MIB: Homens de Preto tem personalidade e uma comédia longe de ser pretensiosa como nos filmes "heroicos" de hoje em dia.
1997, ano em que nasci, e provavelmente por isso que sinto conhecer esse filme desde sempre. Quando criança, lembro inclusive de sentir medo em algumas cenas, hoje resta apenas o nojo e admiração pelos toques "gore" à aventura alienígena. O filme é super divertido, traz a dupla de muita química, Will Smith e Tommy Lee Jones, e tem um clima único de anos 90.
Filme também traz trilha sonora maravilhosa e marcante feita pelo memorável Danny Elfman, que acrescenta mais ainda ao tom sombrio e cômico da história. Sim, aqui acontece um misto de cenas de ação bem feita, suspense, horror e comédia. Isso é traduzido no tom "áspero" de algumas cenas, surpresas estranhas e muito estilo.
O que não esperar desse filme: um roteiro mega complexo com reviravoltas, efeitos de última geração e atuações dignas de Oscar. No demais, um bom filme, marcou minha infância, adolescência e prossegue vivo na vida adulta. Bom filme!
Minions 2 não tem muito pra dizer, e as impressões são igualmente vazias. A animação é visualmente bem construída, mas a história é extremamente fraca. No final, não existe nenhuma lição, nenhum significado, é o entretenimento por entreter. Talvez entretenha crianças que não entendam muito o que se passa no filme. As piadas não tem graça, e existem poucas e breves referências ao que se tornaria o "Malvado Favorito". Não é ruim, dá pra assistir, mas totalmente esquecível. Filme fraco.
Pinóquio de 2022 é uma tentativa frustrada de reinventar um clássico.
Clássico é clássico. Considero a animação Pinóquio de 1940 um dos filmes mais influentes de sua época, e com muita razão! A animação é belíssima e ao mesmo tempo pesada, com temas fortes e que consagrou o personagem que nasceu no livro de Carlo Collodi. Quem nunca temeu a famosa expressão quando criança "Se você mentir, seu nariz vai crescer"? É claro, o Pinóquio da Disney está longe de ser o hiper travesso Pinóquio de Collodi, mas cumpre sua função: Pinóquio não é uma criança, mas ao mesmo tempo é, e está aprendendo a ser um "bom menino".
Infelizmente, o Pinóquio de 2022 não tem nenhuma dessas qualidades. O novo live action talvez tenha conseguido ser o pior live action da Disney até agora, o que é surpreendente considerando seu diretor (Robert Zemeckis, sim, De Volta pro Futuro!!!), a grana de efeitos especiais, o elenco não muito barato (Tom Hanks, né meus amigos), e uma história tão famosa e tão bem aceita que seria impossível estragar. Enfim, esse filme prova que eu estou errado.
A estrutura principal da história não foi muito alterada, mas teve vários acréscimos, que não pioram, mas não acrescentam nada. As pequenas alterações de trajeto derrapam, com uma pequena exceção.
A fada, um personagem crucial na história por prover a "magia da vida" ao boneco aparece muito menos do que deveria, e sua ausência perde muito sentido. Ela já aparece pouco na animação, e aqui menos ainda, deixando várias lacunas que somente ela poderia preencher. Nem Tom Hanks salva essa versão deprimida de Gepeto, o que tenta ser um drama bem construído resulta só em uma demora em engatar a história. O grilo falante é sem graça. As vezes em que tenta um tom humorístico, falha horrivelmente. E claro, a estrela principal, Pinóquio: o boneco é bem recriado digitalmente, mas não tem o carisma do Pinóquio da animação, provavelmente pelo mesmo problema encontrado no live action de O Rei Leão no embate entre emoção e o tom realístico. Quando vemos um Pinóquio mais realista, começamos a pensar em coisas que não pensaríamos no desenho, como.. Por que um boneco de madeira pisca? Se ele é uma "criança", por que é tão menor que as outras crianças? Trazer realismo para um filme mágico é sempre um risco por desviar a atenção.
Meu personagem preferido do longa é, de longe, João Honesto, interpretado por Keegan-Michael Key. É um personagem que mantém o que é proposto pra ele, e é muito bem executado. Uma alteração bem vinda foi o enfoque na Ilha dos Prazeres. É fenomenal entrar naquele mundo como um parque de diversões, riquíssimo em detalhes. A passagem dos relógios de Gepeto também é interessante, pois acaba incluindo referências a clássicos da Disney.
Quanto ao aspecto técnico, visualmente sempre é deslumbrante, mas aqui existe um exagero: muito CGI em momentos ridiculamente desnecessários. Na Ilha dos Prazeres, praticamente tudo é CGI. Até os objetos que são quebrados pelas crianças são CGI. Chega a ser absurda a falta de naturalidade do filme. As poucas músicas estão longe de ser memoráveis, são absurdamente fracas. Com exceção de Keegan-Michael Key, não há atuação memorável. Assisti dublado (queria tentar assistir novamente legendado, mas não vai rolar), e achei a dublagem sem emoção, principalmente pela Fada, o Grilo, e Pinóquio em si.
O mais crítico em Pinóquio está no seu significado. Devido a sua história muito famosa, Pinóquio sempre foi associado à mentira. Isso não é só pela Disney, mas pela cultura pop em si, Pinóquio é associado a uma criança travessa e, quase sempre, mentirosa. E nisso, o crescimento do nariz durante as mentiras é de lei. Infelizmente, o politicamente correto atingiu o live action e o crescimento do nariz ocorre apenas uma única e contida vez. Assim como muitas outras coisas foram editadas para um tom mais soft: não há bebidas, cigarros, quase nada de agressividade, nenhuma bronca dada pelo grilo, nada. Não há textura, não há contraste, é uma massa feita pra agradar pelo visual e não fazer ninguém pensar.
O personagem que antes era utilizado quase como um "exemplo" pra lições da vida e que, ao ser obediente e se arrepender dos erros, evoluir e se tornar um "menino de verdade" aqui se torna a consequência da falta de todos esses fatores: um boneco de madeira. O pior erro de Pinóquio é não ter sabor nenhum, ensinamento nenhum, e portanto, quase nada de mágico. O clássico de 1940 tem um impacto muito maior justamente pela sensação agridoce de um misto de culpa e necessidade de visualizar uma evolução após tantos erros. Pinóquio de 2022 não tem alma. Fraquíssimo.
Thor: Amor e Trovão utiliza a técnica Waititi para suavizar as lamentações da vida.
É bem raro eu me conectar com algum filme dos estúdios Marvel, mas aqui Taika Waititi conseguiu me prender assim como em Ragnarok. Pra mim, a única forma de gostar das fórmulas atuais da Marvel é fazer algo que esse diretor faz muito bem: não levar os heróis a sério.
Com relação ao criticado enredo, acredito que algumas coisas devem ser consideradas. Thor é um personagem que perdeu tudo, inclusive seu planeta. Como um deus tão poderoso se sente quando não conseguiu salvar ninguém que amava? E além disso a história apresenta Gorr, um vilão brilhantemente interpretado por Christian Bale, que reforça essa premissa ao desacreditar de qualquer pingo de bondade restante nesses deuses.
É o filme mais trash e escrachado da Marvel, justamente por ferir o ego dos fãs ao mostrar os personagens como eles são: seres frágeis utilizando capas. O clima oitentista vale até pra colocar várias crianças em batalha ao som de Guns N Roses. Mas.. as cores e todas as piadas sem graça não vem sem motivo, o filme tem núcleos bem pesados e tristes, mesmo para personagens que acabamos de conhecer.
Com relação aos personagens "novos" ou não tão novos assim, Jane Foster retorna deixando o gosto de quero mais, mas também trazendo alguns dos melhores momentos de ação e emoção. Gorr é um símbolo da falta de esperança, mas é pouco explorado. O "ceifador de deuses" acaba nem matando tantos deuses assim. Os Guardiões da Galáxia, meu grupo favorito na Marvel, fazem uma ponta rápida demais para seu peso. A abstinência de James Gunn com seu grupo de malucos faz muita falta.
Com relação aos detalhes técnicos, o filme tem ambientes lindíssimos, técnicas de gravação em 360º com telões e uma infinidade de raças alienígenas nas telas, Russell Crowe é um exemplo de alien/deus com sua versão divertida de Zeus. Como o restante dos filmes da Marvel, não dá pra esperar um espetáculo de atuação, mas Christian Bale é excelente. Os efeitos especiais são bacanas, mas existem derrapadas bem feias.
Não, o filme não é um show de comédia. Seu humor é totalmente escrachado e ligado ao besteirol. A sensação que fica ao final é agridoce, com cenas lindas e coloridas de batalha unidas aos solos de guitarra de Slash, mas também com despedidas dolorosas. Um filme injustamente julgado, mal compreendido, principalmente por caçoar dos deuses. Aqui a arrogância tão amada de outros filmes do gênero dá espaço ao ridículo. Ousado, Amor e Trovão une o besteirol às desgraças. Um bom filme!
História inova sobre proposta de alienígenas, mas não sustenta sua justificativa.
Jordan Peele cada vez mais se consolida no mercado do cinema e frequentemente unindo imagens a conceitos, nem sempre de forma 100% direta, e isso é ótimo. Ter um diretor menos óbvio é um bom sinal de que ainda existe originalidade e fuga da obviedade. Prova disso foram os ótimos trabalhos "Corra!" e, o meu queridinho, "Nós", ambos com muito suspense e um terror psicológico e conceitual. Entretanto, "Não! Não olhe!" (esse título traduzido ficou bem forçado.. ou seria só um aviso pelos tradutores brasileiros?) é um filme de rumos incertos, com pontos altos e baixos, mas sobretudo com falta de conexão.
Daniel Kaluuya e Keke Palmer são ótimos no elenco, mas seus personagens não mostram o suficiente pra que consigamos formar a empatia e nos colocar no lugar deles nos conflitos da história. Qualquer momento tenso é provocado e responsabilizado totalmente pela força "alienígena" externa. Rostinhos com medo não necessariamente provocam o mesmo efeito.
A história em si é interessante. Não é confusa, e ocorre em dois sentidos, uma voltada para o passado e mais centrada no personagem do ótimo Steven Yeun, e outra no presente onde eventos estranhos começam a acontecer. Temos cenas incríveis de tensão, sobretudo na casa principal, e nessa história do passado. O posicionamento de câmera e montagem fazem um excelente trabalho, utilizando o sangue de várias maneiras ótimas, seja escorrendo pelas janelas ou deixando marcas em portas, parecendo uma homenagem a clássicos de terror. O diretor também faz algumas pegadinhas, onde o medo é provocado deixando tudo evidente, quando na verdade não é o que parece. O evento misterioso tem uma proposta que, ao menos que eu me lembre, nunca vi nos filmes. É uma maneira diferente de tratar os alienígenas, que obviamente não irei abordar para não trazer spoilers. Não é a maneira mais glamourosa, mas é diferente, e tenta traçar um paralelo entre predação e as relações de controle dos humanos sobre os eventos que os rodeiam. O filme também foca em várias críticas, seja pela presença dos negros na indústria do cinema ou a necessidade dos humanos em registrar tudo em suas câmeras/celulares. Não importa que isso possa tirar a vida, contanto que seja "registrado".
