteriores, sendo bem menos cansativa, mas acabou sendo a mais fraca até agora. Alguns personagens evoluem bem, como Cinco e Diego, enquanto outros andam em círculos, como Viktor (que teve o plot de sua identidade de gênero feito de forma muito rápida e superficial) e Luther, involuem, como Alisson (totalmente insuportável) ou são mal aproveitados demais, como o Klaus e quase todos da Sparrow Academy. A trama se enrola um tanto, porque parece se encaminhar para a resolução em vários momentos e inventa reveses só para chegar a dez episódios, enquanto uma certa morte off-screen incomodou bastante. Certos pontos da trama parecem furos de roteiro, mas sabe-se lá se na próxima temporada isso seja resolvido... Continua uma boa diversão e uma série de herói diferente do habitual, mas decepcionou um tanto.
Acompanhar as notícias davam um dimensão muito distante do peso gigantesco de tudo que foi sofrido por Evan e as outras vítimas vindo do Manson. Para quem já acompanhou o cantor, sabe que essas tendências agressivas e preconceituosas não são nada difíceis de serem reais, pois a sua persona pública é algo completamente execrável. É como dizem no doc, "um lobo sob pele de lobo". Que forma melhor de esconder quem você é do que criando um personagem que é como você? E os vídeos de bastidores de turnês mostravam muito bem os excessos, a postura abusiva e violenta (na adolescência consumi várias coisas dele para conhecer, mas nunca consegui gostar da música, sempre achei meio limitada, apesar do visual grotesco e polêmico sempre atrair a atenção, porém algo sempre me impedía de realmente admirar e tê-lo como um artista favorito). É simplesmente indefensável, e querer fazê-lo é idiotice de fã cego ou mau caratismo. E para quem acha que ela quis se promover com o nome dele, parece que esquecem que ela é protagonista de uma das séries da HBO mais importantes dos últimos anos, enquanto Manson continua se escorando em tentar engatar polêmicas nos videoclipes para parecer relevante. Admiro demais a força e coragem de Evan e das outras vítimas, pois não é fácil bater de frente com alguém com tanto poder e influência. Documentário muito emocional e que mergulha de cabeça no lado sempre desmentido e atacado da história.
Atlanta (4ª Temporada)
4.4 53 Assista AgoraÉ satisfatório quando um criador sabe a hora de parar, entregando um material conciso e de alta qualidade, mas dói um pouco saber que não teremos mais Atlanta. A última temporada da série, apesar de um momento na primeira metade da temporada em que o nível dos episódios diminui um pouco (ainda mais depois do estrondoso e fascinante opening season, facilmente top 5 episódios de toda a série), traz, em sua segunda parte, tudo de melhor que Atlanta já havia oferecido e um pouco mais, com uma series finale que coroa tudo que a produção representa: crítica, sátira, comédia de costumes, tensões raciais e capitalistas, surrealismo pesado e confusão. É para mim o melhor episódio de toda a série. Cada EP nesse ano trouxe uma sensação de conclusão, e o inconclusivo final conclusivo mostra o quanto todos os personagens que amamos acompanhar durante os últimos anos evoluíram em relação a quando os conhecemos e ainda coloca uma sementinha safada na mente do espectador: será tudo uma grande ilusão? Donald Glover, Hiro Murai, Brian Tyree Henry, Zazie Beetz e Lakeith Stanfield entraram pra história das séries aqui, coisa de gênio. Sentirei muita falta de Atlanta, mas é hora de partir para novos desafios.
A Casa do Dragão (1ª Temporada)
4.1 711 Assista AgoraUm tanto agridoce por não saber dosar os tempos de tela, dispensar muito tempo em diálogos expositivos, mudar personalidades de personagens ao bel-prazer do roteiro e não desenvolver nem um pouco as grandes viradas da trama, fazendo com que a temporada pareça encaixar momentos mais chocantes só para remeter a Game of Thrones, já que esses momentos são pouco trabalhados. O episódio 8 é facilmente o melhor da temporada, e tudo graças à atuação grandiosa de Paddy Considine. De resto, a troca de elenco não faz bem à série, visto que a nova Rhaenyra não entregou o mesmo nível de atuação que a da primeira versão, além de que o CGI falhou várias vezes a ponto de ser incômodo e a fotografia demasiadamente escura atrapalhou por várias vezes a visão das cenas. Além do mais, repetir a mesma música na abertura da série, com uma arte também seguindo os mesmos moldes, mostra o quanto a série quer ser como GoT, mas o melhor caminho seria se desvencilhar e seguir um padrão próprio. Tem seus momentos, mas oscila demais e acabei a temporada sem me importar com ninguém.
