Em minha opinião, continua sendo o meu filme favorito de Lois Weber. Continua sendo um filme triste e angustiante sobre uma garota que é obrigada a sustentar sua família e não possui dinheiro para comprar um novo par de sapatos. Seu único par de sapato se desfaz aos poucos a cada dia e sem eles ela não pode trabalhar e garantir o sustento de sua família. Num ato de desespero, ela decide se prostituir para comprar um novo par de sapatos. Esse acontecimento vai mudar a sua vida. Nessa nova revisão, pude ver a importância do par de sapatos na história e em como ele literalmente é o vilão da história, pois por causa dele a garota é obrigada a se prostituir. Um dos trabalhos mais complexos e maravilhosos de Lois Weber. Meu favorito pra vida toda.
Eu acho todos os filmes de Lois Weber complexos e esse aqui não foge a regra. É um filme que aborda diversos assuntos: desde problemas familiares até alcoolismo. O único ponto ruim de Lois Weber é que em algumas de suas obras ela tornava-se muito didática e aqui posso pontuar isso, mas o erro pelo menos aqui não ocorre por culpa da diretora, mas sim da obra que ela adaptou chamada "Jewel". O didatismo ocorre quando é sugerido que todos os problemas podem ser resolvidos com a Bíblia ou com a "harmonia" instantânea entre as pessoas, como mágica todo mundo decide se dar bem e todos os problemas se resolvem, mas estamos falando de um filme mudo com quase 100 anos e visões como essa podem e devem ser relevadas. Não achei um grande filme de Lois Weber, mas ela era tão competente que até o seu trabalho menos charmoso torna-se fascinante.
A primeira vez que vi "Grey Gardens" foi em um domingo através da Tv Cultura. Lembro que foi nos meus vinte e poucos anos e fiquei muito impactado ao ver aquelas duas mulheres em situação totalmente decadente e desumana. Anos depois revi o documentário. Já mais maduro, pude ver nuances do relacionamento das duas, porém fiquei com a imagem de uma Big Eddie totalmente ranzinza e sarcástica e uma Little Eddie totalmente excêntrica e engraçada. Nesse documentário feito em 2006 com cenas não utilizadas em "Grey Gardens", minha visão mudou totalmente, mas percebi que essa era a intenção desse novo documentário: humanizar (mais) as duas figuras, porém acredito que o destaque fique com Little Eddie. Acho que aqui, esse documentário mostra um lado mais triste e reflexivo dela. Mostra também a frustração dela em abrir mão de sua vida para ficar com a mãe em uma mansão decadente e viver um relacionamento tóxico para ambas. Big Eddie não tem de longe o destaque de Little Eddie, porém ela também é mais humanizada, sendo menos sarcástica e irônica. Esse documentário e "Grey Gardens" são uma lição de como uma edição pode mudar as perspectivas sobre as pessoas em um documentário. Se "Grey Gardens" tivesse esse tipo de edição, talvez teríamos uma opinião diferente das Beales, porém teríamos perdido um grande clássico. Acabou que um documentário complementa o outro.
Esse é um dos documentários que eu mais amo. Mostra a representação dos gays desde os filmes mudos até metade da década de 90. Muitas vezes nós gays éramos mostrados nos filmes como motivo de chacota, como vilões e até mesmo como pervertidos. O documentário debate tudo isso e mostra como em passos de tartaruga o cinema ensaiou uma aceitação maior de gays, lésbicas e trans, nos filmes. Do ano da realização desse filme até os dias atuais, muita coisa mudou, existe uma aceitação maior, mas o preconceito ainda é latente, por tanto esse documentário em partes continua atual, mas também é uma forma de conhecer o cinema lá atrás e discutir o que era errado e o que mudou. A participação do Tony Curtis eu acho tremendamente desnecessária.
Quando vi pela primeira vez "E A Mulher Criou Hollywood", minha vida mudou completamente. É como se eu não vivesse até o momento em que eu assisti aquele documentário ou então é como se eu não soubesse o que era o cinema de verdade. Para mim foi marcante conhecer a história de tantas mulheres que foram importantes para o início do cinema e que haviam sido apagadas no decorrer do tempo. Dentre essas mulheres estava Alice Guy. Foi então que comecei a prestigiar mais os filmes dirigidos por mulheres e a pesquisar mais sobre elas. Tive experiências fantásticas e inesquecíveis graças a essas mulheres. Esse documentário é essencial para quem ama o cinema, principalmente o início do cinema. Mostra a importância de Alice e de outras mulheres na produção de filmes e na implementação de uma nova linguagem cinematográfica. É desenhado todo o seu trajeto e esforço durante toda sua carreira que foi abruptamente encerrada. Alice viu em vida, sua obra ser apagada e em muitos casos seus filmes serem atribuídos a homens. Ela foi muito corajosa em não permitir o discreto silenciamento de sua obra e de seu legado. Ela lutou até o final dos seus dias para ser reconhecida como a primeira mulher a dirigir filmes. Sua obra passou por um longo período de obscuridade, mas hoje em dia podemos conferir, conhecer e nos emocionar com seus filmes e lhe pagar o tributo que ela tanto merece e que em vida tanto lutou para ter. Esse é um dos documentários mais fascinantes e tristes que eu já vi. Alice Guy foi uma mulher inspiradora e apaixonante.
