Os Fabelmans e seu sobrenome codinome de um homem notável. Os Spielbergs seria o nome mais realista para o filme biográfico do diretor Steven Spielberg, que escreve a história contando sobre sua infância e adolescência, assim como os principais eventos da sua vida influenciaram sua carreira e presença no cinema.
Quem nunca se emocionou com E.T. que atire a primeira pedra! Fraco? Duvido A.I. - Inteligência Artificial não arrancar uma lágrima de você (já me arrancou várias). São várias as obras famosíssimas e fabulosas escritas ou simplesmente dirigidas por Steven Spielberg, tornando-o um dos diretores mais notáveis da atualidade. Minha preferida, é claro, é Jurassic Park. Fui resistente assistir Os Fabelmans, com medo de que ele pudesse florear demais a própria história (como a maioria dos artistas que escrevem a própria biografia o fazem). Mas não. Spielberg se preocupa em demonstrar como observa a vida e como as mudanças da vida o impactaram para criar cenas emocionantes, engraçadas e filmes inesquecíveis.
Os Fabelmans é um drama familiar que traz o conjunto de impressões humanas necessário para o impacto realista. Risada, choro e desespero, tudo isso será encontrado nessa história que, apesar do tom real, tem seus momentos mágicos. As descobertas do protagonista em relação à imagem, ao movimento, às posições de câmera, são lindas de ver. Além disso, o filme une vários recortes de gravação feitas pelo jovem enquanto aprendia, ou seja, é visualizada sua evolução ao longo do tempo, tanto com relação a recursos quanto a técnica.
Nosso protagonista de um roteiro muito bem alinhado, o jovem Gabriel LaBelle traz toda a emoção em cenas que vão desde medo e alegrias até raiva. Apesar da boa performance, Michelle Williams é um personagem de muito destaque e talvez a que mais traga reflexões como sua mãe com atitudes instáveis. Não menos importante, Paul Dano traz brilhantemente sua feição de "bom moço americano" como um pai de atitudes passivas e uma forte esperança de que as coisas funcionem em sua família. Além dos principais, os coadjuvantes complementam muito bem o time, realmente uma seleção de peso.
A trilha sonora com base clássica claramente tinha que ser feita pelo parceiro de longa data, John Williams. Sua maneira só aumenta os tons dramáticos que o filme precisa pra ser forte. A fotografia tem aquele tom embaçado, quase borrado, como se estivéssemos assistindo vídeos do passado.
É um filme extremamente pessoal, pois retrata a história do próprio diretor, mas que não deixa de ressaltar todos os problemas que aconteceram. O protagonista acaba por perceber que, por meio da arte que expressa viriam grandes poderes e existe a dúvida sobre as responsabilidades, que com determinadas decisões poderiam até dividir sua família. É a briga entre escolhas provocadas pelo egoísmo artístico ou o dever familiar.
Me peguei rindo, aflito e até lacrimejando. Não somente eu, pois a sessão estava cheia! É, com certeza, um filme pra assistir nos cinemas e sentir tudo junto com o público, sentir a "emoção popular". Sobretudo, um filme sobre cinema demonstrando o porque de o cinema ainda não ter morrido. Numa época onde as bilheterias mais altas vão para seres humanoides usando capas que salvam o universo, é a história de um jovem talentoso com uma câmera na mão e os conflitos da sua família que mexem com nosso coração. Assistam, sintam e desfrutem. Spielberg conseguiu mais uma vez. Os Fabelmans mostra como enxergar a vida, não como um sonho, mas como um filme.
A loucura visual e musical de David Bowie é retratada brilhantemente em Moonage Daydream, um musical com foco em sua carreira, principalmente pra quem já conhece razoavelmente sobre ela.
Diferente dos documentários sobre artistas, que costumam só ser um conjunto de retalhos de bastidores sem nexo ao juntar, Moonage Daydream reúne cenas maravilhosas de shows ao vivo, além de várias declarações do próprio Bowie para mostrar a volatilidade da sua carreira e a constância do seu talento. De forma genial, o documentário foca nas palavras do próprio artista pra descrever sua vida e suas obras.
Por outro lado, ao meu ver falta bastante contexto em algumas partes. Eu já conhecia um pouco da história do Bowie e da carreira, mas para um desconhecido.. podem ficar lacunas vazias. Por outro lado, talvez isso só ajude a trazer ainda mais suspense dentro da história contada nas cores psicodélicas e malucas de Bowie.
Moonage Daydream é imagem, cores, uma edição impecável, divertidíssima e imersiva! O ponto alto aqui, de fato, é a edição, a junção desses recortes da vida de Bowie que, de um modo estranho e louco, faz sentido no final. Emociona, e é uma grande homenagem ao artista que Bowie foi (e ainda é!). No final, o documentário tenta ser o que Bowie é em sua obra: um conjunto de texturas de um mesmo camaleão do rock. Excelente!
Harry Potter e a Ordem da Fênix tem o maior desafio da filmografia para transmitir a maior história de páginas para a tela, e tropeça previsivelmente.
O andar da carruagem já não estava bom, e aqui consegue piorar. O quinto filme da filmografia conta com todo o elenco de peso, inclusive com a adição da fantástica Imelda Staunton e mesmo assim traz um filme sem gosto nenhum e confuso. Continuando o efeito clímax nascido no Cálice de Fogo, esse filme procede nos tons obscuros da jornada de Harry, misturando os dramas e namoricos adolescentes a batalhas que podem transformar completamente o mundo bruxo.
Além de Dolores Umbridge, talvez a personagem mais odiada que Voldemort pelos fãs, aqui temos também a inserção de Luna, uma personagem volátil, alternativa e que ao mesmo tempo apresenta muitas semelhanças ao Harry. Isso não significa que o potencial da personagem se traduza na atuação de sua atriz, fraquíssima. Prosseguindo como o filme anterior, com exceção de Imelda e dos professores, não temos grandes destaques no elenco. O núcleo de bruxos adolescentes são feitos realmente para aqueles adolescentes que não tem um pingo de senso crítico.
Realmente uma pena, pois o livro é maravilhoso e vale todas as suas camadas. Aqui, o final é extremamente rápido, atropelado e confuso. De um minuto pra outro, surge o ministério da magia e o departamento de mistérios. Horrivelmente desenvolvido. Para quem somente viu o filme, saiba que esse livro talvez seja um dos mais importantes, pois revela fatores que impactam diretamente o destino de Harry no final.
Entendo que David Yates carregou um desafio imenso com esse filme, mas o resultado é inevitável: fãs que aceitam tudo, até um filme fraquíssimo. Bora ler o livro que é muito mais prazeroso!
Um presente de início de ano, esse sim o verdadeiro show da virada! Lizzo traz tudo de si na gravação do último show da The Special Tour, cheia de convidados especiais e muita energia.
Pra quem conhece e não conhece Lizzo, esse show é muito recomendado! É uma reunião dos vários hits que a cantora ergueu dentro de um curto período de tempo. Sem muito fru fru, Lizzo faz um espetáculo focado na música, dança e nas coisas que acredita. Cheia de espontaneidade, o show é muito divertido, marcado por arranjos bem feitos e um grupo de bailarinas especial, formado pelas Big Grrrls.
O que mais me atrai aqui é que Lizzo não se preocupa em trocar de figurino 20 vezes ou efeitos especiais cinematográficos, e prefere focar na sua música, e até em tocar sua flauta. É tudo muito autêntico e de alta qualidade, ela soa exatamente como canta no álbum, ótima! Abra o coração e abrace o espetáculo Lizzo. Ótimo!
Lizzo, por si só, é alguém de uma personalidade preciosa e única! Tem muito carisma e consegue traduzir isso dentro de suas músicas.
Porém, assim como vários documentários de outros artistas musicais, o documentário não tem um rumo bem definido. Traz bastante informação bacana, principalmente pela história de Lizzo, depois passa pelas críticas que o público faz a ela pelos modernos e vazios "cancelamentos", e tudo isso mesclado a várias cenas de bastidores de gravação do álbum mais recente, Special, e bastidores de apresentações ao vivo.
É divertido, é muito bom ver a história da Lizzo contada em tela, mas eu sempre espero um pouco mais de direção além de vários conteúdos unidos. Separados, esses conteúdos são maravilhosos, mas quando se olha tudo junto não tem um sentido muito impactante.
De qualquer forma, vale a pena conferir! Lizzo é uma artista em ascensão que ainda tem muito pra mostrar e que já tem mostrado nos seus trabalhos sinceros e divertidos. Ações como as Big Girrrls são realmente de encher os olhos. Bom documentário!
Prey é uma ótima surpresa e refresco para a série de filmes Predador, trazendo temática atraente ao mesclar a rusticidade primitiva com toda a agressão tecnológica alienígena de um dos maiores caçadores do cinema.
São vários os motivos que tornam esse filme interessante, e dentre eles está uma fotografia lindíssima com cenários enormes, a temática primitiva do início de 1700 unida a questões de colonização, e é claro, uma história que carrega uma protagonista forte e preparada pra mostrar suas capacidades.
Dan Trachtenberg consegue construir o suspense que o filme merece num tempo justo de filme, sem cansar e com cenas de ação em longos takes, de forma hipnotizante. Os eventos não acontecem logo de cara, mas isso só aumenta a curiosidade pra notar como esse personagem voraz irá se comportar nesse "novo" cenário.
Apesar dos elogios, acabam deixando o alienígena um pouco "menos evoluído", com artifícios mais braçais e sem um grande abuso da tecnologia. Por outro lado, entende-se que esses predadores estão no passado da civilização humana, e portanto talvez ainda estivessem entendendo como eles se comportam. Tudo isso é hipótese, é claro, mas o ponto é que o alienígena está muito mais focado no "corpo a corpo" do que em estratégias.
Os nativos, por outro lado, possuem muito mais estratégia e métodos de caça, principalmente pela sobrevivência. Ao final, mesmo tratando de um filme de pura ação, fica a mensagem de evolução e superar os limites impostos. Quando ninguém acredita em você, só te resta fazer seu máximo para provar que estão errados, mesmo que isso custe sua sobrevivência.
Com um marketing fraquíssimo, o novo filme é uma ótima surpresa, e espero que pegue de supetão vários curiosos pelo tema. Ótimo filme!
A sombra e a Escuridão é filme de ação com os superastros Val Kilmer e Michael Douglas, onde a beleza da fotografia ajuda mais do que o desenrolar dessa história baseada em fatos reais. Não fui pego pela nostalgia das sessões noturnas dos canais de TV onde o filme passava, pois conheci ele atualmente.
Ao meu ver, o roteiro não consegue passar a agonia e o peso do drama necessários para sentirmos o "pavor" dos leões que estão assolando os trabalhadores da ponte. Não há nenhum destaque por parte das atuações.
É um filme com história interessante, sobretudo por se tratar de algo real, e de um comportamento dos felinos que não é comum, unindo a tensão de momentos com supostas "forças" que dominam esses leões. Existe um suspense interessante, mas que não consegue prender por muito tempo, já que o filme tem muito mais tempo de tela do que o necessário. Filme razoável, que provavelmente demorarei pra ver novamente.