A fotografia é bem feita, com paisagens longas e belas, mas ao meu ver não justifica o Imax ou uma sala diferente como uma Macro. Trilha sonora bacana, sem muitas surpresas. O real destaque técnico fica mesmo para a montagem e os ângulos de câmera excelentes para provocar a tensão e acompanhar as cenas de ação.
Tudo corre bem, mas.. não tão bem assim. O filme demora bastante pra engatar e os primeiros eventos começarem a aparecer. O foco inicial é na história do passado, e apesar de tentar formar uma analogia entre passado e presente, não acho que isso seja o suficiente. A primeira história é bem impactante, praticamente traumática para um dos personagens, mas a justificativa dessa história existir no filme é quase como somente para projetar as ações desse personagem no futuro, sem relaciona-las diretamente. É muito vazio, porque o personagem em questão não é tão valorizado e seus impactos não são tão significativos para a história. O resultado acaba sendo mais imagem e menos mensagem.
Caminhando para o final do filme, as cenas de ação ganham mais destaque em sequências bem desenhadas. Sempre que algo parece que vai funcionar.. não funciona, e essa é a grande graça das sequências que rumam para a conclusão. Porém.. a conclusão também é de pouco impacto. Na sala de cinema em que eu estava, conseguia ouvir os "risos de indignação".
Com certeza, não é um filme para o grande público, e por isso acredito que a bilheteria será baixa. É um filme que precisa ser pensado e que o telespectador tenha a preocupação de unir os eventos em tela. Apesar disso, pra quem faz esse exercício, não é tão recompensador como ocorre em filmes passados do diretor. "Nós!" também não trabalha com obviedades, mas tem um impacto visual e reflexivo muito maior. Na indústria cinematográfica, quanto maior o evento, maiores as expectativas, principalmente lidando com um tema que já foi tão trabalhado como eventos extraterrestres. Não é um filme ruim, mas não sinto vontade de ver novamente tão em breve. Proposta excelente e resultado razoável.
A Fera do Mar traz proposta simples, rica em detalhes estéticos, mas sem o carisma competitivo.
A Netflix está chegando lá, mas ainda não chegou. A história é interessante, fácil de entender, e a parte visual é incrível, mas os personagens não se conectam. Não existe uma atuação marcante ou um personagem que se ligue com as emoções do telespectador, é uma história 100% em terceira pessoa.
O que mais me impressionou foi a parte gráfica, principalmente com relação aos monstros e as diferenças de escala entre eles e os personagens humanos, tudo isso é fantástico!
Algo muito positivo é ver a diversidade de personagens em tela, nunca tinha visto tantas piratas mulheres! Não somente piratas, como à serviço da segurança real. Definitivamente, nunca foram o sexo frágil.
O final tem um certo ar de confronta que é interessante, mas seria ainda mais emocionante com uma conexão mais forte com a protagonista. Em suas atitudes, ela sempre acaba sendo meio "demais" para uma criança. Talvez envelhecer mais a personagem, tornando uma adolescente, faria um pouco mais de sentido.
Senti um conflito entre o filme ser uma animação de proporções completamente impossíveis (e tudo bem), mas se levar a sério demais em alguns momentos. Talvez um pouco mais de humor dosado tivesse feito bem ao resultado final. É como se o roteiro fosse para um filme live-action e depois acabou se tornando uma animação.
Sim! É uma boa animação, vale a pena assistir com a família e apreciar as belas cenas, mas sinto que a Netflix precisa ir mais fundo, arriscar um pouco mais e aprender a conectar o público em suas animações.
Lightyear não é o que o público espera, mas possui seu valor apostando em reflexões sobre erros e a superação dos fracassos.
Não, esse não é o Buzz Lightyear de Toy Story. Imagine que uma fábrica de brinquedos resolva, um dia, fazer um brinquedo seu. Um(a) boneco(a) totalmente inspirado no seu visual, inclusive irá levar o seu nome. Contudo, no mundo de Toy Story, cada brinquedo tem uma personalidade, e você continuará sendo você e o brinquedo terá uma personalidade própria. É mais ou menos isso que acontece com Buzz, uma aposta super perigosa da Disney/Pixar. É compreensível? Em partes, sim, mas em grande parte não. Em Toy Story 2, por exemplo, temos cenas com vários bonecos Buzz, onde cada um deles possui uma personalidade. Por outro lado.. por quê fazer um filme sobre o Buzz onde ele é simplesmente.. outra pessoa?
Dessa forma, Disney/Pixar nos lançam Lightyear, um filme que, apesar de sua justificativa fraquíssima, tem uma história interessante. Para avaliarmos, vamos fingir que o nome do personagem principal não leva o mesmo nome/características visuais de um dos personagens mais amados da história da animação em cinema.
Focando na parte técnica, Lightyear é praticamente impecável. As cenas no espaço são simplesmente formidáveis, é um filme de ação em animação sem faltar qualidades. Os efeitos sonoros são convincentes, os gráficos são lindos e hiper detalhados, e não consigo me lembrar de outra animação que tenha trabalhado tão bem os efeitos em espaço, principalmente as cenas em que algum personagem esteja fora da nave.
Apesar de não termos nenhum milagre da atuação aqui, a história é levada de maneira curiosa. A transição dos anos devido a hipervelocidade é forte e reforça a solidão que Buzz sentiu, já estando muito longe de casa. A trama aposta em conflitos pessoais do próprio Buzz em relação a aceitar os fracassos causados por ele e os impactos nos passageiros da nave que comandava. O quarteto que o acompanha na história, apesar das inúmeras críticas do público, retrata justamente aquilo que Buzz não consegue lidar: são erros personificados. Com isso tudo, a história retrata como a falta de compaixão pelo outro, e por nós mesmos, pode nos deixar irreconhecíveis.
Algumas cenas fazem bastante referência visual a clássicos de ficção científica, como 2001 de Kubrick e Interestellar de Nolan, e é divertido ver essa mescla em tela sobretudo para os amantes do gênero, como eu. Por outro lado, existem fraquezas, como a lentidão de andamento em algumas partes e o minimamente amado pelo público Sox, o gatinho robô, que apesar de ter um papel fundamental na trama.. foi claramente criado pra vender brinquedos.
É difícil prever o futuro que a Disney/Pixar planejam para esse filme, já que ele abre portas para sequências ou até mesmo uma série animada, ficando claro que o intuito aqui é render. Por outro lado, dificilmente o público vai se interessar por algo que já os decepcionou.
A experiência é sempre individual. É compreensível a decepção no sentido de que o filme leva as pessoas ao cinema pela nostalgia, mas não entrega nada daquilo que elas já conhecem, quase uma propaganda enganosa. Por outro lado.. reconheço a ousadia de brincar com o conhecido e tentar mostrar um outro ângulo, o que é um grande ponto positivo. O filme possui, sobretudo, cenas muito emocionantes e uma ótima reflexão, além de um visual deslumbrante. Pra quem não viu, veja pensando que aqui Buzz é mais do que um brinquedo, é o Buzz ser humano que estamos vendo evoluir. Ótimo filme!
Sexy, confuso e brilhante são qualidades que podemos encontrar em Elvis, o novo filme que, sem qualquer dúvida, foi dirigido por Baz Luhrmann.
Aquela câmera frenética do início ao fim, trilha sonora que se mistura a outros ruídos tornando-se uma salada visual e auditiva regada a muitas cores e alucinações? Claro que é Baz Luhrmann dando vida à sua versão de Elvis. O diretor de Moulin Rouge vive grandiosamente nessa cinebiografia opulenta e apaixonante de um dos maiores ídolos da música.
Não, não sou um expert da vida de Elvis. Não tenho conhecimento o suficiente pra dizer se o filme é fiel ou não à sua vida, mas aqui estou avaliando o filme pelo que ele é: um filme. Com toda sua licença poética, Elvis traz a história contada pelo coronel Tom Parker abordando desde a infância até o fim da carreira e, mesmo com 159 minutos de tela não parece tão suficiente. Por mais que seja longo, o filme passa muito rápido e até parece deixar lacunas que desejávamos ver mais preenchidas.
Cumprindo o paradoxo, apesar de deixar a sensação de não responder tudo, cada cena tem MUITA informação. O começo até parece um pouco confuso com tantas coisas acontecendo. Apesar de ser claramente parte do estilo de Baz, não é algo que agrada a compreensão, mas ao longo o filme diminui o ritmo frenético para focar nas situações agridoces do drama musical.
Não dá pra deixar de falar das referências icônicas das origens do rock com Sister Rosetta, Little Richard e B. B. King que aparecem na trama e comprovam o poder dos negros no nascimento do gênero. As cenas "gospeis" não teriam adjetivo melhor do que divinas e mostram a importância dessa influência na carreira de Elvis.
Com relação à técnica, parte do ar de confusão se dá a mistura de excelentes elementos como figurinos belíssimos, imagens insanas vistas de cima, lado, frente e tudo junto ao mesmo tempo, unidos a uma trilha sonora clássica de Elvis misturada aos vocais de Butler (já falaremos desse chuchuzinho), que infelizmente em alguns momentos consegue ser estragada por uma tentativa de modernizar com raps desenfreados sem sentido algum. Elvis hipster? O cantor tem repertório suficiente pra ter uma música por cena, não dá pra entender.
Agora vamos às estrelas.. Austin Butler e Tom Hanks ARREBENTAM! Butler é simplesmente incrível, cheio de energia e incorporando todas as facetas que se espera, desde a crescente de carreira juvenil e calorosa até uma decadência deprimente. Realmente, uma indicação ao Oscar seria com merecimento. Tom Hanks não fica pra trás, logo ele que ama um papel de drama de bonzinho, aqui gera a vontade de esganar seu personagem. A versatilidade de Hanks nunca foi tão bem comprovada. Atuações perfeitas! O restante do elenco também é ótimo, mas o desejo de ver sempre o Elvis em tela é iminente.
Elvis me tocou de forma muito especial, principalmente pelo final. O artista que influenciou e influencia tantos artistas hoje passou por uma escravidão contratual absurda e, mesmo assim, enquanto esteve em palco tentava emocionar quem estivesse disposto a ouvir, e isso é brilhantemente interpreto por Butler. Um musical belíssimo, mas bagunçado, resume um pouco da trajetória dessa lenda do rock que espero influenciar mais público para manter seu legado. Excelente!
Lost in Translation traz conceito e sensibilidade em proposta, mas entrega resultado morno e quase sem gosto.
Baseado no número de prêmios/indicações que o filme recebeu, é impossível não criar o mínimo de expectativas sobre o filme. A história é simples, mas a proposta é interessante, vale a pena viver um romance que não irá perdurar? É como se por um momento a vida dos protagonistas fosse pausada de seus turbilhões de crises existenciais para um romance rápido e repentino que precisa ser eliminado para voltar a vida previsível e solitária de antes.
Como dito, a proposta é realmente interessante, mas a execução.. não está à altura. A fotografia é bela, a cultura japonesa enche a tela, mas o filme demora muito para relacionar os dois protagonistas. A atuação é ok, mas sem nada especial. Parece partir muito mais do telespectador do que dos personagens para continuar a olhar a tela, não é um filme que engaja por si só.
É uma grande aventura de alguns dias e que é finalizada. É ótimo na questão de correr riscos, pois é um filme fora do padrão, e o problema disso é que não parece aprofundar e nem evoluir os personagens em nenhum dos lados. O tom depressivo e introvertido percorre o filme inteiro, mesmo nos momentos mais agitados da trama, e termina como tal.