Sempre é um prazer ver qualquer filme com Constance Bennett que pra mim é uma das atrizes mais injustiçadas de Hollywood. Fico triste e perplexo com o seu esquecimento, sendo que ela era uma das atrizes mais populares da década de 30. Ela possuía um brilho, uma elegância e um talento imenso e aqui nesse filme podemos ver isso, pois é uma excelente atriz em um filme com um roteiro bastante problemático e até mesmo non sense. Nesse filme ela faz uma mulher que é apaixonada por um cara, mas eles não podem se casar por causa de diferenças sociais: ela além de pobre, é considerada uma mulher com reputação duvidosa e vinda de uma família de alcoólatras. Após uma série de desencontros ela acaba casando-se com um amigo da família que sempre foi apaixonado por ela. Seu irmão possui uma admiração quase doentia por esse homem e senti nisso uma forte dose de homoerotismo nas entrelinhas. Na noite de núpcias ela descobre um segredo do seu marido e ocorre uma tragédia. Após essa tragédia, ela decide carregar uma cruz que não é sua e sua reputação se finda de vez e junto com isso a relação com seu irmão, que a culpa pela tragédia que ocorreu. Após essa tragédia, a linha homoerótica fica muito mais densa, sugerindo que o irmão dela era apaixonado por esse amigo, impossível não perceber isso, ainda mais quando o filme se aproxima do fim. É muito bom ver Herbert Marshall desempenhando um papel que não seja o de marido traído, mas seu personagem aqui não possui força alguma, mesmo sendo o "mocinho romântico". Constance Bennett tem um desempenho dentro do possível, em vista do fubá que é o roteiro, mas em algumas horas ela acaba indo junto com tudo. Enfim, não é um filme de todo ruim, mas ele peca e tropeça pelo roteiro e pela história totalmente sem noção alguma.
Queria muito falar sobre esse filme, mas tudo o que eu quero falar envolve spoilers. rsrsrs Foi um filme que eu comecei não dando nada por ele, mas aos poucos foi me cativando, principalmente quando passei a enxergar o contexto da história. Eu achei um filme muito interessante, por trazer um protagonista que ao mesmo tempo é carismático, torna-se também arrogante e prepotente querendo impor seus valores religiosos, ignorando e desrespeitando as crenças alheias. Mesmo que ali no final tenha ocorrido tudo aquilo, eu ainda acho que foi uma forma de trazer uma "justiça" à fé pagã sobre o Cristianismo que vitimou diversas pessoas por terem a fé diferente do que era imposto. Aquele final é tão irônico e maravilhoso.
Considerada a obra-prima de Dorothy Arzner e com toda razão. O filme é redondinho e me fisgou de imediato. As personagens são bem construídas e nada rasas, comparadas com os filmes sobre "garotas dançarinas que buscam um lugar ao Sol" posteriores. Os poucos números musicais são muito bem feitos e dirigidos, mostrando todo o talento, sensibilidade e visão de Dorothy. Lucille Ball é a força extrema do filme, talentosa e pontual. Maureen O'Hara soube dosar a personagem perfeitamente: a sua mocinha ingênua e boazinha, tinha tudo para ser uma personagem irritante, mas ela soube dar o tom exato, fazendo a gente torcer por ela. Gostei demais desse filme e Dorothy só sobe no meu conceito.
Impossível não amar esse filme. É um daqueles filmes do coração. Stanwyck e MacMurray possuem uma química tão natural que fizeram mais uns filmes juntos, incluindo o inesquecível "Pacto de Sangue". O que me faz amar esse filme é a carga dramática que ele tem, mesmo sendo um filme "feliz". Isso deixa o filme equilibrado. O final dele não é nada convencional com o que Hollywood pregava sobre finais de comédias, mas acho que isso tem mais a ver com o moralismo e a censura. Esse filme se fosse feito durante o Pre-Code, tenho certeza que terminaria de outro jeito.