The Dropout
4.0 57 Assista AgoraAmanda Seyfried comanda com total tranquilidade a minissérie e encarna muito bem a figura ambígua que é a Elizabeth Holmes real e um tanto ridícula que é a CEO da Theranos. Difícil acreditar que tudo isso aconteceu, mas serviu para escancarar como funciona de verdade o capitalismo americano, os investimentos do capital financeiro e o apoio mútuo entre os famintos por lucro que passa por cima de qualquer ética. O clima de sátira e de comédia sarcástica que paira em meio à tensão constante e a momentos de pressão e controle é o que tornam a série algo mais, fazendo com que a experiência de assisti-la seja ao mesmo tempo revoltante, divertida e prazerosa. Hulu acertou muito.
Deuses Americanos (3ª Temporada)
3.3 77 Assista AgoraA melhora dos efeitos, o crescimento de alguns personagens e o apelo da série se perdem numa temporada que não responde a nada, só fazendo mais perguntas e deixando tudo sem resposta. Personagens interessantes somem e deixam espaço pra o plot da insuportável Laura Moon, que poderia só ter ido de base logo no começo, mas os caras querem porque querem insistir nela. O plot de Lakeside também foi moroso e inserido só pra comer tempo, enquanto Bilquis e Technical Boy, que iam por caminhos promissores, findaram a temporada numa incógnita. Os orixás fizeram só uma ou outra ponta mesmo, outra frustração. E não tem jeito, Ricky Whittle não tem carisma pra ser protagonista.
Dahmer: Um Canibal Americano
4.0 671 Assista AgoraPara os mais habituados a gore, violência gráfica e coisas do tipo do universo do horror, a série não chega a ser chocante visualmente, mas pelo fato dela ter acontecido na vida real. Porém, acima de tudo, é uma série revoltante e de causar muita indignação por todos os elementos alheios ao próprio Dahmer que fizeram ele dizimar tantas vítimas e cometer tantos crimes sofrendo consequências pífias. A forma como a série ressalta o papel ativo da polícia, da justiça e da família de Dahmer em seus atos, através de negligência, racismo, impunidade, homofobia, xenofobia e passabilidade por ser um homem branco e bonito - ou seja, alguém acima de qualquer suspeita para a sociedade americana -, mostram que um serial killer não existe sozinho, mas faz parte de todo um sistema que permite que ele surja, aja e continue cometendo suas atrocidades. A produção está um show e o elenco está especial; Evan Peters se transforma no próprio Jeffrey Dahmer, conseguindo passar a aura de perigo e de inocência que o personagem real transmitia e que tanto facilitava suas ações, assim como Niecy Nash está excelente como a persistente e heroica Glenda Cleveland. Destaco também Richard Jenkins como Lionel Dahmer, pois é impossível não sentir um misto de repulsa e pena de seu pobre mea culpa após descobrir as atrocidades cometidas pelo filho. O foco nas vítimas e suas famílias é um grande acerto, que faz com que a série não seja uma simples vitrine dos "feitos" de um canibal assassino, mas há alguns deslizes na forma como essas relações são retratadas, em especial o que ocorre no episódio 6, que poderia ser uma obra de arte sobre a vida interrompida de um jovem com grandes sonhos, mas acaba dando foco demais ao Dahmer em meio a essa narrativa particular. Um resultado potente e impactante, que não glamouriza o assassino nem exime de culpa os agentes que foram cúmplices dessa monstruosidade.
O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder (1ª Temporada)
3.9 785 Assista AgoraVisualmente impecável, visto o vultoso investimento, que infelizmente se traduz majoritariamente nesse espetáculo visual, pois faltou o mesmo esmero nos roteiros e na direção. Os dois primeiros episódios e o sexto são muito bons, mas os outros são oscilantes, anticlimáticos ou frustrantes, quebrando sempre com uma expectativa de crescimento da narrativa ou resolução de conflito. Ainda assim, a season finale conseguiu fechar alguns pontos e a série divertiu bastante, mesmo com seus deslizes e o abismo de diferença de nível se comparado ao material literário. Espero que fique melhor na próxima temporada.