O Expresso Polar é um daqueles clássicos natalinos da família, cheio de cor e magia natalina, com uma tecnologia que na época encheu os olhos, e hoje afeta mais pela nostalgia, mas mantendo o encantamento de seus temas sensíveis.
A história é simples, fantasiosa e completamente insana. Entretanto, o filme consegue falar sobre infância, inocência, pobreza, tudo isso em um misto de aventura e ação, com algumas cenas agoniantes (vide montanha-russa com o trem).
Pra quem não curte musicais, fica o aviso: temos musiquinhas, além de momentos de drama bem exagerado ao estilo Disney. O protagonista principal, o cético, é interessante e incorporamos sua posição para conhecer esse mundo "mágico e novo" do natal.
É um filme que se manteve desde a minha infância até a fase adulta como um dos "referência natalina" na família. De fato, é um filme muito bonito com uma história sensível. Tom Hanks faz vários personagens e traz todo o seu drama emocional costumeiro. No final, mesmo com algumas superficialidades, o filme traz uma mensagem bacana sobre fé no impossível e no que significa a tal "esperança natalina", do ponto de vista capitalista, é claro. hahaha Bom filme!
Um documentário profundamente pessoal e sensível, O Método de Stutz é um recorte de terapias gravadas por Jonah Hill e o psiquiatra Phil Stutz, que apresenta seus métodos e ferramentas para vencer obstáculos e aceitar as vulnerabilidades da vida.
É emocionante até certo ponto, mas é tão pessoal que em alguns momentos parece que estamos intrusos assistindo essa sessão. É um documentário interessante porque é a origem de muitas reflexões sobre aceitação, vulnerabilidade e saber que paciente e médico não tem dificuldades tão distintas assim, logo um pode se beneficiar das humanidades do outro.
Por outro lado, é muito mais filosófico e impressionista do que científico. São teorias interessantes, mas fica sempre dançando no campo das reflexões e das emoções dos indivíduos em torno delas, podendo ser cansativo em algumas passagens. Filme razoável, vale a pena conferir, mas sabendo que pode ter sido muito mais proveitoso para eles do que pra nós.
Sabe aquele filme de natal que é clássico na família? Minha família é doida por esse filme, então já vi muitas muitas vezes. É um besteirol ao estilo família americana.
Engraçado? É bobo, é divertido, tem cenas legais, mas a maioria é mais boba do que legal. Não esperem atuações brilhantes, fotografia de primeira e outras papagaiadas. É um filme pra ver no domingo a tarde/noite ou nos dias que antecedem o natal pra aquecer para as festas e lembrar daquele parente que não é tão legal assim. rs
Não é dirigido por ele, mas esse filme exala James Gunn, o escritor desse filme insano e divertido. Scooby-Doo está longe de ser um filme de Oscar, mas com certeza marcou a infância de muitos, incluindo a minha, e ainda me dava um pouco de medo na época.
Tem essa vibe anos 2000 com piadinhas ridículas e sexualização (de mulheres, homens, de tudo), mas vem munido de um estilo trash maravilhoso. Tenta ser um filme infantil, não exatamente conseguindo, e acaba sendo um filme teen com história interessante mas que é IMPOSSÍVEL levar a sério.
Scooby-Doo é um filme de zoação. Não espere atuação, roteiro conceitual, nem nada. Curta a trilha sonora maluca, admire as paisagens e tente trazer a criança interior que amava a equipe Mistérios S.A. à tona. Tem muita cor, cenas de ação e diversão, numa aventura ridiculamente boa!
Lembro que quando Avatar foi lançado tive a oportunidade de assistir 3 vezes no cinema (com membros diferentes da família e com o preço do ingresso bem menor do que atualmente), mas nenhuma delas foi em 3D, um arrependimento que pude suprir com o lançamento de sua sequência. Se o filme já era belíssimo em 2D, o marco de seu 3D é justificado pela bilheteria insana e surpresa dos telespectadores.
Avatar não tem uma história fascinante, podendo ser facilmente comparado a Pocahontas, por exemplo. Também não tem atuações brilhantes (com algumas exceções), pelo contrário, temos alguns atores tão vazios que não sabemos se o problema é o ator ou o personagem. Entretanto, o universo de Pandora e seus habitantes é tão visualmente incrível que tudo isso acaba ficando em segundo plano.
Com cenas de ação muito bem construídas, trilha sonora sensível e um visual deslumbrante, Avatar justifica seu sucesso como sinônimo de qualidade em uma obra que levou anos pra ser feita. De fato, é uma obra feita com carinho por James Cameron, e que eu considero um filme muito bom.
Beleza à parte, todas as críticas são verdadeiras. A história é clichê (e pouquíssimo respeitada em sua sequência), o vilão não tem justificativas sólidas e é bem previsível. Apesar disso, a história de Avatar funciona apenas como uma base para apresentar toda a rica cultura dos Na'vi e seus personagens. Zoe Saldana é brilhante e Sam Worthington, nosso protagonista, não é tão brilhante mas consegue cumprir seu papel. É muito bom assistir Sigourney Weaver na tela novamente, também com uma personagem forte.
O que me toca em Avatar é, mesmo sabendo que sua história não é impressionante, tenta trazer muito do lado espiritual e da conexão com a natureza em seu mundo, onde foi criado um novo dialeto, visuais, criaturas e rituais. A dedicação gráfica desse mundo novo é de cair o queixo, e acho que ganhou seus Oscars merecidamente, assim como perdeu outros também merecidamente. Não é o melhor filme, mas é um ótimo filme!
Matilda: O Musical tem tudo pra ser maravilhoso.. e quase consegue.
Adoro musicais, então Matilda: O Musical foi uma grande surpresa "esperada" desde que foi anunciado. O resultado é bem satisfatório, aqui temos um lindo tom cartunesco que se sustenta, além de personagens curiosos e estranhos. O filme é cativante, as músicas são bem pensadas e o filme em si é um grande desafio com seu enorme número de pessoas dançando e cantando em tela. Lindo de ver!
Emma Thompson é o grande, gigante, fantástico destaque do filme. Além de estar irreconhecível, a atriz cumpre muito bem o seu papel. A atriz mirim Alisha Weir também manda muito bem como Matilda, conseguindo carregar o papel desafiador.
Infelizmente, nem tudo são flores. Apesar do tom poético que o filme toma, alguns momentos podem ser bem maçantes e até mesmo desviar totalmente da história principal. Sinto falta de um pouco mais do foco na Matilda em si, considerando que algumas partes desfocam. Dessa forma, as 2 horas de filme não são exatamente justificáveis, tem bastante coisa que poderia ser reduzida.
Não curte musicais? Não recomendo que assista. Se você curte, vai amar os números com dança e as músicas cativantes, mesmo que algumas partes estendam mais do que o filme precisa. A história é bonita, mas ao meu ver, poderia ter sido melhor explorada. Bom filme!
O novo filme de James Cameron, Avatar: O Caminho da Água, sequência do marco visual Avatar, de 2009, segue a reputação de seu antecessor, para o bem e para o mal.
Para qualquer um que ainda tenha dúvidas: Sim, "Avatar 2" demorou mas está entre nós e é, visualmente, impecável. É a melhor experiência que já tive com filmes em 3D. Não houve dor de cabeça, náusea, ou qualquer sintoma maluco proveniente de um 3D mentiroso. Aqui o espetáculo gráfico é real. Você consegue enxergar todas as camadas devido às técnicas de gravação malucas criadas por Cameron. Quer ter uma baita experiência visual no cinema? Esse filme é brilhante!
As novas criaturas apresentadas são fantásticas! O povo do clã Metkayina é anatomicamente diferente dos Na'vi apresentados, adequados ao ambiente em que estão, um ambiente aquático riquíssimo em detalhes e novos lugares para exploração! Dos animais à flora, tudo é muito atraente. As cenas debaixo da água são realmente incomparáveis. Mesmo no silêncio da ausência de falas, o filme fala muito por si em demonstrar tanta beleza em tela.
Infelizmente, são raros os casos em que imagem impecável e história impecável se cruzam. Existem muitas variáveis para que isso funcione, e quanto mais ambiciosa a ideia, maior a régua, ainda mais tratando-se da sequência de um filme que impactou o cinema de uma geração. Não, a sequência de Avatar não é perfeita e está longe disso.
Acredito que o que faz as pessoas amarem universos da fantasia são dois fatores: identificação, com aqueles personagens e situação, mesmo que por analogias e de forma breve; e a paixão pelas regras daquele mundo. Sim, todo mundo, fantasioso ou não, é composto de regras, e fatores importantes que vão se repetindo até se tornarem rituais, culturas e por aí vai. Amamos que os bruxos de Harry Potter utilizem varinhas mágicas, por exemplo, e ignoramos o fator "ar respirável" com os personagens de Star Wars e isso se torna um marco em várias dimensões nesse "mundo".
Avatar: O Caminho da Água quebra diversas regras que propõe no primeiro longa. Primeiro, a causa de todos os conflitos da história inicial, o minério fictício unobtanium, é simplesmente esquecido, como se nunca houvesse existido. Um minério tão importante que gerou uma guerra que dizimou vários membros da população Na'vi e humana... simplesmente esquecido. Aqui temos novas ambições de recursos não apresentados antes, que agora são os "novos super importantes", e mesmo assim parecem estar lá só pra fazer uma ponta, porque a motivação antagônica é outra, já chegaremos lá.
Outra regra tão protegida no primeiro longa era a língua, sendo um fator que tornava tudo mais realista e uma barreira real entre os povos. Os Na'vi não sabem nenhuma língua humana, e vice-versa, desde que sejam ensinados. Nesse filme, é raro ter algum momento da língua mãe dos Na'vi. O novo clã oceânico apresentado, os Metkayina, em nenhum momento possuem essa limitação. Mais uma regra instituída em um longa sem peso no outro. O "vilão" até demonstra um pouco dessa limitação, mas logo é descartada e ao final nem lembramos que ela existiu.
O último evento que faz desacreditar dos tais "eventos importantes" do primeiro filme é a invasão humana. Sim, aqui Pandora é invadida novamente pelos humanos, mas dessa vez não há resistência, só fuga. Onde estão os guerreiros? Era tão fundamental que houvesse um Toruk Makto para essa vitória, que aqui é como se esses eventos nunca houvessem ocorrido. Pandora não é fiel nem consigo mesma. A desculpa para conhecer outros territórios, ao meu ver, foi muito fraca. Jake Sully e sua família simplesmente abandonam o povo e vão buscar apoio, tornando a invasão um "assunto pessoal".