É uma emoção enorme, rever esse filme após tantos anos. Barbara Stanwyck em um de seus momentos mais iluminados. Não consigo e não quero imaginar outra atriz nesse papel. Esse papel foi feito para ela, fazia parte do seu destino. Stella Dallas é uma personagem tão rica e contraditória ao mesmo tempo e só uma atriz como Stanwyck que poderia desmembrar essas camadas. A princípio, Stella é uma mulher ambiciosa. Após casar-se e ter uma filha, ela quer continuar a ser livre, mas o casamento lhe impede isso. Seu marido, diz que gosta dela do jeito que ela é, mas quando ele começa a frequentar lugares e conhecer pessoas com mais classe, faz questão que ela mude seu comportamento. Achei interessante o filme ter uma passagem onde Stella questiona o marido sobre fazer sacrifícios: ela tem sempre que abrir mão de algo, enquanto ele não. Seu marido então a abandona e ela passa a viver pela filha. Então ela abre mão de todos os seus ideais pela filha. Seu marido, reencontra um amor antigo. Stella segue sozinha, mas é considerada "vulgar" por ser uma pessoa livre. Então sua filha cresce e Stella percebe que seu estilo de vida pode afetar o de sua filha e então faz o sacrifício final pelo bem de sua filha. Continua sendo um filme espetacular e muito emocionante. E um ótimo objeto para debates sobre como a mulher deveria ou não se portar na sociedade. Acho que Stella sofreu por não querer abrir mão de ser quem ela era e isso é ótimo. Se Stella vivesse como a sociedade queria, não teríamos um final de filme tão icônico. Vale muito a pena conferir a versão muda, realizada em 1925.
Baseado no livro "A Época da Inocência" de Edith Wharton, que foi a primeira mulher a ganhar um Pulitzer, justamente por esse livro. Esta seria uma das várias versões cinematográficas adaptadas do livro, existindo até uma versão muda. A versão de 1993 é a mais famosa. Eu gostei demais desta versão. Talvez por não ter lido (ainda) o livro e não ter visto (ainda) a versão de 1993, consegui me conectar totalmente com este filme. Irene Dunne é uma das minhas atrizes favoritas, logo já me encantei por sua personagem. Até mesmo pelo fato da personagem ser bem à frente do seu tempo e viver rodeada de pessoas hipócritas e conservadoras. Gostei que o filme mesmo sendo produzido na época que o Código de Produção estava começando a censurar os filmes, consegue fazer críticas aos valores sociais, principalmente sobre o casamento, tanto que só ganhou uma nova adaptação na década de 90. Achei um filme belíssimo e agora não é mais obscuro.
Uma comédia de 1927, bem transgressora ao trazer um homem que se veste de mulher para ficar perto de sua amada. Infelizmente, como nada é perfeito, o filme usa e abusa do blackface e dos esteriótipos sobre pessoas negras, mas não dá pra cobrar perfeição de um filme com quase cem anos. Detalhe: esse filme é português
Fico muito feliz em ver que hoje em dia, a obra de Lois Weber além de restaurada, está sendo vista e apreciada. Graças a isso, ela finalmente tem a justiça que merece. Hoje, ela é considerada a cineasta mais importante do cinema mudo e isso é um mérito mais que merecido. Ela possuía um estilo de vida elevado e privilegiado, mas ela possuía consciência social e muitas de suas obras mostram isso. Essa obra em particular deixa isso bem evidente. Mesmo sendo privilegiada, Lois Weber conseguiu fazer um filme bastante tocante sobre a consciência de classes sociais. Neste filme ela fala sobre os ricos, sobre os pobres e sobre os pobres que se acham ricos. O legal, é que na maioria dos filmes, vemos os homens como os chefes de família, mas nesse filme não. Lois Weber fez questão de colocar as mulheres à frente, carregando essa chaga social. São as mulheres que fazem sacrifícios para colocar comida à mesa. E mesmo tratando de um assunto espinhoso, o filme não cai em esteriótipos. O filme fala sobre uma moça, filha de um professor que desperta a atenção de um dos alunos do seu pai, um rapaz rico. Ao se envolver com a moça, o rapaz acaba conhecendo um mundo diferente do seu, percebe e reconhece que por ser rico é privilegiado e decide então fazer a diferença. Ao fazer amizade com um outro rapaz que também é apaixonado pela filha do professor e é pobre, seus valores sociais mudam de vez. No final do filme, ainda há uma crítica bem exposta, sobre como os professores são importantes e ao mesmo tempo desvalorizados. Um filme com 100 anos exatos e que infelizmente continua atual.