Não é gostoso, mas também não tem gosto ruim. Para o meu paladar, é um filme quase sem gosto. É super assistível, mas não sinto vontade alguma de ver novamente. Aceitável.
Preservando todos os ótimos elementos de "A Sociedade do Anel" e com novas adições, As Duas Torres consegue ser ainda melhor que seu antecessor.
Faziam anos desde que tinha visto esse filme pela última e única vez, pois eu dormia em qualquer tentativa de vê-lo novamente nos últimos anos. Ao reassisti-lo tive o prazer de estar equivocado em relação ao meu antigo julgamento em que o classificava como chato, sonolento e pouco atraente.
As Duas Torres consegue, mesmo com seu núcleo principal dividido pelas missões, trazer uma imersão ainda maior na história em um filme mais sério e tenso que o anterior, pois aqui a fase pré guerra é mais clara do que nunca. São vários os núcleos bem definidos, como o rei abatido de Rohan, os Ents com sua rica mitologia, o retorno triunfal de Gandalf e, é claro, a presença icônica de Gollum.
Andy Serkis é simplesmente genial interpretando a dualidade mental de Gollum, apresentando aqui um grande talento que no futuro se propagaria em outros filmes com captação de sua performance memorável. O restante do elenco prossegue impecável, mas os momentos de Gollum roubam qualquer presença.
Quanto ao desenvolvimento dos personagens, isso ocorre de forma muito madura, em que Frodo está numa dependência cada vez maior da lealdade de Sam, tendo em vista os efeitos do anel em si mesmo. Isso é extremamente positivo pois deixa o Frodo "coitadinho" para um personagem mais afetado e raivoso em alguns momentos, mesmo que ainda mostre o Hobbit piedoso que há dentro de si.
O restante técnico nem tem a necessidade de comentar. Fotografia, trilha sonora, figurino, cenografia, todos impecáveis. Existe um grande nível de detalhamento e preocupação na produção, e os efeitos são memoráveis.
Verdade seja dita: não dá pra ver esse filme com sono, desatento, ou de qualquer forma que não dedique 100% da sua atenção à sua história, principalmente porque ele dá andamento direto ao que é deixado pela obra antecessora. Existe o balanço entre partes com 0 ação e partes lotadas de ação, assim como é uma história de muitas pontas, é necessário relembrar o andar das situações. Esses fatores podem ser negativos em alguns aspectos, pois afasta o público, mas o público que fica não se arrepende. Senhor dos Anéis: As duas Torres é um deleite, excelente!
Ang Lee traz belíssimo filme com tons indianos e uma reflexão pura sobre fé.
Emocionante, As Aventuras de Pi traz a jornada de conhecimento de Pi acerca dos significados da vida e dos acontecimentos, assim como o descobrimento sobre sua identidade e sua fé. Uma mistura de gêneros, pois o início fornece um grande cenário leve e cultural, que depois se torna um filme de sobrevivência unido a episódios quase psicodélicos.
A estética é fenomenal e os animais criados graficamente são simplesmente deslumbrantes. Merecido todo o apreço técnico por esse filme, está lotado de elogios. O elenco é ótimo, com o destaque principal para Suraj Sharma, a trilha sonora é fenomenal, e nem é preciso comentar sobre as imagens, cada cena nesse filme parece um quadro. Tudo é muito bem pensado para trazer o conjunto beleza e reflexão.
Quando o filme é deslumbrante, não há muito o que se falar. O gênero de sobrevivência no cinema não é dos meus favoritos, mas Life of Pi foi fundamental para muitas de minhas reflexões na adolescência quanto a religião e levo seus significados até hoje. Um grande filme que vale a pena ser relembrado por anos. Excelente!
Dentre as várias atrizes que já tiveram esse desafio, aqui é a vez de Naomi Watts interpretar a princesa Disney da realidade, mesmo que essa história seja voltado a algo distante da opulência real.
O filme cumpre os requisitos de atratividade, como fotografia e elenco interessante, assim como um uso de câmera fantástico em algumas partes, mas o seu pecado maior está no roteiro.
O andamento é válido, mas pode ser bem arrastado em algumas partes e, de tanto que queremos ver sobre a história de Diana, são escolhidas passagens da sua vida um pouco menos atraentes para quem a associa a realeza e todas as implicações que isso tomou. O foco do filme é numa Diana mais pessoal, com os embates do "pós-desapego" da família real.
Um filme de drama médio, não é ruim, mas não emociona. Não corre riscos. Se substituirmos os seguranças por postes e esquecer que Diana é uma "ex princesa", é um filme de drama romântico qualquer, tudo que não queremos quando ouvimos o nome Diana. Razoável.
Bem antes da opulência retórica de O Código Da Vinci, já existia O Nome da Rosa, suspense investigativo religioso com mistério não tão misterioso, mas com afronta atual.
Sean Connery é o brilho do longa, atuando quase como um estranho tipo de religioso no meio de insanos pela fé. É o ponto de equilíbrio que traz a racionalidade e que entende as ações corruptas da igreja naquele momento.
O filme carrega o denso cenário medieval e o sustenta muito bem, lotado de doutrinas, dogmas e religiosidade, a história traz reflexões sobre submissão religiosa, corrupção, conhecimento e livre arbítrio, reforçando toda a onda de inquisição.
Com relação a parte técnica, o filme é visualmente consistente, com um elenco interessante, porém perdendo espaço para Sean Connery. É um filme de cenários lindos e imersivos, mas em sua maioria tudo traz o tom de outra época, fidelizando sua proposta. Não existe paisagens "felizes" em O Nome da Rosa.
De forma poética, o longa consegue ser uma obra investigativa, onde os detetives são parte de um grupo cheio da corrupção por sua própria fé. Não li o livro, mas com certeza desperta o interesse, principalmente na dúvida de saber se o personagem de Christian Slater possui presença mais ativa. Ótimo filme!
Adoráveis Mulheres é sensível e, simplesmente, lindo de assistir.
Greta Gerwig consegue reunir um time de peso para derreter os corações interpretando essa nova versão de Adoráveis Mulheres. Florence Pugh, Emma Watson, Laura Dern, Timothée Chalamet e a incrível Meryl Streep dão um show, mas o destaque de elenco fica para Saoirse Ronan com sua personagem forte, persistente e cheia de personalidade, Jo.
Os aspectos técnicos estão lotados de qualidades, desde os figurinos lindíssimos de época até a fotografia impecável. A montagem, apesar de deixar clara as perspectivas entre passado e presente, às vezes pode confundir, então é recomendado estar atento às mudanças temporais. No geral, tudo que é captado pela câmera traduz a delicadeza exigida pela história.
O roteiro é muito bem amarrado, consegue fazer o público se cativar pelos personagens, por mais que ajam de maneira até maldosa em determinados momentos, exemplos das personagens de Florence Pugh e Meryl Streep. Não assisti às outras adaptações já feitas da obra, mas desde a primeira vez que vi essa, me apaixonei.
Uma grande diferença que esse filme tem de muitas obras de época é que não fica apenas restrito à admiração de seu tempo, mas também traz significado, reflexão e peso às ações das personagens. A obra engana ao mostrar um passado divertido, belo, como uma ceia de natal com uma família humilde unida, mas que aos poucos também demonstra sua deterioração por consequências de escolhas, ou até mesmo, de aleatoriedades da vida. A trama que percorre a personagem de Eliza Scanlen, por exemplo, não tem como esquecer, pois une ações de bondade a um futuro de dor.
Jo é uma personagem única, segura de si e de suas convicções, que faz uma grande presença de homenagem à autora, e traz o dilema entre lutar por seus anseios unida à solidão de suas batalhas. Privar-se de viver amplamente para lutar por uma vida melhor.
Sem delongas, Adoráveis Mulheres não é perfeito em seu andamento, mas é lotado de qualidades que fazem valer muito a pena assistir e reassistir o quanto for necessário. Excelente!
Tem dia melhor pra ver esse filme do que no dia dos namorados?
Ela é um exercício de reflexão que caminha entre o absurdo e paradoxos válidos. Sua sensibilidade está justamente nessa margem que torna seus argumentos, até certo ponto, dignos de ponderação.
Joaquim Phoenix e Scarlett Johansson são a dupla de ouro que traz toda a emoção do longa, que reúne um conjunto de qualidades técnicas de dar inveja. Ótima atuação, trilha sonora exótica e bela criada pelo Arcade Fire e visual intenso em uma fotografia belíssima retratando o cenário de um futuro hiper tecnológico e depressivo. Tudo isso elabora o plano de fundo para uma história dramática, por vezes lenta, mas romântica, baseada em ilusões.
Por mais estranha e utópica que a base da história seja, é também sensível e acontece de modo muito orgânico. O telespectador fica em uma posição de não saber se está abismado pelo que acontece ou apaixonado junto ao casal improvável. Certo ou errado, o personagem de Phoenix traz uma gama de ações que acabam justificando a trama, seja pela superficialidade dos humanos com os quais ele tenta relacionamento ou pela profundidade assustadora da inteligência artificial.
O amor pode ser calculado, analisado e projetado? Se apaixonar por algo que evolui pelas suas preferências é se apaixonar por você mesmo? É se apaixonar pelo comodismo? O amor é justamente admirar aquilo que está distante das nossas preferências? Nunca me esqueço da primeira vez que assisti esse filme. Essa história é única e merece ser apreciada pela sua sensibilidade. Excelente!
Aqui jaz o início da queda de qualidade de roteiro dos filmes frente as histórias dos livros. Alguns podem usar a argumentação batida de tempo de tela x complexidade de história do livro, mas algumas preferências do que ser parte do roteiro tornam esse argumento discutível.
O quarto filme da saga traz um tom mais sombrio que perdurou para o restante dos filmes, herdado do antecessor, mas por outro lado foca em detalhes muito frívolos da trama frente a outros que poderiam ser ressaltados.
Não é tempo de tela, é marketing. Simples, bom e velho marketing focando em seu público-alvo. O filme se preocupa muito mais em falar sobre briguinhas adolescentes e namorinhos do que desenvolver núcleos mais importantes, como um dos vilões principais atuando em Hogwarts.
Por outro lado, é inegável que a qualidade referente a efeitos especiais, cenário, figurino e trilha sonora perdura, positivamente. Apesar disso, existe uma queda de qualidade gigantesca de atuação do elenco juvenil. As provas do torneiro também reúnem cenas de ação muito bacanas. A conclusão do filme traz um grande contraste com seu desenvolvimento, com uma atmosfera densa e extremamente pesada, talvez com a cena mais aterrorizante de toda a saga.
É um filme de altos e baixos, bem longe da qualidade do livro, mas que tem alguns pontos muito significativos, não somente pela história, mas na maneira como foram mostrados. Razoável.
De Volta para o Futuro 2 mantém o nível de diversão do primeiro filme, mas começa a pecar no nível de mirabolância.
Ao mesmo tempo que acerta em demonstrar o quão amarrado está com o primeiro longa, o segundo filme da franquia traz uma salada cronológica entre futuro, passado e presentes alternativos. Isso não estraga a qualidade de diversão, mas certamente não é tão bem fechado como o primeiro filme, mesmo que os dois mostrem uma interdependência.