Temos também novos personagens, muitos novos personagens! Uma prole que une filhos biológicos e adotivos, o que é um ponto positivo e interessante. O problema do número de personagens novos é que acabamos deixando de lado nossos protagonistas. Jake Sully não está na tela em maior parte do tempo, e quando está lá, é pra ser "o pai protetor". Assim como, e infelizmente, acontece com Neytiri, a personagem incrível de Zoë Saldaña aparece muito menos do que no primeiro, e quando aparece está chorando ou gritando de raiva. Os personagens que amamos do primeiro filme foram substituídos por um grupo considerável de adolescentes com embates próprios, mas até meio infantis em alguns momentos. Temos conflitos que vão de auto aceitação até longas conversas com um bicho similar a uma baleia. Não, não é convincente.
Com exceção das origens interessantes de alguns deles, ainda não sei se acrescentar tantos novos personagens foi uma boa ideia. Uma das personagens com maior expectativa, Ronal, interpretada por Kate Winslet, poderia ter sido interpretada por qualquer atriz. Não há profundidade, não há nada.
O Caminho da Água herdou um problemão do primeiro filme, mas de forma proposital! Seu vilão tem ambições tão vazias quanto no primeiro, mas aqui a justificativa é ainda mais vaga: a boa e velha vingança. É tão limitado que tem cenas que chegam a ser engraçadas. Até dá vontade de culpar a atuação de Stephen Lang, mas não, o roteiro o transformou num elemento sem graça desde o início.
Se os personagens não ajudam, o ambiente não é fiel com as próprias regras e a história tem furos... só nos resta a viagem! Sim, vale muito a pena conferir o filme nos cinemas, porque é esplendoroso ver em tela aquelas cenas. Eu sai da sessão satisfeito e agraciado com tantos detalhes feitos com excelência, mas justamente por isso gostaria que o marketing de James Cameron se concretizasse e tivessem dedicado um pouco mais de carinho na história.
Esse lance de não arriscar muito ou não ir muito além por causa das sequências pra mim só tem um significado: falta de história. Conter roteiro pra sustentar próximos filmes é ridículo, é pura falta de imaginação. E não há problema em ter falta de imaginação, e para isso basta admitir. Sim, o roteiro foi refeito milhares de vezes, e isso foi inclusive um dos motivos da demora do filme, mas, tentar tornar algo "universal demais" é a receita para algo sem gosto. É preciso contraste, conflito, e não simplesmente preencher um capítulo. Antes um filme bem feito do que 4 sequências água com açúcar (isso pra mim, mas não para a Disney, né?).
Os números em bilheteria estão aí pra não mentir, mas não é de hoje que isso não significa qualidade. Vá ao cinema, veja em 3D e na melhor tela que conseguir. Terá tido uma maravilhosa experiência visual, mas não mental, isso é um problema pra você? Bom filme!
Guillermo Del Toro traz releitura franca, pesada, mas ainda mágica de um dos bonecos mais amados do entretenimento. Aqui estão os preços para se tornar um menino de verdade.
Não vou mentir, sou perdidamente apaixonado pela releitura meiga (mas ainda assim, maluca e bêbada) do Pinóquio de 1940 feita pela Disney. Tem todo o teor mágico e o encantamento Disney de primeira qualidade de suas obras clássicas. Músicas cativantes, animações simples e belíssimas, e ainda assim humor politicamente incorreto e é claro.. final feliz. Bem diferente do live action inspirado, lançado também esse ano, que é uma tremenda perda de tempo e de muito mal gosto.
Esse ano tive a oportunidade de conferir o livro escrito por Carlo Collodi, que inspirou essas e outras diversas releituras em filmes. Por mais que eu amasse a versão da Disney, uma coisa era certa: não tem quase nada a ver com o livro. Lá, Pinóquio é o que faz mais sentido ser: um ser inanimado que, de repente, se tornou vivo e é uma criança. Curioso, maldoso, e sem senso de moral, o Pinóquio de Collodi causa desastres e tem consequências severas, mas no final, ganha com isso o tão desejado amadurecimento. O início da minha felicidade com a versão de Guillermo Del Toro nasceu em visualizar que o tom do livro finalmente apareceu. Aquele Pinóquio humanoide e bobinho da Disney aqui se torna o que é: uma marionete de madeira cujo objetivo é desfrutar dessa aventura chamada vida. Isso não necessariamente é uma história feliz.
Não é uma retratação fiel, é uma releitura. Del Toro conseguiu captar a essência do livro, lançado em meados de 1880, e trazer para uma história que se passa entre 1920 e 1940, não por acaso.. a história se passa na Itália, na época da grande guerra. Indo um pouco mais além, na época em que o fascismo estava em plena ascensão. E sim, o filme genialmente consegue abordar a ideologia fascista, de modo ousado e muito criativo.
Se o filme aborda elementos como fascismo, não espere encontrar muita coisa fofinha em tela. Aqui temos um Geppetto desolado pelo peso do luto, financeiramente miserável e sem esperanças, vários seguidores do movimento fascista, circenses manipuladores, crianças usando armas, entre outras cenas espantosas. Mas sim, também temos criaturas mitológicas com sua estranheza belíssima, toques de magia e até músicas cantadas! Calma, não é um musical, não precisa sair correndo. As poucas canções cantadas pelos personagens têm muito peso sentimental e se encaixam com muita delicadeza na trama.
Falando nos personagens, é difícil não elogiar o elenco inteiro. É só a voz que ouvimos, mas é justamente ali que mora o brilhantismo. Gregory Mann é uma criança com tom impecável de pureza e curiosidade. Assim como ele, o brilho é levantado pelos excelentes Ewan McGregor, David Bradley, Christoph Waltz, Tilda Swinton, Finn Wolfhard e até no personagem pouco usual da formidável Cate Blanchett. Cada um com suas características peculiares para apresentar ao boneco de madeira lições e demonstrações sobre sabedoria, amor, ódio, maldade e até mesmo a morte, um tema fortemente trabalhado no longa.
Para impressionar ainda mais, o longa foi criado utilizando a técnica trabalhosa, incrível e injustamente pouco reconhecida do stop motion! Junto ao filme, a Netflix lançou um vídeo de pouco mais de 30 minutos dos bastidores, mostrando a equipe com maquetes gigantescas e bonecos com diferentes escalas dos personagens pra passar um pouco da dificuldade dessa produção. Muito carinho, paciência e talento estão envolvidos e o resultado é esplêndido! Além de haver um cuidado extremo nos detalhes, alguns personagens, como o próprio Pinóquio, possuem características mecânicas próprias. Tudo isso unido a posições de câmera desafiadoras fazem a captura de imagens belíssimas em tela, muitas vezes em tons chocantes.
E é claro que vamos falar sobre o que interessa mais: a história! Sem dar spoiler pra quem curte uma surpresa, preciso avisar uma coisa: a classificação etária é para 12 anos, e não é por mero capricho. Como já falado, o filme bate muito na tecla do limiar da vida e da morte, assim como no significado de estar realmente vivo. Além disso, por falar bastante sobre guerra, se seu filho for muito novo talvez nem entenda completamente. Não seja o pai que diz "mas animação é pra criança!", porque já faz muito tempo que não é. A animação se tornou um gênero com muitos ramos, e Pinóquio foi feito pra trazer emoções, seja agonia, tristeza ou alegria. Guillermo conseguiu trazer personagens novos, assustadores e estranhos para explicar ao Pinóquio sobre a beleza e as armadilhas do mundo. Geppetto, por sua vez, não é um pai perfeito que ama o filho de todo o coração, pelo menos não no início. Dessa forma, Pinóquio de Del Toro é uma versão realista, por mais que suas passagens sejam absurdamente fantasiosas. O tom banal do mundo em que Pinóquio vive é o que causa o contraste e o interesse em saber como esse ser ingênuo e mal criado vai sobreviver nas adversidades. Aqui Pinóquio é um monstro Frankenstein, fruto de um marceneiro enfurecido pelas injustiças da vida, e a partir disso consegue transformar todos em sua volta com sua simplicidade.
O grilo falante se encaixa em muitas analogias, como seu coração ou sua consciência. E a maioria dos "vilões" acaba sendo conquistado pela empatia de Pinóquio. Chritoph Waltz é certeiro com seu personagem, o verdadeiro vilão ambicioso e cruel, que mostra ao boneco que, apesar das exceções, os vilões ainda existem. As criaturas do filme são curiosas, assustadoras e, de certa forma, muito belas. A "fada madrinha" dá lugar a um ser maior e melhor, uma guardiã que pode proporcionar a vida, e que tem a morte como seu reflexo.
É difícil elogiar tudo que o filme proporciona sem falar de algumas surpresas que vou deixar pra vocês conferirem. Existe um tom "Tim Burton" em alguns momentos muito especiais. O filme todo tem uma aura de tenebroso e bem humorado, e ao mesmo tempo cenários muito italianos e realistas. Pinóquio é uma mistura bem feita de história clássica revisitada com o lado sombrio e mitológico da vida.
Longe de ser previsível, Pinóquio de Del Toro é uma das boas surpresas de 2022, e que curiosamente tem um filme de mesmo título nos piores do ano também. Pinóquio e sua história, por mais densa e pesada que seja, é para todos porque mostra o que atualmente está em falta no cinema: a realidade agridoce dos pesadelos e maravilhas da vida. Onde há guerra, também há esperança, e assim como na mente do público, Pinóquio é uma referência eterna de amadurecimento. Nada melhor do que amadurecer com a sabedoria das verdadeiras dores. Del Toro acertou em cheio arriscando muito nesse balcão de elementos químicos sensíveis que forma a história clássica do boneco de pinho. Perfeito!
Scrooge: Um conto de natal utiliza uma história clássica de forma básica demais, principalmente depois de termos uma grande referência com a atuação de Jim Carrey em Os Fantasmas de Scrooge, em 2009. O que resta é infantilidade e músicas.
Sendo direto ao ponto, não é ruim, mas não é bom. O filme tem uma arte gráfica estupenda para os cenários e os efeitos, mas, de forma estranha, os personagens não parecem ter sido criados com o mesmo esmero. Eles são mais quadriculados, enquanto os cenários e os efeitos em volta são muito bem desenhados.
O roteiro em si é mais infantil, mais focado em algumas relações como com sua irmã e com o sobrinho, mas também não é cativante. É inevitável que hajam as comparações com Os Fantasmas de Scrooge, onde tudo é mais graficamente realista, o que deixa o tom do filme mais pesado, e por sua vez, a história fica com um recado mais denso. Aqui tem muito mais alegoria e menos atuação e mensagem.
Sou um grande fã de musicais, mas... esse não é, definitivamente, o forte do filme. As músicas não tem graça, e até parecem ser encaixadas em momentos errados. Para um musical, não ter músicas cativantes é sinônimo de que isso não funcionou. É tudo muito exagerado, e os personagens dançam exatamente em sincronia, o que é irritante. A dança de abertura parece aqueles vídeos de personagens conhecidos em 3D dançando algum hit em sincronia. Falta naturalidade.
Nem tudo está perdido, como já dito, o filme é visualmente agradável e pode entreter. No final, parece uma tentativa muito fraca de ser um musical de natal a la Disney, mas não consegue, ainda está na sombra do nome Netflix, mesmo que isso também não seja um elogio. É um filme aceitável, mas não assistiria novamente.