Um filme até então bem obscuro pra mim, estrelado por Bette Davis. Assisti-lo foi uma grata surpresa. O filme conta a história de uma bibliotecária que decide colocar na coleção de livros, um livro sobre o Comunismo, mesmo não concordando com o seu conteúdo. Quando isso é descoberto, ela é orientada a retirar esse livro da biblioteca. Ela recusa-se a retirar o livro, mesmo não concordando com o conteúdo, pois isso seria censura, por causa disso ela é demitida, mas sua vida torna-se um inferno pelo fato das pessoas acharem que ela é uma comunista. Um filme interessante e atual. Somente uma atriz como Bette Davis, poderia ter feito esse filme no papel principal.
Eu tenho um amor enorme por esse filme, pois ele foi um dos primeiros filmes que vi, quando me apaixonei pelo cinema. A primeira vez que o vi foi no Corujão, de madrugada, em uma época que não existiam torrents ou outros meios de se assistir a um filme além da televisão ou das locadoras. Pra mim é o filme com o elenco mais perfeito que já vi, destaque é claro para cada uma dessas atrizes maravilhosas que criaram personagens carismáticas e reais. Qualquer uma delas poderia existir em nossas vidas. Outro ponto é a química entre elas. Há uma cumplicidade genuína entre as atrizes. Todas conseguiram brilhar. Outro fator é que todas são deliciosamente sarcásticas e eu adoro isso. É um filme que eu amo rever, pois além de amar a história, me traz lembranças do início da minha paixão por filmes e também pela minha paixão por Julia Roberts.
Este é o primeiro filme do Woody em anos que achei bastante inferior. Achei repetitiva a história do homem de meia-idade que vive em crise e precisa se autoafirmar e sai em busca de um relacionamento com uma mulher mais jovem. Mesmo alguns filmes do Woody tendo essa temática, não os achava repetitivos, mas esse aqui até me incomodou. O que salva são as referências e as homenagens ao cinema em geral. Se colocassem uma geladeira no lugar do Garrel, não seria notada a diferença.
Pensei que fosse um filme feito para Viola brilhar, mas acabou sendo um filme de Chadwick, que está ótimo. Viola tem um tempo de tela bem reduzido, mas faz o que é possível com isso. Mesmo com esse empecilho, eu gostei bastante.
Legítimo Pre-Code escandaloso que transpira sexo do começo até quase o final do filme. Acho que esse foi um dos Pre-Code mais ousados e diretos que eu já vi. O filme traz a mulher no papel dominante e como predadora sexual, usando os homens apenas para o sexo. Mas como em boa parte dos filmes Pre-Code, ele permite a mulher alcançar um voo alto, pra no final cortar-lhe suas asas, dando-lhe um final moralista com o patriarcado lhe abraçando. Dei nota máxima pela ousadia em boa parte do filme, mesmo sabendo que o final ia ser uma merda.
É o meu filme pre-code favorito e revê-lo após anos foi uma experiência muito boa. Ele tem todos os elementos de um filme pre-code: sexo, homicídio, suicídio e uma protagonista que não é nada inocente. Barbara Stanwyck é pra mim uma das atrizes mais perfeitas que já pisaram neste plano. Seu desempenho nesse filme é tão delicioso que mesmo após tantos anos de seu lançamento, ele continua sendo um de seus grandes momentos na tela.
Documentário que eu amo e revi várias vezes e acho impossível dar menos de cinco estrelas. Vivian Maier é uma das minhas maiores inspirações e a história da descoberta de seu trabalho é fascinante, bem coisa do destino e seus mistérios. Ver (e rever) esse documentário, me deixa bastante emocionado.
Sapatos
3.9 3Em minha opinião, continua sendo o meu filme favorito de Lois Weber. Continua sendo um filme triste e angustiante sobre uma garota que é obrigada a sustentar sua família e não possui dinheiro para comprar um novo par de sapatos. Seu único par de sapato se desfaz aos poucos a cada dia e sem eles ela não pode trabalhar e garantir o sustento de sua família. Num ato de desespero, ela decide se prostituir para comprar um novo par de sapatos. Esse acontecimento vai mudar a sua vida. Nessa nova revisão, pude ver a importância do par de sapatos na história e em como ele literalmente é o vilão da história, pois por causa dele a garota é obrigada a se prostituir. Um dos trabalhos mais complexos e maravilhosos de Lois Weber. Meu favorito pra vida toda.