O elenco não é alterado, continua muito bom, e a sacada de os mesmos atores fazerem personagens diferentes é maravilhosa (a filha de Martin, do futuro, que o diga!). Apesar disso, com tanta gente nova e antiga aparecendo, alguns personagens são totalmente descartados sem aviso prévio. Num momento aparecem, e no outro só são jogados de canto, o que faz o roteiro começar a perder credibilidade.
No restante, vale muito a pena conferir finalmente as versões de futuro da saga, concentrados nesse filme. O clima distópico a la Blade Runner traz um ar mais sério e mostra os desastres que acontecem com erros dos dois protagonistas. Um ponto super alto é a história explorar muito mais o seu vilão principal (em suas várias versões) e fazer o cruzamento de acontecimentos da primeira história com a segunda, demonstrando claramente que houveram gravações simultâneas.
O final, similar ao primeiro, finaliza aberto, já considerando o planejamento da trilogia desde o começo. Não é um filme possível de se assistir isoladamente e ter a compreensão, mas pra quem viu o primeiro compensa demais! Ótimo filme!
Jurassic World: Dominion é a prova de que é possível fazer um filme parte de uma franquia sobre dinossauros.. sem se importar com os dinossauros.
Aqui jaz um grande fã da franquia Jurassic Park e que assistiu o filme sem grandes expectativas após as várias furadas do filme anterior. O novo filme faz jus aos últimos 2 lançamentos e consegue acabar com qualquer resto de ânimo para a ideia iniciada por Spielberg e Crichton em 1993.
O retorno do trio do filme clássico nada mais é do que tentar salvar pela nostalgia, mas não funciona. O núcleo que envolve os 3 amados atores se comporta melhor como o estudo de uma praga bíblica do que qualquer coisa relacionada ao Jurassic World. É bacana ver os 3 em tela, principalmente o incrível Jeff Goldblum, mas fica óbvio que estão ali pra chamar o público dos primeiros longas para as salas de cinema.
Os outros dois protagonistas, interpretados por Chris Pratt e Bryce Dallas, voltam sem força alguma, mas não sozinhos, o elenco num todo é muito fraco. O próprio vilão, retirado diretamente de um personagem secundário (mas importante) do primeiro filme, é interpretado de uma forma terrivelmente fraca e sem nenhuma emoção.
O que mais causa agonia é saber que temos algumas poucas coisas boas: cenas de ação frenéticas ao estilo 007, alguns dinossauros novos interessantes, e que nada disso é aproveitado da melhor forma. Os dinossauros são pouquíssimo explorados, além de manter, e expandir, as ideias ridículas de dinossauros "bonzinhos" e outros "maus". A mãozinha pra controlar raptores é a coisa mais ridícula que inventaram.
Os conceitos de contrabando de dinossauros são super válidos, incluindo os campos de reprodução forçada, causando várias analogias entre tratamentos ilegais com animais do dia a dia e a fuga ao mundo pelos dinossauros, mas isso é uma vírgula perto do filme de mais de 2 horas extremamente cansativo.
Aqui, os dinossauros não são mais animais, são monstros que "ajudam", aterrorizam ou até pedem por socorro para os protagonistas. Alguns deles até se unem em rixas para derrotar outros dinos (não é brincadeira). Não é de surpreender, considerando que agora temos: animais híbridos, clonagem humana, pragas biológicas, e nem é um filme da saga Resident Evil!
Só existe uma definição para essa conclusão: lamentável. Dá pra assistir, mas jamais escolheria assistir. Ruim.
Minha primeira experiência com Woody Allen veio nessa surpresa cômico romântica chamada Magia ao Luar. Colin Firth e Emma Stone fazem uma dupla impecável.
Pouco mais de uma hora e meia foi suficiente para mostrar a história nada complexa que percorre um tema tão complexo, o amor é cético? A genialidade da trama está justamente na simplicidade e nos conflitos ácidos e inteligentes entre Emma e Colin, sendo os dois opostos dos papeis padrão de duplas românticas.
Sobre a parte técnica, tudo é impecável, da trilha sonora e fotografia característica até a admiração de um luar. Não tem muito o que comentar, senão sobre o que senti ao final.. é lindo, é tocante, é engraçado, apesar de... final de conto de fadas, porém, com sacadas inteligentes. Excelente!
Um clássico, De Volta para o Futuro consegue reunir ficção científica, comédia, anos 50, anos 80, música e romance num pacote insano em uma história, por mais surpreendente que seja, simples.
Do início ao final, o filme se preocupa por um número enorme de detalhes para deixar a história bem amarrada, e vemos esse reflexo também nas sequências. O elenco é muito bom, não somente com os protagonistas interpretados por Christopher Lloyd e Michael J. Fox, mas pelo todo que envolve, principalmente, os integrantes da família principal.
A história, como dito antes, é simples, mas desperta muitas curiosidades e é cheia de referências do mundo pop, além do mais importante: ela não deixa a peteca cair. Tem ação e humor em todo momento, e quando não tem.. temos emoção. Trilha sonora muito boa, efeitos na medida, posicionamentos de câmera e montagem cativantes.
Não é um filme de reflexões gigantes, é um filme de ação e humor, mas muito bem executado. Um entretenimento bem construído. Sua segurança em não trazer todas as respostas reside já no planejamento das sequências, o que acaba dificultando avaliar seu final como filme completo, porém é inegável, até hoje é um filme que influencia em muito a cultura pop, de filmes e séries a ideias. Excelente!
Visualmente agradável, bem feito, mas sem muito sabor. A Lenda de Candyman traz visual interessante, mas não cativa pela história.
O enredo é interessante, mas em alguns momentos é muito arrastado e, por mais que não tenha tido nenhum contato anterior com a história de Candyman, previsível. Os assassinatos são as partes mais interessantes e a premissa da existência do "assassino" é bem argumentada e amarrada na história, mas seu maior pecado é o ritmo.
Sem surpresas no elenco ou em fatores técnicos, seus maiores destaques estão no visual, nos posicionamentos (malucos) de câmera, e nas mortes que são e não são explícitas, o que causa uma agonia tremenda em algumas partes.
Tem o tom Jordan Peele de ser, o que é um ponto positivo, mas poderia ser mais impactante. Filme razoável.
Piscilla, a Rainha do Deserto traz inovação ao estilo Road Trip e muito mais cor a histórias dramáticas.
Esse filme é uma grata surpresa! Sabe aquele dia em que você está a ponto de jogar tudo pro alto? É um alívio, pois seus personagens são tão humanos e ao mesmo tempo possuem tantos desafios, mas enfrentam todos de forma cômica e cheia de amor, mesmo que esse amor às vezes venha recheado de escárnio que só uma amizade forte pode perdoar.
A história é bem simples, mas o trio que o sustenta é muito bom. Terence Stamp, Hugo Weaving e Guy Pearce são formidáveis na tela e com suas histórias trazem o drama de vidas que já apanharam (e apanham) muito do mundo e do próprio meio em que vivem. A trilha sonora é impecável, os figurinos são super legais e alguns truques, como um sapato de salto alto gigante em cima do ônibus, fazem a identidade visual que mistura o rústico desértico com as cores e alegria drag.
O filme consegue mesclar muito bem as emoções e os momentos cômicos, assim como as eternas brigas entre o trio. Sinto que poderia fechar o final de uma forma mais completa, parece que falta algo, e durante o filme tem seus momentos mais monótonos. No geral, vale a pena pelos momentos super divertidos e, principalmente, pelos dilemas encontrados pelo personagem de Hugo Weaving, onde seu maior inimigo será ele mesmo. Ótimo!
Filme super divertido ressuscita personagens esquecidos e traz a tona um verdadeiro multiverso da loucura.
Não espere alta complexidade de roteiro ou um grande plot twist, mas Tico e Teco: Defensores da Lei traz muita diversão e a presença de vários marcos do pop, incluindo seu excêntrico e inesperado vilão.
A premissa é sim interessante, inclusive em relacionar um problema real (e que pode ser visto até como filmes oficiais em prateleiras de loja de departamentos) das adaptações para filmes novos com personagens extremamente similares aos conhecidos. Ver os dois protagonistas interagindo com outros personagens em outros universos, como séries sitcom, é muito cômico.
Porém.. é só isso. Visualmente é super legal, as sacadas são bem divertidas, mas a sensação que fica é a de que é um entretenimento sem muita mensagem. A única protagonista humana, Kiki Layne, não acrescenta, mas os outros personagens também não são nenhuma surpresa de atuação.
Vale a pena pra descontrair? Vale. É um bom filme, com início, meio e fim muito claros, que ousa até em inserir produtos de outros estúdios, com um resultado divertidíssimo, mas sem muita coisa além. É mais ousado que um certo filme que diz ter o multiverso da loucura rsrsrs
Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo é tão excessivo quanto seu título, mas mesmo assim diverte. Seria toda essa comoção popular resultado de uma era onde é o excesso que reina?
A mensagem é bela, mas a execução é.. difícil de definir. Impossível negar que o filme tem uma história interessante e que desperta a curiosidade, pois seu tom de drama familiar cruza com o trash em vários momentos e tudo que você quer são respostas.
Possui vários pontos positivos, muitos deles técnicos, mas o melhor deles é o nível de ousadia em mesclar tantas informações e versões de personagens diferentes (por vezes, mais cativante do que a Marvel diz fazer com seu multiverso), e o melhor disso, a diferença de seus sentimentos entre esses universos.
Por outro lado.. é difícil para o filme atingir seu ponto. Demora muito até que algo possa ser finalmente inferido até uma possível solução e fica o questionamento se a história está, de fato, em busca de solucionar algo. O resultado disso é um cansaço, causando sensação de arrasto em algumas vezes, e um amontoado de ideias.
Toda a parte de ação e efeitos é muito legal, mas conscientemente trash, e os personagens no geral vão sendo aprofundados de forma lenta. O final é, com certeza, a melhor parte, mas mesmo ele demora em sua execução. É como se o filme estivesse aproveitando cada minuto possível para mostrar uma nova ótima sacada, resultando em algo longo e só bizarro.
A mensagem é profunda, é bela e fica entendível, mas a execução peca ao meu ver. É tanta informação que fica difícil avaliar atuação, por exemplo. Jamie Lee Curtis se destaca, mas a protagonista, por exemplo, não mostra muita diversidade de atuação entre suas versões, e talvez nem sobre tempo pra isso.
A sutileza é o que torna as ações atípicas INCRÍVEIS, mas aqui não existe sutileza alguma. É um bom filme, mas poderia ser perfeito. Encare como uma sobremesa do Paris 6, com sorvete, nutella, morangos, leite condensado, caldas e outros derivados açucarados, todos juntos no mesmo prato. É doce e se comer tudo.. pode ficar enjoativo, mas vale a pena experimentar. Bom filme!
MIB: Homens de Preto
3.5 712 Assista AgoraMIB: Homens de Preto tem personalidade e uma comédia longe de ser pretensiosa como nos filmes "heroicos" de hoje em dia.
1997, ano em que nasci, e provavelmente por isso que sinto conhecer esse filme desde sempre. Quando criança, lembro inclusive de sentir medo em algumas cenas, hoje resta apenas o nojo e admiração pelos toques "gore" à aventura alienígena. O filme é super divertido, traz a dupla de muita química, Will Smith e Tommy Lee Jones, e tem um clima único de anos 90.