Filmes sobre a família real sempre têm uma aura atraente de opulência, curiosidade e polêmica. A Rainha não é diferente e possui essas características, mas de forma passiva, quase pisando em ovos, parece querer focar muito mais no primeiro ministro Tony Blair e em uma Diana "secreta" e já falecida do que na rainha em si.
Helen Mirren é realmente ótima, e consegue trazer os trejeitos da monarca, mas é tão boa que às vezes o filme pede mais da sua presença na tela. Cada vez em que aparece parece ser pouco, e dentro disso temos cenas pouco aproveitáveis, como passeios com cães. Definitivamente, é a atriz de destaque do filme, mesmo que ao meu ver sua personagem não tenha sido 100% aproveitada pelo filme em si.
É interessante como o filme coleta um retrato de um pedaço de uma história gigantesca que é o dilema "Diana e Charles". Curiosamente, Diana praticamente não aparece, mesmo nas notícias, é tudo muito breve, talvez até reforçando o sentido de ela ser irrelevante aos membros da família.
Vejo que falta peso nesse filme. Trata de um tema muito delicado, se não o mais delicado, da história da família real moderna e mesmo assim parece só focar no dilema.. ter ou não um velório público. Sim, isso fez parte, mas não transmite o drama necessário para a tela. O ponto principal, ao meu ver, não deveria ser uma briga de retórica entre o primeiro ministro e a rainha, mas sim como a morte de Diana foi digerida pela família real (e se foi, de fato).
O que mais me impactou foi a cena da rainha vendo o servo tão cobiçado já ter sido caçado. Aquele olhar sobre ele pendurado, e como aquilo pareceu uma analogia com a morte de Diana. Diana, um servo tão atípico e tão belo que, quando encarado de perto pela rainha, por mais que quisesse que fosse caçado, que não fosse em seu território. É prazer o que vemos em seu olhar quando ela demonstra a satisfação de pensar "pelo menos não foi minha responsabilidade". Contudo, responsabilidade é o que ela carregaria para sempre pelo que aconteceu com Diana. Filme razoável de uma história da vida real extremamente polêmica, controversa e incrível
Tosco, bobo, divertido e cheio de emoção, novo especial da Marvel dirigido por James Gunn é muito mais Disney do que qualquer outra coisa (mesmo com bebedeira e policiais apanhando).
A história tem 0 complexidade, e por ser simples, é fofa. Guardiões da Galáxia é meu time preferido do universo atual do MCU e consegue trazer um pouquinho do clima do que ocorre em seus filmes. A participação do Kevin Bacon é bem encaixada, e as músicas são bem bacanas.
Se você espera um especial mais Marvel do que Disney, não veja. É quase um musical, bem bobinho, mas que com certeza cumpre o objetivo de te deixar feliz no final. Nisso pode apostar em cenas malucas, referências impensáveis e personagens já conhecidos dançando de forma tosca e marcante.
Apesar de não esperar nada menos caótico de James Gunn, pode-se dizer que é uma boa surpresa, vale a pena!
George Miller retorna Mad Max em um universo muito próprio, mesmo que esse seja muito maior que seu protagonista.
Mad Max: Estrada da Fúria tem tudo que um filme de ação precisa ter pra ser glorioso: ação desenfreada e ininterrupta, visual esplêndido, história fácil de entender e, sobretudo, estilo. O novo filme da franquia tem isso e muito mais, e ainda assim consegue brincar com o próprio universo e com essa religião sobre rodas.
Não assisti aos filmes anteriores, então Fury Road foi minha primeira impressão desse universo baseado em desertos, gasolina e violência. Lembro que a primeira vez que assisti esse filme não conseguia desgrudar os olhos dos movimentos. O tom meio cartunesco e exagerado aumenta ainda mais a atração visual. A história não tem mistério e nem precisa, pois Mad Max tem seu foco principal nessa "corrida maluca" insana de perseguições e guerra por poder.
Apesar de ter ganho 6 Oscars (rapazzzzzz) e aclamação da crítica, não o considero um filme "perfeito". O próprio Max é pouquíssimo explorado, dando bem mais destaque à personagem Furiosa, interpretada pela incrível Charlize Theron, e por esse mundo caótico. Justamente esse mundo punk-pós-apocalíptico é o personagem central da trama e traz uma mitologia muito rica. Não desqualificando, chovem qualidades no longa: cenários incríveis, efeitos especiais equilibrados, muito uso analógico de efeitos (um ponto altíssimo), maquiagem e figurinos perfeitos. O som é incrível, e consegue mesclar de forma genial a trilha sonora e os acontecimentos do filme.
Vejo que algumas cenas são mais longas do que precisariam ser, não justificando o tempo do filme. Também falta um pouco da exploração desses personagens, sobretudo do seu protagonista. Por outro lado, justamente a falta dessa exploração leva à admiração plena de uma trama simples e insana. Ótimo filme!
Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres traz personagens interessantes em trama de investigação mediana, mas com cenas nada medianas.
Se você não assistiu e tem estômago fraco pra qualquer coisa: aqui temos cenas de estupro, violência e muito mais. É um filme para adultos. Por outro lado, isso só avança na tensão da trama, e faz parte de construir o suspense e o peso para os acontecimentos.
Daniel Craig e Rooney Mara (especialmente) são os dois destaques do filme, com ótimas atuações e personagens intrigantes, muito deslocados. Enquanto temos um completamente fracassado e com a carreira afundando, temos uma personagem enigmática que "cria" suas várias vidas para sobreviver.
Quanto aos aspectos técnicos, não há o que dizer. Fotografia maravilhosa e melancólica, música amena e provocante e cenas muito bem pensadas pra provocar aquela agonia básica de suspense investigativo. É um filme de David Fincher.
Não li o livro em que o filme foi inspirado, portanto vou me guiar pela tela. A trama em si consegue seduzir para entendermos o que vai acontecer ao final, porém me despertou só uma sensação de.. ok, resolvemos. O final é bem construído, tem embates e uma reviravolta de médio peso, mas mesmo assim não é um gran finale, como o que vemos em Seven, por exemplo, do mesmo diretor.
Por mais que não seja "o final", o filme vale muito a pena. Possui partes bem intensas, e leva a vários crimes que não são o crime principal, e que nem por isso são levinhos. Os fatos dessa história são pesados, com muita crueldade envolvida. É um trhiller bem feito com excelentes atuações, mas um final que carece minimamente desse mesmo peso. Ótimo filme!
Com atmosfera muito particular, Seven é um filme de investigação intrigante, mas falta potência.
A história é interessante, e tenho certeza que influenciou o cinema em futuros filmes. Um dos exemplos mais recentes está em Batman (2022), onde o herói atua como investigador em cenários de crimes com quase a mesma sensação de densidade.
Os pontos super altos de Seven estão nas cenas de crimes grotescas, tom frio e calculista do início ao fim, e o clima deprimido que somente cidades lotadas de corrupção e crimes violentos podem oferecer. As qualidades técnicas vão da fotografia soturna até as atuações de Morgan Freeman e Brad Pitt, com a antítese de policial que já viu de tudo e perdeu a esperança e outro chegando com muito gás lutando pela esperança.
Apesar dos pontos positivos, em alguns momentos o ritmo cai drasticamente. É natural que um filme de suspense, sobretudo com investigação, tenha um ritmo mais ameno, porém em certo momento as coisas parecem se travar só esperando pelo "gran finale". Quase como criando uma dependência com o desfecho, o filme aposta todo o seu potencial no final, mas não é pra tanto.. um excelente final!
Seven é um destaque para o seu gênero, mas ao meu ver não possui personagens suficientemente cativantes. Apesar disso, há certeza na sua influência a partir de seu lançamento, principalmente na dicotomia da justiça e nas beiradas íngremes da moral. Já dizia Harvey Dent em The Dark Knight, "Ou você morre herói, ou vive o suficiente para se tornar o vilão.". Bom filme!
Fiz a experiência de assistir sem ter visto o primeiro, mas não foi necessário. Não é preciso assistir o primeiro para saber que isso é uma massa de fan service sem gosto nenhum.
O foco nas bruxas principais fica bem evidente, o início com a "infância" é fofo, mas é bem bobo. O núcleo da protagonista principal é fraquíssimo, sem energia, sem emoção, assim como o restante do filme.
O trio composto por Bette Midler, Kathy Najimy e Sarah Jessica Parker carrega o filme nas costas, e não posso critica-las, suas personagens são bem cativantes e as únicas cenas realmente engraçadas são suas interações com o mundo moderno. A cena na farmácia é maravilhosa.
No demais.. não há muito o que dizer. É infantil, mas sem esperteza. É um filme com a nostalgia como combustível. É fraco.
Com proposta interessante e visual elegante, Lobisomem na Noite ainda é Marvel.
Sendo assim, é fiel à sua fórmula padrão: algumas cenas surpreendem, não há nenhuma atuação marcante, piadinhas ficam sobrando. Porém, é sim algo bem diferente do estúdio, e bem violento perto de outras produções, o que é um ponto altíssimo.
Utilizam a fórmula em homenagem de não mostrar diretamente em tela o monstro por muitos segundos, principalmente com o lobisomem em si. Demora até focalizar e enxergarmos diretamente seus traços, assim como demora sua aparição, para aguçar o suspense.
Proposta arriscada e interessante, mas sem muita surpresa. Tem o tonzinho Disney de amizades, mesmo num especial de Halloween. Vale a pena conferir a proposta, mas ainda é só razoável.
Simples, inocente e divertido, Madagascar foi o início de uma pequena e valorosa franquia com frescor de originalidade!
Os personagens são contrastantes, muito únicos, em uma história simples de entender sobre liberdade, propósito e.. instinto! Talvez uma das poucas animações que fala sobre algo tão natural com animais: o predatismo. Amigos ou não, carnívoros e herbívoros oferecem essa margem de risco na relação, e isso é explorado de modo muito divertido.
As dublagens são bem feitas, as músicas são simples e cativantes, e a moral da história é fácil de pegar. É uma jornada sobre pertencimento, mas principalmente dentro do contexto da vida animal, entre ser o entretenimento ou buscar a liberdade. Por mais que possa não parecer, nem sempre é uma escolha óbvia, é o que nossos personagens mostram. Boa animação!
Os Fabelmans
4.0 389Os Fabelmans e seu sobrenome codinome de um homem notável. Os Spielbergs seria o nome mais realista para o filme biográfico do diretor Steven Spielberg, que escreve a história contando sobre sua infância e adolescência, assim como os principais eventos da sua vida influenciaram sua carreira e presença no cinema.
Quem nunca se emocionou com E.T. que atire a primeira pedra! Fraco? Duvido A.I. - Inteligência Artificial não arrancar uma lágrima de você (já me arrancou várias). São várias as obras famosíssimas e fabulosas escritas ou simplesmente dirigidas por Steven Spielberg, tornando-o um dos diretores mais notáveis da atualidade. Minha preferida, é claro, é Jurassic Park. Fui resistente assistir Os Fabelmans, com medo de que ele pudesse florear demais a própria história (como a maioria dos artistas que escrevem a própria biografia o fazem). Mas não. Spielberg se preocupa em demonstrar como observa a vida e como as mudanças da vida o impactaram para criar cenas emocionantes, engraçadas e filmes inesquecíveis.