Um Capítulo em sua Vida
4.0 1Eu acho todos os filmes de Lois Weber complexos e esse aqui não foge a regra. É um filme que aborda diversos assuntos: desde problemas familiares até alcoolismo. O único ponto ruim de Lois Weber é que em algumas de suas obras ela tornava-se muito didática e aqui posso pontuar isso, mas o erro pelo menos aqui não ocorre por culpa da diretora, mas sim da obra que ela adaptou chamada "Jewel". O didatismo ocorre quando é sugerido que todos os problemas podem ser resolvidos com a Bíblia ou com a "harmonia" instantânea entre as pessoas, como mágica todo mundo decide se dar bem e todos os problemas se resolvem, mas estamos falando de um filme mudo com quase 100 anos e visões como essa podem e devem ser relevadas. Não achei um grande filme de Lois Weber, mas ela era tão competente que até o seu trabalho menos charmoso torna-se fascinante.
The Beales of Grey Gardens
4.5 5A primeira vez que vi "Grey Gardens" foi em um domingo através da Tv Cultura. Lembro que foi nos meus vinte e poucos anos e fiquei muito impactado ao ver aquelas duas mulheres em situação totalmente decadente e desumana. Anos depois revi o documentário. Já mais maduro, pude ver nuances do relacionamento das duas, porém fiquei com a imagem de uma Big Eddie totalmente ranzinza e sarcástica e uma Little Eddie totalmente excêntrica e engraçada. Nesse documentário feito em 2006 com cenas não utilizadas em "Grey Gardens", minha visão mudou totalmente, mas percebi que essa era a intenção desse novo documentário: humanizar (mais) as duas figuras, porém acredito que o destaque fique com Little Eddie. Acho que aqui, esse documentário mostra um lado mais triste e reflexivo dela. Mostra também a frustração dela em abrir mão de sua vida para ficar com a mãe em uma mansão decadente e viver um relacionamento tóxico para ambas. Big Eddie não tem de longe o destaque de Little Eddie, porém ela também é mais humanizada, sendo menos sarcástica e irônica. Esse documentário e "Grey Gardens" são uma lição de como uma edição pode mudar as perspectivas sobre as pessoas em um documentário. Se "Grey Gardens" tivesse esse tipo de edição, talvez teríamos uma opinião diferente das Beales, porém teríamos perdido um grande clássico. Acabou que um documentário complementa o outro.
O Outro Lado de Hollywood
4.3 77Esse é um dos documentários que eu mais amo. Mostra a representação dos gays desde os filmes mudos até metade da década de 90. Muitas vezes nós gays éramos mostrados nos filmes como motivo de chacota, como vilões e até mesmo como pervertidos. O documentário debate tudo isso e mostra como em passos de tartaruga o cinema ensaiou uma aceitação maior de gays, lésbicas e trans, nos filmes. Do ano da realização desse filme até os dias atuais, muita coisa mudou, existe uma aceitação maior, mas o preconceito ainda é latente, por tanto esse documentário em partes continua atual, mas também é uma forma de conhecer o cinema lá atrás e discutir o que era errado e o que mudou. A participação do Tony Curtis eu acho tremendamente desnecessária.
Alice Guy-Blaché: A História Não Contada da Primeira Cineasta do …
4.3 15Quando vi pela primeira vez "E A Mulher Criou Hollywood", minha vida mudou completamente. É como se eu não vivesse até o momento em que eu assisti aquele documentário ou então é como se eu não soubesse o que era o cinema de verdade. Para mim foi marcante conhecer a história de tantas mulheres que foram importantes para o início do cinema e que haviam sido apagadas no decorrer do tempo. Dentre essas mulheres estava Alice Guy. Foi então que comecei a prestigiar mais os filmes dirigidos por mulheres e a pesquisar mais sobre elas. Tive experiências fantásticas e inesquecíveis graças a essas mulheres. Esse documentário é essencial para quem ama o cinema, principalmente o início do cinema. Mostra a importância de Alice e de outras mulheres na produção de filmes e na implementação de uma nova linguagem cinematográfica. É desenhado todo o seu trajeto e esforço durante toda sua carreira que foi abruptamente encerrada. Alice viu em vida, sua obra ser apagada e em muitos casos seus filmes serem atribuídos a homens. Ela foi muito corajosa em não permitir o discreto silenciamento de sua obra e de seu legado. Ela lutou até o final dos seus dias para ser reconhecida como a primeira mulher a dirigir filmes. Sua obra passou por um longo período de obscuridade, mas hoje em dia podemos conferir, conhecer e nos emocionar com seus filmes e lhe pagar o tributo que ela tanto merece e que em vida tanto lutou para ter. Esse é um dos documentários mais fascinantes e tristes que eu já vi. Alice Guy foi uma mulher inspiradora e apaixonante.