Filme também traz trilha sonora maravilhosa e marcante feita pelo memorável Danny Elfman, que acrescenta mais ainda ao tom sombrio e cômico da história. Sim, aqui acontece um misto de cenas de ação bem feita, suspense, horror e comédia. Isso é traduzido no tom "áspero" de algumas cenas, surpresas estranhas e muito estilo.
O que não esperar desse filme: um roteiro mega complexo com reviravoltas, efeitos de última geração e atuações dignas de Oscar. No demais, um bom filme, marcou minha infância, adolescência e prossegue vivo na vida adulta. Bom filme!
Minions 2: A Origem de Gru
3.4 144 Assista AgoraMinions 2 não tem muito pra dizer, e as impressões são igualmente vazias. A animação é visualmente bem construída, mas a história é extremamente fraca. No final, não existe nenhuma lição, nenhum significado, é o entretenimento por entreter. Talvez entretenha crianças que não entendam muito o que se passa no filme. As piadas não tem graça, e existem poucas e breves referências ao que se tornaria o "Malvado Favorito". Não é ruim, dá pra assistir, mas totalmente esquecível. Filme fraco.
Pinóquio
3.0 197 Assista AgoraPinóquio de 2022 é uma tentativa frustrada de reinventar um clássico.
Clássico é clássico. Considero a animação Pinóquio de 1940 um dos filmes mais influentes de sua época, e com muita razão! A animação é belíssima e ao mesmo tempo pesada, com temas fortes e que consagrou o personagem que nasceu no livro de Carlo Collodi. Quem nunca temeu a famosa expressão quando criança "Se você mentir, seu nariz vai crescer"? É claro, o Pinóquio da Disney está longe de ser o hiper travesso Pinóquio de Collodi, mas cumpre sua função: Pinóquio não é uma criança, mas ao mesmo tempo é, e está aprendendo a ser um "bom menino".
Infelizmente, o Pinóquio de 2022 não tem nenhuma dessas qualidades. O novo live action talvez tenha conseguido ser o pior live action da Disney até agora, o que é surpreendente considerando seu diretor (Robert Zemeckis, sim, De Volta pro Futuro!!!), a grana de efeitos especiais, o elenco não muito barato (Tom Hanks, né meus amigos), e uma história tão famosa e tão bem aceita que seria impossível estragar. Enfim, esse filme prova que eu estou errado.
A estrutura principal da história não foi muito alterada, mas teve vários acréscimos, que não pioram, mas não acrescentam nada. As pequenas alterações de trajeto derrapam, com uma pequena exceção.
A fada, um personagem crucial na história por prover a "magia da vida" ao boneco aparece muito menos do que deveria, e sua ausência perde muito sentido. Ela já aparece pouco na animação, e aqui menos ainda, deixando várias lacunas que somente ela poderia preencher. Nem Tom Hanks salva essa versão deprimida de Gepeto, o que tenta ser um drama bem construído resulta só em uma demora em engatar a história. O grilo falante é sem graça. As vezes em que tenta um tom humorístico, falha horrivelmente. E claro, a estrela principal, Pinóquio: o boneco é bem recriado digitalmente, mas não tem o carisma do Pinóquio da animação, provavelmente pelo mesmo problema encontrado no live action de O Rei Leão no embate entre emoção e o tom realístico. Quando vemos um Pinóquio mais realista, começamos a pensar em coisas que não pensaríamos no desenho, como.. Por que um boneco de madeira pisca? Se ele é uma "criança", por que é tão menor que as outras crianças? Trazer realismo para um filme mágico é sempre um risco por desviar a atenção.
Meu personagem preferido do longa é, de longe, João Honesto, interpretado por Keegan-Michael Key. É um personagem que mantém o que é proposto pra ele, e é muito bem executado. Uma alteração bem vinda foi o enfoque na Ilha dos Prazeres. É fenomenal entrar naquele mundo como um parque de diversões, riquíssimo em detalhes. A passagem dos relógios de Gepeto também é interessante, pois acaba incluindo referências a clássicos da Disney.
Quanto ao aspecto técnico, visualmente sempre é deslumbrante, mas aqui existe um exagero: muito CGI em momentos ridiculamente desnecessários. Na Ilha dos Prazeres, praticamente tudo é CGI. Até os objetos que são quebrados pelas crianças são CGI. Chega a ser absurda a falta de naturalidade do filme. As poucas músicas estão longe de ser memoráveis, são absurdamente fracas. Com exceção de Keegan-Michael Key, não há atuação memorável. Assisti dublado (queria tentar assistir novamente legendado, mas não vai rolar), e achei a dublagem sem emoção, principalmente pela Fada, o Grilo, e Pinóquio em si.
O mais crítico em Pinóquio está no seu significado. Devido a sua história muito famosa, Pinóquio sempre foi associado à mentira. Isso não é só pela Disney, mas pela cultura pop em si, Pinóquio é associado a uma criança travessa e, quase sempre, mentirosa. E nisso, o crescimento do nariz durante as mentiras é de lei. Infelizmente, o politicamente correto atingiu o live action e o crescimento do nariz ocorre apenas uma única e contida vez. Assim como muitas outras coisas foram editadas para um tom mais soft: não há bebidas, cigarros, quase nada de agressividade, nenhuma bronca dada pelo grilo, nada. Não há textura, não há contraste, é uma massa feita pra agradar pelo visual e não fazer ninguém pensar.
O personagem que antes era utilizado quase como um "exemplo" pra lições da vida e que, ao ser obediente e se arrepender dos erros, evoluir e se tornar um "menino de verdade" aqui se torna a consequência da falta de todos esses fatores: um boneco de madeira. O pior erro de Pinóquio é não ter sabor nenhum, ensinamento nenhum, e portanto, quase nada de mágico. O clássico de 1940 tem um impacto muito maior justamente pela sensação agridoce de um misto de culpa e necessidade de visualizar uma evolução após tantos erros. Pinóquio de 2022 não tem alma. Fraquíssimo.
Thor: Amor e Trovão
2.9 973 Assista AgoraThor: Amor e Trovão utiliza a técnica Waititi para suavizar as lamentações da vida.
É bem raro eu me conectar com algum filme dos estúdios Marvel, mas aqui Taika Waititi conseguiu me prender assim como em Ragnarok. Pra mim, a única forma de gostar das fórmulas atuais da Marvel é fazer algo que esse diretor faz muito bem: não levar os heróis a sério.
Com relação ao criticado enredo, acredito que algumas coisas devem ser consideradas. Thor é um personagem que perdeu tudo, inclusive seu planeta. Como um deus tão poderoso se sente quando não conseguiu salvar ninguém que amava? E além disso a história apresenta Gorr, um vilão brilhantemente interpretado por Christian Bale, que reforça essa premissa ao desacreditar de qualquer pingo de bondade restante nesses deuses.
É o filme mais trash e escrachado da Marvel, justamente por ferir o ego dos fãs ao mostrar os personagens como eles são: seres frágeis utilizando capas. O clima oitentista vale até pra colocar várias crianças em batalha ao som de Guns N Roses. Mas.. as cores e todas as piadas sem graça não vem sem motivo, o filme tem núcleos bem pesados e tristes, mesmo para personagens que acabamos de conhecer.
Com relação aos personagens "novos" ou não tão novos assim, Jane Foster retorna deixando o gosto de quero mais, mas também trazendo alguns dos melhores momentos de ação e emoção. Gorr é um símbolo da falta de esperança, mas é pouco explorado. O "ceifador de deuses" acaba nem matando tantos deuses assim. Os Guardiões da Galáxia, meu grupo favorito na Marvel, fazem uma ponta rápida demais para seu peso. A abstinência de James Gunn com seu grupo de malucos faz muita falta.
Com relação aos detalhes técnicos, o filme tem ambientes lindíssimos, técnicas de gravação em 360º com telões e uma infinidade de raças alienígenas nas telas, Russell Crowe é um exemplo de alien/deus com sua versão divertida de Zeus. Como o restante dos filmes da Marvel, não dá pra esperar um espetáculo de atuação, mas Christian Bale é excelente. Os efeitos especiais são bacanas, mas existem derrapadas bem feias.
Não, o filme não é um show de comédia. Seu humor é totalmente escrachado e ligado ao besteirol. A sensação que fica ao final é agridoce, com cenas lindas e coloridas de batalha unidas aos solos de guitarra de Slash, mas também com despedidas dolorosas. Um filme injustamente julgado, mal compreendido, principalmente por caçoar dos deuses. Aqui a arrogância tão amada de outros filmes do gênero dá espaço ao ridículo. Ousado, Amor e Trovão une o besteirol às desgraças. Um bom filme!
Não! Não Olhe!
3.5 1,3K Assista AgoraHistória inova sobre proposta de alienígenas, mas não sustenta sua justificativa.
Jordan Peele cada vez mais se consolida no mercado do cinema e frequentemente unindo imagens a conceitos, nem sempre de forma 100% direta, e isso é ótimo. Ter um diretor menos óbvio é um bom sinal de que ainda existe originalidade e fuga da obviedade. Prova disso foram os ótimos trabalhos "Corra!" e, o meu queridinho, "Nós", ambos com muito suspense e um terror psicológico e conceitual. Entretanto, "Não! Não olhe!" (esse título traduzido ficou bem forçado.. ou seria só um aviso pelos tradutores brasileiros?) é um filme de rumos incertos, com pontos altos e baixos, mas sobretudo com falta de conexão.
Daniel Kaluuya e Keke Palmer são ótimos no elenco, mas seus personagens não mostram o suficiente pra que consigamos formar a empatia e nos colocar no lugar deles nos conflitos da história. Qualquer momento tenso é provocado e responsabilizado totalmente pela força "alienígena" externa. Rostinhos com medo não necessariamente provocam o mesmo efeito.
A história em si é interessante. Não é confusa, e ocorre em dois sentidos, uma voltada para o passado e mais centrada no personagem do ótimo Steven Yeun, e outra no presente onde eventos estranhos começam a acontecer. Temos cenas incríveis de tensão, sobretudo na casa principal, e nessa história do passado. O posicionamento de câmera e montagem fazem um excelente trabalho, utilizando o sangue de várias maneiras ótimas, seja escorrendo pelas janelas ou deixando marcas em portas, parecendo uma homenagem a clássicos de terror. O diretor também faz algumas pegadinhas, onde o medo é provocado deixando tudo evidente, quando na verdade não é o que parece. O evento misterioso tem uma proposta que, ao menos que eu me lembre, nunca vi nos filmes. É uma maneira diferente de tratar os alienígenas, que obviamente não irei abordar para não trazer spoilers. Não é a maneira mais glamourosa, mas é diferente, e tenta traçar um paralelo entre predação e as relações de controle dos humanos sobre os eventos que os rodeiam. O filme também foca em várias críticas, seja pela presença dos negros na indústria do cinema ou a necessidade dos humanos em registrar tudo em suas câmeras/celulares. Não importa que isso possa tirar a vida, contanto que seja "registrado".
A fotografia é bem feita, com paisagens longas e belas, mas ao meu ver não justifica o Imax ou uma sala diferente como uma Macro. Trilha sonora bacana, sem muitas surpresas. O real destaque técnico fica mesmo para a montagem e os ângulos de câmera excelentes para provocar a tensão e acompanhar as cenas de ação.