Brooklyn Nine-Nine (8ª Temporada)
4.2 140 Assista AgoraVoltou a ser divertida como antes, tanto que engatei os 10 episódios de uma vez. Tem um final emocional e que traz as melhores coisas da série. Gostei do epílogo alto astral, não manteve o tom melancólico de despedida e respeita o clima geral que a série sempre teve. Dá aquela dorzinha de ser uma comfort series que se encerra, mas escolheram o momento certo pra encerrar, ainda mais depois de tudo que aconteceu em 2021. Jake, Amy, Rosa, Charles, Terry, Holt, Gina e até Hitchcock e Scully farão falta.
Pistol
4.1 24 Assista AgoraTalvez eu seja suspeito para avaliar a série da banda que, mesmo que não seja minha preferida, nem geral, nem do gênero, é para mim com facilidade a mais importante da história do punk. É só ler o mínimo sobre o movimento para saber que a "boy band de boutique" foi o pontapé do punk como algo organizado, como um verdadeiro movimento contracultural com ações em várias frentes culturais, sociais e políticas. Para o bem e para o mal, os Pistols representam tudo isso e Danny Boyle usou seu melhor para pôr isso em tela. Se falta mais subversão estética e narrativa para a história dos elementares do punk, as mudanças nas histórias reais e o jeito meio documental, meio de época de contar a história captou bem a jovialidade inconsequente, amoral e quase ingênua de um grupo de filhos mais ou menos desprivilegiados da classe trabalhadora. Mesmo quando as aparências diferiam bastante dos personagens reais, todas as atuações foram certeiras, até porque os figurinos, penteados, maquiagens, design de produção, fotografia e reconstrução de época estão impecáveis. A trilha sonora é o fino do fino: Bowie endeusado, Beatles relegado à posição de caretas (o que eu particularmente apoio) e, claro, muito punk, tanto dos Pistols quanto de seus associados. Por falar em associados, um evento crucial que a série não mostrou foi o show que mudou a história da música britânica e, consequentemente, mundial, mas com algumas decisões duvidosas e para fins narrativos mais amenos, o mais importante está aqui, principalmente aquela última cena que para mim traduz perfeitamente o que foram os Sex Pistols (os músicos, não o desgraçado do Malcolm) e o punk em si. Gostei bastante dos episódios Bodies, Nancy and Sid (humanizaram bem a groupie sem deixar de fazê-la detestável como sempre) e o episódio final, que de forma concisa trouxe o devastador fim da banda e do Sid sem cair na tentação das teorias do que realmente aconteceu naquele quarto do Hotel Chelsea. Por mais ressalvas que eu tenha quanto ao papel de Chrissie e Vivienne, além de mudanças na participação do Glen na história, acho que captou muito bem quem foram os caras sujos que fizeram o Reino Unido tremer com uma música terrivelmente alta e caótica. Bom também conhecer o lado sensível do Steve Jones. No fim das contas, Boyle conseguiu.
Cobra Kai (5ª Temporada)
3.8 183 Assista AgoraNão consigo ranquear para dizer se foi uma temporada melhor ou pior que as anteriores, mas senti que aqui a série abraça mais do que nunca a breguice e a pegada datada, usando isso como um elemento positivo. Muita coisa faz menos sentido aqui, mas esse universo é tão carismático e divertido de acompanhar que você nem se importa se dois caras que penaram pra ganhar de um só conseguem bater em sete caras melhores que eles, ou se os planos não fazem sentido, porque a gente só espera trocação sincera entre adolescentes e (quase) sexagenários (ou mais). Gostaria de mais presença do Miguel e do próprio Johnny Lawrence na temporada, sendo que ele é fácil a melhor coisa - que momento na season finale. A trama evolui bem com Daniel, Tory e até a Sam, ainda que ela continue insuportável, e Robby parece meio largado, sem enredo, mas o ator até que ficou menos ruim. Eli e Demetri continuam os melhores dos adolescentes e o retorno do Arraia foi melhor que o esperado. No lado dos vilões, Silver continuou dominando tudo, com Kreese demorando a aparecer, mas fazendo jus; já os novos senseis são totalmente nada a ver e tô 100% nem aí. Mike Barnes merecia mais foco também. Agora é ver o que mais eles trarão pela frente. Se continuarem na pegada de trazer personagens dos filmes, vão ter que ir pro 4 e pro remake. Será que Hillary ou Jaden vêm por aí?