Procura-se Rapaz Virgem
2.8 143 Assista AgoraTenho vagas lembranças dele na Sessão da Tarde, mas revendo é um filme divertidíssimo. E a trilha sonora? Anos 80 em seu estado mais bruto.
Repudiada
3.5 1Sempre é um prazer ver qualquer filme com Constance Bennett que pra mim é uma das atrizes mais injustiçadas de Hollywood.
Fico triste e perplexo com o seu esquecimento, sendo que ela era uma das atrizes mais populares da década de 30. Ela possuía um brilho, uma elegância e um talento imenso e aqui nesse filme podemos ver isso, pois é uma excelente atriz em um filme com um roteiro bastante problemático e até mesmo non sense. Nesse filme ela faz uma mulher que é apaixonada por um cara, mas eles não podem se casar por causa de diferenças sociais: ela além de pobre, é considerada uma mulher com reputação duvidosa e vinda de uma família de alcoólatras. Após uma série de desencontros ela acaba casando-se com um amigo da família que sempre foi apaixonado por ela. Seu irmão possui uma admiração quase doentia por esse homem e senti nisso uma forte dose de homoerotismo nas entrelinhas. Na noite de núpcias ela descobre um segredo do seu marido e ocorre uma tragédia. Após essa tragédia, ela decide carregar uma cruz que não é sua e sua reputação se finda de vez e junto com isso a relação com seu irmão, que a culpa pela tragédia que ocorreu. Após essa tragédia, a linha homoerótica fica muito mais densa, sugerindo que o irmão dela era apaixonado por esse amigo, impossível não perceber isso, ainda mais quando o filme se aproxima do fim. É muito bom ver Herbert Marshall desempenhando um papel que não seja o de marido traído, mas seu personagem aqui não possui força alguma, mesmo sendo o "mocinho romântico". Constance Bennett tem um desempenho dentro do possível, em vista do fubá que é o roteiro, mas em algumas horas ela acaba indo junto com tudo. Enfim, não é um filme de todo ruim, mas ele peca e tropeça pelo roteiro e pela história totalmente sem noção alguma.
O Homem de Palha
4.0 482 Assista AgoraQueria muito falar sobre esse filme, mas tudo o que eu quero falar envolve spoilers. rsrsrs
Foi um filme que eu comecei não dando nada por ele, mas aos poucos foi me cativando, principalmente quando passei a enxergar o contexto da história. Eu achei um filme muito interessante, por trazer um protagonista que ao mesmo tempo é carismático, torna-se também arrogante e prepotente querendo impor seus valores religiosos, ignorando e desrespeitando as crenças alheias. Mesmo que ali no final tenha ocorrido tudo aquilo, eu ainda acho que foi uma forma de trazer uma "justiça" à fé pagã sobre o Cristianismo que vitimou diversas pessoas por terem a fé diferente do que era imposto. Aquele final é tão irônico e maravilhoso.
A Vida é uma Dança
3.6 13Considerada a obra-prima de Dorothy Arzner e com toda razão. O filme é redondinho e me fisgou de imediato. As personagens são bem construídas e nada rasas, comparadas com os filmes sobre "garotas dançarinas que buscam um lugar ao Sol" posteriores. Os poucos números musicais são muito bem feitos e dirigidos, mostrando todo o talento, sensibilidade e visão de Dorothy. Lucille Ball é a força extrema do filme, talentosa e pontual. Maureen O'Hara soube dosar a personagem perfeitamente: a sua mocinha ingênua e boazinha, tinha tudo para ser uma personagem irritante, mas ela soube dar o tom exato, fazendo a gente torcer por ela. Gostei demais desse filme e Dorothy só sobe no meu conceito.
Lembra-se Daquela Noite?
3.8 19 Assista AgoraImpossível não amar esse filme. É um daqueles filmes do coração. Stanwyck e MacMurray possuem uma química tão natural que fizeram mais uns filmes juntos, incluindo o inesquecível "Pacto de Sangue". O que me faz amar esse filme é a carga dramática que ele tem, mesmo sendo um filme "feliz". Isso deixa o filme equilibrado. O final dele não é nada convencional com o que Hollywood pregava sobre finais de comédias, mas acho que isso tem mais a ver com o moralismo e a censura. Esse filme se fosse feito durante o Pre-Code, tenho certeza que terminaria de outro jeito.