Tudo corre bem, mas.. não tão bem assim. O filme demora bastante pra engatar e os primeiros eventos começarem a aparecer. O foco inicial é na história do passado, e apesar de tentar formar uma analogia entre passado e presente, não acho que isso seja o suficiente. A primeira história é bem impactante, praticamente traumática para um dos personagens, mas a justificativa dessa história existir no filme é quase como somente para projetar as ações desse personagem no futuro, sem relaciona-las diretamente. É muito vazio, porque o personagem em questão não é tão valorizado e seus impactos não são tão significativos para a história. O resultado acaba sendo mais imagem e menos mensagem.
Caminhando para o final do filme, as cenas de ação ganham mais destaque em sequências bem desenhadas. Sempre que algo parece que vai funcionar.. não funciona, e essa é a grande graça das sequências que rumam para a conclusão. Porém.. a conclusão também é de pouco impacto. Na sala de cinema em que eu estava, conseguia ouvir os "risos de indignação".
Com certeza, não é um filme para o grande público, e por isso acredito que a bilheteria será baixa. É um filme que precisa ser pensado e que o telespectador tenha a preocupação de unir os eventos em tela. Apesar disso, pra quem faz esse exercício, não é tão recompensador como ocorre em filmes passados do diretor. "Nós!" também não trabalha com obviedades, mas tem um impacto visual e reflexivo muito maior. Na indústria cinematográfica, quanto maior o evento, maiores as expectativas, principalmente lidando com um tema que já foi tão trabalhado como eventos extraterrestres. Não é um filme ruim, mas não sinto vontade de ver novamente tão em breve. Proposta excelente e resultado razoável.
A Fera do Mar
3.7 237 Assista AgoraA Fera do Mar traz proposta simples, rica em detalhes estéticos, mas sem o carisma competitivo.
A Netflix está chegando lá, mas ainda não chegou. A história é interessante, fácil de entender, e a parte visual é incrível, mas os personagens não se conectam. Não existe uma atuação marcante ou um personagem que se ligue com as emoções do telespectador, é uma história 100% em terceira pessoa.
O que mais me impressionou foi a parte gráfica, principalmente com relação aos monstros e as diferenças de escala entre eles e os personagens humanos, tudo isso é fantástico!
Algo muito positivo é ver a diversidade de personagens em tela, nunca tinha visto tantas piratas mulheres! Não somente piratas, como à serviço da segurança real. Definitivamente, nunca foram o sexo frágil.
O final tem um certo ar de confronta que é interessante, mas seria ainda mais emocionante com uma conexão mais forte com a protagonista. Em suas atitudes, ela sempre acaba sendo meio "demais" para uma criança. Talvez envelhecer mais a personagem, tornando uma adolescente, faria um pouco mais de sentido.
Senti um conflito entre o filme ser uma animação de proporções completamente impossíveis (e tudo bem), mas se levar a sério demais em alguns momentos. Talvez um pouco mais de humor dosado tivesse feito bem ao resultado final. É como se o roteiro fosse para um filme live-action e depois acabou se tornando uma animação.
Sim! É uma boa animação, vale a pena assistir com a família e apreciar as belas cenas, mas sinto que a Netflix precisa ir mais fundo, arriscar um pouco mais e aprender a conectar o público em suas animações.
Lightyear
3.2 391 Assista AgoraLightyear não é o que o público espera, mas possui seu valor apostando em reflexões sobre erros e a superação dos fracassos.
Não, esse não é o Buzz Lightyear de Toy Story. Imagine que uma fábrica de brinquedos resolva, um dia, fazer um brinquedo seu. Um(a) boneco(a) totalmente inspirado no seu visual, inclusive irá levar o seu nome. Contudo, no mundo de Toy Story, cada brinquedo tem uma personalidade, e você continuará sendo você e o brinquedo terá uma personalidade própria. É mais ou menos isso que acontece com Buzz, uma aposta super perigosa da Disney/Pixar. É compreensível? Em partes, sim, mas em grande parte não. Em Toy Story 2, por exemplo, temos cenas com vários bonecos Buzz, onde cada um deles possui uma personalidade. Por outro lado.. por quê fazer um filme sobre o Buzz onde ele é simplesmente.. outra pessoa?
Dessa forma, Disney/Pixar nos lançam Lightyear, um filme que, apesar de sua justificativa fraquíssima, tem uma história interessante. Para avaliarmos, vamos fingir que o nome do personagem principal não leva o mesmo nome/características visuais de um dos personagens mais amados da história da animação em cinema.
Focando na parte técnica, Lightyear é praticamente impecável. As cenas no espaço são simplesmente formidáveis, é um filme de ação em animação sem faltar qualidades. Os efeitos sonoros são convincentes, os gráficos são lindos e hiper detalhados, e não consigo me lembrar de outra animação que tenha trabalhado tão bem os efeitos em espaço, principalmente as cenas em que algum personagem esteja fora da nave.
Apesar de não termos nenhum milagre da atuação aqui, a história é levada de maneira curiosa. A transição dos anos devido a hipervelocidade é forte e reforça a solidão que Buzz sentiu, já estando muito longe de casa. A trama aposta em conflitos pessoais do próprio Buzz em relação a aceitar os fracassos causados por ele e os impactos nos passageiros da nave que comandava. O quarteto que o acompanha na história, apesar das inúmeras críticas do público, retrata justamente aquilo que Buzz não consegue lidar: são erros personificados. Com isso tudo, a história retrata como a falta de compaixão pelo outro, e por nós mesmos, pode nos deixar irreconhecíveis.
Algumas cenas fazem bastante referência visual a clássicos de ficção científica, como 2001 de Kubrick e Interestellar de Nolan, e é divertido ver essa mescla em tela sobretudo para os amantes do gênero, como eu. Por outro lado, existem fraquezas, como a lentidão de andamento em algumas partes e o minimamente amado pelo público Sox, o gatinho robô, que apesar de ter um papel fundamental na trama.. foi claramente criado pra vender brinquedos.
É difícil prever o futuro que a Disney/Pixar planejam para esse filme, já que ele abre portas para sequências ou até mesmo uma série animada, ficando claro que o intuito aqui é render. Por outro lado, dificilmente o público vai se interessar por algo que já os decepcionou.
A experiência é sempre individual. É compreensível a decepção no sentido de que o filme leva as pessoas ao cinema pela nostalgia, mas não entrega nada daquilo que elas já conhecem, quase uma propaganda enganosa. Por outro lado.. reconheço a ousadia de brincar com o conhecido e tentar mostrar um outro ângulo, o que é um grande ponto positivo. O filme possui, sobretudo, cenas muito emocionantes e uma ótima reflexão, além de um visual deslumbrante. Pra quem não viu, veja pensando que aqui Buzz é mais do que um brinquedo, é o Buzz ser humano que estamos vendo evoluir. Ótimo filme!
Elvis
3.8 760Sexy, confuso e brilhante são qualidades que podemos encontrar em Elvis, o novo filme que, sem qualquer dúvida, foi dirigido por Baz Luhrmann.
Aquela câmera frenética do início ao fim, trilha sonora que se mistura a outros ruídos tornando-se uma salada visual e auditiva regada a muitas cores e alucinações? Claro que é Baz Luhrmann dando vida à sua versão de Elvis. O diretor de Moulin Rouge vive grandiosamente nessa cinebiografia opulenta e apaixonante de um dos maiores ídolos da música.
Não, não sou um expert da vida de Elvis. Não tenho conhecimento o suficiente pra dizer se o filme é fiel ou não à sua vida, mas aqui estou avaliando o filme pelo que ele é: um filme. Com toda sua licença poética, Elvis traz a história contada pelo coronel Tom Parker abordando desde a infância até o fim da carreira e, mesmo com 159 minutos de tela não parece tão suficiente. Por mais que seja longo, o filme passa muito rápido e até parece deixar lacunas que desejávamos ver mais preenchidas.
Cumprindo o paradoxo, apesar de deixar a sensação de não responder tudo, cada cena tem MUITA informação. O começo até parece um pouco confuso com tantas coisas acontecendo. Apesar de ser claramente parte do estilo de Baz, não é algo que agrada a compreensão, mas ao longo o filme diminui o ritmo frenético para focar nas situações agridoces do drama musical.
Não dá pra deixar de falar das referências icônicas das origens do rock com Sister Rosetta, Little Richard e B. B. King que aparecem na trama e comprovam o poder dos negros no nascimento do gênero. As cenas "gospeis" não teriam adjetivo melhor do que divinas e mostram a importância dessa influência na carreira de Elvis.
Com relação à técnica, parte do ar de confusão se dá a mistura de excelentes elementos como figurinos belíssimos, imagens insanas vistas de cima, lado, frente e tudo junto ao mesmo tempo, unidos a uma trilha sonora clássica de Elvis misturada aos vocais de Butler (já falaremos desse chuchuzinho), que infelizmente em alguns momentos consegue ser estragada por uma tentativa de modernizar com raps desenfreados sem sentido algum. Elvis hipster? O cantor tem repertório suficiente pra ter uma música por cena, não dá pra entender.
Agora vamos às estrelas.. Austin Butler e Tom Hanks ARREBENTAM! Butler é simplesmente incrível, cheio de energia e incorporando todas as facetas que se espera, desde a crescente de carreira juvenil e calorosa até uma decadência deprimente. Realmente, uma indicação ao Oscar seria com merecimento. Tom Hanks não fica pra trás, logo ele que ama um papel de drama de bonzinho, aqui gera a vontade de esganar seu personagem. A versatilidade de Hanks nunca foi tão bem comprovada. Atuações perfeitas! O restante do elenco também é ótimo, mas o desejo de ver sempre o Elvis em tela é iminente.
Elvis me tocou de forma muito especial, principalmente pelo final. O artista que influenciou e influencia tantos artistas hoje passou por uma escravidão contratual absurda e, mesmo assim, enquanto esteve em palco tentava emocionar quem estivesse disposto a ouvir, e isso é brilhantemente interpreto por Butler. Um musical belíssimo, mas bagunçado, resume um pouco da trajetória dessa lenda do rock que espero influenciar mais público para manter seu legado. Excelente!
Encontros e Desencontros
3.8 1,7K Assista AgoraLost in Translation traz conceito e sensibilidade em proposta, mas entrega resultado morno e quase sem gosto.
Baseado no número de prêmios/indicações que o filme recebeu, é impossível não criar o mínimo de expectativas sobre o filme. A história é simples, mas a proposta é interessante, vale a pena viver um romance que não irá perdurar? É como se por um momento a vida dos protagonistas fosse pausada de seus turbilhões de crises existenciais para um romance rápido e repentino que precisa ser eliminado para voltar a vida previsível e solitária de antes.
Como dito, a proposta é realmente interessante, mas a execução.. não está à altura. A fotografia é bela, a cultura japonesa enche a tela, mas o filme demora muito para relacionar os dois protagonistas. A atuação é ok, mas sem nada especial. Parece partir muito mais do telespectador do que dos personagens para continuar a olhar a tela, não é um filme que engaja por si só.
É uma grande aventura de alguns dias e que é finalizada. É ótimo na questão de correr riscos, pois é um filme fora do padrão, e o problema disso é que não parece aprofundar e nem evoluir os personagens em nenhum dos lados. O tom depressivo e introvertido percorre o filme inteiro, mesmo nos momentos mais agitados da trama, e termina como tal.
Não é gostoso, mas também não tem gosto ruim. Para o meu paladar, é um filme quase sem gosto. É super assistível, mas não sinto vontade alguma de ver novamente. Aceitável.