Os Fabelmans é um drama familiar que traz o conjunto de impressões humanas necessário para o impacto realista. Risada, choro e desespero, tudo isso será encontrado nessa história que, apesar do tom real, tem seus momentos mágicos. As descobertas do protagonista em relação à imagem, ao movimento, às posições de câmera, são lindas de ver. Além disso, o filme une vários recortes de gravação feitas pelo jovem enquanto aprendia, ou seja, é visualizada sua evolução ao longo do tempo, tanto com relação a recursos quanto a técnica.
Nosso protagonista de um roteiro muito bem alinhado, o jovem Gabriel LaBelle traz toda a emoção em cenas que vão desde medo e alegrias até raiva. Apesar da boa performance, Michelle Williams é um personagem de muito destaque e talvez a que mais traga reflexões como sua mãe com atitudes instáveis. Não menos importante, Paul Dano traz brilhantemente sua feição de "bom moço americano" como um pai de atitudes passivas e uma forte esperança de que as coisas funcionem em sua família. Além dos principais, os coadjuvantes complementam muito bem o time, realmente uma seleção de peso.
A trilha sonora com base clássica claramente tinha que ser feita pelo parceiro de longa data, John Williams. Sua maneira só aumenta os tons dramáticos que o filme precisa pra ser forte. A fotografia tem aquele tom embaçado, quase borrado, como se estivéssemos assistindo vídeos do passado.
É um filme extremamente pessoal, pois retrata a história do próprio diretor, mas que não deixa de ressaltar todos os problemas que aconteceram. O protagonista acaba por perceber que, por meio da arte que expressa viriam grandes poderes e existe a dúvida sobre as responsabilidades, que com determinadas decisões poderiam até dividir sua família. É a briga entre escolhas provocadas pelo egoísmo artístico ou o dever familiar.
Me peguei rindo, aflito e até lacrimejando. Não somente eu, pois a sessão estava cheia! É, com certeza, um filme pra assistir nos cinemas e sentir tudo junto com o público, sentir a "emoção popular". Sobretudo, um filme sobre cinema demonstrando o porque de o cinema ainda não ter morrido. Numa época onde as bilheterias mais altas vão para seres humanoides usando capas que salvam o universo, é a história de um jovem talentoso com uma câmera na mão e os conflitos da sua família que mexem com nosso coração. Assistam, sintam e desfrutem. Spielberg conseguiu mais uma vez. Os Fabelmans mostra como enxergar a vida, não como um sonho, mas como um filme.
Moonage Daydream
4.2 69 Assista AgoraA loucura visual e musical de David Bowie é retratada brilhantemente em Moonage Daydream, um musical com foco em sua carreira, principalmente pra quem já conhece razoavelmente sobre ela.
Diferente dos documentários sobre artistas, que costumam só ser um conjunto de retalhos de bastidores sem nexo ao juntar, Moonage Daydream reúne cenas maravilhosas de shows ao vivo, além de várias declarações do próprio Bowie para mostrar a volatilidade da sua carreira e a constância do seu talento. De forma genial, o documentário foca nas palavras do próprio artista pra descrever sua vida e suas obras.
Por outro lado, ao meu ver falta bastante contexto em algumas partes. Eu já conhecia um pouco da história do Bowie e da carreira, mas para um desconhecido.. podem ficar lacunas vazias. Por outro lado, talvez isso só ajude a trazer ainda mais suspense dentro da história contada nas cores psicodélicas e malucas de Bowie.
Moonage Daydream é imagem, cores, uma edição impecável, divertidíssima e imersiva! O ponto alto aqui, de fato, é a edição, a junção desses recortes da vida de Bowie que, de um modo estranho e louco, faz sentido no final. Emociona, e é uma grande homenagem ao artista que Bowie foi (e ainda é!). No final, o documentário tenta ser o que Bowie é em sua obra: um conjunto de texturas de um mesmo camaleão do rock. Excelente!
Harry Potter e a Ordem da Fênix
4.0 1,1K Assista AgoraHarry Potter e a Ordem da Fênix tem o maior desafio da filmografia para transmitir a maior história de páginas para a tela, e tropeça previsivelmente.
O andar da carruagem já não estava bom, e aqui consegue piorar. O quinto filme da filmografia conta com todo o elenco de peso, inclusive com a adição da fantástica Imelda Staunton e mesmo assim traz um filme sem gosto nenhum e confuso. Continuando o efeito clímax nascido no Cálice de Fogo, esse filme procede nos tons obscuros da jornada de Harry, misturando os dramas e namoricos adolescentes a batalhas que podem transformar completamente o mundo bruxo.
Além de Dolores Umbridge, talvez a personagem mais odiada que Voldemort pelos fãs, aqui temos também a inserção de Luna, uma personagem volátil, alternativa e que ao mesmo tempo apresenta muitas semelhanças ao Harry. Isso não significa que o potencial da personagem se traduza na atuação de sua atriz, fraquíssima. Prosseguindo como o filme anterior, com exceção de Imelda e dos professores, não temos grandes destaques no elenco. O núcleo de bruxos adolescentes são feitos realmente para aqueles adolescentes que não tem um pingo de senso crítico.
Realmente uma pena, pois o livro é maravilhoso e vale todas as suas camadas. Aqui, o final é extremamente rápido, atropelado e confuso. De um minuto pra outro, surge o ministério da magia e o departamento de mistérios. Horrivelmente desenvolvido. Para quem somente viu o filme, saiba que esse livro talvez seja um dos mais importantes, pois revela fatores que impactam diretamente o destino de Harry no final.
Entendo que David Yates carregou um desafio imenso com esse filme, mas o resultado é inevitável: fãs que aceitam tudo, até um filme fraquíssimo. Bora ler o livro que é muito mais prazeroso!
Lizzo: Live in Concert
4.1 1Um presente de início de ano, esse sim o verdadeiro show da virada! Lizzo traz tudo de si na gravação do último show da The Special Tour, cheia de convidados especiais e muita energia.
Pra quem conhece e não conhece Lizzo, esse show é muito recomendado! É uma reunião dos vários hits que a cantora ergueu dentro de um curto período de tempo. Sem muito fru fru, Lizzo faz um espetáculo focado na música, dança e nas coisas que acredita. Cheia de espontaneidade, o show é muito divertido, marcado por arranjos bem feitos e um grupo de bailarinas especial, formado pelas Big Grrrls.
O que mais me atrai aqui é que Lizzo não se preocupa em trocar de figurino 20 vezes ou efeitos especiais cinematográficos, e prefere focar na sua música, e até em tocar sua flauta. É tudo muito autêntico e de alta qualidade, ela soa exatamente como canta no álbum, ótima! Abra o coração e abrace o espetáculo Lizzo. Ótimo!
Love, Lizzo
4.0 3Lizzo, por si só, é alguém de uma personalidade preciosa e única! Tem muito carisma e consegue traduzir isso dentro de suas músicas.
Porém, assim como vários documentários de outros artistas musicais, o documentário não tem um rumo bem definido. Traz bastante informação bacana, principalmente pela história de Lizzo, depois passa pelas críticas que o público faz a ela pelos modernos e vazios "cancelamentos", e tudo isso mesclado a várias cenas de bastidores de gravação do álbum mais recente, Special, e bastidores de apresentações ao vivo.
É divertido, é muito bom ver a história da Lizzo contada em tela, mas eu sempre espero um pouco mais de direção além de vários conteúdos unidos. Separados, esses conteúdos são maravilhosos, mas quando se olha tudo junto não tem um sentido muito impactante.
De qualquer forma, vale a pena conferir! Lizzo é uma artista em ascensão que ainda tem muito pra mostrar e que já tem mostrado nos seus trabalhos sinceros e divertidos. Ações como as Big Girrrls são realmente de encher os olhos. Bom documentário!
O Predador: A Caçada
3.6 665Prey é uma ótima surpresa e refresco para a série de filmes Predador, trazendo temática atraente ao mesclar a rusticidade primitiva com toda a agressão tecnológica alienígena de um dos maiores caçadores do cinema.
São vários os motivos que tornam esse filme interessante, e dentre eles está uma fotografia lindíssima com cenários enormes, a temática primitiva do início de 1700 unida a questões de colonização, e é claro, uma história que carrega uma protagonista forte e preparada pra mostrar suas capacidades.
Dan Trachtenberg consegue construir o suspense que o filme merece num tempo justo de filme, sem cansar e com cenas de ação em longos takes, de forma hipnotizante. Os eventos não acontecem logo de cara, mas isso só aumenta a curiosidade pra notar como esse personagem voraz irá se comportar nesse "novo" cenário.
Apesar dos elogios, acabam deixando o alienígena um pouco "menos evoluído", com artifícios mais braçais e sem um grande abuso da tecnologia. Por outro lado, entende-se que esses predadores estão no passado da civilização humana, e portanto talvez ainda estivessem entendendo como eles se comportam. Tudo isso é hipótese, é claro, mas o ponto é que o alienígena está muito mais focado no "corpo a corpo" do que em estratégias.
Os nativos, por outro lado, possuem muito mais estratégia e métodos de caça, principalmente pela sobrevivência. Ao final, mesmo tratando de um filme de pura ação, fica a mensagem de evolução e superar os limites impostos. Quando ninguém acredita em você, só te resta fazer seu máximo para provar que estão errados, mesmo que isso custe sua sobrevivência.
Com um marketing fraquíssimo, o novo filme é uma ótima surpresa, e espero que pegue de supetão vários curiosos pelo tema. Ótimo filme!
A Sombra e a Escuridão
3.7 369 Assista AgoraA sombra e a Escuridão é filme de ação com os superastros Val Kilmer e Michael Douglas, onde a beleza da fotografia ajuda mais do que o desenrolar dessa história baseada em fatos reais. Não fui pego pela nostalgia das sessões noturnas dos canais de TV onde o filme passava, pois conheci ele atualmente.
Ao meu ver, o roteiro não consegue passar a agonia e o peso do drama necessários para sentirmos o "pavor" dos leões que estão assolando os trabalhadores da ponte. Não há nenhum destaque por parte das atuações.
É um filme com história interessante, sobretudo por se tratar de algo real, e de um comportamento dos felinos que não é comum, unindo a tensão de momentos com supostas "forças" que dominam esses leões. Existe um suspense interessante, mas que não consegue prender por muito tempo, já que o filme tem muito mais tempo de tela do que o necessário. Filme razoável, que provavelmente demorarei pra ver novamente.
O Expresso Polar
3.6 633 Assista AgoraO Expresso Polar é um daqueles clássicos natalinos da família, cheio de cor e magia natalina, com uma tecnologia que na época encheu os olhos, e hoje afeta mais pela nostalgia, mas mantendo o encantamento de seus temas sensíveis.