Stella Dallas, Mãe Redentora
4.0 26É uma emoção enorme, rever esse filme após tantos anos. Barbara Stanwyck em um de seus momentos mais iluminados. Não consigo e não quero imaginar outra atriz nesse papel. Esse papel foi feito para ela, fazia parte do seu destino. Stella Dallas é uma personagem tão rica e contraditória ao mesmo tempo e só uma atriz como Stanwyck que poderia desmembrar essas camadas. A princípio, Stella é uma mulher ambiciosa. Após casar-se e ter uma filha, ela quer continuar a ser livre, mas o casamento lhe impede isso. Seu marido, diz que gosta dela do jeito que ela é, mas quando ele começa a frequentar lugares e conhecer pessoas com mais classe, faz questão que ela mude seu comportamento. Achei interessante o filme ter uma passagem onde Stella questiona o marido sobre fazer sacrifícios: ela tem sempre que abrir mão de algo, enquanto ele não. Seu marido então a abandona e ela passa a viver pela filha. Então ela abre mão de todos os seus ideais pela filha. Seu marido, reencontra um amor antigo. Stella segue sozinha, mas é considerada "vulgar" por ser uma pessoa livre. Então sua filha cresce e Stella percebe que seu estilo de vida pode afetar o de sua filha e então faz o sacrifício final pelo bem de sua filha. Continua sendo um filme espetacular e muito emocionante. E um ótimo objeto para debates sobre como a mulher deveria ou não se portar na sociedade. Acho que Stella sofreu por não querer abrir mão de ser quem ela era e isso é ótimo. Se Stella vivesse como a sociedade queria, não teríamos um final de filme tão icônico. Vale muito a pena conferir a versão muda, realizada em 1925.
No Tempo da Inocência
3.4 1Baseado no livro "A Época da Inocência" de Edith Wharton, que foi a primeira mulher a ganhar um Pulitzer, justamente por esse livro. Esta seria uma das várias versões cinematográficas adaptadas do livro, existindo até uma versão muda. A versão de 1993 é a mais famosa. Eu gostei demais desta versão. Talvez por não ter lido (ainda) o livro e não ter visto (ainda) a versão de 1993, consegui me conectar totalmente com este filme. Irene Dunne é uma das minhas atrizes favoritas, logo já me encantei por sua personagem. Até mesmo pelo fato da personagem ser bem à frente do seu tempo e viver rodeada de pessoas hipócritas e conservadoras. Gostei que o filme mesmo sendo produzido na época que o Código de Produção estava começando a censurar os filmes, consegue fazer críticas aos valores sociais, principalmente sobre o casamento, tanto que só ganhou uma nova adaptação na década de 90. Achei um filme belíssimo e agora não é mais obscuro.
Rita ou Rito?...
3.3 2Uma comédia de 1927, bem transgressora ao trazer um homem que se veste de mulher para ficar perto de sua amada. Infelizmente, como nada é perfeito, o filme usa e abusa do blackface e dos esteriótipos sobre pessoas negras, mas não dá pra cobrar perfeição de um filme com quase cem anos. Detalhe: esse filme é português
A Mancha
3.6 2Fico muito feliz em ver que hoje em dia, a obra de Lois Weber além de restaurada, está sendo vista e apreciada. Graças a isso, ela finalmente tem a justiça que merece. Hoje, ela é considerada a cineasta mais importante do cinema mudo e isso é um mérito mais que merecido. Ela possuía um estilo de vida elevado e privilegiado, mas ela possuía consciência social e muitas de suas obras mostram isso. Essa obra em particular deixa isso bem evidente. Mesmo sendo privilegiada, Lois Weber conseguiu fazer um filme bastante tocante sobre a consciência de classes sociais. Neste filme ela fala sobre os ricos, sobre os pobres e sobre os pobres que se acham ricos. O legal, é que na maioria dos filmes, vemos os homens como os chefes de família, mas nesse filme não. Lois Weber fez questão de colocar as mulheres à frente, carregando essa chaga social. São as mulheres que fazem sacrifícios para colocar comida à mesa. E mesmo tratando de um assunto espinhoso, o filme não cai em esteriótipos. O filme fala sobre uma moça, filha de um professor que desperta a atenção de um dos alunos do seu pai, um rapaz rico. Ao se envolver com a moça, o rapaz acaba conhecendo um mundo diferente do seu, percebe e reconhece que por ser rico é privilegiado e decide então fazer a diferença. Ao fazer amizade com um outro rapaz que também é apaixonado pela filha do professor e é pobre, seus valores sociais mudam de vez. No final do filme, ainda há uma crítica bem exposta, sobre como os professores são importantes e ao mesmo tempo desvalorizados. Um filme com 100 anos exatos e que infelizmente continua atual.