Deuses Americanos (2ª Temporada)
3.4 185 Assista AgoraSe os dois últimos episódios da temporada não fossem muito bons e o sexto bem legal, a nota seria menor, porque o que na temporada anterior era compreensível e aceitável, que seria a história demorando a andar para apresentar um rico universo e uma infinidade de personagens, aqui já não se encaixa mais, o que resulta em tramas que ficam rodando em círculos um tempão e muitos personagens mal utilizados. O plot de Mad Sweeney só melhora no final e Laura Moon ficou insuportável de acompanhar. Mr World é um falastrão que não condiz com o nível de poder e ameaça que deveria ter, a New Media não é tão boa, mas cumpriu bem o papel e Technical Boy é um ator limitado para as novas necessidades do papel. Escorrega bastante e foi um tanto cansativa, mas ainda tem um saldo mais positivo.
Westworld (4ª Temporada)
3.6 122A quarta temporada de Westworld mistura um pouco da complexidade narrativa e filosófica das duas primeiras temporadas com a ação e os embates do mundo real da terceira, conseguindo superar os resultados aquém da temporada anterior. É um retorno às origens, com uma trama bem montada, com bons pontos de reviravolta e episódios surpreendentes. O final de temporada trouxe um ar de conclusão definitivo à série, mas também há algo em aberto que dá espaço a uma nova temporada. Provavelmente os criadores pensaram na possibilidade da HBO não renovar a série, então pensaram num final que fosse satisfatório à temporada e, se preciso, à série em si. Tudo sempre precisa retornar às suas origens e aqui não foi diferente. O elenco continua afiadíssimo, mas Ed Harris é o dono absoluto da temporada; já Tessa Thompson apresentou a atuação mais fraca, pois seus exagerados trejeitos de vilania acabavam sendo caricatos até demais no contexto da série e de sua personagem. Thandiwe Newton e Aaron Paul, assim como Jeffrey Wright e Luke Hemsworth, têm uma química muito prazerosa de se acompanhar. A produção e os efeitos, sem comentários, sempre impecáveis, e ainda tivemos uma seleção de músicas para a trilha sonora perfeita - o que dizer dos finais dos dois últimos episódios? Inclusive, o fim do episódio 7 é um dos melhores que vi esse ano. Se algo mais vier pela frente, não sei o que esperar, devido às várias prováveis saídas de personagens que acontecerão, mas se isso não acontecer, Westworld poderia estar sendo encerrada aqui não da melhor forma, mas muitíssimo digna e com a alta qualidade que merecia.
The Boys Apresenta: Diabólicos (1ª Temporada)
3.6 66 Assista AgoraA ideia de fazer curtas animados despretensiosos no universo da série, com liberdade criativa e muita violência, rendeu um resultado bastante divertido. A maioria dos episódios se destaca pelo humor negro e excesso de violência, uns mais, outros menos. O último episódio dá uma bela enriquecida ao background da série original. O episódio da Awkwafina é tão ruim que é bom.