O Senhor dos Anéis: As Duas Torres
4.4 1,1K Assista AgoraPreservando todos os ótimos elementos de "A Sociedade do Anel" e com novas adições, As Duas Torres consegue ser ainda melhor que seu antecessor.
Faziam anos desde que tinha visto esse filme pela última e única vez, pois eu dormia em qualquer tentativa de vê-lo novamente nos últimos anos. Ao reassisti-lo tive o prazer de estar equivocado em relação ao meu antigo julgamento em que o classificava como chato, sonolento e pouco atraente.
As Duas Torres consegue, mesmo com seu núcleo principal dividido pelas missões, trazer uma imersão ainda maior na história em um filme mais sério e tenso que o anterior, pois aqui a fase pré guerra é mais clara do que nunca. São vários os núcleos bem definidos, como o rei abatido de Rohan, os Ents com sua rica mitologia, o retorno triunfal de Gandalf e, é claro, a presença icônica de Gollum.
Andy Serkis é simplesmente genial interpretando a dualidade mental de Gollum, apresentando aqui um grande talento que no futuro se propagaria em outros filmes com captação de sua performance memorável. O restante do elenco prossegue impecável, mas os momentos de Gollum roubam qualquer presença.
Quanto ao desenvolvimento dos personagens, isso ocorre de forma muito madura, em que Frodo está numa dependência cada vez maior da lealdade de Sam, tendo em vista os efeitos do anel em si mesmo. Isso é extremamente positivo pois deixa o Frodo "coitadinho" para um personagem mais afetado e raivoso em alguns momentos, mesmo que ainda mostre o Hobbit piedoso que há dentro de si.
O restante técnico nem tem a necessidade de comentar. Fotografia, trilha sonora, figurino, cenografia, todos impecáveis. Existe um grande nível de detalhamento e preocupação na produção, e os efeitos são memoráveis.
Verdade seja dita: não dá pra ver esse filme com sono, desatento, ou de qualquer forma que não dedique 100% da sua atenção à sua história, principalmente porque ele dá andamento direto ao que é deixado pela obra antecessora. Existe o balanço entre partes com 0 ação e partes lotadas de ação, assim como é uma história de muitas pontas, é necessário relembrar o andar das situações. Esses fatores podem ser negativos em alguns aspectos, pois afasta o público, mas o público que fica não se arrepende. Senhor dos Anéis: As duas Torres é um deleite, excelente!
As Aventuras de Pi
3.9 4,4KAng Lee traz belíssimo filme com tons indianos e uma reflexão pura sobre fé.
Emocionante, As Aventuras de Pi traz a jornada de conhecimento de Pi acerca dos significados da vida e dos acontecimentos, assim como o descobrimento sobre sua identidade e sua fé. Uma mistura de gêneros, pois o início fornece um grande cenário leve e cultural, que depois se torna um filme de sobrevivência unido a episódios quase psicodélicos.
A estética é fenomenal e os animais criados graficamente são simplesmente deslumbrantes. Merecido todo o apreço técnico por esse filme, está lotado de elogios. O elenco é ótimo, com o destaque principal para Suraj Sharma, a trilha sonora é fenomenal, e nem é preciso comentar sobre as imagens, cada cena nesse filme parece um quadro. Tudo é muito bem pensado para trazer o conjunto beleza e reflexão.
Quando o filme é deslumbrante, não há muito o que se falar. O gênero de sobrevivência no cinema não é dos meus favoritos, mas Life of Pi foi fundamental para muitas de minhas reflexões na adolescência quanto a religião e levo seus significados até hoje. Um grande filme que vale a pena ser relembrado por anos. Excelente!
Diana
3.0 346 Assista AgoraDentre as várias atrizes que já tiveram esse desafio, aqui é a vez de Naomi Watts interpretar a princesa Disney da realidade, mesmo que essa história seja voltado a algo distante da opulência real.
O filme cumpre os requisitos de atratividade, como fotografia e elenco interessante, assim como um uso de câmera fantástico em algumas partes, mas o seu pecado maior está no roteiro.
O andamento é válido, mas pode ser bem arrastado em algumas partes e, de tanto que queremos ver sobre a história de Diana, são escolhidas passagens da sua vida um pouco menos atraentes para quem a associa a realeza e todas as implicações que isso tomou. O foco do filme é numa Diana mais pessoal, com os embates do "pós-desapego" da família real.
Um filme de drama médio, não é ruim, mas não emociona. Não corre riscos. Se substituirmos os seguranças por postes e esquecer que Diana é uma "ex princesa", é um filme de drama romântico qualquer, tudo que não queremos quando ouvimos o nome Diana. Razoável.
O Nome da Rosa
3.9 775 Assista AgoraBem antes da opulência retórica de O Código Da Vinci, já existia O Nome da Rosa, suspense investigativo religioso com mistério não tão misterioso, mas com afronta atual.
Sean Connery é o brilho do longa, atuando quase como um estranho tipo de religioso no meio de insanos pela fé. É o ponto de equilíbrio que traz a racionalidade e que entende as ações corruptas da igreja naquele momento.
O filme carrega o denso cenário medieval e o sustenta muito bem, lotado de doutrinas, dogmas e religiosidade, a história traz reflexões sobre submissão religiosa, corrupção, conhecimento e livre arbítrio, reforçando toda a onda de inquisição.
Com relação a parte técnica, o filme é visualmente consistente, com um elenco interessante, porém perdendo espaço para Sean Connery. É um filme de cenários lindos e imersivos, mas em sua maioria tudo traz o tom de outra época, fidelizando sua proposta. Não existe paisagens "felizes" em O Nome da Rosa.
De forma poética, o longa consegue ser uma obra investigativa, onde os detetives são parte de um grupo cheio da corrupção por sua própria fé. Não li o livro, mas com certeza desperta o interesse, principalmente na dúvida de saber se o personagem de Christian Slater possui presença mais ativa. Ótimo filme!
Adoráveis Mulheres
4.0 974 Assista AgoraAdoráveis Mulheres é sensível e, simplesmente, lindo de assistir.
Greta Gerwig consegue reunir um time de peso para derreter os corações interpretando essa nova versão de Adoráveis Mulheres. Florence Pugh, Emma Watson, Laura Dern, Timothée Chalamet e a incrível Meryl Streep dão um show, mas o destaque de elenco fica para Saoirse Ronan com sua personagem forte, persistente e cheia de personalidade, Jo.
Os aspectos técnicos estão lotados de qualidades, desde os figurinos lindíssimos de época até a fotografia impecável. A montagem, apesar de deixar clara as perspectivas entre passado e presente, às vezes pode confundir, então é recomendado estar atento às mudanças temporais. No geral, tudo que é captado pela câmera traduz a delicadeza exigida pela história.
O roteiro é muito bem amarrado, consegue fazer o público se cativar pelos personagens, por mais que ajam de maneira até maldosa em determinados momentos, exemplos das personagens de Florence Pugh e Meryl Streep. Não assisti às outras adaptações já feitas da obra, mas desde a primeira vez que vi essa, me apaixonei.
Uma grande diferença que esse filme tem de muitas obras de época é que não fica apenas restrito à admiração de seu tempo, mas também traz significado, reflexão e peso às ações das personagens. A obra engana ao mostrar um passado divertido, belo, como uma ceia de natal com uma família humilde unida, mas que aos poucos também demonstra sua deterioração por consequências de escolhas, ou até mesmo, de aleatoriedades da vida. A trama que percorre a personagem de Eliza Scanlen, por exemplo, não tem como esquecer, pois une ações de bondade a um futuro de dor.
Jo é uma personagem única, segura de si e de suas convicções, que faz uma grande presença de homenagem à autora, e traz o dilema entre lutar por seus anseios unida à solidão de suas batalhas. Privar-se de viver amplamente para lutar por uma vida melhor.
Sem delongas, Adoráveis Mulheres não é perfeito em seu andamento, mas é lotado de qualidades que fazem valer muito a pena assistir e reassistir o quanto for necessário. Excelente!
Ela
4.2 5,8K Assista AgoraTem dia melhor pra ver esse filme do que no dia dos namorados?
Ela é um exercício de reflexão que caminha entre o absurdo e paradoxos válidos. Sua sensibilidade está justamente nessa margem que torna seus argumentos, até certo ponto, dignos de ponderação.
Joaquim Phoenix e Scarlett Johansson são a dupla de ouro que traz toda a emoção do longa, que reúne um conjunto de qualidades técnicas de dar inveja. Ótima atuação, trilha sonora exótica e bela criada pelo Arcade Fire e visual intenso em uma fotografia belíssima retratando o cenário de um futuro hiper tecnológico e depressivo. Tudo isso elabora o plano de fundo para uma história dramática, por vezes lenta, mas romântica, baseada em ilusões.
Por mais estranha e utópica que a base da história seja, é também sensível e acontece de modo muito orgânico. O telespectador fica em uma posição de não saber se está abismado pelo que acontece ou apaixonado junto ao casal improvável. Certo ou errado, o personagem de Phoenix traz uma gama de ações que acabam justificando a trama, seja pela superficialidade dos humanos com os quais ele tenta relacionamento ou pela profundidade assustadora da inteligência artificial.
O amor pode ser calculado, analisado e projetado? Se apaixonar por algo que evolui pelas suas preferências é se apaixonar por você mesmo? É se apaixonar pelo comodismo? O amor é justamente admirar aquilo que está distante das nossas preferências? Nunca me esqueço da primeira vez que assisti esse filme. Essa história é única e merece ser apreciada pela sua sensibilidade. Excelente!
Harry Potter e o Cálice de Fogo
4.1 1,2K Assista AgoraAqui jaz o início da queda de qualidade de roteiro dos filmes frente as histórias dos livros. Alguns podem usar a argumentação batida de tempo de tela x complexidade de história do livro, mas algumas preferências do que ser parte do roteiro tornam esse argumento discutível.
O quarto filme da saga traz um tom mais sombrio que perdurou para o restante dos filmes, herdado do antecessor, mas por outro lado foca em detalhes muito frívolos da trama frente a outros que poderiam ser ressaltados.
Não é tempo de tela, é marketing. Simples, bom e velho marketing focando em seu público-alvo. O filme se preocupa muito mais em falar sobre briguinhas adolescentes e namorinhos do que desenvolver núcleos mais importantes, como um dos vilões principais atuando em Hogwarts.
Por outro lado, é inegável que a qualidade referente a efeitos especiais, cenário, figurino e trilha sonora perdura, positivamente. Apesar disso, existe uma queda de qualidade gigantesca de atuação do elenco juvenil. As provas do torneiro também reúnem cenas de ação muito bacanas. A conclusão do filme traz um grande contraste com seu desenvolvimento, com uma atmosfera densa e extremamente pesada, talvez com a cena mais aterrorizante de toda a saga.
É um filme de altos e baixos, bem longe da qualidade do livro, mas que tem alguns pontos muito significativos, não somente pela história, mas na maneira como foram mostrados. Razoável.
De Volta Para o Futuro 2
4.2 886 Assista AgoraDe Volta para o Futuro 2 mantém o nível de diversão do primeiro filme, mas começa a pecar no nível de mirabolância.
Ao mesmo tempo que acerta em demonstrar o quão amarrado está com o primeiro longa, o segundo filme da franquia traz uma salada cronológica entre futuro, passado e presentes alternativos. Isso não estraga a qualidade de diversão, mas certamente não é tão bem fechado como o primeiro filme, mesmo que os dois mostrem uma interdependência.