Invasion of the Saucer Men
3.2 9 Assista AgoraUm filme que tinha tudo pra ser promissor, mas que acabou sendo mal explorado.
No Despertar da Tormenta
3.5 15Um filme até então bem obscuro pra mim, estrelado por Bette Davis. Assisti-lo foi uma grata surpresa. O filme conta a história de uma bibliotecária que decide colocar na coleção de livros, um livro sobre o Comunismo, mesmo não concordando com o seu conteúdo. Quando isso é descoberto, ela é orientada a retirar esse livro da biblioteca. Ela recusa-se a retirar o livro, mesmo não concordando com o conteúdo, pois isso seria censura, por causa disso ela é demitida, mas sua vida torna-se um inferno pelo fato das pessoas acharem que ela é uma comunista. Um filme interessante e atual. Somente uma atriz como Bette Davis, poderia ter feito esse filme no papel principal.
Simone de Beauvoir: Uma Mulher Atual
3.9 10Um documentário raso, sobre uma pessoa profunda.
Duelo na Cidade Fantasma
3.5 8Por vezes parecia uma história de amor mal resolvida entre dois homens.
Flores de Aço
3.7 133 Assista AgoraEu tenho um amor enorme por esse filme, pois ele foi um dos primeiros filmes que vi, quando me apaixonei pelo cinema. A primeira vez que o vi foi no Corujão, de madrugada, em uma época que não existiam torrents ou outros meios de se assistir a um filme além da televisão ou das locadoras. Pra mim é o filme com o elenco mais perfeito que já vi, destaque é claro para cada uma dessas atrizes maravilhosas que criaram personagens carismáticas e reais. Qualquer uma delas poderia existir em nossas vidas. Outro ponto é a química entre elas. Há uma cumplicidade genuína entre as atrizes. Todas conseguiram brilhar. Outro fator é que todas são deliciosamente sarcásticas e eu adoro isso. É um filme que eu amo rever, pois além de amar a história, me traz lembranças do início da minha paixão por filmes e também pela minha paixão por Julia Roberts.
O Festival do Amor
3.3 45 Assista AgoraEste é o primeiro filme do Woody em anos que achei bastante inferior. Achei repetitiva a história do homem de meia-idade que vive em crise e precisa se autoafirmar e sai em busca de um relacionamento com uma mulher mais jovem. Mesmo alguns filmes do Woody tendo essa temática, não os achava repetitivos, mas esse aqui até me incomodou. O que salva são as referências e as homenagens ao cinema em geral. Se colocassem uma geladeira no lugar do Garrel, não seria notada a diferença.
A Voz Suprema do Blues
3.5 540 Assista AgoraPensei que fosse um filme feito para Viola brilhar, mas acabou sendo um filme de Chadwick, que está ótimo. Viola tem um tempo de tela bem reduzido, mas faz o que é possível com isso. Mesmo com esse empecilho, eu gostei bastante.
Tú és Mulher
4.0 2Legítimo Pre-Code escandaloso que transpira sexo do começo até quase o final do filme. Acho que esse foi um dos Pre-Code mais ousados e diretos que eu já vi. O filme traz a mulher no papel dominante e como predadora sexual, usando os homens apenas para o sexo. Mas como em boa parte dos filmes Pre-Code, ele permite a mulher alcançar um voo alto, pra no final cortar-lhe suas asas, dando-lhe um final moralista com o patriarcado lhe abraçando. Dei nota máxima pela ousadia em boa parte do filme, mesmo sabendo que o final ia ser uma merda.
Serpente de Luxo
4.0 42É o meu filme pre-code favorito e revê-lo após anos foi uma experiência muito boa. Ele tem todos os elementos de um filme pre-code: sexo, homicídio, suicídio e uma protagonista que não é nada inocente. Barbara Stanwyck é pra mim uma das atrizes mais perfeitas que já pisaram neste plano. Seu desempenho nesse filme é tão delicioso que mesmo após tantos anos de seu lançamento, ele continua sendo um de seus grandes momentos na tela.
A Fotografia Oculta de Vivian Maier
4.4 106Documentário que eu amo e revi várias vezes e acho impossível dar menos de cinco estrelas. Vivian Maier é uma das minhas maiores inspirações e a história da descoberta de seu trabalho é fascinante, bem coisa do destino e seus mistérios.
Ver (e rever) esse documentário, me deixa bastante emocionado.