Sandman (1ª Temporada)
4.1 590 Assista AgoraAinda não passei do número 1 de Sandman, mas a série fez um bom trabalho em dar esse impulso. Tem a cara de Gaiman, pro bem e pro mal - afinal, alguns excessos de conveniência e ludicidade que funcionam mais na estrutura dos quadrinhos do que em séries televisivas são bem percebidos aqui, mas nada que incomode. Esteticamente, é um acerto completo. Mesmo com efeitos visuais limitados, eles não deixam a desejar. Certeza que na mão da HBO, seria uma série muito mais impressionante. O mais prazeroso é que Gaiman não é um Moore da vida, um purista que acha seu trabalho irretocável e não permite mudanças; ele não se apega aos visuais, ou mesmo a personalidades e eventos, desde que a essência e a inteligibilidade se mantenham. A série parece ser menos sombria do que poderia, mas isso se justifica por mirar um público-alvo mais amplo sem perder a qualidade, e foi um acerto. Gostei do elenco, Morte é linda e apaixonante, Lucienne e Matthew são carisma puro, Coríntio tem um magnetismo ameaçador com Boyd Holbrook e Lucifer está em boas mãos com Gwendoline Christie (afinal, Tilda Swinton já não é mais tão jovem para encarnar o anjo caído com a cara do David Bowie, o que é uma pena). Tom Sturridge faz um bom Sonho, mas é mais emotivo do que necessário às vezes. Gostaria de mais presença do sempre excelente David Thewlis. Acho que o que acabou sendo um ponto fraco foi a junção dos arcos numa só temporada, pois os quatro últimos episódios perdem muito fôlego em comparação aos ótimos seis primeiros, ainda mais depois de capítulos tão incríveis quanto o cinco e o seis. Poderiam ter adaptado cada arco em temporadas menores ou usar a velha tática de dividir a temporada em duas partes - mas depois de fazer isso sem necessidade alguma com Stranger Things, seria arriscado apostar nisso. De qualquer modo, Sandman é uma ótima adaptação de quadrinhos, que tem muito a trazer e que com certeza levará muita gente a consumir a obra original.
Cobra Kai (4ª Temporada)
4.0 225 Assista AgoraTem menos ação que nas outras temporadas, mas o retorno de Silver deu uma bela incrementada no enredo, pois temos aqui o melhor vilão da série até o momento. Sua atuação também melhorou muito em comparação ao terceiro Karatê Kid. De resto, a série tem os mesmos problemas de atuações ruins, muito drama adolescente e roteiro que muitas vezes anda em círculo, mas continua sendo um dos melhores entretenimentos da Netflix.
Animals. (1ª Temporada)
4.1 19Uma pérola escondida da HBO e uma ótima animação para adultos. A estranheza da animação de baixo orçamento é muito bem driblada pelo texto sagaz e metafórico, que através de animais desequilibrados, expõe os vícios e a realidade dos tipos urbanos humanos. A história paralela do prefeito animalia os supostos seres racionais numa dicotomia muito bem realizada. A nota só não é ainda maior porque a temporada perde fôlego nos episódios dos esquilos, mas os episódios dos gatos, das moscas e dos cães são ótimos. Vale demais ser assistida.
Big Little Lies (2ª Temporada)
4.2 480É aquele tipo de temporada que realmente não precisava, tanto que rodou os sete episódios para findar no ponto mais óbvio. As tramas se enrolam demais, os novos personagens são insuportáveis e somente o último episódio realmente traz uma qualidade semelhante à vista na primeira temporada, apesar do fim fraco que quis deixar uma possibilidade de continuação. Nicole Kidman dominou fácil a temporada e senti falta de mais da Laura Dern, que ainda assim, mesmo com menos chances de brilhar, ofusca todo mundo quanto tem a oportunidade, tendo algumas das cenas e falas mais icônicas da temporada. Pena que a série não conseguiu manter o alto nível que entregou antes.
Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez
4.4 415Depois de 30 anos do caso, parecia não ter muito sentido retomar essa história num documentário seriado, mas a importância de contar os fatos justifica porque essa produção existe. Ver as imagens de Daniella em vida, os depoimentos de Raúl e Glória e a forma como a mãe lutou por justiça e pela memória de sua filha brutalmente assassinada, que ainda sofreria ataques à sua dignidade após sua morte, mostram o quanto todo o processo e a repercussão desse crime foi destruidor, injusto, cruel. Os episódios que focam na luta de Glória e nas personalidades dos assassinos diz muito sobre não só o crime e as pessoas envolvidas nele, mas sobre como o Brasil funciona em relação a seres tão bizarramente cruéis, que nunca se arrependeram e continuam pairando como uma mácula à memória de sua vítima e à limitada paz da família afetada. Série de grande importância, pois acaba trazendo vários retratos sobre a moral e a justiça no Brasil.