A história é simples, fantasiosa e completamente insana. Entretanto, o filme consegue falar sobre infância, inocência, pobreza, tudo isso em um misto de aventura e ação, com algumas cenas agoniantes (vide montanha-russa com o trem).
Pra quem não curte musicais, fica o aviso: temos musiquinhas, além de momentos de drama bem exagerado ao estilo Disney. O protagonista principal, o cético, é interessante e incorporamos sua posição para conhecer esse mundo "mágico e novo" do natal.
É um filme que se manteve desde a minha infância até a fase adulta como um dos "referência natalina" na família. De fato, é um filme muito bonito com uma história sensível. Tom Hanks faz vários personagens e traz todo o seu drama emocional costumeiro. No final, mesmo com algumas superficialidades, o filme traz uma mensagem bacana sobre fé no impossível e no que significa a tal "esperança natalina", do ponto de vista capitalista, é claro. hahaha Bom filme!
O Método de Stutz
3.8 29 Assista AgoraUm documentário profundamente pessoal e sensível, O Método de Stutz é um recorte de terapias gravadas por Jonah Hill e o psiquiatra Phil Stutz, que apresenta seus métodos e ferramentas para vencer obstáculos e aceitar as vulnerabilidades da vida.
É emocionante até certo ponto, mas é tão pessoal que em alguns momentos parece que estamos intrusos assistindo essa sessão. É um documentário interessante porque é a origem de muitas reflexões sobre aceitação, vulnerabilidade e saber que paciente e médico não tem dificuldades tão distintas assim, logo um pode se beneficiar das humanidades do outro.
Por outro lado, é muito mais filosófico e impressionista do que científico. São teorias interessantes, mas fica sempre dançando no campo das reflexões e das emoções dos indivíduos em torno delas, podendo ser cansativo em algumas passagens. Filme razoável, vale a pena conferir, mas sabendo que pode ter sido muito mais proveitoso para eles do que pra nós.
Férias Frustradas de Natal
3.1 120 Assista AgoraSabe aquele filme de natal que é clássico na família? Minha família é doida por esse filme, então já vi muitas muitas vezes. É um besteirol ao estilo família americana.
Engraçado? É bobo, é divertido, tem cenas legais, mas a maioria é mais boba do que legal. Não esperem atuações brilhantes, fotografia de primeira e outras papagaiadas. É um filme pra ver no domingo a tarde/noite ou nos dias que antecedem o natal pra aquecer para as festas e lembrar daquele parente que não é tão legal assim. rs
Filme razoável, mas recomendo pra relaxar!
Scooby-Doo
2.9 656 Assista AgoraNão é dirigido por ele, mas esse filme exala James Gunn, o escritor desse filme insano e divertido. Scooby-Doo está longe de ser um filme de Oscar, mas com certeza marcou a infância de muitos, incluindo a minha, e ainda me dava um pouco de medo na época.
Tem essa vibe anos 2000 com piadinhas ridículas e sexualização (de mulheres, homens, de tudo), mas vem munido de um estilo trash maravilhoso. Tenta ser um filme infantil, não exatamente conseguindo, e acaba sendo um filme teen com história interessante mas que é IMPOSSÍVEL levar a sério.
Scooby-Doo é um filme de zoação. Não espere atuação, roteiro conceitual, nem nada. Curta a trilha sonora maluca, admire as paisagens e tente trazer a criança interior que amava a equipe Mistérios S.A. à tona. Tem muita cor, cenas de ação e diversão, numa aventura ridiculamente boa!
Avatar
3.6 4,5K Assista AgoraLembro que quando Avatar foi lançado tive a oportunidade de assistir 3 vezes no cinema (com membros diferentes da família e com o preço do ingresso bem menor do que atualmente), mas nenhuma delas foi em 3D, um arrependimento que pude suprir com o lançamento de sua sequência. Se o filme já era belíssimo em 2D, o marco de seu 3D é justificado pela bilheteria insana e surpresa dos telespectadores.
Avatar não tem uma história fascinante, podendo ser facilmente comparado a Pocahontas, por exemplo. Também não tem atuações brilhantes (com algumas exceções), pelo contrário, temos alguns atores tão vazios que não sabemos se o problema é o ator ou o personagem. Entretanto, o universo de Pandora e seus habitantes é tão visualmente incrível que tudo isso acaba ficando em segundo plano.
Com cenas de ação muito bem construídas, trilha sonora sensível e um visual deslumbrante, Avatar justifica seu sucesso como sinônimo de qualidade em uma obra que levou anos pra ser feita. De fato, é uma obra feita com carinho por James Cameron, e que eu considero um filme muito bom.
Beleza à parte, todas as críticas são verdadeiras. A história é clichê (e pouquíssimo respeitada em sua sequência), o vilão não tem justificativas sólidas e é bem previsível. Apesar disso, a história de Avatar funciona apenas como uma base para apresentar toda a rica cultura dos Na'vi e seus personagens. Zoe Saldana é brilhante e Sam Worthington, nosso protagonista, não é tão brilhante mas consegue cumprir seu papel. É muito bom assistir Sigourney Weaver na tela novamente, também com uma personagem forte.
O que me toca em Avatar é, mesmo sabendo que sua história não é impressionante, tenta trazer muito do lado espiritual e da conexão com a natureza em seu mundo, onde foi criado um novo dialeto, visuais, criaturas e rituais. A dedicação gráfica desse mundo novo é de cair o queixo, e acho que ganhou seus Oscars merecidamente, assim como perdeu outros também merecidamente. Não é o melhor filme, mas é um ótimo filme!
Matilda: O Musical
3.6 155 Assista AgoraMatilda: O Musical tem tudo pra ser maravilhoso.. e quase consegue.
Adoro musicais, então Matilda: O Musical foi uma grande surpresa "esperada" desde que foi anunciado. O resultado é bem satisfatório, aqui temos um lindo tom cartunesco que se sustenta, além de personagens curiosos e estranhos. O filme é cativante, as músicas são bem pensadas e o filme em si é um grande desafio com seu enorme número de pessoas dançando e cantando em tela. Lindo de ver!
Emma Thompson é o grande, gigante, fantástico destaque do filme. Além de estar irreconhecível, a atriz cumpre muito bem o seu papel. A atriz mirim Alisha Weir também manda muito bem como Matilda, conseguindo carregar o papel desafiador.
Infelizmente, nem tudo são flores. Apesar do tom poético que o filme toma, alguns momentos podem ser bem maçantes e até mesmo desviar totalmente da história principal. Sinto falta de um pouco mais do foco na Matilda em si, considerando que algumas partes desfocam. Dessa forma, as 2 horas de filme não são exatamente justificáveis, tem bastante coisa que poderia ser reduzida.
Não curte musicais? Não recomendo que assista. Se você curte, vai amar os números com dança e as músicas cativantes, mesmo que algumas partes estendam mais do que o filme precisa. A história é bonita, mas ao meu ver, poderia ter sido melhor explorada. Bom filme!
Avatar: O Caminho da Água
3.9 1,3K Assista AgoraO novo filme de James Cameron, Avatar: O Caminho da Água, sequência do marco visual Avatar, de 2009, segue a reputação de seu antecessor, para o bem e para o mal.
Para qualquer um que ainda tenha dúvidas: Sim, "Avatar 2" demorou mas está entre nós e é, visualmente, impecável. É a melhor experiência que já tive com filmes em 3D. Não houve dor de cabeça, náusea, ou qualquer sintoma maluco proveniente de um 3D mentiroso. Aqui o espetáculo gráfico é real. Você consegue enxergar todas as camadas devido às técnicas de gravação malucas criadas por Cameron. Quer ter uma baita experiência visual no cinema? Esse filme é brilhante!
As novas criaturas apresentadas são fantásticas! O povo do clã Metkayina é anatomicamente diferente dos Na'vi apresentados, adequados ao ambiente em que estão, um ambiente aquático riquíssimo em detalhes e novos lugares para exploração! Dos animais à flora, tudo é muito atraente. As cenas debaixo da água são realmente incomparáveis. Mesmo no silêncio da ausência de falas, o filme fala muito por si em demonstrar tanta beleza em tela.
Infelizmente, são raros os casos em que imagem impecável e história impecável se cruzam. Existem muitas variáveis para que isso funcione, e quanto mais ambiciosa a ideia, maior a régua, ainda mais tratando-se da sequência de um filme que impactou o cinema de uma geração. Não, a sequência de Avatar não é perfeita e está longe disso.
Acredito que o que faz as pessoas amarem universos da fantasia são dois fatores: identificação, com aqueles personagens e situação, mesmo que por analogias e de forma breve; e a paixão pelas regras daquele mundo. Sim, todo mundo, fantasioso ou não, é composto de regras, e fatores importantes que vão se repetindo até se tornarem rituais, culturas e por aí vai. Amamos que os bruxos de Harry Potter utilizem varinhas mágicas, por exemplo, e ignoramos o fator "ar respirável" com os personagens de Star Wars e isso se torna um marco em várias dimensões nesse "mundo".
Avatar: O Caminho da Água quebra diversas regras que propõe no primeiro longa. Primeiro, a causa de todos os conflitos da história inicial, o minério fictício unobtanium, é simplesmente esquecido, como se nunca houvesse existido. Um minério tão importante que gerou uma guerra que dizimou vários membros da população Na'vi e humana... simplesmente esquecido. Aqui temos novas ambições de recursos não apresentados antes, que agora são os "novos super importantes", e mesmo assim parecem estar lá só pra fazer uma ponta, porque a motivação antagônica é outra, já chegaremos lá.
Outra regra tão protegida no primeiro longa era a língua, sendo um fator que tornava tudo mais realista e uma barreira real entre os povos. Os Na'vi não sabem nenhuma língua humana, e vice-versa, desde que sejam ensinados. Nesse filme, é raro ter algum momento da língua mãe dos Na'vi. O novo clã oceânico apresentado, os Metkayina, em nenhum momento possuem essa limitação. Mais uma regra instituída em um longa sem peso no outro. O "vilão" até demonstra um pouco dessa limitação, mas logo é descartada e ao final nem lembramos que ela existiu.
O último evento que faz desacreditar dos tais "eventos importantes" do primeiro filme é a invasão humana. Sim, aqui Pandora é invadida novamente pelos humanos, mas dessa vez não há resistência, só fuga. Onde estão os guerreiros? Era tão fundamental que houvesse um Toruk Makto para essa vitória, que aqui é como se esses eventos nunca houvessem ocorrido. Pandora não é fiel nem consigo mesma. A desculpa para conhecer outros territórios, ao meu ver, foi muito fraca. Jake Sully e sua família simplesmente abandonam o povo e vão buscar apoio, tornando a invasão um "assunto pessoal".