O elenco não é alterado, continua muito bom, e a sacada de os mesmos atores fazerem personagens diferentes é maravilhosa (a filha de Martin, do futuro, que o diga!). Apesar disso, com tanta gente nova e antiga aparecendo, alguns personagens são totalmente descartados sem aviso prévio. Num momento aparecem, e no outro só são jogados de canto, o que faz o roteiro começar a perder credibilidade.
No restante, vale muito a pena conferir finalmente as versões de futuro da saga, concentrados nesse filme. O clima distópico a la Blade Runner traz um ar mais sério e mostra os desastres que acontecem com erros dos dois protagonistas. Um ponto super alto é a história explorar muito mais o seu vilão principal (em suas várias versões) e fazer o cruzamento de acontecimentos da primeira história com a segunda, demonstrando claramente que houveram gravações simultâneas.
O final, similar ao primeiro, finaliza aberto, já considerando o planejamento da trilogia desde o começo. Não é um filme possível de se assistir isoladamente e ter a compreensão, mas pra quem viu o primeiro compensa demais! Ótimo filme!
Jurassic World: Domínio
2.8 551 Assista AgoraJurassic World: Dominion é a prova de que é possível fazer um filme parte de uma franquia sobre dinossauros.. sem se importar com os dinossauros.
Aqui jaz um grande fã da franquia Jurassic Park e que assistiu o filme sem grandes expectativas após as várias furadas do filme anterior. O novo filme faz jus aos últimos 2 lançamentos e consegue acabar com qualquer resto de ânimo para a ideia iniciada por Spielberg e Crichton em 1993.
O retorno do trio do filme clássico nada mais é do que tentar salvar pela nostalgia, mas não funciona. O núcleo que envolve os 3 amados atores se comporta melhor como o estudo de uma praga bíblica do que qualquer coisa relacionada ao Jurassic World. É bacana ver os 3 em tela, principalmente o incrível Jeff Goldblum, mas fica óbvio que estão ali pra chamar o público dos primeiros longas para as salas de cinema.
Os outros dois protagonistas, interpretados por Chris Pratt e Bryce Dallas, voltam sem força alguma, mas não sozinhos, o elenco num todo é muito fraco. O próprio vilão, retirado diretamente de um personagem secundário (mas importante) do primeiro filme, é interpretado de uma forma terrivelmente fraca e sem nenhuma emoção.
O que mais causa agonia é saber que temos algumas poucas coisas boas: cenas de ação frenéticas ao estilo 007, alguns dinossauros novos interessantes, e que nada disso é aproveitado da melhor forma. Os dinossauros são pouquíssimo explorados, além de manter, e expandir, as ideias ridículas de dinossauros "bonzinhos" e outros "maus". A mãozinha pra controlar raptores é a coisa mais ridícula que inventaram.
Os conceitos de contrabando de dinossauros são super válidos, incluindo os campos de reprodução forçada, causando várias analogias entre tratamentos ilegais com animais do dia a dia e a fuga ao mundo pelos dinossauros, mas isso é uma vírgula perto do filme de mais de 2 horas extremamente cansativo.
Aqui, os dinossauros não são mais animais, são monstros que "ajudam", aterrorizam ou até pedem por socorro para os protagonistas. Alguns deles até se unem em rixas para derrotar outros dinos (não é brincadeira). Não é de surpreender, considerando que agora temos: animais híbridos, clonagem humana, pragas biológicas, e nem é um filme da saga Resident Evil!
Só existe uma definição para essa conclusão: lamentável. Dá pra assistir, mas jamais escolheria assistir. Ruim.
Magia ao Luar
3.4 569 Assista AgoraMinha primeira experiência com Woody Allen veio nessa surpresa cômico romântica chamada Magia ao Luar. Colin Firth e Emma Stone fazem uma dupla impecável.
Pouco mais de uma hora e meia foi suficiente para mostrar a história nada complexa que percorre um tema tão complexo, o amor é cético? A genialidade da trama está justamente na simplicidade e nos conflitos ácidos e inteligentes entre Emma e Colin, sendo os dois opostos dos papeis padrão de duplas românticas.
Sobre a parte técnica, tudo é impecável, da trilha sonora e fotografia característica até a admiração de um luar. Não tem muito o que comentar, senão sobre o que senti ao final.. é lindo, é tocante, é engraçado, apesar de... final de conto de fadas, porém, com sacadas inteligentes. Excelente!
De Volta Para o Futuro
4.4 1,8K Assista AgoraUm clássico, De Volta para o Futuro consegue reunir ficção científica, comédia, anos 50, anos 80, música e romance num pacote insano em uma história, por mais surpreendente que seja, simples.
Do início ao final, o filme se preocupa por um número enorme de detalhes para deixar a história bem amarrada, e vemos esse reflexo também nas sequências. O elenco é muito bom, não somente com os protagonistas interpretados por Christopher Lloyd e Michael J. Fox, mas pelo todo que envolve, principalmente, os integrantes da família principal.
A história, como dito antes, é simples, mas desperta muitas curiosidades e é cheia de referências do mundo pop, além do mais importante: ela não deixa a peteca cair. Tem ação e humor em todo momento, e quando não tem.. temos emoção. Trilha sonora muito boa, efeitos na medida, posicionamentos de câmera e montagem cativantes.
Não é um filme de reflexões gigantes, é um filme de ação e humor, mas muito bem executado. Um entretenimento bem construído. Sua segurança em não trazer todas as respostas reside já no planejamento das sequências, o que acaba dificultando avaliar seu final como filme completo, porém é inegável, até hoje é um filme que influencia em muito a cultura pop, de filmes e séries a ideias. Excelente!
A Lenda de Candyman
3.3 508 Assista AgoraVisualmente agradável, bem feito, mas sem muito sabor. A Lenda de Candyman traz visual interessante, mas não cativa pela história.
O enredo é interessante, mas em alguns momentos é muito arrastado e, por mais que não tenha tido nenhum contato anterior com a história de Candyman, previsível. Os assassinatos são as partes mais interessantes e a premissa da existência do "assassino" é bem argumentada e amarrada na história, mas seu maior pecado é o ritmo.
Sem surpresas no elenco ou em fatores técnicos, seus maiores destaques estão no visual, nos posicionamentos (malucos) de câmera, e nas mortes que são e não são explícitas, o que causa uma agonia tremenda em algumas partes.
Tem o tom Jordan Peele de ser, o que é um ponto positivo, mas poderia ser mais impactante. Filme razoável.
Priscilla, a Rainha do Deserto
3.8 611 Assista AgoraPiscilla, a Rainha do Deserto traz inovação ao estilo Road Trip e muito mais cor a histórias dramáticas.
Esse filme é uma grata surpresa! Sabe aquele dia em que você está a ponto de jogar tudo pro alto? É um alívio, pois seus personagens são tão humanos e ao mesmo tempo possuem tantos desafios, mas enfrentam todos de forma cômica e cheia de amor, mesmo que esse amor às vezes venha recheado de escárnio que só uma amizade forte pode perdoar.
A história é bem simples, mas o trio que o sustenta é muito bom. Terence Stamp, Hugo Weaving e Guy Pearce são formidáveis na tela e com suas histórias trazem o drama de vidas que já apanharam (e apanham) muito do mundo e do próprio meio em que vivem. A trilha sonora é impecável, os figurinos são super legais e alguns truques, como um sapato de salto alto gigante em cima do ônibus, fazem a identidade visual que mistura o rústico desértico com as cores e alegria drag.
O filme consegue mesclar muito bem as emoções e os momentos cômicos, assim como as eternas brigas entre o trio. Sinto que poderia fechar o final de uma forma mais completa, parece que falta algo, e durante o filme tem seus momentos mais monótonos. No geral, vale a pena pelos momentos super divertidos e, principalmente, pelos dilemas encontrados pelo personagem de Hugo Weaving, onde seu maior inimigo será ele mesmo. Ótimo!
Tico e Teco: Defensores da Lei
3.7 258 Assista AgoraFilme super divertido ressuscita personagens esquecidos e traz a tona um verdadeiro multiverso da loucura.
Não espere alta complexidade de roteiro ou um grande plot twist, mas Tico e Teco: Defensores da Lei traz muita diversão e a presença de vários marcos do pop, incluindo seu excêntrico e inesperado vilão.
A premissa é sim interessante, inclusive em relacionar um problema real (e que pode ser visto até como filmes oficiais em prateleiras de loja de departamentos) das adaptações para filmes novos com personagens extremamente similares aos conhecidos. Ver os dois protagonistas interagindo com outros personagens em outros universos, como séries sitcom, é muito cômico.
Porém.. é só isso. Visualmente é super legal, as sacadas são bem divertidas, mas a sensação que fica é a de que é um entretenimento sem muita mensagem. A única protagonista humana, Kiki Layne, não acrescenta, mas os outros personagens também não são nenhuma surpresa de atuação.
Vale a pena pra descontrair? Vale. É um bom filme, com início, meio e fim muito claros, que ousa até em inserir produtos de outros estúdios, com um resultado divertidíssimo, mas sem muita coisa além. É mais ousado que um certo filme que diz ter o multiverso da loucura rsrsrs
Tudo em Todo O Lugar ao Mesmo Tempo
4.0 2,1K Assista AgoraTudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo é tão excessivo quanto seu título, mas mesmo assim diverte. Seria toda essa comoção popular resultado de uma era onde é o excesso que reina?
A mensagem é bela, mas a execução é.. difícil de definir. Impossível negar que o filme tem uma história interessante e que desperta a curiosidade, pois seu tom de drama familiar cruza com o trash em vários momentos e tudo que você quer são respostas.
Possui vários pontos positivos, muitos deles técnicos, mas o melhor deles é o nível de ousadia em mesclar tantas informações e versões de personagens diferentes (por vezes, mais cativante do que a Marvel diz fazer com seu multiverso), e o melhor disso, a diferença de seus sentimentos entre esses universos.
Por outro lado.. é difícil para o filme atingir seu ponto. Demora muito até que algo possa ser finalmente inferido até uma possível solução e fica o questionamento se a história está, de fato, em busca de solucionar algo. O resultado disso é um cansaço, causando sensação de arrasto em algumas vezes, e um amontoado de ideias.
Toda a parte de ação e efeitos é muito legal, mas conscientemente trash, e os personagens no geral vão sendo aprofundados de forma lenta. O final é, com certeza, a melhor parte, mas mesmo ele demora em sua execução. É como se o filme estivesse aproveitando cada minuto possível para mostrar uma nova ótima sacada, resultando em algo longo e só bizarro.
A mensagem é profunda, é bela e fica entendível, mas a execução peca ao meu ver. É tanta informação que fica difícil avaliar atuação, por exemplo. Jamie Lee Curtis se destaca, mas a protagonista, por exemplo, não mostra muita diversidade de atuação entre suas versões, e talvez nem sobre tempo pra isso.
A sutileza é o que torna as ações atípicas INCRÍVEIS, mas aqui não existe sutileza alguma. É um bom filme, mas poderia ser perfeito. Encare como uma sobremesa do Paris 6, com sorvete, nutella, morangos, leite condensado, caldas e outros derivados açucarados, todos juntos no mesmo prato. É doce e se comer tudo.. pode ficar enjoativo, mas vale a pena experimentar. Bom filme!