Narcos: México (3ª Temporada)
4.0 33 Assista AgoraSe na série original, após a saída de Escobar, a terceira temporada manteve o nível com o excelente núcleo de Cali, o mesmo não ocorre na terceira parte do segmento México com a ausência de Diego Luna, que foi muito sentida. Dividindo-se entre três cartéis, a DEA e dois plots paralelos encabeçados por atores limitados e pouco carismáticos - sem falar que o plot do policial, apesar de atentar a um fato importante, quase não tem a ver com a trama da temporada ou da série -, o típico jogo de gato e rato que era tão bom de se acompanhar torna-se mais cansativo e repetitivo que nunca, resultando numa temporada oscilante, maçante e meio bagunçada. A qualidade técnica se mantém excelente, com destaque às direções de Wagner Moura, que entrega as melhores cenas de ação da temporada com facilidade, assim como as boas atuações do elenco veterano, mas os novos atores não correspondem a esse nível. Os momentos de confronto e tiroteio, além das conexões com o contexto geopolítico e os desdobramentos dos acontecimentos na Colômbia é que tornam a série ainda interessante de acompanhar, e nesses momentos torna-se prazerosa e resgata o que fez Narcos se tornar tão querida pelo público. Uma pena que seu ato final tenha sido um pouco decepcionante e o ponto mais baixo da série.
The Boys (3ª Temporada)
4.2 560 Assista AgoraMantém o nível das temporadas anteriores e acabou perdendo o potencial de ser muito acima das outras pela barriga nos episódios do meio (a velha mania de esticar e andar em círculos no plot principal só para durar os 8 episódios) e por muitas das decisões tomadas na season finale, principalmente depois de ter um encerramento tão bombástico quanto o da temporada passada.
Personagens ficaram largados na história, com tramas nada interessantes - Frenchie e a coisa da Nina, Kimiko virando do nada a noviça rebelde, Leitinho que uma hora tem trauma e em outra não tem - ou andando em círculos - Hughie fica forte, fica fraco e depois voltando a ser só suporte, Annie voltando a ser a chata que joga pelas regras depois de como finalizou a última temporada, Profundo sendo desnecessário e só um pau mandado. Trem-Bala e Capitão Pátria foram os pontos altos da temporada, e mesmo assim a construção psicológica desse último tem se arrastado demais. Os criadores não se decidem entre humanizá-lo ou fazê-lo virar um monstro de vez, mas a questão com o Ryan rendeu a ótima última cena do episódio, que promete muita coisa para o futuro da série. Soldier Boy, Maeve e Noir pareceram potenciais desperdiçados da temporada, ainda mais com o último morrendo numa facilidade e Maeve se salvando da morte sem haver possibilidade alguma para isso. Pareceu que, para tudo que a temporada prometía, andou pouco. Serviu mais como um ponte para a próxima temporada, que vem promissora com o Ryan despontando como um possível e perigoso risco.
As cenas de porradaria estão ainda melhores e alguns dos melhores episódios da série estão aqui, e isso faz valer muito a pena. As analogias com o momento político e social americano também foram ainda melhores, garantindo muitos dos melhores momentos da temporada. E Antony Starr está tenebroso como Capitão Pátria, cada vez mais trazendo camadas novas ao seu personagem. Mais uma temporada divertida, violenta e muito boa, mas que escorrega aqui e ali geralmente nos mesmos pontos que já eram mais frágeis anteriormente.
A Era do Gelo: Histórias do Scrat
3.8 16Tira o gosto extremamente amargo do último filme, que foi terrível. A série do Scrat vem do jeito certo, com diversão, trapalhada e uma dose de fofura. Essa série foi um acerto.
Stranger Things (3ª Temporada)
4.2 1,3KMesmo com uma história recorrendo à velha ladainha de ameaça comunista típica dos anos 80, a temporada foi tão boa e divertido quando as anteriores, sendo até melhor de digerir como um todo e com um "fator maratona" que funcionou bem demais, com ótimos ganchos entre os episódios (era difícil parar para dormir). Os plots paralelos funcionam bem sozinhos e conseguem se conectar em um só com sucesso no final, e é talvez a season finale mais triste da série até o momento, com despedidas e recomeços - correu até umas lágrimas em certos momentos. Noah e Millie continuam dando um show nas atuações e David Harbour estava melhor do que nunca, funcionando muito bem na comédia também. Finn Wolfhard é que decepcionou, mostrando-se um ator um tanto limitado - e até seu personagem foi bem apagado. Os novos personagens, Robin e Suzie, foram ótimas adições e o aumento de importância de Erica surpreendeu e agradou bastante. Quando à estética, continuam nítidas as referências spielberguianas, a pesada nostalgia oitentista e a fotografia baseada nas sombras (nos momentos de terror) e na luz neon tão característica dos anos 80. As referências a filmes como De Volta Para o Futuro, O Enigma do Outro Mundo, A Bolha, Jurassic Park, Halloween II e Dia dos Mortos - não só sendo citados, mas também em cenas de construção semelhantes - enriquecem bastante a temporada. E até o merchan, mesmo que escancarado, foi divertido (a cena da New Coke foi ótima). No fim de tudo, mais uma ótima temporada, e quero muito ver como será a próxima temporada com essa mudança na dinâmica dos personagens.