Temos também novos personagens, muitos novos personagens! Uma prole que une filhos biológicos e adotivos, o que é um ponto positivo e interessante. O problema do número de personagens novos é que acabamos deixando de lado nossos protagonistas. Jake Sully não está na tela em maior parte do tempo, e quando está lá, é pra ser "o pai protetor". Assim como, e infelizmente, acontece com Neytiri, a personagem incrível de Zoë Saldaña aparece muito menos do que no primeiro, e quando aparece está chorando ou gritando de raiva. Os personagens que amamos do primeiro filme foram substituídos por um grupo considerável de adolescentes com embates próprios, mas até meio infantis em alguns momentos. Temos conflitos que vão de auto aceitação até longas conversas com um bicho similar a uma baleia. Não, não é convincente.
Com exceção das origens interessantes de alguns deles, ainda não sei se acrescentar tantos novos personagens foi uma boa ideia. Uma das personagens com maior expectativa, Ronal, interpretada por Kate Winslet, poderia ter sido interpretada por qualquer atriz. Não há profundidade, não há nada.
O Caminho da Água herdou um problemão do primeiro filme, mas de forma proposital! Seu vilão tem ambições tão vazias quanto no primeiro, mas aqui a justificativa é ainda mais vaga: a boa e velha vingança. É tão limitado que tem cenas que chegam a ser engraçadas. Até dá vontade de culpar a atuação de Stephen Lang, mas não, o roteiro o transformou num elemento sem graça desde o início.
Se os personagens não ajudam, o ambiente não é fiel com as próprias regras e a história tem furos... só nos resta a viagem! Sim, vale muito a pena conferir o filme nos cinemas, porque é esplendoroso ver em tela aquelas cenas. Eu sai da sessão satisfeito e agraciado com tantos detalhes feitos com excelência, mas justamente por isso gostaria que o marketing de James Cameron se concretizasse e tivessem dedicado um pouco mais de carinho na história.
Esse lance de não arriscar muito ou não ir muito além por causa das sequências pra mim só tem um significado: falta de história. Conter roteiro pra sustentar próximos filmes é ridículo, é pura falta de imaginação. E não há problema em ter falta de imaginação, e para isso basta admitir. Sim, o roteiro foi refeito milhares de vezes, e isso foi inclusive um dos motivos da demora do filme, mas, tentar tornar algo "universal demais" é a receita para algo sem gosto. É preciso contraste, conflito, e não simplesmente preencher um capítulo. Antes um filme bem feito do que 4 sequências água com açúcar (isso pra mim, mas não para a Disney, né?).
Os números em bilheteria estão aí pra não mentir, mas não é de hoje que isso não significa qualidade. Vá ao cinema, veja em 3D e na melhor tela que conseguir. Terá tido uma maravilhosa experiência visual, mas não mental, isso é um problema pra você? Bom filme!
Pinóquio
4.2 543 Assista AgoraGuillermo Del Toro traz releitura franca, pesada, mas ainda mágica de um dos bonecos mais amados do entretenimento. Aqui estão os preços para se tornar um menino de verdade.
Não vou mentir, sou perdidamente apaixonado pela releitura meiga (mas ainda assim, maluca e bêbada) do Pinóquio de 1940 feita pela Disney. Tem todo o teor mágico e o encantamento Disney de primeira qualidade de suas obras clássicas. Músicas cativantes, animações simples e belíssimas, e ainda assim humor politicamente incorreto e é claro.. final feliz. Bem diferente do live action inspirado, lançado também esse ano, que é uma tremenda perda de tempo e de muito mal gosto.
Esse ano tive a oportunidade de conferir o livro escrito por Carlo Collodi, que inspirou essas e outras diversas releituras em filmes. Por mais que eu amasse a versão da Disney, uma coisa era certa: não tem quase nada a ver com o livro. Lá, Pinóquio é o que faz mais sentido ser: um ser inanimado que, de repente, se tornou vivo e é uma criança. Curioso, maldoso, e sem senso de moral, o Pinóquio de Collodi causa desastres e tem consequências severas, mas no final, ganha com isso o tão desejado amadurecimento. O início da minha felicidade com a versão de Guillermo Del Toro nasceu em visualizar que o tom do livro finalmente apareceu. Aquele Pinóquio humanoide e bobinho da Disney aqui se torna o que é: uma marionete de madeira cujo objetivo é desfrutar dessa aventura chamada vida. Isso não necessariamente é uma história feliz.
Não é uma retratação fiel, é uma releitura. Del Toro conseguiu captar a essência do livro, lançado em meados de 1880, e trazer para uma história que se passa entre 1920 e 1940, não por acaso.. a história se passa na Itália, na época da grande guerra. Indo um pouco mais além, na época em que o fascismo estava em plena ascensão. E sim, o filme genialmente consegue abordar a ideologia fascista, de modo ousado e muito criativo.
Se o filme aborda elementos como fascismo, não espere encontrar muita coisa fofinha em tela. Aqui temos um Geppetto desolado pelo peso do luto, financeiramente miserável e sem esperanças, vários seguidores do movimento fascista, circenses manipuladores, crianças usando armas, entre outras cenas espantosas. Mas sim, também temos criaturas mitológicas com sua estranheza belíssima, toques de magia e até músicas cantadas! Calma, não é um musical, não precisa sair correndo. As poucas canções cantadas pelos personagens têm muito peso sentimental e se encaixam com muita delicadeza na trama.
Falando nos personagens, é difícil não elogiar o elenco inteiro. É só a voz que ouvimos, mas é justamente ali que mora o brilhantismo. Gregory Mann é uma criança com tom impecável de pureza e curiosidade. Assim como ele, o brilho é levantado pelos excelentes Ewan McGregor, David Bradley, Christoph Waltz, Tilda Swinton, Finn Wolfhard e até no personagem pouco usual da formidável Cate Blanchett. Cada um com suas características peculiares para apresentar ao boneco de madeira lições e demonstrações sobre sabedoria, amor, ódio, maldade e até mesmo a morte, um tema fortemente trabalhado no longa.
Para impressionar ainda mais, o longa foi criado utilizando a técnica trabalhosa, incrível e injustamente pouco reconhecida do stop motion! Junto ao filme, a Netflix lançou um vídeo de pouco mais de 30 minutos dos bastidores, mostrando a equipe com maquetes gigantescas e bonecos com diferentes escalas dos personagens pra passar um pouco da dificuldade dessa produção. Muito carinho, paciência e talento estão envolvidos e o resultado é esplêndido! Além de haver um cuidado extremo nos detalhes, alguns personagens, como o próprio Pinóquio, possuem características mecânicas próprias. Tudo isso unido a posições de câmera desafiadoras fazem a captura de imagens belíssimas em tela, muitas vezes em tons chocantes.
E é claro que vamos falar sobre o que interessa mais: a história! Sem dar spoiler pra quem curte uma surpresa, preciso avisar uma coisa: a classificação etária é para 12 anos, e não é por mero capricho. Como já falado, o filme bate muito na tecla do limiar da vida e da morte, assim como no significado de estar realmente vivo. Além disso, por falar bastante sobre guerra, se seu filho for muito novo talvez nem entenda completamente. Não seja o pai que diz "mas animação é pra criança!", porque já faz muito tempo que não é. A animação se tornou um gênero com muitos ramos, e Pinóquio foi feito pra trazer emoções, seja agonia, tristeza ou alegria. Guillermo conseguiu trazer personagens novos, assustadores e estranhos para explicar ao Pinóquio sobre a beleza e as armadilhas do mundo. Geppetto, por sua vez, não é um pai perfeito que ama o filho de todo o coração, pelo menos não no início. Dessa forma, Pinóquio de Del Toro é uma versão realista, por mais que suas passagens sejam absurdamente fantasiosas. O tom banal do mundo em que Pinóquio vive é o que causa o contraste e o interesse em saber como esse ser ingênuo e mal criado vai sobreviver nas adversidades. Aqui Pinóquio é um monstro Frankenstein, fruto de um marceneiro enfurecido pelas injustiças da vida, e a partir disso consegue transformar todos em sua volta com sua simplicidade.
O grilo falante se encaixa em muitas analogias, como seu coração ou sua consciência. E a maioria dos "vilões" acaba sendo conquistado pela empatia de Pinóquio. Chritoph Waltz é certeiro com seu personagem, o verdadeiro vilão ambicioso e cruel, que mostra ao boneco que, apesar das exceções, os vilões ainda existem. As criaturas do filme são curiosas, assustadoras e, de certa forma, muito belas. A "fada madrinha" dá lugar a um ser maior e melhor, uma guardiã que pode proporcionar a vida, e que tem a morte como seu reflexo.
É difícil elogiar tudo que o filme proporciona sem falar de algumas surpresas que vou deixar pra vocês conferirem. Existe um tom "Tim Burton" em alguns momentos muito especiais. O filme todo tem uma aura de tenebroso e bem humorado, e ao mesmo tempo cenários muito italianos e realistas. Pinóquio é uma mistura bem feita de história clássica revisitada com o lado sombrio e mitológico da vida.
Longe de ser previsível, Pinóquio de Del Toro é uma das boas surpresas de 2022, e que curiosamente tem um filme de mesmo título nos piores do ano também. Pinóquio e sua história, por mais densa e pesada que seja, é para todos porque mostra o que atualmente está em falta no cinema: a realidade agridoce dos pesadelos e maravilhas da vida. Onde há guerra, também há esperança, e assim como na mente do público, Pinóquio é uma referência eterna de amadurecimento. Nada melhor do que amadurecer com a sabedoria das verdadeiras dores. Del Toro acertou em cheio arriscando muito nesse balcão de elementos químicos sensíveis que forma a história clássica do boneco de pinho. Perfeito!
Scrooge: Um Conto de Natal
3.2 23 Assista AgoraScrooge: Um conto de natal utiliza uma história clássica de forma básica demais, principalmente depois de termos uma grande referência com a atuação de Jim Carrey em Os Fantasmas de Scrooge, em 2009. O que resta é infantilidade e músicas.
Sendo direto ao ponto, não é ruim, mas não é bom. O filme tem uma arte gráfica estupenda para os cenários e os efeitos, mas, de forma estranha, os personagens não parecem ter sido criados com o mesmo esmero. Eles são mais quadriculados, enquanto os cenários e os efeitos em volta são muito bem desenhados.
O roteiro em si é mais infantil, mais focado em algumas relações como com sua irmã e com o sobrinho, mas também não é cativante. É inevitável que hajam as comparações com Os Fantasmas de Scrooge, onde tudo é mais graficamente realista, o que deixa o tom do filme mais pesado, e por sua vez, a história fica com um recado mais denso. Aqui tem muito mais alegoria e menos atuação e mensagem.
Sou um grande fã de musicais, mas... esse não é, definitivamente, o forte do filme. As músicas não tem graça, e até parecem ser encaixadas em momentos errados. Para um musical, não ter músicas cativantes é sinônimo de que isso não funcionou. É tudo muito exagerado, e os personagens dançam exatamente em sincronia, o que é irritante. A dança de abertura parece aqueles vídeos de personagens conhecidos em 3D dançando algum hit em sincronia. Falta naturalidade.
Nem tudo está perdido, como já dito, o filme é visualmente agradável e pode entreter. No final, parece uma tentativa muito fraca de ser um musical de natal a la Disney, mas não consegue, ainda está na sombra do nome Netflix, mesmo que isso também não seja um elogio. É um filme aceitável, mas não assistiria novamente.
A Rainha
3.7 377Filmes sobre a família real sempre têm uma aura atraente de opulência, curiosidade e polêmica. A Rainha não é diferente e possui essas características, mas de forma passiva, quase pisando em ovos, parece querer focar muito mais no primeiro ministro Tony Blair e em uma Diana "secreta" e já falecida do que na rainha em si.
Helen Mirren é realmente ótima, e consegue trazer os trejeitos da monarca, mas é tão boa que às vezes o filme pede mais da sua presença na tela. Cada vez em que aparece parece ser pouco, e dentro disso temos cenas pouco aproveitáveis, como passeios com cães. Definitivamente, é a atriz de destaque do filme, mesmo que ao meu ver sua personagem não tenha sido 100% aproveitada pelo filme em si.
É interessante como o filme coleta um retrato de um pedaço de uma história gigantesca que é o dilema "Diana e Charles". Curiosamente, Diana praticamente não aparece, mesmo nas notícias, é tudo muito breve, talvez até reforçando o sentido de ela ser irrelevante aos membros da família.
Vejo que falta peso nesse filme. Trata de um tema muito delicado, se não o mais delicado, da história da família real moderna e mesmo assim parece só focar no dilema.. ter ou não um velório público. Sim, isso fez parte, mas não transmite o drama necessário para a tela. O ponto principal, ao meu ver, não deveria ser uma briga de retórica entre o primeiro ministro e a rainha, mas sim como a morte de Diana foi digerida pela família real (e se foi, de fato).
O que mais me impactou foi a cena da rainha vendo o servo tão cobiçado já ter sido caçado. Aquele olhar sobre ele pendurado, e como aquilo pareceu uma analogia com a morte de Diana. Diana, um servo tão atípico e tão belo que, quando encarado de perto pela rainha, por mais que quisesse que fosse caçado, que não fosse em seu território. É prazer o que vemos em seu olhar quando ela demonstra a satisfação de pensar "pelo menos não foi minha responsabilidade". Contudo, responsabilidade é o que ela carregaria para sempre pelo que aconteceu com Diana. Filme razoável de uma história da vida real extremamente polêmica, controversa e incrível
Guardiões da Galáxia: Especial de Festas
3.5 169 Assista AgoraTosco, bobo, divertido e cheio de emoção, novo especial da Marvel dirigido por James Gunn é muito mais Disney do que qualquer outra coisa (mesmo com bebedeira e policiais apanhando).
A história tem 0 complexidade, e por ser simples, é fofa. Guardiões da Galáxia é meu time preferido do universo atual do MCU e consegue trazer um pouquinho do clima do que ocorre em seus filmes. A participação do Kevin Bacon é bem encaixada, e as músicas são bem bacanas.
Se você espera um especial mais Marvel do que Disney, não veja. É quase um musical, bem bobinho, mas que com certeza cumpre o objetivo de te deixar feliz no final. Nisso pode apostar em cenas malucas, referências impensáveis e personagens já conhecidos dançando de forma tosca e marcante.
Apesar de não esperar nada menos caótico de James Gunn, pode-se dizer que é uma boa surpresa, vale a pena!
Mad Max: Estrada da Fúria
4.2 4,7K Assista AgoraGeorge Miller retorna Mad Max em um universo muito próprio, mesmo que esse seja muito maior que seu protagonista.
Mad Max: Estrada da Fúria tem tudo que um filme de ação precisa ter pra ser glorioso: ação desenfreada e ininterrupta, visual esplêndido, história fácil de entender e, sobretudo, estilo. O novo filme da franquia tem isso e muito mais, e ainda assim consegue brincar com o próprio universo e com essa religião sobre rodas.
Não assisti aos filmes anteriores, então Fury Road foi minha primeira impressão desse universo baseado em desertos, gasolina e violência. Lembro que a primeira vez que assisti esse filme não conseguia desgrudar os olhos dos movimentos. O tom meio cartunesco e exagerado aumenta ainda mais a atração visual. A história não tem mistério e nem precisa, pois Mad Max tem seu foco principal nessa "corrida maluca" insana de perseguições e guerra por poder.
Apesar de ter ganho 6 Oscars (rapazzzzzz) e aclamação da crítica, não o considero um filme "perfeito". O próprio Max é pouquíssimo explorado, dando bem mais destaque à personagem Furiosa, interpretada pela incrível Charlize Theron, e por esse mundo caótico. Justamente esse mundo punk-pós-apocalíptico é o personagem central da trama e traz uma mitologia muito rica. Não desqualificando, chovem qualidades no longa: cenários incríveis, efeitos especiais equilibrados, muito uso analógico de efeitos (um ponto altíssimo), maquiagem e figurinos perfeitos. O som é incrível, e consegue mesclar de forma genial a trilha sonora e os acontecimentos do filme.
Vejo que algumas cenas são mais longas do que precisariam ser, não justificando o tempo do filme. Também falta um pouco da exploração desses personagens, sobretudo do seu protagonista. Por outro lado, justamente a falta dessa exploração leva à admiração plena de uma trama simples e insana. Ótimo filme!
Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres
4.2 3,1K Assista AgoraMillennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres traz personagens interessantes em trama de investigação mediana, mas com cenas nada medianas.
Se você não assistiu e tem estômago fraco pra qualquer coisa: aqui temos cenas de estupro, violência e muito mais. É um filme para adultos. Por outro lado, isso só avança na tensão da trama, e faz parte de construir o suspense e o peso para os acontecimentos.
Daniel Craig e Rooney Mara (especialmente) são os dois destaques do filme, com ótimas atuações e personagens intrigantes, muito deslocados. Enquanto temos um completamente fracassado e com a carreira afundando, temos uma personagem enigmática que "cria" suas várias vidas para sobreviver.
Quanto aos aspectos técnicos, não há o que dizer. Fotografia maravilhosa e melancólica, música amena e provocante e cenas muito bem pensadas pra provocar aquela agonia básica de suspense investigativo. É um filme de David Fincher.
Não li o livro em que o filme foi inspirado, portanto vou me guiar pela tela. A trama em si consegue seduzir para entendermos o que vai acontecer ao final, porém me despertou só uma sensação de.. ok, resolvemos. O final é bem construído, tem embates e uma reviravolta de médio peso, mas mesmo assim não é um gran finale, como o que vemos em Seven, por exemplo, do mesmo diretor.
Por mais que não seja "o final", o filme vale muito a pena. Possui partes bem intensas, e leva a vários crimes que não são o crime principal, e que nem por isso são levinhos. Os fatos dessa história são pesados, com muita crueldade envolvida. É um trhiller bem feito com excelentes atuações, mas um final que carece minimamente desse mesmo peso. Ótimo filme!
Seven: Os Sete Crimes Capitais
4.3 2,7K Assista AgoraCom atmosfera muito particular, Seven é um filme de investigação intrigante, mas falta potência.
A história é interessante, e tenho certeza que influenciou o cinema em futuros filmes. Um dos exemplos mais recentes está em Batman (2022), onde o herói atua como investigador em cenários de crimes com quase a mesma sensação de densidade.
Os pontos super altos de Seven estão nas cenas de crimes grotescas, tom frio e calculista do início ao fim, e o clima deprimido que somente cidades lotadas de corrupção e crimes violentos podem oferecer. As qualidades técnicas vão da fotografia soturna até as atuações de Morgan Freeman e Brad Pitt, com a antítese de policial que já viu de tudo e perdeu a esperança e outro chegando com muito gás lutando pela esperança.
Apesar dos pontos positivos, em alguns momentos o ritmo cai drasticamente. É natural que um filme de suspense, sobretudo com investigação, tenha um ritmo mais ameno, porém em certo momento as coisas parecem se travar só esperando pelo "gran finale". Quase como criando uma dependência com o desfecho, o filme aposta todo o seu potencial no final, mas não é pra tanto.. um excelente final!
Seven é um destaque para o seu gênero, mas ao meu ver não possui personagens suficientemente cativantes. Apesar disso, há certeza na sua influência a partir de seu lançamento, principalmente na dicotomia da justiça e nas beiradas íngremes da moral. Já dizia Harvey Dent em The Dark Knight, "Ou você morre herói, ou vive o suficiente para se tornar o vilão.". Bom filme!
Abracadabra 2
3.3 349 Assista AgoraFiz a experiência de assistir sem ter visto o primeiro, mas não foi necessário. Não é preciso assistir o primeiro para saber que isso é uma massa de fan service sem gosto nenhum.
O foco nas bruxas principais fica bem evidente, o início com a "infância" é fofo, mas é bem bobo. O núcleo da protagonista principal é fraquíssimo, sem energia, sem emoção, assim como o restante do filme.
O trio composto por Bette Midler, Kathy Najimy e Sarah Jessica Parker carrega o filme nas costas, e não posso critica-las, suas personagens são bem cativantes e as únicas cenas realmente engraçadas são suas interações com o mundo moderno. A cena na farmácia é maravilhosa.
No demais.. não há muito o que dizer. É infantil, mas sem esperteza. É um filme com a nostalgia como combustível. É fraco.
Lobisomem na Noite
3.5 200 Assista AgoraCom proposta interessante e visual elegante, Lobisomem na Noite ainda é Marvel.
Sendo assim, é fiel à sua fórmula padrão: algumas cenas surpreendem, não há nenhuma atuação marcante, piadinhas ficam sobrando. Porém, é sim algo bem diferente do estúdio, e bem violento perto de outras produções, o que é um ponto altíssimo.
Utilizam a fórmula em homenagem de não mostrar diretamente em tela o monstro por muitos segundos, principalmente com o lobisomem em si. Demora até focalizar e enxergarmos diretamente seus traços, assim como demora sua aparição, para aguçar o suspense.
Proposta arriscada e interessante, mas sem muita surpresa. Tem o tonzinho Disney de amizades, mesmo num especial de Halloween. Vale a pena conferir a proposta, mas ainda é só razoável.
Madagascar
3.7 919 Assista AgoraSimples, inocente e divertido, Madagascar foi o início de uma pequena e valorosa franquia com frescor de originalidade!
Os personagens são contrastantes, muito únicos, em uma história simples de entender sobre liberdade, propósito e.. instinto! Talvez uma das poucas animações que fala sobre algo tão natural com animais: o predatismo. Amigos ou não, carnívoros e herbívoros oferecem essa margem de risco na relação, e isso é explorado de modo muito divertido.
As dublagens são bem feitas, as músicas são simples e cativantes, e a moral da história é fácil de pegar. É uma jornada sobre pertencimento, mas principalmente dentro do contexto da vida animal, entre ser o entretenimento ou buscar a liberdade. Por mais que possa não parecer, nem sempre é uma escolha óbvia, é o que nossos personagens mostram. Boa animação!