Stranger Things (4ª Temporada)
4.2 1,0K Assista AgoraMesmo que os primeiros sete episódios já demonstrassem um desgaste, com duração desnecessária, cenas sem utilidade, tramas sem brilho, personagens perdidos na série e a introdução de alguém totalmente inútil como Argyle, o que decepcionou mais foi a divisão da série em duas partes e um marketing estrondoso prometendo um fim devastador que, sinceramente, não aconteceu. As decisões de roteiro da season finale pesaram bastante, e a temporada com o potencial mais destruidor de toda a série, que tinha capacidade de ser a melhor de todas fácil, apelou tanto a clichês, deus ex machinas e resoluções fáceis que tirou muito do brilho dos acertos da temporada, como o vilão central, a entrada de Eddie e a evolução de Steve, Max e Lucas. De qualquer forma, o fato da história da série se aproximar de um fim, o flerte com o terror e o carisma do elenco mantiveram a temporada divertida de assistir, conseguindo engatar cenas memoráveis e emocionantes. Infelizmente a mais fraca das temporadas, mas só porque o diabo está nos detalhes
The Umbrella Academy (3ª Temporada)
3.5 172 Assista AgoraEssa temporada foi mais fácil de devorar que as anteriores, sendo bem menos cansativa, mas acabou sendo a mais fraca até agora. Alguns personagens evoluem bem, como Cinco e Diego, enquanto outros andam em círculos, como Viktor (que teve o plot de sua identidade de gênero feito de forma muito rápida e superficial) e Luther, involuem, como Alisson (totalmente insuportável) ou são mal aproveitados demais, como o Klaus e quase todos da Sparrow Academy. A trama se enrola um tanto, porque parece se encaminhar para a resolução em vários momentos e inventa reveses só para chegar a dez episódios, enquanto uma certa morte off-screen incomodou bastante. Certos pontos da trama parecem furos de roteiro, mas sabe-se lá se na próxima temporada isso seja resolvido... Continua uma boa diversão e uma série de herói diferente do habitual, mas decepcionou um tanto.
Phoenix Rising: Renascendo das Cinzas
4.1 28Acompanhar as notícias davam um dimensão muito distante do peso gigantesco de tudo que foi sofrido por Evan e as outras vítimas vindo do Manson. Para quem já acompanhou o cantor, sabe que essas tendências agressivas e preconceituosas não são nada difíceis de serem reais, pois a sua persona pública é algo completamente execrável. É como dizem no doc, "um lobo sob pele de lobo". Que forma melhor de esconder quem você é do que criando um personagem que é como você? E os vídeos de bastidores de turnês mostravam muito bem os excessos, a postura abusiva e violenta (na adolescência consumi várias coisas dele para conhecer, mas nunca consegui gostar da música, sempre achei meio limitada, apesar do visual grotesco e polêmico sempre atrair a atenção, porém algo sempre me impedía de realmente admirar e tê-lo como um artista favorito). É simplesmente indefensável, e querer fazê-lo é idiotice de fã cego ou mau caratismo. E para quem acha que ela quis se promover com o nome dele, parece que esquecem que ela é protagonista de uma das séries da HBO mais importantes dos últimos anos, enquanto Manson continua se escorando em tentar engatar polêmicas nos videoclipes para parecer relevante. Admiro demais a força e coragem de Evan e das outras vítimas, pois não é fácil bater de frente com alguém com tanto poder e influência. Documentário muito emocional e que mergulha de cabeça no lado sempre desmentido e atacado da história.